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PROJETO INTEGRADOR DE EXTENSÃO

PREVENÇÃO DE LESÕES MUSCULOSQUELÉTICAS EM PROFESSORES E


FUNCIONÁRIOS DO SETOR ADMINISTRATIVO QUE ATUAM EM HOME OFFICE.

Adriel Henrique de Oliveira Alves 1

Eric Lopes Dias 1

Heloísa Trevisan Carvalho 1

Maurício Comin Amboni 1

Maurícia Cristina de Lima 2

Rondineli dos Santos Frias 2

Aline Daiane Lipke³


1
Acadêmico do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário União das Américas –
Uniamérica, Foz do Iguaçu, Paraná;  

2
Doutora em Ciências da Saúde pela Universidade de São Paulo (USP), Mestre em
Reabilitação e Inclusão, Especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória e Respiratória pela
Associação Brasileira de Fisioterapia. 
Fisioterapeuta do Sest Senat; Pós-graduação em Fisioterapia Neurofuncional; Docente da

faculdade União das Américas.


³ Fisioterapeuta da Essencial Clínica e Pilates; formada pelo Centro Universitário Vale do
Iguaçu - 2019.

Email do autor correspondente: mauricia@uniamerica.br

INTRODUÇÃO

No início de 2020, devido ao alto nível de contágio do vírus Covid19, foi decretado
em muitos países o distanciamento social. Com ausência de intervenções farmacêuticas
como vacinas e remédios comprovadamente eficazes e com o intuito de minimizar a
propagação no Brasil, foi adotado o distanciamento social como medida de contenção.
Portanto, os setores públicos e empresas privadas foram “obrigadas” a adotarem o home
office como alternativa de se manterem ativas no mercado. (FERGUSON et al, 2020; NETO,
2020)

A sociedade ainda está em processo de aprendizagem para lidar com todas as


mudanças provocadas pela pandemia. A posição sentada é a mais adotada nos ambientes
de trabalho, entretanto, a manutenção dessa posição por tempo prolongado acarreta adoção
de postura inapropriada, devido à sobrecarga na coluna durante horas, que pode causar
lesões e dores. Diante disto, torna-se importante prevenir a prevalência de dores
osteomusculares em home office, para acrescentar em relação à qualidade de vida destes
indivíduos no ambiente de trabalho (MESQUITA, 2020; SILVA, 2017)

Diante disso, exercícios como a Ginástica Laboral apresentam-se como importantes


ferramentas para redução de problemas oriundos da adoção de posturas incorretas nos
diversos ambientes de trabalho, assim como de movimentos executados de forma repetitiva
e prolongada. (FERNANDES, 2019)

A presente pesquisa teve como objetivo avaliar as principais queixas e aplicar um


protocolo com exercícios visando a prevenção de lesões musculoesqueléticas em
professores e funcionários do setor administrativo que atuam em home office.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo observacional transversal, realizado de forma online onde


foram analisadas as principais queixas e possíveis lesões de professores e profissionais do
setor administrativo, com o objetivo de criar um protocolo de exercícios e orientações
ergonômicas.

No primeiro momento apresentado o projeto os participantes tiveram acesso ao


formulário através do Google Forms (Apêndice 1 - https://forms.gle/nAhJmKznDU3uSQeF8)
onde responderam algumas questões sobre suas queixas, lesões e ambiente de trabalho.
Logo após esse momento os participantes acessaram a página do instagram,
acompanhando dicas, e realizando o protocolo de Ginástica Laboral, para auxiliar na jornada
de trabalho deles.

Após a aplicação desse protocolo, novamente foi disponibilizado para os


participantes responderem o formulário, onde pode-se ter conclusões.

São critérios de inclusão ser professor ou funcionário do setor administrativo


trabalhando em Home office ou em escritório, participar das atividades propostas pela
pesquisa, e assinar o TCLE.

São critérios de exclusão, não ser professor ou funcionário do setor administrativo


trabalhando em Home office ou em escritório, não participar de todas as atividades
propostas, e não assinar o TCLE.

RESULTADOS

A pesquisa foi realizada com 12 colaboradores que responderam ao questionário,


quanto à “duração da jornada de trabalho”, os dados da pesquisa revelam que 67% dos
funcionários realizam sua jornada de trabalho com duração de sete a nove horas/dia de
segunda a sexta e 33% realizam sua jornada com duração de quatro a seis horas/dia de
segunda a sexta, relatando duas pausas de 15 minutos.
No gráfico 1 pode-se observar que todos os trabalhadores referiram dor nos
segmentos corporais. Pode-se verificar, no gráfico 1, a análise do percentual do desconforto
físico (dor) em relação aos segmentos corporais afetados, antes da implantação do
Protocolo de exercícios. Os dados revelam que a coluna obteve maior incidência de dor,
evidenciando 66% antes do programa, seguido dos punhos/mãos, tornozelo/pés.

Gráfico 1. Incidência de dor.

Fonte: pesquisa própria.

Durante as últimas 4 semanas antes da intervenção, quanto a forma em que a dor


interferiu em sua jornada de trabalho, observou-se que cerca de 58% dos colaboradores
sentiam que suas dores os interferiam moderadamente, 33% sentiam pouca interferência e
apenas 9% sentia muita interferência durante o período laboral.

Gráfico 2. Interferência da dor no trabalho durante as últimas 4 semanas (antes do


protocolo).

Fonte: pesquisa própria.

Após quatro semanas com a disponibilização do protocolo, todos os participantes


relataram melhora significativa em relação à dor, sendo que 67% não tinham mais
interferência da dor em seu trabalho e 33% dos colaboradores tiveram pouca interferência.

Gráfico 3. Interferência da dor no trabalho durante as últimas 4 semanas (depois do


protocolo).

Fonte: pesquisa própria

A pesquisa demonstra que a Ginástica Laboral pode beneficiar as condições


sintomatológicas e, também, influencia positivamente no nível de satisfação dos
funcionários, pois, após o protocolo os colaboradores relataram ter contribuído para sua
motivação, melhor disposição e melhor humor para realização de suas atividades durante a
jornada de trabalho, contribuindo em sua qualidade de vida.

DISCUSSÃO

Segundo Barros, Ângelo e Uchôa (2011) quando mantida por um longo período, a
posição sentada pode acarretar certo déficit muscular e articular, bem como na flexibilidade
e mobilidade, além de fadiga nos músculos posteriores da coluna que, em conjunto,
comprometem o alinhamento e estabilidade da mesma, estes fatores biomecânicos são
causas relevantes para o aparecimento de dor lombar, o que foi ao encontro dos achados
nesta pesquisa.

A ginástica laboral pode auxiliar na promoção da saúde do trabalhador,


possibilitando mudanças individuais, e melhoria na qualidade de vida com a redução da dor
nas diferentes regiões corporais. Outros estudos apontaram que além do alívio das dores
corporais, a ginástica laboral pode proporcionar outros benefícios como: a diminuição dos
casos de LER/DORT, aumento da produtividade e maior retorno financeiro para
empresas,diminuição do estresse, melhoria do estilo de vida e aumento da conscientização
corporal, melhora significativa do percentual de gordura, da pressão arterial e da
flexibilidade. (DUARTE, 2020; BENELI et al. 2017)
PRODUTO

O Produto deste projeto foi uma cartilha com o protocolo de exercícios de ginástica
laboral e orientações posturais e ergonômicas disponibilizados aos colaboradores e
publicado na página “Fisio&vida” da plataforma Instagram. (Apêndice 2-
https://cutt.ly/7nK1dQo)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através desse estudo foi possível verificar a existência de um alto percentual de


trabalhadores acometidos por algum desconforto ou dor, com maior incidência nas regiões
da coluna lombar, e punho, mãos, tornozelos, e pés, e apesar dos resultados positivos da
prática de ginástica laboral no alívio da dor musculoesquelética, o estudo apresenta
resultados muito variáveis pelo período aplicado, sendo difícil a padronização dos resultados
extraídos. Podendo assim concluir que a ginástica laboral realizada durante um período
maior pode contribuir significativamente com a diminuição ou ausência de dor em
funcionários que trabalham no setor administrativo ou em Home Office.

REFERÊNCIAS

BARROS, S. S; ÂNGELO, R. C. O; UCHÔA, P. B.L. Lombalgia ocupacional e a postura


sentada. São Paulo, Rev Dor, v. 12, n. 3, p: 226-30, 2011.

BENELI, Leandro Melo; ACOSTA, Barbara Farina. Efeitos de um programa de ginástica


laboral sobre a incidência de dor em funcionários de uma empresa de software. Revista
Saúde e Meio Ambiente, v. 4, n. 1, p. 66-76, 2017.

CREF 3/SC. Ginástica laboral: como contratar serviços de qualidade. Publicação Comissão
de Ginástica Laboral, 2013.

DOS SANTOS DUARTE, Mariana et al. O impacto de um programa de ginástica laboral


mensurado através do questionário nórdico de sintomas. e-Scientia, v. 10, n. 1, p. 1-
12, 2017.

DUARTE, Thalita Vasconcelos; LIMA, Michelle Faria. APLICAÇÃO DA GINÁSTICA


LABORAL NA PREVENÇÃO DE LER/DORT NO SETOR ADMINISTRATIVO DA
PREFEITURA MUNICIPAL DE PARACATU-MG. HUMANIDADES E TECNOLOGIA
(FINOM), v. 23, n. 1, p. 383-404, 2020.

FERGUSON, Jessica et al. Characteristics and outcomes of coronavirus disease patients


under nonsurge conditions, Northern California, USA, March–April 2020. Emerging
infectious diseases, v. 26, n. 8, p. 1679, 2020.

FERNANDES, Ciro Henrique de Araújo; SANTOS, Pedro Vieira Souza. Ergonomia: Uma
revisão da literatura acerca da ginástica laboral. Nucleus, v. 16, n. 2, p. 211-220, 2019.

GONZAGA, JESSÉ. GINÁSTICA LABORAL: CONTRIBUIÇÕES PARA OS


COLABORADORES DO SESI SENAI APARECIDA DE GOIÂNIA. 2020.
MESQUITA, Driely Fernanda. ERGONOMIA NA ERA DO TELETRABALHO: IMPACTOS
PARA A SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO. 2020.

NETO, Pedro Luiz de Oliveira Costa. UMA REFLEXÃO SOBRE A PRÁTICA DO HOME
OFFICE NO CENÁRIO DA PANDEMIA COVID19. 2020.

NETO, M. G; SAMPAIO, S. G; SANTOS, P. S. Frequência e fatores associados a dores


musculoesqueléticas em estudantes universitários. Revista Pesquisa em Fisioterapia, v. 6,
n. 1, p: 26-34, 2016.

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