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Trabalho de Gestão

Análise Económica e Financeira de uma Empresa

Trabalho de grupo de Economia e Gestão realizado por:

Ana Cristina Silva


Bruno Godofredo Abreu
João Manuel Barbosa
João Miguel Rocha
Nuno André Ferreira
1. Introdução

Pretende-se, com este trabalho, efectuar uma análise económica e financeira às contas
de uma empresa para os anos de 2000 e 2001.
Ao longo desta análise recorreremos a alguns rácios económicos e financeiros. No
entanto, embora estes rácios sejam um útil instrumento de estudo, podem conter
algumas limitações, limitações estas que apenas nos permitem obter uma descrição da
empresa a 31 de Dezembro de cada ano.

A análise será então estruturada da seguinte forma:

- Análise aos balanços;


- Análise à demonstração de resultados;
- Análise de rácios;

2. Balanço
2.1. Activo

O activo encontra-se decomposto por rubricas homogéneas, que se encontram


ordenadas por grau de liquidez crescente. Podemos definir grau de liquidez de um
activo pela sua capacidade de se transformar em dinheiro. Daqui resulta uma primeira
grande divisão entre os elementos constitutivos do activo: aqueles cuja liquidez é
reduzida – Activo Fixo – e aqueles em que a liquidez é mais fluida – Activo Circulante.
O activo fixo integra os meios instrumentais de produção que têm carácter permanente:
edifícios, máquinas, patentes e outros valores equiparáveis em prazo de
indisponibilidade. Dividem-se nas grandes rubricas de imobilizações corpóreas,
incorpóreas e investimentos financeiros. Contrastando com os activos imobilizados que
se apresentam sob uma forma duradoura e participam em vários ciclos de produção, os
activos circulantes são os que são absorvidos e transformados no decurso de um só ciclo
de produção, caracterizando-se por uma liquidez e mobilidade bastante elevadas. Os
activos circulantes compreendem as existências, os créditos sobre terceiros e as
disponibilidades.
Nestes termos, podemos referir-nos à empresa em análise

RUBRICAS 2000 2001

ACTIVO    
- IMOBILIZADO 2.896.829 3.348.053
Imobilizações Incorpóreas 41.692 29.390
Imobilizações Corpóreas 2.845.237 3.280.001
Investimentos Financeiros 9.900 38.662
- CIRCULANTE
Existências 809.833 693.098
Dívidas de Terceiros - Curto Prazo 2.771.568 4.284.785
Clientes 2.559.302 4.028.469
Outros 212.266 256.316
Depósitos bancários e Caixa 439.734 174.259
ACRÉSCIMOS E DIFERIMENTOS * 127.214 21.548
10. TOTAL DO ACTIVO 7.045.178 8.521.743
* É de realçar que os acréscimos e diferimentos se encontram na mesma coluna que o
activo circulante, não fazem parte deste exercício.

Podemos verificar que o activo circulante é superior ao activo fixo em qualquer dos
anos apresentados. Com efeito, a estrutura do activo é dominada pelo activo circulante,
como pode ser visto pela análise ao seguinte gráfico.

Estrutura do Activo
Euro
5.000.000
Imobilizado Líquido
4.000.000
Clientes
3.000.000
Existências
2.000.000
Outros
1.000.000
Disponiblidades
0 Acréscimos e Diferimentos
2000 2001

O activo fixo é principalmente constituído pelo imobilizado corpóreo, segunda maior


rubrica constituinte do activo.

2.2. Capitais Próprios e Passivo

O financiamento dos elementos do activo que analisamos anteriormente, procede dos


capitais próprios e do passivo. Estes constituem as origens de fundos afectas à
actividade empresarial, aqueles que traduzem a sua aplicação. Estes encontram-se
ordenados por ordem crescente de exigibilidade, sendo este dado pelo prazo do
vencimento de uma divida, e de acordo com a sua proveniência.

Os capitais próprios englobam capital colocado à disposição da empresa pelos seus


sócios – capital social e prestações suplementares – e os resultantes da acumulação de
riqueza, criada pela própria empresa.

Na empresa em análise:

RUBRICAS 2000 2001

CAPITAL PRÓPRIO    
Capital 415.000 415.000
Prestações Suplementares 507.000 -
Reservas 940.542 1.081.392
Resultado Líquido do Exercício 240.540 244.584
TOTAL DO CAPITAL PRÓPRIO 2.103.082 1.740.976

Como se pode verificar, através da análise do gráfico seguinte, a rubrica Reservas é a


que possui maior peso na estrutura de capitais próprios. Este facto poderá indicar a
obtenção, no passado, de bons resultados económicos.
Estrutura dos Capitais Próprios

Euro
1.200.000

1.000.000

800.000 Capital Social

600.000 Prestações Suplementares


Reservas / Res. Transitados
400.000
Res. Líquido
200.000

0
2000 2001

Realce-se ainda que os capitais próprios representam sempre um valor igual ou superior
a 20% do activo. Com efeito, no exercício de 2000, a autonomia financeira (Cap.
Próprios/activo) foi de 30%, tendo caído para os 20% em 2001, devido, essencialmente,
à retirada das prestações suplementares no valor de 507.000 €, atenuada pelo
crescimento dos resultados líquidos e das reservas.

Os capitais alheios englobam – empréstimos e outras dívidas para com terceiros –


ordenados por ordem crescente de exigibilidade e agrupados nas rubricas de débitos a
curto, médio e longo prazo. Os débitos são divididos em dois grandes grupos, a saber:
- exigível a curto prazo: agrupam os compromissos a satisfazer até um ano de
vista;
- exigível a médio e longo prazo: dívidas contraídas pela empresa com
vencimento fixado a mais de um ano de data.

Passivo da empresa em análise:

BALANÇOS - PERÍODO 2000 - 2001

RUBRICAS 2000 2001

PASSIVO    
DÍVIDAS A TERCEIROS-MÉDIO E LONGO PRAZO 535.260 2.448.736
Instituições de Crédito 216.377 351.553
Fornecedores de Imobilizado 318.883 175.183
Empresas do grupo - 1.922.000
DIVIDAS A TERCEIROS-CURTO PRAZO 4.054.262 3.758.070
Dívidas a Instituições de Crédito 1.780.623 1.198.290
Fornecedores 1.686.653 1.511.683
Sector Público Estatal 217.923 199.265
Outras Dívidas 369.063 848.832
ACRESCIMOS S DEFERIMENTOS 352.574 573.961
TOTAL DO PASSIVO 4.942.096 6.780.767

A empresa em análise mexeu na sua estrutura de endividamento, de 2000 para 2001,


atenuando bastante a diferença entre o exigível a curto prazo e o exigível a médio e
longo prazo.
Apresenta-se de seguida a estrutura do passivo:

Evolução e Estrutura do Passivo


Euro
2.500.000

2.000.000 Dív. a Instituições de Crédito MLP


Outras Dívidas MLP
1.500.000 Dív. a Instituições de Crédito CP
Fornecedores c/c
1.000.000
Outras Dívidas CP
500.000 Sector Público Estatal
Acrescimos e Diferimentos
0
2000 2001

Da análise a este gráfico podemos realçar a forte diminuição, entre 2000 e 2001, da
rubrica “dívidas a instituições de crédito de curto prazo” e o crescimento da rubrica
“outras dívidas de médio e longo prazo”.

Fazendo agora uma análise ao fundo de maneio (Activo Circulante – Capital alheio a
curto prazo) de ambos os exercícios, podemos verificar que em 2000 este foi de -33127
e que em 2001 foi de 1394072, verificando-se assim que em 2000 a empresa passou
uma situação de necessidade de fundo de maneio e que em 2001 já recuperou, devido
essencialmente à diminuição das responsabilidades de curto prazo e do aumento do
activo circulante.

3. Demonstração de Resultados

A demonstração de resultados tem por finalidade evidenciar os resultados – lucros ou


prejuízos – obtidos na actividade da empresa, adquirindo um carácter económico.

Os resultados do exercício, lucros ou perdas, dependem, por um lado, do


desenvolvimento normal da actividade a que a empresa se dedica e, por outro, de
acontecimentos mais ou menos fortuitos e não decorrentes directamente da acção da
gestão.
Os resultados, de uma forma geral, podem dividir-se em:
- Resultados Operacionais: Dizem respeito aos lucros ou prejuízos
relacionados com a exploração da empresa, ou seja, com a actividade da empresa.
Geralmente são os que absorvem maiores recursos; (Resultados Operacionais =
Proveitos Operacionais - Custos Operacionais)
- Resultados Financeiros: Apuram os lucros ou prejuízos decorrentes das
decisões financeiras, quer no que diz respeito às aplicações, quer no respeitante ao custo
dos financiamentos da empresa; (Resultados Financeiros = Proveitos Financeiros -
Custos Financeiros)
- Resultados Extraordinários: Não resultam da exploração, mas sim de factos
patrimoniais. Surgem devido a actividades de carácter aleatórios ou ocasionais;
(Resultados Extraordinários = Proveitos Extraordinários - Custos Extraordinários).

Existem ainda resultados que advêm directamente dos anteriores, são eles:

- Resultados Antes de Impostos = Resultados Correntes + Resultados


Extraordinários

- Resultado Líquido = Resultado Antes de Impostos + Imposto sobre o rendimento


do exercício

Apresenta-se de seguida a demonstração de resultados da empresa em análise:


RUBRICAS 2000 2001

PROVEITOS OPERACIONAIS
Vendas e Prestação de Serviços 6.076.394 7.881.933
Outros Proveitos de Exploração 336.464 347.505
TOTAL dos Proveitos Operacionais 6.412.858 8.229.438
CUSTOS OPERACIONAIS    
Fornecimento e Serviços Externos 3.828.235 5.265.815
Custos com o Pessoal 1.211.435 1.480.180
Provisões e Amortizações 789.652 807.295
Outros Custos Operacionais 40.620 57.794
TOTAL dos Custos Operacionais 5.869.942 7.611.084
RESULTADOS OPERACIONAIS 542.916 618.354
Proveitos e Ganhos Extraordinários 61.070 76.810
Custos Extraordinárias 31.999 76.906
Resultados antes da função financeira 571.987 618.258
Proveitos Financeiros 75.579 66.945
Custos Financeiras 303.938 335.797
Resultados antes de Impostos 343.628 349.406
Imposto sobre o Rendimento do Exercício 103.088 104.822
RESULTADOS LÍQUIDOS 240.540 244.584
RESUMO DOS RESULTADOS:    
RESULTADOS OPERACIONAIS 542.916 618.354
RESULTADOS FINANCEIROS -228.359 -268.852
RESULTADOS CORRENTES 314.557 349.502
RESULTADOS EXTRAORDINÁRIOS 29.071 -96
RESULTADOS LÍQUIDOS 240.540 244.584

Verificamos que as rubricas de proveitos de exploração cresceram durante o período em


análise. Adicionalmente, podemos referir que estes proveitos representam um peso
esmagador na estrutura de proveitos da empresa, sendo os proveitos financeiros e
extraordinários praticamente residuais.
Em termos de custos pode-se realçar o crescimento dos fornecimentos e serviços
externos, que é superior ao crescimento do valor bruto de produção.
Estrutura de Resultados
Euro

700.000
600.000
500.000
400.000 Operacionais
300.000 Financeiros
200.000
Correntes
100.000
0 Extraordinários
-100.000 Líquidos
-200.000
-300.000
2000 2001

Em termos de resultados verifica-se que o aumento dos resultados financeiros negativos


foi mais do que compensado pelo crescimento dos resultados operacionais, gerando
desta forma um acréscimo dos resultados correntes. Os resultados líquidos do exercício
apresentam um crescimento menor do que os correntes devido à diminuição dos
resultados extraordinários.

4. Análise aos Rácios

Apresentam-se de seguida alguns rácios económicos e financeiros. Como já referimos


na introdução, esta é uma análise que deveria ser relativizada no entanto pode-se, pelo
menos, constatar a evolução dos rácios de um exercício económico para o outro.

RÁCIOS ECONÓMICOS E FINANCEIROS


  Forma de Cálculo 2000 2001
LIQUIDEZ      
Geral Activo Circulante/Div. a c.p. 1.02 1.38
Reduzida Activo Circulante - Existências / Div. a c.p. 0,79 1,19
Imediata Dep. Bancários + Caixa + Títulos Negociáveis / Div. a c.p. 0,11 0,05
RENTABILIDADE      
Capitais Próprios RL / Cap. Próprios * 100 11,44% 14,05%
Vendas RL / Vendas 3,96% 3,10%
Activo (RAI + Enc.Financ.) / Activo *100 9,19% 8,04%
FINANCIAMENTO      
Autonomia Financeira Cap. Próprios / Activo 29,85% 20,43%
Solvabilidade Cap. Próprio / Passivo 0,43 0,26
Cobertura do Imobilizado Cap. Permanentes / Imobilizado Liquido 0,73 0,52
ACTIVIDADE      
Rotação do Activo Vendas / Activo 0,86 0,93
Rotação do Imobilizado Vendas / Imobilizado liquido 2,10 2,35
4.1. Liquidez

Trata-se de um indicador da capacidade de uma empresa fazer face aos seus


compromissos de curto prazo.
No caso da empresa em análise verifica-se a melhoria da capacidade de fazer face às
responsabilidades de curto prazo, embora diminua quando falamos de fazer face a essas
mesmas responsabilidades com um activo mais líquido. Esta melhoria do grau de
liquidez geral (Activo Circulante / Dividas a CP) deve-se ao aumento das dívidas de
clientes de curto prazo.

4.2. Rentabilidade

De uma forma geral, a rentabilidade pode ser medida através das relações entre os
resultados e outras grandezas como as Vendas, o Activo e os Capitais Próprios. Desta
forma os rácios de rentabilidade reflectem a capacidade que a empresa tem de gerar
resultados.

Para esta empresa, verifica-se que a rentabilidade de Vendas (RL / Vendas) diminuiu
durante o período em análise.

Relativamente à Rentabilidade dos Capitais Próprios (Res. Líquidos/Cap. Próprios), a


empresa apresenta, para o período em análise, um acréscimo acentuado, de cerca de
11,5% para mais de 14%.

A Rentabilidade do Activo (RAI+Custos Financeiros/Activo) diminuiu durante o


período em análise, não por uma queda nos resultados, mas devido ao crescimento
acentuado do activo, o que, bem utilizado, pode ser vantajoso no futuro da empresa.

4.3. Financiamento

Este tipo de rácios procuram avaliar a capacidade da empresa em salvar os seus


compromissos de médio e longo prazos. Basicamente resultam da comparação entre
rubricas de capitais alheios (passivo), de capitais próprios e do activo.

Na empresa em análise verifica-se em termos de Autonomia Financeira (Cap.


Próprios/Activo) um decréscimo acentuado que, como já referimos anteriormente se
deve à retirada das prestações suplementares de capital da empresa.

Relativamente à Grau de Solvabilidade (Cap. Próprio/Passivo), verifica-se que esta


diminuiu de 200 para 2001. Isto indica que a empresa de 2001 para 2001 aumentou a
sua dependência financeira em relação aos credores, uma vez que o valor esperado de
solvabilidade fosse de 0.5 para que esta mostrasse independência financeira em relação
aos credores.

A Cobertura de Imobilizado (Capitais Permanentes/Imobilizado Líquido) sofreu uma


diminuição que é justificada não só pela diminuição dos capitais próprios, como pelo
aumento do imobilizado líquido.
4.4. Actividade

Este tipo de rácios pretendem medir o grau de eficiência na utilização dos recursos da
empresa.
Relativamente à empresa em análise destacam-se os seguintes:

A Rotação do Activo (Vendas/Activo) cresce um pouco, indicando assim um ligeiro


aumento do grau de utilização dos activos.
Também a Rotação do Imobilizado (Vendas / Imobilizado Líquido) regista um aumento
de 2000 para 2001.

5. Conclusão

Em jeito de conclusão iremos fazer uma comparação dos resultados verificados na


empresa em análise com a situação verificada nas empresas do sector da Construção
Civil e Obras Públicas.
Embora o sector tenha nestes últimos anos atravessado uma crise a nível nacional, a
empresa em análise não tem sido fortemente afectada, ao contrário de outra empresas do
sector. Assim sendo, a empresa Constróibem SA, verifica na transição de 2000 para
2001 um ligeiro acréscimo no desempenho económico e financeiro da mesma.
Conforme se constatou com a análise dos rácios, esta empresa tem tendências de
crescimento e evolução (através da análise da Liquidez Geral e Reduzida), apesar da sua
forte dependência em relação aos seus credores (com base nos valores obtidos da
Solvabilidade).
Em síntese, pode-se afirmar que esta empresa indica a crise que o sector da construção
atravessou, mas também demonstra o início da retoma ainda em 2001 dado que para
este ano a empresa tem sinais de uma certa estabilidade. É de esperar que a empresa
Constróibem SA consiga obter melhores rendimentos a partir de 2001.

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