“Poderei ser de uma maneira que possa ser apreendido pelo outro como merecedor de confiança, como seguro e consistente no sentido mais profundo do termo?”
Trata-se de uma percepção subjetiva e real do cliente. Seguro e consistente são
conceitos fundamentais nesse contexto. Esses pressupostos são exigências existenciais, éticas, no sentido de que governam seu próprio agir, influenciando diretamente o ato psicoterápico. O psicoterapeuta pode se sentir inseguro, incapaz emocionalmente de conduzir o caso. Às vezes, isso depende de sua preparação profissional; em outras, da complexidade do caso; em outras ainda, da ressonância que o tema produz no seu mundo psicoemocional.
Se o cliente duvida da capacidade profissional, e, sobretudo, da coerência
interna do psicoterapeuta, dificilmente terá abertura para se colocar de uma maneira integrada. Estará numa posição de defesa, de espera, de uma escuta interior em que processa, cuidadosamente, todos os movimentos do psicoterapeuta, pois o medo do risco, em psicoterapia, é algo tão sutil que ultrapassa nossa capacidade de percepção. O cliente precisa ver claro para poder caminhar e, nessa busca, muitas vezes transforma o psicoterapeuta em modelo e espera ter nele respostas que não encontra em si mesmo. O psicoterapeuta não é um depósito ou aglomerado de técnicas e teorias. No seu próprio centro, ele se reconhece em suas fronteiras. Não precisa ser perfeito, mas precisa ter segurança e consistência no seu modo de operar. Precisa saber onde está, porque, do contrário, não saberá para onde ir ou correrá o risco de dar grandes passos, mas fora da estrada.