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PROJUDI - Processo: 0053205-80.2020.8.16.0014 - Ref. mov. 24.

1 - Assinado digitalmente por Denis Augusto Ramos Lopes:09463643974


23/10/2020: JUNTADA DE PETIÇÃO DE IMPUGNAÇÃO À CONTESTAÇÃO. Arq: Impugnação

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO 2º
JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE LONDRINA - ESTADO
DO PARANÁ.

AUTOS N.º 0053205-80.2020.8.16.0014


AUTOR: IVONETE BENEDITA DA SILVA
RÉU: BANCO BRADESCO S/A.

IVONETE BENEDITA DA SILVA, já qualificada nos


Autos em epígrafe da ACÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE
DÉBITO C/C RESTITUIÇÃO DE VALORES E DANOS MORAIS que move em
face de BANCO BRADESCO S/A., por meio de seu procurador judicial que
abaixo subscreve, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência,
apresentar IMPUGNAÇÃO À CONTESTAÇÃO, apresentada pelo Requerido
Banco Bradesco S/A, sendo que para tanto, passa expor e requerer conforme os
fundamentos abaixo

01. DA SINTESE

A parte autora ajuizou Ação Declaratória de Inexistência de


Débito C/C Restituição de Valores e Danos Morais após verificar as notícias de
fraude realizadas contra idosos e percebendo a tempos que os valores de seu
benefício vem sofrendo alterações, vindo a retirar extrato junto ao INSS e
constatar que a Requerida implantou uma Reserva de Margem para Cartão de
Crédito Consignado sob contrato nº 20170324597027145000 desde 09/06/2017,
atualmente no valor de R$ 100,97 (cem reais e noventa e sete centavos) a título
de RMC, ocorrendo de forma ilegal, uma vez que tal modalidade de empréstimo
não foi solicitada, evidenciando sua ilegalidade.
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23/10/2020: JUNTADA DE PETIÇÃO DE IMPUGNAÇÃO À CONTESTAÇÃO. Arq: Impugnação

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A parte Autora é pessoa idosa e simples, portanto,

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surpreendeu-se com a informação do EMPRÉSTIMO CONSIGNADO PELA
MODALIDADE CARTÃO DE CRÉDITO CONSIGNADO COM RESERVA DE
MARGEM CONSIGNÁVEL (RMC), constante no Extrato de Empréstimos
Consignados, documento incluso com a petição inaugural.

Munida de documentação hábil, realizou a contratação de


seu procurador, que lhe foi narrado os fatos contidos na petição inicial.

Alega sim já ter realizado empréstimo consignado, MAS


NÃO DE TER REALIZADO EMPRÉSTIMO CONSIGNADO PELA
MODALIDADE DE CARTÃO DE CRÉDITO CONSIGNADO COM RESERVA
DE MARGEM CONSIGNÁVEL (RMC).

Então, a parte Autora moveu a presente ação judicial, para


ter acesso ao contrato descrito na petição inicial: Contrato n.º
20170324597027145000 - Data da Inclusão: 09/06/2017, com parcelas mensais
de R$ 100,97 (cem reais e noventa e sete centavos) a fim de impugna-lo com a
presente demanda judicial.

O Banco Requerido fora devidamente citado da presente


ação, e intimado para apresentar contestação no prazo legal, então, o Banco
Requerido apresentou a sua Contestação.

Por fim, a parte Autora vem respeitosamente à presença de


Vossa Excelência apresentar IMPUGNAÇÃO À CONTESTAÇÃO.

02. PRELIMINARMENTE

Ab initio, a parte Autora impugna a defesa em todos os seus termos, eis


que não corresponde à realidade dos fatos, conforme restou configurado pelo
conjunto probatório adunado aos Autos.
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02.1. DO FATO INCONTROVERSO - INEXISTÊNCIA DE

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CONTRATAÇÃO

Conforme podemos constatar pela petição inicial e nos


documentos que instruem a mesma, a presente demanda objetiva a Declaração
da Inexistência da Relação Jurídica entre as partes.

O Banco Requerido apenas trouxe CONTRATO DE


UTILIZACAO ELO CONSIGNADO, entretanto, CONTRATO DE
UTILIZACAO ELO CONSIGNADO NÃO É CONTRATO, mas somente um
RESUMO de cláusulas de utilização que é disponibilizado no site do Requerido,
assim, não cumpriu com o que era de obrigação da instituição financeira
Requerida, ou seja, acostar com a sua defesa o Contrato impugnado na petição
inicial, portanto, devendo ser reconhecido a inexistência do contrato como fato
incontroverso, diante da ausência do mesmo na peça contestatória.

Como podemos concluir ao fazer a leitura da petição


contestatória, trata-se de modelo genérico e, ainda, o Banco Requerido não
trouxe nenhum documento que pudesse fazer prova de suas alegações, fazendo
que os fatos se tornem incontroversos, visto que o Banco Requerido somente
trouxe tela sistêmica unilateral no desespero de ludibriar esse Juízo quanto a
contratação do cartão de crédito consignado com reserva de margem
consignada.

Nesse sentido preceitua o Artigo 374, inciso II, do Código


de Processo Civil, vejamos:

Art. 374. Não dependem de prova os fatos:

II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária; (Grifo nosso).

Os fatos não contestados pelo Banco Requerido, ou seja, a


inexistência do consentimento da parte Autora (Contratação Inexistente), É
INCONTROVERSO, já que a instituição financeira Requerida não contestou tais
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fatos, com fundamento legal no Artigo 374, inciso II, do Código de Processo

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Civil, POIS TRATA-SE DE FATO INCONTROVERSO.

03. DAS PRELIMINARES AVENTADAS PELO BANCO REQUERIDO

03.1. DA IMPOSSIBILIDADE DE RETIFICAÇÃO DO POLO PASSIVO

O Requerido alegou em sede de contestação que o Banco


Bradesco não é parte legitima para figurar no polo passivo, o que não deve
prosperar.

Conforme se denota pelo extrato juntado pela parte autora,


fica evidenciado quem é a instituição responsável por inserir de maneira ilegal
o contrato de cartão de crédito consignado com reserva de margem consignada
em nome do autor.

Assim, impugna a arguição de ilegitimidade do Banco


Bradesco.

03.2. DA JUSTIÇA GRATUITA

O Requerido alegou em sede de contestação que a parte


autora não preenche os requisitos da lei n. 1.060/50, tampouco obedeceu aos
ditames da referida lei para obter tal benefício, o que se impugna desde já.

A Constituição Federal, em seu art. 5º, LXXIV, inclui dentre


os direitos e garantias fundamentais do cidadão, a assistência jurídica integral e
gratuita pelo Estado aos que comprovarem a insuficiência de recursos,
bastando, para tanto, a afirmação da parte de que não está em condições de
pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo próprio
os de sua família.

Ademais, assim dispõe o art. 99, §3º do Código de Processo


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§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida

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exclusivamente por pessoa natural.

Bem como também dispõe o §2º do mesmo dispositivo, de


que o juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos
que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade,
devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do
preenchimento dos referidos pressupostos.

Portanto, impugna-se o alegado em sede de contestação,


devendo ser deferido os benefícios da justiça gratuita para a parte autora.

03.3. DA INEXISTÊNCIA DE INÉPCIA DA INICIAL

Equivocadamente, o contestante aduz sobre a inépcia da


petição inicial, o que não merece prosperar.

Considera-se inepta a petição inicial somente quando


houver objetivamente o enquadramento em algum dos incisos previstos no art.
330 do CPC/15, o que não ocorre no presente caso.

No presente caso, o contestante alega que a parte autora não


juntou qualquer documento que comprove as alegações de que não realizou a
contratação do cartão de crédito consignado com reserva de margem
consignada, entretanto, ao contrário do que alega a Requerida, a inicial é bem
clara, além de que a parte autora juntou todos os documentos que estão ao seu
alcance, até mesmo por que é impossível juntar documento que não existe, ou
seja, o contrato qual a instituição bancária emitiu no nome da Autora de forma
ilegal.

Ademais, a inépcia só pode ser declarada após o Autor ser


devidamente intimado para emenda, nos termos do art. 321 do CPC/15.

Portanto, não há inépcia no presente caso, pois os elementos


indispensáveis ao julgamento da causa estão presentes na inicial.
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No presente processo, caso houver a necessidade de algum
esclarecimento, cabe ao julgador intimar o Autor para a complementação.

Dessa forma, considerando que a petição inicial está clara e


possui todos os documentos possíveis de prova do autor, deve a mesma ter
seguimento e total procedência.

03.4. DO INTERESSE DE AGIR

O Requerido alega em sede de contestação que não há


pretensão resistida, assim, não há interesse de agir da parte autora.

Argumento que se impugna desde já.

O interesse de agir da parte autora é evidente e claro, bem


como corrobora com o art. 19 e 20 do CPC/15 que assim dispõe:

Art. 19. O interesse do autor pode limitar-se à declaração:

I - da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma relação jurídica;

II - da autenticidade ou da falsidade de documento.

Art. 20. É admissível a ação meramente declaratória, ainda que tenha


ocorrido a violação do direito.

Portanto, a parte autora possui claramente interesse de agir


no presente caso.

03.5. DA AUSÊNCIA DE PRETENSÃO RESISTIDA ALGEGADA PELO


BANCO REQUERIDO

O Requerido alegou em sede de contestação, que a parte


Autora ingressou com a ação no Poder Judiciário, antes mesmo de tentar
resolver o conflito pela via administrativa.
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Os argumentos mencionados pelo Requerido não merecem
prosperar.

Pois bem, a parte Autora ao se deparar com descontos de


supostos contratos de empréstimos consignados em sua única fonte de renda,
buscou socorrer as vias do Poder Judiciário para exteriorizar o seu direito, pois
é de direito a garantia ao acesso à Justiça, sendo direito fundamental previsto
na Constituição Federal, através da ação meramente declaratória, cuja previsão
está amparada pelo Artigo 20, do Código de Processo Civil.

Vejamos um trecho dito pela Eminente Ministra NANCY


ANDRIGHI, do Egrégio Superior Tribunal de Justiça:

(...) "De mais a mais, não se pode condicionar o acesso ao Judiciário ao


esgotamento das vias administrativas" (...). (AgREsp 692.408/PR, Relatora
Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em
13.10.2016). (grifo nosso).

A exigência de submissão da demanda à via administrativa,


como condição do exercício do direito da ação, consubstancia obstáculo ao
direito de garantia constitucional, insculpido no Artigo 5º, inciso XXXV, da
Constituição Federal.

Além do mais, não é requisito do ingresso de ação judicial a


tentativa de solução via administrativa pelos canais de ouvidoria do Requerido,
sendo assim, a tese sustentada pelo Banco Requerido deve ser rechaçada por
medida inteira de Justiça.

04. DOS ESCLARECIMENTOS

O Requerido de maneira desesperada e no intuito de tirar o


foco desse Juízo sobre a sua falha perante o consumidor alega reiteradas vezes
que a parte Requerente não juntou documento que comprove a não contratação,
o que é um verdadeiro ABSURDO.
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A demonstração de que houve efetiva contratação é ônus
que incumbe ao requerido, especialmente porque a prova de fato impeditivo,
modificativo ou extintivo, incumbe ao réu (art. 373, II, do CPC) e porque
plenamente cabível a inversão do ônus da prova (art. 6, VIII, do CDC).

A instituição bancária afirma que a parte autora realizou a


contratação do cartão de crédito com reserva de margem consignada em
12/06/2017 e, para comprovar as suas alegações, junta tela sistêmica
UNILATERAL que só corrobora com a ilegalidade cometida pela Requerida.

Ademais, tenta levar este juízo a crer que a parte autora não
sofreu nenhum dano com o contrato reclamado, insistindo em argumentos
sobre a utilização do cartão.

Ora Excelência, a simples diminuição da reserva da margem


consignada da parte autora já evidencia claramente o dano a ser reparado.

A Requerida aduz que por não ter anuidade o cartão não


trás prejuízos aos consumidores, entretanto, tal argumento não corresponde
com a realidade.

A constituição da reserva de margem consignável (RMC),


somente traz vantagens para a requerida, além de que gera a imobilização do
crédito de direito dos consumidores, já que ao inserir a Reserva de Margem
junto ao INSS acaba por comprometer a RMC e impede ou diminui a margem
de outros empréstimos que queira a parte autora tomar, restringindo-se, assim,
sobremaneira a liberdade de escolha e de decisão quanto a tomada de
empréstimo na modalidade de crédito consignado, cuja decisão, apenas
compete (ou competia) a parte autora, e não a instituição financeira, ora ré, que
sem autorização, vinculara o empréstimo a um cartão de crédito. Somente por
este motivo, a condenação da ré já se justificaria.
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A Requerida aduz que a parte autora autorizou em caso de

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utilização e não pagamento da fatura total, o desconto da reserva de margem
consignável de seu benefício.

Ora Excelência, autorizou onde? NÃO EXISTE


CONTRATO!!!!

A instituição bancária assevera que a RMC é somente um


“informativo” no benefício da parte Autora, entretanto, tal argumento é
inverídico.

Salienta-se que através das recentes alterações realizadas na


lei dos empréstimos consignados, foi permitido o aumento da reserva de
margem de 5% (cinco por cento) para cartão de crédito. Assim, o aposentado
pode consignar 30% (trinta por cento) para empréstimo com desconto em folha
de pagamento e mais 5% (cinco por cento) como utilização de cartão na
modalidade crédito, com o pagamento das faturas debitadas em seu beneficio,
limitadas ao percentual.

Diante da alteração referida e visando a possibilidade de


potencializar seus lucros, a parte requerida, sem qualquer prévia comunicação
com a parte autora, realizou o aumento e reservou a margem de 5% (cinco por
cento) no benefício da Autora, vindo a restringir/imobilizar o direito de escolha
da mesma.

Ademais, a respeito do tema, tanto E. TJPR como também a


Colenda Turma Recursal do Estado do Paraná, já tiveram a oportunidade de
enfrentá-lo, quando sedimentaram as seguintes teses:

a) É ilegal o contrato de empréstimo consignado quando não faz


referência a Reserva de Margem de Crédito (RMC), bem como ao
percentual, gerando o dano moral;
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b) É ilegal a RMC, quando não há comprovação da disponibilização de

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valores, bem como a prova da entrega e desbloqueio do Cartão de
Crédito, gera dano moral;

c) É ilegal a imobilização do crédito da parte autora em razão da RMC


por cartão de crédito não solicitado;

d) É ilegal a falha na prestação de serviço pela ausência de informação


que leva o consumidor a crer estar contratando modalidade de
empréstimo diversa da ofertada, gerando dano moral;

e) É ilegal a modalidade de empréstimo que gera ônus excessivo ao


consumidor, colocando-o em situação de extrema desvantagem
perante a instituição financeira, ensejando a aplicação de dano
moral.

Com efeito, ressai-se que, incidindo a conduta do réu em


algumas das situações supra, pratica ele ato ilícito, passível de indenização.

Aduz a Requerida que não há provas da redução da


margem consignável da Autora.

Excelência, tal prova se faz com a simples solicitação de


ofício ao INSS que comprovará através dos extratos e cadastros qual são
administrados pelo DATAPREV.

Destaca-se que as instituições bancárias são


impossibilitadas de realizar contratos fora da margem permitida por lei, assim,
a informação da aquisição do contrato objeto dessa lide, repassada pela
Requerida ao DATAPREV e inserida no cadastro da parte Autora,
impossibilitou a Requerente de adquirir o produto de outras instituições
bancárias, onde poderia escolher as características da operação, direito esse que
foi retirado da parte autora.
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05. DO DIREITO

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05.1. DA NÃO CONTRATAÇÃO – AUSÊNCIA DE INFORMAÇÃO –
VIOLAÇÃO DO CDC E INSTRUÇÃO NORMATIVA DO INSS
28/2008 – ART. 3° INC. III E ART. 15 § 1° – DESCUMPRIMENTO –
PRÁTICA ILEGAL – DANO MATERIAL EVIDENCIADO – DANO
MORAL ''IN RE IPSA''

Reafirma-se conforme incial que a Requerida incidiu em


falha na prestação dos serviços, do que decorreram danos à esfera moral e
patrimonial da parte requerente. Preenchidos, portanto, os pressupostos da
responsabilidade civil, conforme dicção do art. 186 e 927, do Código Civil, e art.
5o, X, da Constituição Federal.

A a disponibilização de serviço não contratado configura


manifesto ato ilícito, conforme art. 39, III, do CDC. Ora, não poderia a requerida,
à revelia da requerente, disponibilizar os serviços de crédito sem o real
consentimento do consumidor.

Outrossim, a causa versa sobre a RMC (reserva de margem


de crédito), vinculada ao cartão de crédito não solicitado, o que contraria
frontalmente o CDC e o inc. III do art. 3° da Instrução Normativa do INSS
28/2008, alterada pela Instrução Normativa 39/2009, que assim aduz, veja:

“Art. 3° Os titulares de benefícios de aposentadoria e pensão por morte, pagos


pela Previdência Social, poderão autorizar o desconto no respectivo benefício
dos valores referentes ao pagamento de empréstimo pessoal e cartão de crédito
concedido por instituições financeiras, desde que: (Alterado pela
INSTRUÇÃO NORMATIVA INSS/PRESS No 39, DE 18 DE JUNHO DE
2009).
III - a autorização seja dada de forma expressa, por escrito ou por
meio eletrônico e em caráter irrevogável e irretratável, não sendo
aceita autorização dada por telefone e nem a gravação de voz
reconhecida como meio de prova de ocorrência. (Alterado pela
INSTRUÇÃO NORMATIVA INSS/PRESS No 39, DE 18 DE JUNHO DE
2009)” (grifamos)
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Ora, a ausência de autorização expressa em caráter
irretratável e irrevogável do consumidor, por si só, contraria disposição legal
cogente (inc. III do art. 3° da Instrução Normativa do INSS 28/2008, alterada
pela Instrução Normativa 39/2009).

Ademais, dispõe o Código de Direito do Consumidor, no


inciso III, do art. 39, do CDC, sobre proibição no envio de produtos sem prévia
solicitação:

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras


práticas abusivas:
III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer
produto, ou fornecer qualquer serviço; (grifou-se)

Seguindo no mesmo sentido, dada à notória abusividade


das instituições financeiras que insistem em cobrar por serviços não
contratados, o STJ pacificou seu entendimento quanto à ilegalidade do envio
não solicitado de cartões, editando a súmula 532, que constitui o chamado dano
moral presumido ou “in re ipsa”, vejamos:

“Constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem prévia


e expressa solicitação do consumidor, configurando-se ato ilícito indenizável
e sujeito à aplicação de multa administrativa.”(grifamos)

Em consonância a súmula, a Turma Recursal do Paraná,


editou os enunciados 1.8 e 2.10, que assim dispõem:

“Enunciado N° 1.8– Cobrança de serviço não solicitado – dano moral -


devolução em dobro: A disponibilização e cobrança por serviços não
solicitados pelo usuário caracterizam prática abusiva, comportando
indenização por dano moral e, se tiver havido pagamento, restituição em
dobro, invertendo-se o ônus da prova, nos termos do art. 6°, VIII, do CDC,
visto que não se pode impor ao consumidor a prova de fato negativo.”
“Enunciado N° 2.10 – Envio de cartão de crédito sem solicitação –inscrição
- reparação dos danos: A inscrição de dívida oriunda de encargos de cartão de
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crédito não solicitado pelo consumidor constituiu prática abusiva vedada pelo

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art. 39, III, do CDC e enseja reparação por danos (morais e materiais).”

Ausente a informação clara ao consumidor quanto ao


comprometimento da margem consignável, deve-se reputar que a RMC
constituída padece de ilegalidade e de inexistência de contratação.

Desse modo, a requerida reservou o que não lhe é devido,


motivo pelo qual deve ser declarada a inexistência de qualquer reserva em
desfavor da parte autora em relação ao banco requerido, o que se requer se dê
por sentença.

Ademais, Excelência, não bastasse a frontal contrariedade,


supracitada, a prática ainda vai contra o §1° do art. 15 da mesma Instrução
Normativa, que assim prevê:

Art. 15. Os titulares dos benefícios previdenciários de aposentadoria e pensão


por morte, pagos pela Previdência Social, poderão constituir RMC para
utilização de cartão de crédito, de acordo com os seguintes critérios, observado
no que couber o disposto no art. 58 desta Instrução Normativa: I - a
constituição de RMC somente poderá ocorrer após a solicitação formal
firmada pelo titular do benefício, por escrito ou por meio eletrônico, sendo
vedada à instituição financeira: emitir cartão de crédito adicional ou derivado;
e cobrar taxa de manutenção ou anuidade; (grifamos)

A propósito, recentes decisões proferidas sobre idêntica


matéria, como se vê:

RECURSO INOMINADO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA


DE DÉBITO C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO E INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS. AUTOR ALEGA TER BUSCADO A RÉ NO INTUITO
DE FORMALIZAR UMEMPRÉSTIMO PESSOAL CONSIGNADO.
POSTERIOR FORMALIZAÇÃO DE ?TERMO DE ADESÃO CARTÃO DE
CRÉDITO E AUTORIZAÇÃO PARA DESCONTO EM FOLHA DE
PAGAMENTO?. VÍCIO NA MANIFESTAÇÃO DA VONTADE. ERRO
SUBSTANCIAL EVIDENCIADO. CARTÃO DE CRÉDITO QUE NÃO É
DISPONIBILIZADO AO CONSUMIDOR. AUSÊNCIA DE
PROJUDI - Processo: 0053205-80.2020.8.16.0014 - Ref. mov. 24.1 - Assinado digitalmente por Denis Augusto Ramos Lopes:09463643974
23/10/2020: JUNTADA DE PETIÇÃO DE IMPUGNAÇÃO À CONTESTAÇÃO. Arq: Impugnação

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
COMPROVAÇÃO DE UTILIZAÇÃO DO CARTÃO. RESERVA DE

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MARGEM CONSIGNÁVEL (RMC) QUE APENAS COBRE O
PAGAMENTO MÍNIMO DA FATURA. DANO MATERIAL
CONFIGURADO. RESTITUIÇÃO EM DOBRO? ART. 42 CDC. MÁ-FÉ DA
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA EVIDENCIADA. NEGÓCIO JURÍDICO
ANULÁVEL. DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM MERECE
SER FIXADO EM R$ 3.000,00 (TRÊS MIL REAIS). COMPENSAÇÃO DOS
VALORES DEVIDOS PELO BANCO COM AS QUANTIAS
DISPONIBILIZADAS AO CONSUMIDOR. SENTENÇA PARCIALMENTE
REFORMADA. Recurso requerente parcialmente provido. , esta 2a Turma
Recursal - DM92 resolve, por unanimidade dos votos, em relação ao recurso
de EULINA GONÇALVES DE PAULA, julgar pelo (a) Com Resolução do
Mérito - Provimento nos exatos termos do vot(TJPR - 2Âa Turma Recursal
- DM92 - 0000609-53.2017.8.16.0070 – Cidade Gaúcha - Rel.: Renato
Henriques Carvalho Soares - J. 15.09.2017) (grifos nossos)

Sendo assim, como tem entendido a Colenda Turma


Recursal do Paraná, deverá ser restituído tudo o que fora indevidamente
pago/descontado no benefício da parte autora, de forma dobrada e ser fixado
dano moral, conforme entendimento do E. TJPR.

05.2. DA IMOBILIZAÇÃO DO CRÉDITO DA PARTE AUTORA PELA


RESERVA DE MARGEM DE CRÉDITO EM RAZÃO DE
EMPRÉSTIMO VINCULADO A CARTÃO DE CRÉDITO. VENDA
CASADA

É ilegal a imobilização do crédito da parte autora em razão da RMC


(reserva margem de crédito) por empréstimo consignado vinculado a cartão de
crédito, pois, como já exposto, a parte autora jamais fora cientificada que
realizou a contratação de um empréstimo vinculado ao cartão de crédito, que
como se sabe, somente traz vantagens ao banco em razão dos juros serem
maiores.

O que salta os olhos mesmo está no fato de que, a instituição


financeira, abusando da boa-fé objetiva da parte autora/consumidora é que
sempre acredita que o contratado está agindo nos limites da lei, máxime, por
ser uma instituição financeira de grande porte- vinculara o empréstimo
consignado ao cartão de crédito que, repito, não fora solicitado e tampouco lhe
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fora cientificado de que o cartão lhe comprometeria pelo menos 5% da margem

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de crédito consignável e que as condições seriam vantajosas apenas para a
requerida.

Somente este fato, já é o suficiente para fundamentar o


direito a indenização aos danos morais e materiais.,

Concluindo, sob qualquer viés a parte autora é lesada: a) em


razão da ausência de informações quanto a modalidade de crédito; b) pela
imobilização da margem de crédito sem ciência e autorização; c) pelo fato de
que o empréstimo pago via cartão de crédito ser mais oneroso em razão da taxas
de juros serem bem maior do que o empréstimo feito de forma convencional;
Por este motivos, a responsabilização civil da instituição financeira pelos danos
causados a parte autora torna-se medida de rigor.

05.3. DO EMPRÉSTIMO CONSIGNADO POR CARTÃO DE CRÉDITO


– MODALIDADE DE EMPRÉSTIMO ABUSIVA POR SI SÓ –
OPERAÇÃO FINANCEIRA QUE TRAZ VANTAGEM EXCESSIVA
A INSTITUIÇÃO FINANCEIRA

Ainda que não contratado o cartão de crédito consignável,


vale tecer algumas considerações à respeito de tal modalidade de empréstimo,
a qual por si só é abusiva, tendo em vista que impõe ao consumidor ônus
excessivo, pois o desconto do mínimo não abate qualquer valor da dívida, mas
tão somente os encargos do cartão.

Assim, mesmo que a Requerida tivesse informado o


consumidor de forma clara os termos do empréstimo de cartão de crédito
consignado (o que não aconteceu), tal prática se configuraria abusiva pela
manifesta vantagem excessiva, nos termos do CDC, in verbis:
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras
práticas abusivas:
(...)
V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;
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Embora tal prática seja recente por algumas empresas do

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ramo financeiro, alguns tribunais já têm verificado a abusividade existente em
tal modalidade de empréstimo.

RESPONSABILIDADE CIVIL. APELAÇÃO. AÇÃO DE REVISÃO


CONTRATUAL C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO E INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. CONTRATO DE
EMPRÉSTIMO. SIMULAÇÃO. CONTRATO DE CARTÃO DE CRÉDITO
CONSIGNADO. VÍCIO. ABUSIVIDADE. DANOS MORAIS. IN RE IPSA.
PROVIMENTO. I - Afigura-se ilegal conduta de instituição financeira que,
via consignação em folha, procede a descontos variáveis e por prazo
indefinido nos vencimentos de consumidor, que acreditou ter apenas
contratado empréstimo para pagamento por prazo determinado e em
parcelas fixas, e não cartão de crédito consignado com prazo
indeterminado; II – o dano moral não exige prova, a lesão é ipsa re,
bastando, tão somente, a demonstração do ilícito, detentor de
potencialidade lesiva; III - [...] a oferta de reserva de margem consignável
(RMC), na prática configura-se um empréstimo impagável. Nesta
modalidade de empréstimo, disponibiliza-se ao consumidor um cartão
decrédito de fácil acesso, ficando reservado certo percentual, dentro do qual
poderão ser realizados contratos de empréstimos. 5. O consumidor firma o
negócio jurídico acreditando tratar-se de um contrato de empréstimo
consignado, com pagamento em parcelas fixas e por tempo determinado,
no entanto, efetuou a contratação de um cartão de crédito, de onde foi
realizado um saque imediato e cobrado sobre o valor sacado, juros e
encargos bem acima dos praticados na modalidade de empréstimo
consignado, gerando assim, descontos por prazo indeterminado. 6. É
vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas
abusivas, exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva, como
no caso dos autos, com o desconto do valor mínimo diretamente nos
vencimentos ou proventos do consumidor, correspondente apenas aos
juros e encargos de refinanciamento do valor total da dívida, o que gera
lucro exorbitante à instituição financeira e torna a dívida impagável. [...]
declarou resolvido o contrato celebrado, em face do seu adimplemento
integral, condenando ainda a instituição financeira a restituir ao autor o
valor de R$ 2.242,11, referentes às parcelas descontadas a mais, com
atualização monetária e juros de mora. [...] (Recurso 0010075-
49.2013.811.0006, Turma Recursal Cível e Criminal de Caxias, Rel. Juiz
Paulo Afonso Vieira Gomes, j. 16.10.2014); IV – o dever de lealdade imposto
aos contraentes deve ser especialmente observado nos contratos de adesão,
em que não há margem à discussão das cláusulas impostas aos
consumidores aderentes, obrigando o fornecedor a um destacado dever de
probidade e boa-fé; V - apelação provida. (TJ-MA - APL: 0436332014 MA
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0027424-10.2013.8.10.0001, Relator: CLEONES CARVALHO CUNHA, Data

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de Julgamento: 14/05/2015, TERCEIRA CÂMARA CÍVEL, Data de
Publicação: 18/05/2015)

Importante notar que o público alvo da requerida, em geral,


é formado por pessoas idosas, com baixo poder aquisitivo e pouca margem para
negociação, razão pela qual resta evidente o vício na manifestação de vontade.

05.4. DO ILÍCITO E SUA REPARAÇÃO

A situação, Excelência, causou prejuízo moral e material a


parte Autora, dano este indenizável, o que se pleiteia e seja reconhecido.

Isso porque, da análise da situação fática, verifica-se que a


culpa adveio exclusivamente da conduta da ré, posto que em ato infundado,
ocasionou os danos ora reclamados, gerando manifesta e excessiva vantagem
para empresa requerida.

Aplicável na espécie o artigo 186 do CC:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito.

Evidente a falha na conduta da ré, que afirma que a parte


realizou a contratação do cartão de crédito consignado, passando a realizar os
descontos de encargos de cartão, evidenciando a prática fraudulenta pela ré.

Em recentes decisões proferidas pelo TJ/PR, restou


reconhecida a conduta ilegal praticada pela requerida em casos de igual
semelhança:

RECURSO INOMINADO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA


DE RELAÇÃO JURÍDICA C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO E
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. AUTORA ALEGA TER
BUSCADO A RÉ NO INTUITO DE FORMALIZAR UM EMPRÉSTIMO
PESSOAL CONSIGNADO. POSTERIOR FORMALIZAÇÃO DE “TERMO
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23/10/2020: JUNTADA DE PETIÇÃO DE IMPUGNAÇÃO À CONTESTAÇÃO. Arq: Impugnação

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DE ADESÃO CARTÃO DE CRÉDITO CONSIGNADO”. SENTENÇA DE

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IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA AUTORA. VÍCIO NA
MANIFESTAÇÃO DA VONTADE. ERRO SUBSTANCIAL
EVIDENCIADO. CARTÃO DE CRÉDITO QUE NÃO É
DISPONIBILIZADO A CONSUMIDORA. AUSÊNCIA DE
COMPROVAÇÃO DE QUE AS FATURAS FORAM ENVIADAS AO
ENDEREÇO DA AUTORA. RESERVA DE MARGEM CONSIGNÁVEL
(RMC) QUE APENAS COBRE O PAGAMENTO MÍNIMO DA FATURA.
DANO MATERIAL CONFIGURADO. RESTITUIÇÃO EM DOBRO – ART.
42 CDC. MÁ-FÉ DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA EVIDENCIADA.
NEGÓCIO JURÍDICO ANULADO. DANO MORAL CONFIGURADO.
QUANTUM FIXADO EM R$ 2.000,00 (DOIS MIL REAIS). SENTENÇA
INTEGRALMENTE REFORMADA. Recurso requerente provido, esta 2a
Turma Recursal - DM92 resolve, por unanimidade dos votos, em relação ao
recurso de ADELIA EZIDIO, julgar pelo (a) Com Resolução do Mérito -
Provimento nos exatos termos do vot (TJPR - 0002273- 56.2016.8.16.0070 -
Cidade Gaúcha - Rel.: Renato Henriques Carvalho Soares - J. 30.10.2017)

RECURSO INOMINADO. INDENIZATÓRIA. CARTÃO DE CRÉDITO


CONSIGNADO. CONTRATAÇÃO EM CONJUNTO COM EMPRÉSTIMO.
AVERBAÇÃO DE RESERVA DE MARGEM CONSIGNÁVEL (RMC).
CONTRATO QUE NÃO PREVÊ A RESERVA E NÃO INDICA SEU
PERCENTUAL. AVERBAÇÃO DE RESERVA DE 5% SEM LASTRO
CONTRATUAL. OFENSA AO DIREITO DE INFORMAÇÃO DO
CONSUMIDOR. RESERVA QUE SE REPUTA ILEGAL. CONSUMIDOR
QUE SE VÊ IMPEDIDO DE CONTRATAR EMPRÉSTIMO DIANTE DA
AUSÊNCIA DE MARGEM CONSIGNÁVEL. DANO MORAL
CONFIGURADO. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ DA CONSUMIDORA.
INEXISTÊNCIA. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO PROVIDO. Ante
o exposto, esta Turma Recursal resolve, por unanimidade de votos,
CONHECER E DAR PROVIMENTO ao recurs (TJ-PR - RI:
001180617201581600240 PR 0011806- 17.2015.8.16.0024/0 (Acórdão),
Relator: Manuela Tallão Benke, Data de Julgamento: 13/05/2016, 2a
Turma Recursal, Data de Publicação: 23/05/2016) (grifou-se)

AÇÃO DECLARATÓRIA E INDENIZATÓRIA? CARTÃO DE CRÉDITO


CONSIGNADO? RECLAMANTE ALEGA AUSÊNCIA DE
CONTRATAÇÃO? RESERVA DE MARGEM CONSIGNÁVEL?
DESCONTOS EFETUADOS A TÍTULO DE? EMPRÉSTIMO SOBRE A
RMC? AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA CONTRATAÇÃO DO
EMPRÉSTIMO? REPETIÇÃO EM DOBRO DOS DESCONTOS
INDEVIDOS? DEVER DE INFORMAÇÃO NÃO OBSERVADO? DANOS
MORAIS? DEVIDOS? QUANTUM FIXADO EM R$ 10.000,00? VALOR
CONSIDERADO ADEQUADO E COADUNA COM PRECEDENTES
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DESTA TURMA RECURSAL? SENTENÇA REFORMADA. Recurso

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conhecido e provido. , resolve estaTurma Recursal, por maioria de votos,
conhecer dos recursos e, no mérito, dar- provimento ao recurso do autor,
nos exatos termos do vot (TJ-PR - RI: 003550835201481600210 PR 0035508-
35.2014.8.16.0021/0 (Acórdão), Relator: Marco VinÃcius Schiebel, Data de
Julgamento: 16/11/2015, 2a Turma Recursal, Data de Publicação:
19/11/2015) (grifou-se)

A reserva de margem consignável sem autorização


contratual constitui ato ilícito gerador de dano moral, prejudicando o
consumidor ao acesso de outros créditos no mercado capazes de lhe
proporcionar melhores condições de subsistência.

No entanto, cumpre-nos fazer algumas considerações


acerca da fixação do dano moral, que, conforme exaustivamente demonstrada,
é certa em casos assim.

Acrescenta-se o fato que de o público alvo dessa prática são


pessoas idosas, por vezes pouco instruídas ou mesmo analfabetas, que
acreditam contratar um de empréstimo, quando em verdade, contratam outro
serviço, que muitos ônus lhe trazem, tudo isso na obscuridade, sempre
omitindo informações, induzindo essas pessoas em erro.

Desta forma, não é forçoso perceber, que o aspecto


corretivo/punitivo e inibidor de novos ilícitos não está sendo alcançado pelos
E. Tribunais de Justiça, razão pela qual, deve-se haver a aplicação de danos
morais significativos a fim de evitar que tais práticas perpetuem.

Ainda, aplicável ao caso:

Enunciado no 1.6 – Call center ineficiente – dano moral: Configura dano


moral a obstacularização, pela precariedade e/ou ineficiência do serviço de call
center, por parte da empresa de telefonia, como estratégia para não dar o
devido atendimento aos reclamados do consumidor.

A parte requerida, ao que tudo indica, pretendia obter


vantagem indevida ao acreditar que a requerente, e outros aposentados e
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23/10/2020: JUNTADA DE PETIÇÃO DE IMPUGNAÇÃO À CONTESTAÇÃO. Arq: Impugnação

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
pensionistas em situação similar, não tomariam nenhuma atitude diante da

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cobrança imposta, denotando má-fé em sua conduta – a qual deve ser rechaçada
inclusive em caráter pedagógico.

Assim, dada a nítida presença dos ilícitos perpetrados pela


parte ré, por uma questão de respeito ao ordenamento pátrio e, acima de tudo,
à dignidade da pessoa humana, como sujeito de direitos que é, não deve ser
outra à medida que não seja a de condenação da parte requerida, nos exatos
termos dos pedidos, abaixo elencados.

05.5. DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. APLICABILIDADE DO


CDC

A questão do ônus da prova é de relevante importância,


visto que a sua inobservância pode vir a acarretar prejuízos aos que dela se
sujeitam, mormente à aplicação do Código de Defesa do Consumidor.

Levando-se a efeito o disposto no art. 373 do Código de


Processo Civil, provas são os elementos através dos quais as partes tentam
convencer o Magistrado da veracidade de suas alegações, seja o autor quanto
ao fato constitutivo de seu direito, seja o réu, quanto ao fato impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito da parte autora. Lembrando que estas
deverão ser indicadas na primeira oportunidade de se falar aos autos, ou seja,
petição inicial e contestação.

Tecidas tais considerações reportemo-nos ao Código de


Defesa do Consumidor, que traz uma inovação inserida no inciso VIII, artigo
6°do CDC, onde visa facilitar a defesa do consumidor lesado, com a inversão do
ônus da prova, a favor do mesmo; no processo civil só ocorre a inversão,
quando, a critério da juíza, for verossímil a alegação, ou quando for ele
hipossuficiente, constatando-se a inversão do “onus probandi”.

Da exegese do artigo vislumbra-se que para a inversão do


ônus da prova se faz necessária a verossimilhança da alegação, conforme o
entendimento da Juíza, ou a hipossuficiência da parte autora.
PROJUDI - Processo: 0053205-80.2020.8.16.0014 - Ref. mov. 24.1 - Assinado digitalmente por Denis Augusto Ramos Lopes:09463643974
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A Súmula n° 297 do STJ é conclusiva a respeito da aplicação
do Código de Defesa do Consumidor “o Código de Defesa do Consumidor é
aplicável às instituições financeiras”, como se vê:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE


INSTRUMENTO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO REVISIONAL DE
CONTRATO DE CARTÃO DE CRÉDITO. CAPITALIZAÇÃO MENSAL
DOS JUROS. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. AUSÊNCIA DE
PACTUAÇÃO. SÚMULAS 5 E 7 DO STJ. REVISÃO DO PACTO.
REPETIÇÃO DO INDÉBITO. POSSIBILIDADE NA FORMA SIMPLES.
AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1.(...). 2. A submissão das
instituições financeiras ao CDC e a possibilidade de revisão judicial do
contrato são reconhecidas pelareiterada jurisprudência do STJ (Súmula
297). 3. A jurisprudência iterativa da Terceira e Quarta Turma orienta-se no
"sentido de admitir, em tese, a repetição de indébito na forma simples,
independentemente da prova do erro, ficando relegado às instâncias
ordinárias o cálculo do montante, a ser apurado, se houver" (AgRg no REsp
749830/RS, Rel. Min. Fernando Gonçalves, DJU de 05.09.2005) 4. Agravo
regimental a que se nega provimento. (STJ - AgRg no Ag: 1404888 SC
2011/0043690-3, Relator: Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, Data de
Julgamento: 04/11/2014, T4 – QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe
10/11/2014)

Portanto, considerando a verossimilhança das alegações da


parte autora e da hipossuficiência da mesma, esta faz jus, nos moldes do art. 6º,
VIII da Lei 8.078/90, a inversão do ônus da prova ao seu favor.

06. DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, e confiando no senso de Justiça de Vossa


Excelência, sempre patente em suas decisões, A PARTE AUTORA IMPUGNA
A CONTESTAÇÃO APRESENTADA PELO BANCO REQUERIDO, pugnando
pelo julgamento totalmente procedente dos pedidos constantes na petição
inicial.

Por fim, a parte autora requer provar o alegado por todos


os meios de prova em direito admitidos.
PROJUDI - Processo: 0053205-80.2020.8.16.0014 - Ref. mov. 24.1 - Assinado digitalmente por Denis Augusto Ramos Lopes:09463643974
23/10/2020: JUNTADA DE PETIÇÃO DE IMPUGNAÇÃO À CONTESTAÇÃO. Arq: Impugnação

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Temos em que,

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Pede deferimento.

Londrina/PR, 23 de outubro de 2020.

DÊNIS AUGUSTO RAMOS LOPES


OAB/PR 102.061

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