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Protegido: Ensaio Sobre as Origens dos Rituais e dos

Graus Simbólicos – 10ª Parte (para ter acesso ao texto,


digite a p∴ de p∴ do grau 3)
Publicado em 20/01/16 por Luiz Marcelo Viegas

Em meio à comunicação ao novo companheiro dos sinais e toques, devemos


prestar uma atenção especial aos “cinco pontos do maçom” que passaram a ser
chamados depois de cinco pontos do M∴. Em 1730, Prichard os incorpora a este
grau.

– Como Hiram foi elevado?


– Como todos os maçons quando recebem a palavra de mestre.
– Como assim?
– Pelos cinco pontos da confraria.
– Quais são eles?
– Mão contra contra mão, pé contra pé, bochecha contra bochecha, joelho
contra joelho, e mão no dorso.
Note-se que não são os gestos feitos para levantar o corpo de Hiram que criam
os 5 pontos, mas que são eles, os da “confraria”, que lhes dão essa finalidade, já
que parece que eles existiam antes do assassinato do Mestre. Isso é comprovado
por seis textos entre 1696 e 1727, isto é, muito antes do episódio de Hiram
tornar-se parte da maçonaria especulativa.

A primeira descrição do sinal data de 1696, no Manuscrito “Edinburgh Register


House” quando da recepção do segundo grau, nos dias em que havia apenas
dois. Perguntado sobre quantos pontos tem o Maçom, o recipiendário
respondia:
“Cinco, quais sejam, pé contra pé, joelho contra joelho, coração contra
coração, mão contra mão, orelha contra a orelha.”
Existem variações, tanto na forma como eram praticados – Manuscrito Sloane
3329 (de cerca de 1700), Manuscrito Trinity College de Dublin (1711), “Mason’s
Examination” (1723) (onde havia seis pontos: pé, joelho, mão, orelha, língua,
coração), “The grand Mystery open” (1726) (pé, joelho, peito, a mão apoiando
as costas, testa, bochecha) – quanto na ordem em que eles ocorrem. O “The
Mason’s confession”, refere-se a uma Loja na Escócia, em 1727, que começa com
“mão contra mão”, e o manuscrito Graham (1726) traz (pé, joelho, peito,
bochecha, mão).
Nenhum documento, manuscrito ou impresso, fornece qualquer explicação,
nem sobre a origem nem sobre o significado a ser dado a este gesto, que, para
dizer o mínimo, é incomum. Em 1760, o “The Three Distinct Knocks” trará o
significado do primeiro ponto, o que não resolverá o problema puramente
simbólico e moral de cada um dos pontos. O mundo operativo os desconhecia:
materialmente, não podia ser um sinal de reconhecimento e nas Lojas não havia
esoterismo. Agora são os “aceitos”, que, no final do século XVIII e início do
XVII, relatam os pontos do maçom e é possível que a sua presença seja anterior
a 1696. Porque, em sua maior parte, os “aceitos” eram pessoas educadas, muitas
vezes eruditas, que tinham a Bíblia como a base de sua cultura. Relatamos aqui
dois casos de ressurreições ocorridas através de um contato muito próximo
entre os mortos e os vivos que estavam unidos contra eles a fim de trazê-los de
volta à vida. Dois profetas do século IX a.C. ressuscitaram pessoas assim. Um foi
Elias, que ressuscitou uma viúva que o acolhera com fome; outro, foi Eliseu, seu
sucessor, era filho de uma mulher de Sunam. A história do milagre é explícita.
(Livro IV Reis, 34 e 35). “Ele subiu na cama, pegou a criança e colocou sua boca
sobre a boca dela, os olhos sobre os olhos dela e suas mãos sobre as mãos dela.
E deitou-se sobre ela e a carne da criança se aqueceu. E ele tornou a subir na
cama e se deitou sobre a criança e a criança bocejou sete vezes e abriu os olhos.”
As razões para a incorporação, em uma recepção maçônica, de processos
“mágicos”, poderão fazer com que um evento tão miraculoso permaneça
obscuro e até mesmo misterioso. Pelo menos 35 anos antes da lenda de Hiram
surgir, eles fornecem uma justificativa plausível para o cenário do desenrolar do
funeral de seus heróis. O estado de decomposição do corpo, descoberto vários
dias após o assassinato, certamente não contribui para uma manobra “pé contra
pé, peito contra peito, bochecha contra bochecha”, que tenha em vista levantá-
lo. Mas, se esta operação tinha a intenção de trazer o mestre de obras de volta à
vida, e, assim, recuperar o segredo que ele tinha levado para a sepultura, os
“cinco pontos do maçom”, recuperam um sentido e uma lógica que se fazia
muito necessária. É pouco provável que o companheiro, e depois o mestre que
os herdou, estivessem cientes de seu conteúdo. É o destino dos símbolos
atravessar os séculos ignorados, alvos da incompreensão, incoerência e, então,
um dia, ressurgir do esquecimento e encontrar a sua luz.

Há detalhes sobre a entrada do número 5 no grau de


companheiro?
A resposta é difícil. Os documentos manuscritos da ritualística não são datados
e são bastante raros até os anos 1770. As revelações impressas de Prichard,
Perau, Larudan, aos quais se juntam os ingleses, são publicadas a partir de 1760.
O “cinco” não aparece em parte alguma antes de 1750. A estrela com cinco
pontas, comprometida devido ao seu nascimento ilegítimo, não desempenhou
nenhum papel até que a contribuição do hermetismo, das doutrinas conjuntas
dos pitagóricos e cabalistas lhe permitiram fazer carreira. Aparecia na idade, nas
viagens, nos passos e nos degraus do altar, embora para o Régulateur du
Maçon as menções a ela fossem sete. Tudo praticamente foi estabilizado em
1786, com o ritual do Grande Oriente. As ferramentas que acompanhavam as
viagens migraram um para o outro por opção das Lojas, mas os comentários que
suscitavam, onde a moral teria um lugar de destaque, não ficou sem valor. Um
ritual da Loja Mãe Escocesa de Marselha, posterior a 1770, fez executar as cinco
viagens sem ferramentas ou explicações, mas colocou os companheiros
dispostos em cadeia, cada um com a mão direita sobre o ombro esquerdo do
anterior e fez com que batessem na pedra cúbica um após o outro. A cada uma
das batidas, havia uma parada diante da estrela flamejante e comentários. Na
Inglaterra, ciências e artes liberais fazem uma tímida aparição nos catecismos
de aprendiz do “Three Distinct Knocks” (1760) e do “Jakin and Boaz” (1762), e,
em seguida, são passados para o segundo grau, em 1769. Em 1775, William
Preston, em “Illustration of Masonry“, acrescenta muitas explicações. A França
vai recebê-las apenas no início do século XIX, assim como os sentidos que terão
lugar importante durante as viagens, incorporando-os.
Continua…
Autor: André Dore
Tradução: S. K. Jerez

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