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UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

FACULDADE DE CIÊNCIAS NATURAIS

DEI-GEOLOGIA

DISCIPLINA DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS

ÁGUA, UM RECURSO TRANS-SECTORIAL:


A INFLUÊNCIA DE DIFERENTES ORDENAMENTOS JURÍDICOS NA SUA
GESTÃO INTEGRADA

Elaborado por: Marco Paulo Neves dos Santos Carlos

5º Ano de Geologia – Geologia Aplicada

Luanda, 03 de Novembro de 2020


UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO
FACULDADE DE CIÊNCIAS NATURAIS

DEI-GEOLOGIA

DISCIPLINA DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS

ÁGUA, UM RECURSO TRANS-SECTORIAL:


A INFLUÊNCIA DE DIFERENTES ORDENAMENTOS JURÍDICOS NA SUA
GESTÃO INTEGRADA

Docente

Prof. Doutor Gabriel Luís Miguel

MSc. Maria João M. Pereira

Luanda, 03 de Novembro de 2020


ÍNDICE

INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 4
1. LEI DE BASES DO AMBIENTE – DECRETO LEI Nº 5/98 DE 19 DE JUNHO ....... 5
2. CÓDIGO MINEIRO ANGOLANO - LEI Nº 31/11 DE 23 DE SETEMBRO .............. 8
3. LEI DE BASE DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO - LEI 15/05 DE 7 DE
DEZEMBRO ............................................................................................................... 10
4 LEI DAS ACTIVIDADES COMERCIAIS - Lei 1/07 de 14 de Maio ........................ 12
5 LEI DO ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO E DO URBANISMO - LEI Nº. 03/04
DE 25 DE JUNHO....................................................................................................... 13
5.1 Regulamento Geral dos Planos Territoriais, Urbanístico e Rurais (REPTUR)
Decreto nº 2/06, de 23 de janeiro ............................................................................ 14
6. LEI DAS ACTIVIDADES PETROLÍFERAS - LEI 10/04 DE 12 DE NOVEMBRO .... 17
CONCLUSÃO ............................................................................................................. 19
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 20
INTRODUÇÃO

No mundo actual, onde as mudanças globais têm cada vez mais influencia
na distribuição irregular da água, no tempo e no espaço, afectando a sua
disponibilidade, quantidade e qualidade, torna-se imprescindível o conhecimento
das variáveis que compõem o ciclo hidrológico e o desenvolvimento de políticas
e estratégias integradoras e sustentáveis, que primam pela Segurança dos
recursos Hídricos.

A água, enquanto recurso, tem a sua aplicação nas mais variadas áreas
de actuação do homem. Estas, devem ser precedidas de legislações adequadas
ao contexto local, sem descurar o seu impacto a nível regional e global. Através
desta organização, qualquer exercício que seja executado e que utilize a água
como matéria prima ou que comprometa alguns dos seus parâmetros, estará a
concorrer para o cumprimento dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável
d a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).
Tendo em conta a transversalidade da água, neste trabalho serão
analisados diferentes Ordenamentos jurídicos e apresentadas as sínteses dos
seus pressupostos que reflectem as actividades que englobam o uso da água ou
ainda que tenham algum impacto sobre os parâmetros físico-químicos mesma.

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1. LEI DE BASES DO AMBIENTE – DECRETO LEI Nº 5/98 DE
19 DE JUNHO

A Lei de Bases do Ambiente deriva do artigo 24º da Lei Constitucional da


República de Angola, que estipula que todos os cidadãos têm o direito de viver
num meio ambiente sadio e não poluído. A presente lei define os conceitos e os
princípios básicos da protecção, preservação e conservação do ambiente,
promoção da qualidade de vida e do uso racional dos recursos naturais.

No mundo em que vivemos actualmente, a utilização intensa dos recursos


naturais, em particular a água, que representa o principal veículo promotor da
biodiversidade no nosso planeta, torna-se imprescindível considerar os
pressupostos do sector do ambiente no exercício da gestão integrada dos
recursos hídricos a nível nacional.

O Ministério do Ambiente, é o órgão do Governo Central responsável pela


coordenação, elaboração, execução e fiscalização das políticas do ambiente,
nomeadamente nos domínios da biodiversidade, das tecnologias ambientais e
da prevenção e avaliação dos impactes, bem como da educação ambiental.

No que concerne aos impactos sobre os Recursos Hídricos, a Lei de


Bases do Ambiente tem, para além das demais previstas na lei, os seguintes
objectivos específicos previstos no seu artigo 5º:

c) Garantir o menor impacto ambiental das acções necessárias ao


desenvolvimento do país através de um correcto ordenamento do território e
aplicação de técnicas e tecnologias adequadas

No seu artigo 13º, nº 2, alínea b), a Lei de Bases do Ambiente Estabelece


que o Governo deve assegurar que sejam tomadas medidas adequadas com
vista à:

b) Manutenção e regeneração de espécies animais, recuperação de


habitats danificados, controlando em especial as actividades ou o uso
de substâncias susceptíveis de prejudicar as espécies da fauna e os
seus habitats (que podem ser fluviais, marítimos ou lacustres);

A presente Lei estabelece, no seu artigo 6º, que cabe ao Estado, através
do Governo e dentro da Política Ambiental, definir a execução do Programa de
Gestão Ambiental, no qual devem ser incutidas:

a) Responsabilidades a todos os órgãos do Governo cujo controlo e/ou


actividade tenha influência no ambiente, através da utilização de
recursos naturais, produção e emissão de poluentes e influência nas
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condições socio-económicas das comunidades; (controle do uso de
substâncias que podem poluir as águas);

c) Responsabilidades aos cidadãos pelo uso incorrecto de recursos


naturais, emissão de poluentes e prejuízos à qualidade de vida.
(descarte incorrecto dos poluentes).

No artigo 14º, referente as Áreas de Protecção Ambiental, no nº 2


estabelece que «As áreas protegidas podem ter âmbito nacional, regional, local
ou ainda internacional, consoante os interesses que procuram salvaguardar e
podem abranger áreas terrestres, lacustres, fluviais, marítimas e outras».

Actualmente, o Ministério do Ambiente tem como visão estratégica o


desenvolvimento das seguintes atribuições:

 No domínio do ambiente:

a) Coordenar e dinamizar a elaboração de medidas de política de gestão


da qualidade do ambiente;

b) Assegurar a aplicação dos instrumentos legais e a realização de


objectivas, programas e acções de controlo da poluição atmosférica e
das águas visando a protecção da saúde pública, do bem-estar das
populações e dos ecossistemas;

c) Assegurar, nos termos da lei, a fiscalização e o controlo permanente


da produção e gestão de resíduos;

d) Estabelecer mecanismos de prevenção e controlo da contaminação


das águas por elementos industriais e domésticos;

e) Assegurar a gestão do litoral e zonas ribeirinhas dos ecossistemas


das águas continentais ou fluviais de forma integrada e sustentada;

f) Promover a implementação de acções e medidas indispensáveis à


sua requalificação e ordenamento, tendo em vista a salvaguarda e
preservação dos valores ambientais;

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 No domínio da prevenção e avaliação dos impactes:

d) Garantir a prevenção e o controlo integrados da poluição provocada


por certas actividades, designadamente através do licenciamento
ambiental.

Resumo

No que se refere aos Recursos Hídricos, o sector do ambiente prevê:

a) Aplicação dos instrumentos legais e a realização de objectivas,


programas e acções de controlo da poluição atmosférica e das águas
visando a protecção da saúde pública, do bem-estar das populações
e dos ecossistemas; visa igualmente assegurar nos termos da lei

b) Assegurar, nos termos da lei, a fiscalização e o controlo permanente


da produção e gestão de resíduos;

c) Estabelecer mecanismos de prevenção e controlo da contaminação


das águas por elementos industriais e domésticos;

d) Assegurar a gestão do litoral e zonas ribeirinhas dos ecossistemas


das águas continentais ou fluviais de forma integrada e sustentada;

Em suma, identificar espaços de preservação, elaborar políticas contra a


poluição e controlar as actividades ambientais que possam comprometer a
disponibilidade, qualidade e quantidade dos recursos hídricos, sem descurar o
impacto sobre os ecossistemas da Terra.

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2. CÓDIGO MINEIRO ANGOLANO - LEI Nº 31/11 DE 23 DE
SETEMBRO

Angola possui no seu subsolo, abundantes e variados recursos minerais.


A exploração e aproveitamento racionais desses recursos constituem um
importante meio de crescimento e desenvolvimento económico sustentados para
o país.

O presente Código regula toda a actividade geológico--mineira,


designadamente, investigação geológica, descoberta, caracterização, avaliação,
exploração, comercialização, uso e aproveitamento dos recursos minerais
existentes no solo, no subsolo, nas águas interiores, no mar territorial, na
plataforma continental, na zona económica exclusiva e nas demais áreas do
domínio territorial e marítimo sob jurisdição da República de Angola, bem como
o acesso e exercício dos direitos e deveres com eles relacionados.

A actividade mineira tem forte impacto na disponibilidade, qualidade e


quantidade dos recurso hídricos, tanto superficiais, através da poluição por
descarga de resíduos produzidos aquando do processo exploratório, e
subterrâneas, através da interrupção do fluxo da água no subsolo, aquando das
escavações, facilitando um maior tempo de interação água-meio, podendo dar
origem à contaminação do recurso, dificultando igualmente a distribuição do
mesmo.

Abaixo, encontram-se os artigos do presente Código referentes aos


recursos hídricos:

 Artigo 64.° (Outras regras sobre protecção do ambiente)

2. O aproveitamento dos minerais deve ser feito com observância das leis
de base do ambiente, dos recursos biológicos e aquáticos, de águas e
das normas sobre a avaliação de impacte ambiental.

3. Os titulares de direitos mineiros estão especialmente obrigados a


observar os seguintes preceitos:

b) tomar as medidas necessárias para reduzir a formação e propagação


de poeiras, resíduos e radiações nas áreas de exploração e nas zonas
circundantes;

c) prevenir ou eliminar a contaminação das águas e dos solos, utilizando


os meios adequados a esse fim;

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d) não reduzir nem, de qualquer outro modo, prejudicar o abastecimento
normal de água às populações;

g) não lançar ao mar, correntes de água e lagoas, resíduo contaminantes


nocivos à saúde humana, à fauna e à flora;

 Artigo 70.° (Protecção dos recursos hídricos)

Durante o processo de exploração mineira, os operadores mineiros


devem tomar as seguintes medidas de protecção dos recursos hídricos:

a) criar as bacias de decantação para sedimentos retirados durante a fase


de tratamento do minério, evitando deste modo a poluição e/ou
assoreamento dos rios e lagoas;

b) criar circuitos de reciclagem de água, de modo a permitir o


reaproveitamento da mesma nas várias fases da produção mineira;

c) analisar regularmente a água em diversos pontos dos rios dentro da


concessão, de modo a permitir o controlo da qualidade da mesma;

d) manter registos actualizados com informação relative às alíneas a), b)


e c) deste artigo.

O presente código Mineiro destaca aspectos muito importantes no que se


refere à responsabilidade do sector mineiro na garantia da disponibilidade,
quantidade e qualidade dos recursos hídricos utilizados nas suas actividades
exploratórias. Porém, não faz menção às águas subterrâneas em especial, uma
vez que o processo de escavação pode interceptar lençois freáticos e,
dependendo das técnicas utilizadas para a escavação, direcção e ângulo, pode
haver a ‘’barragem’’ do fluxo subterrâneo.

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3. LEI DE BASE DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO - LEI
15/05 DE 7 DE DEZEMBRO

A República de Angola dispõe de recursos naturais e condições climáticas


excelentes do ponto de vista de requisitos necessários para o fortalecimento do
sector agrícola no país. Todavia, é imperioso e urgente o estabelecimento de
bases para o seu desenvolvimento, garantindo o sucesso das suas actividades,
contribuindo grandemente para o combate à fome e à pobreza, sem que se
comprometa os parâmetros standards dos recursos envolvidos no processo,
nomeadamente, da água utlizada para o regadio, que, segundo o Fundo das
Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a agricultura mundial
consome 70% do montante de toda a água consumida no planeta.

No que concerne aos impactos das actividades agrícolas nos Recursos


Hídricos, a Lei de Base do Desenvolvimento Agrário, no seu artigo 14º referente
à Gestão Integrada, estabelece nos números 1 e 2 o seguinte:

1. A utilização dos recursos hídricos para fins agrários pela agricultura,


no âmbito da sua gestão, deve orientar-se no sentido do
desenvolvimento de sistemas produtivos melhor adaptadas às
condições edafoclimáticas do território angolano e ter em conta a
aptidão natural dos solos a beneficiar pela irrigação.

2. A actividade agrícola deve prosseguir uma estratégia de prevenção


da contaminação e poluição dos lençóis freáticos e das águas
superficiais, tendo em vista a manutenção da qualidade da água para
os fins múltiplos a que se destina.

Artigo 15.º
(Fomento agrícola)

1. Deve ser incentivado o aproveitamento das disponibilidades em


recursos hídricos para a agricultura, através da concessão de apoio
público a empreendimentos hidroagrícolas ou de fins múltiplos.

2. Os beneficiários de cada obra de fomento hidroagrícola de interesse


local ou particular suportam integralmente as despesas de
conservação e ficam obrigados ao reembolso do custo da obra a
excepção dos camponeses.

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Lacuna identificada

A Lei de Bases do Desenvolvimento Agrário, em matéria de recursos


hídricos destaca a importância do seu uso de forma sustentável, tendo em conta
a aptidão dos diferentes solos a beneficiar pela irrigação; porém, era de se
esperar que a presente lei fosse regulada a fim de constar deste documento a
quantidade de água ideal por cultura e tipo de solo onde se praticam tais
actividades.

A presente lei que estabelece as actividades de âmbito agrícola a nível


nacional não dispõe de um regulamento desde quando a sua aprovação em
2005. Apenas foi aprovado o regulamento interno da Direcção Nacional da
Agricultura e Pecuário – Decreto Lei nº 396/14 de 11 de Dezembro).

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4 LEI DAS ACTIVIDADES COMERCIAIS - Lei 1/07 de 14 de
Maio

A presente Lei tem por objectivo estabelecer as regras de acesso e


disciplinar o exercício da actividade do comércio e contribuir para o ordenamento
e a modernização das infraestruturas comerciais, proteger a livre e leal
concorrência entre comerciantes e salvaguardar os direitos dos consumidores
estabelecidos por lei.

A água, sendo um recurso indispensável à vida de todo ser humano, uma


vez comercializada, cabe ao Ministério do Comércio legislar/estipular preços
fixos tendo em conta critérios estabelecidos.

Nestes casos, e à luz do artigo 36º referente às Infrações Graves, é


proibido vender bens ou prestar serviços por preço superior ao legalmente fixado
ou com margem de lucro não admitida, sob pena de encerramento do
estabelecimento comercial por 10 – 100 dias. Caso for reincidente a multa é de
20 a 200 dias.

Para que se evite situações de género, foi estabelecido o Sistema


Nacional de Preços, o qual tem por objectivo contribuir para a eficácia da
actividade económica, melhorar a organização empresarial e sua rentabilidade,
promover a melhor adequação da oferta à procura e defender os direitos do
consumidor.
À luz Decreto Executivo nº 62/16 de 15 de Fevereiro, no seu artigo 6º do
Capítulo II, é estipulado três tipologias de regimes de preços, os quais contêm
elementos comerciais tendo em conta a sua importância:

I. Regime de Preços Fixados – onde se insere a água canalizada.


II. Regime de Preços Vigiados
III. Regime de Preços Livres

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5 LEI DO ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO E DO
URBANISMO - LEI Nº. 03/04 DE 25 DE JUNHO

O planeamento urbanístico de uma cidade deve garantir que esta seja


resiliente à eventuais fenómenos naturais e situações adversas que deles podem
resultar. A política de ordenamento do território e do urbanismo tem por objecto
o espaço biofísico, constituído pelo conjunto dos solos urbanos e rurais, do
subsolo, da plataforma continental e das águas interiores, com vista a acautelar
as acções que se traduzem na ocupação, uso e na utilização dos espaços
supramencionados, através da implementação dos instrumentos de
ordenamento do território e do urbanismo previstos na presente lei.

À luz do artigo 1º da Lei nº 3/04 de 25 de Julho, a Política de Ordenamento


do Território e do Urbanismo, constituída pelo conjunto dos solos urbanos e
rurais, do subsolo, da plataforma continental e das águas interiores, tem por
objectivo acautelar as acções que se traduzem na ocupação e utilização destes
espaços, através da implementação integrada de instrumentos legais referentes
à todos os elementos que compõem o espaço biofísico, com particular enfoque
nesta comunicação para os recursos hídricos.

A busca pela utilização de recursos hídricos, em especial os subterrâneos,


decorre devido ao crescimento populacional, ao desenvolvimento da indústria e
à expansão urbana, factores que promovem a intensificação do processo de
impermeabilização de terrenos, reduzindo a capacidade de infiltração da água e
consequentemente a taxa de recarga eficaz dos aquíferos, e contribui para a
geração de desastres naturais associados, tal como as inundações.

A alínea g) do artigo 4º da presente Lei estabelece que deve-se proteger


os recursos hídricos, as zonas ribeirinhas, a orla costeira, as florestas e outros
locais com interesse particular para a conservação da natureza, compatível com
a normal fruição pelas populações das suas potencialidades específicas.

Em relação à utilização dos recursos naturais, estipulados no artigo 15º,


à luz do nº 3 constam da lista recursos os recursos hídricos, as zonas ribeirinhas,
a orla costeira, as florestas e outros recursos naturais, com particular interesse
para a conservação da natureza, incluindo os integrados em terrenos
reservados, são protegidos de forma compatível com a normal fruição das suas
potencialidades pelas populações.

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O conteúdo dos planos territoriais (artigo 24º) integra elementos materiais
e elementos formais ou documentais, a serem regulados em função de cada
espécie e tipo de plano, pelo diploma regulamentar da presente lei, em razão do
modelo previsto no número seguinte, onde o conteúdo material deve incluir,
fundamentalmente:
f) definição das reservas ou zonas de protecção ou de interesse público;

Portanto, em razão da escassez da disseminação de resultados de


investigações no âmbito dos Recursos Hídricos, em particular as águas
subterrâneas, ficam comprometias as áreas de recarga e descarga de aquíferos
muitas vezes devido à ocupação destes espaços, impermeabilizando-os e
aumentando a extensão das áreas inundáveis, como os casos
Este documento não faz menção sobre que procedimentos seguir no caso
da ocupação de uma zona dominada por recursos hídricos. Não especifica que
tipo de cuidados em termos de garantia da qualidade da água deve ter.

5.1 Regulamento Geral dos Planos Territoriais, Urbanístico e Rurais


(REPTUR) Decreto nº 2/06, de 23 de janeiro

O estabelecido no presente diploma regula a base legal que se requer para


o desenvolvimento harmonioso do País um conjunto de actividades de
planeamento territorial, com vista a contribuir e assegurar a actualização, tendo
em conta as tendências actuais em matéria de ordenamento do território e
urbanismo.

Aquando do trabalho realizado, as lacunas identificadas cingiam-se na


salvaguarda das zonas de recarga e descarga para que sejam levadas em conta
no processo de ordenamento sustentável do território.

Assim, abaixo encontram-se os Artigos do presente Diploma referentes aos


impactos sobre os recursos hídricos:

 Artigo 4.º
(Objectivos do planeamento territorial)

d) Utilizar os recursos naturais, conservar a natureza assim como proteger e


reabilitar o meio ambiente não só natural corno o urbano para atingir o
desenvolvimento sustentável, prevendo os desastres naturais e tecnológicos;

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 ARTIGO 17.º
(Sistema natural e ecológico)

1. Os planos territoriais devem identificar e caracterizar o sistema natural


ecológico existente no respectivo âmbito territorial descrevendo
sumariamente os recursos naturais estratégicos e os espaços ou áreas
naturais protegidas sobre os quais assenta a sustentabilidade do equilíbrio
ecológico e da renovação e reprodução dos recursos em termos que
assegurem a solidariedade entre gerações actuais e futuras,
designadamente:

c) recursos hidrográficos, fluviais, lacustres e outros;

f) outros recursos naturais, designadamente do subsolo, conhecidos ou


que relevem para a sustentabilidade e a conservação da natureza;

3. Os planos municipais, para além da identificação detalhada dos recursos


naturais da respectiva área municipal, devem definir os parâmetros de
ocupação e de uso dos solos rurais e urbanos e dos recursos hídricos
compatíveis com os imperativos da sustentabilidade e conservação dos
mesmos.

 Artigo 32.º
(Objectivos dos Principais Opções de Ordenamento Territorial
Nacional)

d) definir a estratégia global de ocupação, dos solos e espaços rurais em


termos que assegurem a preservação do sistema rural e natural e seus
respectivos equilíbrios, uma melhoria da qualidade de vida rural, pela
criação de condições de acesso a infra-estruturas e equipamentos
colectivos de abastecimento de água, de fornecimento de energia eléctrica,
e de educação escolar e cultural;

 Artigo 36.º
(Comissão Consultiva Nacional de Ordenamento do Territorial)

Nos termos do disposto no n.º 4 do artigo 43.º da Lei n.º 3/04, de 25 de


Junho, o Governo, para assegurar a participação de demais organismos públicos
autónomos e entidades privadas na elaboração das POOTN, cria a Comissão
Consultiva Nacional do Ordenamento do Território, composta por representantes
dos ministérios cuja acção tem impacte no território, das autarquias locais e do
Conselho Nacional de Concertação Social, bem como das associações
ambientais e culturais mais relevantes a nível nacional.

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 Artigo 46.º
(Conceito)

2. São planos territoriais especiais nacionais, os relativos à implantação,


designadamente:

d) de áreas de ordenamento e protecção de albufeiras naturais ou das


orlas costeiras;

 Artigo 82.º
(Qualificação dos terrenos)

1. A qualificação dos terrenos é a operação de ordenamento que


relativamente aos terrenos já classificados, identifica ou atribui,
conforme os casos, a aptidão natural e aproveitamento útil específico
dos terrenos rurais em razão das suas potencialidades agrárias,
florestais ou mineiras (não fazendo menção aos recursos hídricos) e
em relação aos terrenos urbanos, a actividade ou uso dominante que
neles possa ser desenvolvido, estabelecendo o respectivo destino
urbanístico ou o regime de edificabilidade.

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6. LEI DAS ACTIVIDADES PETROLÍFERAS - LEI 10/04 DE 12 DE
NOVEMBRO

A presente lei visa estabelecer as regras de acesso e de exercício das


operações petrolíferas nas áreas disponíveis da superfície e submersa do
território nacional, das águas interiores, do mar territorial, da zona económica
exclusiva e da plataforma continental.

As actividades de exploração petrolífera são, muitas vezes, fontes de


contaminação dos recursos hídricos, por via de vazamentos não controlados de
elevadas quantidades de petróleo, alterando a qualidade da água e a sua
disponibilidade para as mais diversas utilidades.

Assim, abaixo encontram-se os Artigos do presente Diploma referentes aos


impactos sobre os recursos hídricos:

 Artigo 24º
(Protecção ambiental)

1. No exercício das suas actividades, as licenciadas, a Concessionária


Nacional e suas associadas devem tomar as precauções necessárias
para a protecção ambiental, com vista a garantir a sua preservação,
nomeadamente no que concerne à saúde, água, solo e subsolo, ar,
preservação da biodiversidade, flora e fauna, ecossistemas, paisagem,
atmosfera e os valores culturais, arqueológicos e estéticos

 Artigo 59º
(Actividades de prospecção e de pesquisa)

3. A Concessionária Nacional é também obrigada a comunicar ao Ministério de


tutela a existência de jazidas de outros recursos minerais, incluindo água doce e
sais.

 Artigo 80º
(Reserva do direito a outras substâncias)

1. Não é permitida a extracção ou a produção de substâncias diversas das que

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constituem o objecto dos direitos mineiros concedidos ao abrigo da presente
lei, excepto quando tal extracção ou produção TIVER sido expressamente
autorizada.

Portanto, a presente Lei faz realmente menção a necessidade de se


preservar a água, sem que se aprofunde esta questão. No entanto, nada existe
sobre o aspecto ligado à Estimulação de poços. A água utilizada para estimular
a produção de poços de exploração de hidrocarbonetos (petróleo e gás), a
menos que esteja incluída no direito de concessão, deve ser injectada sob os
mesmos parâmetros que foi extraída.

Em relação aos riscos ambientais inerentes aos derramamentos de


petróleo sobre as águas, quer continentais quer marítimas, a presente lei não
enfoca sobre que metodologias aplicar ou que procedimentos seguir nestes
casos, nem sobre a responsabilidade que o Ministério que tutela as actividades
petrolíferas tem no sentido de resolver tais acidentes.

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CONCLUSÃO

Em suma, após analisados todos os Ordenamentos jurídicos dos sectores


transversais aos recursos hídricos foram identificadas as áreas cinzentas
apresentadas abaixo:

1. A Lei do Desenvolvimento Agrário não destaca as quantidades estipuladas


para o exercício de irrigação para cada tipo de cultivo e solo;

2. O Código Mineiro Angolano não faz menção às águas subterrâneas, uma


vez que o processo de escavação pode interceptar lençóis freáticos e,
dependendo das técnicas utilizadas para a escavação, direcção e ângulo,
pode haver a ‘’barragem’’ do fluxo subterrâneo;

3. A Lei das Actividades Petrolíferas não faz menção às regras sobre a


utilização da água para a estimulação de poços;

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REFERÊNCIAS

Assembleia Nacional. (2004). Lei do Ordenamento do Território e Urbanismo. Diário


da República.
Assembleia Nacional. (2004). Lei Geral das Actividades Petrolíferas. Diário da
República.
Assembleia Nacional. (2005). Lei de Base do Desenvolvimento Agrário. Diário da
República.
Assembleia Nacional. (2007). Lei das Actividades Comerciais. Angola.
Assembleia Nacional. (2009). Lei de Base do Ambiente. Angola.
Assembleia Nacional. (2011). Bases Gerais para a Organização do Sistema Nacional de
Preços. Diário da República.
Gabinete de Coordenação para a Construção e Desenvolvimento Urbano das Cidades do
Kilamba, Camama e Cacuaco. (2004). Decreto nº 51/04 de 23 de Julho. Diário
da República.

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