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Disponibilização: Eva

Tradução: Blossom
Revisão: Docinho
Formatação: Eva

Dezembro/2018
Justin é recentemente e infelizmente solteiro. O Natal está chegando, e
ele não quer enfrentar seu ex sozinho em sua festa na empresa. Então
Sean — o melhor amigo de Justin e antiga paixão secreta — se oferece
para ir com ele e fingir ser seu novo namorado.

Sean sempre cobiçou Justin de longe, mas nunca houve uma boa
oportunidade de pedir mais do que amizade. Fingir ser o namorado de
Justin não é uma tarefa, e se Justin quiser usá-lo como rebote, Sean está
mais do que disposto. Na festa, fingimento e realidade se confundem, e
um beijo na pista de dança leva a uma noite de paixão.

No final, ambos presumem que foi uma coisa de uma noite até o destino
intervir. Colocados juntos em Londres durante o feriado, eles cedem à
tentação novamente. Mas o que acontece no Natal fica no Natal… certo?
CAPÍTULO 1

Justin geme interiormente enquanto lê o e-mail


lembrando-lhe e seus colegas os detalhes da festa de Natal da
empresa no fim de semana seguinte. É exatamente por isso
que envolver-se com um colega de trabalho é uma ideia
terrível. Os parceiros são convidados e ele sabe que Andy não
perderá a oportunidade de aparecer com seu novo namorado.
“Oh, parece que vai ser das boas este ano”, Jess diz de
sua mesa, onde ela está, obviamente, lendo a mesma
mensagem que veio em mais de uma centena de caixas de
entrada na empresa financeira para a qual trabalham. “Um
dos meus colegas trabalha no hotel que contrataram, e é
realmente chique. A comida deve ser ótima.”
“Sim.” Justin tenta injetar algum entusiasmo em seu
tom.
Pelo jeito que Jess olha para cima, ele obviamente falhou.
“Justin, você vai, não é?”
Ele encolhe os ombros. “Não tenho certeza se posso
encarar isso.”
Ele está tentando o seu melhor para evitar Andy desde a
separação. Felizmente, eles trabalham em diferentes
departamentos, então seus caminhos não se cruzam com
muita frequência.
A expressão de Jess suaviza, mas há um fio de aço em
sua voz. “Você já pagou pelo seu bilhete, no
entanto. Não deixe que ele faça isso. Por favor,
venha, Justin. Mostre que você está se
divertindo sem ele em sua vida. Será
divertido. Além disso, Kieran está chegando e
tenho certeza de que ele tem uma queda por
você.”
Justin consegue sorrir para isso. Kieran é um novato, que
começou em seu departamento há algumas
semanas. “Sério? Ele é doce, mas não é meu tipo.”
“Sim.” Jess suspira. “Tive a sensação de que não
seria. Você gosta do tipo alto, moreno e bonito.” Kieran é bonito
e loiro — muito parecido com o próprio Justin.
É verdade. Justin sempre foi atraído por caras altos com
cabelos escuros, e se tivessem olhos castanhos como chocolate
derretido, tanto melhor. Justin prefere não pensar por que
sente tesão instantâneo por caras com esse aspecto. Andy
preenchia todos os requisitos de Justin fisicamente. Pena que
acabou por ser um babaca que não conseguia manter sua
calça fechada.
“Então, você vem? Não será o mesmo sem você”, Jess diz
esperançosamente.
“Vou pensar sobre isso.”
“Por favor.”
“Eu disse que vou pensar sobre isso. Certo?” Ele se sente
como um imbecil por ser áspero com Jess, mas ela está
cutucando uma ferida e dói.
“Tudo bem, tudo bem.” Ela levanta as mãos e volta para
suas planilhas.

No momento em que Justin está a caminho de casa


naquela noite, seu ânimo se eleva um pouco, apesar da luta na
multidão da hora do rush na sexta-feira no metrô de
Londres. Pela primeira vez desde que se separou
de Andy, ele não passará o fim de semana
debaixo do edredom com a Netflix por
companhia, porque Sean está vindo para ficar.
O alto-moreno-e-bonito Sean com os
olhos de chocolate derretido — o amigo mais
antigo de Justin e sua paixão não correspondida.
Justin mal pode esperar para vê-lo. Eles se conhecem
desde que tinham sete anos, e Sean é a única pessoa da escola
primária de quem Justin ainda é amigo. Eles foram para a
universidade em cidades separadas, mas a amizade resistiu à
separação. Ambos acabaram vivendo e trabalhando em
Londres depois da formatura: Justin em seu trabalho atual e
Sean em um trabalho temporário. Dividiram um apartamento
por um tempo, mas quando Sean saiu para viajar por nove
meses, Justin conseguiu um financiamento no lugar que tem
agora — com muita ajuda de seus pais.
No caminho de casa, Justin para no supermercado no
final da estrada e se abastece com tanta comida quanto pode
carregar. Sua geladeira estava pateticamente vazia nas
últimas duas semanas, já que não tinha apetite. Ele
sobreviveu com uma dieta de cereal matinal com uma fatia
ocasional de torrada para variar. Mas a menos que Sean tenha
mudado enquanto esteve longe, ele ama sua comida, e o
conteúdo dos armários de Justin não é bom o suficiente.
Carregado com sacolas de compras, Justin está lutando
para colocar sua chave na porta da frente de seu prédio
quando uma voz atrás dele diz: “Justin? É você?”
É uma voz que Justin reconheceria em qualquer
lugar. Ele se vira, deixando as sacolas escorregarem de suas
mãos para o chão, mal percebendo quando uma delas cai e
algumas latas de feijão fazem uma tentativa de liberdade.
“Sean?” Justin só consegue distinguir a forma de seu
amigo no brilho laranja das lâmpadas de rua, uma mochila
abarrotada nas costas.
“Deus, é bom te ver.”
Sean avança e Justin vai ao seu
encontro. Eles se abraçam por um longo tempo.
Sean é grande, forte e quente em
comparação com o frio do começo de
dezembro. Ele cheira como se não tivesse
tomado banho em alguns dias, mas Justin
não se importa. Ele aperta de volta até que Sean finalmente o
solta.
“Pensei que você não viria até amanhã”, Justin diz.
“Sim, desculpe-me. É um mau momento? Consegui
mudar para um voo anterior.”
“Está tudo bem.” Justin estremece com frio agora que
está fora dos braços quentes de Sean. “Deixe-me abrir a porta.”
Ele se atrapalha com as chaves novamente, e uma vez
que abre a porta da frente, a luz automática do corredor se
acende para que ele possa ver as compras.
“Aqui.” Sean entrega-lhe as latas que tinham
rolado. “Deus. Não vejo feijões de verdade a meses. É bom
estar em casa.”
Justin ri. “Sério?”
“Sério. É engraçado as coisas que você sente falta quando
está no exterior.”
Justin leva Sean para dentro. “Certifique-se de que a
porta está fechada atrás de você, às vezes ela emperra. Meu
apartamento fica no primeiro andar.”
Eles sobem as escadas, onde o tapete está gasto e sujo
pelo uso.
“Este sou eu.” Justin destranca a primeira das duas
portas no patamar e entra, com Sean o seguindo.
Justin acende a luz. Observa Sean agora que pode vê-lo
claramente. Sua estrutura alta parece muito mais magra do
que antes de ele ir embora e suas maçãs do rosto estão mais
definidas, enfatizando suas características fortes. Seu rosto
está bronzeado, o queixo escuro e os cabelos um pouco mais
longos do que usa normalmente. Isso lhe convém. A respiração
de Justin fica presa quando uma onda de afeto e saudade
lhe atinge. Todos esses anos, e os sentimentos
que guardou tão bem ainda persistem.
Sean sorri e Justin percebe que está
encarando.
“O look surfista combina com você”, ele
diz casualmente, ignorando o rubor
aquecendo suas bochechas.
“Obrigado. Onde devo colocar isso?” Sean pergunta,
tirando a mochila gigante dos ombros.
“Oh, apenas despeje em qualquer lugar por
enquanto. Deixe-me levar essas compras para a cozinha, e vou
te dar uma excursão — não que demore muito.”
O apartamento de um quarto de Justin é pequeno, mas é
um lar e ele adora.
“Então esta é a sala de estar, obviamente”, Justin diz
enquanto caminham através dela. “E a cozinha está aqui.” A
cozinha é pequena, mas funcional. Leva diretamente para fora
da sala de estar, separada por uma porta. Justin coloca as
sacolas de compras no balcão e começa a desembalar as coisas
da geladeira.
“Isso é ótimo, Justin”, Sean diz. Ele ainda está de pé na
porta da cozinha, olhando em volta com admiração. “E é tudo
seu?”
“Bem, tenho uma hipoteca, claro, mas não é
astronômica. Meus pais puderam me dar um bom dinheiro
quando venderam sua casa para se mudar para a Escócia.”
“Isso é muito legal. Já estou estressado sobre encontrar
um lugar para morar, se eu quiser ficar em Londres. O aluguel
é uma loucura e preciso de um emprego primeiro.”
“Você é bem-vindo para ficar o tempo que precisar”,
Justin diz. “Sabe disso.”
“Você diz isso agora… mas tenho certeza que vai se
cansar de mim. Sou muito bagunceiro e peido muito.”
Justin ri. “Não precisa me dizer isso. Eu lembro. E
quando estávamos na escola, você sempre tentava me culpar
pelos seus peidos.”
“Quem cheirou, soltou.”
Justin joga um pacote de Doritos na cabeça
de Sean, mas ele pega — e em seguida, abre e
começa a comer. Sean sorri insolente, a boca
cheia de salgadinho de queijo laranja, e Justin
tenta parecer bravo, mas não consegue. Seu
coração transborda e ele se sente feliz pela
primeira vez desde que Andy o largou. É tão bom ter Sean de
volta.
Assim que Justin termina de arrumar as compras,
mostra a Sean o resto do apartamento. “Este é o banheiro. O
chuveiro fica sobre a banheira, mas é muito bom. E meu
quarto é este aqui.” Ele passa pela última porta que leva ao
corredor. “Está uma bagunça. Eu ia arrumar tudo, mas você
apareceu cedo.”
“Estou chocado e horrorizado.” Sean sacode a cabeça
fingindo desaprovação enquanto olha ao redor do quarto. Uma
pilha de roupas cai de uma poltrona no canto e a cama está
amarrotada e desfeita. “Sério, cara. Você deveria ver alguns
dos lugares em que fui parar nos últimos meses. Isso não é
nada.”
“Pode me contar suas histórias de horror depois. Você
mal atualiza seu blog desde o verão. Mal posso esperar para
ouvir tudo sobre isso. Mais do que você, pelo visto. Gosto do
conforto da minha casa ou das camas de um bom hotel.”
Justin pega a mochila de Sean no caminho de volta pelo
corredor.
“Puta merda, Sean. Isso pesa uma tonelada. O que tem
aqui, rochas?” Justin mal consegue levantar com uma
mão. Deixa cair na sala, ao lado do sofá. “Aqui está sua
cama. É um sofá-cama. É bastante confortável,
aparentemente. Não que eu já tenha dormido aqui.”
“Fantástico.” Sean boceja, espreguiçando-se e esfregando
os olhos. “Estou exausto. Quase não dormi no
avião. Acrescente isso à diferença de oito horas e vou desmaiar
em breve. Desculpe, eu vou ser uma droga de companhia hoje
à noite.”
“Quer um pouco de comida antes de
dormir?”
Sean esfrega o estômago
pensativamente. “Sim. Eu provavelmente
deveria, mas algo leve. Não estou com fome
porque meu corpo acha que são 3h da manhã,
mas supõe-se ficar em sincronia assim que desembarca.”
“Feijão na torrada?” Justin oferece, lembrando-se da
excitação de Sean em ver bons e velhos feijões britânicos
cozidos mais cedo.
“Claro que sim. Não tive nada além de macarrão e arroz
na última semana em Cingapura. Estou pronto para algo que
tem gosto de casa. Você tem molho inglês?”
“Claro.”
“É por isso que você é meu melhor amigo.” Sean sorri.
“Sim, sim. Amor interesseiro.” Justin não pode deixar de
sorrir de volta. “É bom tê-lo de volta. Bem-vindo ao lar.”

Eles comem o jantar no sofá, enquanto Sean impressiona


Justin com histórias de suas viagens. Ele trabalhou na
Austrália e Nova Zelândia durante a maior parte do tempo,
permanecendo em fazendas por cama e comida e gastando
suas economias na viagem. Mas guardou o suficiente para
visitar Hong Kong, Tailândia e Cingapura a caminho de casa.
“Hong Kong é uma loucura. Tantas pessoas espremidas
em um espaço minúsculo, edifícios chegando ao céu. Mas é
incrível. Tanta vida, tão vibrante. Eu adorei lá.”
“Parece incrível”, Justin diz melancolicamente. Ele nunca
viajou para fora da Europa — se é que podemos chamar os
feriados na Eurocamp que ele teve com seus pais de
viajar. “Quero ir a lugares como esse um dia.”
“Você deve ir.” Sean boceja. “Economize nos feriados e tire
três semanas em algum momento. Você não vai se
arrepender...” Outro bocejo corta suas palavras.
“Hora de dormir?” Justin sugere. Ainda
não são nem oito horas, mas Sean está zonzo
como se estivesse bêbado e ele só bebeu água.
“Acho que sim.” Sean parece
triste. “Desculpe. Eu nem tive a chance de
perguntar o que está acontecendo com você. Mas
honestamente, acho que se me disser agora, eu não lembrarei
amanhã de qualquer maneira. Cheguei a esse ponto em que
meu cérebro está cansado demais para funcionar.”
“Vá e se prepare. Vou arrumar a cama para você.”
“Você é um anjo.” Sean se levanta, pegando seu prato e o
de Justin e os levando para a cozinha antes de voltar para
vasculhar sua mochila. Com o kit de banho na mão, ele
pergunta: “Posso pegar uma toalha emprestada? Tenho uma
daquelas de viagem, mas está um pouco suja.”
“No armário do banheiro”, Justin diz.
“Obrigado. Se eu não voltar daqui a dez minutos,
provavelmente adormeci no seu chuveiro, então venha me
resgatar antes que me afogue.”
Justin ri. “Irei.”
Sean está de volta em menos de cinco. Ele chega com o
cheiro de pasta de dente e xampu, cabelo ainda úmido do
chuveiro e uma toalha enrolada em torno de seus
quadris. “Isso é melhor”, ele diz. “Mas estou tão exausto que
me esqueci de levar roupas limpas comigo.” Ele se abaixa para
vasculhar em sua mochila novamente. Então, completamente
inconsciente, larga a toalha e veste sua cueca.
Ele está de costas, então Justin se permite o luxo de
olhar. As protuberâncias na coluna de Sean estão claramente
visíveis; ele definitivamente perdeu peso enquanto estava
viajando. Mas Deus, Sean ainda tem uma bunda linda. Faz
alguns anos desde que Justin viu sua pele nua em toda sua
glória. Agora está um pouco mais peludo do que ele lembrava,
pelos escuros de aparência suave polvilham os globos de suas
nádegas, aumentando nas suas coxas e pernas.
Justin desvia o olhar rapidamente,
envergonhado de si mesmo por cobiçar seu
amigo. Não que Sean se importe,
provavelmente. Mas, apesar de ambos serem
gays, eles nunca foram nada além de amigos,
e depois de tantos anos tentando lutar contra
sua atração por Sean, ainda parece errado pensar nele dessa
maneira.
Quando Justin vira-se, Sean está vestido com uma
camiseta de mangas compridas e calça de moletom
velha. Justin observa quando ele senta na beira da cama agora
arrumada e veste meias grossas.
“Eu tenho calefação, você sabe.” Justin levanta uma
sobrancelha, provocando, quando Sean olha para cima.
Exaustão está escrita em todas as linhas e sombras de
seu rosto. Há marcas roxas tão escuras quanto hematomas
sob os olhos escuros vidrados de cansaço.
“Sim. Mas eu venho dos trópicos. Acredite em mim. Vou
precisar das camadas por pelo menos dois dias.”
Ele entra na cama e se aconchega embaixo do edredom.
“Boa noite então.”
“Noite”, Sean responde.
Justin sai, apagando a luz no caminho. Em seu quarto,
ele tira o cobertor extra de sua cama e volta silenciosamente
para onde Sean está dormindo. Ele espalha o cobertor sobre
Sean, certificando-se de que esteja esticado para cobri-lo.
A respiração de Sean é lenta e firme e ele não se mexe.
“No caso de você ficar com frio”, Justin sussurra. “Durma
bem.”
CAPÍTULO 2

Sean acorda e abre os olhos para quase a escuridão


total. Desorientado, fica imóvel por um momento, tentando
lembrar onde está. Ele dormiu em tantos lugares diferentes
nos últimos meses, a avaliação mental de onde diabos eu
estou? É familiar.
Ele está quente, aconchegado sob camadas de roupa de
cama. Isso é novidade. O ar que toca seu rosto é frio, nada
como o calor tropical úmido ao qual está acostumado. As
últimas vinte e quatro horas se repetem em sua mente:
aeroportos e filas, um voo de 13 horas, mais aeroportos, mais
filas, seguido pelo inferno especial de navegar pelo metrô de
Londres durante a hora do rush com uma enorme
mochila. Então chegando ao apartamento de Justin, um oásis
de calma após a insanidade de viajar.
Foi tão bom vê-lo. Sean sorri para o escuro quando se
lembra de Justin cumprimentando-o na noite anterior e da
maneira tão fácil que eles voltaram para sua amizade, como
colocar um confortável e velho par de sapatos. Ele não
percebeu o quanto sentiu falta de Justin até tê-lo de volta.
Bem acordado agora, Sean senta-se. Ele não tem ideia de
que horas são. Onde diabos ele colocou o telefone na noite
passada? A bateria provavelmente está morta, afinal. Ele olha
para o relógio no receptor de TV do outro lado da sala. 2h07.
Olá, jet lag, meu velho amigo.
Ele suspira. Mesmo que seu cérebro esteja
entorpecido com a privação do sono, ele sabe que
não terá como voltar a dormir por um
tempo. Levanta-se da cama e,
cuidadosamente, atravessa a sala até a porta
e encontra o interruptor de luz.
“Merda”, amaldiçoa quando a luz forte inunda a
sala. Aperta os olhos, olhando em volta até que vê uma
lâmpada menor no canto e a liga, em seguida, tropeça para
desligar a luz do teto.
Tira o celular do bolso do jeans e o coloca para carregar,
depois encontra o controle remoto da TV e passa alguns
minutos tentando descobrir como o sistema de TV de Justin
funciona. Ele consegue abrir o Netflix e volta para a cama,
apoiado em travesseiros. É hora de descobrir quantos
episódios de Arrested Development ele pode assistir antes que
esteja pronto para dormir novamente.

Sean não descobre porque perdeu a conta depois nos


quatro primeiros. Mas em algum momento adormece
novamente porque a próxima coisa que ouve é o clique da porta
e o rangido de passos.
“Ugh”, Sean geme, abrindo os olhos para ver a luz do dia
se filtrando através de cortinas muito finas. Justin está ao lado
do sofá-cama, seu cabelo loiro claro despenteado de sono e
estranhamente eriçado na parte de trás. “Que horas?”
A TV ainda está ligada, conversando sozinha.
“Nove e meia”, Justin responde. “Desculpe. Eu não queria
te acordar, mas estou com fome e ficando um pouco
desesperado por um pouco de café.” Ele sorri, covinhas
amassando suas bochechas.
Sean esfrega os olhos, depois pisca algumas vezes,
tentando afastar o algodão que parece ter tomado
residência em seu cérebro. “Provavelmente
deveria tentar me levantar agora, já que é
dia. Porra, eu me sinto mal.”
“Você parece.” Justin parece
simpático. “Café?”
“Deus, sim, por favor. Um balde disso.”
“É pra já.”
Sean não tem energia para se mover para longe, mas se
coloca em uma posição mais sentada do que deitada, desliga a
TV e ouve Justin vagando pela cozinha.
Quando Justin volta, Sean ri quando vê o tamanho da
caneca que ele estende. Deve ter facilmente o tamanho de uma
caneca de cerveja, se não mais.
“Não esperava que você me levasse tão literalmente.”
“Nunca usei isso antes. É uma caneca promocional
estúpida gratuita que veio com uma entrega da Sports Direct
e nunca cheguei a usá-la. Estou feliz que finalmente seja útil.”
Sean levanta-a e toma um gole. “Incrível.”
Perfeito. Exatamente a quantidade certa de leite e açúcar. “Se
isso não me acordar, nada vai.”

Eles têm uma manhã preguiçosa, relaxante, tomando


café da manhã, e jogando Call of Duty. É como nos velhos
tempos, quando costumavam ficar na casa um do outro
quando eram adolescentes. Mas no meio da tarde, Sean fica
com sono novamente.
“Posso tirar uma soneca”, ele sugere. “Por uma hora,
talvez?”
“Não.” Justin balança a cabeça inflexivelmente. “Você
disse anteriormente que não posso deixá-lo dormir até pelo
menos dez horas desta noite.”
“Sabia que isso voltaria para me ferrar. Sério, apenas
meia hora, em seguida, relaxar?” Ele coloca o controle de lado
e se inclina para trás, fechando os olhos. Ele pode
adormecer em questão de minutos; a força da
letargia é como areia movediça, tentando
arrastá-lo para baixo.
“Não.” Justin se levanta e agarra a mão
de Sean, puxando até que ele abre os olhos e
permite que Justin o puxe. “Vamos, vamos
sair. Essa é a única maneira de mantê-lo acordado por mais
algumas horas.”
“Eu te odeio”, Sean geme.
“Não, não odeia. Você me ama.”
O coração de Sean bate de acordo. Mas apenas como
amigo, ele lembra a si mesmo.
Por anos ele tenta se convencer de que sua paixão por seu
amigo de infância é apenas isso — uma paixão, nada
importante, algo que passaria — mas agora que estão juntos
de novo, esses sentimentos voltaram tão fortes quanto sempre.
“Por favor, me diga que haverá cafeína?” Sean Pergunta.
“Para você, baby. Qualquer coisa.”

“Onde você está me levando?” Sean pergunta, enquanto


caminham pela rua de Justin.
Sean estremece, curvando-se no casaco. Puxa seu gorro
sobre as orelhas, ele pegou emprestado um cachecol de
Justin. Ainda está com frio. O vento está gélido, trazendo
consigo um toque de granizo.
“Uma cafeteria. Não é longe, cerca de vinte minutos a pé.”
“Não podemos pegar o metrô?”
“De jeito nenhum vou deixa-lo entrar no metrô. Você vai
adormecer.”
Sean tem que admitir que Justin provavelmente esteja
certo. Ele quase pode adormecer de pé no momento. Talvez
possa dormir onde Justin o está levando...
“Então, eu não tive a chance de saber o que
está acontecendo com você”, Sean diz. “Como
vai o trabalho? Você ainda está feliz?”
“Sim. Gosto do trabalho. É interessante
na maioria das vezes. Ainda sou um auxiliar
que tem que pegar todos os trabalhos que
ninguém mais quer fazer, mas pelo menos estou tendo alguma
experiência.”
“E como estão as coisas com Andy?” Sean
deliberadamente mantém sua voz muito casual. Não é uma
questão irracional, certamente? Amigos falam sobre coisas
assim.
Ele sempre soube dos namorados de Justin antes — e
invejou cada um deles — mas nunca gostou de Andy desde que
Justin começou a vê-lo nessa época, no ano passado. Sean
ficou destruído quando Justin o apresentou a Andy, porque
nesse momento ele estava fora do armário, e estava pensando
em finalmente admitir seus próprios sentimentos por
Justin. Mas com Sean economizando para deixar o país por
nove meses, o momento para uma grande declaração parecia
errado, então ele hesitou, e em seguida, Andy apareceu e
roubou Justin debaixo de seu nariz.
Uma vez que Justin e Andy estavam juntos, Andy ficava
em seu apartamento como um cheiro ruim, e sim, Sean ficou
com ciúmes, mas era mais do que isso. Algo sobre Andy o
deixava nervoso. Ele nunca confiou nele.
O longo silêncio de Justin diz a Sean que nem tudo não
está bem.
“Justin?” Ele pega a manga do casaco do amigo e o faz
parar. “O que aconteceu?”
“Acabou, ok? Eu sei que você nunca gostou dele, mas, por
favor, não fique feliz com isso, porque ainda é bem recente.”
Uma pequenina e culpada parte de Sean não pode deixar
de se sentir satisfeita. Não achava que poderia aguentar ficar
com Justin por muito tempo se tivesse que assistir Justin
brincar de família feliz com Andy novamente. Suas
esperanças aumentam com o pensamento de que,
finalmente, pela primeira vez desde que se
conhecem — bem, pela primeira vez desde que
Sean se assumiu gay, pelo menos — o
momento pode ser o ideal para que algo
aconteça entre eles. Talvez Justin queira usá-
lo como rebote? Sean ficará bem com isso.
A expressão no rosto de Justin faz Sean se sentir como
um completo idiota por pensar essas coisas. Sua amizade é
mais importante.
“Bem, vamos lá então. Diga-me o que aconteceu”, Sean
diz.
Justin puxa o braço para longe de Sean e começa a andar
de novo, então Sean caminha ao lado dele.
“Ele estava me traindo há meses, com vários homens
através de um aplicativo de encontros. Não foi até ficar sério
com um em particular que finalmente fiquei
desconfiado. Verifiquei seu telefone e descobri o que ele estava
fazendo.”
A dor na voz de Justin faz todos os seus instintos
protetores se levantarem e rugirem. Ele foi guarda-costas
pessoal de Justin na escola por anos, e qualquer sugestão de
alguém causando dor física ou emocional a Justin faz Sean
querer quebrar seus rostos. “Filho da puta”, ele rosna. “Sério,
que bastardo. Mas se é isso que ele fez com você, então está
melhor sem ele.”
“Sim. Acredito que sim. Não me deixa mais feliz no
momento, no entanto. Ele poderia ser muito divertido. Nós nos
divertimos juntos enquanto durou.”
“Azar dele”, Sean diz rispidamente.
“Sim, bem. Você tem que dizer isso.” Justin o cutuca
gentilmente.
É verdade, no entanto. Andy deve ser um idiota. “Então,
Você ainda gosta dele?” Sean pergunta.
Há uma longa pausa. “Acho que sim. Quero dizer... sei
que é estúpido querê-lo de volta. Mas sinto falta do que
tivemos, entende? Gosto de estar em um
relacionamento.”
Justin está em relacionamento após o
outro. Ele saiu jovem... bem, ele nunca esteve
no armário. Com Justin, as pessoas
presumiam sobre sua sexualidade, e ele
acabou desistindo de corrigi-las. Com Sean ao
seu lado, ele não tinha muita merda para isso
na escola. Ele conseguiu se cercar de amigos que apoiavam e
ignoravam os inimigos. Justin teve seu primeiro namorado
decente em seu último ano na escola, o que deixou Sean louco
de ciúmes. Sean ainda estava lutando contra suas próprias
batalhas internas na época, sabendo no fundo que ele era gay
também, mas não estava nem pronto para admitir isso para si
mesmo, muito menos para qualquer outra pessoa. Então ele
fez o papel mulherengo, deixando um rastro de corações
quebrados de adolescente atrás dele quando nunca quis ficar
sério com ninguém.
“Ok, aqui estamos nós.” Justin para do lado de fora de
uma cafeteria.
“Uau.”
Sean fica parado e olha para o exterior. É um prédio
estreito espremido entre uma loja de utensílios de casa de um
lado e uma loja de roupas vintage do outro. Mesmo nesta rua
colorida de lojas cafonas de Londres, a cafeteria é a joia da
coroa, quase literalmente. As molduras das janelas e a porta
da frente estão pintadas de rosa choque, e as janelas estão
cobertas por um tecido brilhante e transparente e fios
entrelaçados de luzes multicoloridas de fadas e enfeites. Sean
se pergunta se o enfeite é um toque para a estação ou se eles
o mantém todo o ano. O letreiro do lado de fora diz: “Unicorn
Café”, pintado em letras cursivas pretas sobre um fundo de
arco-íris.
“Acho que este é o lugar mais gay que eu já vi”, Sean diz
maravilhado.
“Eu sei, certo?” Justin sorri. “Parece que um unicórnio
vomitou nele. Mas é incrível. A atmosfera é ótima, e eles fazem
os melhores cupcakes em Londres, contanto que você
esteja bem com quantidades épicas de corantes
alimentares e glitter comestível.”
“Vamos lá.”
No interior, as decorações são tão
reluzentes e brilhantes. As mesas e cadeiras
estão pintadas com todas as cores do arco-
íris, e decorações de Natal completamente
exageradas enfeitam cada canto e recanto disponível. Está
cheio, mas a sorte está do lado deles, e eles conseguem pegar
uma pequena mesa no canto enquanto duas meninas estão
saindo. “Eu já sei o que quero”, Justin diz. “Vou querer o
chocolate quente deluxe e um pedaço do bolo arco-íris deles.”
“OK. Vou lá ver o que quero, e depois pedir para nós dois.”
Sean vai até o balcão. Há uma variedade desconcertante
de bolos, cupcakes e biscoitos em vários formatos e
tamanhos. Sean sorri quando vê que tem biscoitos de
chocolate em forma de pênis. Junto a eles há um prato de
cupcakes gelados que, à primeira vista, ele confunde com
pétalas de rosas em vários tons de rosa. Mas quando olha mais
de perto, percebe que são vaginas com uma pequena bola de
prata para o clitóris. Ele solta uma gargalhada.
Um cara mais velho atrás do balcão, com cabelos
grisalhos e uma barba bem aparada, pega seu olhar e
pisca. “Vê algo que gosta?”
“Bem, normalmente a vagina não é minha coisa, mas a
versão de cobertura parece muito saborosa.”
O cara ri. “O mesmo. Mas sim, isso é bom. Posso
recomendá-los.”
“Estou tentado, mas acho que vou ficar com o pau.”
“Lema para a vida.” O homem sorri. Ele desliza seu olhar
sobre o torso de Sean, com evidente apreciação em seu
rosto. Então olha por cima do ombro de Sean, e seu sorriso fica
um pouco triste. “Seu namorado não gosta do nosso
flerte. Você pode dizer-lhe que ele está seguro. Sou casado e,
embora possa olhar, não vou tocar.” Ele mostra a Sean a mão
esquerda. Há um anel grosso de prata no terceiro dedo.
“Oh, mas—” Sean olha por cima do ombro para onde
Justin os observa. Ele ergue as sobrancelhas e
Justin abaixa a cabeça, olhando para o cardápio
de bebidas novamente. “—não estamos... não
é desse jeito. Ele é apenas um amigo.”
“Sim? Meu erro. Pensei que ele parecia
um pouco ciumento.” Sean guarda esse
pedaço de informação, mas o cara
provavelmente está enganado. “Você está pronto para fazer o
pedido?”
“Sim, obrigado.” Sean faz o pedido e paga, colocando o
dinheiro no frasco de gorjeta.
“Obrigado. Um dos nossos garçons levará isso em breve.”
Seus olhos brilham quando acrescenta: “Aproveite seu pau.”
“Costumo aproveitar.”
Sean volta para a mesa, sorrindo. “Este lugar é incrível.”
“Que bom que você aprova. Os caras que dirigem são
ótimos. Quero ser como eles quando crescer. Acho que são um
casal, embora Frank — aquele que te atendeu — parece que
estava conversando com você, então talvez não.” O sorriso de
Justin é um pouco tenso.
“Foi apenas um pouco de flerte inofensivo. Ele me disse
que é casado.”
“Oh, certo. Bom para eles.” Justin olha para Frank,
parecendo aliviado.
Será que Justin realmente ficou com ciúmes? Sean se
pergunta. Certamente não, se ainda está sofrendo por seu
ex. Sean ocasionalmente se pergunta se Justin tinha uma
queda por ele na escola. Essa foi uma das razões que Sean não
contou a Justin sobre sua própria sexualidade. Ele temia que,
se tivesse admitido, teria sido impossível esconder sua atração
por Justin. Então, se Justin estivesse de acordo para alguma
tentativa... Bem, isso era uma caixa de Pandora que Sean não
estava pronto para abrir naquele momento. Mas certamente
Justin seguiu em frente de qualquer paixão adolescente que
tenha sentido.
O telefone de Justin soa com uma mensagem,
interrompendo a linha de pensamento de Sean.
Justin o pega para ler a mensagem. “Ugh.”
Ele coloca o telefone de volta sem digitar uma
resposta e passa as mãos pelos cabelos.
“Tudo bem?”
Justin suspira. “É nossa festa de Natal
no próximo fim de semana. Eu já tenho um
ingresso, e quase todo mundo no escritório
vai, mas é para parceiros também. Uma das minhas colegas de
trabalho, Jess, está me incomodando para ir, mas não
posso. Aposto que Andy vai levar o novo namorado dele. Sei
que ele é um merda e não deveria deixá-lo me afetar, mas o
pensamento dele desfilando com meu substituto, e eu lá
sozinho, não é muito atraente.”
“É tarde demais para encontrar alguém para levar?”
“Não, eles não precisam de números finais até segunda-
feira.”
“Ok, então. Leve outra pessoa e flerte como um louco na
frente dele. Mostre que você consegue algo melhor e que já
seguiu em frente.”
“Mas não estou pronto para namorar. Faz apenas duas
semanas, e ainda estou na fase sentindo-pena-de-mim-
mesmo.”
“Eu vou com você”, Sean oferece. “Posso ser o seu
encontro. Podemos fingir que estamos juntos e somos um
casal agora.”
“Sério?” Justin parece pensativo. “Você tem certeza?”
Duh. Não seria muito sacrifício flertar com Justin a noite
toda. Seria realmente um alívio não ter que esconder o que ele
sente pra variar.
“Claro”, Sean responde. “Acho que posso fingir que sou
um idiota apaixonado por você. Contanto que seja apenas por
algumas horas.”
“Puxa, obrigado.” Justin revira os olhos. “Você realmente
sabe como fazer um ego já ferido se sentir melhor. Mas se está
pronto para isso, acho que devemos fazer. Andy estava sempre
com ciúmes antes de você ir embora. Ele te via como uma
competição porque vivíamos juntos e éramos tão
próximos. Adoraria ver seu rosto quando entrar
com você no meu braço. Acho que ele vai odiar,
mesmo que já tenha seguido em frente.”
“Ok.” Sean esfrega as mãos, animado
com a perspectiva de irritar Andy. “Vamos
fazer isso! Envie uma mensagem para sua
amiga Jess e diga a ela que você vai — com um cara quente.”
CAPÍTULO 3

Jess fica emocionada na manhã de segunda-feira quando


Justin diz que decidiu ir para a festa apesar de tudo.
“Isso é ótimo!” Ela bate palmas, o cabelo loiro curto
balançando enquanto salta de emoção. “Estou tão feliz. Mostre
a Andy que não precisa de um namorado para se divertir. Você
é um homem forte e confiante que não precisa de um parceiro
para defini-lo. Também não vou trazer ninguém, então você
pode sair comigo e teremos uma ótima noite.”
“Sim... hum, sobre isso.” Justin limpa a garganta. “Eu na
verdade vou levar alguém.”
“Oh meu Deus. Seu malandro.” Ela bate no braço
dele. “Quem? Eu o conheço?”
“Não, você nunca o conheceu. Ele estava viajando desde
março. É um amigo de longa data. Somos melhores amigos
desde que éramos crianças.”
“Oh, então ele não é um encontro, afinal.” A boca de Jess
se curva em decepção com a falta de fofocas suculentas.
Justin olha ao redor da lanchonete para se certificar de
que ninguém mais está ouvindo a conversa e baixa a
voz. “Bem… tecnicamente não. Mas ele vai fingir que é.”
Jess se aproxima mais, seu rosto animado
novamente. “Então ele vai fingir ser seu namorado? Para
deixar Andy com ciúmes?” Seus olhos se arregalam
comicamente. “Oh! Você está tentando reconquistá-lo?”
“Deus não. Jess, esta não é uma comédia de
Hollywood. A fila andou. Mesmo se Andy me
quisesse de volta, eu não iria correr só porque
ele chamou com um dedinho.” Será que eu
iria? Ele brevemente se pergunta. “De jeito
nenhum.” Ele diz enfaticamente para se
convencer tanto quanto Jess. “Mas pode não
gostar de ver que o superei muito rapidamente, especialmente
com alguém tão bonito quanto Sean — porque Sean é muito
gostoso. Eu mencionei essa parte?”
“Não! Como ele é?”
“Alto, moreno e bonito. Imagine que Poldark cruzou com
o Sr. Darcy.”
“Ooh legal. E presumo que ele seja gay?”
“Sim.”
“Droga. Então… esse gostosão gay é seu melhor amigo
Sean. Você e ele alguma vez...?” Ela ergue as sobrancelhas
enquanto leva a xícara de café aos lábios.
Justin sente suas bochechas corarem. “Deus
não. Nunca”, diz. “Somos amigos, mas isso é tudo.”
Jess o observa, e o rubor de Justin se intensifica,
aquecendo suas orelhas. Ele olha para baixo, mexendo em um
guardanapo para dar às mãos algo para fazer.
“Mas você gosta dele.” Ela faz uma declaração ao invés de
uma pergunta, então Justin decide que pode fugir sem
responder. Aparentemente ele está errado. “Não gosta?”
“Gostava quando estávamos na escola. Mas achava que
ele era hétero, então era apenas uma paixão estúpida. O típico
garoto gay ansiando por seu melhor amigo. É um ritual de
passagem. Mas aquilo foi anos atrás.”
“Hmm.” Jess não parece convencida. “Por que ele não
saiu do armário na escola? Você deve ter ficado devastado
quando descobriu que ele realmente era gay. Toda essa
oportunidade de experimentação adolescente foi
desperdiçada.”
Justin suspira. Ele odeia ter que lembrar Sean se
assumindo.

A única vez em que a amizade deles foi


testada foi durante o verão, depois do
primeiro ano na universidade. Os dois voltaram para a cidade
natal deles, e Sean contou a Justin uma noite quando estavam
voltando para casa depois do pub. A reação inicial de Justin
foi de dor e traição. Ele não entendia como Sean pôde manter
o segredo para si mesmo.
“Há quanto tempo você sabe?” Foi sua primeira pergunta.
Quando Sean confessou que sabia há anos, talvez quase
tanto quanto Justin sabia que ele era gay. Justin sentiu como
se tivesse levado um soco no estômago. Ele teria confiado em
Sean com sua vida, e todo aquele tempo em que Sean
escondera algo tão essencial. Algo que Justin teria entendido
completamente.
“Não posso acreditar que você não me contou”, foi tudo o
que ele conseguiu dizer. “Sinto como se sequer te conhecesse.”
Lágrimas quentes ameaçaram cair enquanto raiva e descrença
guerreavam com a dor que ele sentia.
“Eu sinto muito. Mas não estava pronto para falar sobre
isso para ninguém”, Sean disse. “Por favor, Justin. Você sabe
como é o meu pai. Eu estava com tanto medo que ele
descobriria se eu começasse a dizer às pessoas. Ele ainda não
sabe e não tenho planos de contar ainda.”
“Mas você poderia ter me dito. Você sabe que eu nunca
teria dito nada.”
Sean sacudiu a cabeça. “As coisas não são tão simples
assim.”
“O que isso quer dizer?” Justin exigiu, sua voz
subindo. “Sério, Sean. Entendi. Entendo estar com medo de
sair — não que eu tenha tido muita escolha porque as pessoas
sempre presumiram — mas você poderia ter falado
comigo. Mesmo se não tivesse contado a mais
ninguém. Nós éramos melhores amigos. Não
posso acreditar que você não confiou em mim
com isso.” Sua voz vacilou com o esforço de
conter suas emoções.
“Sinto muito”, Sean disse
novamente. “Talvez eu devesse ter contado a
você. Mas não posso mudar isso agora.”
Justin não respondeu, e eles andaram em silêncio o resto
do caminho para casa.
Quando chegaram à porta da frente de Sean, que ficava
bem na esquina de onde os pais de Justin moravam, eles
pararam.
“Você disse que éramos melhores amigos”, Sean disse,
com os olhos escuros e difícil de ver na rua mal
iluminada. “Você ainda é meu melhor amigo. Só para você
saber.”
Justin olhou para ele, observando as características
fortes que conhecia quase melhor do que as dele. O rosto da
pessoa pela qual ele estava meio apaixonado desde a
adolescência. “Você também é o meu”, ele finalmente
disse. “Mesmo que seja um fodido idiota por esconder isso de
mim.”
“Gostaria de poder explicar melhor.”
“Você não precisa. Entendo, mesmo que ache que você é
maluco. Agora venha aqui, seu idiota.” Ele deu um pequeno
sorriso quando se aproximou e puxou Sean para um
abraço. Os braços de Sean se fecharam em torno dele e o
abraço continuou por um bom tempo. Justin respirou o cheiro
do cabelo e da pele de Sean, e seu coração se apertou. “Bem-
vindo ao clube, seu grande maricas.”
Sean se afastou, rindo. “Obrigado... eu acho.”
Justin deu um soco no ombro dele. “Noite, companheiro.”
“Noite.”
Depois disso, as coisas estavam bem entre eles na
superfície, mas a dor que Justin sentiu levou muito tempo para
se dissipar completamente. Ele não podia deixar de se torturar
com “e se”. Como as coisas poderiam ter sido diferentes
se Sean tivesse se sentido capaz de contar a
ele? Se Sean alguma vez sentiu algo por Justin
também — ele ainda poderia sentir? Justin
estava muito assustado de perguntar por
medo de qual seria a resposta. Se fosse um
não, isso machucaria. Mas se fosse um
sim… Justin não tinha certeza do que isso
significaria para seu relacionamento com seu atual
namorado. Considerando tudo, ele decidiu que era melhor não
saber.

“Justin?”
A voz de Jess o arrasta de volta ao presente. Ele pisca
para as luzes brilhantes na cantina e respira o cheiro de café,
as memórias desaparecendo.
“Hum, sim. Teve principalmente a ver com o pai dele, eu
acho. Foi uma surpresa quando finalmente me contou.”
Ela ergue as sobrancelhas. “Tenho certeza.”
“De qualquer forma. Como eu disse, somos apenas
amigos. Não acho que ele tenha pensado em mim desse jeito.”
“Bem, vamos torcer para que ele possa fazer um bom
trabalho fingindo que quer tirar sua calça na festa, então. Mal
posso esperar para ver a reação de Andy.”
Justin sorri. “Sim. Espero que isso o aborreça um
pouco. No mínimo, vai mostrar a ele que não estou chorando
pelos cantos e tomando sorvete todas as noites.”
“Definitivamente. Acho que é um excelente plano.”

Durante a semana, Justin e Sean se estabelecem em uma


rotina confortável de coabitação. Justin trabalha de nove a
cinco horas, e Sean passa os dias se candidatando
a empregos online. Ele diz a Justin que sua
primeira escolha será um trabalho em
computação, mas pegará qualquer coisa que
possa conseguir no momento, então está se
candidatando a uma série de empregos de
pós-graduação em todo o sul da Inglaterra. É
uma época tranquila do ano para contratação com o Natal se
aproximando, mas Sean teve algumas entrevistas por telefone
e espera que algo surja em breve. Ele está disposto a encontrar
trabalho temporário através de uma agência no Ano Novo se
não receber uma oferta antes disso, e enquanto isso está
vivendo de suas últimas economias. Ele ainda insiste em
contribuir um pouco com comida e contas, mas Justin não o
deixa pagar aluguel.
“Você está dormindo no sofá. Não vou fazer você pagar
por isso!” Ele insiste.
“Você tem certeza...?”
“Tenho certeza.”

“Preciso ir às compras”, Sean diz na noite de quinta-


feira. “Se você quer que eu impressione Andy, vou precisar de
algo para vestir que não tenha passado os últimos nove meses
enrolado em uma mochila. Todas as minhas coisas antigas
ainda estão no loft do meu pai.”
Justin assente. “Boa observação. Eu não tinha pensado
nisso. É uma pena que você não possa pegar emprestado nada
meu.”
Eles são de tamanhos muito diferentes. Sean é uns dez
centímetros mais alto, e é mais largo no ombro do que Justin,
que é esbelto — se você estiver sendo educado, ou magro, se
não estiver — com um metro e setenta e cinco.
“Sim, bem. Se você não fosse tão anão... Ai!”
Um golpe certeiro nas costelas cala Sean. Ele
vinga-se lutando com Justin no chão da sala e
fazendo cócegas até que ele se contorce e
debate de tanto rir.
“Gibão. Gibão!” Justin grita, aliviado quando Sean para
imediatamente e se ergue, liberando Justin do peso de seu
corpo.
“Não posso acreditar que você se lembrou disso.” Sean ri,
sem fôlego pelo esforço.
“Você nunca esquece sua palavra de segurança.” Justin
rola debaixo de Sean, endireitando suas roupas.
Quando crianças, eles passavam muito tempo brincando
de luta, mas naquela época Sean não conhecia sua própria
força e nem sempre percebia quando Justin já estava
cansado. Um dia, quando tinham cerca de nove ou dez anos
de idade, a mãe de Justin sugeriu que escolhessem uma
palavra para usar quando a outra pessoa — geralmente Justin
— realmente queria que o jogo parasse. Por alguma razão,
nenhum dos dois conseguia se lembrar, eles haviam se
contentado com “gibão”. Eles o usaram no início da
adolescência, mas gradualmente caiu em desuso quando a
luta foi substituída por videogames ou futebol no parque.
Justin está de pé agora, e oferece uma mão para Sean,
que ainda está no chão.
“Obrigado”, Sean diz quando Justin o levanta. “Então,
sobre esse passeio de compras...”
“Você pode ir amanhã enquanto eu estiver no trabalho.”
“Eu posso…”
Justin levanta as sobrancelhas, esperando pelo “mas”
que sabe que está chegando.
“… mas você sabe como eu sou com moda. Ainda não
tenho permissão para me vestir.”
Justin ri. “Oh sim. Quase me esqueci.”
“Preciso pegar mais roupas para tudo, não apenas
para a festa. Só tenho um par de jeans sem
buracos, e a maioria das minhas roupas é mais
adequada para os trópicos do que para
Londres no meio do inverno. Além disso,
preciso de algo para usar nas entrevistas,
supondo que eu consiga em breve.”
“E quer que eu te ajude?”
“Por favor?” Sean dá-lhe um sorriso esperançoso. “Você
sempre foi ótimo em escolher coisas para mim.”
Quando eram adolescentes, sempre que tinham dinheiro
sobrando para gastar em roupas, faziam compras
juntos. Justin vestia Sean como um manequim e vetava quase
todas as tentativas de Sean em escolher para si mesmo. Sean
era grato pela ajuda, mesmo que resmungasse. Justin gosta de
moda, enquanto Sean não se importa com o que usa. Se sua
roupa não for um jeans muito grande, uma camiseta e tênis,
então não está no topo da lista de Sean. Ele sempre se veste
para o conforto, mas Justin ajudou-o a fazer isso com um
pouco de estilo extra.
Justin solta um suspiro, mas não consegue parar o
sorriso que puxa os cantos de sua boca. A chance de usar Sean
como um cabideiro e passar algumas horas com ele seminu em
uma variedade de vestiários? Sim. De jeito nenhum Justin
recusará isso. Pelo menos lhe dará a desculpa para observar
legitimamente o traseiro de Sean, embora através de suas
roupas.
“Sim. Suponho que poderemos ir amanhã à noite. Vai ser
um inferno, compras de fim de noite no período que antecede
o Natal. Você vai ficar me devendo.”
“Vou te pagar em latte de abóbora com especiarias.”
“Você me conhece tão bem.” Justin deixa o sorriso que
está tentando suprimir escapar. “Ok, pronto. Encontre-me no
Starbucks na Kensington High Street depois do trabalho, e
você pode me pagar com antecedência. Vou precisar de toda a
cafeína e açúcar para fazer compras no final da semana de
trabalho.”
CAPÍTULO 4

Sean abre caminho entre a multidão de


compradores. Como Justin previu, é louco. As decorações
natalinas adornam todas as janelas e os enfeites que iluminam
as ruas parecem estar usando metade da energia da rede
nacional. É bonito, mas difícil de apreciar quando você está
cercado por pessoas estressadas carregadas de sacolas de
compras.
A Starbucks está lotada, claro, mas Sean chega
deliberadamente cedo. Pede seu café em um copo para viagem
— por via das dúvidas — mas fica de pé, bebendo devagar e
observando as mesas ocupadas como um falcão. Finalmente,
sua paciência é recompensada. Ele vê algumas mulheres
começando a recolher suas sacolas de compras e, assim que
uma delas empurra a cadeira para trás, ele faz seu movimento.
“Desculpe atacar como um total abutre, mas você está
indo embora?” Ele dá a mulher seu sorriso mais encantador.
“Oh, hum, sim.” Ela sorri de volta, parecendo um pouco
ofuscada.
Sean está acostumado a essa reação das mulheres. “Se
importa se tomar o lugar?” Ele gesticula para a mesa.
“Oh não, claro que não. Fique a vontade.”
“Obrigado.” Ele espera até que juntem suas coisas, e em
seguida, pega a mesa que elas desocupam. Enquanto está
esperando, pega o telefone e verifica seus e-mails. Não há nada
novo de seu interesse — apenas lixo de sempre ou
e-mails comerciais, que ele rapidamente apaga.
O som de uma criança rindo com vontade
faz com que olhe para cima. Um menininho
está rindo do homem à sua frente. O homem
— seu pai, Sean supõe — tem um pouco de
chantilly na ponta do nariz.
“Eu também quero um”, o garoto diz.
O pai do garoto mergulha o dedo no creme em cima de
seu café e pontilha-o no nariz do menino. A criança ri
novamente.
Sean se diverte com suas palhaçadas, mas uma dor se
espalha em seu peito. Ele pensa em sua própria infância. Faz
tantos anos desde que teve um relacionamento fácil e divertido
com seu pai — há muito tempo atrás para lembrar. Ele sabe
que jogaram futebol no parque juntos. Sean tem uma vaga
sensação de sol e sorrisos e de se sentir feliz. Mas quando sua
mãe morreu quando tinha onze anos, tudo mudou. Seu pai se
tornou ausente e distante quando Sean mais precisava
dele. Foi quando a família de Justin se tornou uma substituta
para a dele. A mãe de Justin, Liz, cuidava dele todos os dias
depois da escola. Como o pai de Sean trabalhava cada vez
mais, isolando-se no trabalho como uma forma de manter o
resto do mundo à distância, Sean passava cada vez mais tempo
com Justin e sua família. Era fácil lá, e houve amor e risos.
Sean olha para o telefone em sua mão, considerando
enviar uma mensagem para seu pai. Ele não entra em contato
com ele há semanas. Seu pai nem sabe que ele está de volta ao
país. Sean sabe que deve entrar em contato, talvez voltar para
passar o Natal com ele. Mas não tem certeza se será bem-
vindo.
Ele adiou dizer ao pai que era gay até um mês antes de
deixar o país. Sean sabia que era uma maneira covarde de lidar
com isso, mas tinha muito medo da reação do pai. Não que
achasse que seu pai seria violento — Sean é maior do que ele,
afinal — mas não conseguia enfrentar a inevitável
negatividade. O pai de Sean deixou bem claro durante
sua adolescência o quanto desaprovava Justin.
Eu não sei por que você anda por aí com
aquele pequeno esquisito... as pessoas vão
falar, você sabe... não quero que elas tenham a
ideia errada.
Sean aperta mais o copo de café, e o
papelão se contrai.
“Olá.” A saudação levemente ofegante de Justin tira Sean
de suas reflexões desconfortáveis. “Desculpe estou atrasado. O
metrô estava um inferno. O primeiro estava tão cheio que não
consegui entrar, então tive que esperar pelo próximo trem.”
“Tudo bem.”
As bochechas pálidas de Justin estão rosadas devido ao
frio e as pontas de seus cabelos loiros espreitam para fora do
gorro cinza escuro que ele puxou para baixo sobre suas
orelhas. Ele parece adorável. “Sente-se. Vou pegar seu café.”
Sean volta alguns minutos depois, ainda de mãos
vazias. “Eu pedi, mas você precisa ouvir com atenção o seu
nome do dia.”
Justin olha para ele com desconfiança. “Oh Deus. Do que
você me chamou dessa vez?”
Sean sorri. “Você saberá quando ouvir.”
Esta é uma piada antiga. Justin começou anos atrás,
pedindo suas bebidas com o nome de “Dick” e quase morrendo
de rir quando o barista gritou através da cafeteria
lotada. Depois disso, eles passaram por todos os outros
possíveis nomes grosseiros, antes de diversificarem para
nomes de personagens de programas de TV, livros e filmes
favoritos.
“Bem, seja o que for, espero que eles se apressem. Estou
desesperado por esse café.”
Sean desliza seu copo meio vazio sobre a mesa. “Não é
especiarias de abóbora... é mocha, mas podemos compartilhar
enquanto espera.”
“Obrigado.” Justin pega o copo de papel e o embala quase
reverentemente em seus dedos delgados quando toma um gole.
Apenas naquele momento, um dos garçons grita
completamente inexpressivo, “Latte de abóbora
para Draco!”
Justin prontamente engasga com a boca
cheia. Com o rosto rosado, ele balbucia e pega
um guardanapo de papel que está na mesa.
Sean ri. “Eu te disse que você
saberia. Vá e pegue, então.”
Ele ainda está rindo quando Justin senta de volta na
cadeira com o café.
“Uma das mulheres que esperava por sua bebida me
disse que eu pareço com ele”, ele diz.
“Claro que parece. É por isso que é engraçado.”
“Punheteiro.”
“Vamos, Draco é gostoso.”
Justin bufa. Mas ele está muito ocupado pegando
chantilly em sua boca com a vareta para reclamar mais. Sean
observa, distraído pelos lábios de Justin e pela ponta da língua
enquanto ele lambe o creme do canto da boca.
“O quê?” Justin para e olha para Sean,
interrogativamente.
“Nada.” As bochechas de Sean aquecem quando desvia o
olhar, concentrando-se na criança e seu pai, que estão se
preparando para sair. O pai está ajudando o garotinho com
luvas e um chapéu, pronto para sair para o frio da noite de
inverno.
“O que você vai fazer no Natal deste ano?” Sean pergunta
a Justin.
“Bem… eu deveria passar com Andy. Mas isso
obviamente está descartado agora.” Uma sombra de dor cruza
suas feições, e Sean queria não ter feito essa pergunta. “Então
agora vou viajar para ver meus pais”, continua. “Estarei de
folga entre o Natal e o Ano Novo, depois vou para a Escócia por
alguns dias. Mamãe me visitou desde que se mudaram, e ainda
não consegui ir até lá.”
Os pais de Justin se mudaram recentemente para as
Highlands escocesas. Eles se aposentaram, compraram um
lugar lá e montaram uma B & B.
“Legal.” Sean tenta não soar melancólico. Ele
sempre invejou Justin e sua família. Dois pais
amorosos, que o aceitaram como ele era. Ele
não consegue imaginar como isso seria.
“Deve ser.” Justin sorri. “Suzie vai estar
lá também, e não a vejo desde o verão.” Suzie
é a irmã mais velha de Justin.
“Onde ela está morando agora?”
“Perto de Manchester.” Justin toma um gole do café que
finalmente desenterrou debaixo de seu monte de creme. “E
quanto a você? Tem planos?”
Sean dá de ombros. Evitando cuidadosamente o olhar de
Justin, ele mantém a voz leve. “Não tenho certeza. Acho que
vou ver meu pai.” Ele não usa a palavra “casa”. Não se sentia
em casa há muito tempo, nem mesmo enquanto ainda morava
lá.
“Sim?” O tom simpático de Justin diz que ele sabe
exatamente como Sean se sente a respeito disso.
Sean não quer ter essa conversa. Ele pega a xícara e
esvazia o que resta nela. “Vamos lá, beba. Temos que fazer
compras.”

As lojas estão caóticas. Sean fica perto de Justin, que


passa à frente dele como um homem em uma missão.
“Vamos comprar suas roupas de entrevista primeiro”,
Justin informa.
Ele tira as roupas das prateleiras, e Sean obedientemente
oferece seus braços para carregar as coisas que ele
escolhe. Sem se incomodar em dar nenhuma sugestão. A
experiência lhe ensinou que é melhor ficar quieto e deixar
Justin seguir em frente.
Quando Sean está sobrecarregado com vários ternos,
gravatas e camisas, Justin aponta a cabeça para os
vestiários. “Vamos vesti-lo.”
Um assistente de loja bonitinho, com cabelo
preto tingido, confere quantas roupas têm e dá
a Justin uma placa. “Há um cubículo livre no
outro extremo. Você vai junto?” Ele olha os
dois, demorando um pouco demais para um
garoto hétero.
“Sim. Não se pode confiar nele em suas próprias decisões
de moda”, Justin diz.
“Meu namorado é do mesmo jeito”, o assistente de loja diz
com um sorriso.
“Não somos—” Sean começa, mas Justin o interrompe
suavemente.
“Que bom então que eles nos têm, não é?” Justin sorri
para o cara e dá um tapinha no traseiro de Sean, fazendo-o
pular. “Vamos, querido.”
“Que diabos foi isso?” Sean pergunta quando Justin abre
a cortina atrás deles.
“Estamos treinando para amanhã à noite. Você vai ser
meu namorado, lembra? Achei que seria bom entrar cedo no
personagem.”
Isso parece perigoso. Sean se pergunta o que Justin tem
em mente.
Justin levanta a pilha de roupas dos braços de Sean e
começa a pendurá-las nos ganchos da parede. “Agora tire.”
Sean despe-se obedientemente. Não há espaço suficiente
para dois homens no minúsculo cubículo, e quando se inclina
para tirar a calça jeans, seu traseiro bate contra
Justin. “Desculpe”, murmura.
Endireita-se, mamilos endurecendo no ar frio. Justin
passa o olhar por Sean, avaliando. Sean se vê tensionando o
abdômen — o que é ridículo; seu estômago é bem plano na
maior parte do tempo.
“Tente estes primeiro.” Justin estende uma calça cinza
escuro e uma camisa lilás-acinzentada.
Sean não está convencido pela camisa, mas o que ele
sabe? Ele veste.
“E coloque essa gravata também.” A gravata
é prateada e um tom ligeiramente diferente de
roxo em um padrão de diamante.
Finalmente, Justin ajuda Sean no paletó.
Sean olha para o reflexo dele. Ele parece
muito bem. Justin fica atrás dele. Levanta o
paletó para examinar o corte da calça sobre a bunda.
“É o tamanho certo para você.” Justin passa a mão sobre
a curva de uma das nádegas de Sean que reprime um som de
surpresa. Seu pau formiga com interesse, e ele esconde
rápido. “A camisa e a gravata parecem boas também.”
“Então, mantenho?” Sean pergunta.
“Vá devagar”, Justin diz. “Não podemos tomar decisões
precipitadas até que você tenha experimentado mais
combinações. Mantenha esta calça, mas tente algumas das
outras camisas primeiro.”
Sean fica aliviado por ter que manter a calça por um
tempo. Ele tem certeza de que está ostentando uma
semiereção apenas por aquele toque da mão de Justin em sua
bunda. Esse passeio de compras claramente será um exercício
de autocontrole.
No momento em que é instruído a mudar sua roupa
inferior, Sean conseguiu se acalmar o suficiente para não se
envergonhar. Assim que experimenta todas as combinações
possíveis de camisas, ternos e gravatas, ele está excitado,
incomodado e perdendo a vontade de viver, o que é um eficiente
mata tesão.
Depois de tudo isso, Justin acaba decidindo pelo primeiro
terno, mas com uma camisa azul ao invés de uma camisa roxa,
embora ele tenha feito Sean experimentar cada uma delas três
vezes antes de tomar a decisão final. Sean cerra os dentes e
tenta não reclamar. Sabe que deve ser grato pela ajuda,
mas sério? Quão importante é conseguir exatamente a cor
certa de camisa para seu tom de pele? Isso realmente lhe dará
uma vantagem em uma entrevista?
Ele é grato, porém, que Justin o trouxe para algum
lugar relativamente barato. Seu orçamento é
mínimo, mas o traje todo não o deixou muito
mal. Ele ainda tem dinheiro para gastar em
roupas de festa, e esperançosamente o
suficiente para algumas coisas casuais
também.
Sean perde a conta de mais quantas lojas visitam, mas
parece que foram à loja de roupas de todos os homens na
Kensington High Street quando Justin finalmente encontra
uma combinação que o deixa feliz para a festa.
Ele veste Sean em uma calça cinza justa que compraram
em outra loja, e o faz experimentar algumas camisas diferentes
com ela. O ar condicionado está alto nesses vestiários e,
enquanto Sean se sente grato por não estar quente e suado,
estremece quando o ar gelado toca sua pele.
“Essa é um pouco fina.” Justin roça o mamilo rígido de
Sean com a ponta do dedo através da camisa, fazendo-o
tropeçar para trás. “A menos que estejamos indo para o visual
sacanagem, e não estamos.”
“Oi. Apalpador.”
Justin sorri. “É melhor se acostumar com isso antes de
amanhã. Andy sabe que gosto de expor afeição, então estará
esperando que fiquemos um pouco pegajosos.”
O pensamento de ter permissão para tocar Justin como
um namorado envia uma emoção através de Sean. Ele se
pergunta o que isso envolverá. Mãos dadas? Alguns toques
casuais? O que quer que seja, não será suficiente.
Ele tira a camisa ofensiva. “Qual é a próxima?”
Justin entrega-lhe uma vermelha escura. Tem um ligeiro
brilho, apenas perceptível quando capta a luz, e bolinhas sutis
que fazem parte da trama e não de uma cor diferente.
“É um pouco brilhante, não é?”
“É Natal. E você pode se safar com cores assim
com seu cabelo escuro, especialmente com esse
bronzeado. Ficará bem em você.”
Sean encara seu reflexo pelo que parece
a milionésima vez naquela noite. Cabelos
escuros precisando de um corte, olhos
escuros, barba por fazer no queixo. Ele parece um
pirata. “Gosto desta.”
Ele pega o olhar de Justin no espelho, onde ele está atrás
de Sean. Justin desliza as mãos sobre seus ombros de Sean, o
calor delas aquece sua pele mesmo através do tecido. Ele
franze a testa pensativamente e espera pelo veredicto.
“Sim. Temos uma vencedora.”
Sean dá um soco mental no ar. Agora tudo o que precisa
é de uma calça jeans decente e algumas camisetas de mangas
compridas.
O destino final é na loja Gap, onde de alguma forma
Justin induz Sean a experimentar alguns jeans muito
apertados, embora não há como Sean comprá-los.
“Odeio jeans skinny”, resmunga enquanto força seus pés
através das pernas estúpidas e apertadas e se contorce
nelas. “Elas ficam bem em você, mas me sinto ridículo nelas. E
são muito apertadas, e parece estranho.”
“Mas fazem sua bunda parecer realmente boa.”
Sean pode ver o olhar de Justin fixo na bunda em
questão. Então as mãos de Justin estão sobre ele novamente,
apenas um aperto rápido em sua bunda como um comprador
de supermercado testando frutas maduras. O exame casual de
Justin faz Sean se sentir bem por toda parte.
Justin olha por cima do ombro de Sean para olhá-lo no
espelho e levanta um pouco a frente da camiseta. “Seu pau
também parece bom nela.”
A onda de calor que inunda Sean se concentra em sua
virilha. E, definitivamente, não há espaço suficiente para seu
pau fazer isso. Ok, talvez haja, mas não sem ser
embaraçosamente óbvio. Ele puxa a camiseta para baixo
para esconder a protuberância em rápida
expansão na frente da calça jeans que não deixa
absolutamente nada para a imaginação.
“Não me importo”, Sean diz. “Vou pegar a
calça reta como sempre uso. Essa me faz
parecer como se estivesse em uma boy band.”
“Ok.” Justin suspira, encarando o traseiro de Sean
novamente, e sério, ele precisa parar. Ele ainda não deveria
estar sofrendo por Andy? “Tire-a, então. E se a calça reta se
encaixar, podemos buscar comida e depois ir para casa.”
“Boa ideia. Estou faminto.”
Sean vira as costas para Justin para que possa esconder
a barraca em sua boxer enquanto tira a calça pela enésima vez
naquela noite. Mas o estúpido jeans skinny fica preso em seus
pés, e quando está tentando chutá-lo, perde o equilíbrio e
tropeça em Justin, que agarra seus quadris de uma forma que
não ajuda em nada a situação de pau duro.
“Uau! Cuidado.”
“Meus pés estão presos. É por isso que o jeans skinny é
uma invenção estúpida.” Sean senta-se no pequeno banco ao
lado do cubículo e curva-se, tentando esconder o colo
enquanto começa a trabalhar no jeans preso em suas meias
grossas. O jeans virou do avesso na saída e agora está fazendo
uma ótima imitação de uma camisa de força para as pernas.
“Deixe-me ajudar.” Justin fica de joelhos. Levanta os pés
de Sean um de cada vez e tira o jeans. “Honestamente. Acho
que você deveria ter idade suficiente para se despir agora.”
Embora esteja ajudando com o jeans, toda essa situação
é exatamente o oposto de ajuda para a outra situação difícil de
Sean. Certamente, o constrangimento de ter o rosto de seu
melhor amigo a poucos centímetros de sua ereção intensa
deveria ter matado sua excitação, mas parece apenas subir
mais alto em alguma estranha espiral embaraçosa e tesão
vergonhoso. A qualquer momento, Justin notará. Como não
notaria?
Justin tira o jeans ofensivo, sua atenção felizmente
focada na tarefa em mãos. Quando termina,
recosta-se nos calcanhares e passa o olhar pelas
pernas de Sean — e depois fica preso na virilha
de Sean. Seus olhos se arregalam, e Sean vê
um rubor rosa percorrer as bochechas de
Justin enquanto seus lábios se suavizam em
um O de surpresa.
Justin parece demorar uma eternidade para levar seu
olhar do seu pênis para o rosto, e seus olhos cinza estão mais
escuros do que o normal quando finalmente encontram os de
Sean. Mas talvez seja devido à luz aqui. Este cubículo está
mais escuro do que outros que estiveram nesta noite.
“Desculpe”, Sean murmura. “Não é nada pessoal. Mas
você continua me apalpando... e está confundindo meu pau.”
“Você é tão fácil.” A voz de Justin está provocando, mas
ele soa um pouco rouco, e quando engole, o clique de sua
garganta é audível no espaço apertado.
O momento paira entre eles, cheio de
tensão. Possibilidades espreitam nas bordas da consciência de
Sean, sussurrando “e se”. Seria tão fácil começar algo com
Justin entre seus joelhos, tocar sua bochecha, inclinar-se e
beijá-lo, reconhecer que sua excitação é específica para Justin
e não apenas sobre o toque aleatório.
Mas Justin se move antes que Sean tenha tempo de agir
em qualquer um desses impulsos. Ele se levanta rapidamente,
as mãos agarrando as coxas de Sean por um breve momento
enquanto as usa como apoio.
“Vamos lá, pervertido. Estou faminto. Vamos terminar
aqui e depois ir para algum lugar para comprar comida.”

O que acabou de acontecer?


A cabeça de Justin fica confusa enquanto espera do lado
de fora enquanto Sean está pagando. Ele se
desculpou, alegando que precisava de uma
pausa da multidão, mas realmente precisava
de uma folga de Sean e da estranha tensão
sexual entre eles. Ele não acha que imaginou
isso. Há alguma maneira de Sean estar
interessado nele assim? Ele nunca mostrou
nenhum sinal disso em todos os anos em que são amigos. No
entanto, ele manteve sua sexualidade escondida por tanto
tempo, quem sabe que outros segredos pode esconder?
Se Sean gostasse de Justin, certamente ele teria dito
alguma coisa ou feito um movimento já que se assumiu? Mas
quando Justin pensa sobre isso, percebe que quase sempre
estava em um relacionamento com outra pessoa. Esta é a
primeira vez que ele está completamente solteiro desde que
Sean saiu, exceto antes de começar a sair com Andy, e ele só
esteve solteiro por algumas semanas depois...
Não.
Justin balança a cabeça para clarear seus pensamentos
e parar sua imaginação estúpida de levantar voo. Não há como
Sean sentir o mesmo. Uma ereção embaraçosa dificilmente é
uma declaração de amor. Sean provavelmente não faz sexo há
algum tempo, e Justin foi muito apalpador, ele não podia
evitar. Não significou nada.
“Oi.”
Perdido em seus pensamentos, Justin não nota Sean sair
da loja. Carregado com sacolas de compras, ele sorri, mas há
incerteza lá e ainda parece envergonhado.
“Ei. O que você quer fazer para o jantar? Podemos
cozinhar em casa, mas já é bem tarde. Você prefere comer
fora?”
Um pequeno vinco aparece entre as sobrancelhas de Sean
enquanto considera. Em seguida diz: “Estou farto da
multidão. Que tal pegarmos algo da M & S e aquecê-lo em sua
casa?”
“Sim. Parece bom.”
O constrangimento entre eles diminui enquanto
vagam pelos corredores, debatendo que comida
levar. Justin quer chinês, mas Sean diz que não
consegue enfrentar outro macarrão por pelo
menos um mês. Então acabam pegando pizzas
em vez disso, com pão de alho porque Justin
diz que Sean precisa se alimentar, e salada
porque Justin é — de acordo com Sean — uma aberração por
saúde.
“O molho de tomate na pizza não conta como um dos seus
cinco por dia”, Justin insiste.
“Bem, deveria, e tem cogumelos também.”
“Tem cerca de um cogumelo em toda a maldita pizza. Isso
também não conta.”
Sean revira os olhos. “Ok, ok. Pegue a salada. Mas odeio
comer salada no inverno. Está frio demais.”
Justin ri. “Parecemos como um casal de velhos. Acho que
estamos levando essa coisa de relacionamento fingido um
pouco longe, brigando por nossas compras de supermercado.”
Sean sorri, e o calor do seu sorriso faz o estômago de
Justin saltar. “Mais prática para amanhã?”
“Sim. Nada como uma boa comida doméstica para nos
fazer parecer autênticos.” Justin pega o pacote de salada e
coloca na cesta que segura sobre um braço. Sentindo-se
ousado, pega a mão de Sean e entrelaça os dedos. “Está tudo
bem?”
Sean lambe os lábios e depois assente com um breve
movimento de cabeça. “Certo. Preciso me acostumar a tocar
em você antes de amanhã, senão vou esquecer que estou
autorizado.” Sua palma está quente e seus dedos fortes quando
aperta os de Justin.
A coisa mais estranha é como não parece estranho.
Sean mantém a mão de Justin por todo o caminho até o
caixa, apenas soltando quando precisam carregar suas
compras na esteira.
Eles não estão de mãos dadas na rua, mas se aproximam,
os cotovelos batendo. Então, no metrô, sentam-se com as
coxas pressionadas. Normalmente, Justin
tentaria colocar um pouco de espaço entre eles,
mas hoje não se incomoda. Ele deixa-se
apreciar a sensação da perna de Sean ao lado
da sua e permite que sua imaginação corra
solta com um pouco de fantasia sobre
realmente serem um casal. Eles estão indo
para casa, para o apartamento que dividem, prontos para
jantar e depois para o sofá...
“Não é a sua parada?” Sean cutuca Justin e o arranca
abruptamente dos pensamentos de estar de joelhos na frente
de Sean novamente, como antes, mas com menos roupas e
mais boquetes.
“Oh merda, sim.”
Eles descem do trem bem na hora.
CAPÍTULO 5

“Depressa!” Justin bate na porta do banheiro. Eles estão


se preparando para sair para a festa e Sean está lá há muito
tempo. “Que porra você está fazendo aí? Oh meu Deus. Aposto
que está se masturbando no chuveiro. Se usar toda a água
quente, eu vou te matar.”
Ele anda ao redor de seu quarto enquanto espera Sean
sair para que possa ter sua vez no banheiro. Ele já separou
sua roupa. Não há mais nada que possa fazer até tomar banho
e lavar o cabelo, e está nervoso demais para se sentar e
relaxar. O pensamento de ver Andy com seu companheiro o
está deixando nauseado. Mesmo que não queira Andy de volta,
ele não está ansioso para ficar cara-a-cara com seu
substituto. O que esse sujeito tem que Justin não tem, além
de ser novidade? Talvez isso seja tudo o que é. Mas no fundo,
não pode deixar de sentir que ele fez algo errado. Talvez não
seja bom o suficiente na cama, ou atraente o suficiente, ou
interessante o suficiente. Ele suspira e vai bater na porta
novamente.
“Vamos lá, Sean.” Pelo menos a água parou.
A porta se abre e Sean fica ali com uma toalha em volta
da cintura, o cabelo escuro pingando nos ombros. “Ainda
preciso escovar os dentes, mas você pode entrar no chuveiro
se quiser.”
Justin passa por ele. “Eu quero. Precisamos
sair em quarenta minutos, e levo séculos para
arrumar meu cabelo.”
Ele tira a roupa, grato que o ar no
banheiro já está quente e úmido. Sean está na
pia de costas para Justin, e o espelho está
muito embaçado para que possa ver um
reflexo. Justin fica feliz — ele sempre se sentiu magro e pálido
ao lado de Sean, e com o seu bronzeado atual, o contraste é
ainda pior do que o habitual. Ele entra na banheira e puxa a
cortina do chuveiro em torno dele antes de ligar a água.
Ele ouve Sean dizer alguma coisa, mas suas palavras são
perdidas contra o som do chuveiro.
“Hein?” Justin enfia a cabeça através da cortina, para ser
confrontado com a bunda nua de Sean. Ele está usando a
toalha para secar o cabelo e se inclina para frente enquanto
faz isso. “Uau. Bela Vista.”
Justin está brincando, mas é verdade. Esse ângulo não
deixa muito para a imaginação. A abertura de Sean, coberta de
pelos escuros e macios, indo até o períneo, e Justin vislumbra
suas bolas entre as pernas antes que ele se levante tão rápido
que quase bate a cabeça na pia.
“Desculpe.” Quando se vira, Sean enrola a toalha na
cintura novamente, mas não antes de Justin conseguir dar
uma olhada em seu pênis. Macio, mas grosso e muito tentador.
“Tudo bem. Eu já vi isso antes nos vestiários da escola.”
Embora naquela época, Justin tenha tentado realmente não
olhar caso alguém notasse. Agora, é capaz de apreciar
completamente. Seu pênis lateja enquanto engrossa e sobe,
cutucando a cortina do chuveiro. Ele recua um pouco para que
Sean não possa ver. “O que você disse afinal? Eu não ouvi.”
“Estava perguntando se devo fazer a barba?” Sean passa
a mão sobre a barba por fazer.
Está grande o suficiente para ser quase uma barba agora,
grossa e escura e sexy como o inferno.
“Não, deixe. Andy não consegue ficar com a barba cheia,
apesar de ter mais de trinta anos, e ele está realmente
preocupado com isso. Isso só fará você mais
invejável.”
“OK. Posso aparar um pouco, no
entanto. Você tem alguma espuma de
barbear? Estou sem.”
“No armário sobre a pia.”
“Obrigado.”
Justin se esconde atrás da cortina. E se ensaboa,
desejando que seu pênis se acalme, mas então é hora de se
lavar lá embaixo, e isso não ajuda em nada. Ele não resiste a
se apertar, porque é tão bom, e saber que Sean está do outro
lado da fina cortina de plástico o faz se sentir mais
sujo. Aparentemente, ele está quase em exibicionismo, porque
seu pênis fica mais duro em sua mão e cede à tentação de
acariciar a sério por um momento.
Ele segura um gemido no aperto perfeito e liso. Se ele
realmente se permitir, isso não demorará muito. Sean não
ouvirá sobre o barulho do chuveiro. Talvez ele possa...
“Posso pegar emprestada alguma pinça? Preciso separar
esta monocelha que tenho aqui.”
A voz de Sean está perto. Porra , ele pode estar bem do
lado de fora da cortina. Justin afasta a mão do seu pau como
se o tivesse queimado, sentindo-se um pervertido.
“Hum... acho que sim.” Sua voz sai embaraçosamente
alta e tensa.
“Você acha? Útil, Justin.”
“Quero dizer sim. Elas também estão no
armário. Dianteiro esquerdo.”
OK. Eu realmente não posso. Justin relutantemente solta
sua ereção para se concentrar em lavar o cabelo, mas seu
corpo não desiste da ideia, mesmo que o bom senso
desista. Quando finalmente ouve Sean gritar “Certo, eu vou
deixa-lo agora”, mal espera o som da porta do banheiro se
fechando antes de pegar seu pau na mão e se empurrar para
um clímax ridiculamente rápido, com imagens da bunda nua
de Sean presa em replay na sua cabeça.
Ele faz uma boa mudança das tristes punhetas
sobre a memória de Andy.

“Vamos pegar o metrô?” Sean pergunta.


Eles estão quase prontos. Justin está dando os toques
finais em seu cabelo. As borboletas em seu estômago estão de
volta com força total agora, sua adrenalina pós-orgasmo
acabou muito rapidamente pelo nervosismo.
“Não. Reservei um táxi para nós.” Justin pega o telefone
e verifica a hora. “Porra! Estará aqui em cinco.” Ele penteia
com os dedos seu cabelo loiro no lugar. Longo no topo, mas
curto atrás e nas laterais, a franja na lateral da testa. Seu rosto
estreito olha para ele do espelho, rígido pela tensão.
Sean dá um passo atrás dele e coloca as mãos nos seus
ombros. Um peso firme, segurando-o. “Você está ótimo.” Sua
voz é calma e reconfortante, sem nenhum traço de
provocação. “Honestamente, Justin. Você está lindo.”
“Estou?” Ele pega o olhar de Sean no espelho e lhe dá um
pequeno sorriso.
“Sim. Andy vai se perguntar por que diabos foi estúpido
o suficiente por te dispensar.”
O sorriso de Justin se alarga. “Você acha?”
“Eu sei.”
“Você parece bem também.” Justin mentalmente se
congratula novamente pela escolha da roupa. Essa calça
mostra as longas pernas de Sean e quadris estreitos
lindamente, e a camisa vermelha é uma ótima cor para ele. Ele
coordenou cuidadosamente sua própria roupa para que
parecessem bem juntos, sua calça em um tom ligeiramente
mais pálido de cinza e uma camisa roxa que combina com a
camisa vermelha escura de Sean. Nenhum deles está usando
gravata, para se encaixar no código de vestimenta casual e
elegante, e ele instrui Sean a arregaçar as mangas quando
abandonar a jaqueta. Sean tem antebraços adoráveis; faz
sentido mostrá-los. “Acho que vamos virar
algumas cabeças quando você entrar comigo.”
Uma buzina de carro soa na rua. “Isso
provavelmente é o táxi.”
“Vamos então, namorado. Mostre a Andy
o que ele está perdendo.” Sean pega a sua mão
e o coração dele acelera com o contato.
É apenas faz de conta, ele lembra a si mesmo. Mas seu
corpo não recebeu o memorando. O tremor em seu estômago é
agora por uma razão totalmente diferente.
Enquanto o táxi percorre as movimentadas ruas de
Londres, longe da área residencial onde moram e em direção
ao centro, as ruas se alargam e iluminam. O estômago de
Justin balança com o nervosismo novamente.
“Essa é uma ideia realmente estúpida?” Ele
pergunta. “Não temos que fazer isso se você não
quiser. Podemos dizer às pessoas que é um amigo, ou podemos
simplesmente sair da festa e ir ao pub, ou sair para jantar ou
algo assim.”
“Não seja estúpido.” Sean aperta a mão de Justin, que
mantém durante toda a viagem de dez minutos. “Estamos
quase lá agora, vamos seguir com o plano. O que pode dar
errado?”
Justin pode pensar em algumas coisas. Principalmente
envolvendo dança, e ereções embaraçosas, e acidentalmente
esfregando-as contra o cara que é o melhor amigo dele desde
que tinha sete anos de idade.
Ele mantém suas preocupações para si mesmo. Em vez
disso, diz: “Talvez devêssemos ter discutido limites.”
“O que você quer dizer?”
“Como… até onde estamos preparados para ir. Não quero
que as coisas fiquem estranhas.” Embora tenha uma suspeita
de que já estão em território estranho. Sean ainda está
segurando sua mão e fazendo pequenos círculos distraídos na
palma com o polegar. E está roubando sua capacidade de
pensar direito.
“Estou fingindo ser seu namorado em um lugar
público”, Sean diz. “A menos que seja uma festa
muito diferente do tipo de coisa que estou
imaginando, acho que ficaremos bem. Um
pouco de mãos dadas, toques casuais, talvez
um beijo na bochecha? Acho que podemos
lidar com isso.”
O cérebro de Justin fica preso na palavra “beijo”. Na
bochecha... Ele pode fazer isso, mas mesmo pensando nisso,
imagina mais. Ele passou a maior parte de sua adolescência
desejando beijar Sean. Imaginando como seria, como seria seu
gosto. Deus. Precisa parar de pensar assim ou ficará duro
novamente.
“Suponho que sim… mas não quero te colocar em uma
posição desconfortável. Apenas não faça nada que não queira
fazer.”
“Tudo bem. Nós temos uma palavra de segurança. Se eu
gritar “gibão”, saberá que fomos longe demais.”
Justin explode em uma risada de surpresa. “OK. Bem,
isso definitivamente nos fará perceber.”
Sean sorri, dentes brilhando no flash de um farol de carro
do lado de fora. “Acho que chegamos.”
O táxi está estacionando do lado de fora da frente do hotel
onde a festa está sendo realizada. Justin solta sua mão para
pagar o motorista. Enquanto isso, Sean sai e dá a volta para
abrir a porta de Justin.
“Obrigado.” Justin pega sua mão e sai do táxi.
Sean entrelaça os dedos e aperta. “Vamos conseguir.”
CAPÍTULO 6

Eles tinham como objetivo chegar atrasado, porque


Justin quer fazer uma entrada. Mas quando vê como está
lotado através das portas duplas que levam para a sala de
eventos, Justin queria que tivessem chegado lá um pouco mais
cedo.
Segurando a mão de Sean com tanta força que é
provavelmente doloroso, ele cola um sorriso social em seu rosto
enquanto entram na sala lotada. Seus olhos examinam as
pessoas até que pousam na pessoa que espera estar prestando
atenção.
Andy está de pé ao lado, em uma conversa séria. Sua
cabeça morena, com seu corte curto e conservador, vira-se
para o homem ao lado dele. O companheiro de Andy ri de algo
que ele disse. Justin dá-lhe uma rápida olhada. Um pouco
mais alto que Justin, com cabelos castanhos e ombros largos,
ele é bonito, Justin supõe. O ciúme que estava esperando é
mais um lampejo do que um clarão.
Como se ele pudesse sentir Justin olhando, o novo
homem de Andy olha para cima e encontra o seu olhar por um
momento. Justin levanta a cabeça e aproxima Sean do seu
lado. “Lá estão eles”, murmura, ainda tentando sorrir e parecer
relaxado. “Andy já nos notou?”
Sean passa um braço pela cintura dele. “Sim. Ele acabou
de te ver.”
Justin olha para o ex. Ele capta a surpresa
no rosto de Andy antes de seu ex disfarçar sua
expressão em indiferença. Ele dá a Justin um
breve aceno de cabeça, que ele retorna.
“Ele é tão idiota”, Justin murmura. “Não
consegue nem sorrir para o cara cuja bunda
costumava foder. Isso é apenas rude.”
Sean endurece ao lado dele e coloca uma mão
proprietária nas suas costas, levando-o para uma mesa onde
há bandejas de bebidas esperando. “Vamos. Preciso de um
pouco de álcool para isso.”
“Óculos de cerveja, hein? Encantador. Eu não sou tão
feio.”
“Não por isso. Por toda essa situação. Ser sociável com
pessoas que não conheço, dançar mais tarde… Você sabe que
não posso dançar a menos que tenha bebido.”
Sean pega duas taças de coisas efervescentes e entrega
uma a Justin. “Saúde, querido.” Seus olhos brilham quando
sorri e tilinta o copo de Justin com o seu. “É um prazer ser seu
acompanhante. Mas não sou um encontro fácil, só para você
saber.”
“Disponível para transar?” Justin brinca.
“Você vai ter que esperar e ver.”
Aquele brilho provocante nos olhos de Sean ainda está lá,
e ele não tem ideia do que está passando pela sua cabeça. Isso
tudo é apenas uma piada para ele? Justin está imaginando a
tensão sexual que parece estar pairando entre eles, ficando
mais espessa a cada segundo? Talvez seja unilateral e Sean
esteja imune.
De repente, o álcool parece uma ótima ideia. Desligar seu
cérebro por um tempo para que possa relaxar e tentar
aproveitar a festa. Então bebe o material em seu copo.
“Devagar, tigre. Não acho que seja um shot”, Sean diz.
“Tanto faz. Há muito mais de onde isso veio.” Ele dá uma
rápida olhada ao redor para verificar que ninguém está
prestando atenção e troca sorrateiramente seu copo vazio por
um cheio.
“Bem, se é assim que é...” Sean também bebe
o dele.
“Oh, olhe, lá está Jess.” Justin avista sua
amiga acenando de uma mesa. “Parece que ela
guardou alguns lugares.”
Eles vão até onde Jess está sentada com Kieran e alguns
outros funcionários mais jovens de seu departamento.
Kieran dá a Justin um sorriso brilhante, mas diminui um
pouco quando nota Sean ao lado dele.
“Oi”, Justin cumprimenta seus colegas de trabalho. “Este
é Sean. Sean esta é Jess, Kieran, Meera, James e Theresa.”
Alguns deles têm companheiros, então há mais
introduções e nomes que Justin não consegue memorizar. Eles
pegam os assentos extras que Jess guardou para eles. Ele está
feliz por ela ter mantido dois ao lado do outro. Isso tornará sua
missão muito mais fácil de realizar.
“Então”, Jess diz em voz alta. “Este é o seu novo homem
misterioso. É um prazer conhece-lo, Sean. Já ouvi muito sobre
você.”
Sean olha de soslaio para Justin. “Mesmo?”
“Não se preocupe, Ele só me disse coisas boas.” Ela sorri
para os dois do outro lado da mesa e dá uma piscadela para
Justin que ela provavelmente acha sutil. Mas depois de dois
copos de tudo o que foi fornecido gratuitamente na chegada,
realmente não é.
“Bem, isso é um alívio.” Ele coloca a mão sobre Justin
onde está na mesa.
“Sim. Nunca o vi tão animado por alguém”, Jess
continua. “É tão romântico que vocês dois foram amigos por
tanto tempo e então de repente se transformou em mais. Deve
ser incrível se apaixonar pelo seu melhor amigo.”
Ela está exagerando, mas os outros parecem estar
acreditando. As outras mulheres estão ouvindo com carinho,
os héteros parecem um pouco desconfortáveis, e o pobre
Kieran parece querer chorar. Justin sente uma pontada
de culpa, mas não está interessado, então
provavelmente é melhor que Kieran pense que
Justin está loucamente apaixonado por
Sean. Será como arrancar um Band-Aid.
“É”, Justin sorri para Sean. “Isso faz com
que todos os anos que passei sofrendo por ele
quando adolescente realmente valham a pena.”
Sean aperta os dedos na mão de Justin, e algo passa
pelos olhos dele que parecem ser reconhecimento ou
arrependimento. Mas desaparecem antes que Justin possa ter
certeza do que significa. Ele sabe?
“E você nunca soube que senti o mesmo”, Sean diz.
O coração de Justin dispara e depois recomeça no que
parece ser dobro dessa vez. Ele olha para Sean, procurando
naqueles olhos escuros por uma sugestão de provocação, um
lembrete de que ele está encenando. Mas tudo o que pode ver
é sinceridade. Sean é bom demais nisso.
“Oh meu Deus!” Jess traz uma mão para cobrir seu
coração. “Isso é tão adorável. Bem, é melhor tarde do que
nunca, suponho.”
“Absolutamente.” Justin de alguma forma consegue dizer
a palavra. “Vou brindar a isso.” Ele levanta o copo. Mais álcool
é definitivamente necessário.
Quando termina o que está em seu copo, ele se oferece
para ir ao bar. “Alguém mais quer alguma coisa?”
Alguns dos outros ainda estão tomando as coisas
efervescentes, mas Jess pede uma vodka com tônica e Kieran
pede uma cerveja.
“E o que você quer, querido?” Justin pergunta a Sean.
“Cerveja para mim também, mas vou ajudá-lo a carregá-
las.”
Ao se aproximarem do bar, eles encontram Andy e seu
parceiro saindo, carregando bebidas em suas mãos. Justin
endireita os ombros. Com Sean ao seu lado e algumas de taças
de vinho dentro dele, ele está pronto para o confronto.
Andy olha para eles, mas não faz nenhum esforço
para cumprimentá-los. Mas Justin não vai deixá-
lo passar sem comentários.
“Oi, Andy.” Justin mantém sua voz suave
e passiva-agressivamente educada. “Como
você está?”
Andy parece surpreso por ter uma
saudação tão civilizada de Justin. A última
vez que falaram foi uma troca de conversa sobre um projeto
quando a comunicação era inevitável. Além disso, Justin o
ignorou completamente desde o dia em que a merda bateu no
ventilador e disse a ele que babaca mentiroso e trapaceiro era.
“Uh, oi”, ele responde. “É bom te ver.” Ele é um péssimo
mentiroso. Seu olhar desliza para o lado para observar Sean,
que está parado ao lado de Justin como uma rocha, alto e
imponente, e reconfortante em sua solidez. “Hum... este é
Johnny.”
O cara de cabelos castanhos ao lado de Andy sorri. “Oi.”
Ele tem um rosto doce, inocente e acessível, e Justin de repente
sente pena dele em vez de ciúmes. Ele tem o que Justin pensou
que queria, mas agora percebe com clareza que teve muita
sorte em escapar.
“Oi, Johnny.” Ele se vira para Andy novamente. “Você se
lembra de Sean?” Justin pega a mão de Sean e o aproxima,
erguendo as mãos unidas para que Andy não possa perdê-
las. “Nós finalmente conseguimos resolver nossas coisas.”
As sobrancelhas de Andy se unem. “Oh?”
Sean oferece a Andy sua mão livre para apertar. Andy
pega, e do ligeiro estremecimento ele não consegue se
esconder, Justin sabe que Sean apertou com força. Ele reprime
o desejo de rir.
“Sim”, Sean corta suavemente. “Não poderíamos mais
continuar escondendo como nos sentíamos um pelo
outro. Acho que sabíamos antes de eu viajar, mas não era o
momento certo.”
“E, claro, eu estava namorando você na época, e não sou
do tipo que pula a cerca.” Justin deixa um toque de gelo
deslizar em seu tom quando as palavras “ao contrário de
algumas pessoas” não são ditas.
O pobre Johnny está franzindo a testa em
confusão enquanto tenta entender a conversa.
“Então... vocês costumavam sair
juntos?” Ele gesticula entre Andy e Justin.
“Ah, sim. Até poucas semanas atrás”,
Justin diz.
Johnny se vira para Andy. “Mas estamos nos vendo há
dois meses.” Sua voz sobe. “Você disse que éramos exclusivos!”
Justin estremece. Não tinha percebido que Andy estava
vendo Johnny há tanto tempo, ou que Johnny não sabia da
existência de Justin. Mas seu estremecimento é para Johnny,
em vez de si mesmo. Pobre cara, que jeito de merda descobrir
o cara que você está namorando é um idiota trapaceiro.
Andy olha para Justin, seu rosto ficando vermelho escuro
de constrangimento, fúria ou ambos. “Não dê ouvidos a ele,
Johnny. Ele é apenas um merdinha ciumento.”
Justin o ignora e continua como se não tivesse falado,
dirigindo-se a Johnny novamente. “Aparentemente é o que ele
diz a todos os garotos. Desculpe-me, de verdade. Presumi que
você sabia que ele estava com outra pessoa quando o
conheceu. Não queria jogar essa bomba em você agora, mas
provavelmente é melhor que saiba. Você não é o único cara
com quem ele estava brincando enquanto estava comigo
também.”
Johnny se vira para Andy. “Isso é verdade?”
“Claro que não. Ele está mentindo. Provavelmente foi ele
que me traiu.” Andy lança um olhar para
Sean. “Ouça. Podemos conversar sobre isso depois?” Ele
mantém a voz baixa, tentando neutralizar a situação. Eles já
estão atraindo a atenção de alguns convidados nas
proximidades. Justin tem a sensação de que eles estão
esperando por alguém começar a jogar bebidas. Ele acha que
agora é um bom momento para fugir, apenas no caso.
“Bem, claramente vocês dois têm muito que
conversar. Precisamos ir ao bar. Até logo.” Justin puxa a mão
de Sean para colocá-lo em movimento.
Tanto Andy quanto Johnny os ignoram,
ocupados discutindo em voz baixa com muitos
gestos de mão irados.
Justin segura sua diversão até que estão
a salvo, e então desaba contra o bar meio
rindo, meio horrorizado. “Oh meu Deus, você
viu o rosto dele? Mas o pobre Johnny. Sinto-me mal por ele.”
Sean está rindo também. “Oh sim, isso foi muito
divertido. Sei o que você quer dizer sobre Johnny, mas pelo
menos ele sabe com o que está lidando agora. Se ele tem algum
juízo, vai sair rápido.” Ele olha de volta para onde eles ainda
estão discutindo, a tempo de ver Johnny se virar com um
inconfundível “Foda-se”, e se afastar pela multidão. “Acho que
talvez ele tenha acabado de fazer.”
De volta à mesa deles, Justin enche Jess com as
fofocas. Kieran ouve com interesse, mas as outras pessoas na
mesa estão tendo sua própria conversa, não prestando atenção
ao drama.
“Bem feito pra ele”, Jess diz enfaticamente. “Talvez isso
lhe ensine uma lição.”
“Então, o que aconteceu com o outro cara — Johnny? Ele
ainda está aqui ou foi embora?” Kieran pergunta.
Justin examina o salão até que avista um homem parado
sozinho no bar, seu cabelo castanho dourado é da mesma cor,
mas ele está de costas para eles, de cabeça baixa, o telefone na
mão. “Acho que pode ser ele no bar.” O homem em questão
levanta a cabeça e vira o suficiente para que Justin possa ver
seu perfil. “Sim, é ele.”
“Ele é bonito”, Kieran diz.
“Ele é”, Sean concorda.
Justin sente uma onda de ciúmes, que o faz lembrar que
eles deveriam ser namorados — mesmo que apenas pela
noite. Talvez seja assim que os atores dedicados parecem.
“Oi.” Ele cutuca Sean com o joelho.
“Não tão bonito quanto você, obviamente.” Sean coloca a
mão na coxa de Justin e aperta, então deixa lá. Está
muito perto da virilha de Justin para ser um gesto
platônico, e Justin sente uma deliciosa
sensação de excitação com o peso quente dela.
“Ele parece um cara decente”, Justin diz
para Kieran. “E provavelmente pode precisar
de alguma companhia agora. Ele está tendo
uma noite de merda.”
Os olhos de Kieran se iluminam. “Você acha?”
“Vá em frente.”
“Ok.” Kieran se levanta, endireitando os ombros como se
estivesse indo para a batalha. “Eu vou.”
“Boa sorte”, Justin diz pra ele. Em seguida, vira para
Sean e Jess. “Eu realmente preciso ver o rosto de Andy se
Kieran conseguir pegar Johnny bem debaixo do seu nariz.”
“Andy ainda está aqui?” Jess pergunta. “Deus, depois de
uma cena como essa, eu estaria fora daqui.”
“Oh, ele é muito descarado para sair. Além disso, tem
sacos para puxar. Ele está esperando por uma promoção
depois do Natal, então não vai perder a chance de conversar
com a gerência sênior. Olhe” — Justin aponta — “lá ele está
falando com o chefe do RH agora. Que surpresa. É uma pena
que Johnny não tenha derramado uma bebida sobre ele. Isso
o teria mandado para casa.”
Sean dá um tapinha na coxa de Justin, enviando outra
onda de calor para sua virilha. “Mas se ele tivesse ido para
casa, não nos veria agarrados na pista de dança mais
tarde. Não queremos que ele perca isso. É outra chance de
esfregar isso em sua cara.”
Haveria amassos? Justin não se lembra de concordar
com isso. Não que ele se oponha, mas... O seu cérebro entra
em curto-circuito por um momento, preso entre o pensamento
de beijar Sean e a sensação da mão dele acariciando sua
coxa. Ele está feliz que a mesa está escondendo seu colo,
porque tem certeza de que tem uma protuberância perceptível
em sua calça agora.
No momento em que a comida chega, Justin se acalma o
suficiente para que possa atravessar a sala para o bufê
sem se embaraçar. Ele também está se sentindo
muito zonzo da cerveja em cima das bebidas que
teve quando chegaram. Alguma comida parece
uma boa ideia para absorver.
Eles enchem seus pratos e os levam de
volta para a mesa.
“Essas tiras de frango empanadas estão exuberantes”,
Sean diz com entusiasmo.
“Oh. Eu não peguei nada disso.”
“Aqui, pegue um dos meus.” Sean coloca um no prato de
Justin.
“Obrigado. E você deveria experimentar este quiche — é
muito bom.” Ele já está segurando, então oferece a Sean para
dar uma mordida.
“Mmmm.” Sean assente enquanto mastiga. “Sim, é bom
também.”
“Você tem migalhas no seu rosto.” Alguns pedaços de
massa se desprenderam e ficaram presas à barba por fazer de
Sean. “Não, do outro lado.” Justin estende a mão e afasta-as
cuidadosamente. O queixo de Sean é áspero contra as pontas
dos dedos e o faz imaginar como pareceria sob seus
lábios. “Pronto.”
“Obrigado.” O sorriso de Sean é suave e estranhamente
íntimo. Ele se perde por um momento, sorrindo de volta.
Jess se inclina sobre a mesa sussurrando. “Deus, vocês
dois são muito bons nisso. Se eu não soubesse, juraria que
estão completamente apaixonados. É tão doce que é quase
nauseante. Talvez devessem reconsiderar uma carreira
alternativa na atuação.”
Justin volta à realidade. “Sim, bem.” Um rubor aquece
suas bochechas. “Eu era muito bom nas produções de teatro
na escola, se me permitem dizer.”
Este é o papel mais fácil que ele já teve que atuar. Nem
sequer está se esforçando. É totalmente natural tocar Sean
assim, olhá-lo nos olhos e sorrir como se ninguém mais
estivesse observando.
Ele olha para o lado, tentando verificar a
reação de Sean ao que Jess disse, mas ele
abaixa a cabeça, concentrando-se novamente
em sua comida. Suas bochechas parecem um
pouco rosa também... talvez seja só porque
está quente aqui.
Depois que a refeição acaba, as luzes se apagam e a
música aumenta. As pessoas começam a andar para pista de
dança.
“Vamos”, Jess diz à mesa em geral. “Vamos
dançar. Preciso trabalhar todo o bolo de chocolate que
comi. Eu amo essa música, mas não vou para lá sozinha.”
Ela consegue reunir um pouco de apoio, e como alguns
dos outros se unem a ela, Sean ergue as sobrancelhas para
Justin.
“Você quer?”
Justin ergue as sobrancelhas em troca. “Tem certeza de
que já bebeu o suficiente?”
Sean zomba. “Ha-ha. Acho que vou conseguir. Está
agradável e lotado, e as luzes estão baixas.”
Eles encontram um pouco de espaço na pista e dançam
como um grupo, gradualmente se aproximando do DJ.
Justin observa Sean enquanto se move. Que é muito
melhor nisso do que achava que era. Ele tem ritmo, e quando
para de ficar preocupado e deixa a música levá-lo, parece solto
e natural quando balança ao ritmo. A música é animada e
rápida, uma mistura de faixas modernas com muita música
disco dos anos setenta. Ninguém ainda está dançando como
casal, então Justin não tem contato físico com ele, mas acha
difícil desviar o olhar. Ele continua pegando Sean observando-
o também, e sorriem um para o outro, ou riem dos movimentos
de discoteca deliberadamente extravagantes um do
outro.
Eles dançam por muito tempo, o grupo
crescendo e se encolhendo ao redor deles
enquanto as pessoas vêm e vão. Outros
colegas se juntam a eles por um tempo antes
de irem para o bar, ou para um
descanso. Justin está ficando animado. Ele ama dançar, ama
mover seu corpo e se perder no puro prazer físico da dança. É
como sexo — você tem que desligar sua cabeça e se deixar levar
pela onda de endorfinas enquanto seu corpo assume.
A música muda de repente quando as luzes diminuem
ainda mais. Deslizando em uma batida mais lenta e sensual
com graves profundos que vibram através de Justin com o
baque de seu coração. Sem pensar muito sobre o que está
fazendo, pega Sean, que se aproxima dele de bom grado. Seus
corpos encaixados como se fossem feitos para isso. Mãos
encontram cinturas e deslizam em torno dos pescoços,
puxando-se para perto até ficarem como se fossem um,
movendo-se para o ritmo sujo e sexy que segura Justin como
um punho em torno de seu pênis.
CAPÍTULO 7

Sean sente que está se afogando. Arrastado em uma


crescente onda de desejo, realidade e imaginação se fundem, e
luta para lembrar que isso não é real. Justin não é realmente
dele... mas a respiração quente dele roça o pescoço de Sean, e
ele entra ainda mais na fantasia. Justin cheira tão bem, seu
cheiro rompendo a colônia e o produto de cabelo. Quente e
delicioso, Sean não consegue o suficiente dele. Ter Justin em
seus braços é intoxicante, devastador. Tudo o que queria há
anos está finalmente ali para ser tomado.
É apenas uma mentira.
Sean se afasta, tentando encontrar ar para respirar que
não esteja cheio de Justin. Talvez então possa limpar seus
sentidos e convencer sua libido a se afastar. Mas ele enrola a
mão no cabelo da nuca de Sean e o mantém lá.
“Fique”, Justin diz no seu ouvido, fazendo-o
tremer. “Andy está nos observando.”
O lembrete de por que eles estão fazendo isso deveria ser
um balde de água fria para ele, mas a lógica e a razão foram
embora há muito tempo. Em vez disso, se vê dizendo: “Bem,
então, vamos realmente dar-lhe algo para ver.”
Ele recua o suficiente para que possa ver o rosto de Justin
conforme levanta a mão para segurar sua bochecha. Os lábios
de Justin se separam e seus olhos brilham com as luzes
piscando.
“Posso?” Sean pergunta, esperando que
Justin possa ler o significado, mesmo que não
consiga ouvir as palavras.
Ele acena em resposta, lambe os lábios,
fazendo-os brilhar, molhados e convidativos.
Então Sean o beija.
Ambos estão hesitantes no começo. Suave e quase casto,
lábios macios e bocas fechadas. Mas então esbarram nos
narizes e isso faz os dois sorrirem. Sentindo-se mais ousado,
Sean beija Justin com mais força e, quando suas línguas se
tocam, é elétrico. Os sentidos de Sean se iluminam como uma
árvore de Natal quando os enfeites se acendem e tudo fica
brilhante e belo. Seu coração palpita, batendo em seus ouvidos
e roubando sua respiração. Eles ainda estão se movendo
juntos, mas se é ao ritmo pulsante da música ou de seus
próprios corpos em resposta ao calor que cresce entre eles,
Sean não pode dizer.
Ele sabe que devem parar. Este beijo é muito sujo para
uma festa no escritório, mesmo na semiescuridão da pista de
dança, e se não se afastar logo, ele não tem certeza se será
capaz. Se queria Justin antes de beijá-lo, é uma sombra pálida
de desejo para a necessidade ardente que sente agora que tem
Justin em seus braços, boca aberta e molhada, o pau
esmagando com força contra o quadril de Sean.
Ele quebra o beijo, mas Justin persegue em sua boca, a
mão ainda no cabelo dele, puxando quase dolorosamente
enquanto tenta mantê-lo onde quer.
Sean move a boca para o seu ouvido, onde tem certeza de
que irá ouvi-lo. “Gibão”. Ele acrescenta um beijo de desculpas
na bochecha de Justin.
Justin começa a rir e solta o cabelo de Sean, deixando a
mão deslizar para o ombro enquanto recua e coloca algum
espaço entre eles. “Não posso acreditar que você acabou de
dizer isso.”
“Era isso ou arriscar gozar em minha calça nova.” Sua
excitação deve ser óbvia, então parece pouco importante
ser tímido. Justin também está duro.
Há uma explosão de calor nos olhos de
Justin, e depois uma longa pausa antes que
ele pergunte: “Você quer sair daqui?”
Isso significa o que Sean espera que
signifique? “Sim”, ele diz com um aceno de
cabeça, e o sorriso de Justin aumenta.
“Vamos, vamos para casa.” Ele pega a mão de Sean e leva-
o para fora da pista de dança.
“Veja.” Sean o cutuca, atraindo sua atenção para onde
Kieran e Johnny estão dançando, corpos próximos e mãos
vagando.
Enquanto Justin observa, eles começam a se beijar. “Ah,
isso é doce”, diz. “Estou feliz que a noite de Johnny não tenha
saído muito mal, afinal.”
“Andy não parece muito feliz com isso.”
Justin segue o olhar de Sean para Andy, que está de pé
no bar com uma bebida na mão e uma carranca no
rosto. “Bom.”
Quando pegam suas jaquetas da mesa e dão suas
desculpas, Jess dá-lhes um olhar conhecedor.
“Sean ainda está cansado da viagem”, Justin diz
suavemente. “Preciso levá-lo para a cama.”
Jess bufa. “Aposto que precisa.”
As bochechas de Sean ficam vermelhas, mas Justin
parece totalmente imperturbável. “Andy está nos observando?”
Ele pergunta a Jess, que está sentada de frente para o salão.
Ela olha rapidamente por cima do ombro dele. “Sim.”
Justin sorri. “Impressionante. Venha então, baby. Vamos
fazer a nossa saída. Coloque seu braço em volta de mim e
apalpe minha bunda ao sair.”

No táxi, eles ficam sentados juntos.


Sean quer perguntar o que eles estão fazendo, mas
está com medo de quebrar o feitiço que teceram
através de seu fingimento, que conjurou algo
real, mas muito tênue. Uma deliciosa
antecipação reúne-se em sua barriga. Ele
ainda está duro, esperando que a mente de
Justin esteja no mesmo lugar que a
dele. Então coloca a mão na coxa de Justin
novamente, sentindo o músculo tenso lá. Ele acaricia
timidamente, observando Justin por qualquer reação. Justin
lambe os lábios, mas mantém o olhar fixo na janela.
Sean desliza a mão um pouco mais alto, deliberadamente
deixando o dedo mindinho roçar a protuberância na virilha do
outro. Ele olha para Sean agora, apenas por um segundo antes
de desviar o olhar novamente. Sem dizer uma palavra, cobre a
mão de Sean com a sua.
Então sente uma pontada de decepção, esperando Justin
afastar a mão.
Em vez disso, Justin puxa-a mais alto, colocando-a bem
sobre o comprimento duro de seu pênis, onde está se
projetando para o lado, preso em suas roupas.
Ok, então estamos na mesma página, agora.
Sean olha para o taxista, verificando se não pode ver onde
está a mão dele. Felizmente esse cara não é do tipo
conversador. Não há como Sean continuar conversando
agora. Ele deixa seus dedos se moverem, explorando
cuidadosamente a forma de Justin através de sua calça. Justin
mantém-se absolutamente imóvel, os olhos ainda rastreando
as casas e carros enquanto passam pelas ruas de Londres, mas
quando Sean esfrega a cabeça de seu pau com a ponta do dedo,
Justin morde o lábio e engole, a garganta balançando na
penumbra.
Sean se mexe em seu assento. Ele ajusta-se com a mão
livre e sente a viscosidade quente de pré-sêmen em sua
cueca. Seu pau dói com a necessidade de estimulação. Ele é
estúpido com isso, e alguns golpes seriam suficientes para
fazê-lo gozar. Pensando nisso, esfrega o pau de Justin com
mais força, usando a palma da mão para tocar o máximo
que pode. Ele se pergunta se Justin pode gozar
assim, se ele quiser.
Então o táxi reduz a velocidade e estão no
apartamento de Justin. Ele afasta a mão
quando o motorista liga a luz de trás e vira
para dizer-lhes a tarifa.
Justin enfia a mão no bolso da jaqueta para pegar sua
carteira, mas Sean é mais rápido. Ele empurra quinze libras
para a mão do motorista. “Fique com o troco.” Ele já está
abrindo a porta do táxi. A necessidade de ter Justin lá dentro
e sozinho é um imperativo biológico.
“Obrigado, companheiro”, o motorista diz quando eles
saem. “Tenham uma boa noite.”
Eles entram em casa com uma pressa indecente. Sean
fica feliz porque Justin parece tão ansioso quanto ele.
Assim que a porta do apartamento se fecha atrás deles,
Justin agarra Sean e o beija novamente. Desta vez não há nada
de hesitante sobre isso. Tudo é uma urgência confusa quando
Justin o apoia contra a parede e coloca a mão abaixo do seu
cinto, que encolhe seu estômago para ajudá-lo a ter acesso e
depois geme quando as pontas dos dedos de Justin acariciam
a ponta sensível de seu pau. É uma tortura deliciosa, mas não
é suficiente.
Sean puxa o cinto, soltando-o, arrancando o botão e
abrindo o zíper, para que ele possa acariciá-lo adequadamente,
se quiser, depois começa a mexer na calça de Justin
também. Com as mãos ocupadas nas virilhas um do outro, é
um apalpar desajeitado, mas de alguma forma eles chegam
lá. Jaquetas abertas, calças em volta dos joelhos, eles
finalmente colocam as mãos no pau um do outro e acariciam
freneticamente enquanto se beijam como adolescentes.
Sean imaginou isso tantas vezes quando eram mais novos
que não pode acreditar que está finalmente acontecendo. E se
essa for a única chance que terá? Ele não quer que isso acabe
rápido demais. Tenta se afastar, desacelerar as coisas e sugerir
que se movam para outro lugar que não o corredor...
Justin geme em protesto. “Não pare. Estou
tão perto.”
O som quebrado e desesperado da voz
dele faz as bolas de Sean apertarem. “Porra,
eu também... mas, espere...”
Muito tarde.
Justin goza com um gemido, sua liberação deixando o
punho de Sean escorregadio quando sua cabeça cai no ombro
de Sean e seu corpo estremece. “Sinto muito”, ele
murmura. “Eu não consegui parar.”
Ele parece envergonhado e Sean não quer isso. “Está
tudo bem, sério... estou prestes a me juntar a você.” Justin
tinha parado sua mão quando gozou, e Sean está bem ali,
oscilando no limite. Ele empurra na mão de Justin como um
lembrete para movê-lo. “Justin, por favor. Estou desesperado
aqui.”
Justin ri. “Deixe comigo.”
Sean olha para baixo quando a mão começa a acariciá-lo
novamente. A visão dos dedos de Justin, esguios e fortes ao
redor de seu pênis, a cabeça emergindo com cada deslize de
sua mão é o suficiente. Sean goza com uma maldição baixa,
atirando entre eles e fazendo uma bagunça na camisa de
Justin.
Sean sente os lábios de Justin roçarem sua bochecha e
vira a cabeça, buscando outro beijo. Quando se separam,
ambos ainda sem fôlego, Justin olha para baixo.
“Puta merda. Olhe para nosso estado”, Justin diz.
“Essas roupas são todas laváveis na máquina, certo?”
Sean passa a mão pegajosa na camisa. “Pelo menos
conseguimos atravessar a porta da frente.”
“É um maldito milagre por si só. Estava seriamente
tentado a te chupar no táxi.” Justin sorri.
Sean sorri de volta, irremediavelmente apaixonado. No
entanto, já está se preparando para a estranheza que logo virá
invadindo esse espaço íntimo entre eles, afugentando a
possibilidade de algo mais. “Não quero que isso acabe”,
ele solta com toda honestidade. “Foi por isso que
não queria que você gozasse tão rápido. Não sei
o que estamos fazendo, nem por que, e talvez
possamos pensar nisso amanhã. Mas quero
mais disso.” Ele gesticula entre eles, o coração
batendo forte enquanto espera.
O sorriso de Justin desaparece para ser substituído pela
cautela, como se estivesse procurando por uma
pegadinha. “Estou pronto para mais”, Justin finalmente diz, e
Sean solta um suspiro de alívio. “Bem—” Justin olha para o
seu pau, que está mais mole agora. “— posso estar pronto em
pouco tempo. Se vamos ter relações sexuais bêbadas e de má
decisão, podemos fazer em grande estilo, certo? Quarto?”
Eles puxam as calças de volta para que possam caminhar
até lá sem tropeçar. Mas assim que estão no quarto, Justin
começa a tirar suas roupas. Sean observa enquanto ele se
despe, revelando sua pele pálida e corpo magro e liso. Quando
está com as meias e roupas íntimas, Justin olha para cima e
franze a testa. “Este não é um show gratuito. Tire as roupas.”
Justin está nu antes que Sean desfaça os botões da
camisa, e ele vem e afasta as suas mãos. Juntos, tiram Sean
de suas roupas entre beijos.
“Frio?” Justin pergunta, esfregando as pontas dos dedos
sobre os mamilos rígidos de Sean.
“Sim.” Sean estremece, mas não inteiramente do frio. Ele
já está ficando duro de novo. A pele de Justin é tão suave e
quente. Ele quer beijá-lo todo.
“Vá para a cama, vou ligar o aquecimento por uma
hora. Não quero ter que te chupar debaixo das cobertas, ou
vou sufocar.”
O pau de Sean levanta um pouco mais ao pensar na boca
de Justin sobre ele. Todas as suas fantasias adolescentes estão
ganhando vida ali mesmo. Ele faz uma oração silenciosa de
agradecimento pela cadeia de eventos que os levou a
isso. Mesmo que seja apenas por uma noite.
Sean fica debaixo das cobertas enquanto Justin sai
para o corredor para mexer no
termostato. Quando volta, ele se esconde
debaixo do edredom ao seu lado, com todas as
mãos e pés frios que fazem Sean se
contorcer. Sua boca está quente, entretanto, e
quando começam a se beijar, o calor aumenta
rapidamente em mais de uma maneira.
“Por que nunca fizemos isso antes?” Justin pergunta
enquanto se abaixa para beijar o pescoço de Sean, esfregando
sua bochecha contra sua barba por fazer como um gato.
“Você estava sempre com alguém depois que eu saí”, Sean
lembra. “Bem... exceto antes de você conhecer Andy. Mas
havia apenas algumas semanas entre Conrad e Andy, e eu
deveria deixar o país em breve.”
“Mas você queria?”
Sean não pode ver a expressão de Justin. A pergunta soa
casual, mas para ele é significativa. “Você é bem agradável aos
olhos. Não teria te chutado da cama se tivesse oferecido.”
“Uau. Você realmente sabe como ser encantador.” Os
dentes de Justin se fecham no pescoço de Sean um pouco mais
forte do que é divertido.
Sean grita, e Justin lambe em contrapartida, talvez como
um pedido de desculpas.
“Bem, e você?” Sean pergunta. “Estava interessado
quando éramos mais jovens?”
“Um. Claro que sim.”
“Bem, como você nunca disse ou pelo menos sugeriu?”
Justin levanta a cabeça agora. Seus cabelos louros caem
sobre a testa e seus olhos cinzentos estão quase luminosos sob
a luz fraca da lâmpada ao lado da cama. “Pensei que fosse
hétero, seu idiota. Não iria arruinar a melhor amizade que já
tive ao dar em cima de você. Claro que gostava de você. Você é
lindo, quem não gostaria? Além disso, gostava de você. Era
mais do que sexual. Eu tive uma queda ridícula por anos por
você. Mas quando saiu, eu estava com George.”
A crua honestidade de suas palavras dói, e Sean pode ver
a sombra do passado doer nos olhos de Justin. Foi tudo
há muito tempo atrás. Ele usou o tempo
passado. Será que se sentiria melhor agora ao
saber que Sean sentiu o mesmo, todo aquele
tempo, ou ataria suas memórias com ainda
mais pesar pela oportunidade perdida? Sean
não quer matar o clima do que eles têm agora
ficando profundo. Então, ao invés de todas as
coisas que pode dizer, ele se abaixa para afastar uma mecha
de cabelo do rosto de Justin, sua mão demorando-se em sua
bochecha. “Sinto muito por não ter dito que era gay mais
cedo.”
Justin dá um pequeno sorriso. “Você já pediu desculpas
por isso.”
“Nunca parece o suficiente.”
O sorriso de Justin fica sujo e um brilho de malícia
ilumina seus olhos. “Nada diz ‘sinto muito’ como um boquete
realmente incrível. Apenas uma sugestão.”
Sean os rola, o prendendo na cama e rindo. “Você é uma
vadia.”
“Sim.” Justin emaranha os dedos no cabelo de Sean e
beija-o um pouco mais. Então empurra sua cabeça para o
sul. “Agora vá até lá e me mostre como você é bom em se
desculpar.”
CAPITULO 8

A cabeça de Justin gira quando a respiração quente de


Sean faz cócegas em sua barriga, os lábios macios e a barba
áspera provocando sua pele sensível e enviando faíscas de
sensações para seu pênis.
O que ele acabou de admitir? Ele amaldiçoa o álcool que
bebeu esta noite e sua boca estúpida por fugir com ele. Por que
contou a Sean sobre sua paixão adolescente? Ele não queria
parecer carente e assustá-lo com o que está prestes a
acontecer entre eles, porque sabe que isso provavelmente será
um caso isolado. Mesmo que Sean esteja interessado em mais
de uma noite de diversão, ele não está estabelecido em
Londres. Não tem um emprego permanente — nem mesmo um
emprego sequer. Sean poderá acabar vivendo em uma cidade
diferente no próximo mês. Justin quer pegar o que pode
enquanto está disponível e não arruiná-lo tentando fazer mais
do que é.
Ele empurra a cabeça de Sean para baixo, precisando da
distração daquela boca em seu pau. Quando isso acontece,
está certo de que não haverá mais espaço em seu cérebro para
pensamentos reais. Mas Sean parece determinado a torturá-
lo, porque em vez de chupar o seu pau, ele o ignora e começa
a beijar suas coxas.
“Oh Deus, você é um merda”, Justin geme.
Sean ri, o som abafado onde seu rosto está
pressionado na pele sensível, e então volta sua
atenção para as bolas de Justin. Ele supõe que
está pelo menos um passo mais perto de onde
realmente quer a boca de Sean, então cala a
boca e deixa-o seguir em frente. Sean afasta
as coxas de Justin para o acesso, e Justin
tenta não se concentrar em como se sente exposto. É estranho
como é muito mais intimidante fazer isso com alguém que
conhece há tanto tempo. Nunca teve problemas com sexo no
passado, feliz em abrir as pernas e oferecer sua bunda para
qualquer um por quem fosse atraído. Mas é estranho ter Sean,
seu amigo mais antigo no mundo, ocupando-se entre suas
coxas, o vendo de uma forma totalmente nova.
Eles nunca falaram muito sobre sexo. Antes de Sean se
assumir, Justin nunca havia levantado o assunto por razões
óbvias, mas mesmo depois nunca discutiram suas vidas
sexuais. Justin sempre supôs que Sean não mencionou isso
por causa de sua natural discrição — ele não é exagerado como
Justin que geralmente gosta de questionar seus amigos sobre
os detalhes sórdidos de seus encontros sexuais, mas não
queria ouvir sobre Sean com outros caras, então nunca
perguntou. Ele nem sabe se Sean é ativo ou passivo, mas está
recebendo vibrações ativas agora quando Sean empurra os
seus joelhos em direção ao seu peito e sua boca se move mais
baixo em vez de mais alto.
“Está tudo bem?” Sean murmura. “Eu realmente quero te
comer.”
O pau de Justin mexe em sua apreciação e vaza pré-
sêmen em seu estômago.
“Por que isso soa um milhão de vezes mais sujo saindo de
sua boca do que em qualquer pornô que eu já vi?”
“Isso é um sim?” O olhar escuro de Sean se ergue para
encontrar seu, antes dele jogar a cabeça no travesseiro, fechar
os olhos e deixar Jesus conduzir.
“Sim, é um sim. Acho que posso aceitar um cunete como
desculpas no lugar da… ahhhh.”
A língua de Sean começa a traçar círculos
suaves, torturantes e cada vez mais
decrescentes ao redor da pele sensível da
entrada de Justin que perde a habilidade de
fazer qualquer outro som além de ruídos
desesperados e carentes. Provavelmente
deverá se sentir envergonhado sobre eles, mas está muito
excitado para se importar.
Sean é ridiculamente bom nisso. Ou isso, ou é sorte que
sua técnica se encaixe perfeitamente no que Justin
gosta. Alguns caras são agressivos demais para seu gosto. Ele
nunca foi fã de alguém tentando colocar a língua dentro
dele. Obviamente, algumas pessoas provavelmente amam isso,
mas para ele é demais. Paus ou dedos lá dentro? Sim, por
favor. Mas a sensação contorcida da ponta de uma língua
entrando no seu ânus faz os dedos dos pés enrolarem — e não
no bom sentido. O giro implacável e lento da língua de Sean é
perfeito. Ele usa apenas pressão suficiente para não fazer
cócegas, mas é leve o suficiente para enviar deliciosas
sensações de arrepios através da tríade de bunda, bolas e pau
de Justin. Eles estão ligados em um ciclo de reações de
excitação, enviando-o mais e mais alto a cada carícia.
Justin nunca gozou sem estimulação em seu pau antes,
exceto durante os sonhos molhados quando adolescente —
coincidentemente, geralmente sobre Sean — mas esta noite ele
se pergunta se será possível. Parte dele quer descobrir, deixar
Sean continuar com o que está fazendo até que ele goze
sozinho ou morra de frustração sexual, o que acontecer
primeiro. Ele pensa em se tocar, mas Sean está no comando, e
Justin gosta que ele esteja no banco do motorista. O aperto
firme das mãos de Sean em suas coxas e a maneira lenta e
medida com que pressiona todos seus botões o está
destruindo.
“Preciso gozar”, ele finalmente suspira. “Por favor, Sean.”
Sean faz uma pausa no que está fazendo para perguntar:
“O que você quer?”
“Qualquer coisa. Apenas me faça gozar.”
Sean se ajoelha entre suas pernas, seu
membro se sobressaindo duro e
vermelho. Justin quer tanto isso em sua boca
— mas depois. A necessidade esmagadora de
gozar ofusca todo o resto agora. Ele grita em
um delicioso êxtase quando Sean fecha seu
punho ao redor do seu pau em um aperto perfeito. Ele alcança
entre suas pernas com a outra mão e circula a bunda de Justin
com os dedos. Lá está tão molhado com saliva que não há
necessidade de lubrificante.
“Oh foda-se, sim. Não pare. Isso é tão bom.” Justin fica
tenso, seu orgasmo iminente deixando seus músculos tensos,
como uma mola enrolada. Ele enfia os calcanhares na cama,
arqueando, implorando com seu corpo e suas
palavras. Quando goza, desfaz-se, todo o seu corpo sacode
quando vai de encontro à mão de Sean. Os dedos de Sean
deslizam para dentro, só um pouco, e Justin aperta ao redor
deles enquanto seu pau pulsa e dispara. Não há tanto esperma
desta vez, mas seu orgasmo não é menos poderoso por
isso. Sean sai dele, fazendo-o durar até se jogar de volta na
cama, exausto, e finalmente o liberta.
Sean corre um dedo em uma mancha de sêmen na
barriga de Justin e depois se abaixa sobre ele para beijá-lo
novamente. Ele o monta com suas coxas fortes e peludas, e
Justin sente o empurrão duro de seu pênis contra o seu já
mole.
Ele coloca a mão para baixo e segura as bolas de Sean,
gentilmente encorajando-o a subir na cama. “Aqui”, diz
enquanto Sean se aproxima até que suas bolas batem no
queixo de Justin. “Deixe-me te chupar.”
“Você quer que eu coloque um preservativo?” Sean
pergunta.
“Você precisa?”
Sean balança a cabeça. “Não fiz nada sem um desde que
fui testado pela última vez.”
“Então prefiro te provar ao látex. E fiz exames depois
de Andy.”
Justin foi à clínica depois que tudo se
desfez — não que tenha deixado Andy transar
com ele sem preservativo de todo modo, ainda
bem, então o risco era baixo, mas precisava ter
certeza.
Ele guia o pau de Sean em sua boca. O sabor do sexo e
do sal inunda sua língua. Sean está vazando pré-sêmen
generosamente. É bom saber que comer Justin foi obviamente
bom para ele também. Ele tenta levar Sean profundamente,
mas o ângulo está todo errado. Ele chupa a cabeça por um
tempo, e embora Sean pareça estar gostando pelos sons que
está fazendo, Justin está ávido por mais. Com uma onda
renovada de energia, ele solta Sean e empurra seu
quadril. “Deite. Não posso fazer garganta profunda em você
assim, e quero.”
Sean se move obedientemente, deitado de costas com
uma mão atrás da cabeça e a outra na barriga. Ele parece tão
gostoso na cama de Justin. Ele para por um momento para
admirá-lo.
“O que você está esperando?” Sean pega seu pênis e
acaricia-o lentamente, puxando o prepúcio para trás a cada
golpe para revelar a cabeça brilhante e escorregadia enquanto
Justin observa.
“Apenas olhando para você. Apreciando o cenário.”
Sean sorri, e seu olhar percorre Justin, demorando-se em
seus mamilos e depois descendo para o pau macio. “Certo. Não
é muito ruim deste ângulo também.” Ele move sua mão de
volta para seu estômago, acariciando através do cabelo macio
e escuro lá, e seu pau flexiona em expectativa.
Justin se arrasta sobre ele e o beija. Ele deve a Sean
alguma provocação, então demora traçando seu caminho pelo
corpo novamente. Ele enterra o rosto no pescoço de Sean,
respirando o perfume doce e excitante de seu suor. Então se
move sobre o torso, encontrando seus mamilos nos cabelos
encaracolados do peito e os fazendo endurecerem sob sua
língua. Sean se contorce, sensível, mas se
acomoda quando Justin lambe e chupa até a
pele lisa em seus quadris. Sua barriga é plana
e o músculo está rígido e definido quando fica
tenso sob a boca de Justin.
“Deus, Justin, estou morrendo aqui”, ele
murmura em uma voz rouca.
“Ninguém nunca morreu por esperar um boquete.” Justin
pega o pau de Sean com pulso firme, levantando-o para que o
parceiro possa sentir sua respiração enquanto fala. Ele lambe
os lábios, seu olhar fixo em Sean.
“Você é mau.”
“Mas você me ama mesmo assim”, Justin diz. Os olhos de
Sean se arregalam por um momento, então Justin esclarece:
“Você me disse uma vez quando nos embebedamos com uísque
do seu pai quando tínhamos quatorze anos. Lembra? Disse
que eu era seu melhor amigo e que sempre me amaria.”
“Sim, eu me lembro.” A voz de Sean está rouca e engole
em seco. Por um momento, parece que vai dizer outra coisa,
mas nada sai. Justin olha para ele, procurando por algo em
seu rosto que possa lhe dar coragem para admitir que o ama
— não apenas como um amigo — e que ele sempre amou. Mas
as pálpebras descem sobre a expressão de Sean, e Justin corre
o risco de arruinar o clima, a menos que ele os coloque de volta
nos trilhos. Uma boca no pau de Sean deve fazer isso.
“Bem, acho que isso não vai se sugar sozinho”, diz,
abaixando a cabeça.
A risada de Sean se transforma em um suspiro quando
Justin leva-o profundamente, forçando-se para baixo até que
sua garganta dói e seus olhos lacrimejam.
“Oh Deus, Justin.” Sean coloca as mãos na cabeça dele,
seus joelhos subindo para embalar Justin enquanto ele suga
em movimentos longos e lentos.
Ele deixa o pau de Sean cutucar o fundo de sua garganta
com cada puxão de sua boca, apertando em torno dele e o
fazendo gemer antes de levantar e usar sua língua na cabeça
em cada movimento ascendente.
Não demora muito para que Sean ofegue:
“Eu vou gozar.”
Como se Justin conseguisse se
afastar. Foda-se. Ele se masturbou cem vezes
imaginando o pau de Sean em sua boca. Não
há como ir a lugar algum até ter a experiência
completa. Então emite um som incoerente de
encorajamento, preparando-se para o sal amargo do gozo de
Sean. Mesmo depois de alguns anos fazendo isso
regularmente, às vezes ainda o pega de surpresa. O sêmen
inunda sua boca, e ele engole enquanto continua chupando,
arrancando outro grito de Sean.
Quando Justin finalmente o deixa escapar de seus lábios,
as mãos de Sean ainda estão em seus cabelos, acariciando-o
quando levanta os olhos para encontra-lo. Sean sorri, o rosto
suave e franco agora. Parecendo totalmente feliz e radiante. O
coração de Justin dispara quando o calor surge nele.
“Venha aqui.” Sean guia-o com uma mão firme em sua
nuca. Ele lambe os lábios de Justin. “Você tem gosto de mim.”
Justin estremece. “Bem, sim. Provavelmente perdi um
pouco.” Ele separa os lábios e deixa Sean entrar, suas línguas
se movendo languidamente.
Eles rolam para os lados, ainda se beijando, até que
gradualmente diminuem para beijinhos e esfregar as
bochechas. É tão doce, tão perfeito, tão precisamente o que
Justin sempre desejou e nunca encontrou com nenhum dos
outros caras com quem esteve. Mas talvez seja porque nenhum
deles era Sean. Ele confia em Sean tão profundamente, com
esse tipo de conhecimento profundo de que alguém está do seu
lado, aconteça o que acontecer.
“Posso dormir aqui esta noite?” Sean pergunta,
parecendo meio adormecido já. “Estou cansado demais para
me mexer.”
“Contanto que você não ronque”, Justin responde. Ele
vira de lado, para longe de Sean, para desligar a
lâmpada. Recosta-se naquele lado, mas puxa o braço de Sean
sobre sua cintura e sorri quando ele se aconchega atrás
dele.
Enquanto a respiração de Sean diminui no
ritmo do sono, Justin sente um dedo gelado de
ansiedade batendo na janela de sua
consciência agora que o calor do momento
passou. Ele se arrependerá disso de
manhã? Sean? As coisas serão estranhas?
Justin suspira. O que quer que aconteça, esta noite será
sempre especial para ele. Tudo o que pode fazer é confiar que
a amizade deles é forte o suficiente para sobreviver a um pouco
de constrangimento.
CAPÍTULO 9

Sean é o primeiro a acordar de manhã. Por um momento


não consegue descobrir onde diabos está, e por que há um
corpo quente e nu enrolado em sua própria pele nua.
Então ele se lembra.
Porra... Justin.
Memórias da noite anterior o invadem, deixando-o tonto
com diferentes emoções. Felicidade e emoção logo são
ofuscadas pela preocupação e pelo arrependimento? Não, sem
arrependimento. Ele nunca apagaria aquela noite
maravilhosa, mas puta merda. Espera que possam voltar ao
normal depois, porque realmente não quer foder todos esses
anos de amizade por uma noite hedonista.
Ele não acha que Justin vá querer repetir, e mesmo que
queira, parece uma má ideia. Justin está sofrendo por Andy, e
isso deve estar influenciando todas as decisões que ele tomou
no momento. A culpa corre por Sean ao pensar que se
aproveitou de Justin quando estava vulnerável. Ele devia ter
colocado um fim nisso antes que ficasse fora de controle.
Seu cérebro está fora de controle, e não há como voltar a
dormir agora. Além disso, está desesperado para ir ao
banheiro. Ele rola cuidadosamente dos braços de Justin e
tenta sair da cama sem fazer com que ela balance e ranja
demais.
Justin se mexe e suspira em seu sono, virando-se e
jogando um braço pelo espaço quente onde Sean
estava deitado. Seus cílios são escuros contra
suas bochechas, e a luz do sol do inverno
filtrando através de uma abertura nas cortinas
pega seu cabelo pálido e transforma-o em
ouro. Ele parece tão pacífico e contente. O
desejo aumenta em Sean. Ele gostaria de
voltar para a cama com café e algo para comer para ambos e
acordar Justin com beijos. Mas isso é o que os namorados
fazem, e eles não são namorados. Não agora na luz fria e
invernal daquela manhã de dezembro. A festa acabou, e a
ilusão desapareceu, como o vestido de Cinderela se
transformando em trapos uma vez que a magia se
dissipou. Sean cora com o pensamento fantasioso.
Suspirando, encontra sua boxer da noite anterior e
veste. Ela está um pouco gosmenta em alguns lugares, mas ele
vai pegar alguma limpa mais tarde, quando puder tomar banho
sem acordar Justin. Ele não quer colocar suas roupas de festa
de novo, mas está congelando agora que deixou o calor
compartilhado da cama, então pega uma camiseta que está
jogada na parte de trás da cadeira de Justin e coloca. É um
pouco pequena, e o cheiro de Justin faz o seu coração apertar.
Ele se esgueira, fechando a porta suavemente atrás dele.
Na cozinha, prepara um pouco de café e senta no sofá e
se envolve em um cobertor. Liga a TV para se distrair, mas não
consegue se concentrar nela. Em vez disso, olha pela janela
para o azul vívido do céu de inverno. Agarra a caneca quente
em suas mãos e bebe o líquido escaldante enquanto espera
Justin acordar. Então poderão falar sobre o que aconteceu na
noite passada.

Justin finalmente surge uma hora depois.


“Bom dia.” Sua voz é áspera e seus olhos
geralmente brilhantes ainda estão inchados do
sono. Ele está vestido com uma camiseta e uma
calça de pijama que está tão surrada que é
óbvio que não está usando nada por baixo
dela. O olhar de Sean segura o movimento da
protuberância macia quando ele entra na
sala, e é invadido por uma memória vívida do pênis duro de
Justin em sua mão, arqueando e tenso embaixo dele, perdido
por tudo menos Sean e a maneira como era tocado.
O calor aquece Sean enquanto todo o seu corpo se
ilumina querendo mais. Ele desvia os olhos e encontra o
sorriso tímido de Justin.
“Dia.” Sean força a resposta através de uma garganta
seca.
Há uma longa pausa.
“Então...” O rosto de Justin é cauteloso. “Isso é um pouco
estranho, hein?”
“Um pouco, sim.”
Sean ficou com amigos antes, e isso não foi um
problema. Eles ficavam novamente até que um deles ficasse
entediado com isso, ou brincavam e voltavam para como as
coisas eram antes. Mas aqueles eram amigos que ele gostava
um pouco ou achava que eram atraentes. Eles não eram
amigos por quem estava perdidamente apaixonado por anos. O
coração de Sean bate contra suas costelas quando finalmente
admite para si mesmo — isso está muito além da atração
física. Ele está apaixonado por Justin, e no fundo sempre
soube disso.
“Sinto muito.” Justin senta-se ao lado de Sean no sofá,
evitando seu olhar. Ele torce as mãos e começa a estalar os
dedos em sequência, um hábito nervoso que Sean reconhece.
“O que? Por que você sente muito? Foi necessário dois de
nós.”
“Sim, mas se eu não tivesse feito você fingir ser meu
namorado...”
“Isso foi a minha ideia.”
Justin encolhe os ombros. “Acredito que
sim. Mas acho que levamos o fingimento um
pouco longe.” Ele estala outra junta e Sean
estremece.
Ele coloca o café na mesa e pega as mãos
de Justin, mantendo-as parada. Ele precisa
assegurar que estão bem. Tudo está
bem. “Não é grande coisa. Foi divertido; não aja como se fosse
um problema. Porque para mim, não é. Somos amigos. Essa é
a coisa mais importante.”
Ele não tem certeza se isso é verdade. Suspeita que as
consequências emocionais da devastação física da noite
anterior levarão muito tempo para desaparecer. Mas esse é o
problema dele, não de Justin. Ele não sabe como Sean se
sente, e vendo seu desconforto agora, Sean está feliz por não
baixar a guarda. Ele não quer complicar mais as coisas. Sua
amizade vem primeiro.
Justin finalmente se vira para encontrar o olhar de
Sean. Seus olhos cinzentos são difíceis de ler, e ainda há um
grau de preocupação entre as sobrancelhas que Sean quer
suavizar com um toque ou um beijo.
“Sim é. Não gostaria de estragar a nossa amizade por
causa de uma noite louca, mas incrível.” Ele sorri timidamente
a princípio, mas quando Sean sorri de volta, seu sorriso cresce.
Sean ri. “Foi muito legal.”
E então ambos estão rindo, a tensão se dissipando como
pássaros voando.
“Se ao menos soubéssemos quando éramos mais jovens,
no entanto. Todas aquelas festas do pijama desperdiçadas,
conversando quando poderíamos estar...” Ele não termina a
frase.
“Sim”, Sean concorda.
Se ao menos.

Justin engole a decepção que está em seu


peito como um grande peso esmagador. Ele
fica aliviado pela estranha conversa do dia
seguinte ter terminado, mas o resultado não é
o que esperava. Ele amaldiçoa a si mesmo por
ser muito covarde para ser honesto com Sean e admitir que
quer mais do que apenas uma única vez. Para Sean, pode não
ser grande coisa, mas é a porra de um grande negócio para
Justin.
Sua paixão adolescente está revelada agora, mas ele não
admite a Sean que ficou mais forte ao longo dos anos, criando
raízes e espalhando galhos em vez de desaparecer e murchar
como esperava.
Merda.
Ele olha para as mãos de Sean, ainda segurando as
dele. Os dedos fortes estão bronzeados pelo sol distante e o
pelo escuro cobre os dorsos das mãos, engrossando seus
antebraços rígidos. Justin fica sem fôlego quando é derrubado
pelo desejo — por sexo, sim, mas também por algo muito
melhor. Ele anseia que Sean o segure, mas está com muito
medo de pedir um abraço caso isso desbloqueie as emoções
que já está lutando para conter.
“Você está com fome?” Pergunta em vez disso,
relutantemente soltando as mãos de Sean.
“Faminto.” Sean acaricia sua barriga. “Também fiquei
com muita fome ontem à noite.” Justin levanta uma
sobrancelha, e Sean cora e ri. “Eu quis dizer de toda a
dança. Mas sim. Isso também.”
“Podemos ficar aqui e comer cereal e torradas, ou
podemos ir a uma cafeteria para algo mais substancial.”
Sean geme apreciativamente. “Eu mataria por algo
envolvendo bacon agora.”
“Boa ideia.” Justin só tem uma ressaca suave, mas não
há nada como uma fritura gordurosa depois de uma
noitada. “OK. Você toma primeiro banho enquanto pego
um café. Então podemos sair em busca de carne.”
Justin balança as sobrancelhas, incapaz de
resistir a ir mais longe. “Eu gosto de uma
linguiça.”
“Você é tão previsível.” Sean revira os
olhos, mas ri de qualquer maneira.
“Piadas de carne são sempre engraçadas. Sempre foi,
sempre será. Agora leve sua bunda ao chuveiro. Se você está
como eu esta manhã, provavelmente ainda está um pouco
pegajoso.” As palavras fazem suas bochechas esquentarem,
mas ele se recusa a fingir que a noite passada não
aconteceu. Pode ser apenas uma lembrança, mas Justin não
vai deixar Sean esquecer.
“Estou mais encrostado do que pegajoso.” Sean franze o
nariz.
“Agradável.” Justin se levanta. “Certo, preciso de
cafeína. Você quer outro?”
“Não, estou bem, obrigado.”
Justin não pode evitar o jeito que seu olhar desce
enquanto Sean se levanta, deixando a manta que está sobre
ele cair. Seu foco pega a protuberância na cueca boxer de
Sean, e tem que se virar rapidamente quando seu pau
engrossa em resposta.
“Tome um bom banho”, diz por cima do ombro. “Se for se
masturbar, não use toda a água quente.”
“Serei rápido”, Sean diz levemente.
Deus. O pau de Justin já está totalmente duro,
simplesmente imaginando-o. Ele sempre gostou de Sean, é
claro, mas isso era de uma maneira teórica e de baixo
nível. Nada comparado ao modo como seu corpo reage agora
que sabe o que está perdendo. Quanto mais cedo puder entrar
no chuveiro e tirar alguma tensão sexual, melhor.

Eles vão ao Unicorn Café novamente.


“Sei que é um pouco de caminhada, mas
eles fazem um ótimo café da manhã”, Justin
diz quando partem. “Muito melhor do que a
espelunca na esquina da minha rua. Além
disso, o café deles é melhor.”
“Sou eu ou está mais frio hoje?” Sean baixa o gorro sobre
as orelhas e ergue a gola do casaco.
“Sim, está congelando.” A respiração de Justin faz uma
nuvem no ar frio do inverno. “Adoro quando está assim, no
entanto. Parece inverno propriamente dito, em vez da triste
desculpa cinzenta que recebemos nesse país na maior parte do
tempo.” Ele está feliz por ter trazido luvas, e enfia as mãos bem
fundo nos bolsos também.
A cafeteria está quente, iluminada e movimentada com
outras pessoas que tiveram a mesma ideia que eles. O cheiro
de bacon e café os atinge quando se aproximam; gavinhas
quentes curvando-se na rua congelada e atraindo-os para
dentro.
“Tem alguma mesa?” Sean pergunta olhando em
volta. “Está muito frio para sentar lá fora.”
Justin examina o ambiente. “Não sei. Podemos tomar um
café e esperar no balcão. Alguém vai sair em breve.”
“Estamos quase terminando.” Uma garota negra —
provavelmente na adolescência — com um piercing no nariz e
um lindo sorriso coloca a mão no braço de Justin para chamar
sua atenção. Ela está sentada com outra garota com cabelo
loiro oxigenado cortado rente ao couro cabeludo. Justin nota
que elas estão de mãos dadas. Esta é uma das razões pelas
quais ele ama este lugar. É um espaço seguro para pessoas de
todas as idades se sentirem livres e orgulhosas. “Vocês pedem,
e nós guardamos a mesa para vocês.”
“Obrigado”, Justin diz. “Mas não se apresse. Parece que
há uma fila, de qualquer maneira.”
Eles se juntam à fila.
“Eu já sei o que quero”, Justin diz. “Café da manhã
completo para mim.”
Sean olha o cardápio escrito em uma lousa
gigante sobre o balcão. “Uau, eles têm muita
escolha. Gosto muito do burrito do café da
manhã, ou talvez da omelete... mas café
completo também é tentador. Não como um
desde que voltei para casa.”
Quando chegam à frente da fila, o rapaz que recebe os
pedidos sorri para os dois. Justin reconhece-o como Frank, o
dono. O outro cara, que Justin acha que é seu parceiro,
também está atrás do balcão, trabalhando na máquina de
café. Moreno e atarracado, ele é um pouco mais baixo que
Frank.
“Olá de novo. O que posso fazer por vocês meninos?”
Frank pergunta.
“Dois cafés da manhã completos”, Sean diz. “E café para
mim, com creme. Justin? Café ou chá?”
“Café com creme para mim também. E vou querer um
suco de laranja também. A vitamina C é boa para a ressaca,
certo?”
“É assim, não é?” Frank ri. “Sim, é o que dizem. Espero
que tenha valido a pena. Você teve uma boa noite?”
Justin sente o sorriso presunçoso do sexualmente
satisfeito rastejar através de suas
feições. “Sim. Definitivamente valeu a pena.” Ele cutuca Sean,
que olha de soslaio para ele, bochechas coradas quando sorri
de volta.
Frank observa os dois com uma expressão de
conhecimento, e Justin se pergunta o que ele está
pensando. Mas Frank não comenta. Ele se vira para o homem
na máquina de café e dá-lhe o pedaço de papel com o pedido
de bebidas. Justin nota como Frank coloca uma mão mais que
amigável no quadril do cara moreno enquanto fala com ele, e
trocam um sorriso que fala de intimidade e afeição.
“Obrigado, baby”, Frank diz, batendo na bunda do cara
moreno quando se vira para Justin e Sean. “É o turno do meu
marido no serviço de café hoje.”
Justin sente uma pontada de inveja. Ele
quer o que eles têm. Ele passou toda a sua vida
adulta até agora procurando por esse tipo de
conexão, e a única pessoa com quem ele já
encontrou é Sean, em vez de qualquer um de
seus amantes — seus outros amantes depois
da noite passada, supõe. Sean conta como um amante se só
fizeram isso uma noite?
Frank interrompe as divagações de Justin. “Dezesseis
libras e cinquenta, por favor.”
“Deixa comigo”, Justin diz quando Sean coloca a mão no
bolso para pegar sua carteira.
“Deixe-me dar-lhe a minha parte.”
“Não. É por minha conta.” Ele sabe que Sean está sem
dinheiro. “Você pode me comprar o café da manhã assim que
tiver um emprego. Leve-me para comemorar.”
“Talvez não esteja mais morando em Londres até lá.”
Justin sente aquelas palavras como um soco no
estômago. Ele acabou de ter Sean de volta em sua vida. Não
quer perdê-lo novamente tão cedo. “Bem, nesse caso você terá
que voltar e visitar.”
Ele pega o troco que Frank oferece e Sean pega o copo de
suco de laranja.
“Vamos levar seus cafés quando estiverem prontos”,
Frank diz.
“Obrigado.” Justin guarda seu troco.
As garotas de antes parecem prontas para sair. Aquela
que falou com eles mais cedo chama sua atenção e dá um
pequeno aceno.
“É toda sua”, ela diz quando chegam à mesa, de pé e
envolvendo uma echarpe colorida no pescoço.
“Obrigado.” Justin desliza para a cadeira que ela
desocupou e Sean toma o assento em frente. “Tenham um bom
dia.”
“Vocês também.”
O silêncio desce entre eles quando as garotas vão
embora. Sean toma um gole de suco de laranja
enquanto Justin observa as mãos dele
novamente. É impossível não imaginá-las em
seu corpo, agora ele conhece a sensação.
“Quando você vai viajar para o Natal?”
Sean pergunta, depois que seus cafés e pratos
de comida chegam.
“Meu voo está reservado para o dia 23.” Justin faz uma
pausa entre garfadas. “E volto no dia 27. E você, fez planos
com seu pai?”
Sean não encontra seus olhos. Olhando para o prato,
corta uma fatia de bacon enquanto responde
casualmente. “Sim. Provavelmente só vou ficar lá por um dia
ou mais, talvez fique duas noites no máximo.”
“Tem certeza de que não quer vir comigo para a
Escócia? Mamãe e papai adorariam te ver. Você pode
conversar com seu pai outra hora.”
“Não, tudo bem. Preciso acabar com isso.”
“Ok.” O desconforto torce no peito de Justin. Ele sabe que
Sean tem um relacionamento difícil com seu pai. Ele não lidou
muito bem quando Sean finalmente contou sobre sua
sexualidade, e Sean mal o viu desde então. Mas o Natal é o
momento das visitas obrigatórias e talvez possam construir
algumas pontes. Pelo menos Sean tem o lugar de Justin para
fugir se isso se tornar difícil.
CAPÍTULO 10

Sean ouve o som da chave de Justin na porta.


“Oi, querido, estou em casa”, Justin diz quando a porta
da frente se fecha. “Uau. Algo cheira bem.” Ele entra na
cozinha e sorri quando vê Sean no fogão.
“Não agoure.” Sean mexe a panela. “Sua caçarola é uma
merda e continua grudando.”
Uma mão quente pousa em sua cintura, e o queixo de
Justin cutuca seu ombro enquanto ele olha. “O que tem para
o jantar?”
“Chilli.”
A mão de Justin permanece e a pele de Sean formiga no
contato.
Durante a semana desde a festa, eles voltaram à amizade,
como se nada tivesse acontecido, pelo menos na superfície,
mas Sean não consegue parar de pensar naquela noite. Ele fica
acordado durante a noite, ardendo de desejo querendo
arrastar-se pelo apartamento até a cama de Justin e colocar
suas mãos e boca nele. Tantas vezes pensou em flertar,
insinuar, perguntar descaradamente se eles podem fazer isso
de novo, mas o medo de danificar o que eles já têm o para antes
que as palavras se formem em seus lábios.
Ocasionalmente pega Justin observando-o, e se pergunta
se está pensando o mesmo, mas Sean está com muito medo de
perguntar. Mesmo que a resposta seja sim, ele não tem certeza
se pode fazer sexo com Justin sem
compromisso. Ele quer o compromisso; precisa
dele. A única maneira que pode estar com
Justin é se ele souber que é para valer.
Depois do jantar, sentam-se no sofá juntos, assistindo a
algum filme de ficção científica no Netflix. Sean não está
realmente seguindo o enredo, preocupado com pensamentos
de Natal. Justin vai embora depois de amanhã, e ele não
perguntou se Justin se importa que ele fique aqui enquanto
está fora.
“Tudo bem se eu ficar aqui enquanto você estiver na
Escócia?”
“Claro.” O olhar de Justin ainda está na tela. “Pode ficar
tanto tempo aqui quanto precisar.”
Sean morde o lábio e depois admite: “Provavelmente vou
ficar aqui o tempo todo, na verdade — se estiver tudo bem com
você?”
“O quê?” Justin faz uma pausa no filme e se vira,
franzindo a testa. “Claro que você pode ficar aqui, mas pensei
que você tinha planos com o seu pai?”
Sean fica vermelho. “Sim. Sobre isso. Nunca cheguei a
contatá-lo. Ele acha que ainda estou no exterior. Não consigo
enfrenta-lo ainda.”
Justin coloca a mão na coxa de Sean e aperta. Sean
engole em seco contra o nó na garganta, grato pelo apoio
silencioso. Se alguém entende o quanto Sean acha difícil estar
perto de seu pai, é Justin.
A desaprovação do pai de Sean quando ele saiu do
armário afetou seu relacionamento já frágil. Sean quase
desejou nunca ter lhe contado, mas estava cansado de fazer
perguntas sobre namoradas inexistentes, de fingir que estava
praticando antes de sossegar. Quando Sean lhe contou a
verdade — que se ele se ficasse com alguém, seria com
outro homem — a reação inicial de seu pai foi de
negação e descrença, rapidamente substituída
por raiva e infelicidade quando percebeu que
Sean não ia miraculosamente ver o erro que
cometeu. Se ele chegou a um lugar de
aceitação, Sean não estava lá para
ver. Raramente entrou em contato com seu
pai enquanto esteve fora, além do e-mail ocasional para avisá-
lo que ainda estava vivo, e as respostas de seu pai foram
igualmente breves.
“Mas você não deve ficar sozinho no Natal”, Justin
diz. “Por favor, venha comigo. Meus pais te amam. Eles ficarão
emocionados.”
Sean balança a cabeça. “Não posso pagar o voo.” Justin
abre a boca, mas Sean interrompe novamente. “E nem pense
em se oferecer para pagar por mim. De qualquer forma,
provavelmente é tarde demais para reservar agora. Você sabe
como é nessa época do ano.”
“Mas você não vai ficar entediado aqui sozinho?”
Sean dá de ombros. “Você tem videogames que ainda não
joguei e há o Netflix. Acho que vou sobreviver. Além disso,
tenho muitos aplicativos de emprego para me manter
ocupado. Eu vou ficar bem.”
“Ok”, Justin diz infeliz. Ele dá um tapinha na coxa de
Sean. “Se você tem certeza.”
“Tenho certeza.”
Sean não acha que pode lidar com o Natal com Justin e
seus pais de qualquer maneira. Isso só o fará lembrar todas as
coisas que ele não tem.

No dia seguinte, Justin volta para casa tarde.


“Maldição, estou exausto. Graças a Deus estou
finalmente de férias. Mas meu voo é amanhã de
manhã, e a última coisa que sinto vontade de
fazer agora é as malas.” Ele desaba ao lado de
Sean no sofá.
“Você viu a previsão do tempo?” Sean
pergunta. “Aparentemente há neve vindo em
nossa direção, muita. Parece muito ruim.”
“Foda-se, sério?” Justin senta-se e puxa o telefone. “Não,
eu não pensei em checar. Quase nunca temos neve antes do
Natal.”
“Sim, vi no noticiário na hora do almoço. Eles estão
falando sobre atrasos nos voos — ou até cancelamentos se a
meteorologia estiver certa.”
Justin abre seus e-mails e encontra uma mensagem de
sua mãe. Ele lê a mensagem, franzindo a testa. “Eles também
têm previsão de neve lá. Mamãe calcula que podem ficar
isolados por alguns dias, se nevar. Ela diz para falar com eles
antes de entrar no avião, porque podem não ser capazes de
sair para me encontrar no aeroporto, mesmo que
eu ainda possa voar. Merda.”
“Sinto muito.” Sean sabe que Justin está ansioso para ver
seus pais. Acostumado a visitá-los com mais frequência, ele
deve estar sentindo falta do contato desde que eles se
mudaram para o norte. “Então, posso ficar preso com você no
Natal, então?” Sean brinca, tentando animá-lo.
“Parece que sim.” Justin parece se animar com
isso. “Acho que vou ver o que acontece com o tempo durante a
noite antes de tomar uma decisão final, mas acho que vou
adiar fazer as malas até amanhã de manhã. Levantarei cedo e
vejo no que dá.”
Sean não pode evitar um pouco de empolgação com a
perspectiva de Justin ficar aqui, afinal. Ele se sente um pouco
mal, esperando que a neve prometida se materialize, porque
sabe que Justin ficará desapontado por não ver sua
família. Apesar do que disse a Justin, Sean não gosta da ideia
de passar o Natal sozinho.
O universo ficou firme ao lado de Sean. Ele acorda com o
som da chaleira na cozinha e Justin andando de meias.
Quando olha para o relógio da TV, já são nove e meia. Se
Justin viajar hoje, ele deveria estar a caminho do aeroporto
agora.
Ele se senta, boceja e se estica até que suas costas
estalam. Sai do sofá-cama, arrasta um cobertor em volta dos
ombros e abre as cortinas. “Uau!”
A cidade está coberta por um espesso manto branco de
neve. Que ainda está caindo do céu cinzento em flocos suaves
que giram hipnoticamente. Parece haver pelo menos dez
centímetros, a julgar pelos pneus dos carros estacionados na
rua abaixo, e as nuvens estão pesadas com mais.
Justin sai da cozinha e se junta a Sean na
janela. “Desculpe, não sabia que estava acordado ou teria feito
café para você também. Pode compartilhar o meu, se quiser.”
Sean sorri para a caneca gigante nas mãos de
Justin. “Parece que você tem o suficiente para dois afinal.” Ele
olha de volta para os telhados brancos. Sem conseguir se
lembrar de quando viu pela última vez a neve assim na
Inglaterra. Deve ter sido vários anos e nunca antes do
Natal. “Portanto, você não vai viajar hoje, então?”
“Não.” Justin suspira. “Todos os voos estão
cancelados. Poderia esperar e talvez voar mais tarde hoje ou
amanhã. Mas minha mãe me ligou mais cedo, e aparentemente
as estradas estão terríveis por lá. Eles disseram que tentariam
chegar ao aeroporto se eu pudesse pegar um voo, mas lhes
disse para não arriscar. Vou ficar.”
“Isso é uma droga”, Sean diz.
“Encantador. Achei que você ficaria feliz com a
companhia.” Justin o cutuca.
“Você sabe o que eu quero dizer, idiota.”
Sean o cutuca de volta. “Sei que estava
ansioso para vê-los.”
“Ei, preste atenção!” Justin coloca a
caneca no peitoril da janela, onde o vapor
sobe, nublando o vidro como um hálito
quente. Ele encontra o olhar de Sean e há uma suavidade em
suas feições que faz a respiração de Sean se contrair. “Não é
tão ruim. Posso visitá-los outra hora. Estou feliz por ficar aqui
com você.”
“Eu também”, Sean diz rispidamente.
“Então.” A voz de Justin fica animada. “Precisamos de um
plano. Os armários estão vazios, e não sei o que você estava
planejando comer nos próximos dias, mas foda-se se vou
comer pizza congelada ou macarrão no jantar de Natal. Se
vamos passar o Natal aqui, faremos isso corretamente.”
“Isso vai me envolver cozinhar, certo?” Sean levanta uma
sobrancelha.
As habilidades de Justin na cozinha limitam-se a fazer
café ruim e esquentar as coisas.
“Acho que vai melhorar se você estiver no comando. Mas
sou muito bom em descascar coisas.” O sorriso de Justin é
esperançoso, e a felicidade aumenta em Sean quando começa
a pensar em como seria divertido passar o Natal com ele.
“Também precisamos de decorações.” Sean senta-se na
beira do sofá-cama e pega um bloco de papel e uma caneta da
mesa de centro.
“O que você está fazendo?”
“Fazendo uma lista.”
“Claro que você está.” Justin se move para se sentar ao
lado dele, caneca de café em suas mãos. A cama range sob o
peso extra. Ele se inclina para ver e Sean sente o cheiro do
cabelo. Ele quer virar e enterrar o nariz nele, colocar um braço
ao redor de Justin e puxá-lo para perto.
Em vez disso, começa a escrever: Peru? Ou
frango? Batata, nabo, recheio...
“Temos que ter peru, ou não vai parecer
Natal”, Justin diz.
“Peito de peru, então”, Sean sugere. “A
menos que você queira comer peru pelo
próximo mês.” Ele coloca a caneta e o bloco
para baixo e tira a caneca das mãos de Justin
para um gole.
Justin pega a lista e assume o trabalho de
escrever. “OK. O que mais precisamos?”
Quando terminam, a caneca está vazia, a lista de
compras ridiculamente longa, e Sean está mais animado com
o Natal do que esteve em anos. Talvez desde que sua mãe
morreu.
Eles decidem fazer todas as compras naquele dia. Há um
supermercado por perto, onde eles podem conseguir tudo o
que precisam.
“Que tal presentes?” Justin sugere.
Eles normalmente não trocam presentes. Por acordo
tácito ao longo dos anos, o máximo que já fizeram foi trocar
um cartão — geralmente feito à mão, com qualquer
personagem de desenho animado ou de videogame que
gostavam no momento.
Sean franze a testa, considerando. “É Natal. Precisamos
de algo para abrir, mas podemos mantê-lo barato? Não quero
que você gaste muito comigo.” No momento em que dividissem
a conta do supermercado, não sobraria muito para gastar.
“Ok, que tal um limite de dez libras?” Justin sugere, olhos
brilhantes de entusiasmo.
“Feito.”

Sean fica aliviado que as compras de supermercado não


custaram tanto quanto esperava, graças a todas as ofertas
especiais de Natal. Os enfeites foram removidos,
então eles acabam com uma porrada de
serpentinas de Natal, algumas bugigangas,
vários conjuntos de pisca-pisca e uma
pequena árvore de natal falsa para montar no
canto da sala de Justin.
Quando Sean pega sua carteira no caixa para dar Justin
sua contribuição, Justin não o deixa pagar pela metade das
decorações. “Elas são para o meu apartamento. Não seja tolo.”
“Mas elas foram ideia minha.”
“Não me importo.” Justin eleva seu queixo em teimosia,
então Sean desiste de discutir.
Ele faz um rápido cálculo mental enquanto tira algum
dinheiro de sua carteira.
“Bem, isso é para a minha metade da comida, então.”
“Está bem. Pague-me quando conseguir um emprego”,
Justin fala, parecendo duvidoso. “Não há pressa.”
“Tudo bem. Aceite.” Sean enfia as notas dobradas no
bolso da frente do jeans de Justin, e a parte de trás de seus
dedos bate contra o osso ilíaco de Justin. Seus olhares se
encontram e os olhos de Justin se arregalam, suas pupilas
escuras apesar da iluminação brilhante do
supermercado. Sean se afasta e começa a arrumar suas
compras nas sacolas.
De volta ao apartamento de Justin, desfazem as compras
e depois comem algo rápido antes de sair para comprar
presentes um para o outro à tarde.
“Vamos nos separar. Mandar mensagem um ao outro
quando terminarmos e podemos nos encontrar para tomar
café?” Justin sugere.
“OK.”
Sean vaga pelas lojas cheias, esperando a inspiração
aparecer. Ele não faz ideia, mas acha que encontrará algo que
prenda seu interesse se pesquisar. Há mil ideias de presentes
diferentes em exibição. Ele considera livros, CDs, canecas,
camisetas com slogans engraçados, mas nada o prende.
Então, passando pela seção de brinquedos
das crianças em uma loja de departamentos, ele
vê o presente perfeito — uma exibição de
brinquedos de pelúcia com todo tipo de animal
que você possa imaginar. Os que chamam a
atenção de Sean estão colocados no alto da
vitrine. Orangotangos, lêmures e vários tipos
diferentes de macacos pendem de um cipó falso em várias
posições. Sean vai direto para os que ele reconhece como
gibões. Há um preto e um dourado, então escolhe o dourado
porque o faz lembrar Justin. O preço diz 9,99 libras. É o
destino, obviamente.
“Perfeito”, murmura com um sorriso no rosto.
Paga por ele, junto com uma folha de papel de embrulho,
e certifica-se de que está bem escondido no fundo da sacola
para que Justin não seja capaz de ver o que é. Então manda
uma mensagem para que Justin saiba que terminou.
Justin responde com Ugh, ainda procurando. Muitas
coisas. Encontro você em casa mais tarde em vez disso? Todos
os cafés estarão lotados de qualquer maneira.
Claro, Sean responde. Ele já está cansado de lojas por
hoje. Desta forma, ele pode embrulhar seu presente antes de
Justin voltar.
A neve ainda está caindo enquanto volta para o
metrô. Um caminhão de remoção de neve passa rugindo,
atirando sal sobre a lama, onde a neve foi derretida pelo
tráfego. Mais neve está prevista para esta noite, e deve congelar
muito também.
Sean está feliz por não terem que ir a algum lugar por
alguns dias. Ele foi abençoado com um Natal com neve na
companhia da pessoa que mais ama no mundo. Só seria mais
perfeito se Justin o amasse de volta da mesma maneira.
Sean dá um suspiro melancólico. Talvez milagres possam
acontecer.
De volta ao apartamento, Sean embrulha seu presente
antes que Justin volte para casa e o guarda no fundo de sua
mochila, pronto para o Natal.
Justin finalmente aparece algumas horas
depois. Vai direto para o quarto antes que Sean
vislumbre as sacolas que leva e depois volta e
desaba no sofá com um suspiro.
“Droga, estou exausto.”
Sean sorri. “Muito cansado?”
“Sim. Estou morrendo de fome também.”
“Quer que eu te alimente?” Sean pergunta.
“Sim, por favor.”
Sean cozinha macarrão para o jantar. Depois de
comerem, são sugados para uma maratona de Call of Duty que
dura o resto da noite e passa a meia-noite. Quando Sean
finalmente vai para a cama, adormece quase imediatamente.
CAPÍTULO 11

Na manhã seguinte, Justin pula no sofá ao lado de


Sean. “Acorde!” Cutuca a forma adormecida de Sean.
Sean levanta a cabeça e esfrega os olhos turvos, os cachos
escuros uma bagunça e as bochechas coradas de sono. “Onde
é o fogo?” Murmura.
“Temos muito que fazer hoje”, Justin diz. “Foda-se, está
frio. Mova-se.”
Ele se move gentilmente, e Justin entra debaixo das
cobertas ao lado dele e se aconchega, agradecido pelo calor do
corpo de Sean quando coloca um braço ao redor de
Justin. Vestido apenas com boxers e uma camiseta, Justin
está congelando. O aquecimento leva certo tempo para
funcionar de manhã, quando está muito frio lá fora.
“Qual é o plano?” Sean pergunta.
“Precisamos decorar o apartamento.”
“Isso não vai demorar muito.”
“Mas primeiro quero brincar na neve. Há ainda mais hoje,
e não conseguimos nos divertir com isso ontem. Devemos ir ao
parque e fazer um boneco de neve, ou talvez um pênis de
neve. Oooh, devemos fazer totalmente isso! Poderíamos colocá-
lo no Instagram e ver se ele se torna viral.”
“Você é uma criança.” A voz de Sean é provocativa.
Justin o cutuca nas costelas, encontrando carne firme
onde a camiseta de Sean está erguida. “Ser adulto é
superestimado.”
“Merda, suas mãos estão frias.” Sean tenta
afastá-lo, mas Justin rola em cima dele e enfia
as mãos geladas sob a camiseta de Sean. Sua
pele está quente e os pelos em sua barriga
estão bem contra as palmas de Justin.
Sean luta com ele, virando Justin e prendendo os pulsos
sobre a cabeça. Seu joelho acaba entre as pernas de Justin,
sua coxa pressionando contra o pênis. Cercado pelo perfume
doce e almiscarado, com o peso do corpo de Sean prendendo-
o na cama, Justin congela. O calor da excitação combinado
com o constrangimento percorre-o quando se sente endurecer
contra o quadril de Sean.
“Hum.” Justin se contorce, sem ter certeza se está
tentando escapar ou se esfregar naquela coxa dura e
musculosa como um cachorro no cio. Talvez um pouco dos
dois.
“Oh.”
Sean olha para ele, cachos emaranhados caindo em seus
olhos, sua expressão de repente intensa quando Justin olha
de volta, incapaz de desviar o olhar, paralisado por aquele
olhar como uma borboleta em um broche.
Sean engole em seco e Justin quer lamber sua garganta,
sentir o movimento sob sua língua. Ele hesita, preso pela
incerteza. Antes que possa pensar em palavras ou ações que
possam transformar esse momento em algo mais, Sean solta
seus pulsos.
“Desculpe.” Sai de cima de Justin e deita de costas ao
lado dele.
“Ereção matinal. Acontece.” Justin aponta vagamente
para sua virilha, as bochechas ainda em chamas.
“Sim. Sim, claro.” Sean esfrega as mãos no rosto.
Justin sente o pulsar entre suas pernas, seu pau
latejando no ritmo da batida de seu coração. Ele quebra o
silêncio antes que possa ficar mais estranho. “Você quer café?”
“Por favor.”
Justin sai da cama e vai para a cozinha sem
olhar para trás. Ele precisa se controlar. Sean é
seu amigo, o amigo com quem teve uma noite
incrível, mas parece que é tudo o que vai
ser. Sean pode se mudar em breve. Mesmo
que fique em Londres, ele não deu qualquer
indicação real de que quer mais do que amizade, e não é
corajoso o suficiente para perguntar.

Chegam ao parque a algumas ruas de distância às nove


e meia da manhã, cedo o suficiente para que a neve ainda
esteja relativamente intacta. Algumas crianças estão com seus
pais, fazendo bonecos de neve e tendo guerra de bolas de neve,
mas ainda há muita neve imaculada que não está marcada por
pegadas. Ela brilha enquanto o pálido sol da manhã verte do
céu azul do inverno.
Justin anda até um canto sossegado do parque, embala
um pouco de neve em suas mãos até que esteja do tamanho de
uma bala de canhão, depois abaixa e começa a rolar.
“Boneco de neve?” Sean pergunta.
“Não. Pênis de neve, claro.”
“Sério?” Sean olha em volta. “Há crianças presentes.”
“Elas não poderão dizer o que é de longe. Não seja um
desmancha-prazeres.” A primeira bola de neve de Justin agora
está do tamanho de uma bola de basquete. “Isso serve”,
diz. “Agora só precisamos de mais algumas assim. Vamos
colocá-las juntas em uma torre, e podemos esculpir para
torná-la suave.”
“Você é uma vergonha”, Sean resmunga, mas se junta,
moldando um pouco de neve em suas luvas e, em seguida,
inclinando-se para rolá-la em uma bola maior.
Justin sorri, divertido com a relutância de
Sean. Justin sempre foi o único a levá-lo ao mau
caminho. É bom ver que algumas coisas nunca
mudam.
Depois de juntar várias bolas de neve e
alisá-las em uma coluna, elas têm algumas
diferenças artísticas. Eles discutem por um tempo se o pau de
neve deve ser diminuído ou não.
“Diminuir é mais fácil”, Sean diz. “Menos complicado e vai
parecer mais como um pau se pudermos moldar a cabeça.”
Aparentemente, a relutância de Sean sobre o Projeto
Pênis de Neve se evapora quando seus instintos criativos
surgem. Justin ri. “Isso não é América, Sean. De qualquer
forma, está claramente ereto, então o prepúcio pode ser
puxado para trás. Você começa a moldar. Eu vou a fazer as
bolas.”
Quando terminam, Justin tem que reconhecer que é bem
pornográfico em seus detalhes anatômicos. Felizmente
ninguém chega perto o suficiente para ver o que eles estão
fazendo.
“É lindo”, Sean diz, de pé atrás, com os braços cruzados
enquanto observam.
“Realmente é.” Justin pega seu telefone. Tira fotos de
todos os ângulos imagináveis. “Vou postar a melhor no
Instagram depois. Hashtag: fotodepaudeneve. Talvez vire um
trending.”
“Oh, Deus, há crianças vindo”, Sean diz,
alarmado. “Podemos sair agora, por favor? Ou isso, ou vou
colocar uma cara nela e acrescentar alguns gravetos para os
braços.”
“Não!” Justin diz em falso horror. “Você não pode estragar
tudo. É arte. Deixe para a posteridade ou até que derreta, ou
seja, pisado. Mas sim, vamos embora. Minhas luvas estão
encharcadas e meus dedos estão congelados. Acho que minhas
botas têm uma infiltração.”

Quando voltam para casa, Sean dobra a


cama para a forma de sofá enquanto Justin
liga o aquecimento e faz chocolate quente para eles. Então se
aconchegam no sofá debaixo de cobertores conforme
descongelam.
“Meus pés ainda são como blocos de gelo”, Justin
reclama. “Minha circulação está uma merda.” Ele balança os
dedos dos pés contra a coxa de Sean, que está sentado no
extremo oposto. Ele ainda mal consegue senti-los. “Preciso de
uma garrafa de água quente ou algo assim.”
“Aqui.” Sean coloca sua caneca para baixo e puxa os pés
de Justin em seu colo. Tira a meia de um pé e esfrega entre as
mãos, que estão quentes de segurar sua bebida. “Caramba,
eles estão congelando.”
Sean passa as mãos em volta do pé de Justin e segura
firme, deixando o calor penetrar na pele gelada. Em seguida,
esfrega-o novamente até que Justin sente o formigamento de
sangue voltando à superfície com a familiar sensação de ardor
associada a estar muito frio por muito tempo. Quando aquele
pé descongela, Sean troca para o outro. Mas suas mãos estão
frias do primeiro pé agora, então demora mais para o atrito de
suas mãos funcionarem. O atrito se transforma em uma
massagem. Justin recosta-se e fecha os olhos, a mente
flutuando enquanto se perde na sensação dos polegares
trabalhando no arco do pé. Ele só volta a si quando Sean dá
um tapinha na perna.
“Você está bem agora?”
“Sim, obrigado.” Justin abre os olhos, piscando para a
claridade. Boceja e se espreguiça. “Estou pronto para uma
soneca.”
“Ah não. De jeito nenhum. Não depois que me acordou às
vai-se-foder em ponto para fazer pênis de neve. Estou
bem acordado agora, então você não vai voltar
para a cama. Temos decoração para fazer,
lembra?”
“Oh, sim.” Justin anima-se com a ideia
de fazer seu apartamento parecer
festivo. “Onde estão minhas meias?”
“Aqui.” Sean joga-as em sua cabeça e Justin as pega,
rindo.
“Tão útil.”

Uma hora e meia depois, eles terminam.


Justin desliga as luzes principais, mergulhando o
apartamento em escuridão suave. Embora seja apenas a hora
do almoço, está nublado lá fora, e o céu está do tipo cinza
escuro que costuma anunciar mais neve.
“Pronto?” Sean pergunta, com o dedo parado sobre o
interruptor que acenderá as luzes de Natal — uma colocada na
árvore, outra sobre a lareira e uma terceira que enrolaram em
volta da luminária padrão no canto da sala.
“Sinto que deveríamos ter convidado uma subcelebridade
para ligá-las para nós”, Justin diz.
Sean ri. “Muitas delas em Londres. Tenho certeza de que
poderíamos ter uma para fazer uma pausa do agitado
calendário de teatro. Mas agora é tarde demais, então vai ter
que se contentar comigo. OK. Três, dois, um...” Ele acende as
luzes.
Justin dá um suspiro feliz, um sorriso se espalhando por
seu rosto. Ele sempre adorou os pisca-piscas que sua família
colocava todo Natal. De todas as decorações, elas eram as que
mais amava. Sua luz suave transforma o mundano em algo
mágico. O enfeite na árvore capta a luz, e as bolas de prata e
ouro brilham, pequenos espelhos refletindo as diferentes cores
como um arco-íris quebrado.
“É lindo.” Felicidade cresce em seu peito,
leve e borbulhante quando se adianta para
admirar a árvore.
Sean fica ao lado dele. “Sim. É mesmo.”
Em um impulso, Justin coloca um braço
em volta da cintura de Sean e dá um beijo
rápido e casto contra sua bochecha. “Estou
muito feliz por você estar aqui. Seria chato ficar preso aqui
sozinho no Natal.”
Sean coloca o braço em volta dos ombros de Justin e
aperta. “Estou feliz por estar aqui também.”
Eles olham para a árvore em silêncio por mais algum
tempo, mas então o estômago de Justin ronca e o lembra de
que já passa de uma hora da tarde. “Vamos almoçar, então
podemos relaxar. Que tal o jogo de Mario e Sonic esta tarde —
sabe, aquele das Olimpíadas com todo o esqui e snowboard.”
Eles recolhem as sacolas e caixas vazias que guardavam
as decorações.
“Esquecemo-nos de colocar essas coisas.” Sean ergue
outra caixa de pisca-pisca.
“Oh, mantive-as para colocar por cima da minha cama.”
Justin as leva. “Sempre quis algumas. Poderia deixá-las
durante todo o ano.”
Sean sorri.
“O que?” Justin exige. “Pisca-pisca são incríveis.”
“Mas por cima da sua cama? O que você é, uma menina
de treze anos?”
“Foda-se.” Justin mostra o dedo. “Estou seguro o
suficiente em minha masculinidade que posso satisfazer meu
amor por coisas bonitas. Estou triste por você ter que se provar
vivendo uma vida sem beleza.”
“Sim, certo. Tanto faz. Agora, o que tem para o almoço?”

Eles passam a tarde jogando snowboard no


Wii, e não na coisa de verdade. Quando estão
cansados de snowboard, esqui e patinação
artística, colocam algumas tortas no forno
para aquecer.
“Acho que é hora da cerveja”, Sean sugere.
“Cerveja não combina com tortas. Gosto de um pouco de
vinho tinto.”
“Oh sim. Isso soa bem.”
Justin abre uma garrafa e está servindo os dois copos
quando o timer do forno dispara. Levam tudo para a mesa de
café e mudam-se para o sofá de novo.
Justin liga a TV e descobre que Simplesmente
Amor acabou de começar.
Sean geme. “Você vai me fazer assistir isso, não é?”
“Sim.” Justin ama comédias românticas. Sempre amou,
sempre vai amar. Há algo em ver outras pessoas terem finais
felizes que lhe dá esperança. Talvez um dia finalmente
encontre um cara legal que amará mais do que Sean e que
possa curá-lo de sua paixão terminal.
Quando devoram as tortas, Justin puxa o cobertor do
encosto do sofá e espalha sobre eles, aproximando-se de Sean.
“Você está com frio de novo?” Sean levanta o braço
gentilmente, deixando Justin deslizar por baixo para se
aconchegar.
“Um pouco”, Justin mente. Ele está ótimo. Mas tem que
se arriscar para se aproximar de Sean onde quer que seja.
Eles passam o resto da noite no sofá, entregando-se a
uma maratona de filmes de Natal. Terminam a primeira
garrafa de vinho e abrem uma segunda, mas abrandam, só
chegando à metade da garrafa quando O Amor Não Tira Férias
termina.
Justin boceja, mas fica parado quando os créditos
rolam. Quente e confortável com a cabeça no colo de Sean e os
dedos dele acariciando seus cabelos, sem querer se
mexer. Ele pode ficar assim para sempre. Olha
para o rosto de Sean, a mandíbula forte coberta
de barba por fazer, o modo como seus olhos
escuros brilham nas luzes. O seu estômago faz
um pequeno e patético baque de desejo, sem
esperança, como um peixe fora d’água.
Sean olha para ele e segura seu olhar, desejando, mas
não ousando ter esperança.
Sean limpa a garganta e sua voz é suave e rouca quando
fala. “Parece que estamos fingindo ser namorados novamente.”
O coração de Justin dispara, batendo em dobro enquanto
estuda o rosto de Sean, procurando por algo, qualquer coisa
para lhe dar coragem para pedir o que ele quer. A ternura que
vê ali faz as palavras surgirem.
“Podemos tentar de novo”, consegue dizer, sua voz baixa,
estrangulada pela emoção forte demais para conter. “Gostei de
sermos namorados.”
O peito de Sean se levanta, sua respiração fica mais
rápida. “Eu também”, sussurra.
Justin está quase com medo de se mover, com medo de
ter entendido errado e quebrar o feitiço entre eles. Mas se força
a ser corajoso. Ergue a mão e toca a bochecha de Sean,
acariciando a barba no queixo dele enquanto pergunta: “Se
você fosse meu namorado. O que faria a seguir?”
Sean lambe os lábios. “Eu te beijaria.”
Justin sente que o mundo para e fica à espera. Presos no
momento, eles se encaram, totalmente imóveis. E então, de
repente, os dois se movem de uma vez, Sean abaixando a
cabeça enquanto Justin ergue-se nos cotovelos. Suas bocas se
encontram em um esmagar gracioso de lábios e estalo de
dentes, e seus narizes batem dolorosamente.
Eles se separam, ambos rindo enquanto Sean esfrega o
nariz.
Foda-se. Justin não vai deixar isso escapar. Ele se senta
no colo de Sean, montando-o e sorrindo para o rosto surpreso
de Sean. “Chama isso de beijo?”
Desta vez Justin assume o controle,
reivindicando a boca de Sean e beijando-o
profundamente. Sean ergue os braços e o
segura perto, as mãos deslizando sob a
camiseta e sobre a pele, fazendo Justin gemer
e roçar na protuberância na calça de moletom
de Sean.
Sean afasta os lábios de Justin, arranhando sua barba
grossa contra a mais suave. “Deus, Justin”, murmura
enquanto o chupa no pescoço. Ele provavelmente está
deixando uma marca, mas não consegue se importar.
“O que mais?” Justin pergunta sem fôlego.
“Hein?” Sean suga novamente, mais forte.
“O que mais você faria? Se fôssemos um casal? Oh...”
Sean coloca a mão dentro da calça de Justin e circula seu
pênis com um aperto firme, puxando e acariciando. Ele recua,
pupilas cheias de desejo, lábios molhados de seus beijos. “Eu
pediria para você me levar para a cama e me foder.” Ele
continua acariciando Justin enquanto fala.
Justin olha para ele. “Você quer que eu seja o ativo?” Seu
pênis pulsa na mão de Sean, tirando uma gota de pré-sêmen,
aparentemente a bordo com este plano. “Uau. Sempre
imaginei que você seria um ativo.”
“Não sou passivo com frequência, porque só gosto com
alguém em quem realmente confio.” Sean cora. “Mas minha
próstata é muito sensível. Então sou uma puta do caralho
quando tenho a chance.”
“Porra.” Justin estende a mão e agarra o pulso de
Sean. “Você não pode dizer coisas assim para mim enquanto
está me masturbando. Não, se quer realmente meu pau na sua
bunda.” Ele procura no rosto de Sean por um sinal de que isso
vai acontecer, que não é apenas uma conversa suja enquanto
brincam no sofá. Ele não sabe dizer. “Você quer, hum, fazer
isso?”
“Se você quiser?”
“Porra, sim.”
Sean ri do entusiasmo dele. “Você tem lubrificantes
e preservativos?”
“No quarto.” Justin sai do colo de Sean e
estende a mão para puxá-lo.
No quarto, Sean tira a cueca enquanto
Justin pega os suprimentos. Em seguida, faz
um gesto para a porta do banheiro. “Eu só vou
me limpar um pouco.”
“Precisa de ajuda?” Justin sorri.
Sean revira os olhos. “Uh. Não, não é meu fetiche. Volto
em alguns minutos.”
Justin liga a série de pisca-pisca que colocou sobre a
cabeceira da cama e desliga a lâmpada normal. Em seguida,
fica nu e desliza sob as cobertas. Seu pênis roça os lençóis
quando se deita de costas, ainda duro apesar da
interrupção. Agarra seu pau e acaricia lentamente, ouvindo o
som do chuveiro correndo. A cama aquece enquanto move a
mão sobre seu pênis, não perto de gozar, mas pronto para
voltar direto aos negócios.
Sean volta alguns minutos depois. Seu cabelo está seco,
mas tem uma toalha em volta da cintura. Justin levanta as
cobertas para ele. Quando larga a toalha, Justin deixa seu
olhar se fixar no pênis de Sean. Está flácido, mas engrossa e
levanta quando Justin olha.
“Caralho, você é lindo.” Justin se move para abrir
espaço. Passa a mão pela lateral de Sean, alcança sua bunda
e aperta. Seus dedos deslizam para a fenda úmida e Sean joga
a perna sobre o quadril de Justin, abrindo-se para ele. “Deixe-
me pegar o lubrificante.”
Ele abre Sean assim. Não é a posição mais fácil de acesso,
mas significa que pode beijá-lo enquanto faz isso, e não acha
que jamais se cansará de beijá-lo. A boca de Sean se abre para
a língua de Justin enquanto sua bunda se suaviza sob os
dedos, pequenos gemidos e suspiros necessitados escapando
quando Justin mexe seus dedos nele, esticando a borda e
deixando-o pronto.
Quando Justin sente que Sean está ficando impaciente,
tira os dedos e dá um tapinha no quadril dele. “Está
pronto? Passe um preservativo.”
Sean coloca para ele, e Justin morde o
lábio ao toque de sua mão.
“Ok, como você quer fazer isso?” Justin
pergunta.
Sean fica de bruços, chutando as
cobertas para baixo. Enfia um travesseiro sob
os quadris, abre as coxas e inclina a bunda para cima. “Desse
jeito.”
Justin move-se para se ajoelhar entre as pernas de Sean,
admirando a vista por um momento. Parece que todos os seus
Natais chegaram de uma só vez.
Sean agarra suas nádegas, mantendo-se aberto como um
presente. “Justin.” O fio de necessidade em sua voz faz as bolas
de Justin se apertarem.
“Caralho, ok.” Justin alinha-se e esfrega a ponta do seu
pau sobre a entrada de Sean. Por um momento, o corpo de
Sean resiste. “Vem cá, baby. Deixe-me entrar.” Justin empurra
um pouco mais forte, em seguida, ofega quando os músculos
relaxam e ele entra firme no calor apertado.
Sean solta um som alto e Justin congela, com medo de
que ele esteja desconfortável. Mas Sean recua, forçando Justin
a se aprofundar.
Ambos xingam.
“Sim. Deus, isso é perfeito. Faça. Foda-me.” A cabeça de
Sean está virada para um lado e Justin pode ver o rubor em
suas bochechas, sua boca aberta onde ofega as palavras
contra o lençol.
Justin apoia os braços em ambos os lados do corpo de
Sean e começa a foder duro e rápido, porque é isso que ele
parece querer.
Sean geme a cada impulso, os sons saem dele quando
Justin entra. Ele espera que o ângulo seja bom para
Sean. “Tudo bem?” Questiona.
“É ótimo pra caralho.”
Mas tudo terminará muito em breve. Sean está quente e
apertado e a visão dele aberto, implorando para Justin
fodê-lo é demais. O arrepio da liberação iminente
aumenta, se acumulando nas bolas de Justin e
sobe pela sua espinha.
“Preciso de uma pausa. Caso contrário,
vou gozar”, avisa.
“Não! Não pare.” Sean balança os
quadris a cada impulso. “Não se atreva... nem
mesmo pense em parar...” Suas palavras se arrastam em um
grito rouco de puro prazer e suas paredes pulsam em torno de
Justin quando goza, os quadris empurrando no
travesseiro. Justin pressiona profundamente e deixa Sean
aproveitar até que a tensão deixa seu corpo e relaxa.
Justin sai e depois empurra de volta, esperando poder
terminar agora, mas Sean sibila. “Sou muito sensível depois de
gozar. Você precisa ir com cuidado.”
“Tudo bem.” Justin está tão perto. Não vai demorar
muito, mas esperar não é uma opção e ele não confia em si
mesmo para não machucar Sean se continuar. Ele puxa com
cuidado e senta-se em seus calcanhares. Acaricia o
preservativo algumas vezes antes de parar para retirá-lo.
Sean olha por cima do ombro. “Precisa de alguma
ajuda? Quer minha boca?”
“Nah.” Justin começa a acariciar novamente. “Você pode
simplesmente ficar aí deitado e bonito.” Ele separa as
bochechas da bunda de Sean com a mão livre para poder ver
sua entrada, toda rosa e brilhante com lubrificante. Ele faz um
grunhido de apreciação, acariciando seu pênis mais forte, mais
rápido. “Oh porra, sim.”
Ele goza com um gemido estrangulado, quadris estalando
para frente quando fode em seu punho, pintando a bunda
linda de Sean com grossas listras brancas. Uma cai ao lado de
sua abertura, e Justin pega com o polegar, espalhando-a sobre
ela.
“Seu bastardo pervertido”, Sean diz, sorrindo de orelha a
orelha.
“Aparentemente.” Justin nunca teve interesse em brincar
antes, mas algo sobre Sean o faz querer empurrar seu
sêmen nele e deixá-lo lá.
“Limpe-me, seu filho da puta. Quero rolar
para poder te beijar de novo.”
Justin pega os lenços ao lado da cama e
limpa sua bagunça de Sean.
“Obrigado.” Sean rola, puxando o
travesseiro debaixo de seus quadris. “Não
acho que os lenços serão de muita ajuda para esta mancha
molhada, no entanto.” Ele vira o travesseiro e descansa a
cabeça no lado seco, pegando a mão de Justin para que possa
puxá-lo para baixo. “Venha cá.”
Sean passa os braços em volta de Justin e se beijam
devagar e preguiçosamente. Acaricia suas costas, e Justin se
aproxima, perdendo-se na força quente do corpo de Sean e na
doçura de seus beijos.
Do lado de fora, nas ruas, os sinos da igreja ecoam, as
notas anunciando a meia-noite e a chegada do Natal ressoando
em comemoração pela cidade.
Justin recua para poder ver o rosto de Sean. Os olhos
escuros são suaves e os lábios inchados de beijos. Ele faz o
coração de Justin se contorcer.
“Feliz Natal”, Justin sussurra.
Sean sorri. “Parece que será um dos melhores. Feliz
Natal.”
CAPÍTULO 12

Sean adormeceu com a sensação de dedos penteando seu


cabelo. Um corpo quente pressionado atrás dele e o hálito
úmido tocando a pele nua de seu ombro.
Sorri ao lembrar-se da noite anterior e depois se prepara,
esperando que as dúvidas e a incerteza se infiltrem,
manchando a lembrança do que fizeram.
Nenhuma aparece.
Parece tão certo, profundamente em seus ossos e em seu
sangue. Ele não pode se arrepender de nada, mas precisam
conversar.
Ele se espreguiça, fazendo um zumbido satisfeito quando
se vira para os braços de Justin, sorrindo sonolento.
“Bom dia”, diz.
“Bom dia.” Justin sorri de volta. Inclina-se para um beijo,
apenas um suave toque de lábios. Mas conforme seus corpos
pressionam juntos, Sean sente a ereção de Justin contra seu
quadril. Ele abaixa a mão e acaricia, levantando uma
sobrancelha. “Está acordado há muito tempo?”
Justin passa a mão sobre o peito de Sean, apertando o
mamilo até endurecer. “Não muito.” Baixa a voz em uma
confissão rouca. “Estava pensando sobre a noite passada.”
“Imaginei.” Sean aperta o pau de Justin, amando o calor
na sua mão. Sua boca enche de água, estimulando-o a entrar
em ação. Falar pode esperar. Arrasta-se embaixo das cobertas,
na caverna escura e quente que cheira a
ambos. Seu próprio pênis endurece quando
enterra o nariz no púbis de Justin. “Você
cheira a sexo.” Respira profundamente.
“Diz isso como se fosse uma coisa ruim.”
A voz de Justin é abafada pelo edredom.
Sean puxa as cobertas até os ombros para poder ver
melhor. Olha para Justin e sorri. “Não é. Definitivamente não.”
Volta sua atenção para o pênis de Justin, guiando-o em
sua boca e chupando, levemente a princípio, até que Justin
começa a fazer barulhos impacientes e aperta os dedos no
cabelo de Sean.
Sean rola-o de costas e assume o comando. Dá a Justin
o que ele quer, sugando-o profundo e forte até estar xingando,
a respiração entrando em suspiros. “Porra,
Sean. Sim. Caralho.”
Justin empurra para cima na garganta disposta,
pulsando e enchendo sua boca com seu gozo. Quando termina,
Sean o solta, engolindo em seco. Franze o nariz para a
amargura salgada.
Justin ri. “Não precisa engolir se não gosta. Não me
importo.”
“Economiza na bagunça.”
“Diz o sujeito que gozou todo meu travesseiro ontem à
noite enquanto o fodia como um cachorro.”
As bochechas de Sean se aquecem e misturam excitação
e autoconsciência inundando-o quando se lembra de ter ficado
louco por Justin, implorando por isso.
Justin vê seu ligeiro desconforto, porque estica o braço e
puxa Sean, sua mão enrolada em torno da nuca, para que não
possa desviar o olhar. “Ei, você foi incrível. A porra mais
gostosa de todas.” Ele coloca a outra mão no pênis de Sean e
acaricia, seu polegar deslizando através da umidade na
ponta. “Você está pegajoso.”
“Sim.”
“Bem, vire-se e deixe-me te chupar.” Justin empurra
o ombro de Sean.
Sean agradece. “Se você insiste.”
“É tradicional trocar presentes no Natal.”
Justin se ajoelha entre as coxas de Sean e
abaixa a boca para lamber a brilhante gota de
pré-sêmen.
O cérebro de Sean desaparece. Sua cabeça bate de volta
nos travesseiros, e se entrega ao puro e alucinante prazer da
boca de Justin.
Depois, se deitam lado a lado. Os olhos de Justin estão
fechados, mas Sean olha para o teto, sua mente girando com
perguntas. Há tantas coisas que quer perguntar, mas todas se
resumem a uma coisa.
“O que estamos fazendo?” Finalmente pergunta.
Justin se move ao lado dele, apoiando-se em um
cotovelo. Olha para Sean e encolhe os ombros enquanto dá um
sorriso irônico a Sean. “Não sei. Embora seja divertido.”
Sean não pode negar isso, mesmo que tema que seja o
tipo de diversão que pode terminar em mágoa. “Eu sei, mas...”
Justin interrompe. “Vamos aproveitar por agora. Não
precisa significar nada.”
Mas significa, Sean quer dizer. Significa tudo.
Em vez disso, segue o exemplo de Justin. “O que acontece
no Natal fica no Natal?” Seu intestino se contorce quando diz
as palavras.
Justin desaba de novo no colchão. Sean não pode ver sua
expressão. “Algo assim.” Ele dá um tapinha na barriga de
Sean. “Vamos dar um jeito.”

Eles trocam presentes não relacionados ao boquete


depois do café da manhã. Justin quer abrir os presentes que
compraram um para o outro imediatamente, mas
Sean insiste em café primeiro, e então ambos
percebem que estão com fome.
Depois que comem, sentam na sala de
estar com suas segundas xícaras de
café. Justin abre as cortinas para um glorioso
céu azul. O sol entra, fazendo o enfeite na árvore refletir
pequenos pontos de luz no teto.
Distraídos pelo sofá amassado que levou ao sexo, se
esqueceram de colocar seus presentes debaixo da árvore na
noite passada, então os tiram agora.
“Coloque-os na árvore para que possa tirar uma
foto. Quero mandar para mamãe para mostrar a ela que eu
adorei”, Justin diz. “Então ela vai parar de se sentir mal por
estar preso aqui.”
Sean pega seu presente embrulhado e coloca-o debaixo
da árvore ao lado do que Justin colocou lá. Ambos os pacotes
são formas indeterminadas. Sean embrulhou o seu em papel
dourado sem graça, enquanto Justin foi para o papel decorado
com desenhos animados de Papais Noéis e renas. O de Justin
é um pouco maior e, quando Sean o cutuca, sussurra.
“Tire sua mão do caminho”, Justin diz, telefone
pronto. Então vem o clique da câmera. “Pronto.”
“Posso abri-lo agora?” Sean está animado. Ele esqueceu
a emoção de presentes desconhecidos escondidos dentro de
papel de embrulho. Faz alguns anos desde que teve algo
diferente de um cheque de seu pai.
“Sim, continue, então. Não fique muito animado, no
entanto. É um pouco divertido.”
Sentado de pernas cruzadas no chão junto à árvore, Sean
rasga o papel como um garoto impaciente. Justin usou muita
fita, e pedaços de papel picado caem no chão quando Sean
rasga. Lá dentro há outra camada — papel de seda, desta vez,
que explica o farfalhar.
“O que é isso, passe o pacote?” Sean olha para Justin,
que está olhando para ele, sorrindo.
“Ooh, boa ideia. Eu deveria ter colocado
penalidades entre as camadas: tirar uma peça
de roupa, fazer uma dança nu, me dar um
boquete...”
“Eu já fiz isso hoje.” Sean volta a
desembrulhar.
A fita solta o papel de seda com facilidade, mas vários
papéis estão enrolados na coisa. Quando Sean finalmente
chega a ele, olha para o conteúdo com um sorriso de descrença
se espalhando por seu rosto. Quais são as chances?
“É um—” Justin começa.
“Um gibão. Eu sei.” Sean está rindo agora, levantando o
gibão de cabelos negros por seus braços ridiculamente longos
e segurando-o como se estivesse pendurado em um galho de
árvore. “É incrível. É apenas...”
“O quê?” Justin está sorrindo com a reação dele, mas sua
testa está enrugada com confusão. “Isso me lembrou de você.”
Sean ri novamente. “Não há spoilers. Abra o seu.”
Justin alcança seu presente, e quando se acomoda em
frente a Sean, fica perto o suficiente para que seus joelhos se
toquem.
“Oh meu Deus!” Justin tira o gibão de pele dourada do
papel e ergue-o, imitando a pose anterior de Sean. “Isso
é estranho pra caralho.”
“Eu sei. Mentes brilhantes, hein?”
“Claramente nos conhecemos muito bem.” Sorriem um
para o outro, a felicidade transbordando e preenchendo o
espaço entre eles. “Obrigado.” Justin rasteja para frente em
suas mãos e joelhos e beija Sean suavemente na boca. É a
primeira vez que se beijam assim — como namorados — fora
do sexo ou da cama de Justin. Sean fica sem fôlego quando o
peso de esperança e incerteza bate em seu peito.
Eles precisam conversar. Ele precisa saber o que é aquilo,
o que Justin pensa sobre isso, mas não quer estragar o Natal
arrastando essa linda coisa brilhante para obriga-los a
falar. Ele teme que, como os pisca-piscas em uma árvore
durante o dia, sejam apagadas, enfraquecidas se
olhadas bem de perto.
Sean não está pronto para deixar a ilusão
ainda.
“Onde vamos colocar esses caras,
agora?” Ele ergue o gibão.
“Na árvore? Ou podemos pendurá-los no trilho da
cortina.”
Acabam pendurando-os pelos pés de velcro e ligando os
braços para que também se abracem.
Justin tira uma foto e coloca no Instagram. “Aqui vamos
nós. Hashtag: macacadasdenatal.” Ele mostra a foto para
Sean.
“Alguém mais usa essa hashtag?”
“Ainda não. Gosto de estar à frente.”

Eles conversam com os pais de Justin pelo Skype no final


da manhã. Justin insiste que Sean venha e diga olá,
arrastando-o para o sofá ao lado dele enquanto a ligação é
feita. Passa o braço pelos ombros de Sean, como se quisesse
impedi-lo de fugir.
“Oi!” Justin acena para a tela onde seus pais sorriem de
volta.
Sean sorri para seus rostos familiares. Faz muito tempo
desde que os viu. “Liz, Matthew... há quanto tempo.”
Depois das saudações e felicitações de natal, conversam
por um tempo. Os pais de Justin estão sozinhos no Natal
porque a irmã de Justin, Suzie, também não conseguiu fazer a
viagem.
“Vamos comer sobras de peru pelo próximo mês”, Liz
diz. “Ainda bem que temos um grande freezer.”
“Suzie está sozinha?” Justin pergunta.
“Não, ela foi convidada para passar o Natal
com uma colega. Ela ameaçou tentar dirigir,
mas falei com ela sobre isso”, Liz
diz. “Podemos nos reunir em outro
momento. Não queria que ela arriscasse ficar
encalhada. A neve está muito ruim em torno do Lake District.”
“Provavelmente o melhor, então.”
“Sim. Mas estou feliz que nenhum de nós esteja passando
o Natal sozinho. Vocês estão se divertindo?”
Justin aperta o braço em volta do ombro de Sean. “Sim,
estamos bem. Não poderia pedir melhor companhia.”
“Pensei que você estaria com seu pai, Sean? Os trens não
estavam funcionando?”
“Hum, não tenho certeza… achei que seria mais fácil
visitá-lo quando a neve parasse.” Sean se mexe
desconfortavelmente. Ele se ressente da culpa que sente por
não contatar seu pai. Não é como se seu pai estivesse em
contato com ele também.
“Então, mamãe, eu queria te perguntar. Como podemos
preparar um peito de peru? É o mesmo cálculo que você usa
para um peru inteiro?” Justin habilmente se lança em seu
socorro, e fica agradecido. Ele não quer pensar em seu pai
hoje.
Enquanto ouve Liz falar sobre termômetros de carne e
espetar a carne para verificar os sucos, se pergunta o que seu
pai pensaria se soubesse sobre ele e Justin. Seu pai nunca
gostou de Justin, e passou a gostar menos depois que ele saiu
e começou a usar camisetas com unicórnios e cadarços
coloridos em seu Converse.
Felizmente, Sean já é velho e casca-grossa o suficiente
para não dar a mínima para o que seu pai pensa. Se este caso
com Justin se transformar em mais, seu pai terá que aturar
ou sair de sua vida para sempre.

O dia de Natal é perfeito.


Não perfeito no sentido que nada dá
errado — eles queimam as batatas, porque
subestimaram o tempo do peito de peru, e o molho tinha
caroços. Então a comida fica pronta mais tarde do que o
planejado, em seguida, no momento em que finalmente servem
o jantar de Natal eles já comeram muitas tortinhas e estão
bêbados com o xerez que Justin insistiu em comprar.
Apesar de tudo isso, Sean nunca desfrutou tanto de uma
refeição. Sentado à escrivaninha que montaram como uma
mesa de jantar, observa Justin em frente a ele. A luz dourada
bruxuleante da vela suaviza as feições angulares de Justin e
faz seu cabelo brilhar. Desprotegido, Sean olha para ele,
permitindo-se ser feliz no momento, recusando-se a pensar no
“e se” e no “e agora”.
Justin olha para cima e pega o olhar de Sean, e
sorri. “Você está bem?”
“Sim. Melhor do que bem. Obrigado por hoje, por
tudo. Por me deixar ficar.”
“Não precisa agradecer. Você sabe que é bem-vindo,
certo?”
“Você é o melhor.” Mais palavras sobem, lutando para a
superfície, e a voz de Sean está áspera quando acrescenta: “Te
amo.” Ele não consegue olhar Justin nos olhos quando diz
isso. Sabe que Justin ouviu as palavras, mas não a
profundidade dos sentimentos por trás delas.
“Eu também te amo.” Justin chuta-o levemente sob a
mesa e deixa o pé ali, enganchado em torno do tornozelo de
Sean enquanto terminam de comer.
Depois do jantar, deixam a louça e se jogam no sofá.
“Ugh. Preciso sair dessa calça jeans, mas estou muito
cheio para me mover novamente”, Justin reclama.
“Desabotoe?”
“Já fiz isso, na metade do pudim de
Natal. Não é o suficiente.”
“Então, tire-a”, Sean diz.
“Esta é a melhor coisa de passar o Natal
com você. Roupa é opcional.” Justin sai da
calça jeans e a chuta no chão. “Oh Deus,
assim é melhor. Eu recomendo.”
Então Sean também tira a calça, e se aconchegam sob o
cobertor do sofá, juntos, com Sean atrás. Justin agarra-lhe o
braço e o coloca ao seu redor, segurando a mão de Sean contra
seu peito.
“Podemos assistir A Noviça Rebelde?” Justin pergunta.
“Sério?” Sean suspira.
“Por favor? Isso me lembra de ser uma criança. Não
parece Natal sem isso. Então depois podemos assistir O Mágico
de Oz. Por mais tentadora que seja a nudez parcial que
acontece debaixo desse cobertor, estou muito cheio para fazer
algo mais excitante do que assistir TV.”
“Isso é parte de toda a coisa de namorado de mentirinha?”
Sean brinca enquanto Justin verifica seus filmes e alinha o
primeiro. “Embora sinta que parecemos mais como um casal
de velhos agora. Talvez este seja o meu futuro.” Ele quer dizer
isso em termos gerais, em vez de especificamente com Justin,
mas então seu estômago revira quando percebe como isso
parece.
“Ei, você teria sorte de ter um futuro tão incrível”, Justin
diz levemente.
Sean solta um suspiro de alívio. “Sim. Acho que não seria
tão ruim. Mas gostaria que estivéssemos assistindo Os
Vingadores.” Ele se aconchega mais e respira o cheiro do
cabelo de Justin. É viciante. Ele não é fã de nenhuma das
escolhas de filmes de Justin, mas está bem com a ideia de uma
soneca com Justin em seus braços. Cheio de comida e
sonolento de beber a tarde toda, ele dorme antes mesmo de
Maria chegar à casa de Von Trapp.
Sean acorda horas depois com uma pontada no
pescoço. A TV está escura e silenciosa, e Justin está
dormindo. O relógio diz que já passa da meia-
noite.
“Ei.” Sean se move gentilmente, tentando
sair de trás de Justin. “Desculpe, mas preciso
fazer xixi e estou todo dolorido.”
“Mmph.” Justin grunhe em protesto, mas se move,
sentando-se e esfregando os olhos. “A cama é mais
confortável.”
“Aham.”
Eles tropeçam sonolentos até o quarto de Justin, e Sean
entra no banheiro para esvaziar a bexiga e escovar os
dentes. Quando sai, Justin está sentado na beira da cama,
vestido apenas com boxers e meias.
Sean paira desajeitadamente por um momento, sem
saber se deve ficar ou fazer o sofá-cama.
“Seja útil. Entre e aqueça.” Justin toma a decisão mais
fácil à medida que se levanta, se espreguiçando. Suas costelas
em evidência, barriga côncava enquanto boceja a caminho do
banheiro.
Então, Sean tira seu short e faz o que Justin
pediu. Quando Justin volta, Sean está quase dormindo de
novo. Justin enfia-se atrás dele, serpenteando uma mão fria
sobre a cintura de Sean. A pele deles esquenta rapidamente
onde estão em contato, e o calor faz com que Sean durma. A
última coisa que lembra antes de adormecer é a mão de Justin
acariciando sua barriga, como alguém acariciando um gato.
CAPÍTULO 13

Justin acorda com um pau duro pressionado contra sua


bunda. Contorce-se contra ele, mas Sean não responde, então
acha que ainda esteja dormindo. Mexe seus quadris
novamente quando seu próprio pênis engrossa e cresce.
Ele se pergunta qual é a etiqueta para acordar um não
namorado com um boquete e imagina se pode haver problemas
de consentimento. Não tem ideia do que está acontecendo na
cabeça de Sean e sabe que precisam conversar sobre as coisas
em breve.
O Natal acabou e eles só têm mais dois dias antes que
Justin volte ao trabalho e essa pequena bolha perfeita de
tempo roubado juntos acabe. A realidade cairá como um
convidado indesejado em uma festa — e depois?
Ele afasta esses pensamentos, preferindo se concentrar
no agora. Sean ainda está duro, e se mexe em seu sono quando
Justin se move novamente, deliberadamente deixando a ereção
de Sean se estabelecer na fenda do seu traseiro. Por que não
tiraram suas boxers antes de dormir na noite passada?
Justin empurra o cós da cueca para baixo para que possa
colocar a mão em torno de seu pau. Ele provoca-se com
movimentos preguiçosos, saboreando a lenta excitação que
aquece sua pele e atrai o suor à superfície.
“Você está fazendo o que acho que está fazendo?” A voz
de Sean é um sussurro rouco no ouvido de Justin
que faz seu pênis pulsar em seu aperto.
“Depende do que você acha que estou
fazendo.”
Sean estende a mão e passa ao redor de
Justin que segura um suspiro quando os
dedos de Sean deslizam entre os dele, aumentando a fricção.
Sean está se movendo também agora, balançando contra
o traseiro de Justin de uma forma que deve ser bom para
ele. Ficará ainda melhor com alguns ajustes.
“Espere.” Justin alcança a gaveta ao lado da cama e passa
um tubo de lubrificante por cima do ombro. “Aqui.”
“Hum... que tal um preservativo?”
“Não para me foder. Apenas... esfregue em mim assim.”
Justin empurra sua cueca ainda mais. “Ou enfie-o entre as
minhas pernas, se quiser.”
Sean afasta a mão e mexe-se trás de Justin por um
momento. As roupas de cama farfalham, a tampa estala e
depois ele volta. Pele na pele, escorregadia com lubrificante,
seu pênis patina na fenda de Justin com um rangido que faz
os dois rirem.
“Acho que posso ter exagerado no lubrificante um pouco.”
Sean estende a mão, e com os dedos molhados, começa a
brincar com os mamilos de Justin.
“Melhor do que deixar queimaduras de fricção em seu
pau”, Justin diz sem fôlego quando os dedos de Sean enviam
picos de sensação de seus mamilos para a virilha. Ele fode em
seu punho, empurrando sua bunda contra o pau de Sean
antes de empurrar para frente novamente.
Eles conseguem encontrar um ritmo que
funciona. Ofegavam e riem até o orgasmo, distraídos pelos
sons pegajosos do lubrificante, mas apenas o suficiente para
atrasá-los um pouco. Sean goza primeiro, pressionando firme
contra Justin com um gemido quando seu pau pulsa e
derrama nas costas de Justin. O respingo quente na pele faz
Justin gemer também, seu braço mexendo furiosamente
conforme se masturba até gozar.
Depois, fazem uma tentativa para limpar,
mas os lençóis estão uma bagunça. Ainda
relutantes em se levantar, eles se deitam em
um emaranhado úmido e saciado. Justin está
deitado de costas com Sean na dobra do
braço, uma perna jogada possessivamente sobre Justin e
traçando os dedos sobre a pele lisa do peito dele.
Tudo parece tão dolorosamente certo, como se fosse
exatamente onde Justin deveria estar. Uma feroz onda de
honestidade cresce, e ele não pode mais se conter. “Isso não
parece fingir. Parece real.”
Os dedos de Sean se acalmam, e o coração de Justin bate
em seus ouvidos como um tambor enquanto espera alguns
segundos insuportáveis para Sean responder.
“Sim”, Sean finalmente diz. “Parece para mim também.”
Justin solta um longo suspiro, atordoado com alívio por
estarem de acordo sobre isso, pelo menos.
Sean começa a mover a mão de novo, fazendo trilhas
delicadas que distraem e confortam de uma só vez, dando a
Justin a coragem de continuar.
“Não acho que estava fingindo. Não de verdade.” Ele
captura a mão de Sean e se vira, de modo que estão de frente
um para o outro, com os joelhos batendo. Ele precisa ver o
rosto de Sean e precisa que Sean o veja. Para ver que ele está
dizendo a verdade. “Eu te amo, Sean. Estou apaixonado por
você há anos.”
Os olhos de Sean se arregalam. “Eu não fazia
ideia. Pensei em uma atração, talvez... mas nada mais.” Uma
sombra cruza as feições de Sean — culpa e desconforto. Justin
quer beijá-lo, mas agora não é a hora.
“Coloquei muita energia para não deixa-lo saber. Você era
meu melhor amigo, Sean. Não queria estragar isso, tornando
óbvio que eu tinha uma paixão gigantesca por
você. Especialmente quando pensei que fosse hétero. Tentei
esquecê-lo. Namorei outros caras. Mas nunca parei de te
amar.”
Sean engole em seco, o rosto tenso. Fecha
os olhos por um momento, depois os abre
novamente e mantém o olhar de Justin. “Eu
também te amo.”
“Como um amigo?” Justin pressiona.
Sean sacode a cabeça. “Como um namorado.”
O coração de Justin bate mais rápido quando a excitação
aumenta, mas ele não quer ter muitas esperanças. Precisa ter
certeza. “Há quanto tempo você se sente assim?” Pergunta. Se
for apenas uma coisa recente para Sean, Justin não tem
certeza do que isso significará. Ele pode mudar de ideia assim
que isso começar e Justin não pode suportar isso.
“Desde que começou a sair com Will na escola. Antes
disso, eu sabia que estava atraído por você, mas estava com
tanto ciúmes dele. Sabendo que ele te tocava da maneira que
eu queria, que ele interagia com você de uma maneira que eu
não podia, porque estava com muito medo de ser honesto. Isso
me matou.” Sua voz está rouca. “E eu me odiava por ser tão
covarde.”
Justin surpreende-se com essa revelação. Partes de sua
história em comum se encaixam em um novo padrão,
explicando coisas que nunca entendeu antes. “Eu sempre me
perguntei porque você não gostava dele. Achava que estava
com ciúmes porque eu estava passando um tempo com ele em
vez de você.”
“Isso não ajudou. Mas não, havia muito mais do que
isso. Pensei que tinha perdido minha chance com
você. Naquele verão, no final do ensino médio, eu queria te
contar. Cheguei tão perto algumas vezes, mas o medo do meu
pai descobrir se começássemos algo me parou. E então você
começou a ver Will e já era tarde demais.”
“Mas depois que você se assumiu, por que não disse
alguma coisa?”
“Quando? Quando você estava saindo com George na
uni? Ou Conrad depois dele? Ou depois que começou a
ver Andy? Nunca houve um momento em que
pudesse dizer isso sem arriscar nossa
amizade. Temia admitir estar apaixonado,
porque seria muito difícil continuarmos sendo
amigos. De qualquer forma, você não me disse
também.”
“Sim”, Justin diz com um suspiro. “Acho que sempre
imaginei que se você gostasse de mim desse jeito, teria dito
algo quando éramos mais jovens. Em seguida, não parecia
haver sentido em mencionar depois que você se
assumiu. Pensei que isso apenas tornaria as coisas
estranhas.”
O rosto de Sean relaxa em um sorriso hesitante. “Então
éramos idiotas, certo?”
Justin sorri também. “Essa é uma maneira de ver as
coisas. Ou você pode ser caridoso e dizer que fizemos o que
achamos que era o melhor na época.”
Eles se entreolham, com um sorriso tolo nos rostos. Sean
segura a bochecha de Justin e avança para um beijo. Breve,
mas doce o suficiente para alimentar a esperança crescendo
no coração de Justin.
“E agora?” Sean pergunta quando se afasta novamente,
seu rosto sério.
“Quero que sejamos namorados de verdade”, Justin diz
decisivamente. “Sem mais fingir — embora o fingimento fosse
divertido.”
“Quero isso também.”
Justin dá um suspiro enorme de alívio. “Oh, obrigado
porra.”
Sean franze a testa, não parecendo feliz o suficiente para
alguém que acabou de concordar em ser namorado com a
pessoa que é apaixonado por anos. “Como isso vai funcionar
se eu conseguir um emprego que esteja a centenas de
quilômetros de distância? Quer dizer... posso recusar uma
oferta se for muito longe de Londres, suponho. Mas na minha
posição, não posso escolher.”
“Daremos um jeito.” Justin aperta a mão de
Sean, entrelaçando os dedos e apertando com
força. “Caramba, Sean. Esperamos tanto
tempo para finalmente ter uma chance
nisso. Não vou deixar um pouco de distância
nos parar. Podemos nos ver a cada fim de
semana, e a tecnologia moderna nos oferece
várias maneiras de manter contato entre as visitas. Vamos
encontrar um caminho.” Não há dúvida na mente de Justin
que eles podem fazer isso. Ele não vai deixar Sean escapar
agora que finalmente chegaram até aqui. “Agora, temos um fim
de semana inteiro para nos acostumarmos a sermos
namorados de verdade antes de eu voltar a trabalhar na
segunda-feira. Onde você acha que devemos começar?”
“Com café da manhã”, Sean diz. “Um passeio ao ar livre
seria bom. Provavelmente ainda está muito gelado para correr,
mas gosto de um passeio. Depois outra maratona de filmes?”
“Você vai ficar acordado desta vez?” Justin sorri.
“Se você me deixar assistir Os Vingadores ao invés de
musicais, sim.”
“Combinado. E então é a minha vez de ser fodido?”
Os olhos de Sean escurecem. “Acho que parece justo.”

Justin passa o dia todo na segunda-feira tentando


esconder sua felicidade borbulhante no trabalho. Quando seus
colegas perguntam se ele teve um bom Natal, ele responde
afirmativamente, mas não diz mais nada.
Foi o melhor Natal de todos os tempos, mas os detalhes
são preciosos demais para serem compartilhados.
A única pessoa que ele conta é para Jess.
“Então, eu e Sean estamos juntos agora”, diz casualmente
tomando café na hora do intervalo.
Jess engasga, os olhos arregalados quando
quase espirra latte por toda a mesa. “O quê?” As
pessoas se viram para encará-la, então baixa a
voz para um sussurro feroz. “Oh meu
Deus. Quando? Como? E isso é totalmente
incrível, a propósito. Ele parece muito legal.”
“Aconteceu no Natal. Acontece que ele sempre gostou de
mim também e finalmente conseguimos ficar juntos.”
Jess fica com os olhos arregalados, apertando o
guardanapo contra o peito. “Isso é tão romântico. Por que
coisas assim nunca acontecem comigo?”
“Eu tenho sorte, acho.” Justin finalmente deixa o sorriso
que está segurando o dia todo se espalhar por seu
rosto. “Muito sortudo.”

Sua sorte permanece.


Sean está esperando por ele quando volta para casa,
excitação escrita em cada linha de seu corpo. Ele dá um pulo,
correndo para abraçar Justin assim que passa pela porta da
sala de estar.
“Oi.” Justin o abraça de volta. “Isso é uma grande
recepção. Sentiu saudades de mim?”
“Não. Bem, sim, obviamente… mas tenho
novidades. Estive esperando para te contar o dia todo. Não
queria escrever.” Sean recua, sorrindo como um louco. “Tenho
uma oferta de emprego, e é em Londres!”
Alívio e felicidade atravessam Justin como raios de
sol. Apesar de todas as suas palavras corajosas antes, ele
temia que Sean tivesse que se afastar e o que isso poderia
significar para o novo e brilhante relacionamento
deles. “Fantástico. Porra, estou tão feliz que você pode ficar.”
“Sim, eu também. Quero dizer... posso procurar um lugar
meu, mas vou tentar encontrar algum lugar perto.”
“Não, você não vai!” Justin agarra seus
ombros, em seguida, a dúvida dispara através
dele. “A menos que queira seu próprio
lugar? Porque preferia que ficasse aqui.”
“Sim? Acho que pensei que talvez fosse
cedo demais...”
“Pelo amor de Deus, Sean. Estamos apaixonados um pelo
outro há anos. Não é cedo demais. Estou nisso para
sempre. Fique. Por favor?”
“Ok.” A voz de Sean está rouca e seus lábios se curvam
em um sorriso doce que faz o coração de Justin
transbordar. “Se você tem certeza.”
“Tenho certeza.” Justin puxa Sean e se abraçam
novamente. Fecha os olhos que ardem de lágrimas felizes. Ele
os abre para afastá-las, então vê algo sobre o ombro de Sean
que o faz cair na gargalhada.
“Esteve se divertindo enquanto estava fora?”
“Hein?” Sean recua, testa franzida. Então se vira e segue
o olhar de Justin. “Oh. Sim”, diz timidamente.
Os dois gibões pendurados no parapeito da cortina por
seus braços. Eles se encaram, nariz com nariz. As pernas do
negro estão penduradas, soltas, e o dourado tem as pernas
enroladas na cintura do gibão negro.
“Isso é uma dica? Uma sugestão para o que fazer depois?”
Justin ri. “Porque estou pronto para isso.”
“Não temos uma barra para ficarmos pendurados.”
“Sim, mas você pode me segurar contra a parede se acha
que é forte o suficiente.”
“Só há uma maneira de descobrir.” Sean agarra Justin
pela cintura e o ergue.
Justin se agarra a ele, rindo novamente quando Sean
tropeça para trás sob seu peso, caindo no sofá com Justin em
seu colo.
“Talvez não, então.” Justin desliza as mãos no cabelo de
Sean. “Mas podemos fazer assim em vez disso.”
“Tantas possibilidades.” Sean coloca as mãos firmes
nos quadris de Justin, segurando-o perto. “Talvez
devêssemos fazer uma lista.”
“Parece bom para mim.”
Justin baixa a cabeça para outro beijo e
sorri contra os lábios de Sean quando ele o
beija de volta. É difícil acreditar que Sean é
dele agora, mas acha que tem tempo de sobra para se
ajustar. Sean não vai a lugar nenhum.
CAPÍTULO 14

Sean finalmente telefona para o pai no dia de Ano


Novo. Sentado no sofá, com a mão de Justin apertada na sua,
espera completar a ligação.
“Oi pai. Feliz Ano Novo.”
O silêncio do outro lado do telefone é quebrado por um
surpreso “Sean?”
“Não acho que há mais alguém que te chama de pai, a
menos que tenha algo para me dizer.” Sean brinca, tentando
aliviar a tensão.
“Como você está? Onde você está?”
“Estou em casa — quer dizer, no Reino Unido.” Mas o
apartamento de Justin é a casa de Sean agora. Ele ainda está
se acostumando com isso.
“Já voltou há muito tempo?”
“Algumas semanas. Desculpe por não ter entrado em
contato antes, mas estive ocupado. Procurando trabalho...
algum lugar para morar.”
“Você poderia ter voltado aqui se precisasse.”
Sean levanta as sobrancelhas, olhando para Justin, que
franze a testa e murmura: “O quê?” Já que está apenas
recebendo metade da conversa. Talvez Sean devesse ter
colocado no viva-voz.
Sean se inclina para perto, suas cabeças quase se
tocando, então Justin será capaz de ouvir seu pai. Engole em
seco procurando a coragem de ser
honesto. “Sim? Não tinha certeza se seria bem-
vindo se voltasse para casa. Não nos
separamos exatamente em bons termos antes
de partir.”
Seu pai limpa a garganta, voz rouca quando
responde. “Eu sei. Foi... foi muito para assimilar. Você me
surpreendeu. Nunca teria imaginado.”
“Sempre fui bom em fingir”, Sean diz.
Justin cutuca-o e aperta a mão dele. “Sim, você é”,
murmura.
Sean se vira e encontra o sorriso de Justin. Ele sorri de
volta.
“Tem alguém com você?” Seu pai pergunta.
“Sim. Estou com o Justin.”
“Você vai ficar com ele?” A voz do pai dele é
cuidadosamente neutra.
Sean aperta a mão de Justin com força. “Hum, sim, sobre
isso—” Respira fundo. “—estou morando com ele. Eu e Justin
estamos juntos agora. Como... juntos mesmo. Preciso que você
saiba disso. Sei que você não gosta de mim sendo gay, mas é
quem sou, e isso não vai mudar.” Sua voz vacila, um nó na
garganta tornando difícil conseguir as palavras, mas ele
persiste. “Prefiro ter sua bênção, porque você é meu pai e é a
única família que tenho. Mas se não pode aceitar isso, nos
aceitar... então isso é uma pena. Porque estou feliz —
estou muito feliz — e não vou deixar nada nem ninguém
estragar isso.”
Há um longo silêncio. Sean escuta a respiração forte de
seu pai na linha, prendendo a respiração enquanto espera.
“Caramba”, seu pai finalmente diz, mas sua voz não tem
rancor. Então, surpreendentemente, ele solta uma
risada. “Suponho que eu deveria esperar isso acontecer. Você
e aquele menino eram sempre inseparáveis. Dentro e fora da
casa um do outro, passando todo o seu tempo juntos.”
“Você não gostava”, Sean diz.
“Não.” Seu pai solta um suspiro. “Mas você
é um homem adulto e é livre para fazer suas
próprias escolhas. Mesmo que eu não as
entenda, não é meu papel dizer o que fazer
com sua vida agora. Ouça, Sean, pensei muito
enquanto você estava fora. Não tentei dizer
isso em um e-mail porque não sou bom em me expressar dessa
maneira. Mas pensei em você e no que me contou e sobre sua
mãe e o que ela acharia disso. E percebi que tudo o que ela
desejaria seria que você fosse feliz. Ela não se importaria com
quem você ama, só que encontrou alguém que é certo para
você.” Sua voz falha.
Os olhos de Sean ardem e inundam, sua visão nadando
enquanto lágrimas enchem seus olhos. Ele se sente leve, como
se um peso tivesse sido retirado de seu peito. “Sim. Eu também
acho.”
“Então… sinto muito por não lidar com isso direito antes
de você partir, mas quero fazer as pazes com você agora. Venha
me visitar. Traga Justin se quiser. Se isso é sério, então preciso
me acostumar com isso.”
“É definitivamente sério.” Sean dá a Justin um sorriso de
lado, e ele sorri de volta. Seus olhos parecem bastante úmidos
também.

Eles vão visitar o pai de Sean no segundo fim de semana


de janeiro.
No trem, Sean olha pela janela. Mesmo depois daquela
conversa surpreendente e maravilhosa com seu pai, Sean está
incrivelmente nervoso em encontrá-lo cara-a-cara com Justin
lá como seu namorado.
O joelho de Sean balança com tensão. A mão de Justin é
um peso reconfortante em sua coxa, mas ele parece sentir a
necessidade de silêncio de Sean e respeita. Essa é uma das
coisas que Sean mais ama nesse novo
relacionamento com Justin. Os parâmetros
podem ter mudado, mas a amizade que formou
a base é sólida. Eles se conhecem tão
bem. Justin pode dizer como Sean se sente
sem perguntar. Sean pode sentir o apoio
incondicional irradiando dele como o calor reconfortante de um
fogo.
Quando chegam à estação, param no ponto de táxi do
lado de fora.
“São apenas quinze minutos. Podemos caminhar?” Sean
pergunta, esperando que o exercício possa ajudar a queimar
seu nervosismo.
“Claro.”
Eles se aproximam, mas não se tocam, andando nas ruas
familiares de sua infância. Passando pela antiga escola
primária, pelo parque onde costumavam jogar futebol e
frisbees, passando pelo balanço onde Justin caiu e quebrou o
pulso depois de ficar de cabeça para baixo por tanto tempo que
seus joelhos cederam.
Quando chegam a casa onde Sean cresceu, ele se sente
inundado por tantas lembranças. Hesita perto do portão e se
vira para Justin, precisando tirar um pouco de força dele.
“Você está pronto?” Justin lambe os lábios
nervosamente. Seu cabelo loiro está quase escondido por um
gorro preto e seu nariz está rosa do frio.
“Quase.” Sean pega as duas mãos enluvadas de Justin,
segurando-as entre seus peitos enquanto se aproxima e beija
Justin nos lábios. Bem ali na rua onde ele cresceu. Sem
fingir. Ele está fora do armário e orgulhoso onde qualquer um
possa vê-lo — exceto o pai dele. A cerca os esconde das janelas
da frente e Sean não pode deixar de ficar contente com isso. Ele
não quer pressionar seu pai longe demais no que espera que
seja a primeira de muitas visitas como um casal. “OK, vamos
lá.”
Ele segura uma das mãos de Justin quando se
aproximam da porta da frente.
“Você tem certeza disso?” Justin aperta
sua mão.
Sean não tem certeza se ele se refere
especificamente à mão ou a toda a visita. Mas
a resposta é a mesma. “Sim.”
O ding-dong da campainha não mudou desde que Sean
era criança. Seu coração se aloja em sua garganta quando vê
a forma de seu pai através do painel de vidro fosco. E, em
seguida, a porta se abre e ele está ali, menor do que Sean se
lembra, com um sorriso nervoso no rosto que dá a Sean
esperança de que tudo ficará bem.
O olhar de seu pai cintila entre eles, até as mãos unidas
e de volta. Seu sorriso não escorrega e Sean relaxa um pouco
mais.
“Sean. É bom te ver. Você também, Justin.” Ele acena
para Justin.
“Oi.” Justin solta Sean. Dá um passo à frente, oferecendo
a mão ao pai de Sean, que a aperta.
“Entre”, o pai de Sean fica de lado para deixá-los entrar.
Coloca a mão no ombro de Sean quando cruzam a soleira,
acariciando-o desajeitadamente quando acrescenta: “Bem-
vindo em casa, filho.”
A casa de Sean é com Justin agora, mas pela primeira vez
em anos, ele sente que pode ser verdadeiramente bem-vindo
em sua casa de infância novamente. Mais do que nunca, este
Ano Novo é um período de recomeço. Possibilidades se
estendem diante dele, e a felicidade se desenrola em seu peito,
como brotos frágeis buscando a luz do sol. Sorri, soltando a
mão de Justin para puxar seu pai em um breve
abraço. “Obrigado, papai.”

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