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substituída por éter de petróleo ou he-

Cromatografando com giz e espinafre: xano). Separe a solução verde obtida


um experimento de fácil reprodução nas por filtração ou simplesmente transfira-
a lentamente para um recipiente de
escolas do ensino médio vidro, separando-a das folhas de
espinafre.
Alfredo Ricardo M. de Oliveira Utilização de um giz para ilustrar o
Fabio Simonelli
Francisco de Assis Marques
processo envolvido na cromatografia
em camada delgada
Este artigo descreve um experimento simples envolvendo a extração Mergulhe várias vezes e rapida-
de carotenos e clorofilas do espinafre e a separação desses mente a parte inferior do giz no extrato
constituintes através de técnicas cromatográficas utilizando giz. preparado. Utilize um vidro de maio-
nese ou qualquer outro recipiente de
cromatografia, extração, isolamento vidro vazio com tampa para efetuar o
desenvolvimento da cromatografia.
Adicione a benzina ao vidro de maio-

A
clorofila é facilmente identifi- O experimento envolve a extração nese até cobrir o fundo do mesmo.
cada nas plantas, pois é a res- das clorofilas e carotenos presentes no Insira o giz em pé, com a porção mer-
ponsável pela coloração verde espinafre com o auxílio de solventes e gulhada no extrato para baixo, no in-
das mesmas. A clorofila a é a mais posterior emprego de técnicas croma- terior do vidro, e tampe-o. Deixe o
abundante no reino vegetal, sendo en- tográficas para a visualização e sepa- solvente subir até atingir 1 cm do topo
contrada, juntamente com a clorofila ração desses componentes. do giz. Observe a coloração das
b , numa proporção de 3:1, respectiva- Giz triturado fará o papel da sílica regiões obtidas.
mente. ou alumina, normalmente empregados
O mais conhecido dos carotenos é como fase estacionária de uma coluna Giz triturado como fase estacionária
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o β-caroteno, com ampla ocorrência no cromatográfica, para efetuar a sepa- de coluna cromatográfica
reino animal e vegetal, sendo normal- ração dos carotenos e das clorofilas.
O resultado observado no processo
mente encontrado nas plantas, junto
Materiais e reagentes descrito acima será empregado para
com a clorofila. É o mais importante
separação de uma quantidade maior
dos precursores da vitamina A e Cuba cromatográfica ou vidro de
de carotenos das clorofilas através da
utilizado como corante na indústria maionese de 250 g com tampa
alimentícia. As estruturas das clorofilas 2 giz inteiros
a e b e a do β-caroteno são ilustradas Acetona (etanol) e benzina (hexano
abaixo. ou éter de petróleo)
Folhas de
espinafre fresco
Algodão
Tubo de vidro
ou seringa des-
cartável
Frascos de
vidro para coletar
as frações Figura 2: Folha e extrato de espinafre.
1 conta gotas ou pi-
peta de Pasteur
Procedimento

Preparo do extrato de
espinafre
Pese 50 g de folhas de
espinafre e transfira para um
gral. Utilize uma mistura de
benzina e acetona (8:2) e
triture as folhas com o auxílio
de um pistilo (em todas as Figura 3: Resultado da cromatografia no
Figura 1: Estruturas do β-caroteno e das clorofilas a e b . etapas, a benzina pode ser giz utilizando benzina.

QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Experimentos cromatográficos N° 7, MAIO 1998


técnica de cromatografia em coluna. etílico pode substituir a acetona, trato de espinafre? O mesmo extrato
Triture ¼ de um giz e adicione a apesar de se obter melhor resultado poderia ser preparado somente com
um béquer ou qualquer outro recipi- com a acetona. a benzina? Teste.
ente de vidro, contendo 10 mL de ben- 2) Depois de separado o extrato
zina. Agite a mistura obtida e transfira- Comentários das folhas, observa-se a presença de
a, com o auxílio de um funil, para o O experimento descrito é facilmente duas fases. Qual é o solvente da fase
interior da coluna contendo um peda- executado em sala de aula ou labora- inferior? Por que essa fase apresenta
ço de algodão em uma das extremi- tório e, utilizando materiais de fácil coloração verde mais intensa que a da
dades. A coluna de vidro utilizada acesso, permite ao aluno entrar em fase superior?
tinha diâmetro interno de 0,5 cm. Uma contato com vários conceitos envolvi- 3) Explique o resultado obtido na
seringa plástica descartável pode dos, desde a extração de compostos cromatografia utilizando o giz inteiro e
substituir a coluna de vidro. Espere até de plantas com o auxílio de solventes a benzina em função da polaridade
a benzina atingir o nível do recheio da até a cromatografia do extrato obtido. dos compostos cujas estruturas são
coluna, deixando o solvente escorrer Conceitos como solubilidade, polarida- representadas na Fig. 1.
por ação da gravidade, evitando des- de, coeficiente de partição, adsorção 4) Por que a clorofila é eluída da co-
sa forma uma compactação maior do e fator de retenção (Rf) podem ser luna com acetona ou etanol e não com
giz triturado, o que tornaria a cromato- abordados durante a execução do benzina?
grafia bastante lenta. Adicione, com experimento, que também proporciona Para responder às questões 3 e 4,
o auxílio de um conta-gotas ou de uma ao aluno o conhecimento de uma recomenda-se uma discussão com os
pipeta de Pasteur, aproximadamente poderosa técnica de análise empre- alunos sobre as interações entre o β-
3 mL do extrato de espinafre. Deixe gada cotidianamente em laboratórios caroteno e as clorofilas com a fase
todo o extrato penetrar pela fase esta- de pesquisa e em algumas indústrias, estacionária (giz) e com a fase móvel
cionária da coluna e adicione, lenta- como a farmacêutica. (benzina ou acetona).
mente, a benzina. Colete toda a banda
amarela, mude o solvente para aceto- Questões propostas Alfredo Ricardo M. de Oliveira, Fabio Simo-
nelli e Francisco de Assis Marques, doutores
38 na e colete a banda verde. O álcool 1) Por que se utiliza uma mistura de em ciências (química orgânica), são professores
benzina e acetona no preparo do ex- adjuntos do Departamento de Química da Universidade
Federal do Paraná. E-mail: tic@quimica. ufpr.br.

Para saber mais


COLLINS, Carol H., BRAGA, Gilberto
L., BONATO, Pierina S. Introdução a
métodos cromatográficos. Campinas:
Editora da Unicamp, 1995.
LANÇAS, Fernando M. Cromatografia
em fase gasosa. São Carlos: Acta, 1993.
MICKEY, Charles D. Separation tech-
nology. J. Chemical Education, v. 58, n.
12, p. 997-1003, 1981.
WOLLRAB, Adalbert. Chromatograpy
on chalk. J. Chemical Education, v. 52,
Figura 4: Representação da coluna cromatográfica e soluções dos componentes do extrato n. 12, p. 809-810, 1975.
após cromatografia em coluna.

Material
Investigando tintas de canetas utilizando
Canetas esferográficas de marcas
cromatografia em papel e cores diferentes
Julio Cezar Foschini Lisbôa
Canetas hidrográficas de marcas e
de cores diferentes
As tintas de canetas esferográficas de mesma cor mas de diferentes Álcool etílico anidro (pode ser
marcas diferem quanto a sua constituição? Em que diferem das usado também álcool comum de uso
hidrográficas? Este experimento propõe encontrar respostas a farmacêutico)
essas perguntas por meio da cromatografia em papel. Béquer de 250 mL (pode ser usado
copo desde que seja incolor e trans-
parente, para melhor observação)
cromatografia em papel, experimentação no ensino de química, Papel-filtro (pode ser usado papel
tinta de caneta para filtragem de café)

QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Experimentos cromatográficos N° 7, MAIO 1998

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