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reer iain cu faeces, SPS a aac ea iain ar PAULO DE BARROS CARVALHO Professor Emérito e Titular da Pontificia Universidade Catélica de Sao Paulo-PUC/SP Professor Emérito e Titular da Universidade de Sao Paulo-USP DIREITO TRIBUTARIO LINGUAGEM E METODO 7 edicdo revista 2018 editoro ¢ livroria OESES aw do noss@ rool i br bg gr ah aaa mamma dm aan 1REITO ‘TRIBUTARIO, LINGUAGEM E METODO D atencao a primeira dessas operacées for- yolta® os que houve subsungéo quando o fato juridico ire eet aNe Saas ppativ? pe aquil assi . ; a segundo tal preceito, para que determinada ocor- Peds Aris yardar absoluta identidade com o desenho nor- ipotese- Esse quadramento, porém, tem de ser Jo que se tem por tipicidade, que no direito m como no direito penal, adquire enorme im- tida como fato juridico tributario, imprescindfvel de todos os critérios identificadores tipificados na a norma geral e abstrata. Que apenas um nao seja lo, ea dinamica da incidéncia ficara inteiramente 3 REGRA-MATRIZ DOS PRINCIPAIS IMPOSTOS 3.3 33. Anotacoes sobre o presente contexto histérico Vivemos momento critico, caracterizado pela instabilida- de das instituigdes, principalmente no que concerne ao quadro goridico-tributério que vigora no Brasil. O pafs passa por inter- yalo dificil de sua histéria e toda a desordem a que assistimos no plano econdmico irradia-se para o setor politico, social (em sentido estrito), moral e, como nao poderia deixar de ser, para os dominios do direito. Certamente que nunca atravessamos perfodo de tanta turbuléncia na edicdo de regras atinentes as condutas inter-humanas, de modo especial, no exercicio das pretensdes impositivas do Estado enquanto Poder Tributante. Aauséncia de expectativas estdveis impede qualquer iniciativa de planejamento racional por parte dos sujeitos passivos, geran- do indeterminagées que hoje sao sentidas intensamente tam- bém pelas autoridades administrativas, perdidas na trama de uma legislagdo desencontrada, em que a multiplicidade de co- mandos, editados sem respeito aos superiores princfpios da Lei Rindamental, precipitam-se sobre a regiao material das condu- ma tlersubjetivas, em cadeias de normas que se desdobram, €zes, sem o nexo que a harmonia do sistema requer. 689 Pe — Se PAULO DE BARROS CARVALHO A criacdo de um esquema seguro para dar Param, racionais a tributagao, com fundamento em estruturg 160s permitiu a Ciéncia do Direito Tributario colaborar a Rica tacao da vontade arrecadatéoria do legislador. A eBramar i veio A lume, justamente, para instaurar critériog segur permitindo identificar a natureza do tributo e Telaciong com 0 regime juridico que querem Ihe impor. 0 te; ‘a passa a ser observado de forma critica e sob ref, lei torizadas pela Epistemologia Geral, de tal sorte que fated preservados os sobranceiros princ{pios Constitucionais Ae formadores da adequada construgao da regra-matriz cidéncia, assim como de todas as unidades integran, processo de positivacao do direito. XtO de eXGeg de in. tes do 3.3.2. Imposto sobre a renda Dentre os impostos que compéem o sistema tributérig nacional, o imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza sempre ocupou lugar importante, independente. mente do volume de receita que é capaz de produzir para os cofres ptiblicos. Sua dimensao histérica; seus amplos recur. sos econémicos, politicos e juridicos; sua potencialidade de atingir em cheio a capacidade contributiva do sujeito passivo; sua compostura tao propicia a realizag4o de valores supremos como a “justiga tributaria”; tudo isso foi criando, ao longo da tradicao, um ambiente favoravel ao desenvolvimento desse tri- buto. Em principio, mais no plano contébil; depois, no campo da politica e da economia, passando a interessar fortemente os juristas. Nada obstante esse papel de crescente relevancia para a Dogmatica, a verdade é que somente agora surgem es- tudos juridicos de maior envergadura submetendo o gravame a uma andlise mais fina, a ponto de aproveitar, com profundi- dade, a messe de informagées que a experiéncia brasileira tem ensejado. 690 Si SS ¥ — = pIREITO TRIBUTARIO, LINGUAGEM & MéTODO esse angulo de observacio, sempre foi a conexao entre o: oem da Lei Suprema e os desdobr: cae a farta ea eae Prevé. O dominio de cert i oe 08 contetidos hao de manter-se presentes an anpleso proce e Peeunecey estava por reclamar Be is or gexoes AIS aturadas, mais rigorosas, mais criativas was reocupagao com aspectos econdmicos e contabeis j deria oferecer. eis ja- Penso que o grande pro- 'S preceitos estatuidos no ‘amentos infraconstitucio- por mer nais PO Com efeito, os desvios inerentes a interpretagdes pouco aabora das dos comandos constitucionais tem diftcultads so- premaneit@ a boa aplicagao dos amplos recursos dessa forma bs tributacao, impedindo que Fisco e contribuinte possam jeufruir das indiscutiveis vantagens que ela oferece. 3.3.2.1. Variacées sobre 0 modo de aproximagao cognos- citiva com 0 IR Todo aquele que pretender aproximar-se desse tributo ter que observar de perto a vida das empresas. Essas socie- dades, células indispensdveis para a movimentagao econémi- cado pais, demonstram que o trato com o direito tributario re- quer a consideragao direta da linguagem contabil-fiscal, com sua particularissima simbologia, cuidadosamente juridiciza- dapela legislacdo especifica. A Lei das Sociedades Anénimas, por exemplo, consagra porgao expressiva de formulagoes oriundas das Ciéncias Contabeis, 0 que equivale a absorver tais contetidos, outorgando-lhes relevancia para 0 direito. Os assim chamados “fatos contabeis” sao construgées de linguagem, governadas pelas diretrizes de um sistema orga- nizado para registrar ocorréncias escriturais, articulando-as num todo carregado de sentido objetivo. a trama signica, fazendo temos 0 juridico-pres- linguagem, isto é, de Quando o direito se ocupa dess Sobre ela incidir sua linguagem de6ntica, ctitivo empregado na condigao de metali 691 a ae 5 PAULO DE BARROS CARVALHO linguagem de sobrenivel, e a Ciéncia do Direito Trity + Uta rando como meta-metalinguagem, porém de carter 10 deserii® A Poder-se-ia advertir que sempre tudo se ‘ porquanto as normas juridicas estariam, iny,; percutindo sobre a linguagem do social, com o que esto acordo. Todavia, no caso dos registros contabeis, essa ling de gem se interpée acima da linguagem social e abaixo mg mada linguistica do direito posto. E um estrato a © cientista do direito nao pode esquecer, tratando, trata, de discurso voltado para uma finalidade Precipua, qu, seja, a de estabelecer o procedimento técnico indispenséva ao estabelecimento intersubjetivo dos fatos relevantes Par, © convivio socioeconémico. Os sistemas contabeis, com aia regras de formagao e de transformacaéo rigorosamente expli- citadas, dao espaco a um cAlculo operacional Préprio, além de toda a gama de dificuldades de cunho semAntico e Pragmatico que sabemos existir. PASSA ase: ariavelme ch e, da ea. Mais, que » COMO se 3.3.2.2. Os pressupostos constitucionais do imposto So- bre a renda Ja é expressiva a literatura juridica brasileira sobre os tributos. Com a velocidade da producao normativa dos Orgaos governamentais, gerando intensivamente a disciplina de si- tuag6es novas na ansia de diminuir 0 descompasso inevit4vel entre a realidade social e os padrdes adequados da juridici- dade positiva, a doutrina nacional vem aumentando, conside- ravelmente, sua contribuicao nesse territério tao delicado do relacionamento intersubjetivo. No amplo quadro das obras publicadas sobre a matéria, contudo, preponderam manifestag6es genéricas, no feitio de cursos, compéndios, manuais, ou a respeito de institutos juridicos cuja presenga inevitavel na compostura das varias entidades tributarias 6 de meneio obrigatorio entre os estu- diosos. No mais, ha grande incidéncia de doutrina a propésito de assuntos t6picos que, por algum motivo, tenham suscitado 692 = = = = piREITO TRIBUTARIO, LINGUAGEM E METODO Pee jmediato da comunidade juridica. Monografias i inter tributos, especificamente considerados, sao raras, ore? 5 anos para ca, entretanto, foram surgindo alguns tra- pe cine! e alto nivel cientifico, com a proposta de analisar a palloS riz de algumas figuras do nosso sistema tributario. ra - ‘ . 8 referencia tem recaido em impostos como os de im- exportacao, 0 ICMS, o IPI e, recentemente, sobre reo ITR. Quanto ao imposto sobre a renda e proventos Pr alauer natureza, talvez pela complexidade do seu regi- ge 5S jncidéncia, ou pelo numero as vezes até extravagan- a . enunciados prescritivos que integram sua estrutura, a io a é que a exagao tem espantado os especialistas, afas- e o-os de um contato mais direto e radical com tao nobre forma de imposigao tributaria. Esperava-se, com grande expectativa, um escrito diferen- te, que dirigisse 0 foco da anilise para as rafzes constitucio- nais do imposto sobre a renda, discutindo-lhe os pressupostos para o conhecimento de sua base institucional, uma vez que, pelo processo de derivagdo, todas as normas do direito posi- tivo hao de buscar o fundamento tltimo de sua validade juri- dica no Texto Supremo. E a Lei das leis que instaura a ordem juridica e precipita, uma a uma, todas as cadeias normativas que servem de ponte entre os grandes valores e as diretrizes constitucionais, de um lado, e as condutas pessoais em inter- feréncia intersubjetiva, do outro. Os comandos do Diploma Basico, para chegarem A regiao material dos comportamen- tos inter-humanos, necessitam, de modo imprescindivel, de uma série de outras normas gerais e abstratas e individuais € concretas, sem o que nao logram aproximar-se do agir hu- mano, nas suas relacées de interpessoalidade. E disso decor- Te que a discussdo dos grandes problemas, por mais que se estabeleca no plano pragmatico das condutas coneretas, ha de Tegredir, necessariamente, 4 busca da sustentacao consti- tucional apropriada, sem o que resvalaré para o lugar-comum das Questdes infundadas, das pretensdes tributarias juridica- mente insustentaveis. 693

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