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A art e do cinema
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Conselho Editori.ll
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Euu,omo CulMAltÃI!.).
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JO ÃO L u 12. oi!. CARVALHQ P1N, o E S1L\'A - l.1,117,C,u t LOS DIAS
Luiz FRAh'Crsco Ou s - MARCOAvRtt10 Ck.EMAS<.:o
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Mary Maeodode C:,unacgoNeves Lafer
Sedi H.iraoo
A AR TE DO C I NEMA:
U1na introdução
Tradução
Roberta Gregoli
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J. filme c'incmacog.ráíico ?91,,4)
Princcdtn Br:u.il.
Foi Íd to o dcpósho legal.
Oireitc» ~rvados à
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PREFÁCIO.... . ..............................
.................................
............
................... 19
PARTE1
A arte do cinema e a realização cinematogrófica
PARTE 2
A forma fflmica
2 CAPITULO - A imporMncia da f orma fíl m ica ................ .............. 109
O conceito de fo rma no cinema.................................................................
109
A forma como sistema................................... ......................................... .... 109
"Forma" versus "conte úd o" .......... ............. .................................................. 112
Expectat ivas formai s .......................................................... . 112
Co nvenções e experiência ........ . 116
Forma e sentimento .................................. ...................... ........................... 117
Forma e sign ificado ................... .................. ......... .................... ............. ..... 119
Avaliação ................ ........................ ............. ........... ................. .................... 124
Princípiosda forma fílmica..................
.............................
.........................126
Função ...................... .................. ........................................... ...................... 127
Similaridade e repet ição ........................... .................... .............................. 129
.. 130
Umolhar de perto: Enxergandopadrões...............................................
Diferença e variação .......................... .. 133
Desenvolvimento ...................... 134
Unidade e não u nidade ........... . 137
Resumo................................
......................................................................... 139
Daquiparafrente .................... ........................................................ ........... 139
Websitcs ...................................... 141
Suplementos de DVD recomendados........................................................
. 141
PARTE3
Estilo fílmico
PARTE4
Tiposde filmes
9 CAPIT ULO - Gêneros cinema tográficos............................................ 499
Entendendo o g2nero.........................................................
..........................500
Definindo o gênero ....... ......... ............................................. ......................... 500
Analisando um gênero ................................................................................ 502
H.istória do gênero ....................................................................................... 50 4
Um olhar de perto: Género contemporâ11eo
: O suspensepolicial......... 506
PARTE5
Andlise crítica de filmes
11 CAPITULO - Crílica cinematográfica : Exemplos de análises.... 601
O cinema narrativoclássico.......................................................................
602
Jeju m de amor .................... ................... ..................... ......... ,............ ...... ..... 602
Intriga internacional... .......................... ............ ...................... .................... 607
Faça a co isa certa ............... ................... ................. ........... .................. ......... 613
Opçõesnarrativasà produçãocinematográfica clássica. ...................... 620
Acossado ............................. ......... ................................................................ 620
Em uma vez em Tóquio............................................................................... 627
Amores expressos........................................................................................ 633
Forma e estilo 110 documentário...... .....................
....................................
640
Um home m co m uma c.\mera ............................ .............................. ........... 640
A tênue linha da mort e........ ... ......... ........ ........... ................... ........... ........... 645
Forma, estilo e ideologia ..........................................,.................................. 653
Agora seremos felizes ................ ....................... .......... ............................. ... 653
Touro ind omável.. ...................... ........................... .............. ......................... 663
PARTE6
História do cinema
Glossário........................................................................................................ 74 3
Créditos..........................................................................
....................... 752
Suplementos de DVDs recomendados.......................................................752
a111f style ;11 modem movies (2006), foca su a aná lise n o que chamamos
nar rativa clássica c inema tográfica, d entro d e u ma pe rspectiva histó rica
voltada parn exempl os específicos. Mais rece nte mente , em Minding Mo-
vies:Observatio,1s 0 11 the Arl, Craftand Business of Filmmakig(201J) e
Pa11
dom's Digital Box: Fi/111
s, Files, a11
d J/Je Future of Movies (2012), de-
brn ça-se sobre os e feitos exercidos p ela nova tec nologia d igital na nar-
rativa fílmica. Sua obra passa ao largo das de man d as ideológicas próprias
à metod ologia de co rt e desco nstrut ivo, o que cos tu ma causar estranheza
c m hábito s adquirid os de algun s leito res.
A arte do cinem a é um livro que mar cou d e modo duradouro os es-
llldo s de cin e ma no s Estad os Unid os. Suas co nt ínuas reed ições fazem a
influência p erdurar . O cin ema é um a art e d inâ m ica que vive, há mais de
um sécul o, urn perí o do contínuo de criatividad e . Ao invés de estabelecer
um parâmetro evlliu cionista , em termos de avan ço da form a ou avanço
tecnológico , e tentar , a partir daí, lidar com as tran sforma ções da narra-
tiva, Bordwell inverte a equação. Colo ca, no fim da linh a, a forma nar-
rativa/ imagética do cinema que permanece mais ou men os estável ao
longo dos ú ltimos cem anos. Abre então lLm espaço d inâmi co não só
para discutir os limites extremos da forma cláss ica (na fronte ira d o ci-
nema experimenta l, no documentário , nos diversos cin emas nacionais,
na revolução moderna dos cinema s novos , no novo realismo dos anos
1950, na chamada pós -modern idade etc.) , mas, também, para debater a
incidência das contínua s transformações tecnológica s sobre sua form a
narrativa (o som, a fala - em "estúdio " e depois em "direto" -, a cor, os
novos formatos de- projeção, o 3D, a tecnologia digital ). A metod ologia
se revela compensadora e o resu ltado é um livro que lida corno conjirn-
to da produção cinem atográfica contemporânea, sem ter de sacrifi car seu
di namismo a uma visão do que deveria ter sido , ou será, o c inema , num
tolo exercício de futurologia.
No âmago da obra respiramos a presença da produç ã o de corte
hoUywood iano em sua dimensão autoral mais bem -sucedida . Também
o cinema clássico, em sua co nformação de gênero s, é abordad o em de-
ta lhes. A ênfase é no uni verso do cinema norte -americano que surge
p resen te em um livro escrito por au tores ameri canos que amam e, prin -
cipalmenle , con hecem o denso cinema que seu país produ z. Mas a obra
está longe de esgotar -se na exploração do classicismo narrativo , abrindo
espaço recorrente para a análise de filmes e diretores que passam ao
largo desse paradigma, como Jean -Luc Godard , Jean-Marie Straub e
Dan iele Huillet, Chris Marke r, Kenneth Anger, Stan Brakhage, Hollis
Frampton, Derek Jarman, Fernand Léger, Dziga Vertov, Wong Kar-Wai,
Hou Hsiao -hsien, Mik lós Janscó, Krzysztof Kieslowski, Jacques Tati,
Robert Bresson, Titeo Angelopoulos e outros. Amplo espaço é destinado
ao cinema experime ntal e ao cinema de an imação. Fugindo à elegia mais
estreita de um corntr aestilo clássico, os autores centram-se na análise
for mal da narrati va cinematográfica com um todo, atr avés de reco rtes
estruturais.
É na exposição hor izontal desse campo que o livro encon tra suas prin -
cipais credenciais. Revelam-se então a perícia dos crít icos e seu olhar
arguto. BordweU tem demonstra do, em seus ensaios, saber como olhar um
filme e o que bu scar na ima gem cinematográfica. Trata -se de um a ima -
gem tinhosa, de difícil engat e para análi se. Em função de sua co nstante
evolução pelo movimento, é tão complexa como são rarefeitos os parâ-
metros que fornece. O tom introdutório do livro pega com gosto
o leitor pela mão e o leva pelo s prin c ipai s paradigma s da aná lise fíl-
mica. Aponta para onde olhar num filme e como saber di stingui -lo
quando den so estilís ticamen te. E isto é, afinal, o que importa, na ponta
da lin ha , para o crí tico. A obra vai além de uma abordagem restrita ao
conteúdo mais explícito, à verossimilhança dos personagens no roteiro,
ou à pertinência politica de sua temática . Bordwell direciona sua ex-
posição para um corpo a corpo com os elementos-chave ela forma fíl-
mica , para o modo como estão delineados no horizonte histórico em
que a arte do cinema evolui.
Ensinar a ver um filme torna -se en tão método para uma decomposi-
ção bem -sucedi da da forma fílrnica, através da articulação funcional de
elementos diversos (a partir da trama, caminhando para a configuração
do enredo, desembocando na divers idade das estrutu_ras ele sua configu-
ração in1agética). O mapa traçado inicia o leitor na percepção não ex-
clusivamente conteudística, abr indo -lhe os olhos par a o caminho a seguir
na decomposição analítica da imagem em mov imento. São assim distin -
guidas a pré-pro du ção (na fase ela produ ção propr iamente e da elabora-
ção do roteiro), a fase da filmagem e a fase da composiç ão fílmica na
pós -produção, seguida pelas demandas da realização do valor da óbra
no lançamento e na distribuição . Há um recorte analítico no qual senti-
mos a presença de uma abo rdagem inspirada na metodologia formalista
russa (provave lm ente contribuição da formação e do s interesses de Kris-
LÍ1l 1l1ompson), compondo o quadro teórico que fundamenta as bases
para a decomposição da narrativa Ulmica. A exposição desses pa râmetros
antecede o núcleo do livro, localizado principa lmente nos capítulos 4 ("O
plano: Mise-en-scene"), 5 ("O plano: Cinemato grafia"), 6 ("A relação de
um plano com o ou tro: A montage m") e 7 ("O som no cinema"), onde
são detalhados, em um esquema bastante fw1cional, e de surpreendente
concisão, os elementos diversos que compõt>m o ronjunto da forma ci-
nematográfica. O se ntim ento é de que o livro esgo ta o horizonte formal
de wna unidade (o filme) tão extensa nas var iáveis de sua composição.
O recorte bem-sucedido na desmontagem da complexa forma fíL11icaé
uma das contribui ções mais co ntundente s da obra.
No núcleo expositivo, Bordwell e Thomp son centram-se na impor-
tância fund amental do plano para a análise da ar te cinematográfica.
Prefácio
como os filmes são íeílos e vistos. Quando a primeira edição saiu, ern
1979, a fita de víde o Betamax havia acabado de su rgir como um item de
consumo. l loJe, as pessoas assistem a filmes em seus ,Pods. Durante todo~
estes anos, poré m , a arte do cinema não mud ou íundamentalmente. A
internet e os filmes digitai s usam as mesmas téc nicas básicas e estratégias
formai s que o~ cineasta \ ~empre empregaram. De maneira análoga,
0
objetivo de A arte do ci11cma perman eceu o mesmo: apresentar ao leitor
.,scaracterísti cas fundamentais do ci nema como uma form a de arte.
Nós imaginamos leitore s de três tipo s. O primeiro é o leitor geral, que
se interes sa e gosta de filmes e quer saber majs sobre cinema . Em segun
do lugar está o estudante de um curso introdut ório sobre cinema, parJ
quem A arte tio cinema assum e a função de livro didático . O terceiro é
o aluno de cinema mais avançado, que pode enco ntrar aqui um conve-
niente resum o sobre a estética cinematográfi ca e sugestões de trabalhos
mais especia lizados.
Desde que A arte do cinema apareceu pela primeira vez, uma série de
out ros texto s introdutórios foram publicados. Acreditam os que nosso
livro ainda oíereça a exposição mais abrangente e sistemática sobre a arte
do cinema . Ele tamb ém aprese nta discussões acerca de possibilidades
criativas que não são cons ideradas em outros livros. É gratificante para
nós que trabalhos acadêmicos sobre cinema muitas vezes citem A arte
do cinema como uma fonte autorizada e original sobre a estl!lica cine-
matog ráfica.
J Filmes que misturam animação e tomadas com atores reais. (N. da T.)
O quadro "Um olhar de perto" relaciona ideias do texto principal com •sevocê
pe1ambula1
porumsetdefilmagem
sem
questões do cinema atual. Por exemplo, a questão das imagens geradas tersidoconvidado,
comcerteza
conhemdo as-
por computador• é abordada na discussão sobre O Senhordos Anéis (The sistente
dedileção,
porque
provavelmente
se,ó
elequeiráreexpulsardeló.Seráaassistente
de
Lord of the Rings). di1eçãoqueverág!Ítando: 'Aosseuslugares!;
'Silen
cionoset!;'Almoço- meioho1a!'e 'Por
Citações na marg em hojeésó,pessoal!'.
Etudomuito1itualístico,
como
o toque deaco1dare o toquedesiMncio
numa
Ao longo do livro, colocamos na margem citações de autores, rotei- basemilitar;
irritante
e,aomesmo,est,onhamen-
ristas, produtore s, diretores, diretores de fotografia e atores. DiverUdas te,econfortonte.'
ou perspicazes, informativas ou dogmálicas,buscamoscom essas citações
- ChrlstlneVachon, produtora
independente,
envolver os alunos a partir do ponto de vista de quem faz os filmes.
dedireção
sobreassistentes
Glo ss á rio
Agradecimentos
O cinema é uma mídia jovem, pelo menos em comparação com a maioria da s outr as
mídias . Pintura, dança, literatura e teatro existem há milhares de anos, enquant o o
cinema existe há pouco mais de um século. Mesmo nesse período relativamente curt o,
esse meio recém -chegad o se estabeleceu como uma forma de arte forte e podero sa.
É esse aspec to do cinema que vamos explora r neste livro. Os capítulos que se seguem
mos tram como pessoas criativas têm se ut ilizado do cinema para nos propiciar expe-
riências que valor izamos. Examinar emos os princípio s e as técnicas que fornecem ao
cinema seu poder de contar h istória s, expressar emoções e desencadear ideias .
Mas a arte do cinema tem algumas características pouco usuais, as quais devemos
enfat izar logo de cara. Mais do que a maior ia das outras artes, o cinema depende de
tecno logias comp lexas. Sem máquinas , as imagens dos filmes não se moveriam e os
cineastas não teriam nenhuma ferramenta. Além disso, a arte do cine ma nor malmen -
te exige a colaboração de mu itos part icipantes , pessoas que seguem rotinas de traba -
lho comprovadas. Filmes não são apenas criado s, eles são produzidos. E tão impor-
tante quanto isso é o fato de que os filmes estão firmemen te ligados ao seu contexto
social e econômico . Os filmes são distribuídos e exibidos para um público, e questões
monetárias fazem a diferença em cada estág io.
O Capítulo 1 examina todo s esses aspectos do processo de realização cinemato -
gráfica. Começa mos por considera r a arte ci nematográfica em geral, e discutimo s um
determi nado filme que ilust ra como essa ar te pode ser hábil e eficaz. O capítul o então
passa a analisar a tecno logia, as prát icas d e trabalho e o lado "negócio» do cinema.
Todos esses componente s enformam o cinema Côlilô ar te.
Os filmes são tanto parte de nossas vidas que ser ia difícil imaginarmo s
um mundo sem eles. Desfrutamos deles nas salas de cinema, em casa, nos
escritórios , nos carros e ônibus e em aviões. Car regamos filmes conosco
em nossos laptopse iPods.Pressionamos um botão e nossos computado-
res fazem filmes surgirem , como que por encanto, para o nosso prazer.
Por mais de uma centena de anos, as pessoas vêm tentando entender
por que essa mídia nos cativou tanto. Filmes comunicam informações e
ideias, e nos mostram lugares e modos de vida com os quais de outra
forma talvez não tivéssemos contato. Por mais importantes que essas
qualidades sejam, no entanto, existe algo mais em jogo. Filmes nos ofe-
recem maneiras de ver e sent ir coisas que consideramos profundamente
gratificantes . Eles nos levam a experiências. Essas experiências são mui-
tas vezes conduzidas po r histórias, com personagens com as quais pas-
samos a nos preocupar, mas um filme também pode desenvolver uma
ideia ou explora r qua lidades visuais e texturas sonoras. Um filme nos
leva numa viagem, oferecendo uma experiência que segue certos padrões
e que envolve nossas mentes e emoções.
Isso não acontece por acaso. Filmes são concebidospara ter certos
efeitos sobre seus espec tadores. No final do século XlX, as imagens em
movimento surgiram como uma forma de diversão pública e obtiveram
êxito porque respondiam às necessidades criativas de um público amplo.
Todas as tradições que surgiram - co ntar histórias de ficção, registrar
fatos reais, animação de obje tos ou imagens, experimentações com a
forma - tinham por objetivo dar aos espectadores e,cperiências que eles
não poderiam obter a partir de outras mídias. Os homens e mulheres
que faziam filmes descobriram que podiam con trolar aspectos do cinema
de maneira a dar ao público experiê ncias mais ricas e envo lventes. Apren-
dendo uns com os outros , expandi ndo e refinando as opções disponíveis,
os cineastas desenvolveram habilidades que se tornaram a base do cine-
ma como forma de arte.
Decisõesartísticas na realizaçãocinematográfica
Em A noite americana (La nuit américaine), o cineasta francês François
Truffaut interpreta um diretor fazendo um filme chamado Meet Parnela.
Os membros da equipe trazem até ele a cenografia, perucas, carros e
revólveres, e ouvimos a voz dele nos dizendo o que está pensando: "O
que é um diretor? Urn diretor é alguém a quem se pergunta tudo".
Fazer um filme pode ser visto como uma série de inúmeras decisões
tomadas não apenas pelo diretor, mas por todos os especialistas que
trabalham em sua equipe. Decisões iniciais já devem ser tomadas en-
quanto o roteiro é escrito e seus vários elementos, projetados. Mais deci-
sões acontecem diariamente durante a filmagem, especialmente quando
surgem problemas ou oportunidades inesperados.As decisõescontinuam
até o ponto em que o diretor dá o seu "ok" para que o último plano seja
concluído. Essasdecisões podem ser muito importantes, como, por exem-
plo, a escolha dos atores principais do filme, ou tão triviais quanto o
botão que fica melhor numa roupa.
Um grande número de decisões, no entanto, afeta o que vemos e ou-
vimos na tela. Existem as escolhas artísticas feitas pelos cineastas: Que
tipo de iluminação vai iJ1tensificar a atmosfera de uma cena ele amor?
Dado o tipo de história que está sendo contada, seria melhor deixar o
público saber o que a personagem principal está pensando ou mantê-la
1,2 - Umapaisagem
sinistramente
bela,comumafileiradepalmeiras
con•
t,aocéuescuro,
mlveisdemaneira
quesopod"iaters,doalcançada
através
dousodecàmmsd1g1tal1
1.1 - Filmagemcomdmeradigitalnumbecomal iluminado emColoterol.
Aquie emmuitosoutrosplanos.a silhuetadocentrodelosAngele
s figur
a de
maneuaproemrnente.
1.4 Umdospaineis
DELfeitosespecialmente
paraaIluminação
doInterior 1.s - VilriospainéisDE Lconectadosà partetraseira
deumbanco
p.ira
Í<ltf
dotilx1
aluzincidir sobre V1ncent(TomCruise).
por hora, depois virar e capotar várias vezes até !Parar de cabeça para
baixo. Nessa velocidade, o veículo teria percorrido dezenas de metros.
Os cineastas tinham mais de uma opção para retratar o acidente na tela.
Eles poderiam ter posicionado a câmera em um único ponto, girando-a
quando o carro passasse capotando, mantendo-o no quadro do inícioate
o fim do acident,e. Isso teria sido uma boa ideia se a intenção fosse que
a cena mostrasse o acidente pelos olhos de um pedestre cuja cabeça se
virasse para vê-lo. Mas não há nenhuma personagem olhando.
Os cineastas queriam gerar emoção mostrando várias tomadas do
capotamento do carro, cada uma delas vista de um ponto diferenteao
longo da trajetória do acidente. Uma abordagem possível seria a de haver
vários táxis e criar vários acidentes semelhantes, cada um filmado por
uma única câmera cuja localização seria alterada nos intervalosentre
um acidente e outro, de maneira a gravar a ação de um novo pontode
vista a cada vez. Tal procedimento, porém, teria sido muito caro e nenhum
acidente ocorreria exatamente da mesma maneira que outro. Juntar0,1
planos de cada acidente poderia ter criado discrepâncias com relação3
posição do carro, resultando em pobres raccordsde ação, como iremos
caracterizar essa técnica no Capítulo 6.
Em vez disso. a equipe resolveu usar uma técnica normalmente uti-
1izada em grandes cenas de ação. Múltiplas câmeras foram colocadasªº
longo da rota da colisão, todas filmando o acidente ao mesmo tempo
(1.7). Financeiramente, era mais vantajoso que apenas um carro tivesse
que ser destruído, e o alto custo de ter os membros da equipe trabalha»-
A mecânica dosfilmes
Máqllifiã S qú e USàrnfilme
que tis imagens sejam projetadas, uma cópia positiva deve ser feita em
outra máquina, a impressora,que duplica ou modifica a filmagem da
câmera. Como um projetor, a copiadora controla a passagem da luz
através do filme - neste caso, do negativo - e, como uma câmera, ela
focalizaa IU7para formaruma imagem - neste caso, no rolo de filme
não exposto. Toda copiadora é uma câmara escura que leva o rolo de
filme positivo ou negativo de um carretel, (a) passando pelo diafragma,
(b) até o carretel de enrolamento (c). Ao mesmo tempo, um rolo de filme
não exposto (a'. c') passa pelo diafragma (b), quer de maneira intermi-
tente ou contin ua. Por meio de uma lente (d), a luz emitida através do
diafragma imprime a imagem (e) no filme não exposto (e'). Os dois rolos
de film e podem passar através do diafragma simultaneamente. Uma
copiadora desse tipo é chamada de copiadora por contato ( 1.15). Copia-
doras por contato são usadas para fazer cópias de trabalho e para lança-
mento, bem como para vários efeitos especiais.
Embora os cineastas possam criar imagens não fotográficas na tira de
filme (desenhos, pinturas ou arranhões), a maioria se utiliza mais de
câmeras, copiadoras e outras tecnologias fotográficas.
Se tivesse que lidar com um filme que percorresse essas máquinas,
você notaria vários detalhes: por exemplo, um lado é muito mais brilhan -
te que o outro . O filme consiste de uma base transparente de acetato (o
lado brilhante), que carrega uma emulsão, camadas de gelatina que con-
têm um material sensível à luz. Numa tira de filme preto e branco, a
emulsão contém grãos de haleto de prata. Quando a luz que reflete de
uma cena atinge esses grãos, é desencadeada uma reação qu1mica que
faz com que os cristais se aglomerem em partículas minúsculas. Bilhões
dessas partículas são formadas a cada quadro do filme exposto e, em
conjunto, essas partículas formam uma imagem latente que corresponde
às áreas claras e escuras da cena filmada.Transformaçõesqnímicas fazem
a imagem latente visível, como um arranjo de grãos pretos sobre um
fundo branco. A tira de imagens resultante é o negativo, a partir do qual
se podem gerar cópias positivas.
A emulsão do filme colorido tem mais camadas: três delas contêm
corantes quími cos, cada uma sensível a uma cor primária (vermelho,
amarelo ou azul), enquanto as demais filtram a luz das outras. cores.
Durante os processos de exposição e revelação, os cristais de ha leto de
prata criam a imagem através da reação com os corantes e outros pro-
dutos químicos orgânicos nas camadas da emulsão. No filme colorido
negativo, o processo de revelação gera uma imagem que é contrária (ou
complementar) aos valores das cores originais: o azul aparece no nega-
tivo como amarelo, por exemplo.
Como o filme passa pela câmera, pela copiadora e pelo projetor? A
tira é perfurada ao longo das duas margens, de modo que os pequenos
dentes (a roda dentada) das máquinas possam aproveitar as perfurações
®=D
1,13 - Oproje
tor.
1.1S- Acop!Mora
porcontato.
(os fur os nas extremida des da tir a) pa ra puxar o filme de for ma cons tan -
te e regular. A tira também tem um espaço reservado para a tril ha sono -
ra.
O tama nho e a localização das perf urações e a área ocupa da pe la
trilha so norn foram padron izados mundi almente, como também é o caso
da largura da tira de filme, cha mada de bitola e medid a em mil íme tro s.
Salas de cinema come rcial usam o filme de 35 mm, mas outros tamanho s
de b itola ta mbém foram pa dron izados intern acio na lm en te: Sup er 8 mm,
16 m m e 70 mm ( 1.16-1.20).
Ger almente a qu alidade da ima gem aum en ta co m a largur a do film e
porq ue, qu ant o maior a área da ima gem, melhor a d efinição e melho res
os deta lhes. Sen do as d emai s var iáveis iguais, a bitola de 35 mm oferece
uma qu alidade de imagem significativament e melhor do que a de 16 mm ,
e a de 70 mm é superior a ambas. A melhor qualidad e da im agem dispo -
níve l para exibiçõ es públi cas atua lm ente é aquela oferecida pelo sistema
[max ( 1.21).
A trilha sonora é execu tada ao longo das latera is da tira de filme e
po de ser magnética ou ótica. Na de tipo magnético (1.20), uma ou mai s
tira s d e fita de gravação magnética cor rem ao longo das bordas do filme
e, durante a projeção , a trilha do filme é "lida" por dispositivo de som
sem elhante ao de um gravador de fitas. As faixas magnéticas são quase
obso letas nos cinema s; hoje em dia , a maioria das tiras de filme tem um a
trilha sonora ótica, que codifica as informações sonoras em forma de
man chas claras e escu ras ao longo dos quadros. Durante a produção, os
impul sos elétricos de um microfone são traduzido s em pulsações de luz,
que são fotograficamen te inscr itas na tira de filme em movimento. Quando
o filme é projetado, a faixa ótica pro duz diferentes intensidades de luz
que são convertidas de volta em impulsos elétricos e depoi s em on das
sonoras . A trilha so nora ótica do filme de 16 mm fica do lado direito
( 1.17), enquanto o filme de 35 rnm co loca a faixa ótica do lado esquerd o
(J.l 8, 1.19). Em ambo s os casos, o som é codificado como wna área va-
riável, um contorno ondu lado de preto e branco ao long o da tira fílmica.
A trilha sonora do filme pode se r monofónicaou estereoffmica.A tira
de 16 mm (1.17) e a primeira tira de 35 mm ( 1.18) têm faixas óticas mo -
nofônica s. O som 6Lic o eslereo fõn íco é registrado como um par de ra-
bisco s do lado esquerdo da tira (1.19). Para o som digital , uma sequ ência
de pontos e traços que seguem ao lado das perfurações do filme, en tre
elas, ou próximos à borda esquerda dos quadros, fornece as inform ações
de trilha sonora. O projetor verifica essas marcas como se estivesse len -
do um código de barras.
É estran ho pen sar que a nossa mem ória dos filmes que amamos tem
suas origens em algo aparentemente tão inerte quanto uma tira de celuloi -
de pe rfur ada. Com todo o se u apelo às nossas emoções e imaginação, o
cinema depende de materiais bastante conc retos e máquinas, sem os quais
16i'J
~ ...,,
k'i'J
k'i'J
ki:1-I
,t-l
,t'J
,.j
kti
ii,j .
1.17- Ofilmede16mm
é usado
tantoporamadores
quantoporprofissionais.
Aareavariável datrilhaso·
noraótica(p.43)ficadolado 1.20- Ofilmede 70mm, outrabuolade filmedelonga
metragem , foiulllizadoemespetaculos
hlstoricos
efilmml)l(OI
drrtlto.
deaçãonosanos1990. bradodeCllçadaao
Nesseexcerto, a,tu•
brovermelho (lhehuntfonedrxtober), umafaixa desommag-
néticoestereofónico percorre
ambasasextremidades datira
o diretor ficaria tão perdid o como LLmpintor sem tinta . Grand e pa rte da
arte que vamos examin ar nos capítulos seguint es d epende de como o
cineasta opta por usar a paleta de possibilidades que a tecnologia oferece.
, - ,.
cnmpulal1or que 1u 11- 10113 como um ~ensor tran\mitind .
o a inforrnaç·
ao
visual dlgirnlmcnlc, codificado como uma sérrc c~implcx~ de l.Cro~cUns,
p,1r,1 u m ,1 1•ll a d'1g1' t I di\cos cartões de memória ou disco, rígidos ()
,1 , · _ ·
ma tcna 1.1rma1c nado nessas mídia\ pode ser enviado para computado ..r
.. ••
ao hm d,1 fil 1 magcm, d •
nixando a mídia livre para ser ut1h1.adanovarnen
·
t~
. .
e111rnnan •, •do ,,ss' i in O alto cu\LO dos rolos de filme. Aqui tambéma
unid.idc de gravaç,\o que segura a fita e é fixada à câmera se pareceum
pouco com um Carregador de filme tradicional fixado a uma camerad•,
35 111111( 1.22).
1.22- Panavlsion
Genesls
, quefoiutilizadaemfilme s comoSuptrman- O,erama(Suptrman mums1
Umgravador
contendo
umafitacassetedigitalé fixado
à partetraseiraousuperior
dacamua.Afita arma-
zena50minutos
defilmagem
.
filmam em frequências por segundo mais altas.) Esses fatores con tribuem
para um a melhor qualidade de imagem e maior facilidade de transferên -
cia para o rolo de filme 35 mm , para lançamen to nos cinemas. Essas
câmeras também possuem sensores maiores por trás das lentes, captu -
rando imagens em alta resolução, que muitas vezes são aproximadamen -
te do mesmo tamanho que um quadro na película de 35 mm.
Como aco ntece com toda a tecno logia dig ital, a capacidade de arma-
zename nto em arquivos digitais está em constante au mento. A capacida -
de de gravação digital é medida cm pixeis (ab reviatura de pictwe elements
(elementos da imagem)), os min úsc ulos pontos que form am a imagem
eletrô nica nos televisores e mo nitores. Existem ago ra qua tro níveis de
resolução com umente ut ilizados para filmagem digita l profissional:
720 p, 1.080 p, 2 K e 4 K. Uma vez que a informaç ão t ransmiti da em cada
image m aumen ta tan to verticalm ente com o hori zont almente, cada nível
multiplica a resolu ção: 4 K não carre ga dua s, mas sim quatro vezes a
quanti dade de informação de 2 K.
A fórm ula 720 p é utilizada prin cipalment e em televisão e na distri-
buição de vídeo s HD pela internet. George Lucas encomendou à Sony
que fizesse um a câmera digital de alta qualidade para Guerra nas estrelas:
Episódio li - Ataque dos clones (Star wars: Episode li - Attack of the
clones). O formato utilizado é o 1.080 p, que se mant ém o padr ão mais
amplamente utilizado em Hollywood. A câmera digital que Michael Mann
utilizou em Colateral gravou imagens em 1.080 p. (Ver l.l.)
A empresa que introduziu a primeira câmera de 4 K, a Red One, en -
comendou a Peter Jackson um cur ta, Crossingthe tine, que foi utilizado
em 2008 como amostra em conve nções da indústria cinema tográfica.
Steven Soderbergh usou essa mesma câmera para fazer Che (2008), e a
tecnolog ia foi rapidamente adotada. Muitos alegara m que as imagens
4 K são iguais em qua lidade visual às de 35 mm e, embora a pesquisa
e o desenvolvimento de sistemas de 6 K estejam em curso, parece pouco
provável que a produção fílmica vá ult rapassar os 4 K num futuro pró -
ximo. Para começar, a exposição digital não se espalhou muito, e a maio -
ria dos projetores digitais são em 2 K ou menos. No mais, para além da
sexta fileira do cinema , a d iferença nos detalhes de Lun filme em 2 K ou
4 K não é visível a olho nu. Além d isso, filmar e projetar filmes em alta
resolução produz. uma quantidade assombrosa de dados que precisam
ser transferidos, manipulados e armazenados.
Durante a década de 1990,cineastas trabalhando com baixo orçamen -
to foram atraídos pelo baixo custo e pela flexibilidade do DV. Usando a
iluminação de um diretor de fotografia experiente, mesmo o formato de
vídeo doméstico pode fornecer um produto final atraente, como no caso
do filme de Spike Lee A hora do show (Bamboozled), filmado por Ellen
Kuras. Mas talvez mais importante ainda seja o fato de que o público
não perce ba deficiências na qualidade da imagem se a história for cati -
Por mais importante que a tecnologia seja, filmes também são parte das
instituições sociais. Às vezeso contexto social pode ser bastante intimis-
ta, como quando uma família registra suas vidas para mostrar a amigos
e parentes, mas filmes que visam o público entram numa gama de insti-
tuições mais vasta. Um filmenormalmente passa por três fases:produção,
distribu ição e exibição . Um grupo ou empresa faz o lilme, uma empre-
sa de distribuição aluga as cópias para cadeias de cinemas, e as salas de
cinema locais exibem o filme. Mais tarde, a versãoem DVDé distribuída
para as lojas da cadeia de cinemas ou para locadoras de vídeo, e passa a
ser exibida em monitores de TV, telas de computador ou aparelhos por-
táteis. No caso do vídeo sob demanda (VoD)e de muitos vídeos amado-
res, a internet serve como meio de distribuição.
Todo o sistema depende da existência de filmes circulando, por isso
vamos começar por considerar o processo de produção. A maioria dos
filmes passa por quatro fases dislintas:
A fase de roteiro e
financiamento
criar ideias para filmes. Ullll estúdio pode ainda contratar um produtor
para elaborar um pacote específico.
O produtor cuida do projeto durante o processo de escrita do roteiro,
obtém apoio financeiro e organiza a contratação do pessoal que irá tra-
balhar no filme. Durante a filmageme a composição do filme, o produtor
geralmente atua como um elo entre o escritor, o diretor e a empresa que
está financiando o filme. Depois que o filme é concluído, o produtor mui-
tas vezes tem a tarefa de organizar a distribuição, a promoção e o marke-
ting do filme e acompanhar o retorno do dinheiro investido na produção.
Um único produtor pode assumir todas essas tarefas, mas, na indús-
tria cinematográficanorte-americana contemporânea, o trabalho de pro-
dutor é subdividido. Produtorexecutivoé a pessoa que organiza o finan-
ciamento para o projeto o u obtém a propriedade intelectual (embora
muitos cineastas reclamem que o crédito do produtor executivo é por
vezes dado a pessoas que fizeram pouco trabalho de fato). Uma vez que
a produção esteja em andamento, o diretor de produção supervisiona as
atividades do dia a dia do diretor, do elenco e da equipe. O diretor de
produção é assistido por um produtor associadoque faz a ponte com os
laboratórios ou técnicos.
A principal tarefa do roteiristaé preparar o roteiro. Às vezes o escritor
mandaum roteiropara um agente,que o enviaa umaprodutora. Ou um
ro teirista experiente se reúne com um produtor para uma sessão de
pitching, na qual o escritor propõe ideias para o roteiro. A primeira cena
do filme de Robert Altman O jogador (The player) faz uma sátira de
sessões de pitching, mostrando roteiristas célebres propondo ideias bati-
das como "misturar Uma linda mulher (Pretty woman) com Entre dois
amores (Out of A/rica)''. Também pode acontecer de um produtor ter
uma ideia para um filme e contratar um roteirista para desenvolvê-la.
Essa abordagem é comum se o produtor comprou os direitos de um
romance ou de uma peça e quer adaptá-lo para a tela.
O roteiro passa por várias etapas, incluindo o tratamento,que é uma
sinopse da ação. Depois o roteiro é trabalhado em uma ou diversas ver-
sões extensas, e em uma versão final ou roteirode.filmagem.Retrabalhar
"Oroteiro
estdparaofilmemaisoumenos como
o texto diversas vezes é comum, e os escritores muitas vezes têm de se opartituraestáparaumconcertodemúsica dds-
resignar a ver os seus trabalhos reformulados inúmeras vezes. s/co.Existem pessoasqueconseguem ler uma
Os roteiros de filmagemtambémsão constantementealterados.Alguns portítura
muskal ebuvir'asinfonia,
masnenhum
díretores permitem que os atores modifiquem o diálogo, e os problemas diretorvtráasImagens exatamentedomesmo
na locação ou no set podem exigir mudanças na cena. Na fase de com- jeitoqueoutroaolero roteirodeumfilme.Os
padrões bidimensionais
deluzescoloridosímpli-
posição, as cenas do roteiro que foram de fato filmadas são frequente-
codos sãomuitomaiscomplexos doqueo linha
mente condensadas, reorganizadas ou inteiramente descartadas. unidimensional
dosom. •
Se o produtor ou o diretor considera o roteiro de um escritor insatis-
fatório, outros escritores podem ser contratados para revê-lo e a maioria - ArthurC.Clar
ke, corrote
irlsta,1001:Uma
dos roteiristas de Hollywood ganha a vida reescrevendo os roteiros de odisseia
noespaço
(1001:
Aspace odyssey)
outros escritores. Como seria de imaginar, isso muitas vezes gera confli-
to~ \obre qual csc:rilor (ou escritores) merece aparecer nos créditos
filme. Na indústria cinema tográfica norte -americana, os litígios são. do
gados pela Screen Writers' Guild (Sindicato dos Roteiristas). Jul.
Enqua nto o roteiro é escrito ou reescrito, o produtor planeja as fi
nan.
ças do filme. Ele procura um diretor e estrelas de maneira a fazer do
pacole um Investimento promissor. O produtor deve preparar um
. . 0 rça.
mento ,1pontanclo os custos acima da linha (custos relacionados a p
ro.
priedadc intelectual, roteiristas, diretor e elenco principal) e custos ab .
a,.
xo da linha (despesas com equipe técnica, elenco secundário, fases de
filmagem e composição, seguro e publicidade) . A soma dos custos acima
e abaixo da linha é chamada de c:ustonegativo(ou seja, o custo total para
a produção do negativo do filme). Em 2005, o custo médio do negativo
em Hollywood ficava em torno de USS 60 milhões.
Alguns filmes não seguem um roteiro completamente acabado. No
caso de documentários , por exemplo, é difícil ter um roteiro totalmente
desenvolvido de antemão. A fim de obterem financiamento, no entanto,
os projetos normalmente exigem um resumo ou um esboço, e alguns
documentaristas preferem ter um plano escrito, mesmo reconhecendo
que o füme irá evoluir ao longo das filmagens. Ao fazerem um documen-
tário de arquivo com imagens já existentes, os cineastas muitas vezes
preparam um esboço dos principai s ponto s a serem abordados pelo
comentário em voz overantes de escrever uma versão final do textoa ser
sobreposto à imagem.
A fase de preparação
o
1.25- Pré-visualiza;ãanimada .
deKingKong
A fase de filmagem
O seg11mio11 ssiste111
e de rfireçàofaz a ligação entr e o pri me iro AD e
•sevocê
perombu/orporumsetden!mogem sem
os câmeras e a equip e de eletr icistas.
tersidoconvidado,
comcertezaconheceráoas-
O terceiroassiste11t e de direçdo funciona como um men sageiro ent re sistente
dedireção,
porque provove/mentemó
o dir etor e os funcionário s. eleoteexpulsor
de/d.Strdoossistente
dedlreçdo
O preparador de diálogos sopra as falas para os atores e diz as falas gritondo:
'.4os
seuslugom!;'Siltncio noset!;
de per sonagen s qu e estão fora de campo durante os planos de outr os :4/moço- melohora!'e 'Por
hojeésó,pessoa//'.
arti stas. ( tudomuito
rituolístlco,
comootoquedeocordor
eotoquedesilêncionumabasemilitar;i11iton-
O diretor da segunda t1nidarle filma os dublês, as cenas em locação, tee,aomesmo, esrronhamentereconfortante.'
as cenas de ação etc. qu e estejam acontecendo em ou tro local qu e
não o da filmagem princi pal. - ChristíneVachon,produto
ra independente,
dedireção
sobreassistentes
A equipe mais visível é o elenco, que pode incl uir estrelas - atores
conhe cidos que recebe m os papé is prin cipa is e qu e provavelmente vão
atrair pú blico. O elenco tamb ém inclui atores coadjuvantes ou artistas
em papéis sec un dários, pontas efigurantes, pessoas anônimas que passam
na rua, se reúne m para as cenas de mul tidão ou ocupam as mesas dis-
tantes de gran des esc ritório s. Uma das principai s fun ções do dir etor é
dar forma à interpr etação do elenco. A maioria do s dir etores gasta boa
part e de seu tempo explicando como uma fala ou um gesto devem ser
executa dos, lembrando o ator do lugar que a cena ocupa no filme como
um todo e ajudando -o a criar uma interp retação coerente. O primeiro
AD no rmalmente trabalha com os extras e se encarrega de organizar as
cena s em que aparecem multidões.
Em alguma s produções , há funções ainda mais especia lizadas: dublês
são sup ervisionado s por um coordenadorde dublés, dançarinos profis-
sion ais trabalham com um coreógrafo.Se há animais no elenco , eles es-
tar ão sob os cuidados do treinador. Jáhouve casos de treinadores de
por cos (Mad Max além da cúpula do trovão [Mad Max beyond thunder
dome]), de serpentes (Indiana fones e os caçadoresda arcaperdida [Rai-
ders of the los/ arkl) e de aranhas (Aracnofobia[Arachnophobial).
Outra unidade de mão de obra especializa da é a unidadedefotografia,
cujo líder é o diretor defotografia, também conhecido como o cinematogra-
fista. O diretor de fotografia é perito em processos fotográficos , ilun1i-
nação e técnica cinematográfica, Vimos anteriormen te como os diretores
de fotografia de Michae l Mann, Dion Beebe e Paul Cameron foram
importantes para se chegar à aparê ncia desejada de Colateral(pp . 33-4).
O diretor de fotografia consulta o diretor para decidir como cada cena
será iluminada e filmada (1.26). O diretor de fotografia supervis iona o
seguinte:
•
Scanned with CamScanner
O cinema comoarte: Criatividade,tecnologiae negócios 59
A fase de composição
UM OLHAR DE PERTO
O aume nto d as produções coletivas, a pressão de plano ou uma cena em vídeo antes de passá-los
funcionários sindicalizados e outros fatores levaram para película.
os produtores a garantir que todos os que traba-
lharam no filme apareça m nos créditos . Enquanto Best boy: Termo provindo dos anos do estúdio clás-
isso, a espec ialização da produção de filmes em sico, originalmente aplicado ao assistente do gaffer
.
grande escala criou seus próprios jargões. Alguns Hoje em dia, nos créditos dos filmes podem cons.
dos termos mais pitorescossão explicados no tex- tar tanto o best boy eletricista quanto o grip boy,
to, mas aqui listamos outros com os quais talvez que é o assistente do maquini sta.
você se depare nos créditos dos filmes.
Colorista: Responsável por inspecionar o negativo
ACE: Após o nome do montador; sigla da American do filme e aju star a luz da impressora para obter
Cinema Editors , uma associação profissional. consis tênci a na cor do produto acabado.
quiteturais com base nas quais os cenários serão Paisagista:Integrante da equipe que escolhe e cwda
construídos. (2) lnt egrante da unidade de efeitos das árvores, dos arbustos e da grama das locações .
especiai s que fabrica maquetcs ou modelos cm
miniatura a serem filmados como substituto s de Pintorde arte:Integrante da equipe respon sável por
lugares, veículos ou personagens em taman ho pintar as superf ícies no set.
natural.
Pt1blicitário
, pttblicitárioda unidade: Integrante da
Fotografiaadicional:Equipe de filmagens separada equipe responsável por criar o material promocio-
da fotografiaprincipal,supervisionada pelo diretor nal para a produção . O publicitário pode organizar
de fotografia. entrevistas com o diretor e as estrelas para a TV e
a impren sa, e a cobertura da produção nos meios
Fotógrafode cena:Membro da equipe que tira foto- de comunicação de massa.
grafias das cenas e dos bastidores das filmagens, do
elenco e outros. Essas fotos podem ser utilizadas Segt1ndoassistentede câmera: Integrante da unida -
para verifica r a iluminação, a cenografia e a cor, e de de fotografia responsá vel por carregar e descar -
muitas são usadas na promoção e na divulgação do regar a câmera, catalogar os planos filmados e en -
filme. viar o filme para o laboratório .
Lead man: lntegrantte da equipe responsável por Sonoplasta:Técnico em efeitos sonoros, especialis -
manter o controle dos vários adereços e acessórios ta em sons de movimento de corpos, que são cria -
de decoração do conjun to. dos através do andar ou da movimentação de ma -
teriai s em grandes bandejas contendo diferentes
Marcadorde cena:Membro da equipe que opera a substâncias (areia, terra, vidro etc.) . O nome origi-
claquete que iden tifica cada tomada. nal em inglês, Foleyartist, vem de Jack Foley, pio-
neiro na pós-produção de som.
Montador de diálogo:Editor de som cujo trabalho
específico é assegurar que as falas gravadas sejam Técnicode dolly: Integrante da equipe que empurra
audíveis. o carr inh o que carrega a câmera , seja de um local
para outro, seja duran te uma tomada com a câme-
ra em movimento .
Modos de produção
f
... li ,,U
..
..
.... ......
grup o de pcs~oas podia tra balhar junt o film e após filme. Agora, e
, . d'
lilme é pl.incjado co mo um paco te d 1st1nto, com o 1retor, os atores
ada
run cionário~ e os técni co~ reunid os para cad a proje to individua l •
0
°'
túclio nodc orcreccr se us pr ópri os estúdi os, ce nários e salas para O e$.
,. . PrQ
jc to, mas na maioria dos casos o produt or organi za co m firmas estran
gci rus O forn eci mento de câ ~ cra s, se r~iço de bufê, locações, efeitoi
cspccinis e tudo o mais qu e seJa ne cessá rio.
Ainda assim, as fases detalh adas de produ ção per man ecem semelhan.
tes ao que eram no auge da produ ção em es túdi o. Na verda de, fazer filmti
tornou -se mu ito ma is complicado no s últim os anos, pri ncipalme nte elll
virtude da expan s:'lo elos on,:a1ucnto s de produ ção e <lo crescimen to de
efeitos especiai s gerado s po r computa dor: Titanic teve uma lista de mais
de 1.400 nomes cm seus crédi tos li nais.
Majors e 111i11
ors - fodo s os gran des dis tr ibuid o res pert encem a co rpo- ACESSE OBLOG
rações mu ltinaciona is do setor de entr etenim ento . A Tim e Warncr , po r Umexemp lo decomotalmuda
nçaafetao res
exemplo, é dona do s estúdi os Warne r Bros ., q ue produz e m e distr ibu em doemnosso
édiscuti
10 daIndústria textosobre
filmes e tamb ém gere n ciam em presa s sub s id iá rias como a Ncw Line acompra daNewUneCinem apelaWarnerBros.
Cinema , Picturchou.~e e Warner ln dependent Picturcs. Além disso, a Time em2008- "FillingtheNewUnegap'.Acesse
www.davídbordwel1.net/blog/?p=2983
.
Warncr detém o pr ovedor de inte rn et Ame rica Online (AOL,). O co nglo -
merado poss ui ainda trans missão de TV aberta e a cabo (CNN. 1-1BOe
Cartoon Network) , edi toras e revistas (Time Life,Sports Illustrated, Peo-
ple e DC Comics), gravado ras (Atlan tic, Elektra) , parqu es te máticos (Six
Flags) e times espo rti vos (o Atla nta Braves e os Atla nta Hawks). Como
as em p resas de di st ribu ição estão con stant emente compra n do e vend en .
do as em p resas , o quadro geral pod e mud a r d e maneira s urpreend e nte:
n o fin al de 2005, por exemplo , a DreamWork s 5KG, um a pr od ut ora que
era fort em en te ass oci ada à Univer sal, foi comprada pela Paramount ; e m
2008, a DreamWork s anunciou que estava deixando a Paramount pa ra
se to rnar uma empresa independente tendo a Un iversa l com o d istribu i-
do ra; logo após, no enta .nto, no início de 2009, revelou qu e s ua parceir a
d e dis tr ibuição seria , na verdade, a Disney.
C ineastas independente s e cineastas estrangeiro s normalment e não
têm acesso a financiamento direto das grandes empresas de distribuição,
por isso ten tam fazer a pré-venda do s dir eitos de distribuição , a fim de
financiar a produção . Uma vez concluído o filme, eles tentam atrair a
aten ção de distribuidores em festivais de cinema. Em 2005, após ter sido
muito b em rece bido pela c rítica no Festival de Cannes , Pontofinal -
Match Point (Match Point),de Woody Allen, foi selecionado pela empre sa
de distribui ção estaduniden se D rea.m-Works SKG. No mesmo ano , a pro-
dução s ul-africana Infânciaroubada (Tsotsi) ganhou o prêmio de escolha
do público do Festiva l Internacional de Cinema de Toronto e teve seus
direitos de exibição no s Estados Unidos comprados pela Buena Vista.
Di stribuidores especializados, como as empresas nova -iorquinas Kino
e Milestone, compram direitos de filmes est range iros e de filmes inde -
pendentes para alugá-los para cinemas de arte, faculdades e museus.
Conforme a audiência desse tipo de filme cresceu durante os anos l990,
gran d es distribuidores tentaram e ntrar nesse mercado. A Miramax, firma
independente, gerou um número suficiente de sucessos de baixo orça -
mento para ser comprada pelas corp orações Disney. Com o benefício do
financiamento da Disney e o maior alcance de distribuição, filmes da
Miramax como Pttlp Fíction - Tempo de vioMncla, Pllnico (Scream),
Shakespeareapaixonado (Shakespearein /ove) e Her6ipor acidente(Hero)
1.40- EmMdqulno
mortife,o
(letho
l weopon
),
saindo
deumcarrinh e
o dehotdog,Murtaugh
Riggs
passam porumcinema queestâexibindo
Osgaroto<
pPrdldos(ThtJostboys),outrofilmeda
Warner Bros
. (lançadoquatromesesantesde
Mdquino Aproem
mo,tlfero). inência damarca
Pepsié umexemp lo deproductplocement -
colocar
marcasconhecidasemumfilmeemtroca
depagamento ouserviçospromociona is.
OBLOG
ACESSE
Mesmo corridas
aoOscar sãoobjetodepublicí-
dade.Le,asobreasestratégias
empregadas
por
umestúdio o filmeSangue
paradivulgar negro
(There
w,11beblood)parao prémioem•1drink
yourOsca
r promo ~Acesse
www.davidbordwell.net/blog/?p =1959.
1.41- UmaturnêdeImprensa
noTePapaMuseum , emWelliogton
, Nova
Zelándia,
comopartedaprEffl:
rede OSenhor
dosAnbs:Oretorno
dorei(The
LordoftheRings:
Thereturn em1'dedezemb:o
of theking)
2003.
fonte:Screen
Dige
st
ACESSE
OBLOG
O s Estados Unido s são o mercado d e cinema mai s lucrativo, consti - Porqueoferecerdiversão àsmamãeseaosbe-
tuindo 32% das receitas d e bilheteria globai s (veja tabela). Por país, o bes?Inv estigamosissoem•womenandchil
dren
first".Acesse
Japão vem em segundo lugar, prin cipalm ente devido ao alto pr eço do s
www.davidbordwell.ne
t/blog/?p=2197.
ingresso s. Países da Europa O cid ental , da Ásia e do Pacifico vêm em se-
todas as vendas. Mais umn vez, apesar dos temores <los estúdios, mesmo
a chegada do DVD não afastou o público das salas de cinema.
Os principais esti'1dios norte-americanos fundaram as suas próprlas
divisões de entretenimento doméstico para vender DVDs.Como a cria-
ção dos discos custa menos do que a das fitas de VHS, os estúdios tiveram
grande lucro. Em 2007,os principais estúdios norte-americanos ganharam
cerca de USS9,6 bilhões cm salas de cinema de todo o mundo, enquan-
to as vendas e as locações de vídeos para uso doméstico renderam US$
24 bilhões. A maioria da receita do mercado de DVOs provém da venda,
que garante aos estúdios lucros muito superiores aos das locações.
Atualmente, apesar de o mercado de DVD sustentar a maior parte da
produção cinematográfica voltada para as salas de cinema, estas conti-
nuam centrais no sistema de exibição. Uma exibição em sala de cinema
concentra o i11teresse do público: os críticos fazem resenhas do filme, a
televisão e a imprensa o divulgam e as pessoas conversam sobre ele. A
exibição no cinema é a plataforma de lançamento do filme, que geral-
mente determina o seu grau de sucesso nos mercados auxiliares. Filmes
que são sucesso no cinema chegam a representar 80% das locações de
uma locadora de vídeos ou de um serviço da intern et.
Embora o público tenha crescido em todo o mundo durante os anos
1990, a maior parte desse crescimento se deu em novos mercados. A
frequência de público nos EUA e na Europa mostrou sinais de lento
declínio.As salas comerciais estavam competindo com os home theaters,
os vídeogames e o entretenimento pela internet. Desde o início dos anos
2000,os exibidores têm se preocupado especialmente com a diminuição
das janelas - o tempo entre o lançamento de um filme no circuito co-
mercial e o seu lançamento em DVDe outras plataformas.A preocupação
é que, se o DVD for lançado pouco depois da exibição nos cinemas, o
público simplesmente esperará por ele. Algumas firmas de distribuição
pequenas estão fazendo experiências com o lançamento simultâneo de
filmes em salas de cinema, DVD e televisão a cabo, uma prática que eli-
minaria a janela que protege os exibidores.
Um chamariz que os exibidores estão usando para manter a fidelida-
de do público é a construção de telas lmax em cinemas multiplex, onde
são exibidas as grandes produções dos estúdios nesse formato de imersão.
O expresso polar ('lhe polar express),O galinho Chicken LiN/e (Chicken
Little) e outros lançamentos conseguiram boa parte de sua receita em
Imax e fmax 3-0. Títulos das séries HarryPotter e Bntman também são
exibidos em cinemas Jmax e em cinemas comuns. O fato de os ingressos
para esse formato serem mais caros beneficia igualmente o exibidor e o
estúdio.
Além de usar a internet para promover filmes, Hollywood vende DVDs
através de empresas on-line como a Amazon.com. Estas oferecem uma
variedade muito mais ampla de títulos do que uma loja física, e o servi-
•• .
ço de ent rega~ alcança rcgwcs icn1 ·
otas e.losEstados Unidos e de
Outrh1
• 1• • 'stc
pníscsonde esse t 1po de ºJªnao cxi · Locações
.
de VVlJ também
Podelll
• • se rcnlizadas 011.(íne pelo Nctflix, que oferece locaço
· e1
~e, 1ucra11vas " , .
. d . di pagamentode uma taxa de assinatura. As grand
1Jimila as me an 1e 0 "
c:,ic.lciasele locação como a Bloclcbuster estabeleceram programassirn,
OBLOG
ACESSE
Muitosfilmesestâo dlsponlvelsnaInternetpara lares, além das lojas convencionais.
~l'l'mbaixados. legalouilegalmente. Issonáo 0 pa~soscguiit te dos estúdios foi eliminar o custo das cópias física~
.
querd1Zer quetodososfilmes estarãoon-line vendendo filmes para rlow11/oad ou cobrando locações via streamzng. A
algum dia.Conversamos sobrearazãoparaisso medida que acesso por banda larga aumenta em capacidade e lllaii
O
comdoisespecialistas emrestauraçao em' lhe
pessoas adquirem conexõesde alta velocidade, filmes de qualquerexten
celestial
multiplex ~Acesse
www.davidbordwe ll.net/blo
gflp=S9S.
siio podem ser disponibiliz.ados on-line. O vídeo por encomenda prorne.
te grandes lucros e a codificação digital pode ser usada para impedirque
os consumidores copiem os filmes. O objetivo dos distribuidores é criar
um sistema que dependa menos da compra ou da locação e maisda
aquisição de um serviço.
ACESSE OBLOG Para promover essa meta, o Netflix expandiu seu serviço e acrescen.
Paraalgumas reflexões sobreverfilmesemiPod , tou O recurso "Assista instantaneamente" ("Watch instantly"). Comopar.
veja"Area manlivesintear that attractive te da mensalidade dos clientes, eles têm acesso a cópias de filmespor
woman willaskwhat'sonhis iPod ~Acesse
streaming com qualidade quase igual à do DVD. Em vez.da longaespera
-w .davidbordwell .net/blogflp=40.
necessária para o download de um longa-metragem que poderá ser guar-
dado, os espectadores podem começar a assistir ao vídeo num minuto,
mas não podem gr:avá-lo nem fazer urna cópia. A Apple tan1bém temurn
serviço pela sua loja iTunes, cobrando o acesso a filmes cm streaming
ACESSE OBLOG para PCs, Macs, iPhones e iPods. Filmes recentes são disponibilizados
Conversamos sobrecapas de DVDspiratasem um mês após o lançamento em DVD, e há títuJos mais antigos disponíveis
•ourfim anniversa ry, witha noteontheunex- por um preço menor.
pectedfruítsof filmpírac( Acesse Apesar do rápido sucesso do formato, os DVDs também causaram
www.davidbordwell .net/blog /?p=13S1.
algumas preocupações aos distribuidores. Como os discos são fáceisde
copiar e de fabricar em grandes quantidades, a piratar ia deslanchou em
todo o mundo. Um DV D pirata de um filme de Hollywood podia ser
vendido na China .ao preço módico de US$0,80. Além disso, com quase
60 mil títulos disponíveis no final de 2005, o espaço físico nas prateleiras
era altamente disputado, por isso cadeias de descontos jogaram títulos
de venda lenta nas cestas de promoções. Os preços de varejo do DVD
começaram a cair. Os distribuidores tinham a esperança de que um novo
formato, o DVD de alta definição, parasse com a piratar ia e revigorasse
o mercado, persuad indo os espectadores a compra r seus títulos favoritos
mais vez. A longo prazo, eles esperavam que os consumidores começas·
sem a evitar as mídias físicas: muito melhor comprar filmes on-line e.
usando um dispositivo de convergência como O XBox 360 ou o Playsta·
tion, vê-los no monitor de televisão da família. Porém, então, a salade
cinema estaria ainda mais ameaçada.
O vídeo de uso doméstico cm todas as suas variedades leva os fil mes
comerciais para dentro de casa. Um out ro tipo impo rtante de exibição
1.46 - Orogr,,t
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lltt 19Sl)A~. noinkio,d,p,ndil fortemefltt
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RESUMO
A arte do cinema depende da tecnologia, desde os tir da tecnologia e dos processos de trabalho e·
• inea\
primeiros experimentos com movimento aparente tas criam uma experiência para o público e
• par
ao~ programas mais avançados de computador. chegar lá, precisam tomar clecisõescom relação
Também depende das pessoas que usam a tecno- forma e ao eslilo.Que opções estão disponíveis·
para
logia, que se reúnem para fazer filmes,distribuí-los eles? Como os cineastas organizam o filmecomo
e exibi-los. Desde que um filme seja voltado a um um todo? Como usam as técnicas do meio? Aspró-
público, por menor que seja, ele entra na dinâmica ximas duas partes do livro fazem um levantamen.
~ocialde produção, distribuição e exibição. A par- to das possibilidades.
A produção de Colatera l
Nosso estudo de caso, a produção de Colateral,de- in the dark for Collateral:Director Michael Mano
riva em parte do making-of "City of night: Toe re-invents digital filmmaking",de Daniel Restuccio
making-of Collaterar:um documentário de 39 mi- (findarticles.com/p/artides/mi _mOHNN /is_8_19,
nutos que cobre as decisões sobre a filmagem em ain6171215/pg_l, edição de agosto de 2004).
vídeo HD, a iluminação no interior do táxi e a tri-
lha sonora em três movimentos que acompanha o A ilusão do movimento cinematográfico
clímax do filme. O documentário e as filmagens
dos atores ensaiando e sobre os efeitos especiaisda Por cerca de 80 anos, escritos sobre cinema susten-
sequência final podem ser encontrados no DVD taram que vemos movimento em filmes devido à
(DreamWorks 1-fomeEntertainment n• 91.734; o "persistência da visão".Hoje, nenhum pesquisador
DVD foi produzido exclusivamente numa versão de percepção aceitaria essa explicação.Váriospro~
letterbox). cessos ópticos estão envolvidos, como indicamos
O artigo "Hell on wheels':de Jay Holben, publi- nas páginas 39-40,principalmente a fusão do efei-
cado na American cinematographer(pp. 40-51 na toflicker [cintilação] eo movimento aparente.Mab
edição de agosto de 2.004),foca nas câmeras usadas especificamente, os estímulos num filme repre-
na produção e na iluminação. David Goldsmith sentam o movimento aparente de curto alcance,no
descreve a versão original do roteiro, situado em qual mudanças em pequena escala provocamati\'Í
NovaYork,em "Collateral:Stuart Beattie'scharacter- dadc em diferentes partes do córtex visual.O nio·
driven thriller• (Creative screenwrili11g,J 1,4 [2004], vimento fllmico se dá no cérebro, não na retina
pp. 50-3). Dois artigos 011-lí11e sobre as decisões Para uma explicação dessas ideias, e uma critica
artísticas e o estilo do filme ~ão "! low DP Dion detalhada da explicação tradicional, ver Josepht
Beebeadapted to HD for MichaelMann'sCol/ateral" Barbara Anderson, "Toe myth of persistenceof vi-
de Bryant Frazer,no site da lnternational Cinema: sion revisited': no Journal of film n11dvídeo,45, 1
tographers Guild (www.cameraguild.com/inter- (primavera, 1993),pp. 3-12, disponível on-lineem
Vtews/chat_beebe/beebe_collateral.html), e "Seeing w w w.uca .ed u/ org/ ccsm i/ ccsm i/ classicworkl
myth%20revisited.htm.
As raízes na tecnología T/ie size of t/1oughts (Nova York, Vint age, L994).
pp. 36-50. Brian McKernan for 1ece uma visão gera l
Andr é Bazin sugeriu qu e a raça hum ana sonh ava da introdu ção e do desc nvolvh1en to da tecno log ia
com o ci nema ant es de ele realmente surgir : "O digital em Digital cinema: Tire revolution 111 cine-
concei to que os hom ens tinham do ci nema existia, matography,post-prod11 ctio11
, anddistribut10
11(Nova
po r assim d izer, compl etamen te montado em suas York, McGraw-Hill, 2005).
mentes , como , um paraís o platônico" ( W/wt is ci-
nema?, vol. 1. Berkeley, University ofCalifornia Press, Distr ibu ição e exibição
1967, p. 14). Ainda assim , quaisq uer que seja m seus
antecede ntes na Grécia antiga e na Renascença, o Para levantamentos abrange ntes dos principa is pro-
cinema só se torno u tec nicamente possível no sé- vedore s de cont eúd o de hoje. veja Benjamin M.
culo XIX. Compain e e Douglas Gomery, Whoowns the media?
Para existir, o cine ma depend eu de um núme ro Cornpetition attd concet1tratio11
111the mass media
de descobertas em campos da ciência e da indústria: industry (Mahwah, NJ, Erlbau m, 2000) ; Barry R.
na óptica e na fabricação de lente s, no cont role da Litman, The motiott picturemega-ind11stry( Boston.
luz (especialmente atr avés de lâmpada s de arco) , Allyn & Bacon, 1998); e Edward S. Herman e Robert
na qu ímica (especialmente a produ ção de celulose), W. McChesney, TI1eglobal media: The new mimo -
na produ ção de aço, nas máqtúna s de precisão e 11aries
of global capitalism(Londres, Cassell, 1997).
em outras áreas . A máquina do cinem a é próxima Edwa rd J. Epstc in oferece uma excelente visão
de outras máq Jina s do período. Por exemplo , en - geral das atividade s das prin cipais distribuidoras
genheir os do século XIX desenvo lviam máqu inas em Tiie big pict11re:The 11 ew logic of money and
que int ermi tentem ente desenro lavam, avançavam, power itt Hollywood (Nova York, Random 1!ouse ,
per furavam , avan çavam novament e e enrolavam 2005) . The Hollywoodstudio system: A history. de
uma faixa de material numa velocidade con stante . Douglas Gomery (Londr es, British Film lnstitute,
O mecan ismo de movim ento em câmera s e proje- 2005), tr aça a his tória das distribuid oras, mostran ·
tores é um desenvolvimento ta rdio de uma tecno - do suas raí.zesem estúdios verticalmente integrados,
logia que já era po ssível na máquina de costura , no que cont rolam tam bém a produção e a exfüição.
telégrafo e na metralhadora. As origens do filme no Sobre frequ entar cinemas , veja Bruce A. Austin ,
século XIX,baseado em proce ssos mecân icos e quí - Trnmediate seating: A look at movie t1udiences (Bel-
m icos, são particularmente evidentes hoje, j á que mo nt, CA, Wadsworth , 1988}; Gregory A. Waller
estam os acostumado s à mídia elet rôni ca e digital. (ed.), Moviegoi1g1 in America: A sourcebook in tire
Sobre a his,ória da tecno logia do cinema , veja history offilm exhibition (Oxford, Blackwell, 2002);
Barry SaJt, Film style and teclmology: History cmd e Richar d Maltby. Melvyn Stokes e Robcr l C. Allen
analysis (Londres, Starword , 1983); e Leo Enticknap , (eds.), Going to the movies: Holly woodand tiresocial
Moving image technology: Fromzoetrope to digital experience of cinema (Exeter, Univers ity of Exeter
(Lond res, Wallflower, 2005). Do uglas Gomery des- Press, 2007}; Shared plensures· A history of movie-
bravou a história econômica da tecno logia do ci - going in America, de Doug las Gornery (Madison,
nema: para um levantamento , veja Robert C. Allen University of Wísco nsin Prcss, 1992), oferece um a
e Dougla s Gomery , Fil,n history: 71reory and prac- história da exibição nos EUA.
tice(Nova York, Knopf , 1985). O livro de referência
mais comp leto sobre o assunto é de Ira Konigsberg , Estógios da produção do filme
The completefilm dictionary (Nova York, Penguin ,
1997). Uma apreciação divert ida da tecnologia do Um bom levantament o da produ ção é The fi lm-
cinema é "The projecto r•: de N icholson Baker, em maker's handbook, de Stepben Asch e Edward Pin-
cus (Nova York, Plumc, 1999). Sobre o produlor, Wlwt I really wcwt lo do is dtrecl de B'll .
1
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York.S1.M,trtnú Press, 1991), e o relato argulo de escola de cinema tentando rcaliiar ~eusfil · '
Lynd,1Obst, Hdlo. l1t'lird (Nova York, Broadway, .
ba1xo Ch . . llles,
orçamento. ns tmc Vachon prod
• Utora
l<l9t,). Art L111so 11, produtor de Os 111toc1h•cis (Tiic Mcnmos 111iochoram (Boys don't cry) e 1
. -OIJge
e Clubedt1/11111(F1g/1t c/ub), escreveu
1111t<lllrli,1l>/t's) para(so(E-arfrom heaven), compartilhaseus
ll!s1
g1
doi~ livros interessantes sobre seu papel: A pound em Sliooting to kill (Nova York,Avon, 199&).V~
,,f/ksli: Pcriloustales of lrow to prod11cemovics i11 1ambém Mark Polish, Michael Polish e Jonath
Hol/p1·oorl(Nova York, Grove Pres;, 1993) e Wlrat Sheldon, The declarationof independenrfilmmak,a,
111st liappe11ed? BittcrHollyll'oorltnfosfro m lhefro 11I A 11 1ns,'tier 's gu,'de to mak'mg movie.souts,deof Ho/.~l
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plicados em 11u film tlireclor's leam: A praclical and 11ever lost a dime (Nova York,Random Hou
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guidc ro producrio11managers, ,w istant directors, 1990), Roger Corman revê sua carreira no cinem a
,md al/_filmmakcrs, de Alain Silver e Elizabeth Ward exploitation. Uma amostra: "Na primeira met.id e
(Los Angeles, Sihnan-James, 1992). Para um levan- de 1957 eu capitalizei as manchetessensacionalista;
tamento sobre direção, veja Tom Kingdon, Total que seguiram o lançamento do satélite rusboSpur -
directi11g:Integrating camera and perf ormance in nik... Filmei War of the sate/iitesem menos de dei
film and televisio11 (Beverly Hills, C A, Silman-James, dias. Ninguém sequer sabia como era a aparênm
2004). Muitos livros sobre making-ofincluem exem- do satélite, era como eu dizia que ele devia parecer'
plos de stc0ryboa rds; veja também Steven D. Katz, (pp. 44-5). Corman tamb ém fornece a introdução
Film direding shot by shot (Studio City, CA, Wiese, de Ali I needed to know aboutfilmmaki11gI learned
1991). Sobre cenários e design de produção, veja from the Toxic Avenger: Tiie shockingtme s/QryoJ
Ward Preston, \\1/tat an art director does (Los An- Troma Studios, de Lloyd Kaufman (Nova York.
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handbook, de Norman Hollyn (Los Angeles, Lone de clássicos da Troma, como The classof Nukúm
Eagle, 1999), oferece um relato detalhado de pro- Highe Aqui caiu 11mwmbi (Chopperducks m Zom-
cedimentos de edição de som e imagem. Métodos bietown). Veja também as entrevistas reunidasem
baseados em computador são discutidos em Gael PhilipGaiJ1ese DavidJ. Rhodes, Micro-bruiget Hol/1-
Chandler , Cut by cut: Edíting your jilm or video wood: Budgeting (anti maki11g)fe,1t11re fi/m; Jor
(Studio City, CA, Michael Wiesc, 2004). Uma gama $50,000 to $500,000 (Los Angeles, Silman-lame,.
variada de funções, de diretor assistente a coorde- 1995).
nador de reposição de boca ou bico, é explicada John Pierson, produtor, distribuidor e obsena-
pelo, próprio s trabalhadores em Barbara Baker,Lei dor de festival, explica como O balconista,Elnqim
checredits ro/1:J11t erviews withfi/111crew (Jefferson, ludo (Slie.'sgottn linve it), Sexo, mentirase videolil·
NC, McFarland, 2003). pe (Sex, /ies,md vídeot11pe) e outros filmes de bruxo
Várioslivros explicam como filmesindependen orçamento tiveramsucessoem Spike, Mike.S[arkeri,
tes são financiaoos, produzidos e vendidos. Os mais and Dyke.s(Nova York, Hyperion Press, 1995).Cirie·
abrangenle s são David Roscn e Peter Hamilton , ma of oulsiders: The rise of A111 ericm1i11depemftr1I
Off-Hollywood: The making nnd marketing of inde- film, de Emanuel Levy (Nova York,New York Uni·
vcrsity Press, 1999), ,,ornc ce um levantamettt
0
pendentfilms (Nova York, Grove Weidenfeld, 1990), .
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,md m,1rkcling:/\lir,1111,1)..111dlhe devclopmcnt nf lnlervicws from posr script (Albany, Suny Press,
1hr q1mlityindk hl1Kkbu,tcr",Pi/111 Q11t1rtrrly r,5, 2 2004}. Paul Cronin reuniu os cscritM de Alexander
(inverno. 2001 200:!}.pp . .'O 9 Mackcndrick em 011 filmmaki11g(Londres, Faber
Podemo~ ,1pr,:ndl'rha, 1,rn1c,obre produç.io de & Pabcr, 2004},um ótimo diretor e um professor
c~tudM de ca,o. \'eia Rud)• Bchlmcr, A1111•1 ·1rn's {a soberbo, e o livro oferece conselhos eficazes sobre
Bchi11drlwS(rncs (Nova Y11rk,
mrilt' 11101•1cs: Ungar, todas as fases da produção, desde o roteiro ("Use
t ~82};AIjean l larmetz, 7111· 11111/,111g
-cf "'/11.:wizard co111cidências para gerar problemas para as perso-
of O::" (Nova York, Llmclight. 198•1}; )ohn Saylcs. nagens, não para solucionà-los"), até a edição ("A
in pift11rcs:711«!
771i11ki11g 11111ki11g-c!f
rlll'111ovic "M111e - geografia da cena deve ser imediatamente aparen-
w1111" (Boston, Houghton Mitllin. 1987); Ronald te para o público"). YcJatambém Laurent Tirard,
Haver. "A st11r1súorn": Tlir 11111ki11g-ofrhc 1954 1110- Moviemakers'master class:Private lessonsfrom the
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Stephen Rebello, A/fred Hitchcocknnd tire mnking- 2002). Alguns diretores importantes escreveram
of "Psycho"(Nova York, Dembuer, 1990};Paul M. livros sobre o seu ofício, como Edward Dmytryk,
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SLMartin's, 1998).J\lonster:Livingoff lhe bigscreen, Knopf, 1995}; e Mike Figgis, Digital filmmaking
de John Gregory Dunne (Nova York,Vintage, 1997), (Nova York, Faber & Faber, 2007).
são memórias dos oito anos passados reescrevendo Rick Lyman teve a ideia intrigante de pedir a
o roteiro que se tornou Íntimo e pessoal ( Up close um diretor ou a um artista que escolhesse um filme
and perso11a/}.Muitas das produções de Spike Lee e comentasse a respeito dele ao assisti-lo. e o resul-
foram documentadas com diários e notas de pro- tado está em Watchingmovies: The biggestnames
dução, como, por exemplo, "Do the right thing":A in cinema talk about t/1efilms that matter most (No-
SpikeLeejoint (Nova York,Simon & Schuster, l989). va York, Henry Holt, 2003}. Veja também Mark
Para a cena independente, Shooting to kill, de Va- Cousins, Scene by scene: Film actors and directors
chon, mencionado acima, documenta a produção diswss their work (Londres, Laurence King, 2002}.
de Ve/vetGoldmine, de Todd Haynes.
Roteiroe regras
A palavra dos cineastas
Na produção em massa do cinema, é esperado do
Liv ros reunindo entrev istas com cineastas se tor- roteirista que siga padrões tradicionais de narrativa.
naram comuns nas últimas décadas. Mencionare- Por várias décadas, Hollywood tem pedido roteiros
mos entrevistas com designers, diretores de foto- sobre personagens centrais que se empenham para
grafia, montadores , técnicos de som e outros nos alcançar metas bem definidas. Segundo a maioria
capítulos sobre cada técnica, O diretor, porém, su- dos experts, um roteiro deve ter uma estrutura em
pervisiona todo o processo, então listaremos aqui três atos, com o clímax do primeiro ato acontecendo
algum dos melhores livros de entrevistas: Peter no primeiro quarto do filme, o clímax do segundo
Bogdanovich, Who the devi/ mnde it (Nova York, ato, no terceiro quarto, e o clímax do terceiro resol-
Knopf, 1997); Mike Goodrich, Directing (Crans- vendo o problema do protagonista. Os roteiristas
Prés-Céligny, 2002); Jeremy Kagan, Directorsclose também devem incluir viradas,isto é, acontecimen-
up (Boston, Focal Press, 2000);Andrew Sarris (ed.), tos•chave que impelem a ação para novas direções.
lnterviews with film directors(lndianápolis, Bobbs- Taisfórmulas são discutidas em Syd Field,Screen-
Merrill, 1967); e Gerald Duchovnay, Film voices: play: Thefoundatio11so/ screenwriting(Nova York,
Odta, 19-9): Linda Seger,,\lakmg a good scriptgreat Press, 2002). Stan Brakhage reflete sobrea
suaab
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1\'nti11g
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sdl (Nova York,HarperCol• (Ncw PaltL, NY, Documentext, l 9R2) Pa . gs
· ra 1nfo,
lins, 1988). Krislm Thompson argumenla que mui mações sobre outros realizadore\ de cinem
. . a CXJ>t.
tos filmes possuem não três, mas quatro partes nmenta l, veia Scott MacDonald, A critica/ e·ure11ra,
principais, dependendo de como o protogonisla /11/erl'Íewsw1tlt111dependent jilmm11ker5(Berke] ·
define e muda as metas importantes; veja Story• University of California Prcss, 1989). ey,
telling in rlie11ew Hollywood:U11ders1,111ding classi• A produção coletiva de filmesé estudada em BiU
cal 11arrati1·eted111iquc(Camb ridge. MA, Harvard Nichols, Newsreel:Doc11me11tary jilmmaking on tht
University Press, 1999), e também David Bordwell, American left (Nova York, Arno, 1980), e Michael
111eway Hollywood rcllsit: Story and style i,1 mod· Renov, "Newsreel: Old and new - Towards anhis.
em movie.<(Berkeley,Unt\'ersity of Calilornia Press, torical prolik'; Film Quarre, ly 4 I. 1 ( outono, 19871
2006) . Livros mais antigos mas ainda úteis são Eu- pp. 20-33 . A produção coletiva de filmes e outra;
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York, Grosset & Dunlap, 1972), e Lewis Herman , A dia: 711e política/ experience of alternativecommu.
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and televisionfi /ms (Nova York, New American Li• O movimento DIY ["façavocê mesmo"] temse
brary, 1974). desenvolvido principalmente na interneL Visite 0
O cineasta J. J.Murphy identifica e examina con• site do DlY Film Festival, www.diyconvention.com,
venções singulares em roteiros independentes em e o do 48 Hour Film Project, www.48hourfilm.com.
Me and you and Memento and Fargo:How indepen• Muitos dos filmes pod em ser vistos no própriosrte
dent screenplays work (Nova York, Continuu m, ou no YouTube, onde se deve procurar "DJYfilm•
2007). ou "48 Hour Film Projcct" para encontrar milhares
Reger Ebert fornece uma coleção interessant e de resultados. Para uma lista das cidades que e.li•
de convenções narra;ivas já desgastadas em Ebert's bem filmes do 48 Hour feitos localmente, visite
littte movíe glossary (Kansas City, Andrew s & Me• en.wikiped ia.org/wi ki/4S_Hour_Film_Project. A
Meel, 1994 ). Aprend a sobre "Toe fallacy of the Nova Zelândia tem a sua versão do projeto,48Hour~
talking killer" e "Toe Moe rule of bomb disposal''. www.48hours.co.nz, e filmes desse festivalpodem
ser encontrado s no YouTube ao buscar •48 Hour
Produções em pequena escala New Zealand ".
Fxi~tem poucos estudos sobre produções artesan ais Fotos de cena [sti llsl da produção versus
e coletivas, mas existem algun s trab alhos informa- fotogramas ampliados
tivos. Sobre Jean Rouch, veja Mick Eaton (cd.), An ·
thropology - reality - cinema: The fi lms of Jean Um filme pode viver na nossa memória como fo·
Rouch (Londres, Brilish Film ln stilute, 1979). Os tografi as ou através de nossas experiências aoas·
realizadores de Harlan County, U.S.A. e de outro s sisti-lo. A foto pod e ser apenas uma cópia de uJII
lia·
documentários independent es discutem seus mé· quadro do filme, os chamados fo togramas amP
todos de produção em Alan Rosenthal , Tl1e doeu• dos, mas a maioria das fotos de filmes que veJUoS
mentary conscience: A casebook in film making em livros e revistas sâo fotos de cena, irnagenscW
(Berkeley, University of California Press, 1980). O turadas por um fotógrafo no sei de filmagem .
· data!
trabalho de Maya Deren é analisado em P.Adams Fotos de cena são fotograficamcnte mais .5
Sitney, Visionaryfilm: Tlie american avant-garde, er útei
do que os fotogramas ampliados, e podents . 0
I 943·20 00 (3• ed.) (Nova York, Oxford University . fi ur1n '
para estudar detalhes do cenário ou do g
1.58 - UmfotogramaampliadodoA,egrodoiogo
.
A medida que pr,· visua lizações se tornam mais llellboy tr· O exército dourado (] TellboyIT: The
extrn, do, DVD wmcçan, a incluir se-
.:011n111s, lh golden army) contém um longo documentário de
leções: "Prcvisua li2atio11",no disco Gucrrn dos ,111111- 11111king of intitulado "Hellboy: ln service of the
dos (,1nJ._.o, ,111i1111llh-s
,1p,1reccm numa tela divi dcmon': que tíazmenção à maioria das fases da pro-
dida, ao ladll das cenas finali1adas), 1111111wlin
para dução. Piratas do Caribe:O l1a1Ída morte (Pirates
cada parle de O Senhor ,los A11éise a entrada de of tlie CC1ribbean: Dead 111a11's
chest) contém dois
"Day 27: Prcvbuali1ation" cm King Ko11g:Pcter extras detalhados e ~urpreendcntcmente francos:
jockso11~prorf11ctio11 bc in como uma feot11-
d111rics, "Charting thc return", sobre a pré - produção, e "Ac-
ret1esobre pré-v1sualização, "111c making -oí a shot: croding to p lari", sobre a fotografia principal. A
Toe T- Rex fight" (incluin do a ce na em 1.26). bússola de ouro (The golden compass) traz uma sé-
O marketing de um filme raramente é descrito rie de documentários que são muito mais interes -
no DVD, além do fato de que troilers e põsteres santes do que seus títulos sem graça sugerem. "Fin -
acompanham a maioria dos discos. Há casos raros cling Lyra Belaqua" retraça o processo de ~eleção
de cobertura do fotógrafo de set tirando fotos para de atores em vez de simplesmente mostrar as fitas
publicidade no sei: "Taking testimonial picturcs'; de audição; "Toe launch" trata brevemente da pro-
em Os reis do iê, ié, iê (A hord day's night) e "Day moção do fi.lme e até entrevista o produtor de
127: Unit photography" (King Ko11g: Peter/ackson's promoção. Outros mnking-ofs úteis são "Deciphe-
productiondiaries). Esses do is DVDs incluem ainda ring Zodiac': do filme Zodíaco (Zodiac), e "! am
"Deali ng with men from the press': uma entrevi sta Iron .Man''.de Homem de ferro.
com o publicitário dos Beatles, e "Day 53: lnterna - Para mais detalhes sobre os extras recomenda-
tional press junket'; no qual o publicitário da uni- dos neste livro, veja "Beyond praíse: DVD supple-
dade de King Kongacompanha l lm grupo de repór- ments thal really tell you something" em www.
teres pelo sei de filmagens . davidbordwell.net/blog/?p= 1339, e "Beyond praise
Em geral, os discos de KingKong:PeterJackson's 2: More DVD supplements that really tel1 you so-
prod11ctiondiaries abordam vár ias das especificida- mething " em www.davidbordwell.net/blog/?p=4DO-I.
des cinematográficas e de distribuição que men- Sobre o DVD de O código Da Vinci, discutido no
cionamos neste capítulo: "Day 25: Clapperboards", blog,veja "A.nother little Da Vincicoe/emystery" em
"Day 62: Cameras" (onde os operad ores de câmera www.dav idbordwell.net /b1og/?p=224. Mais posts
trabalhando ao set abrem suas câmeras para mos- desta série serão adicionados ao longo do tempo.
tra r comoelas funcionam), "Day L13: Second unit"
e "Day 11O:Global partnc r summit '; sobre marketing
cinematográfico íeilo pela d istr ibu idora.
Agnes Varda adic ionou um magnífico ensa io
sobre cinema no making-of de Sem teto nem lei
(Sans toit ni /oi) disponivel no DVD francês. (Tan-
to o filme quan to os extras têm legendas em inglês.)
O maki11g-ofenvo lvente e pessoal da diretora Var-
da cobre a produção, o marketing e a m ostra de Sem
teto nem lei em festivais de cinema inte rn acionais.
Varda também preparou umafent urette' carinhosa
sobreo filme de seu esposo Jacques Demy Duns
garotas romdnticas (Les demoiselles de Roclrefort, °'" Filmede metragemmédiaou curta,muitasvezesaparecendo
1967), d isponível no DVD lançado pelo British Film como bónus em DVDs,versandosobre aspectosdiversosda
Institut e. produção de um filme.(N. do R. T.)
O Capítulo 1 descreveu algumas maneiras pelas quais pessoas, trabalhando com tec -
nologia, fazem filmes. Agora, podemos pensar de maneira um pouco mais abstrata e
colocar outras perguntas . Por quais princípios um filme é composto? Como as várias
partes se relacionam entre si para criar um todo? Responder a essas perguntas nos
ajudará a entender o modo como reagimos a filmes individuais e como o cinema
funciona enquanto um meio artístico.
Nos próximos dois capítu los, vamos começar a responder a essas perguntas. Vamos
partir do priJ1cípio de que um filme não é uma compilação aleatória de elementos. Se
fosse assim, os espectadores não se importariam se pedessem o começo ou o final
dos filmes ou se estes fossem exibidos fora de sequência . Mas eles se importam. Quan-
do descrevemos um livro como "difícil de largar" ou uma música como "cativante~
queremos dize r que há ali um padrão, que alguma lógica geral controla as relações
entre as partes e pren de o nosso inte resse. Esse sistema de relações entre as partes é o
que chama remos de form a. O Capítulo 2 examina a forma no cinema para verificar o
que faz desse conceito algo tão importante para a compreensão do cinema como arte.
Embora existam d iversas mane iras de organizar ti.lmes em conjuntos formalmente
uníficados, a mais encont rada envolve o contar uma história. O Capítulo 3 examina
como a forma narrativa pode despertar nosso LJ1
teresse e t1os levar a seguir uma série
de eventos do começo ao fim. A forma narrat iva mantém a expectativa de que esses
eventos passarão por m udanças dramáticas e chegarão a u m resultado satisfatório.
A forma artística pode ser mais bem pensada na relação com o ser hu -
mano ciue assiste a uma peça, lê um romance , ouve uma música ou as-
siste a um filme. A percepção, em todas ns fases da vida, é uma atividade.
Andamos na rua sondando aspectos no nosso redor que saltem à vi>ta:
um rosto amigo , um ponto de referência familiar, um sina l de chuva. A
·R<>ltl~s
sãoestruturos.
• mente nunca dcsrnnsn ela esl:I sempre buscando ordem e 'l'"ll d,,
tcstnndo o numclop,1rnver se há 4uchr:1,no padrão habitual,
- WIiiiam Goldman,ro"lrlsta.
Burch
(ass/dy As obrns de nrtc dependem dessa qualidade dlnfimlca e unificado,
(Blllch(omdyandthtSundanct
K,d)
da mente humana, l!las oferecem ocasiões organizada, nas <1u,1i.excr,i
tamos ~ desenvolvemos 110:.sacapacidade ele prc,l,tr atenção, prcv,,
eventos futurn,, construir um todo n pari Ir de partes e ter uma rcaçã,,
cmoci<>nnl n esse lodo. 'lhdo romance lilcrár,o dá espaço para d imag,
nação; uma ,míslcu no, foi esperar determinado desenvolvimentod,
melodio, um filmenos lc1•a a conccwr as sequências formandoum lod,,
m11lor.Mas como funciona esse processo? Como um objeto inerte_
0
poema num pedaço de papel ou uma esc ultura num parc1uc nosen
volve nesse tipo de atividade?
Algumas respostassão claramente inadequadas. A atividadeque de
senvolvemos não pode estar"" obra de arte especificamente. Umpoema
nada mais é do que palavras 110 papel, uma música não passade vibraçôts
acústicas,um filnieconsistemeramente de padrões de luz e sombranuma
tela, Objetos em si não executam nada. 1:evidente, então, que a obrade
arte e a pessoa que a vivencia dependem uma da outra.
A melhor resposta para a nossa pergunta parece ser que o trabalho
artístico nos dá pistas para executar uma determinada atividade. Sema
inspiração do trabalho artístico, não daríamos inicio ao processo, nemo
continuaríamos. Se não nos envolvemose coletamos essas pistas, a obra
de arte permanece um artefato. Numa pu1l1.1ra h:I cores, traços e outras
técnicas que nos convidam a imaginar o espaço retratado ou a correros
olhos sobre a composição numa certa direção. As palavrasde um poema
podem nos guiar a imaginar uma cena, perceber uma quebra oo ritmo
ou esperar uma rima.
Como uma pintura ou urn poema, um filme faz uso dessttspistas para
nos envolver.No início de Colateral(Collateral),o taxista Max é mostra·
do limpando o painel e o volante de seu táxi antes de sair para o turno
da noite. Ele então prega cuidadosamente uma foto no quebra-sol do seu
carro e por um momento simplesmente contempla a paisagemnocartão•
postal de urna ilha tropical. Essesgestos nos levam a perceber Maxcomo
uma pessoa limpa e organizada, e também sugerem que, em meio ao
turbilhão da cidade, ele estabelece par;,1si mesmo um espaço mental
Lranquilo.As pistas da próxima cena reforçam 11ossapercepção sobreo
caráter de Max: enquanto um casal discute no banco de trás, ele baixa
o quebra-sol e olha para a vista da ilha, como se quisesse se fecharpara
os aborrecimentos aLrásdele.
Podemos continuar descrevendo a maneira ,01110 uma obrn de arte
nos dá pistas para executar atividades, pistas essas que não são simples·
mente aleatórias,massim organizadas em sistemas.Em qualquersistema,
os grupos de elementos afetam uns aos outros. O corpo humano é unt
sistema desse tipo: se um componente (o coração, por exemplo) parar
Mu1t,1s vezes pensa -se a "for ma" como o nposto de algo ch;imad,
"conteúdo ~ Isso suge re que um poema, uma mú~ica ou um filrnc '~"
como um jarro. Uma forma externa, o jarro, contém algo (tue poderia
estar 1gualmenl c con tido numa xícara ou num balde. Com ba e ..
supo sição, a forma se torna menos imp ortante do que aquilo que ,,
0 ,.,
presume qu e ela contenha.
Não concordamos com essa supos ição. Se a forma é o ~istemd lotai
que o espe c 1ador atribui ao filme, não existe algo interno ou rxtern1>.
Cada component e J1111cio11a como parte do padrão geral que envolve0
espectador. Por isso, con siderarem os como formais muito s elcmenio,
que outros consideram conteúdo . Do nosso ponto de vista, tanlo O tem,
quanto as ideias abs1ratas fazem part e do sistema total da obra de artt.
Eles podem dar pistas que geram det erminadas expectativas ou levama
certas inferências, e o espectador relaciona esses elementos de maneira
dinâmica. Como consequência, tema e ideias se torn am um tanlo dife
rentes do que poderiam ser fora da obra.
Tome, por exemplo, um tema histórico como a Guerra Civil Nortt•
Americana. A Guerra Civil enquanto fato pode ser estudada, suas causas
e consequências debatidas, mas num filme como O nascimentode umij
,ração(The birtl, of a 11atio11),
de D. W. Griffith , a Guerra Civil não e um
conteúdo neutro. Ela passa a fazer parte de relaçõe s com o utros elemeo-
los: a história de duas familias, uma certa visão política a respeito da
Reconstrução e o estilo épico das cenas de batalhas. O filme de Griffith
retraia a G uerra Civil de maneira coordenada com ou tro s elementos do
filme. Ou1ro filme feito por o utr o cineasta poderia tratar do mesmo temJ
(a Guerra Civil), mas, nesse caso, o assunto teria outra função num si,·
tema formal diferente . Em E o ve11ro levou (Gane with the wiml), a Guet·
'Agora,
st vaéê
vo/ faztrfilmes
dt!JíÔO,
umpou- ra Civil funciona como pano de fundo para o romance da heroína, mas
coderepttl(ão,
quecomcerttzoI umoeipécle em Tréshomens em conflito (li b110110,il brut/0, i/ caltívo), a guerra bene·
de1tsmçóo,
l/ne,Jtá>tL Vocho/ttrdt lidarcom
ficia 1rés homen s cínicos na sua bus ca por o uro. O terna, portanto . t
epe,segul(/Jts
11rotelos .• Entãoviro11mupadt
mo ldado pelo contex to forma l de um filme e por no ssas percep~õ~,
Jo9o.Opúblico
iobeqtJOI ,erdo condusão,
mos
o,ndoommvorltemdetntretHOl.fnróowxt desse mesmo contexto,
,stdstmpre
andando nabe11a deumpreclplclo,
lruendomalobarismos comastxptclal/vas q11e Expectativas formais
<Dmpõem ogtnero..:
Estamos agora mais preparados para ver como a forma filrnica guia
, ("{odordemorte(lhe
- Walle1Hill,dlre101
a atividade de percepção do público. Por que uma música interrompidJ
e Osselvagens
d//ver) donotlt(Thtwamors)
ou uma história incompleta nos frustra? Devido à nossa comp ulsão pelJ
"K' foi uma pista e, com base nela, você cr iou uma hipótese formal, pro •
vavelmente que as letras estariam em ordem alfabética . Sua expectativa
foi confinnada. O que vem depo is de AB? A maioria das pessoas diria
"C''.Mas a forma nem sempre segue nossa expectativa inicial:
ABA
Aqui a forma nos pega um pouco de surpr esa. Se ficamos confusos com "AidtlcdtJuSptnSt tstdmuiro
/19odob,deiode
um desenvolvimento formal , reajustamos as nossas expectativas e tenta • { comodmser:c<J1lor
líc{õa. umohirr6rio
i ulor
mos novamente. O que vem depois de ABA? suspenst,eaartedea)IJtarhistórias
residenes•
Ja hab/1/dadt
dt fazercomqutoJSuntoschatas
polt:(amdivertidas
edefazercomqueostnredos
ABAC
quetodosj6 coohecem selomtmemoc,ananres.•
AIIACA
AB...
Convenções e experiência
Forma e significado
rald3S,e assim p~r dian te. ~esse po nto de vista, a interpretação pode ser
\•ista como
. 11,m. tipo de análise• forma l, aq uela qtre busca reve1ar os s1•gm•-
ficados 1mphci tos do filme. Esses significados devem ser consta ntemen -
te verificados, inse rin do -os na textura concre ta do filme como um todo.
Avaliação
Assim. a prdc rênch, pcs~oal não deve ser a única base para o julga-
mento da qualidade de um filme. Em vet disso, o critico que deseja fazer
uma avaliação rcla1iv.imcntc objetiva se utiliznnl de critérios específicos.
Um critério é uma referência qtle pode ~cr aplicada na avaliação de
muitos 1rabalhos e, pelo uso do critério, a critica constrói uma base para
comparar filmes com relação a suas qualidades relativas.
Existem vários criterios dilerentes: algumas pessoasavaliam filmes com
base em critérios realistas. Aficionados por história militar podem julgar
um filme com base somente no uso de armas (se são iguais àsdo momen-
to histórico em que se passam as cenas de bataLila),sem prestar muita
atenção a narrativa, montagem, c,rracte rização, som ou estilo visual.
Outros condenam um filme porque acham que a ação não é plausível
e desmerecem uma cena dizend o: "Quem poderia de fato acreditar que
X encontrou Y justamente nesse momento ?''. Como já vimos, obras de
arte muitas ,,ezes violam as leis da realidade, sendo governadas por con -
venções e regras internas próprias. Encontros inesperados, geralmente
cm momentos constra ngedores, são uma convenção da coméd ia.
Espectadores também podem usar critérios moraispara avaliar filmes.
Mais estritamente, aspectos de um filme podem ser julgados fora do
contexto do sistema formal do filme. Alguns acreditam que qualquer
filmecom nudez, profanação ou violência seja ruim; já outros acham que
esses aspectos são louváveis. Dessa forma, alguns espectadores podem
condenar a morte do recém-nascido em O crime do senhor Lange inde-
pendentemente do contexto da cena. De um modo mais geral, espec-
tadores e críticos usam critérios morais para avaliar o significado geral
de um film e e, nesse caso, seu sistema formal completo se torna pertinente.
Um filme pode ser considerado bom pela visão de vida que retrata, por
sua proposta de mostrar pontos de vista opostos ou por sua amplitude
emocional.
Ainda que critérios morais e realistas sejam adequados para propósi-
tos particulares, este livro recomenda o uso de critérios que avaliem cada
filmecomo wn todo artís tico. Tais critérios nos permitem dar o máximo
de consideração à forma de cada filme. Coerência é um desses critér ios;
também chamada de unidade, a coerência é tradicionalmente conside-
rada uma característica positiva nos trabalhos artísticos, assim como a
intensidade do efeito. Considera-se que uma obra de arte tem mais valor
se ela for vívida, impressionante e emocionalmente envolvente.
Outro critério de avaliação é a complexidade. Podemos argumentar
que, as d~mais variáveis sendo iguais, filmes complexos são bons, pois
despertam nosso interesse em vários níveis, criando uma diversidade de
relações entre os muitos elementos formais individuais do filme e padrõ-es
intrigantes de afetos e significados.
Outro critério formal é a origina/idade. É claro que a originalidade
por si só não quer dizer nada, afinal o fato de algo ser diferente não sig-
propusermos a fazer.
Função
Similaridade e repetição
Enxergandopadrões OBLOG
ACESSE
Em"Dofilmmakers deservethelastwon!1"
expllumos
\\l e,tudaro cinema como arte, vocêpode, à, vezes, porquedevemos sempretercautelaemaceitardecl.
se perguntar: sera que todos os padrões de forma ra(óesfeitasporClne.stas.
Acesse
www.davidbordwell.net/blog/?p
=1174.
e estilo que notamos estão mesmo no filme? Sed
que os cineastas realmente colocaram essespadrões
no filme ou estamos vendo nmls do que realmente [... J a melhor maneirade contarumah· .
1stora
e\.bte? cena por cena. Vocêfaz opçõesespecífica ·'
s qu, Ih,
Quando questionados sobre isso, é comum que parecemadequadas,atraentesou intercssant
espari
os cmea;,ta, digam que opções estilísticas e formais aquelacenaem particular.Então por fim voe"
' ' eJuo
têm como objetivo criar efeitos específicos.Hitch- ta tudo, alguémolha e, se houvealgumacons . ·
eia, diz "b em, esse é o estilodeles''. 1Ste0.
cock, wn diretor com wna inclinação para enge-
nharia, planejava cuidadosamente suas histórias e
escolhia as técnicas com total consciência de suas Mesmo que os Coens não planejemcadaopção
possibilidades. Seu filme Festim diabólico (Rope) de antemão, seus filmes demonstram padrõesdis-
confina a ação a wn único apartamento e a apre- tintos de forma e estilo (2.5, 2.6).
senta em apenas 11 planos. Janela indiscreta (Rear Profissionais do cinema prestam atençãona5
window) limita a ação ao que o herói pode ver de opções estilísticas e formais de outros cineastas:
seu apartamento. Nessese em outros filmes,Hitch- enquanto assistia a O ilumim1do(11,eshining),de
cock criou desafios formais e estilísticos para si Stanley Kubrick, Nicole Kidman observoucomo
mesmo deliberadamente, convidando o seu públi- a composição de um plano tinha um objetivo
co a se juntar a ele. A maioria dos diretores não são imediato e um propósito de longo prazo na his-
tão ousados, mas, ao longo deste livro, iremos in- tória (2.7):
cluir comentários de cineastas que mostram como
Aqui,nestacena,observeo suporteJe facasso-
as ideias que apresentamos são parte do seu traba-
bre a cabeçado menino, no planode fundo... Issoe
lho de criação.
importante não apenas porquemostraqueo garo-
Por vezes os cineastas trabalham de maneira to estáem perigo, mastambémporqueé exatamen•
mais intufüva, mas ainda assim precisam optar por te uma dessas facasque será usadapor Wendyp.ua
um ou outro desenvolvimento da história, uma téc- se protegerdo maridomalsadiantenahistóriafl.8J
nica ou outra. O filme acabado pode ter uma uni-
dade geral porque as opções momentâneas tendem Kubrickdisse a Kidman que wn diretortinhade
a se misturar : Joel e Ethan Coen, os irmãos que repetir as informações da história paraque o pú
criaram Gosto de sangue (Blood simple), Arizona blico fosse capaz de acompanhá-la. Em outrasPª
nunca mais (Raising Arizona) e Fargo,dizem que lavras, o padrão ajudou a organizar o filmee,ªº
não começam um filmecom um determinadoes- fazê-lo,moldoua experiênciado espectador,
ntlll
tilo em mente. Como Ethan afirmou: "Na hora de que apenas inconscientemente. . ,o
fazer o filme, só damos atenção a escolhas indivi- O comentário de Kubrick indica outro niouv
duais",e Joel reforça: por que podemos ter confiança ao euxe. rgarmo s
padrões cm um filme: um cineasta não erra um uma comedia satrnca e a perspcctrva mu,tr JdJ cm
filme do nada . Todos os filme, emp , cstam ideias e 2.5 e 2.ó segue a convenção do uso do cXJgcro para
estratégias narrativa s de uut ros filmes e de outras a1Jr humor .
formas ele ar te. Muito do que acontece nos filmes ,\,1uito frequentemente, os padrões num nlmc
é d itado por regras tradicio11ais,normalmente cha remetem âquclcs que nmns em outro, filmes \les
macias de c1mve11 çôes. Quando Kubrick mostra as mo quando o, cineasta, n,\o explicam o que ,•,t.'Jo
facas atrás de Danny, ele está seguindo um,1con• la7endo. como espectadores experiente, p0Je!'10,
vençào muito ant iga da arte de contar histórias: a perceber de que modo lidam com ,1,n1·cnçôe, c<'-
de preparar o público para a ação que acontecer,í nhecida, de forma e té..:111,a
mais tarde. Por outro lado, Na roda da fortuna é
proxy),o<hefepaira !<lbre
2.5 - EmNatododafortuna(ThtHudiucker a 2.6- 0 me1mo
1ipo euiadoparamostrar
decomposiçao oanan10
rmpe
..
ruanumacomposição
de persp e centrada.
ectiva muitoíngreme !<lal
dasmesas
detrabalho
naemplffil
Hudsucker
.
2.9 ovidente111nm
n1edoKansas,Professo, 2.10 .velhochMlatJo
conheodo
como
m
agr(Q
Marvcl,quelembra murto o... deOz.
2.15- Emsuaboladecnstal,
a bruxamalvada 2.16 - Centralizada
na metadesuperiordo 2.17- ..umacomposição mo-,
semelhante
quadro, aOdadedasEsmeraldas
criaumenorme trandoo castelo
dabruxamalvada
do~ 1,
ca1oade00(0thy
contratastecom...
Dese n volvimento
C. Créditos
1. Kansas
a. Dorothy está em casa, preocupada com a ameaça da Srta. Gulch com
relação a Totó.
b. Ao fugir, Dorothy encontra o Professor Marvel, que a induz a voltar
para casa.
e. Um tornado levanta a casa, com Dorothy e Totó, até o céu.
2. Cidade dos Munchkin s
a. Oorothy conhece Glinda e os Munchkins celebram a morte da brnxa
malvada do leste.
b. A bruxa malvada do oeste ameaça Oorothy por causa dos sapatinhos
de rubi.
c. Glinda envia Dorothy em busca da ajuda do mágico.
3. A estrada de tijolos amare los
a. Dorothy conhece o Espantalho.
b. Dorothy conhece o Homem de Lata.
e. Dorothy conhece o Leão Covarde.
4 . Cidade das Esmeraldas
RESUMO
Se uma qu~stão orientou no\so tratamento da for 1, Qu,11,,,10 a, funçúcs de cada demento do filme
111-1estct"•'· pode -se tl11cr que fo1., w11c rrtude. A na forma geral? Como ~ada elcmc11to e mo
forma é um sistema e~pcdh,o Jc rcl,1uonamento, tivatlo'
padrom7Jdo, que percchl'lllo, numa ohr., de arte 2. F.xl\tcm elemento, ou padrõc, rcpet1Jos du -
Esse con,c1to nos aiuJa ,1 entender ,nmo ,llé mcs rante n filme? Se ,im, ,orno e em que pontos'
mo os elementos do que e normalmente rnns1dcra l:.x1stcmmotivos e p,1r,1lehsmo,que nos fazem
do conteúdo, isto é, o tcm,1 ou ideias abstratas, ele comparar clcmentosr
;,empenham funçõe, espcuficas cm qu.1lqucrobra 3 Como CS\C~ demento, são contra,t,Hlos e di-
A maneira como nvc nc1amos um trabalho ar ferenciados uns dos outros? Como os elemen -
llSticolambem e concreta: enxergando a;, pistas na tos diferentes são pn,tn, em opo,1ç,10uns aos
obra, estruturamos expcct.ativas específicasque são outros?
criadas, guiadas, postergadas, frustradas, satisfeitas 4 Quab princípios de progressão ou desenvolvi-
ou desestabilizadas; ficamos curiosos, em suspense, mento e,tão em funcionamento na forma geral
ou somos pegos de surpre sa; comparamos os as- do filme? Mais e,pecilícamente, uma compara-
pectos particulares da obra com coisas que sabemos ção entre o começo e o fim do filme revela algo
da vida e com convenções que encontramo s na arte. sobre sua forma geral'
O contexto concreto da obra de arte expressa 5. Qual o grau de unidade presente na lorma ge-
emoções, estimula-as e permite-nos formular di- ral do filme?A não unidade dos eli!mentos esta
versos tipos de significado. Mesmo quando aplica- subordinada a uma unidade geral ou a falta de
mos critérios gerais na avaliação das obras, devemos unidade é dominante?
usar esses critérios de forma que eles nos ajudem
a reconhecer mais distinções, a penetrar mais fun- Neste capitulo, examinamos as pnn~1pais ma-
do nos aspectos part iculares da obra. O restante neiras pelas quais filmes, enquanto obras de arte,
deste livro é dedicado ao es tudo dessas propr ieda- podem nos envolver como espectadores . Também
des da forma artís tica no cinema. revisamos alguns princípios da forma filmica. Mu-
Podemos resumir os pr incípios da forma filmi- nidos desses princípios gerais, podemos partir para
ca como um conjunto de perguntas que podem ser a distinção dos tipos mais específicos de forma que
feitas a respeito de qualquer filme: são centrais para a compreensão da arte do cinema.
Muitas das ideias, neste capítulo, são baseadas em cialmente os Capítulos 4 e 5; Rudolf Arnheim , A rt
concepções de forma encontradas em outras artes. a11dvisual perceptio11(Berkeley, Uah·er~ity of Cali-
1974), especialmente os Capítulos 2, 3
fornia Prel>l>,
Todas as referências a seguir são leitura, suplemen-
tares interessantes: Monr oe Beardsley, Aestftetics e 9; Leonard Meyer, Emotio11and mea11ingin music
(Nova York, Harcourt Brace & World, 1958), espe- (Chicago, University of Chicago Press, 1956); e E.
J
Scanned with CamScanner
A m1porttinci11
daformnfílmirn 141
cog111ti1'<'.fi/111theory (Car b onda le, Univcrs ity of 1989). O livro de David Bordwell fvft1kingmeamng:
South ern Illinois Prcss, 199/i); e Torb e n Grod al, a11drhetorici11t/1ei11terpretar1011
l11ferc11ce o/cinema
,\101•i11g
picture.<: A new t/1eory o{fi/111
genrcs,fec/111gs, (Cambridge, MA. ll arvard Univers1ty Prcss, 1989)
111111cog11i tion (Oxford, Oxford Univcrsity Prcss, analisa tendências na 1n terpretaçãode filmes.
1997}. Veja tam bém o livro de Grcg M. Smi th Fi/111
struct1r1e uml t/1ee11101io11systcm (Ca mbr idge, Ca m- Segmentaç ã o line a r e dia gr amaçã o
brid ge Universil)' Press, 2003).
A maioria d esses aut ores trabalh a com hase na Quando estamos analisando um /ilme de ficção
abord agem que é conlll' cida co rno est11 dos cogniti- escr ito, criar uma segmen tação geralmente implica
l'istas. Refletimo s sobr e tópicos similar es em nosso retraçar as etapas criativas do roteirista. O escritor
blog; em "Mindi ng m ovies" (www.dav idbordw ell. normalmente constrói um roteiro a partir de uma
net/blog/?p=2004), fazemo s um esb oço de como os lista de cenas, por vezes anotando cada cena num
estudos cogniliv istas pod e m ajudar a co mpr eender cart ão e dispondo os cartões para avaliar como o
de que modo percebemos e entendemo s os filmes. enredo está tomando forma.
Para uma abor dage m relacio nada , consulte "Sim - Co mo os longas-me t ragens de hoje tendem a
plicity , cla rity, bala 111
ce: A tr ibute to Rudolf Ar - ter cenas curtas (normalme nte de um a três minu -
nheim~ em www.davi dbo rdwell.net / blog/?p=956. tos cada), nu m filme podem exJshr 60 sequências
Uma abo rdagem altern a tiva para comp reender ou mais. Filme s ma is ant igos raramente contêm
as reações dos espectador es aos film es foi denom i- mais que 40 sequ ências e filmes mudos por vezes
nada estudosde recepção. Para obt er uma visão ge- têm apena s 10 ou 20. Ob viamente, sequências e
ral, cons ult e Janet Sta iger, Media reception studies cenas também podem ser subd ivididas em partes
(Nova York, New York University Press, 2005). Mui- ainda meno res. Na segmenta ção d e qualquer filme,
tas vezes os acadêmicos que trabalham nessa tra- use um form ato esquemáti co ou um diagrama li-
dição buscam entender de que maneira gru pos near para ajud á-lo a visuali zar as relações formais
sociais especílicos, como grupos étnicos ou públi - (o começoe o fim, os paralelismos, os padrões de
cos historicam ente localizado s, respondem aos fil. dese nvolvimento) . Empregam os um forma to es-
mes apresentado s a eles. Dentre os exemplo s de quem áticoao discutir CidadãoKa11e (Citizen Kane)
influência estão as seguintes publicaçõe s: Kate n o próximo capítulo, e ao d iscutir modos de criação
Brooks e Mart Ln Bar ker, Judge Dredd: lts fri ends, de filmes no Capítulo lO.
fa ns, and foes (Luton , University of Luton Pres s,
2003), e Melvin Sto kes e Richard Maltb y (eds.) , Websites
American movie audiences: From the turn of the
century to the early sound era (Londres , British Film www.uca.edu / org/c csmi/ - Site dedicado ao Ce n-
Tnstitu te, 1999). Em Perverse spectators: T/1e practi- ter for Cog n itive Studies of the Moving lmages, o
cesof film reception (N ova York, New York Univer· qual exam ina os vários aspectos relacio nados às
sity Press, 2000), Janet Staiger discute como públi - respostas psicológ icas e emocio nais a um filme.
co e críti cos podem reagir aos filmes de man eiras http ://en.wikipedia.org/wiki / Art - Ensa io in tra •
que os cineastas não pod em prever. dutóri o basta nte útil sobre a função d a forma fil .
Mlúto s críticos se concentram na atribuição de mi ca em meios artí stico s difer entes.
significados implícitos e sintomáticos aos filmes; em
outras palavras, interpre tam -nos. Uma pesqui sa Suplementos de DVD recomendados
sobre diferentes abordagens interpretativas é ofere -
cida no livro de R. Barton Palmer Thecinematic text: A edição especial em do is volumes da Warner Bros.
methods and approaches(Nova York, AMS Press, de O mágico de Oz cont ém comentários sobre a
J
Scanned with CamScanner
3 CAP[TUI O
A narrativa corno sistema formal
O que é narrativa?
Enred o e h istória
Compreend emos uma narr ativa, portanto,. atr~ ·es d.. 1dentificaçaodos
seus even tos e de s ua ligação por ca u,a e efeito, tempo e espaço. Como
espectadore s, também fazemo s outr as coisas: normalmente, inferun~
evento s qu e não foram explicitam ente apresentados e reconhecemos~
prese nça de material alh eio ao mun do da história. Para descrever com1,
fazemos isso, po demo s estabelecer um a distin ção entre história e enre-
do (algumas vezes chamado de disc11r so). Não ~e trata de urna dist,nção
dificil de entender, ma s ainda assim precisamos examiná-la de manein
mais detalhada .
Sempr e fazemos supos ições e infer ência s re lacio nadas aos evento$
numa narrat iva. Por exemplo, no co meço de Intriga internacional(North
by northwest), de Alf red Hitchcock , sabem os qu e es tamos em Manhattan
na hora do msh. As pistas se apresentam claram ente ar ranha-ceus. pe·
destre s se mo viment ando, tráfego congestionad o (3.1). Em seguida,
assistim os a Roger Thornhill saind o do elevador com sua secretária,
Maggie, passando rapidamente p elo lobby, e ditand o memorand os (3.2)
Com base nessas pistas, co meçam os a estabele cer algumas conclusÕ< ,
de
ap,ess.idos
3.1 Osptdeslles Manhauan
.
0mttrnooonal
emln/119
Thornhill é um exec ut ivo que leva um a vida agitada . Supomo s que, ante,
de vermo s "Ihornhill e Maggie , ele tamb ém estivesse ditando memoran-
dos para ela, e qu e nós tenh amos sido introd uzidos no meio de uma
sequ ência de even tos no tem po. Também supomo s que o ditado 1cnha
começado no escritór io, an tes de ent rare m no elevador . Em outras pala·
vras, inferimo s as causas, uma sequ ência temp ora l e outra espacial, mes•
mo que nenhuma d essas informa ções tenh a sido diretame nte apresen·
tada . Nós, pr ovave lm en te, não nos damos con ta de ter feito essas
infer ências, mas elas tamb ém nã o passa m despercebidas.
l.2 po,Rogtr
anolao queé dl1ado
Maggle O conjunto de todos os eventos numa narrativ a, os qu e são explicita·
lhoinhlll st
mente apr esentados e os que são inferidos pel o espec tad or, con ituiª
hi 5tória . Em no sso exempl o, a história pod eria co nsistir de pelo menos
nd0 os
dois evento ~ retratados e dois inferido s. Podemo s listá los, coloca
eventos inferidos em parênteses:
nodeserto..
3.6- ...umcrânio 3.7- ...eum01'1>.
História
Eventosp~idos Eventosexplicitamente ~laterialnão d1eget1
co
e inferidos apre)cntados adicionado
Enredo
po ronto dl' vista do e~pcdador, ,ls rn 1s,1, sao 11111 t,111tn drfrrrnlcs
1uJ11<JUC terno, diantl' dt• nó, é o cmt·do, a nrga11iza1,10 do mat,•t1,1l''º
-- 11i cst,i ( namm
• ,·,in
h•1111<
,1 história t'lll nn«" , t·,• eom hase nas
'"" ln"nl
rcconhl'(cmm tJuarttlri ., ,1prcse11t<1
11erir,cuo
. e tamhcm
P''t•l s· d,i l'nrnlo . •
t1llltcnaln,io d1egét11.:o.
A Jrstin<,àllentre h1sl<i1üe enredo Mlgcrrque, ,e Vote qut•r rt·sumrr
um filme nJrrati,•o pJr,1alguem, pode l.11é-lo <ll'du.,~ maneir,is. vocc
pode rcsunur a h1stón,1,comc.,andn pclm prtmc.:iro,rnudcntcs que 0
enredo o leva a supor 0 11 111l crir, e depois ir caminh,indo cronnlogí
camentc ate o fim. Ou vo(f pode co nt.ir o t'nredo, rn IH:<,ando pelo pri -
meiroincidente com que você se depara ao as51st1rao hlmc. e ir apresrn•
tandoas mformaçõe~n.urativas, conforme as recebeu enquanto assistia
ao filme.
Nossadefiniçãoinicial e a distinção entre enredo e históriaconstituem
um conjunto de ferramentas para analisar como a narrativa funciona.
\'eremosque a distinção entre história e enredo ateta todos os três as-
pectosda narrativa: causalidade, tempo e espaço.
Causa e efeito
a C.nmeconcebido
C.nmeplane1ado
e Crime cometido
1lí\toria
d Crime descobeno
Enredo e Detetwe m,es1tga
f Detetiverevelaa, b, e
finaldeOsÍl1(omprttnd,dos
3.8 - Aimagem 01ne
deixao futurode An1 incerto.
400 ,·,wp.,),
Jc Fr,,n~ois Trnfl,iut. O garoto, Antoine Doincl, tendo c-c,1
,. um relormatóno, corre pela pra,a A e•11,, .."-ra ll'cch ,\ 0 .!00ttt CRl
J'•I J(l li
,cu rn,111,. o quadro é congcl,ido (3.8). O enredo não revclJ se ele foi
.:,il'ttllUUO e tra,ido de volta, deixand o nos a cspcrn lar sohrc O que pode
ter .,,,11\ll'ddono futuro Jc Antoine
Tempo
J\, ,,1m,1se seus eleitos ",\o fundamentais pM,l a narrativa, mas ri,•,
,icontc,cm no tempo. Novamen te, nesse ponto, nossa dhtmção entre
hrston,1e enredo JJuda a esclarecer como o tempo molda nosso cntcn -
dimento da ação narrativa.
Enquanto assistimos a um filme, construim os o tempo da história
comba,e no que o enredo apresenta. Por exemplo o enredo pode apre
sentar eventos fora da ordem cronológica: em Udadão Kane (Citiun
Kane),vemos a morte de um homem antes de vermos sua Juventude e
temos que construir a versão cronológica de sua vida . .\lesmo se os
eventossão mostrados em ordem cronológica, a maioria dos filmes não
mostratodos os detalhes do começo ao fim. Supomos que as personagens
passemum período de tempo sem import ância dormindo, indo de local
a local,comendo e assim por diante; no entanto, a duração da história
quecontém esse tipo de ação irrelevante é simplesmente ignorada. Outra
possibilidadeé fazer com que o enredo apresente o mesmo evento da
história mais de uma vez, como quando uma per~onagem relembra um
acidente traumático. Em O matador (Dip fwet sezmghung), de John Woo,
um acidentena cena de abertura cega uma cantora e, mais tarde, vemos
o mesmoeventodiversas vezes, conforme o protagonista, arrependido,
se lembra do que aconteceu.
Tais opções significam que, ao construir a história do filme com base
em seu enredo, o espectador se envolve na tentativa de colocar os even-
tos em ordemcronológica e atribui a eles dur ação e fre quência. É pOS·
sívelanalisar cada um desses fatores temporais separadamente.
UM OLHAR DIEPERTO
UM OLHAR DE PERTO
,,. mow cnll'l'os dois tuturns ,1l1crna11vos de 1lclcn: /\penas supomos que uma for.,.i maior interve10
,Ili l'cg.ir n mc1n\, da dwg,1 a tempo de tk,rohr ir
para melhorar a situação da personagem· 0 Utro,
,, ,Jso do nJmorJdo e ,e mud,1,JO perder o metrô, filmes podem fornecer alguma m, t1vaçãopar;ii.l
dJ chega dl'p,,1, que a outr.1 mulher foi cmhora e mudanças, como, por exemplo, uma máquinado
h(J com seu namorado tnticl. O enre do se move tempo: os três filmes De l'O[tupara ofuturo (Bt1ck
para frente e para trás entre essas cadeias ,1ltcrna- to tl,eJuture, Robert Zemek1s, 191!,, 1989,1990)Pos.
tivas de cau,a e efeito, antes de encaixá 1,,sde ma- tulam que o amigo de Marty, Dnc inventou t;i]
neira organinda no final maquina e que, no primeiro filme a máquinaici.
Fcihçodo tempo(Gro11111/lwg day, Harold Ramis, clentalmente transporta Marty dt \ Jlta para 19;;
l 993) ajudou a popularizar os enredos do tipo "e antes de seus pai~ se apaixon,trcm Ao mudaraci'.
,er Em 1• de fevereiro, um meteorologista desa- dental mente as circunstância, que lausaram O ro.
gradavel, Phil Connor, viaja para Punxsutawney mance de seus pais, .\iart\' coloca em perigo~ua
para cobrir a, famosas cerimônias do Dia da Mar- própria existência em 1985. Ape,dr de se tratarde
mota e, no dia seguinte, percebe que está preso no comédias destinadas principalmente a adolescentes,
dia 2 de fevereiro, que fica se repetindo, com va- e a despeito de explicarem as mudanças atrave~da
riantes que dependem de como Phil age em cada máquina do tempo, os tres filmes (em especialas
dia, algumas vezes se comportando de maneira frí- partes I e 2) criam entrecru1amentos complex05
vola, outras violando as leis (3.9, 3.10), e, mais tar- de causa e efeito. Marty induz ~cus pais a se apa1~
0•
de, tentando se melhorar. Somente depois de mui- narcm e retorna seguramente para 1985 (quando
tos diasdesse tipo é que ele se torna uma personagem sua vida melhorou como resultado de sua primeira
admirável e a repetição misteriosamente para. viagem). Mas os eventos que aconteceram em s1L1
Nem De casocom o acaso nem Feitiçodo tempo vida em 2015 têm efeitos em 1955, já que o vilão
fornecem qualquer explicação para a ramificação Biff usa a máquina do tempo para viajar de voltae
da vida de seus protagonistas em vários caminhos. mudar o que aconteceu naqu ela época de outra
emumadasrepetições
tempo,
3.9 - EmFtlt,çodo , Phil
dodia2defevereiro te paradenovoperceb
3.10 - ...somen como
er queestáacordando. nOI
test1st ronstgu,t!Cipir impune o qu, fazcomqueau~ por
decrlmts, DiasdaMarmota.
ou1ro1 .
r11uma dapousad1
pilwr i llOlltr1i pil~ ..
dahlstonade Decoso
3.11- fm umdesenvolvimento como ocaso,
flelencort,1o cabelo,
de modo
quepossamos
distinguir
essaHelen
..
tória, confiantes de que os espectadores buscarão Ao mesmo tempo, existem tantas incertezassobre
pistas assistindo ao filme novamente. as lembranças do herói que os espectadores são
Um exemplo clássico é Amnésia (Memento, levados a especular que alguns mistérios permane-
1998), de Christopher Nolan, que apresenta a in- cem sem resolução no final.
vestigaçãodo herói ao longo de duas linhas de tem- O formato cm DVD, o qual permite um acesso
po. Cenas curtas em branco e preto mostram um aleatório às cenas, encorajou os cineastas a seguir
presente contínuo, em que a ação da história pro- esse caminho, assim como a internet o fez. Websites
gride cronologicamente.As cenas mais extensas, e salas de bate-papo se encheram de especulações
que são coloridas, regridemno lcmpo e, dessa for- sobre o que realmente aconteceu em DorrnieDarko
ma, o primeiro evento do enredo visto por nós é o (200 t), Identidade (Identity, 2003), Primer(2004)e
último evento da história, o segundo evento do Efeitoborboleta(T/1ebutterjly effect,2004). Como
enredo é o penúltimo e assim por diante. Essa tá- os outros filmes que distorcem ou quebram o tem·
tica reflete a perda de memória recente do herói, poda história, os filmesdo tipo quebra-cabeçateo·
mas também desafiao público a juntar os pedaços. tam nos absorver na dinâmica da forma narrativa.
Espaço
3.13 - Em Exodus, Dovl andau conta sua estadadram~lica em um campode concenlração. Em vez de
apresentar essa história pormelo deumflashbock . a narraç~ose fixano rostodele, deixandopornossa conla
a visualização desuaexperiência.
/,11,.-r1~st·rh1111
l'X<'lllplo,dn t•nrcdo d~ nb1ctlvn. l-.111flld1r11111/on,·s e os
os prntugnnislas temam c11co111rnr
d,111,rn/>rr,/11/r,,
..,,fr1rl,11,·., a Arca da
\li1u1~,1; 11
l'l11O 111/11!0 ns pt•rni11agc
(/,1•111illrn11), 1H procuram por um
lnlhl'l<'dr lntl·ri,1perdido; cm IH/,ig11,111rn111rirma/, Rugcr 'fhornhill
prn,t11,1por (;1•orgcK,1plan.limo vu1laçao do padr,1odn enredo moli
,ad,1 por objetivo é ,1i1111(•stigaç,lo,tlpicu <lcfilmes de detetive, nos quais
o obJctivodo protagonist,1 t1;ioé um ohjclo, ma~sim iníormaçocs, nor
malmente, s,1brctllllsa~ mis1criosas. Em filmes com u111viés pslcol6g1co
nws forte, por exemplo, c111Oi/o(' 111rio (8 ½},de Fellini, a bu~cae a 1n
vcst1gaçàose tornam intcrn,1lizadasquando o protagonista, um diretor
de cinema famoso, lenta descobrir a origem ciosseus problemas criativos.
O tempo nu o espaço também podem fornecer padrões ele enredo.
Uma situação de cnquaclramcnto no presente pode iniciar uma série de
.flashbacksque mostram como os eventos levaram à situação presente,
como nos flns/,l111cks de Os suspeitos.Basquetebluesé organizado ao redor
das carreiras escolares das duas personagens principais, com cada parte
do filme dedi ca da a um ano da vida deles. O enredo pode também criar
uma duração espedfica para a ação - um final. Em De voltapara ofu-
turo, o herói deve sincronizar sua máquina do tempo com um relâmpago
num momento específico para retornar ao presente, o que cria um obje-
tivo pelo qual ele deve lutar. O enredo pode também criar padrões de
ação repetida por meio de ciclos de eventos: o padrão "lá vamos nós de
novo': que todos conhecem. Esse padrão ocorre em Zelig, de Woody
Allen,no qual o herói, no estilo camaleão, perde repetidamente sua pró-
pria identidade através da imitação das pessoas ao seu redor.
O espaço pode se tornar também a base para um padrão de enredo.
Isso ocorre, normalmente , quando a ação está confinada a um único
local, por exemplo, um trem (Conspiração[11,etal/ target].de Anthony
Mann) ou uma casa (Longajornada noite adentro [Long day'sjourney
into night), de Sidney Lumet).
Obviamente, um determinado enredo pode combinar esses padrões.
Muitos filmes construídos ao redor de uma viagem, O mágicode Oz ou
Intrigainternacional,por exemplo, envolvem prazos finais. Os suspeítos
coloca seus jlashbacks a serviço de uma invesligação. O filme As férias
do Sr. Hulot (Le vacancesde M. 1-Iulot ), de Jacques Tati, usa padrões ele
espaço e tempo para estruturar seu enredo cômico. O enredo é confina-
do a um resort na praia e a suas áreas vizinhas, e se desenrola no perío-
do de uma semana durant e as férias de verão. A cada dia certa rotina se
repete:exercício matinal, almoço, passeios durante a tarde, jantar, entre-
tenimento noturno. Muito do humor do filme se vale da maneira como
o Sr. HuJot se indispõe com os outros hóspedes e nativos da região in-
terrompendo seus hábitos convencionais (3. 14). Mesmo que a causa e o
efeito ainda atuem em As férías do Sr. 1-Iulot,o tempo e o espaço são
centrais para a padron ização formal do filme.
3.14 EmAl{trio!doSr.1/11/0
1, o w ,o velho~bMulhtolo
dt•lluloll•m11111
pneuru,ido,Interrompe
ndoumruner.il.
,k 1\1,trhnw. o lilnw pod l' , 1 l,11 , 111 losld11d,•,. MIi , .-.,,1.A 11,11nl\, lct r,•,i
11
li ,1.1,• imp,n l,1111,·para 111 111,•s d,· 1111,111,lo. h'11dn ,·m vl,ta l)lll' d,·,dl's
pnt,1111nosst• 11\ll'll'SW lll ult,111d11 «• 11,1, rntl\,1' hnp , 11liuilt•s. ( onfin,u 0
,•nrnl.1 .m .1ll.111,,• dn ,011h,·, l11wnto ,k 111 11111v.n 11fl,H 1OI l' Ulll /11111IVU
pl,1u"wl p.11,1nr11lt,1r0111 1,,, l11lm111,1\·n,•, d,, hi,t<'ula, A ilt'tlrt ,/ 11111,1,1110
p,,dcn.i s,·r m,•nt" 1t'.,ln to, dig,1nios, pd, 1,li h-111.1\,l " 1lc u:11as d,1l11w~
11i:,1.;,io d,· 1\1.nltnw 'nm n• n:1' l(llt' 11111,1 1,1111 o e hd,• dt• .,pmt.i,, 1-.<ld 1c
\t.,r,, pl.111,·1,111dn st•u, 1.nin,•,, 111,h 1,w ,lt,1h,1ria ,mn Jl.11k do rnistl'.·no.
1111c.1d,111111 dns dob illnws, n .1ic,11 ,i.
,,,. d,• <011hc,l111cntod,1 11ra.,.,10
fun,wm 1d,• modn ,1oht,•1dl'tt·1m11rnd,1s 1l·,1,n,•, do ,•,pc, iaclor
A narr,1,·.io n'sln la r ,1 1rr,•str il,1 ni\n s,lo ,,11cgmias 111 tr,1mponívcis,
111,is , 1m du.1s c, 1rcmi1h1dcs de 111 11mc,11101.,11n 111ho;n alcance é uma
quc~t:iode gr,1u. Um filme pode ,1prcscntar 11111 ,1lca11,c de rnnhccimcn
10 mais amplo do que t\ l1t·1m do a/Jis1110 sem chegar à onisciência de O
11ascim ,'11Wde 11111111111ç1io. Em / 11t rig" i 11/ l!rt111C1111111/,por exemplo, a\
primeiras cenas nos confinam basicamente ao que Roger 1 hornhill vê e
sabe. Depois que ele sai do prédio das Nações Unida~, contudo, o enredo
vai para Washington, onde os membros da Agência de Inteligência dos
EUAdiscutem a situação. Nesse momento, o espectador descobre algumas
coisas que Roger Thornhill não ficará sabendo por a lgum tempo: o ho-
mem que ele procura, George Kaplan, não existe. Portanto, temos um
alcance maior de conhecimento cio que Roger. Em pelo menos um as-
pecto important e, nós tamb ém sabemos de mais coisas que a equipe da
agência: sabemos exatamente como a confusão aconteceu. Mas ainda não
sabemos quantas outras coisas a narração poderia ter divulgado na cena
de Washington. Por exemplo, a equipe da Agência não identifica o agen-
te real que está trabalhando bem debaixo do nariz ele Van Damm. Assim,
qualquer filme pode oscilar entre a apresentação restrita e a irrestrita das
rnformações ela história.
A narração nunca é completamente irrestrita durante todo o filme.
Existe sempre algo que não nos é dito, mesmo que se trate apenas da
forma como a história acaba. Normalmente, pensamos que uma narração
tipicamente irrestrita funciona como em O 11nscime11torle umn naç/io: o
enredo muda constantemente de personagem para personagem para
mudar a fonte de informações.
De maneira parecida, uma narração completamente restrita não é
comum. Mesmo se o enredo for construído ao redor de uma única per-
sonagem, ele geralmente inclui algumas cenas cm que a personagem não
está presente para testem unha r. Ainda que a narração de 1'ootsieperma-
neça quase que totalmente presa ao ator Michael Dorsey, alguns planos
1110s1ram seus colegas fazendo compras ou o assistindo pela televisão.
O alcance do enredo com relação às informações da história cria uma
hierarquiade co11J,ec/menlo. Ern determinado momento, podemos per-
guntar se O público sabe mais, menos ou o mesmo ,que as personagens
O 11asci
111e11tode À úeira do abismo bitrrgainternacional
11 nnç1lo
11111
l .18 No,omr10
deQuem qumerummd,ondno, é estabelecido
que.durante 3.19 ...na maooro
a dasvem, a visãode Latl
kanaesta,,ãode 1rem.
o ,ho•depNguntMe rr1po11a1
Jamalrelemb
oa seupassado...
à beiradoedifício
3.20-F unosocomSalim, Jamaloagarra ecorreemdireção . 3.21- Vários
planos mostra
mosdoisemqueda.
UM OLHAR DE PERTO
Qu,mdo.1bn1110,
um rnmann· pd.1p111nd1,1vr:1, t,1 pud e corn:r por mu1tm n1111u1<is \i'o linJI JJ
:io rsprr,1mos que ,1a,ão d.1 hi,túria wmeu· nas
11 JcLada de 1910, n, Lineast,1, perccba,1111que o,
paginas de direitos ;iutorais. T.unpouco c~pcramns L1cditns poderiam ,er ar11m,1dospor desenhos e
encontrar J últ1111.1
ccn,1d.i história na wnlraLapa. pinturas compostos para n filme (3.27). Or,Je o<
Contudo,os filmes podem começar a prover infor- ,111os1920, a produçao grahca e o ,1companhamen
111.içõc~
narra11v,1snas scqu ências de créditos e lo musical dos créditos vêm bem r,1p1damente re
conunuaratéos uhimosmomentoscmqueestamos melendo ao tempoe ao localda htstuna (.L!8). A
no cinema. alegre ,equênt:ia dt: ~réd,to, de Uma ,,w/ha p,m,
As sequências de créditos servem para identifi- dois (/files mui fim), de rruffaut, oferece rdan.:e,
car os parlicipantcs de uma produção, e hoje a lis- da ação que está por vir. ao mesmo tempo em que
3.27- Umexemploantigodeoêditosilustrado
s 3.29- Os créd~os
elegantemente
simplesdeSaulBass paraTempestade
sobre
Washingron
paraa comedia
de 1917 Oprfnapedosd6/ares sugerem
(Adviseandconsent) quea historia iraeKpor
osescJndalo.1
deWashington.
(Reoching
forthemoon).
doisfogos(Rowdron,umfilmede
l .28 - Entre
crime de 1948,começana prrsão,e a sequência
deuéditos
sugerea IO!a
llzação
anterior
àaç.io
. 3.30- Umdesen quesugereestilosdevidaglamorosc11
ho emcolagem e sofistlcaçào
(Mulheres
à beiradeumataquedenervos
[M11Jeres
oibordedeunaloque
denerv1osl).
-==-=-=--===-~~=~==~~~=---__,
O.:ammalmentc , o cineasta nos eng,111a. Prnsa cmcast,1 ousado pode explorar cada momento do
010 ,. que o enredo ac,1boue uma lista longa de no- tempo de rcprodu~ãn do filme para prender a nn,-
me:, ,omeça a subir na tela. 11·1as, cntão, o filme sa atenção atrave, de nossas rxpectat1vas com re
adü:1011,1 11111;1imagem do vcrdadc1ro final (3.35). laçao a narrai iva.
E:.scs"cookic:;.de crédito~" nos lembram que uni
3.35- Adrenol/no
mdximo deTakesh
(Sonotíne), 1Kitano,
dácontinu
idade
a suasequência
de crédito,finaiscomimagensde.soladas
de.umapraia,0
quenosremeletrlstemen:e
às cenasanteriores
quemostram
gângsteres
infantis
Jogando.
O n.irr.idM
Resumo da na rração
3.37- Avisãoembaçada
queMax
, fe1ido,
temdeseu s,1lvdd
o1é reliaa11avt1
derxpo1lçdo
dupl~
l .-, ...
-
,,, né\ .Ítl.:om \t,n , e se J tcrn.1 lo m ,,arte, m 11• 1·rr••,trit Is r·-.,~a.scçao,
t
C. Créditos iniciais
l. Xanadu: Kane morre
2. Sala de projeção:
a. "Notíciasem marcha"
b. Os repórteres discutem "Rosebud"
3. Boate El Rancho: Thompson tenta entrevistar Susan
4. Bibliotecade Thatcher:
;1'.:rr,111"'
tk c;dad,w Km1t' nm, dehnc, cm ultima instância, lodos o~
• l.i ,er~onagcrnde Kane.
1r1,o,< 1
· () prtlpno Kan<'tem um objclivo; ele lambém pnrecc estar prourrnn
dll pM t1lgu111a cois:t relacionada a Rosebu<l
. Fm vários pontos, as per
,nagensc~peculamque Rosebud era alguma coisa que Kancperdera ou
t
' ·a rudcra conseguir. Novamente, o fulo de que o obJcllvode Kanc
0 unc
ro tão vago faz dessa uma narrativa incomum
rerinªne' . . . .
ouiras caractenst1casna vida de Kane fornecem material çausal para
a narrativc1. A presenç.ide varias personagensque conheciam bem Kane
,ornaa inve~tigaçãode Thompson possível,ainda que !Kanc esleJamor
to. De maneira sign ili.cativa,as personagens fornecem um alcance de
informações que engloba toda a vida de Kane. Isso é importante se for-
moscapazesde reconstruir a progressãodos eventosda !históriano filme.
Thatcherconheceu Kane quando ele era criança; Bernstein, seu gerente,
conheciaseus negócios;seu melhor amigo, Leland,sabia sobre sua vida
pessoal(seu primeiro casamento, em especial); Susan Alexander,sua
segunda esposa,o conheceu em sua meia-idade;e o mordomo, Raymond,
0 assistiudurante seus últimos anos. Cada urna dessas personagens tem
umafunção causal na vida de Kane, assim como na investigação de
Thompson. Observeque a esposa de Kane, Emily,não conta sua história,
já queela repetiria a de Leland e não contribuiria com nenhuma infor-
maçãoadicional à parte presente da narrativa, a investjgação.Assim, o
enredosimplesmente a elimina (com um acidente de carro).
l11f,111cia
Edição de jornal na juvcnllldc
A vida de recém-casado
Meia idade
Velhice
qu,'noa cm Xan,1dn nos dcsm icnta porque mostra d morte de umd pcr-
,,,n,igrm sobre a qual, até u momento, não sabemos qua\c nada. Mas 0
110u,·,ario 110, d.\ uma grande quantidade de in fonna\õc, rapidamente.
Akm dis~o.a l'strutura do próprio not iciário usa parnlclos rnm O lilme
principal pJra fornecer uma pcquen,1introdução ao mrcdo <lofilme:
A. Cenas de X,111adu
B. Funeral: manchetes anunciando a morte de Kane
e. Crescimento do império financeiro
o. Mina de prata e a pensão da Sra. Kane
E. O depoimento de Thatcher no comitê do Congresso
F. Carreira política
G. Vida privada; casamentos, divórcios
H. Ópera e Xanadu
L Campanha política
J.A Depressão
K. l 935: Velhicede Kane
1,,Isolamento em Xanadu
M. Anúncio de sua morte
,lHlStrnç.lo d(' seu mpério Jornalístico (C), com uma c.lcscriçãodo even
AC[~\[ OBIOii
to no p,·Minnato e da mina de prata (o c1ueinclui uma antiga fotografia
, 1,,d,110 dnll,11hl>atl
<rdmnvolveunuma
rlCIht<IMIIqurtianlrJIOf
H1dadtia
Aa11r rara dt· ( hnrlc, ~om o 111.ícdele, assim como a primeira mcnç,10ao trenó).
rm hlnC\deHolliwood namc~ma íom1,1, o primeiro //aslrback(4) conta como Thatchcr tomou
inlhlt do,ll1J1hliotb
ducanieo, ana11910r, r1pwalmrn1e Pt>drt 0 gunrdn do Jovem Kanc de sua mãe, e corno foi a primeira lcntativade
t ~ 1Thr~ow,,and1hr9/0,yl,o qualln Knncde administrar o /111111/rcr.Üb paralelos vagos contrnuani-o noticiá.
ffuen(IOUo,~on Wclle1.veja"G1andmaste 1
rio fol.1das ambições políticas de Kanc (F), de seus casamentos (G), da
fla1hb.Jc~
Am1e
"111~truc;ãod,1casa de ópera ( l 1), de sua campanha política (l), e assim
www .d~vldbordwo11.n•t/hlog/1px 32S3.
por dian te. No enredo principal, o flashbt1ckde Thatcher descreve seus
próprios confrontos com Kanc sobre questões pollticas. O j/ashbackde
Leland (6) aborda o prime iro casamento, o caso com Susan, a campanha
política e a estreia da ópera Salammbo.
Essas não são todas as semelhanças entre o noticiário e o filmecomo
um todo. ê possível desvendar muito mais, comparando os dois de per.
to. O ponto crucial é que o noticiário nos fornece um mapa para a in-
vestigação da vida de Kane. Enquanto assistimos às várias cenas dos
fiashbacks,já esperamos determinados eventos e temos urna base crono.
lógica aproximada para encaixá-los em nossa reconstrução da história.
Os vários flashbacks de Kane nos permitem ver eventos passados
diretamente e, nessas partes, a duração da história e a do enredo são
quase a mesma. Sabemos que Kane tem 75 anos quando morre e as pri-
meiras cenas o mostram com 10 anos, provavelmente. Assim, o enredo
engloba aproximadamente 65 anos de sua vida, maü a semana da inves-
tigação de Thompson. O único evento da história que é anterior a issoe
do qual ouvimos falar é a aquisição da mina de prata por parte da Sra.
Kane, o que podemos inferir ter acontecido pouco tempo antes de ela
entregar o filho a Tuatcher. Assim, a histór ia é um pouco mais longado
que o enredo, talvez chegue perto de 70 anos. Esse intervalo de tempoé
apresentado numa duração em tela de quase 120 minutos.
Como a maioria dos filmes, Cidadão Kane usa elipses. O enredo ig-
nora anos do tempo da história, bem como muitas horas da semana das
investigações de Thompson. No entanto, a duração do enredo também
comprime o tempo por meio de sequências de montagem, como aquelas
que mostram a campanha do lnquir er contra as grandes empresas (4d),
o crescimen to da circulação do jornal (Se), a carreira de ópera de Susan
(7e), e Susan entediada jogando quebra-cabeça (7h). Nesse caso, passagen s
longas do tempo da história são condensadas em resumos breves bem
diferentes das cenas narrativas comw1s. Discutiremos sequências de
montagem com mais detalhes no Capítulo 8, mas já podemos perceber
o valor de segmentos desse tipo para condensar a duração da históriade
uma forma compreensível.
Cidadão Kane também fornece uma demonstração clara de como
eventos que ocorrem somente uma vez na história podem aparecervárias
descre·
vezes no enredo. Em seus respectivos flashbacks, Leland e Susan
<'"'' lug,tr ,llr,wé, 1l,1viagem de um,1 pcrsnn .1f1'm ,da mesma forrn acon, 11
no, fon11lr.H11J111n, tom O, por 111,•md,1, .,ventu ras ,lc Dornth y u
· •~C\\e
l,1'o, no ,·1H,ut1o, 11111.1 narração nnistie,11,· tnnd111.1nnss I explur.,\Jo.
Qu.rndo por hm cntr,11110,cm um <JUJrtoe iro, urnJ mão -~ur~um
3.39 a dopr10depapelem
AtwaSJvimagem urn,1n,·vu,c,1(3.39)
fll'Ml de papel, e snbrc e~st11magcm ,. sohrq,o,tJ
C,doduqh•t.
\ ,mag<'m da neve no, 1n~t1ga,era a 1 ,irrdcIII fa,endo 111 ·omcn
t,1110lrrico ou a 1111,tgcm é .,ub1et1va,um,1 v11:iodo rnr.rihundo 011 umJ
idci.1em suo mente' De qu,tlquer modo, a 11.irr,1ç.io rcvcl.1sua Cdpadda
iJ
de de controlar uma grande quantidade <ll rn h rrnaçôc~ da hi~IOr
Nossa sens,1ção de onisciência é reforçada quando, ucpnis que o homem
morre, a enfermeira entra no quarto: aparcnttme,.. < nenhuma per,onJ
gem sabe o que sabemos.
Fm outros pontos do filme, a narração onisciente chama a atençJo
para si mesma. Durante a est reia de Susan na ópera, no Jlmhbac/r.dt
Leland (6i), vemos as reações do s contr arrcgras, na pari~ de cima cio
palco , à sua pufnrman ce. (Essas digressões onisc1rn1es rendem a ,er
associadas aos movimentos de câmera, como veremos no Capitulo~-)
Contudo, no final do filme, a narração onisciente fica 111a1vivida s .Thomp
son e os outros repórteres saem de cena sem nunca ter de,.:oberto o que
significa Roscbud, mas nós permanecemo s no vasto armazém eleXana
du. Graças à narração , descobrimos que Roscbud e o nome Jo treno dJ
e
infância de Kane {veja 8.22). Agora podem os associar a ênfase, durant
a cena de abertura, à casa de campo cheia de neve com a revelaçãoda
cena final do trenó.
Essa narração é verdadeiramente onisciente. Ela ocultou um.1111for
mação essencial da história no inrcio, nos instigou com pista, (a neH
J
RESUMO
A melhor introduç.'io ao estu d o da narrativa é a de Press, 2008). Uma coleção mais avançada de ensaios
li . Porter Abbott, Cambridgeintrorluctio11 to 11nr
- é a de David Herman (ed.), 11,eCambridgecompa•
rntive,2 ed. (Cam brid ge, Cambridge Unive rsity
1
11io11to narrntive(Cambridge, Cambridge Univer-
Realismo
O poder da mise-en-scêne
nclc,,~ria p,t•p;u,1çao, )<Í que ele n,to poderia rnntM com au<lcntes do
al,1't>. (Omu ,1tr.111,form,i~,10 do ónihu, cm carro íunerano F.lelena de
pl.mciar e cn,cn,ir a açao p,ir.i a câmera. Baseando se em sua experiência
rw tl',llro , Ml'lrc, wm,tniru um dos primeiros est(idios di: cirema - urn
lug,11pequeno, ,1barrolJdo de m.iquin,1, teatrais, sacadas alçapões,
p,111mde fundo dc,hr.anll'S. He desenhou os planos e projetou '-enános
l' hgunno, de ,1111cmao \ wrre,pondc:11'"1ªentre ,em desenho d.:talha-
Jo, e os pl,111os finalizados está ilustrnda em 4.3 e 4.4. Como se IS\O não
h,1,l,l\se. J\lélii:, c,trclou cm ,cus prúpno, filmes (muitas ~eze em vários
pape" no mc,mo filme). \cu de,eio de cnar efeitos mag1c o levou a
controlar todm os aspecto, da m1se c11scene de wus hlme
T,il controle era ncccss.irio para criar o mundo de fantas a que ele
1mag111ava. Somente cm estudio, sena po,sivcl produnr A reia(La 51.
rc11e)(4.5). Mehcs também pôde se cercar (quando rnterpretando um
l~',
~~ .
....___".......
4.S-O filme
Astrtlamouummundo submarino col0<andoumaquârroen1re
acâmara
e aatriz,alguns
planos
defundoe "carrinhos paramonstros
•
Aspectosda mise-en-scene
Cen ár io
O cenário no cinema pode vir para o primeiro plano; ele não precisa
serapenas um recipiente para eventos humanos, mas pode entrar dina-
micamente na ação narrativa. Wendy & Lucy, de Kelly Reichardt, come-
ça com planos de um pátio ferroviário durante a passagem dos trens
(4.7) No entanto, não vcmn, pessoa,. Wendy,que está fazendo sua viagen,
ptlos htJdm Unidm de carro, é vista mais tarde andando com sua ca.
, horra, l .ucy,num p,arquc Os plano, iniciaís do pátio ferroviário sugerern
n tipo de v11i11hançaem que ela deve ficar Em momentos posteriores d,J
filme, r, b,,ru lho e o apito do tráfego ferroviário aumentam o suspense,
mas e ,ó no lin,11que vamos entender por que a abertura colocou énfa.
,c nos Irem.
O dnca,ta pode controlar o cenário de muitas maneiras. Uma delas
◄.8 - OttgodOI
rtqodo. Jª
é ~clc,iona r um local existente para encenar a ação, uma prática que
remete aos filmes an tigos. Louis Lumic rc filmou seu curta de comédia o
regador regado (Làrroseurarrosé,4.8 ) em um Jardim. :-.o final da Scgun.
da Guerra Mundial. Roberto Rosscllrni filmou Alemanha. ano zero (Ger-
mania, 1111110 zero) n,()Sescombros de Berlim (4.9). Hoje é comum cineas-
tas filmarem em locação.
Como alternati va, o cineasta também pode construir o cenário. Méliês
entendeu que filmar cm estúdi o aumentava o seu controle sobre o filme,
e mui tos cineastas seguiram o seu exemplo. Na França, na Alemanha e,
especialm ente, nos Estados Unidos, a possibilidade de criar um mundo
4.9 - Altmanha
, anozero. totalmente artificial levou que se abordas se de diversas maneiras a ques-
tão dos cenários.
Alguns diretores enfatizaram a autenticidad e. Erich voo Stroheim, por
exemplo, se orgulha va da pesquisa meticulosa sobre os detalhes das loca-
ções de Ouro e maldição (Greed, 4 . 10). Todos os homens do presidente (Ali
the president'smen, 1976) tom ou um rumo semelha nte, visando reprodu-
zir um escritório do jorna l Washington Postem esLúdio (4.11 ). Até mes-
mo o lixo do escritório real foi espalh ado pelo set. Outros filmes foram
menos leais à precisão histór ica. Embora D. W Griffith tenha estudado
os vários períodos histórico s apresentad os em Intoierância(lntolerance),
sua Babilônia constitui sua imagem pessoal da cidade (4. 12}. Da mesma
forma, em fvan, o terrível (Ivan Groz nyy), Sergei Eisenstein fez uma es-
tilização livre da decoração do palácio do czar para harm onizar com a
iluminação , o figur ino e o movimento das personagens, de forma que
elas t ivessem que se abaixar para passar por portas que se assemelhavam
a buracos de rato e ficar paradas diante de murais alegóricos (4.13).
O cenário pod e sobrepujar os atore s, como em Asas do desejo (Der
himmel über Berlin), de Wim Wender s (4.14), ou pode ser reduzido a
quase nada , com o em Dráwla de Bram Stoker (Bram Stoker's Dracula),
de Francis Ford Coppola (4.15).
O design global de um cenário pod e moldar a for ma como entendemos
a ação da história . Na série crim inal silenciosa de Louis Feuillade, Os
vampiros (Le vampires), uma gangue de criminoso s mata um mensagei·
ro no seu caminho para um banco. Cúmp lice da quadrilha , Irrna Vep,
tam bém funcion ária do banco, diz a seu superior que o mensageiro de·
real•mTodos
4.11 Réplicadeumasaladeredaç.ío 01 homens
dopresidente
4.10 Detalhes,
comomtam eo papelmata moscaspenduradona parede,
coamumacenade tavern
a emOuro
e moldrçõo.
11smelhottsseusooosmo~Stmplti, ormais
modestos. Tudo dmconrri&utrparaaarmosfera despedaçano início de Cidadão Ktme (Citize11Knne), o balão da menina
dohill6ria,t tudooqutná'ocon!llbulr
lkvenror em M - O vampiro de Diisselrlorf(M - Elne Stt1dr s11c/1teine11,\.lõrder},
1kforo.A reolldodti 9erolmenre
mu1ro compli-
a flor de cacto em O homem que mnto11o ft1clr1orn(Tire ma11111/10s/10/
cado- IDco{óes reais1êmmu110 coisoqu, t
a09e1odo esempre
ouco1111od,r6r1a, rtqumm Li/,erty Valm,ce),a camado hospital de Sarah Connor que se transforma
ump(JU(o dt slmpMWfàO 11ens
quedel'f'm m em máquina de exercícioem 1:ixtami11ndor do Jut1iro 2; O julgat11e11to
rt11rodos etc. [ssofo1ra finnl (Termi11ator
, coresunlf///m11odos dny). Ascomédiascostumam usar adereços
2:)1ulg111e11t
vindodas/mpllc!dDde I muJro
maisf6<11 dt con- para fins humorísticos (4.25).
numsei<Mstru/do
se9u11 doQutnumak><Ofoo
Ao longo de uma narrativa, um adereço pode se tornar tun motivo.
t.tmtntt."
Em Bleiçilo(Elfc/1011),de AlexanderPayne,um meticuloso professordo
-Stuan Cratg,
direto
r dearte,Umlugarcha- ensino médio frustrado começa o seu dia limpando a geladeira do de-
mado HIii(NolllngHlln
Notting partamento (,t.26) e, logo depois, recolheo lixo do corredor (4.27). Nulll
ponto de reviravoltaimportante do enredo, ele decide esconder um voto
417- fie,ogafo1aumpeda10
de papelnahxtiradocorredo1
.
4·2• Amãodoprofesso
emr primelrlss,mo
plano,
d~cartando
ovotocrucial
para presidendo
teconselho
estudantil.
UI -liofinal,omeninopa1saaagelaparaalguêm
foradecampo,
possivel-
~a:t o casal
ViSto
antenormente.
4.47 lmOJ""'"°'ª'hrl,,,
/lr,,11,/111/Jr,1,p,11
11•Ili 1,•110
eincn 1no1101•1,I r,1 ,,,,,,,loqo,M
4.46 EmF0<10(Ontrafogo(Hrnr),d n1<1qul,19rni
deAIi',Hlno
1hrd,11ohr,111 l',1111111 vi•lhoN.111 , rto 1hc•lo
r,1tr<•111.11, fo1f\
"lhas leveme
nte arredondad,1se,com,1ajudad,1ll11
111ln.iça
o,111lnln111,1
,11boi brM11 ,u,HJ m,u11111
1u1\11rln, 111m 'º"
1mrnt1
1 CQm
4.49 - Namesma .
<ena, o delineador
emKeanu
Reeves .
deseusOIhOs· ObSelVt
destacaasbordassupenores
tambéma curvaumtantofortedassobrancelhas,acentuandoseu levefranzir detesta.
Iluminação
camente.Esse filme até parece ter sido concebido para comprovar a ve-
racidade de uma observação feita por Josef von Sternberg, um dos mes-
tresde iluminação no cinema: "O uso adequado da luz pode embelezar
e dramatizar qualquer objeto".
Para os nossos propó sitos, podemos isolar quatro caracterí sticas
principais do sistema de iluminação no cinema: qualidade, direção, fon-
te e cor.
A qualidade da iluminação se refere à sua intensidade relativa. A
iluminação concentrad a cria sombras claramente definidas, texturas
nítidas e contornos distintos; já a iluminação difusa cria uma ilumina-
ção dispersa. Na natureza, o sol do meio-dia cria a luz concentrada,
enquanto um céu nublado cria luz difusa. Os termos são relativos, e "Todo luztemumpontoemqueé maisbr,lhante
muitas situações de iluminação ficarão entre os extremos, mas, normal- e umpontoparao qualsedesvia, atése perde
r
mente, podemos reconhecer as diferenças (4.54, 4.55). completamente. .• Aj ornadadosraiosdesdea
A direção da iluminação em um plano diz respeito ao caminho da luz m!deo central
oteos pontosremotos
daescufldão
a partir de sua fonte ou fontes até o objeto iluminado. Por conveniência, é a avenrura
ea drama daluz.•
4.61-Ailuminaçãodeámanofilmede
losefvon
b'prtsso
Stembe!g deXanga
i (Shangha1
ap,m). 4,62- Fontes
deluzaparenteie ocullas
emO
mi/ogre
deAnneSullivan.
4.64 Oprodod•Btn
d
4.63 - Aluzcha,e, a luzdt pretnch,mento
em
rusacombinada \ Oguordo-<0 1101.
nação de baíxo pode ser a principill fonLc de lu,, enquanto uma lu1 de
preenchimento mais difusa e suave cai sobre o ccnano 1trás da figura
Luzes vindas de várias direçõc~ podem ,cr combinadas de qualquer
maneira. Um plano pode usar luzes chave e lu1cs de preenchimento ,em
contraluz . No quadro de O guarda costas ('lhe bodyguard) (4.63), uma
luz-chave forte de fora de campo à c~querda projeta uma sombra dra-
mática na parede à dir eita. A luz fraca de preenchimento discretamente
mostra a parede atrás e o teto do cenário, mas deixa escuro o lado d,m-
to da cabeça do ator.
Em 4.64, tirada de O prado de Bep11(Bezhi11lug), Etscnstem utilua
uma série de fontes e direções de luz. A luz- chave sobre ,1~ figuras vem
do lado esquerdo, mas está concentrada no rosto da velha cm primeiro
plano e está difusa no roMo do hom em porque uma luz de preenchimen •
to vem da direita. Essa luz de preen ch iment o recai ~obre a te\ta e o n.ir11
da mulher.
O cinema clássico de J lollywood desenvolveu o costume de usar pelo
menos três fontes de luz por plan o: luz-cha"e, luz de preen .. h1mento e
·ourontto 6/magtm plano1
dt pr1mt1ro1 num
visualno
contralu z. A organização mais bas1ca dessa s lu1.es cm uma umca figura
f,lmtcolorido,hdmultamfo,mo(do
o quttendeadernara attnçàa é mostrada cm 4.6 5. A co11tra/11zé projetada de tr,ís e de cima da figura,
planodt fundo,
do10110.EporISSO qutosrostosdos0111m nos -cl,ave é projetada diagonalmente pela frente. e uma /uz tie prcen
a /11:z
Mmtsantigos tmp1ttot b1oncosdotoo~!Ylda- d11111ento,de uma posíçao próxima à dmera. A luz chave geralmente fica
mente lembrados Mesmo hoje,osfosdt cmemo ma is próxima da figura, ou é maí s clara do que a elepreenchimento.
~ ltmbrom dt D1mlch
nostal91Camente ...Gar-
Normalmente, cada personagem impor tan te de uma cena tem a sua
bo••Lomo,r _ Pot quU FIimados tm prtto t
branco. mos flgu,ospareciam 1lum1nadde a1 própria luz -chave, luz de preenchunento e con traluz. Se outro ator for
dtnt10 patofo,a.Quandoum,osroopa,ecio no adicionado (como na figura pontilhada cm 4.65), a luz-chave de um pode
ttla,superexposro-a dehighkey,que
técnico ser ligeiramente alterada para formar a contraluz do outro, e vice-versa ,
tombtm 1mptlft1çóts trocomo~
opol}al'o com uma 1111de preenchimento de ambos os lados da câmera
umobfetolummoso tsr1m1ttmtrglndodattlo.•
Em 4.66 , a personagem de Bette Davis em Jt:zebelé a figur,1 mais im
de fotografia
01,diretor
Almend1
- Nestor porta nte , e n ilu m in açã o d e tr ês pon tos cen tralin1 a atenção sobre ela.
Uma co ntraiu, clara, proJctada por trás do canto superior direito, desta
(li ,eu (.1bdo. e .,s lu n·s dr hord,1, .wu hr A~o esquerdo. A lu, ehavc ,•~t~
d,· pcrso11,1gcn,qu<' nunrn cxi, t 1ram, , 01110 Shrck CHI Patnlino, podem
, ,·r u,,1d,,, cm cksenhM ,\n1nrndm Fm hlmc, de licçâo c1e11t1f1 ca e f,111
rn,i,1,rt1bôse mons tros lahulo,n, uiatln, co1110modelos podem ser dt
gitalindos, e o nmvimcnto pode ser ad1unnado 11trav6 de 111 ,1111p11
h1~ao
\IJ computador ( 1.27). ~nlistKadas térnica, digila1, tamh<:m pcr111 1tc n1
que o, cinea..ias t:apturem n n, nvimt•nto ,1 pai 111de diverso, ponto , no,
rosto, do, atorc, e tr,1nsliram 'll,l s atu,1çócs para cn ,llur,1, gcr,1c.las nn
c:omputa<lor(4.86) . 4.34 - Emfu1iosoPgwnar,a,Codylarr,tt la
me~Ct1gnty)remumares~ndm,s.Jdoref,norio
dd p11wod•po11de saberdamor••d• 1uama•
Atuação e realidad e - Apesar de ser possível que formas abstratas e
figurasa111m a<l,1s se tornem impo rtan tes na 111ise
-e11-scene, os casos mai~
intu111vamente conhecidos de expressão e movimento de figuras são os
de atores que interpretam papéis. Como ns outros a,pecto s da mrse-en -
scene,a interpr etação é criada para ser filmada. A interpretação de um
ator é composta de elementos visuais (aparência, gestos, expressões laciais)
e som (voz, efeitos) . Às vezes, é claro, um ato r po<le contribuir apenas
com aspectos visuais, como no cin ema mud o. Da me,ma forma, a inter-
pretação de um ator pode , por vezes, existir apenas na trilha sonora do
lilrne. Em Quem é o infiel (A /etter to three wives), a personagem de Ce-
leste Holm, Addie Ross. faz uma narração sobre as imagens, mas nunca 4.8S-O filmedebonecos deLad,sla
vSrarev1ch
aparece na tela. uma convell.l
Omaifote(Fétrchemascottt)mclu1
A atuação, muitas vezes, é tratada como uma questão de realismo. Mas entreumdemônioeumladrão,com1utlsexpres
sõesfac,ais egestosenadosatra,esdean1ma1ao.
os conceitos de atuação realista mudaram ao longo da história do cinema.
Hoje, podemo s pensar que a p erformance de Hilary Swank cm Menino.s
não choram (Boys don't cry) ou as performances de Heath Ledger e )ake
Gyllenhaal em O segredo de Brokeback mountain (Brokeback mountain)
4,86- Piratas
da(ortbe:
Obocidamarlt(Pirattr
oftht(aribbtan:Deod
man's
: Juntamente
chtst) coma maquiagemaoredordosolhose daboca, oator8111
Hlghytevepontosbrancos
decapturademovimentoaplicadosemseurosto.
Suasexpressões
fadaisforamusadasparauiar umamaqulagem virtual
, que
Incluía
umabarbafeitadetent~culos
seconto1cendo
, parasuapersonagem ,
DavyJones.
\tu.1, .in: l\m,,,,., <' nwti\ .,,·.m hn 1'lll.'-, '" ,•,1x·,1,,dn1cs,k l l11lly
'""''! ti,.11.1111 ~ rrr,.,.,,1' '"1 <' Slt'\ ,, \l,111111
11 1 11 11,llllnl 111d1«1d,, ,1 11111
l,,,.,r I"'' l ,., ,·,r •' /•, w l'/11 1111111{ \// t>/ 11,t') !\,•,"·
1 111 11 11 hlllll', /\l.11lin
l't'lr.,u um lwmem ,uit, "''!'º <' s11h1t.1m,•nt,· 111.11p,1do, ,•m '<'li l,1d11 di
rt''"' rd,1 .,lm., ,k 11111.1 11111lhcr que .1,,1h,1d,• 11w 1re, M.,r1111 usou 11111
,l.u1,.1sl>ru~<•~ ,k v,,,.1 1110,n11
1 11 1 p.1u11
1 m1m.1'" rnll,\tk,1. p,1r,1 ,u~crir
11111 -:,,rrn J1, id1d, 1. Fm 1'l"1'l, um .1l.1nd11
M.'mdh,1111,: nn1rrcu qu,rndo Jrm
t,
1..'.trrt''1ü,1 1 i indi,.,J,, .10l)~.-,,rpo1 () ,/1<111 rlc ·n11m,m· 0 ,Irem•,111 1, 1,1t1
\ 11:,·Trum,111 ~ltc>II'). um,1 ú\tlll'd1.1,ohr,· um lwmcm qu,• n,\o s.1hiJqu,•
1,-...i.i., su.1Yt,i,1,·r.1tr.,nsmtti,l,1 ,011111 um progr,1111,1 ,úmirn ,k .,u,litúrro
n.1tdc:- ,is.io. :X.'io p,1,h.1s,•r1·spl'r.,J,1u111.1 p,·1Ji1r111,111a r,•,1hst,1,
no ,cnttdo
,-srri1,1 J.1p.,l.wn. nem d.-~ lnrtin 11cm1k <..',1rr,·y. j.1,1uc,u, ~i1u,1çoc~ que
de:-$interprt't.lram não poderiam ,•xistir no mundo rc;1l.Contudo, nessas
a,m,'<ii.lsfant.1sios,1s.. 1sin1t•rpr.:t,1çõcsforam tot,tlmcntc apropriad,1;..
Em filmes rnmo L'111~sp,ritobaixou e111111i111 c O sl,oll' de Tru111c111: o
;htlW d,1rid,i. uma interpreta ção mais quieta e superfich1lmcnterealista
seria claramente inadequ,1da para o contexto estabelecido pelo gênero,
pela narrativa do filme e pela mise-e11-sce11e geral. Isso sugere que uma
interpretação, realista ou não, deve ser examinada de acordo com sua
_funçãono contexto do filme.
Podemos considerar a interpretação em duas dimensões. Uma inter-
pretação será mais ou menos individ11aliznd11 , e será mais ou menos es-
lilb1da.Muitas vezes, temos ambas em mente quando pensamos em uma
interpretação realista: ela cria uma personagem única e não parece exa-
gerada ou muito apagada. A caracterização feita por Marlon Brando de
Don Vito Corleo ne em O poderoso chefão é bastante individualizada.
Brandodá ao chefào urna psicologia complexa, uma aparência e uma voz
distintas, e uma série de expressões faciais e gestos que o fazem signifi-
caliYamente diferente da imagem-padrão de um chefe da máfia. Quanto
à estilização, Brando mantém Don Vito na faixa intermediária. Sua in-
terpretação não é nem simples nem extravagante; ele não é impassível,
mas também não exagera.
No entanto, essa faixa intermediária, que muitas vezes identificamos
com uma interpretação realista, não é a t'micaopção. Na escala da indivi-
dualidade, os filmes podem criar tiposmais abrangentes e mais anônimos.
A narrativa clássica de Hollywood foi constr uída sobre papéis ideolo-
gicamente estereotipados: o policial irlandês patrulhando, o empregado
negro, o agiota judeu, a dançarina ou garçonete engraçadinha. Através
da seleçãode elenco por tipos , os atores eram selecionados e direciona -
dos de acordo com O tipo. Muitas vezes, porém , artistas habilidosos
davama essas convenções frescor e vivacidade. No cinema soviético dos
anos 1920, vários diretores usaram um princípio semelh;mte, chamado
tipagem.
UM OLHAR DE PERTO
Podemos pensar que a tarda m.iis importante de As partes mJ1\ expres,1vas do ro sto são boca,
um ator e dizer as tala, de lorma ..:onnn.cnte e ali as sobrancelha, t: os olhos . Todos eles tr.ib.1lham
,·a Certamente, a vo1 e a entrega ~ão muito impor· em wniunto p.ira sinalizar como a pcm ,nagcm está
tantes no cinema, ma~. pensando em termo~ de respondendo ..1,ituaçao dramáti ca Em Jerry.\fa .
mise-en Sü'llt', o ator e ~empr< parte do projeto vi gu,rr A grande v,rad,1(Jerry ,\lagurre a conta-
sual global :\fu1tas cenas de filmes contêm pouco dora Dorolhy Boyd encuntra acident almente com
ou nenhum diálogo. mas, em todo momento na tela, )errycm uma esteirade bagagemno aeroporto. Ela
o ator deve estar no personagem. O ator e o diretor tem uma queda por ele cm parte porqué admira a
moldam a interpretação ptctoricamente, e,em todos declaração corajosa de m1~sãoque ele cm 1ou para
os momento,. atores de cinema usam seus rostos. a agência de esportes em que o~ dob trabalham.
Isso era mais e,;dente antes de os fi1mes terem Quando ele começa a recuar da dedar ação, ela avi-
som, e os teórico~ do cinema mudo sempre elogia- damente a cata de cor. O ~orriso 5iíllt'ro d.: Rcnee
vam a atuação facial sutil de Charlie Chaplin, Gre Zellwegger e seu olhar firme sugerem que ela leva
ta Garbo e Lillian Gish. Tendo em vista que algumas as questões mais a sério do que Jerr} o faz ( 1.87).
expre:.sões faciais bhicas (felicida de, medo, raiva) Essa impressão é confirmada quando Jerry diz: "Ah-
são facilmente compreendidas entre as culturas, han•: e a observa com ceticismo; seu sorriso li.to
não é surpreendente que os filmes mudos tenham sinaliza polide7 social em ,·ez de orgulho genumo
se tornado populares em todo o mundo. Hoje, com (4.88). Esse encontro estabelece uma premis,a do
os filmes de ficção convencionais usando muito o filme: os impulsos idealistas de Jerry vão precisar
primeiro plano (veja p. 309), os rostos dos atores de apoio constante, já que ele pode a qualquer mo-
são extremamente ampliados, e os artistas devem mento, escorregar e voltar a ser ·um tubarão de
controlar suas expressões minuciosamente. terno".
4.87- Slnctra
e alllva,
Ooro1hy
promele
lealdade 4.88 - Jerrysomeduudamenle, masoseuolhar 4.89 Nod,maxdelum doadodt.ao~on-
aom,morarldo
1dealimdeJenyM.lguue ,,radodeladoesuafrontesugermqueeleem um dera bocacoma ftorqueelegiraan!IOloll1lfll•'
pouco destoncertado
pelahones1ldade
dela. Chaplinnosobrigaa percebe,a suat5perafl\'1
expressa
naparlesupenor deseuro5,o. __.-,'
d,1n,· ,1. f.lcnkhclli atua no rc,l o dJ cena mais cal apocalíptico Limite de .1eg11rança
(Fnil safe) Henry
mamente. mas ainda cmpreg.i atitudes expressivas Fonda interpreta o presidente dos EUA, que tomou
(4.9l, 4.92) . conhecimento de que um avião de guerra norte-
Os gestos ele Chaplin r Mcnichclli mostram que americano foi acidentalmente enviado para bom.
as mãos sáo instrumentos importantes do ator de bardear a União soviética. Fonda está de pc ao te-
cinema. As mãos são para o corpo o que os olhos lefone quando ouve notícias angustiantes sobre 0
são para o rosto: Elas direcionam nossa atenção e avanço do avião e desliga com a mao esquerda
evocam os pensamentos e sentimento s da perso - (4.93-4.96). Ao manter a maioria do plano parada
nagem. A atriz Maurccn O'Hara disse sobre Henry e vazia, o diretor Sidne y Lumct deu aos dedos de
Fonda: "Tudo o que ele precisava fazer era balançar Fonda o papel principal , deixando -os expressa r a
o dcdinho e ele poderia roubar a cena de todo mun· prudência comedida do presidente , ma\ também
do ''. Um bom exemplo pode ser visto no suspense sugerindo a tensão da c rise.
du-.,t,·r -3, lll' qual l,1111,•,Stew,111 inlt ' rprt' l,1 um l11,m,·111i111p11 l, 1u11,1dn e1p1t,1h1!1
d~ ulolr
por um dcs<.'11• de ,·111gan,,1(-t. 100) .
A mo11va,;ãopsrrnlógica ~ 111, •no~ 1111port,111te
cm um tilrm· wmn
L,idnio de alc!ll·n (Tro11li!.·
i11p11rr1dist'), ,1de rnMume, ,oli,
uma com!'.•di
licada em que a principal preocupação é com pcrsonagcn, 111,1is e,t,•
reotipadasem uma situação cômica. Em 4.101, duas mulhcr~s ~ompc
tindo pelo mesmo homem fingem ser am,ga:.. Novamcnle, as
prrfomzancessão perfeitamente adequadas para o gênero, a narrativa e
0 e~tilogeral do filme.
to, v,dc lembrar que a duncrn pode e\tar a qualquer di~táncia da figura.
•voctp,,dtptdiro umum,quefaçoalgocomo,
Filmndo de multo long e, o .i l or é um ponto na tela, muito menor dr, que
digamos. eo unoselevanta.
'Levante-se, Mm
IIOdnnopoded11tr er um 111or no pnlrn vist(J da parte de Irá~ ele um balcão de teatro. hlmad,,
o umuri(\ 'Demonstre
A~sim,
ponto: voctpodeloztlohcordep~.mos de muito per to, o menor movimento de olho do ator pode ser rcv adll.
prtt1so,entd<1 la1Hosesurpreendtt. Cuborulo i\ s,im, o ,llor de ci ncm,1 eleve se ~omportar de maneira diferente d,,
duoipontloioupegaria umagalinho emuma c1uc o t1lor ele tcnt ro, ma\ nem ~cmp rc 1sM1\1gnilica que ele deve \er mais
gala/o,emseguida ro a a91tcmantl queeloco co nt idu. Em vez dis~(J, ele deve \C r capaz de ajustar se a cada tipo de
careJOSSP,e o ursoIropensa,,'Oquefoiisso?;e,
distfl11cia ria cilmem. Se o ator está longe da cámera, ele terá que gesticu-
tltque:
ttJ rerio essaexpressào.
•
lar de forma amp la ou se mover o suficiente para que sua a1uaçao seja
vista . Mas se a câmera e o ator es t ão a cen tímetro s de d1stánc1a uma
- Jedn-Jacque~An Ouno(lllurs)
naud,diretor,
con tra ção de um mú~culo da boca vai ser vista de forma clara. E.ntre
esses extr emos . há toda urna série de ajustes a serem feitos.
J:lasicamenle, um a cena pode se concentrar na expressão facial do ator
ou em gestos de pantomima do corpo. Claramente, quanto mais próximo
o ator está da câ mera, mais a ex pr essão facial será visível e mai s impor-
tante ela será (ainda que o cineasta possa optar por se concentrar em
ou1ra parle do corpo, excluindo o ro sto e en fatizando o geMo). Mas ~ o
ato r está longe da câmera ou virado para esconder o rosto, os seus ge,tos
se tornam o centro da interpretação.
Ass im, tanto a encenação da ação quanto a distância que a câmera
está dessa encenação determinam como veremos a interpretação dos
atores. Mui to s planos no filme d e Bernard o Bertolucci A estratégiada
aranha (Strategia dei ragno) mostr am as dua s personagen s principais a
certa distância, de modo que suas maneiras de andar compõem a inter-
prettação dos atores na cena (4. 107). Em cenas de conversa, no entanto,
vemos claramente se us ro stos , como em 4. 108.
Tais fatores de conteno são particularmente importantesquandoos
artistas não são atores ou nem mesmo seres human os. Enquadramento,
m ontagem e outras técnicas de cinema podem fazer com que animais
tr einados len ham performances adequadas. Jonesy, o gato de Aliem, o
resgate (Aliens), pare ce ameaçador porque o movimento do seu chiado
,nilo
11 <n1111,11v., ,, ,ili:n 1Ju1·r~l,1 clrntr11,J,11cna i·rn que,. plano aparece
n,J,, n,t H ,1hd,1d,·, provnvdm!'nl<· , 1·ll'emitiu o cl11.idopara digo cnrnple
0
ianwntc J1frn·nl<',
l'JI co11111
,11n11tcu• ,om lndm m 1·l1·1111·11tos<ll· um filme, a ,1tuaç.io
1,tcrc,r uma 11omaillmllad.1 dl• po\~1h11icl,1d1
~ 1h•l111tas,J.la n~o pode ser •.1119
1ulj:JdJ cm 11111.1
C\tJla unlvc"al yuc ,c,a se parada do contextfl concrctn
da lorm., do filme tomo 11111 tn1ln.
4,110- Uma
ocorrência emAaventuro:
notávelder,ontalldade AIpe1101139ens
4.111- ...virando
ascostas
paraa cámera.
1ealternam
...
quando !inndro a pressiona para que se case com ele, e a corda está esti .
c;;1daentre eks (4. 110). Como ela vai responder?
Antoni(\ni começa dando a Chíu d,a um pouco de traba lho. Ela torce
a cord,1cm volta de seus braços e a passa por cima de suas costas, Esse
poderia ser um indício de que ela cst~ inclinada à proposta de Sandro.
;\ o mesmo tempo, ela hesita. Porque, assim que ele a aperta, da se afasta
dele(4.11 t).
Sabemos que os rostos nos dão acesso aos pensamen tos e àsemoções
das perso nagens. Outro cineas ta poderia ler colocado Cláudia Já de
frente para nós quando Sandro fez o ped ido; dessa forma, veríamos sua
resposta imediatamen te. Em vez d isso, Antonion i deixa as coisas incertas
por um momento. Ele escon de a reação de Cláudia e depois fa1com que
ela se ,ire para nós. Para se ce rtificar de que nós estamos vendo Cláudia
e não Sandro, neste moment o, Antonio ni faz com que ele vire de costas
quando ela gesticula e fala ("Eu gostaria de ver as coisas claramente").
Nossa atenção está presa nela.
Em pouco tempo , Sandr o se volt a em direção à câme ra para que pos-
samosver sua reação, mas a an siedade de Cláudia já nos chamou a
atenção. A complexa relação dela com Sand ro - atração (deslizando por
baixo da corda do sino) e incerteza (afastand o-se de forma tensa) - foi
apresentada para nós concretamente.
Esseé apenas wn momento cm wna cena complexa, mas mostra como
os vários elementos da mise-en-s cen e podem coope rar pa ra criar um
efeito específico, a revelação tardia da emoção de uma personagem . Essa
revelação não poderia ter ocorrido sem escolhas do dir etor sobre o que
nos mostrar em determinados momentos. Quando olhamo s para uma
imagem, olhamo s intenciona l ment e, O que percebemo s é orientado por
nossas expectativas sobre o que pode ser significat ivo.
Mujtas vezes, a forma de todo o filme estabe lece nossas expectativas.
Se um plano mostra uma multidão, nossa tendência é procurar por uma
personagem que reconhecemo s de cenas anteriores. Em 4.112, embora
4•112 - ~ expectat
ivasnarlôl1vas
guiamnossos
olhosparaaspMSonagens pals emrootsie
prlocl .
bpaço
-?~
4.Ul - Er.Alldori:/llll
;;;a,ror.s
,10 ,,nn~
porum'-'·
e nl<Jros
o <NW!O do fmo-,tfao fll<ctct•~ 1
em"4d~ .ios qaa.s.s roui;as
te cesraus, ru:a!rt.nlt.
11:,~cLins~as
doamarusaumapaletakrrutadade verde,prtto e
4.125- Oconcruro 4.126-A//em, amgat,usa, coresquentes,coo, o amarelo.
moderadamente,
bral1CO.
mátko. Nesse caso, o cineasta enfatiza uma única cor, variando apenas
na pureza ou na claridade. Nós já vimos um exemplo de mise-en-scen e
monocromática no cenário e no figurino brancos de THX 1138(4.40). Em
um designmonocromático, até mesmo uma mancha de urna cor contras-
tante chamará a atenção do espectador. O design de cores de Aliens, o
resgateé dominado por tons metálicos, por isso até mesmo um amarelo
gasto pode marcar o robô carregador artificial como um importante
adereço na narrativa (4,126).
O cinema tem um recurso que a pintura não tem. Nossa tendência a 4. 127- Warchmg fDI tht quttflenfahza
arra-
nhõese riscos.
notar diferenças visuais aumenta quando a imagem inclui mov111m1to.
Na cena de A aventum, o giro da cabeça de Cláudia se tornou um gran -
de evento, mas percebemos movimentos muito menores no quadro.
Normalmente, por exemplo, ignoramos o movimento de arranhões e
poeira em um filme. Mas no filme de David Rimmer Watcl,ingfor lhe
queen,em que a primeira imagem é uma fotografia absolutamente está -
tica (4.127), as partículas de poeira que saltam no filme chamam a nos-
sa atenção. Em 4 .128, ti rado de Relatode um proprietário(Nagayashinshi-
1111mnnwn l n elll qu e u111 rcu,rte <lr JOrnal voa com o vento, ele uncdia'
t.rnwntL',11r,1i ,1,IIL'il\''º porque~ o único movimcnlo no quadro.
Qu,rndo vMios dcnwnlos móveis aparecem na tela, como cm ,ima
tl,ini;,1d<·,a l,ío, nn,sa ten<lênci,1é allcrnar a atenção entre eles, de:acord.,
, 0111 out rns pistas ou dependendo de no,sas expcctal1vas sobre qu.,I
ddc\ l' 0 mais I mportanlc para a ,1ção narrativa. Em 4.129, A m11ndade
de l.mwhi ( Ycw11>1Mr. J i11rnl11 ), Lincoln esta se movendo muito mrnos
4.128 cmRrlatodr
UmprqurnomovImrnto do que 0 ~ da nçar inos que vemos na frente dele No entanto, ele está
• ., Pll//lllt10no. ,•11qu,1drat lo de form a ce111 ra lízacla, como o personagem princ1p,1I, e os
d,rno,,,1rinu, p.1~sam rapidamente através do quadro. Corno rc~i,ltado,
estamos propen sos a nos concentrar em seus gestos e expressões fadais,
por mcnorc~ que possam ser quando comparados com a ação energ,ca
na parte dianteira do quadro.
Espaço da cen a - Olhar para uma imagem do filme como uma imagem
bidimensional nos ajuda a apreciar a maestria dos cineastas, mas requer
algum esforço. Achamos mais fácil ver imediatam ente os contornos e
dimensões na tela como um espaço tridim ens ional, como aquele cm que
4.129 - Enfast emumafigurano planode vivemos. Os elementos da imagem que criam essa impressão são chama-
fundoemAmorrdodt dt úncoln. do s índices de profundidade.
Os índices de profund idade nos permitiram entender que o encontro
de Sandro e Cláudia aconteceu em w11 espaço realis ta, com camadas e
volume. Desenvo lvemos o nosso enteudimento dos índice s de profundi-
dade a partir de nossa experiência com locais reais e de nos~a experiên-
cia anter ior com m ídia pictórica. No cinema, os indices de profundidade
são fornec idos pelo cenár io, pela iluminação (fotogra fia), pelo figurino
e pela ence nação, ou seja, por todos os aspectos da mise-en-scene.
Os índices de profundidade sugerem que um espaço tem volume e
várias camadas disti ntas. Quan do fa lamos de um objeto como tendo
volume, queremos di zer que ele é sólido e ocupa tuna área tridimensio -
4.130 - Osombreamento e a formasugerem
nal. Um filme sugere volume através da forma , do sombreamento e do
volumeemApa/Xóo dt Joanad'A«.
movimento. Em 4. I06 e 4.1 30, nós não pensamos nos rostos do~ atores
como recortes planos, como bonecos de papel. As formas dessas cabeças
e desses ombros suge rem pessoas só lidas. As sombras dos ros tos sugerem
as curvas e reentrâ ncias da fisionomia dos atores e criam um efeito de
modelagem . Assumimos que, se Jean Seberg em 4.106 virasse a c,1beça,
veríiimosum perfil. Assim,usamos o nosso conhecimentodos objetos
do mundo para discernir volume no espaço filmico .
Na medida cm que um filme abstrato pode usar formas que não são
objetos cio cotidiano, ele cria composições sem uma sensação de voltune.
As formas, em 4. 131 , não nos dão nenh u ma pista de profundidade de
4.131 - Umacompo1i1ão
planaemBtgont,
volume - elas não têm sombra, não têm uma forma reconhecível e não
du/1cort,dt NormanMclaren
se movem de maneira a revelar novas visões que sugira m redondeza.
1,, 11,,,u , ,w,sc:,11,0, 1cm .1p1·11.1s tl11as ni 111:1tl.1s, como ,·m unu pintura
,,h~lt,1111 . FSS(' ,·~,·mplo, ,omo 11o ssn cena d,• A 111•t•11r11m, sug,•rr que um
111 t1,,e:de pmf1111did ,1d,•mais h,bico é a sobrepo~içi\o. As formas arre
,J.ulas
Jl 111 dt• S 1~mcon1ornos ~1ucse sohrcpikm ao e,paço de fundo,
bloqul'i1111111
osst1vlsiio ddc, pnrcccnllo cnt5o c~lar mais perto de nós.
t\ll'.1vésda sobreposição, um grande número de camadas ou níveis
pode ser Lldinido. Em ,1.56, rctirndo cléA chinesa, de Jean-Luc Godard,
trêscamadasdistinu1s sào apresentadas: o plano de fundo com recortes
de moda,o rosto da mulher que sobrepõe o fundo e sua mão que sobre-
põea parle inferior do rosto. Na iluminação de Lrês pontos, a iluminação
d~co11 1orno acentuo a sobreposição das camadas enfatizando o contor-
no do objeto, dessa forma, distinguindo-o drasticamente do plano de
fundo.(Vejanovamente 4.59, 4.6 11 e 4.66.)
As diferenças de cor também criam níveis de sobreposição. Como as
coresfriasou pálidas tendem a ser ofuscadas, os cineastas normalmente
asusam para planos de fundo, como o cenário. Como, por sua vez, as
cores quentes ou saturadas tendem a se sobressair, tais matizes são fre-
quentemenlc utilizados cm figurin os ou outros elementos de primeiro
plano,como no filme de Sarah Maldoror Sambizanga(4.132). (Veja tam-
bém 4.29,4.34 e 4. J 26.) 4.132 - EmSamblzanga, ovesltdo
daheroína
Filmesde animação podem obter cores mais daras e mais saturadas temcores multoquentes
e bastante o
saturadas,
do que a maior ia das tilmagens de ação real; dessa forma, os efeitos queo destacanitidamenle
dofundopálido.
de profundidade podem ser igualmente mais vívidos. Na animação de
Chuckfones O sapo da sorte (Orre froggy eve11i g) (4.1 33), o amarelo
11
luminoso do guarda-chuva e a pele verde brilhante do sapo fazem com
queele se destaque do vermelho mais escuro da cortina e dos tons de
terra do chào do palco.
Devido à sensibilidade do olho para diferenças, até mesmo os con-
trastes de cor menos chamativos podem sugerir uni espaço tridimensio-
nal. Em O di11heír'o(4 .21• 4.23), Robert Bresson utiliza uma paleta limi-
lada e fria, assim como uma ilumina ção relativamente simples. No
entanto,as composições destacam várias camadas por meio de sobrepo- 4.133 - Coresvivasenfatiz
ama sensação de
siçãode quantidades ligeiramente diferentes de preto, marrom e azul- extrema profundidade emOsapodasorte.
4.13S - Aneblina
enfatiza
a distãncia
entreárvores
noespaçodianteiro
e
traseiro
doplanoemThewa/1
.
ro,t,, ~ 11w,kl ,1do pdJ luz-c have relílt1vamentc forte vin da da clire,ta. pela
rvu,-a,lununaç.io de c_imaem seu (a belo e pe l.1 rela tivamente pouca luz
J,,.rrecnch1111 ,·nto. O ngun nn de Arme est,\ coon .Jenado com a rlumma
..•••
•••e"I
....
~
.;lo n3 .:ria~-ãode um padrão de luz e esc ur idao: um vestido prelo cor- ■■■ 1l
tJJO por um colarinh o bra nco, e um chapcu pre to ,.k bor da brauca. 0
que n(n-amentc enfa t i7a seu rosto.
o plano é rel ali\',tme nle raso, exibmd o duas camada, ma ,ore, com
pouca dist.ind .t entr e elas. O fund o ressa lt.1o eleme nt o mai, 1mportan
te. Annc- A grade geomclr ica rígida na pa rte tra seira fal do rosto um 4.140 - O,osd• "º concentrando
em uma
pou,o triste de Anne. o element o mai s exp ressivo no qLiaclro, incc nti van- umcafigura
Jo. 3 ssim.que nossa atenção se fixe nele. Além disso. a composiçãod rvi-
deO espaço na tela, na horizontal , co m o mot ivo da gr ade que at ravessa
a met ade de cima, e, na vertical , com o vestid o grave e escuro de Anne
dominan do a metade inferior. Como é comum , a zona superior é mais
forte porque e ocupada pela cabeça e pelo s ombr os d a perso nagem. A
tigurade Anne está posicionada um pouco fora do cen t ro, mas ela está
m m o rosto virado para compen sar a área vazia à direita. ( Imagine o
quão desequilibrado o plano estaria se ela estivesse virada para nós di -
retamen te. e a mesma quantidade de espaço vazio fosse deixada à dirci-
11) Assim, o equilibrio da composição reforça a ênfa se do plano na ex-
4.141 - Diasde1rir d1V1dmdo
aarença°'nue
pr.-ssão de Anne. No geral, sem usar movimento, Dreyer canalizou figurasfrontaise de fundo.
nossa atenção por meio de linhas e formas, luz e escuridão, e as relações
entreos espaços frontal e de fundo na mise-en-scene.
Xo segundo exemplo , também de Dias de im, Dreyer atrai nossa
21e11ção em um movimento para frente e para trás (4.14 1). Mais uma vez,
o enredo nos guia , já que as personagens e a carroça são elementos nar-
rativos cruciais. O som também ajuda, já que Martin está, naquele mo -
mento, explicando a Anne para que a carroça é utüizada. E a mise-en-
sum também desempenha um papel. A diminu ição de tamanho e as
sombrasprojetadasestabelecemrelaçõesbásicas entre o espaço diantei-
ro e de fundo , com Anne e Martin no espaço frontal e a carroça de
madeira no fundo. O espaço é relativamente profundo (embora o espaço 4.142 - UmplanosimplesdeArormo
temseu
encanto
emprega sdeprofund
vanosíndice ldadt.
frontal não esteja tão exageradamente próximo como em Ci11zase din•
mantes,4.38). A proeminência do casal e da carroça é reforçada pela linha,
pela forma e pelos contrastes de iluminação. As figuras são definidas por
contornos fortes e por figur inos escuros no cenár io predominantemen-
te iluminado. Diferentemen te da maioria dos p lanos, es.se coloca as figu-
ras humanas na metade inferior do quadro, o que dá àquela zona uma
importância incomum. A compos ição, portanto, cria um equilíbrio ver -
.............. .• r
tical, contrabalançando a carroça com o casa l. Isso nos incent iva a olh,1r
P3ra cima e para baixo ent re os dois obje tos da nossa a tenção.
Processos semelha nt es funcionam em filmes coloridos. Em lllll plano
de A rotinatem seu encallto (Samnn 110Aji, 4. 142), nossa .ltenção está con • 4.143 - Aschaminés estabe
lfsrradas lecemum
cen1rada na noiva 1 · · ·
00 cen tro cio espaço fronta . Ac1u1 muitos int ices e
r
d Arotina
motivodecorpara temseuencanto
,
Tempo
4.144- EmLoncelot
dolago,umgrupodecavaleiros
conversando
está 4.145- Omovimento emleonneOie/mon
lentoe silencioso .
centralliado
e equllibrado
noespaço
frontal
, masumamantadeselacom
tompúrpura rosado
emumcavalo quepassamomentaneamentedistrai
nosso
olhardaaç3o.
nizadoemRuo42.
4.146 - Ritmosincro
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lmentocompet
4•l47 - Ritmos e mov
Tempo
dediversão
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Wlllic, ,, 11 nurro1ivagera suspense mos 1ra11clo os rrmJos indo nd direção
do~ luw1rcscm que Wlllic csLá\ C escondendo.
Cenários cspcd íicos cumprem funções narrat rvas d1,tm1.,s. A pro.
pricdade McKay,que Willic acha que seria uma mansão, acaba por ser
urn barraco caindo aos pedaços. A casa dos McKays está em contrask
c<>mo casa grande de estilo palaciano dos Can ficlds. Em termos narra
1ivos,a casa da família Canlicld ganha ainda mais importância funcional
quando o pai Can/icld proíbe seus filhos de matar Will1enas rnstalações:
"O nosso código de honra nos prolbe de matá •lo enquanto d~ for um
hóspede cm nossa casa".(Ao ouvir isso, Willic fica determinado a nunca
ir embora.) Ironicamente, a casa dos inimigos de Willie se torna o unrco
lugar seguro na cidade, e muitas cenas são organizada s em torno dos
irmãos Canfield Lentan do atrair Willie para fora. No final do filme,outro
cenário se torna significativo: a paisagem de prados, montan has, margens
de rios, corredeiras e cachoeiras, na gual os Canfields perseguem Willie.
Finalmenle, a rixa term ina na própr ia casa dos Canfields, agora com
Willie sendo acolhido como mar ido da filha. O padrão de desenvolvi-
mento é claro; ir1dodo tiroteio de abertura na casa <losMcKays, o qual
destrói a fomílinde Willie, até a cena final na casa dos Canfields, em que
Willie se torna parte de uma nova família. Assim, cada cenário se torna
aharnente motivado pelo sistema narrativo de causas e efeitos, paralelos,
conlrastes e dcscnvolvimen10 geral.
A mesma mollvação narrativa marca o uso que o filme faz do 6gun·
no. Wlllic é curnctcrirado como um rapaz da cidade por ~eu terno engo·
madi r1ho, e a ostenlação sulina do pa triarca Canfiel<lé representada por
,eu ti:rno branco de farcndeiro . Os adereços se tornam importantes aqui:
J fllJla e o guarda chuva de Willic mostram de forma sucinta seu papd
qu e ele, eventua lmente, fuja agora que sabe do s planos do~ irmãos. Mas,
em 4. J 65, sabemos, e Willic não, que o perigo o espreita ao virar a esqui-
na. Isso tem como resultado o suspense po rque nos perguntamos se a
emboscada do s Canfie lds será bem -sucedida.
Todos esses dispositivos para a economia narrativa unificam consi-
deravelme nte o filme, mas alguns outros elemento s da mise-en-scene
funcionam como motivos específicos. Para começar , há a briga repetida
entre marido e esposa anônimos. A caminho de sua pro priedade, WWie
passa por um marido estrangu lando sua esposa. Ele inte rvém para pro-
tegê-la; a mu lher, por sua vez, ataca Willie por sua intromissão. No seu
caminho de volta, Willíe passa pelo mesmo casal, ainda brigando , mas o
evita cuidadosamente. No entanto, a mulh er lhe dirige um pontapé en-
quanto ele passa. A mera repetição do motivo fortale ce a unidade nar-
rativa do filme e funcio na tematicamente, também , como outra piada
sobre as con trad ições em torno da ideia de hospitalidad e.
Outros motivos se repetem. O primeiro chapéu de Willie é alto demais
para ser usado em um vagão saco lejante de trem . (Quando o chapéu é
amassado, ele o troca por um chapéu mais baixo, marca registrada de
Keato n.) O segundo chapéu de Willie serve para distrair os Canfields
quando Willie brinca de jogar e pegar com seu cachorro. A água é tam-
bém um motivo importante no filme. A chuva esconde de nós os assas-
sinatos , no prólogo, e, mais tarde, salva Willie de ter de sair da casa dos
Canfiel d depois do jantar. ("Seria a morte de qualquer um sair em uma
noite como estai") Um rio tem funções significat ivas na perseguição final.
E urna cachoeira apa rece logo após a chegada de Willie ao sul (4.166).
Essa cachoeira inicialmente protege Willie, esco ndendo -o (4.167, 4.168),
mas depois se torna uma ameaça a ele e à filha de Canfield porque qua·
se os arrasta (4.174) .
Dois motivos especí.ficos ajudam a uni ficar a narrativa. Primeiramen·
te, há a recorrência de um quadrinho bordado que está pendurado na
parede dos Canfield: "Ame se u viz inh o". Ele apa rece inicialmente no
prólogo do filme, quando sua visão moliva a tentativa de Canlield de
RESUMO
Como um conceito, a mise-en-scene remont a ao prin cipal função do cenário». escreve Perkíns, ue
teatro do século XIX. Para uma introdução histó- proporcionar um ambiente verossímil para a ação»
rica relevante para o cinema, consulte ó scar G. (Film asfi/m [Baltimore,Penguin, 1972].p. 94). Ba-
Brocket1e Robert R. Findlay,Century of Jn-novation zin elogia os filmes italianos neorrealistas da deca -
(Englewood Cliffs,NJ, Prentice-Hall, 1973). As obras da de 1940 pela "fidelidade à vida cotidiana no ro-
sobrecinema mais conhecidas são Nicolas Vardac, teiro, a verdade em seu lugar por parte de um ator"
Stageto screen(Cambridge, MA, Harvard Univer- (What is cinema?, vol. 2 [Berkeley, University of
sity Press, 1949), e Ben Brewster e Lea )acobs, Thea- California Press, 1970],p. 25).
treto cinema:Stagepictorialismand the earlyfeature Aind a que a mise-en-sceneseja sempre um pro -
film (Oxford, Oxford University Press, 1997). duto elaseleção e da escolha, o teórico realista pode
valorizar o cineasta que cria uma mise-en-scene
Sobrerealismo na mise -en-scene aparentando ser realidade. Kracauer sugere que,
mesmo aparentemente irreais, números de música
Muitos teóricos do cinema analisaram o cinema e dança em um musical podem parecer espontâne -
como um meio realista por excelência. Para esses os (1heory oj fi/111[Nova York, Oxford University
teóricos, dentre eles: Siegfried Kracauer, Andr é Ba- Press, 1965]), e Bazin considera um filme de fanta -
zin e V. F.Perkins, o poder do cinema reside na sua sia como O balão vermelho (Le ba/1011rouge) rea-
capacidadede apresentar uma realidade reconhe - lista porque, nesse filme, "o que é imaginár io na tela
cível.O teórico realista, portanto , valoriza muitas tem a densidad e espacial de algo real" ( What is
vezes a autenticidade no figurino e no cenário, a cinema?, vol. 1 [Berkeley, Unlversity of California
atuação natural e a iluminação não estilizada. "A Press, l966] , p. 48).
Esses lcórkos ,llrihucm ,1t1 un c11s1:1;1 lnrt•fo de cm disco\ compacto,. 1 ntào, nc,vas"~m•, p
li<1eram
reprcst•nt.ir ,1lguma rcali,l,11k hi,1ôric,1, ,oual 1111 qcr ui ad,1, 1111 to ntp ulador qtud ro .1, 111 ,,dr p
ú. ara
est~taça JlrJvés da scle\.lO t' d11nrgani7aç i\n do VN 111110 dl~cu,q.ic,,ohn.• isso, con,ull, Jr,dyr,
,. J ,, . _ LIn.
,•11.sn 'm·. Fmbora este livro atltc a ,nn sidt' nl
1111~,· c; 111, /1 Oll lC anc fulllrc war. <,111e/1·.t p (a
go,10
ç:io do problema - ele c,t,I mni, cslrl1t1111c11lc m1 1'i'J 1}, pp. 11 !W IJn d, lixtcn11111atlor z programa~
Jonumo da lcoru do c111cnrn vale a pt·nn cxa tlt• ;oftwarc solistk ad o, pcrrn l1rJ111 ao diretore
mm,1ra controvcn,ia rc.1lh1aClu ls1ophcr Williams, cr"' ..
i ,1lort•s 111"I ,
c1ra111cn1c ., pctrtlru~ mouelosques
.,
em R.:11/, sm 1111d finemn (1 ondrc~. Rou11cdgc &
11,c podem se, digitalizados ern um c<>mpul&dor e, em
Kcga.n Paul, 1980'1, revê muitos ponlo 11:1 :lrca. seguida, animac.lo,. O primem, exemplomaisfamo.
so é o rebanho de gal1m1rnostm /11rms1< Park- 0
Computação grófica e mise-en-scene 1'11r1111c rios l)/11o
ssa11ros (J1mm:c/'ark) !\, fasesdo
processo de criação de imagem par,, e,,< hlmc sâo
Animações , digiu1s ou em 3D, tipicamente, cnvol explicadas por /ody Duncan, ""lhe hcau1yin lhe
vem alguns progrnmas ;1mplamente uti lizados, bcasts'; Ci11efex55 (ago., 1993 ,, pp. '11 95. Foram
como Maya, para criar movimento, e Renderman, usadas síntese de imagem analógicae composição
para adicionar textura de superfície. Os animadores digital em Matrix ( The Matn x); para o plano de
lidam com as necessidades especificasde seus pro- fundo, consulte Kevin 1-l.Martin, "/ackmg into the
jetos através do desenvolvimentode novossoftwares Matrix", Cinefex 79 (oul., 1999), pp. 66 89. A ren-
para criar efeitos como fogo, água e folhagem em derização de personagens humanos realistase de
movimento. As figuras a ser animadas são criadas personagens humanoides dependia de encontrar
pelo exame de cada superfície de uma maquete (um uma maneira de criar a caracterís11ca ilusoriamen-
modelo detalhado, como o dinossauro em 1.29) ou te transh'.icidada pele. As personagem como JarJar
usando a captura de movimentos ("mocnp"), fil- Binks em Ctterra 11nsestrelas: Epi <órlin t -A omtn-
mando atores ou animais em figurino de cor neutra ça fantasma e, especialmente , o Gollum em O
cobertos com pontos, os quais são as únicas coisas Senhor ciosAnéis (Lord of the Ri11 gs) finalmente
visíveis para a câmera. Os pontos são conectados alcançaram esse objetivo. Veja a Cirrefex 78 (jul.
por linhas para criar um "esqueleto" da imagem em 1999), completamentedevotada ao capituloA amea-
movimento,e o computador gradualmente adicio- çafantasma; Joe Fordham, "Middle Earth Strikes
na camadas mais detaJhadas para constru ir uma Back", Cinefex 92 (jan., 2003), pp. 70 - 142; e Joe
figuracom textura, tridimensional, em movimento. Porclham, "Journey's End'; Cinefex 96 (jan.. 2004).
Os planos de fundo também podem ser criados pp. 55- 142. Os efeitos visuais dr computador tor-
digitalmente com programas de pinlllra de cenário narnm -sc tão comuns que qualquer edição da Ci-
[maf/e-pai11ting].Jlaraanimação de figuras,consulte nefex apresenta detalhes da tecnologia usada em
'111e art of Maya. 011 introduction to JD compute, um ou mais filmes recente~.
gmphics, 3' ed. (Alameda, CA, Sybex, 2007), que A combinação de filmagem de ação real com
inclui um CD-ROM com material introdutório. animação por computador criou uma gama nova
Para longas-melragens de ficção,a animaçao JD de efeitos cinematográficos. O desejo de Méliêsde
se tornou viável com a composição digilal, usada deslumbrar o público com os místico~poderes da
para o ciborgue T-1000 em l!xlermir111rlor doft,tum 111ise -e11 -srene continua a dar frLtos.
2: O1ulgamentofi1111/. Nesse lllmc, foi pintada uma
grade no corpo do ator, e o ator foi filmado cxecu Aspectos particulares da mise-en-scene
tando movimento,, Quando o filme foi digilaliza
do, os padrões de mudanço na grade foram tradu - Sobre figurino, consulie Elizabeth Lecs, Costume
zido~ para um ccldigodigitaJsemelhante ao usado cfoslgnin the 111ovle
s (Londres, BCW,1976), e Edward
na irnagcm <lt•,1k o 111l d o tln d nema , ,, l Olllfll <'t'II P,1t Fishcr,C(llmll'fot dcI11(nCr.111 d artists(Londres
11
llcrhe rl Pr;:,, 1989) •
~.io , r1t1,,1dt' " •'' qu,1hd.1dn c,p.10,11, 11,io çuri:m
: ., d~,.,d,t tlt• 1'l 10. r -01 l'llt,io lJlll' J\ndn: 11,1/111
.111 Para d1,cus,ão geral sohre a c,tétlr do filme
d1 ,11111n1., u1cn,·1rn para o lato dr qut' u· rto s direio wlo rido, comu lte Raymond Durgnat, "e.,,loursand
<Ontrast\ /',/,m 111111/ 1/m111K
0
l, 2 (nov Jf/1) pP.
rc, Cllu"nJ\'Jlll , cu, pi.mm cm C\(',1\0\ ll\Ulmll :
mcntt· profundo, . lla11nde,t.1L<1 11I W. J\1urnau (por ,H 1>2; e William fohn,on, uCom111gto t rm, wnh
\10.,Ja11111 INM/,•1<1/11 , r ú11•.\1•111plw 11 h• dt•5Grn11 r11.,I Quarterly 20, t (outono.19fili),pp. 2-2i.
color",1-'1/111
e Armir,1IS1111n"' A so11 g o/ lll'0/r11 0 1·,on
,111sl).
111 c detalhada da organrza~ 1 de cores
\ ,111al1smai\
Wcllc, (por C1dt1dtio K,m c e Soberba l 1'1e 11111 g 111• cm filmes é a de Scott H1gg1m,flarne ssmg t~era;,,.
fice111 A111bc,.so11s)), William Wylcr(por l'érjida l'fl,e lm w: Tcch111 color de.11gn ,,., the 19l0s (Austin, Uni-
lilllc ./iun) e O., 111 cl/1orrs ,mos de ,w,sas 1•11"1 s ver,i ty of Texas PrC\\, 2006).
( 77w b,·st years11/0 11r lwc.,1),e Jean Renoir (por pra•
Licamcnte todo ~cu trabalho da décnd., de 1930). Composição do quadro e o olho
Ao no, oferecer ;i profundidade e a ausência dela do espectador
[o achat.11nento J .:omo categorias de análise. Bazin
aum entou nossa compreensão da 111ise -en-sct!11e. O plano do filme é como tela do pmtor: deve ser
(Veja 'lhe e,·oluuo n of the languagc of cinema'; em preenchido , e o espectador deve ser orientado a
What r, c111 e111a ?,vol. 1.) Curiosamente, Sergei Ei- perceber certas coisas (e a não perceber outras)
senstein , que é frequentemente posto cm oposição Por essa razão, a compos ição do filme deve muito
a Bazm, discutiu explicitamente os princípios de aos princípios desenvo lvid os nas artes gráficas.Um
encenação em espaço profundo na década na dé- bom estudo básico de composição é o de Donald
cada de 1930, como registrado por seu discípulo L. Weismann, The visual arts as lwman exper1ence
fiel, Vladunir l'\izhny, em / essons wit/r Eisenslei11 (Englewood Cliffs, NJ, Prent ice-Hall, l9i4), que
(Nova York,Hill & Wang, 1962). Eisenstein pediu a apresenta muitos ponto s interessantes sobre pro-
sua turma para encenar uma cena de assassinato fundidade tamb ém. Discussõe s mais elaboradas
em um único plano e sem movimento da cãmcra; podem ser encontrada s em Rudolf Arnhc1m,Art
o resullado foi um uso surpreendente de exlrema and visual perception: A psychology of the creatrve
profundidade de campo e movimento dinâmico na eye,rev. ed. (Berkeley, University of Califomia Press,
dueção do espectador. Para uma discussão sobre 1974), e seu 111e power of the center-A study o/ com·
isso, consulte David Bordwell, Thecinema of Eisens- position in t/re 1•is11alaris, 2• ed. ( Berkeley, Uo1ver-
tein (Cambridge, MA, Harvard UnivcrsiLy Prcss, sity of California Press, 1988). Veja também Peter
1993) , Capítulo ~ 4 e 6. Para uma visão histórica Ward, Picture composition f or fi lm and te/e1• 1s1on
geral sobre a profundidade de campo na mise-e11 (Londres, focal Prcss. 1996) .
scene, consulte David Bordwell, On the history of J\ndré Bazin sugeriu que os planos encenados
film stylc (Cambridge , MA, Harvard Universi1y em profundidade e filmados em foco de profundi-
Press, 1997), Capitulo 6. dade davam ao olho do espectador uma maior li-
berdade do que planos mais rasos e chatos: o olhar
Design de cores do observador pode vaguear pela tela. (Veja Bazin,
Orso11Welles [Nova York, Harpcr & Row, 1978}.)
Duas dibCUbsôes claras e agradáveis sobre a estéti Noel Burch discorda : "Todos os elementos no ima·
ca de cores no geral são a de Luigma De Grandis, gem de qualquer filme dado são percebidos como
Dteoryaml use uf color, trad John Gilbcrt (Nova igu:us em importância" (Burch, 11reoryoffil111 prac·
York,Abrams, 1986), e a <lcPaul Zclanski e Mary tice [Princeton, NJ, Prin ceton University Press,
1981 }, p. 34). Pesquisas psicológicas sobre a percep·
A imagemfotográfica
A amplitude tonal
S.2
[rnOndas am,101pulaçào
dodcitmo. decoresUM 1ma9rn1
de1colo11dJs.
s.1_ Amaioria
dosfilmes
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s.9 - EmCtntrt.o azulp,ofundo S.10 Vuagem
emO<t1
.,1e,. S.11 Em/nocénllodt,prortqlfu(Ntmnosrbtz
•ase,s porróes
tlCU quasebrancas
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dav,rag<m. p,ntura comemu11plano.
d• mult,ptas
S.14- EmAsociedade
doanel,asupeiexpo
siç!odocaladodomagotornama s0C1e
dadeumailhabrtlh
an·
teameaçada ores
porlncontavels naescurld!o
circun
dante.
1\ªºna
• 1 varandas
s.1s- EmKosba
, osmatlm vibrantes
dasmeriadorias
dalojasedestacam, S.16 - ...enquanlo
emoutrosmomentos
a subexpos
.irásé superexposto
aopmo queocampo ... somb
readasenfatizaa áreauternacentral.
dt od•o(Tlre
S.17- EmRaslTOS St'flrrhm),estacena,emqueosprotagomstas, emcimadeumpenhasco
,
~IOflam
umacampamento mdro,foifilmada sobluzsolar usandofiltrosdoy-(01-mght.
A velocidade do movimento
...
Scanned with CamScanner
2tll ti ,,, t,· ,/,,, 111,·m,1 1·111,1/1111,1,/111,11•
Pcrspcd lva
Uma distà n cia foc al co mum para uma lente média é 50 mm. Essa
lente procu ra evitar di sto rções de pe r spectiva perceptíveis . Com uma
)ente média, as linh as hori zont a is e verticais são retratadas como retas e
perpendiculares. (Co mpare co m o efeit o de inc hamento da lente grande-
angular.) As linh as paralela s de vem recua r para pontos de fuga distantes ,
como em nosso exemplo dos trilho s d e t re m . O espaço frontal e o espa-
çode fundo não d evem parecer nem es tica dos para longe um do outro
(como acontece co m a grande-angular ), n em esprem idos (com acontece
com a teleobje tiva ). Uma lente média foi usa da em 5.23. Compare com S.20 - ...e depoisparaaesquenta
a percepção de distància entre as figuras con segui d a em 5.22.
Enqu anto as grande s-angu lares distorcem o espaço lat era lmente, as
lentes de distância mais longa achatam o espa ço ao longo do eixo da
câmera. Os sinai s d e profundidade e volume são redu zido s. Os planos
parecem espr emido s, como quando você olha por um telescó pi o ou bi -
nóculos. Em 5.24, de A vida sobre 11111fi o (Bian zou bia11cha11
g}, de Che n
S.24 - AlentelongaemAvidasobre
umfio,deChenKalg
e. S.2S- [m Koyoonisqotil, umaeroportoé filmado d~long.1rllânc
1a e
a lente longafazparecerqueumaviãoestáaterrissandoemumamnida
lotada.
- Martin
Scor,t\,diretor
SJO- Em Atttrmdadttum dia(Ettrmtanda
; day), umalent,longafaza p1,1a
to marpare<"'m
dors
blo<os
veri1ca11.
S.32- ...atéqueumcorte,ev,laqueelaestádoout,oladodasala.
SJl - St,. mo ntm lt1 (Sans ro,rn, /01).de S.38- Boy mwsg,rl,delt!li (ator
AqflflYarda.
5.39 EmC,,ladoo de,molanoproxlmo
Kane.
enrnlYecentralizar a personagem principal no primeir o plano e ,1ogar0 a len1e:a,abe1a
deBemstemlpassando por
1dfl0\ plaoo'i
noplõno m~d10
a,tPa parede
d1s
plano de fundo para fora do foco (5.37).
unrtt,tudoffitamlldamPnre
!m foco.
Se a profundidade de campo controla as relações de perspectiva deter-
minando quais planos estarão em foco, que escolhas estão abertas ao ci
neasta?Ele pode optar pelo que geralmente é chamado foco seletivo -
escolher colocar em foco apenas um plano e deixar enevoados os outr os
planos. É o que o diretor Hal Hartley fazno exemplo de Simples desejo.
O foco seletivo geralmente chama a atenção do espectador para a per-
sonagem ou obje to principal (5.37}. A técnica também pode ser usada
para um efeito compos icional mais abstrato (5.38}.
Em Hollywood, durante os anos 1940, em parte deyjdo à influência
dt CidadãoKane, os cineastas começaram a usar filme mais rápido, len-
tes com distância focal menor e iluminação mais intensa para produzir
S.40 - (onspuoçooI fhe to// target),de An
umaprofundidade de campo maior. A cena da assinatura do contrato de lhonyMann
CidadãoKane (5.39) oferece um exemp lo famoso. A prática veio a ser
denominada foco profun d o. A cinema tografia de foco profundo tornou -
se uma impo rtante opção estilística nos anos 1940 e 1950. Um uso típico
é ilustrado em 5.40. A téc nica foi até mesmo imitada em desenhos ani -
mados (4.133, de O sapo da sorte IOnefroggy eve11i11gj, de Chuck Jones).
Durante os anos 1970 e J980, a cin ema tografia de foco profundo foi re-
vividano trabalho de Steven Spielberg, notavelmente em T11barão (/aws)
e Contatosímediatosde terceirogm11(Closeenco,mtersof the tliirdkind), e
mu,tom.ir,for,dt IO<t>
o wn nh,10t\taro.1m ,1,
111,•.1, t,1 pvd1•, 11.11 o ,c11J 1111 11,,1mlnmoddo, l 1111,1gcn gcrJdJs por
u1111pu1.1dor . Ou, 1•11t,111,pl,urn~ lolll!lf,ll,1dos,q1,1r,1d.1111cntc podem ier
c:0111binndo, 11.1111l'"I\.\ 1i1\1 tk pdll ulil p,1rn , 1i,11 ,1 1lu,,wlk· qu,•01 <loii
pi.mo, ,,w ,11J1,1n•n1t·,A m,111cir,1111,11, ,impl,·, dc 1.itn 1sso ,. por ,obre-
pm1\·,io l•Jtcndo dupl.1cxpo,u;,10 11.1 .:Jmcr.1ou 11,11mprc~.10 cm labo.
mtório, 11111.1im,1gcme ,otoc .lll,1~obremurn. A, ,ohrcpo'l<;llcss.iou 5adas
desde os primeiro s ano, do cinema. Uma funç.io ,nmum e representar
, que poJl'lll ,urg ir wmo ligura~ lr,1n-luud,h. A, sobreposições
f.int,1sm,1s
muit,1, ,·c1c, 1.1mhém lorncccm um,1m,rnc1radl' c:-.prc"ar ,onho,, visões
ou lemhrnnças. Gcr,1hncntc essas imagens mcntai, ,,10mo,tradas contra
u11rnvist1ocm primeiro plano de um rosto (5.45) .
Tfrnic:as mais rnmp lexas de combinar tiras de filme par,, criar um
único plano geralmente são chamada, process slwt ou planoscompostos.
Essas técnicas podem ~er divididas em processo dt!projt:Çtioe processo
dt
co111posiç11o.
deumcenário
Noprocessode projeção,o cineasta projetaa filmagem
em u1n.1tela, depoi s filma os ator es atuando na frente da tela.A produção
clássica de filmes cm Hollywood iniciou esse procc,so em fim dos anos
plano
nme1111
s.o - NesteplanodeOúltimotongotm ParJs, obancoe a parede
amulher, S.44 - ...masdepoisquea c.ãmera noP
o homem
esticao foco,
estãoemfoco
distantes °
..,uan1 o hornem
•'"" • . planonJoestâ...
nop11me1ro nítidoeo
rorna-se de
plano fundo, into
Indist .
S.45- Na abPrtura
de K,118#1,
Vol.1,deQuentin lar'ntlrio
v , i1no1v,1 vlltm d
véil primeira
sualembrança
deumalutaviolentaé sobrepoSlaa umPlt' 110 enquadramentudeseusolhos
" eiu,iv,nqançae
S.46- Vrg
llontesdeBoomTown(BoomTown)
.
5.48- Umsistemadeproj~âofrontal.
A pro jeção frontal , que passou a ser usada em fins do~ anos 1960,
projeta o cenár io em um espe lho de dois caminhos, disposto cm ângulo
para lançar a imagem sobre uma tela de alta reflexão. A câmera lotogra-
fa os atores contra a tela filmando por meio do espelho (5.48) O, resul-
tado s da projeção frontal podem ser vistos claramente na sequencia da
"Aurora da humanidade" de 2001: Uma odisseia no espaço (2001: A sp11ce
odissey), o primeiro filme a usar projeção frontal extensamenrc (Em
certo momento, os olhos de um tigre-de -dente-de ,abre brilham, relle-
5.49- NofilmedeSybtrbtrg soblePors1fol,
paisagens tindo a luz do projetor.)
Em função do foco nítido da filmagem pro1eta-
deWagnet, a p10J~•o conjura
frontal
e lantasmagónm.
coloss.iJs da, a projeção frontal mescla com razoável suavidade o primeiro plano
e o plano de fundo. As possibilidades não realista s da projeção lrontal
foram exploradas por Han s-Jürge n Syberberg. Em seu filme sobre a
ópera de Wagner Parsifal,a projeção frontal conjura paisagen, colossais
e fantasmagóricas (5.49). A rctroprojeção e a projrção front.il foram em
boa parte substituídas por técnicas digitais . No ca~o. em vez de uma
imagem de filme, a ação é filmada diante de uma grande 1ela azul ou
verde e o plano de fundo é acrescentado posteriormente por manipula -
ção digital.
A filmagem composta também pode ,e r com,eguiJ,1 ,1travesde com-
posições (malte work]. A composição é uma porção do cenário fotogra·
fada sobre uma tira de filme, geralmente com uma parte do quadro vazia.
Por meio da impressão de laboratório, a compos1çao e juntada a outra
lira de filme contendo os ,1tore,. Há um tipo de composição que c:n,·oh·e
a pintura das áreas desejada, Jo cenário, que é e ntão filmado. A primei·
ra película é combinada com a película que registrava a ação, segregada
na~ porções em branco do cen.irio pmtado. Dessa maneira, uma compo·
planodeAsociedade
s.so - Neste doonel,a parledistanteda edificaçáo,
ospenhascose océuestãolodos
emumapinturadecomposiçJo
CIiada
porcomputador.
S,Sl - EmGuerra
nasestrelas IV- Umonovoespe~onro
: Epfs6d,o • Ep1sodt
, (Sta,wors- IV-
, Anewhopt),
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11s11111l
n11•111u~por 11111 1,·lli11g
1111111,·e .,u l'•,l'nl.ir 1lhJlolto, il<•r 1111s
anunJJnt
,llr.w<1• de ~ohn:po,u;,10,1·1111u,1111011m.1p1111111de ,1 ,m11po~1\áo fornece
o 1i:11w de fundo. P,1rau ha 1ida dl' l l'<'lll c111C>./11>11/11•11
( //1, J11g1t1vt'),
cm
c.:rto, pi.mo~. lor.1111u,,,dlh pru)<·,;nofront.11l' n:lroprn JlÇan s1muhJ
llC,lllll'OI\'.
Voe~ lnlv~~. 1cnh,1 pcru•bldo (jll l' us soh1 <"tH>,i,·ul.',,m prn<1·,,11,Jc
projci;uo e.,, rnmposiçtks ~e colm:11111cm drn, lllrpm iicr,m Jc té,111,J,
cincm.1 1ogr.\fi,,1,. fodt)S l'S'oCS
CÍl.'llOScspcci,11\ 1.'XÍ!Jl.',1
mnrJlll,1\,111Jo
malcrinl dhrntc dn dml'ra e, cm n•rta 111.:dida,s1\o11,pnlm du 1111.1<' ,11
sâ11<'.Porém, eles também exigem o conlrok de ...,wlh.,, lo1osrJtica5
(como refilmar e fa1cr ajuslcs de l.1bor.116rio)I.' aÍl.'l.llll .,, rcl.t\lll' Jc
pcr,pcctiva, de modo que envolv em também 11.:lnc11111togro . No,
li,1 o~
ACESSEOBLOG
lmagrns geradasçorcomputador podemmar
e1pdaculo1 r algunscríticosafirmam queos
tornama história m•nosim
efeitos•speclals
port,1nte.
Argumentamos ocontr•rioe falamos
sobreumhlstona4ot do cinemaquenos1es•
paldaem"Cla1s 1cac,nema live11
Newev1denc,
foroldnormsAmse
www.davidbordwell.net/blo9np=412.
S,54 - lmag•ns
geradas
porcomputad
ormaramumvazionarodoviaparao saltodoônibus
~mv,1oCJdodt
/j'IQ).lmO
UM OLHAR DE PERTO
Do monstruoso ao mundano:
Imagens geradas por computador em O Senhor dos Anéis
Os hlmc, adap1ado, da 1rilog1,1O ~e11/wr ciosA11t't.< cena, de guerra foram~ n cenad s com um p •queno
(A soncd"dc do 11111'1 A.1,d1111~ torrese () reror,I()tio numero de atores rea1, com fig urinos, enquanto
rei), de J.R. R. 'folk1cn, mm1ram como as imagem enormes quantidade, de ,o ldad, s ~cr.id r ,r corn.
putador apareciam em movimcnlo ao I deles.
gerada, por compulador podem ser u,adas para
produzir 1mprcssio11an1escfoitos espec iais: enorme, Como aconteceu em vár 10, filme,, novos programas
cenas de batalha, monslro, plaus1ve1s e aconleci - de softw"re foram elaborad os para O ~ei 1r dos
mento, magicos. Menos evidentemente, os filmes A11e1s.
também indicam como as imagens geradas por Um programa cruc1 ai foi o Mass1ve ( \1,lema
compulador moldam mui los aspectos da produçao, de estimulação de agcnles muh 1plos no ambiente
do espetacular ao mundano. virtual" rMuh1ple agent Sllmul. IOO sy, t<"mln \lf-
Foram usadas imagens geradas por comp utador tua l environment"]). u~ando a captura de movi-
em todas as etapas da produção. Na pré-produção, mento de alguns agentes(atore\ reais), a equipe
foi feita uma espécie de storyboardanimado (uma conseguiu construir certo numer o de d1kren1es
pré-visuafjzação), composta de animatics, esboços manobras militares, atribuindo -a\ aos milhares de
das cenas gerados por compulador. Cada uma das figuras cruas geradas digitalmente . Ao dar a cada
três pré -visualizações tinha mais ou menos a mes- figura uma in1eligência artificial rudímc:nlar -
ma duração de cada filme acabado e ajudo u a coor - como a capacidade de ver um soldado que ,e ,1pro-
denar o trabalho da enorme equipe envolvida nas xima e identificá -lo como amigo ou inimigo - o
tarefas d1g1taise físicas. Massive conseguiu gerar uma cena com figura~que
Durante a produção dos três filmes, as imagens se movem diferentemente (5.56).
gerada\ por computador ajudaram a criar porções Os mons1ros enconlrados pelas personagens
da m,se en-scene.Muitos planos costuraram digi - durante a sua busca foram desenhados e executados
talmente elementos totalmen te díspares, mescla ndo mais elaboradamente do que as lropa~. Um dctalhJ
cenários de tamanho normal, cenários em minia
tura e prnturas de composição (5.50). Um total de
68 miniaturas fo1 construído e, cm cada caso, foi
exigida manipulação por compulador para fazê-las
parecer reais ou para perm111r movimentos de cã
me ra nela,. Os programas de prnlura por comp u
1ador podiam gerar pint uras de composiçao d o céu,
das nuvens, dos penhasco~ d1stanles e da, ílorestJs
que apareciam por lrá~ da, mmial ur as.
O Senhor dos Anéis também se valeu do ráp ido
desenvolvimento da capacidJde das imagens ge- S.56 - Enonnts rndivid""uldo!
mui11d~de soldadoscommowomtn101
radas por compu1ador para criJr personJgens. As pelo
foramgeradas Ma111,e
programa para
Asdoor
101m.
do modelo tridimensi onal de cada ah,tura loi c.ip um Iro // virtua l. O movimento captura do pelas d1-
turndo com um novo srn1111 ct port ,\lil capa7 de ler lcrcn1cs pos1çôes de cilmcra foi reprodu zido na
recessos e dobras para cnar uma imagem compl e filmagem real da sequênc ia que tem um estilo
ta por todos os ângu los. Um novo sistema. o Cha - rud e. manual, bem diferente do resto das cenas.
racter J\'l.1ppcr, capturou o movimen to de um ator . Na pós produçáo, os ammado res apagaram pos
depois ajustou a massa e a musculatura para esque • tes ele telefone nus planos cm loca;ào e as pás de
]etos imaginários. Na sequê ncia do tro/1dn caverna, helicóptero s cm mergu lho nos planos aé reos da
a grand e criatura nbnLxada balança os membro s e viagem da sociedade pelas mon1an1as. Programas
flexiona os musculos de ma neira plausível. espec ializados .icre,centaram deta lhes. como as
A maio ria das personagens falantes (com a im • onda s na água no Espelho de Galadriel.
porta nte exceção do esquelé tico GoLium ) foi feita Talve1. o mais imp ortan te seja o fato de que a
por atores, mas, mesmo nesse caso, as imagens ge gradação digital alterou a cor dos planos, dando a
radas por comp utado r foram usadas. As principais cada locação impor tan te uma aparência d istinta.
personagens tinh am sósias digi tais que ser via m As cenas de Valfcnda têm tons outonais, enquanto
como dublês, executando ações perigo sas ou im• as cenas in iciais no Condado receberam um brilho
possíveis. Na luta com o tro/1da montanha , os ato• ama relo que realçou a luz do sol e os campos verdes.
res que faziam Legolas, Merr y e Pippin foram todos A gradação tam bém utilizou um p,ogr ama tnova·
substituídos pelos dublê s digita is ao subir ou pular dor, o 5D Colossus, que permitiu aos ar llstas aius -
nos ombros do troll. Uma exigência específica des - tar os valores cromáticos dos elementos ind ividuai,
sa história foi a j ustaposi ção de atores de tamanh o de um plano. Assim, na cena de Lón en em que Ga
normal representando hobbits com 90 cm de altura ladriel most ra o espelho a Frodo, ela tem um a res•
e outras personagens cons iderave lmente maiores plandecênc ia branca que contrasta com os tons de
do que eles. A difer ença de tamanho muita s vezes azul profundo da figura de Frodo edo cenârio (5.57).
foi criada durante a filmagem com o uso de pequ e- Graças à gradação digital, as técnicas de imagens
nos dublês ou colocando os hobbits mais longe da gerada s por computa dor podem ir além da criação
câmera , cm ;ets com falsa per spec tiva. de criatura s imaginá.rias e de grandes multidões e
Em muitos casos, as imagen s geradas por com• moldar o estilo visual de um filme inte iro.
putador criaram os efeito s especiai s antigament e
gerados em um impr essor ópti co. Em A socíedade
do anel, tais efeitos incluem os fogos de ar t ifícío de
Gandalf, a inunda ção do Vau do Bruinen , a avalan ·
cheque atinge a so ciedade na passagem da mon -
tanha e o olhar flamejante do Olh o de Sauron.
A cinematografia tamb ém se valeu de imagens
geradas por computador . Para a cena do Iro// da ca-
verna, o diretor Peter Jackson colocou um capacete
S.S7- EmAsociedad edoanti,a grada(ãouomállu digital1eleti vacon•
de realidade virtua l e planejou posiçõe s de câm era e, enquanto i resto dacena tem um
rere a umafigura umbranco bolhant
deslocando-~e em um sei virtua l e confrontando uniforme e suavetomazul.
De mnn,·,rn ~cmelh.111t
c, 5.58 r :.uc.:c irrealista a menos que po,t ulemoi
que O honwm tem m.11 s ou meno s 90 ~m de comrnm ento. No s·ntanto,
11ulrcwr, 1 \'era Ch}'tilovà usou o cen.lrio, a pos,çJo da pcr, onagem e 0
foco r rofundo para expressar uma ideia côm1"1 a respeito do tratamen.
lo t]U~ n~dua~mulheres dispensam ,1<1, homcn~. fasa pcrspecl1v,1truça
do foi kita de modo a ser impcrcept ívcl cm O Senhor do, A11C'1 , onde
um ator adulto rcprc&cntando um /111b/11 t de 90 cm podia ser wluc ado
con, idcravclmcntc mab longe da câmera do que um ator rcpre,cntan do
S.SS- EmOar sm,mdlcadore, dt penpe
chva uma personagem mais alta e, no entanto , os dois pareciam estar conver-
criamumallu~ode óp~cacõm,ca, snndo focc a face. (Veja '' Um olhar de perto", p. 296.) O cineasta escolhe
não apcn.1:, como registrar a luz e o movimento fotografa,1m~nte, mas
também como essas qua lidades fotográficas funcionarão no si~temafor-
111111 mais amplo do filme.
O enquadramento
.ingulo obhquo de Lum,erc revela muitos aspectos dos corpos dos pas-
s.1getroS e l'.lrll)S planlH, Je ação. Vemos algumas figurns no primeiro
piam.,e ,1lgumasnJ distància. Simples como e,esse primeiro filme de um
uni.:o plano. com menos de um minuto, ilustra adequadamente como a
es.:olha de uma rosiçào para a câmera faz uma diforcnça drástica no
enquadramento da imagem e na maneira como percebemos CJaconteci-
mento filmado.
Considere outro curta de Lumierc, O almoçodo bebê(Le repasde úébé,
i<iSS).Lumiere selecionou uma posição de câmera que enfati'l,ariacertos
S.62- Oalmoço
dobebi
aspectos do acontecimento. Uma tomada longa teria situado a família
no seu jardim, mas Lumiere enquadrou as figuras cm média distância, o
que diminui a importância do cenário, mas enfatiza os gestos e as ex-
pressõesfaciais da familia (5.62) . O controle da escala dos acontecimen
ros pelo quadro também controlou nosso entend imento do próprio
acontecimento.
O enquadramento pode afetar podero samen te a imagem por meio (1)
do tamanho e ela forma elo quadro , (2) da maneira como o quadro defi
ne o espaço dentro e fora de campo , (3) da maneira como o enquadra-
mento impõe a distância, o ângulo e a altura de um ponto de vista à
imagem e (4.) da maneira como o enquadramento pode se deslocar i11-
tecagindocom a mise-en-scene.
S,&l- Uma
, 1\l~ p,m"',lm1ca
deN,1,,.,rr.111
uniu1111,191• ,1d,1s comlr~s d meras.
111nr111
e todosnós(Meondyouondeveryone
5.66- lu, vocé weknow)
usaumarela~onorte·americana
comum.
S.67- Umquarto
no<1dade
Wnechambre
envil/e).
2,35:1(anamórfica
35mm)
5.68- Oulumo
conga
emParis.
anamórfico
5.69 - Wldescreen emThevo/Jonc
ones (Zhong
/letu),
2,2:1(70mm
)
s.70 - Oscoço•f
ontosmos
(Ghostbusters).
qv,ldrldofilmeanamomco
Ol)Oroto S.74 Omesmquadro o, !frianaprOjeç.ão
como
o , descompnmid
a
fllllagisiOsh1mcompn
Slldtlfde na
mrdo
t..'"1df aric:ü.
pro•
Outra maneira de criar uma imagem wídescreen é usando um
m hori•
cesso anamórfico . N'este, uma lente especial comprime a image
ar.i-
zonta lmente, durante a filmagem ou na impressão. Uma lente comp
ão. A
,·el é necessária para descomprimir a imagem durante a projeç
una·
imagem na tira de filme de 35 mm é mostrada cm 5.73, enquanto,\
a~pedo
gem como projetada na tela ~ exibida em 5.74. A relação de
os ,inos
anamórfica, estabe lecida pelo CinemaScopc, era de 2,35:1 ,lté
1970; por razõe) técnicas, foi aJu~tada para 2,40: 1. É a relaçã
o de a,pecto
hoic,O
ACESO BIOG
SE do Panavision, o sistema anamórfico usado com mais frequência
Ai wtilms cutnfastquepodffltsercon!f cinema w1descree11, mascarado ou anamórfico, tem efeitos vbuais signi·
guldascomenquadramentosde wrdesoten ficativos. A tela torna-se uma fita ou tira, enfat izando as compm,içõe;
em·Gradat,on
~ drscu1tdas oi espeiJ•
illimórlico horizontais O formato foi inicialmente associado a gênero~ de
ernpll;M'Amst - nos
ell og/lp=2986.
www.davidbordw.neVbl
culo - faroestes, diários de viagem, musicai s, épico~ históricos
rapid,·t
quai~cenários vastos eram importantes. No entanto, os diretores
s.7S- San1um
, deAktraKurosawa.
5·78- NestamovimentadacenadeAmorproibido,nossosolhospasseiam
ptloquadroemwldmreensegundoa pessoaqueestá falando, quemestá
paranósequemresponde
voltado aofalante.
S.83 - Adoll'lctnll'Icom
parlllham
a última fofoca
naconvmaemIriadividida
deAdros.
amor
S.84- OatorquerepresentaAnel
emAúlllmo
ltm,>tstad,
pairasobreacena
emumespaço~parado .
Seja qual for o seu forma to, o quadro coloca fronteiras ou limite s à
imagem. Em um mundo implicitarnclltc contínuo, o quadro seleciona
uma fatia para nos mnstrar , deixando o resto do espaço fora de campo.
Se a câmera deíxa um objeto ou pessoa e se move para outra parte , su-
pomos que o objeto ou pessoa ainda está lá, forado quadro . Mesmo cm
um filme abstrato , não podemos resistir à sensação de que as formas e
os padrõesque irrompem na tela vêmde algumlugar.
O teórico do cine ma Noe l Burch assinalou seis zonas de espaço fora
de campo: o espaço além de cada uma das quatro bordas do quadro , o
espaço atrás do cenário e o espaço atrás da câmera. Vale a pena consi-
derar de quantas maneiras um cineasta pode sugerir a presença de coisas
nessas zonas do espaço fora de campo. Uma personagem pode dirigir
S.93- Porfim,odiretorentranaáreadealcance
dac~mera e tentaconver·
a de1empenhar
sarcom01atorese convencê-los 1eu1papéiscomoelequer.
S.98 - enquadr,m
Um impre<sionanr. •nto
oblíquoemTheend.
S.97 - Enquad
ramentoobliquoemAnjoscaídas.
d'Arc(Lapassion
deJoana
S.106 - Apotxõo de Funções do enquadrament o - Às vezes, somos tentados a atribuir
kann, d:!td. significadosabsolutos a ângulos, distâncias e outras qualidades do en-
quadramento. É fácil afirmar que o enquadrament o de càmera baixa
automaticamente apresenta uma personagem como poderosa e que o
enquadramento de câmera alta a apresenta corno diminw da e derrotada.
As analogias verbais são especialmente sedutoras: um quadro obliquo
parece significarque "o mundo está torto".
A análise do cinema como arte seria muito mais fácil se as qualidades
técnicasautomaticamente possuíssemtais significadosfixos,mas o, filmes
individuais, com isso, perderiam muito de sua singularidade e riqueza.
O fato é que os enquadramentos não possuem nenhum significadoab-
S.107 - EmCidadão Kone, a cámerabaiufun•
donaparaisolarKanee seuamigocontraum soluto ou geral. Em alguns filmes, os ângulos e a distância carregam
fundovazio, oquartel-general desuacampanha, significadoscomo os mencionados acima, mas em outros filmes- pro-
agoraabandonado . vavelmentea maioria - isso não acontece. Valer-sede fórmulasé esque·
cerque o significadoe o efeito sempre brotam do filme, da sua operação
como um sistema. O contexto do filme determina a função dos enqua·
"Não gostodeusaroprimeiro plano,
omenos que dramentos, assim como determina a função da mise-en-scene,as quali-
voeitenho prazeremusd-lo, omenos quevocê dades fotográficase outras técnicas. Considere três exemplos.
preásedele.Sevoeiconsegue sevirarcomomu- Em muitos pontos de CidadãoKane, planos em câmera baixa de Kane
deseposições quemostram osentimento docena, efetivamenteexpressamo seu poder colossal, mas os ângulos maisbaLxos
penso queomelhor é usor oprimeiro planoope• ocorrem no ponto em que Kane sofre a mais humilhante derrota - sua
nosporo pontuação obsoluto - époro Issoque
eleexiste.Evocêeconomizo - nãoé como no fracassada campanha para governador (5.107). Observe que os ângulos
telev
isão,ondefazemtudoemprimeiro • de enquadramento não afetam apenas a nossa visão das figurasprincipais,
plano.
mas também o fundo contra o qual elas surgem.
- Howa rdHawk5 , diretor, Jejumdeamor
. '' ' )
,rf" ,ri., ,11111pn1<•11u.1 ,· 1,•,111
ti,·\ ,11111,1111111 ,11J :S.aver ·', \ ' !)
1 • u. <1•·• ,m arnrn
t, 1 ,k d,·, 1d11d11nm,1r.1,llll,111kcmpur I •indn ,I n 1 •
·'"'" • r ar ,1 1ora< e um av1.10,
' J,1: "·h ho qu,· ,. u111,1
·k qu<',t,m qu,• w 1c,o ln m l i 1 1
e.•e. . t.'. \OI 1l gr,'11( e ,1 hl
S.116- EmLl(ót!damuridfi11,
p/01101dehelicóptero
confeie
mumagrand10·
e hom,elaosdesolados
sidadesob1ena1u1al campos
depellóleoIncendiados
do
, apósa Gutrra
Kuwa,1 doGolfode1991.
O quadro móvel
11 1
"~ t ... ,.
,.:· t -· ....,
S.126- --Juntocomasduaspeisonagens.
ttf
S.127- Emlvon,o renlvel
decãmeraaltadoesquife,
•d•
, a partirdeumavisão
a cámerafazumplanode
5.128- ...e terminacomumenquadramtnro
deIvansentadoaospesdocaixão.
gruaparabaixo
...
5.134 -JohnXennedy
cumprimentando
uma
mull1dão
emWlsconsin,
emPrmárlas.
s.133- DonPennebaker
segura a camera
na mãoenquanto on
filmaKeep
t/Xklnq,
S.13S- EmObtqoamot90(1htnatt
klll),de
d
s.m~fui~ti, UtlUdl'!l,rad, INO IUb)fli'n
aumtllUo ,mpiKID
deurNtu11 5.136 EnquantoJullencaminha,o ntmocheiodesolavancos dacám"ani
mãocomplem1•enasexplosões
decorcriadaspela lmprtu.lodevldeof11lJlt
35mm
tr,ll't'llrrg
ou grua? Em geral, a an imaçiio, os efeito, especiais e a len te
de :t>Olll reduzem ou ,,mpliam ce n n po rção da imagem. Apesar de 0
0 com dolly e o pl.1110 de grua rea lmenir aumen tarem ou reduzirem
pl,111
porções do quddro, isso não é /11,/c, o que eles Ja1em. \Jo verdadeiro mo
,·imento de câmera, obje tos cs t,ít1cos r m d iferen tes planos passam um
pelo outro cm diferen tes nlmos, Vemos lados d iferente, dos objetos e os
fundos gan ham volume e profundi d ad e.
Em A guerm t1mbo11(la guer'l'ccst Ji111c),de Alain Rcsna,s, um tra S.140- EmAgumaacabau, um•placaderua
1ig,1raml'nte- pardddire17a
,nd1nadi1
,·.-llmg(5. 140, 5 .141 ) da consíden\vel volume aos objetos. A pHrecle não
perdeu nada do seu volum e o u solid ez. Além d isso, a placa da rua não
fo, ;im ple, mente ampliada. Ta mb ém u vemos a pdl Lir Jc um âng ulo
dislint nmc nte d iferente.
Diferentemente, em uma amp liação em zoom, o quadro móvel não
altera os aspectos ou posições dos objetos filmados. Em 5.142 e 5.143, de
L'rn otlwr a cada dia (To vlernma tou odyssea), de l h eo Ange lopou los,
um =<10111amp lia nossa v isão de uma gr and e está tu a qu ebrada de Lênin
flutu ando em uma b arcaça: ainda se vê o to po d a estátua con tra a base
de uma fileira de pequenas ár vores, e seu s pés estão exata mente no mcs•
mo lugar em relação aos parapeitos na proa do barc o. Enq u ant o o zoorn S.141- _tnchna·sedaramenteparaaesquer-
ocorre, a barcaça gradualmente está mais próxima da linha de árvo res danofinaldeumtrave/llng
fechando
a imagem
do que esúvera no início. Em resumo, quando a càm era se move , p erce-
bemos nosso próprio movimento no espaço . Em um zoom, um ped aço
de espaço parece ampliado ou dim inuído .
Até aqui , isolamo s diferentes tipos de enquadramento s móvei s em
estadosrazo avelmente puro s. Os cineastas, porém, frequentemente com-
binam tais enquadramentos em um t',nico plano: a câmera pode fazer
um plano de dolly e uma panorâmica horizontal ao mesmo tempo ou
fazer um plano de grua para cima enquanto dá um zoom. Ainda ass im,
todo exemplo pode ser identificado como uma combinação dos tipos
básicos. S.142- Umavista distante de uma está1
ua em
umabarca1a
emUmolhara cada (ía...
Funções da mo bili da d e d e q u adr o - Nosso catálogo do s tipos de
enquad •amcntos móvei s é de pouca utilidad e sem uma con sideração de
como tais estratégia s de enquadramen to funcionam sistema ticament e
nos filmes. Como o enquad ramento móve l se relaciona com o espaço e
o tempo cinematográficos? Como os enquadramentos móveis criam
padrões próprios: em resumo , como o enquadramento móvel interage
com a forma do filme?
1. O qua d ro 111
6ve l e o espaço
S.143 - ...é ampliadaporumaaproximaiao
emmom.
O quadro móve l afeta O espaço em campo e fora de campo conside -
ravelmente, conforme já vimos em nosso exemplo anterior de Jezebel
(S.85-5.88). Depois que a mão com O copo aparece em primeiro p lano,
-lf emumatSCnvanmha
p,r1sentac , s. 146 - e quando Walm91,aªca: •:; ª
5.144 EmltJUmdt amo,,quando
Hlldysai S.14S-
U •
la.ual!lffilfazumle,t cee,>Q
encara-
doladoesquerdo pa111d11"tapara
a dmtcafazp,n0<am,1a íftn-
quadrá•la toparaaesquerda.
S.147- EmOcnmtdosenhor
longe,apesar S.148 - .elalogoo deru paramo1
1w ,uai S.149 <egue arl,ante
paramostwummapa
deacámera
come1ar
comlangetrabalhrndo... prsrolas e chapeudecaubo r .. com, Arul'.nd
i,s\1nitl<1do.
. .. 1•
rápidos. Os reisdo iê-iê-rê (A hartl day's night} e Help!,de Richard Le5rer,
iniciaram, nos anos 1960,uma moda de aproximações e afastamento
•,
S.154- Plano
dt abmu1adePi,mr S.ISS Osegundo
planoseconcenlra
emum S.156 a e.mm se1119
enquanto ~ m;~
ed,f,10 ienta"lerteema11
pertode a11ne1J
3. Pndrões do e11q11ndrame11to
móv el
pai.\ lrl'lllt' <'p.11,1 11·1\, l'lll t11t1,1 s,1l,1 ,k uu ln, llH\\n num Jugo ,ll· pll,fllll'
r1•llj,:lll'. dl'lt'111ll 1H~t11 O p,,d, ,lo lnrmu l h,i\ko do li' l l1l', I· l l lll,I MIiprC'\il
,1,1,u1d,1, p,•rtil d,, hm, 11 11\\I\IJ 11\l'Jllo dl' 1t·p 1'1lll• ~,· 11,111slnrn111 l'lll p,111
11
n\mt.,,s n•1li, ,ns 1'•11•1 dt11,l l.' p,u.,,h,11.,0.N,·sit.,,,, 1·111111ultos outrns ltlmt's,
,, <l"·"honnlvd l'st,1lwku: ll'J1l.'li\t11•s,, v,11h1~u,•s m,lrl,td,is
5.160 - Umalatausadacomosi11a
l é vista 5.161 - ...depoiséderrubada
. Elacalsobreum 5.162- ...eacâmera fazumapanor~mica
para
Inicialme
nte sobreumaprateleira... 1ravme 1roe, portamo,
nãofaznenhum som... a esquerda
, revel
andoqueas personagen
s não
perceberam
oocorrido
.
S.167 Napnme1ra cena quandoMarethal S.168 .Renotr farnmapanor~m1ca desltzan S. 169 ? umCdrtdl
de"ª oba1dosoficiais
franceses
.. doparaa esqueida a parltrdaponapa,arevela,
pm-ups(que enuamnoquad,o,a dire,tal.
S.170- Umacenadepois
, no bardosoficia
is S.171- ...eexplorasoz1nho
... S.172- ...des{Obrtndo
um.decoraç30
similar
.
alemães,
ummovimentodecâmerasimíla ,, des-
, deixaaspersonagens
tampara a d1re1ta ...
5.173 - Renoir
começa
emumcrucifixo
e... 5.174 - ...fazumapanorãmica vertical
para 5.175 -A câmera se movepassandopo•chi-
baixo(li/ti, nadireçãodeumretratomilitar em cotes.esporas
e espadas
.
umaltar, sublinhando a Ironiade umacapela
transformada a forçaemacampamento.
5.184- Quando
a "cantora
· principa
l arranca 5.185 - ...a cáme
ra se moveparaa direita 5.186 - .emaisaindaJ direita.
quando
outros
a perucaepedea "Marselhesa·aosmu1uos
... enquanto
ocantorsevoltaparao publico
... nopalcountam1untos.
movem pela imagem como ca mpos de cor abs tratos. Essas 1onalidades
nniitas vezes atuam sob re a p rofu nd idade reprcsenlacla no plano do Joji.
l) 111 segundo si~lema evoca um esboço de na rraliva. Em vários interva-
1hl 11111,1 11•ml, 1m 1,1,1 H>11shl1·1,11 11111· 11pl,111ull'fth l 1.1 ,1 ,111 1,1,, 1., r,•,il.
Sllf'1111IH
1 ljllt' IIIH UII 11•d11 l1t 1, ,1•g1111tlu,p,1111
1 h•1·1• ,, 111.11
11111111,,,1,
1, ulo
llh1' 11«li 11·d111." 1111111
S,· lil111,11 1Ir~, w
• p1ojl'h11l111,1111lw11111111-i1111t1,
g11111h1, 1111
,1,, 1111,,, ,11pt11•lJ1111,•,H1«1 d11, 1111 i\11.1111\,11,
•111,1, 11,,lhr
1111111, ,li d,· ,11,11•,1r1h ,1,1111,•
u111111po,111h1d11l1111d111H1·11I rqil,trJ
11 Lll11·111,1
1 ·s1Mia do
rodo plano 1em certa dura,·fionu lcl,111w11sur.lvcl,mas, na 11·
de ph1nos
cinema, os diretores variaram considcravclmc11lc a l'SC!l Ih11 )
. 1( . (1895)905
mais breves ou prolongado~. Em gcrul, ti dn ~ma cm seu 11 ciu . , uc
S.198- ...paraodiaemumúnicoplano. tendln n valer-se de 1omadas ele d11rac;ão rnw nvel111 cnle longu, J" q
J
Scanned with CamScanner
(>pla110< memmo~a_/Ía 3~ ~
S.200- ...inverno
e primavera
.
. t.,ri\ t.Jlt,
~ Trai• ,t" Ji.:d1~1..u~!l-io
k,mrnológ1card.iu,J .\ "lmHuuJecn1tl·a~c,rrc~Of", ~
loug ,lwr em mgles (N. <loR I'.l
5.207- Maisoumen01
uma horadepois,
ainda na mesmatomada, centenas
deanstoaatase ofici
aisdesamumaescada
na rumoa iminent
e devastaçáo
da
Rtvolu
!,ioRussa.
comu~~
5~8
- Osmembros daequipedesl0<am-se
peloMuseuHermítage. Aicorusso
filmando
digitalmontada
emumaSteadicam(fotografia
deAlexander
Belenlcíy).
.
li-~~
"""'""- ""'mt
mu1w1Wíiilrnr
ll!IIIIH
,.
ti r
• 1111111111
'~'",J!!f!
!IJ
-· ~'
,·
S.209 EmAs"""''drG"'• · a tomadalonqa s.210 .tia \t' moveparadoutra "xtrtml S.211 e ses~ntadiantede umame\mha
com<1•comOmochae o hom,mde n,qoeto1 dad, da,ata nd frtnlP dl)fp
\tnt1dotAcâmera acomp;inha
quando
mãoajustando
o relógro
deumabomba
emprrmerro
plano. asombra
..
ravrraaesqui
S.219- Quando a c.lme na, Junta
-se novamente
aowro S.220 - OwcopassaporVargas, suaespos.i.
Susan.
e• clmericorn111
e recuaparasegui·
lo. aacompanha-los,perdendo
o carroedeslrzando
diagonalmente
paraUII,
como mal emmelo!mulUdao.
parle das características do plano longo. Ele o ferece uma alterna tiva à
construção da sequência a par tir de vários planos e enfa tiza o corte que
finalmente acontece (com o som da exp losão do carro).
O mais importante é que o plano tem o seu própr io padrão interno
de desenvolvimento. Esperamos q ue a bom ba mostrada no início estou -
re em algum momento e esperamos por essa exp losão ao longo de toda
3 duração do plano longo. O pla no estabelece a geografia ela cena (a
DAQUI PARAFRENTE
Obras gerais
enorme, era possível Íolografor os alorcs a1ravésde tio~ l'fdtn, c~pctiais "ltsicos",p.utirnl,1rnirntcn,i
um vidro com o ccn.\rio pi11l ,1do nele, Em vez de , 1rnçilo ti,· nrnrlunctcs e criJlurns. Sohrc , 11,1obr,1
levar os atores ao deserto, cm possível fihrnl-los ver o livrn tlc Jodyl)unran llr1· Wim/011rJ/,•,·t'ílic
contra uma relroprojcção das piràmidc;. Segundo, ar/ & Jr,.,toryof Str111Wimt,11rSt11r/10{l.ondrcs,TI
os efeitoscspccíais tornaram possíveiscertos g~nc t.in llook,, 200fi) .
ros cinematográficos.O epico histórico - fosseele Pani histórias tios filmes com eleitosd1grl,ll\ver
ambientado em Roma, Babilônia ou Jerusalém - Mark Cott,1 Va1 e l',1tmr.i Rose nu,!; nan, /11</us
era impensável,sem que se desenvolvessem efeitos trwl /ig/1t & 11111gir:
/11101/1r,lig1t11/r,·a/111(:S:ovaYork,
especiais para criar amplos panoramas e multidões. Ballanlinc Book~.1996), e Picr; Hmm1, IJ1.~1lu/ do.
O filme de fantasia, com sua panóplia de fonLa smas, 111r1i11:
Tirelcndi11g rtlgeo/ l'is11r1/rJfáts l "ov,1York.
cavalos voadores e pessoas invisíveis ou incrivel- Billbo.1rdBooks, 200 t ). George l.uc.1,101um forte
mente encolhidas, exigia o aprimoramento dos Hder na promoção da tecnologia tl1g1lal.mdfüive
processos de sobreposição e composição. O gênero de efeitos especiais. Mich,1clRubrn aprc"·ntJ uma
de ficção científica não poderia existir sem uma crônica ele sua carreira em Droid11111k ,·r· C,,·orgeLu-
avalanche de efeitos especiais. Para os grandes es- cas1111d tire digitalrevo/1111011 (Gamcw,llc, I L, Triad
túdios, o principio da "fábrica" era responsável pela Books, 2006).
"magia". Shilo T. McClean oferece análise; de como os
Um bom levantamento do lema é o suntuosa- efeitos especiais digit,lis funcionam em D1gua/
mente ilustrado livro de Richard R.ickittSpecial Story telling: 7/re 11nrrativepower of \'lsuu/ effcct~/,i
effects:Tire liistory mrd tire teclr11iqu
e, 21 ed. (Nova fi /111(Cambridge, MA, MIT Pre,s. wo~).
York, Billboard, 2007). Pascal Pintau oferece uma Artigos sobre o uso de efeitos especi.11s em filmes
visão histórica geral entremeada com entrevistas específicos aparecem regularmente em A111erican
com 37 artfatas de efeitosem Specialeffects: An oral cinematogrnpher e Cinefex.
history - lnterviews with 37 masfers spa1111i11g 100
years (Nova York, Harry N. Abrams, 2005). Estudos Relação de aspecto
de casos esclarecedorespodem ser encontrados em
Linwood G. Dunn e George E.Turner (orgs.), Tire A relação de aspecto da imagem cin,·matogrJ-
ASCTreasur y o/ vima/ effects(Hollywood,American 6ca foidebatida desde o início do cmcma. A rdaçào
Society of Cinema1ographers, 1983). Patrícia D. de Edison-Lumiere ( 1,33:1) não foi tot.1lmmte pa•
Netzley, em Encyclopedia o/ movie special effe cts dronizada até 19 11 e, mesmo depois d1,so. outras
(Nova York, Checkmark Books,2001), tem verbetes relações foram explorada s. Muitos dnegrafistas
sobre técnicas, pratícantes e filmesindjviduais.Vol- acreditavam que 1,33: 1 era a relação perfeila (talvez
tado para cineastas com baixo orçamento, o livro sem consciência de que d a remonta à "proporção
de Mark Sawicki Filming lhe farrlastic: /\ g11id e to áurea" da pintura acadêmica), Com a 11\0\'aÇ á O em
visualeffectscinematography(Boston, Focal Prcss, grand e escala do cinema widescree11no rnício dos
2007) apresenta um amplo leque de efeitos físicos anos 1950, lamentos de ;1tlição for.1m ouvidos. A
e digitais em uma linguagem que os leitores de A maioria dos operadore s de câmera odiava. Aslen·
arte do cinema serão capazes de entender. tes ni\o eram nítidas, ;1 iluminação tornou-se mais
Estudos de efeitosespeciaispré-digitais incluem complicada e, como disse Lee Garm es, "a gente
Mark Cona Vaz e Craig Barron, Tireinvisible art: olhava pel.1d1mera e ficava espantado com o que
ll1elege11dso/moviemntte pai11ti11g (San Francisco, ela estava captando''. Contudo , alguns diretores -
Chronicle Books,2002). A extensa e bem ilustrada Nicholas Ray, Akira Kurosawa,Samud Fuller, Fran·
história inclui um CD-ROMcom exemplos de pin- çois Truffout e Jean-Luc Godard - criaram com·
turas de composição. Stan Winston foi um mestre
posições fascinantes na relação de aspecto de
111
,1,..<e ,.w
1,,..,, t h si , 1,•111a, d(• 11'1i/1•.,,1t'r11 rx,w,li
11uc,l\ imagcn\ de 11u;1elrotompleto ,criam cropa
, ..,1111, ,·x pl o 1.ulm ,· m Rohcrl I' Ca 11 ,. R M
1 1111 elas na projeção e que ele leria visto e aprovado a
l l,l\'l.'S,l\'irlt' "/'('('// /Jl()l'l('S; A /11.\ /()/ )' 111,d
Jil111ox111 irnprcssao ele lr.ihalhn no formato padrão.
p/Jre•/w1r/t'g,rngc.fil111111e1/..111g (/dlcrson, NC, Me Nn l'ntanto, muitos observadores argumenta-
r.,rland, l <J8ll) ram 11ucWelles nao queria ~uas im,1gensempadas,
" 111aisdctalh,10.1delesa das vir1ud,•s cstélka~ depois llt· declarar <1uenão gostava do, formatos
JJ 1111,igcm de tcl,1,unpl,1rn nlinua a srr a de ChJr ,\lullo, reclamaram que a composição
w1dc.<cr!'c11.
)e, Barr. "t:1nemaSrnpc: Bclmc anel alter", / •,/,rr pJrccia muito re,tr111va e alguns e,pectadores
Qwirrcrlyló, •1(wrào ele1%.1), pp. ,1 1 ,1 //,r \IC'ivt'I rcrnrd.ivarn ,e c.lcter vi~to o filme nos crnemaç
I ,~ht Trap21 ( 1985)rn nlém v,\rio., .irtigm sobre ,1 cm 1,37
h,~1clriae a c~tel ica do cine ma widcsm•,•11,inclusi A cnntrovérs1a chegou ao auge quando uma
w um artigo sobre o cns.lio de Barr e li ma rcllcxãn nova caixa de IJVDs foi lançada em 2001!. O ôehate
posterior de Barr. Sobre as práticas de encenação pode ,er acompanhado on-line, em um site hos
emwidcscrec11, ver D, 1v1d Bordwcll, "CincmaScopc: pedac.lo pelo critico !)ave Kehr (http;//www
The modern miraclc you sec wi1hou1 glasses", davekehr.comf?p,-127) e em um site dedicado em
em Poeticsof cinema (Nova York, Roulledgc, 2007), boa parte ao~ lançamentos da Crilenon (hllp:1/
pp.281-325. www.cri teri on foru m .org/ f o ru m/\•iew topic.
Ourante os anos l 980, duas variantes das bitolas php?f=4&t= 4223&start=l50).
1radicionais foram projetadas em resposta às exi- Os comentários publicados de Welles sobre o
gências do widescreen. Uma inovação foi a Super widescreen foram reproduzidos em http://www .
35 mm, que expande a área de imagem dentro do wellesnet.com/?p= I 55. Suas observações sobre A
tradicional formato de 35 mm. Ele permite aos ci- marcada maldadeem uma carta 1958são amb1guas:
neastas fazer uma cópia para distribui ção (release
print) na relação de 2,40:1(anamórfica) ou de 1,85: 1 Hoje,o olho está domado, penso eu. pelas novas
com composições. Para projetos de pequeno orça - telas amplas. Esses"sistemas",com os seus rígidos
mento, havia a Super 16 mm, que pode ser expan- limites técnicos, tornaram-se tamanho monopólio
dida para fazer cópias para distribuição de 35 mm que qualquer uso vigoroso da velhacâmera de aber-
lura normal, preto e branco,corre o risco de parecer
mais facilmente do que a partir dos 16 mm normais.
desonesto em comparação. A velhacâmera permite
A Super 16mm oferece 40% a mais de área de ima-
o uso de um leque de convenções visuais tão dis-
gem e cria um quadro mais amplo, que pode ser tantes do "realismo" quanto a grande ópera. É uma
passado para a relação de aspecto de 1,85:1 com linguagem, não um saco de truques. Se agora é uma
composição, preferida na exibição de 35 mm. linguagem morta, eu, como franco partidário da
antigaeloquência, devo encarar a probabilidade de
WidescreenWelles não ser novamente capaz de colocá-la a serviço de
qualquer lema de minha escolha.
Em 2000, o lançamento em DVD de A marca dn
maldade,de Orson Welles, criou uma controvérsia Welles registra sua preferên cia pela abertura
en1reos admiradores do filme. O filme fora origi- "normal" ( I ,37), mas indica que agora ela está "mor -
nalmenterodadoem 1,37,,nas,em 1957,a rcvoluçào 1a".Também diz que não será capai de empregá -la
do wídescreen
tornara raro esse formato. A maioria "novamenté'. Mas "novamente" significa "depois de
dos filmeseram exibidos cm uma relação mais am- tê-la empregado em A marca da maldade" ou sim -
pla,como 1,66ou 1,85.Os produtores da versão cm plesmente "desde a revolução do widescreen no
[)VI)do filme decidiram-se por 1,85como a relação início dos anos 1950"?
adequada. Explicaram que Welles estava ciente de
J\p,\, n111~111l,11
l'>IWd,ill,1.1,t'111Wl'lk·s. dt'ddi qua~l' o filme 1111e1ro, a câmera rcpre~enl· _
a a visar,
mo~ rl'prod11111qu,uli11, 1k ti 111,rr, ,, d,r 11111/rl,rrl,
· do prn1Ui10111\la, l'hllip Marlowc n/i\ n V'•m
' . e '•~ ªPe-
lll'$ll' llwo u,,111d11
,1rdn, ·1\01k• ,ispc1lo 111ulsa111pl,1
. na\ quando 1•le olha p<1rac~pclho~ "( hi:1,1 d
· ' e sus
t'ontmh\. 1l ljlll'>liln l',hl hl11)ll' de ~e, w lutionada . pt.'11\cli'ora do ,nmum!", proclamava a pn,paganda
"VO< f: accll.i o ,,mvllc para ir ao apartamento de
O plano subjetivo urna loirai VOU . leva um soco nr, qt11·1xr, de urn
,uspclto de asqa\~1nato!"
A c.:.\mero,por mt'io 110,cu po,11lonnmcnto e de A história da técn1Ca levou alguns teóricos a
$t'll$ movimcntns, :is w1cs nos c.:nnvl
dt1u cnxcrgnr especu lar se o plano subJct1voprovoca a ,dentifi.
os acontecimento, pl·lo$olhos de Ull1LI personagem. caçào do públíco. Pensamos que somos PhiJ1pMar-
Alguns diretores (l low,ml I l;1wks,John Ford, Kcnji lowc? O prohlema da identificação do puhl1Cocom
~lizoguchi, Jacques ·1~11i) rommcntc usam o plano um plano ele pont o ele v,sta continua a ~er uma
subjetivo, mas oulros o usnm co11slanlc111 en1c. Co- questão difícil na teoria do cinema. Há uma dis-
mo 5.135 indicou, O beijo1111111rgo,
eleSamuel Fuller, cussão proveitosa em Edward Bran,gan, Pointof
começa com dois planos subjet ivos chocantes: view in the cinema: A theory of narrat,onand sub
jeclivity in classicalfilm(Nova York,Mouton, 1984).
Abrimos com um corte direto. Nessa cena, os
atores utilizarama câmera. Elesseguraram a câme- O tempo real e o plano longo
ra; ela esto\73presa neles. Para o primeiro plano, o
gigolô Linhaa câmera presa no peito. Eu digo a
Quando a câmera está rodand o, ela registra o tem-
[Constance) Towers,"Bata oa câmera!''. Ela bate na
câmera, na lente. Então eu inverto. Coloco a câme- po real? Se for assim, que implicações artísticas
ra sobre ela, e ela dá um tremendo soco nele. Acho decorrem disso?
que foi eficaz.(Citado em Eric Sherman e Martin André Bazin argumen tou que o cinema é uma
Rubin,Thedirector'sevenl [Nova York,Signel, 1969], arte que dep ende da duração efetiva. Como a foto-
p. 189) grafia, afirmou Bazin, o cinema é um processode
registro. A câmera registra, fotoquímicamente,a IU2
Os cineastas começaram bem cedo a fazer ex- refletida do objeto. Como a ràmt>ra imôvt>l,a câ-
perimentos com a "câmera de primeira pessoa" ou mera de filmagem registra o espaço. Porém,ao con-
com a "câmera como personagem''. Grandma'srea- trário elacâmera imóvel, a câmera de filmartambém
dingglass ( 1901)apresenta planos de ponto ele vis- registra o tempo. "O cinema é objetividade no tem-
ta subjetivos. Buracos de fechadura , binóculo s e po... Pela prim eira vez, a imagem das coisas ê a
outras aberturas eram frequente mente usados para imagem de sua dura ção, o transcorrer mumificado ,
motivar o ponto de vista óptico. Em 1919, Abel por assim dizer" ( What is cinema?vol. 1 [Berkeley,
Gance usou muitos plano s subjetivos em Eu acuso University ofCa!iforn ia Press, 1966],pp. 14-5). Com
U'accuse). Os anos 1920 viram muito s cineas tas base nisso, Bazin via a montagem como umainter-
interessados na subjetividade, observada em filmes rup ção intru siva na continuidade natural da dura-
como Varieté (1925), de E. A. Dupont, A iíltima ção. Assim, ele louvava diretores de tomadaslongas,
gargalhada(Der letzte Mann) ( 1924), de F.W. Mur- como Jean Renoir, Orson Welles, William Wylere
nau, com a sua famosa cena do bêbado, e Napoléon 1
Roberto Rossellini, artistas cujos estilos respeitavan
(1927),de Abel Gance. Alguns acreditam que, nôs a vida em seu tran sco rrer concreto.
anos 1940, o plano subjetivo - especia lment e o Bazin merece crédito por chamar nossa atenção
movimento de câmera subjetivo - fug iu comple- para as possibilid ades latentes ela tornada longaeni
tamente ao controle em Lady ln the lake (A dama uma época em que outros teóricos a consideravam
do lago) (1946), de Robert Montgomery. Durante teatral e não cinematogr áfica. No entanto, 0 pro-
O que é montagem?
6.4 - Umatrans
içãolwípe)juntaoúltimoplano Pode-se pensar na montagem como a coordenação de um plano mm o
deumacenacoma primeira cena do plan
o se-
seguinte. Como vimo~. na produção cinematográfica, um plano e um ou
guinteemOssetesamura is.
mais quadros expoMosem serie em uma cxtensào continua de película.
O editor cincmatografico ehmina o material filmado não dcsc1,1do, geral-
mente escolhendo o melhor plano e excluindo os outros. O editor também
corta quadros supérfluos, como os que mostram a daquel e (p. 58), no
começo e no fim dos planos. Ele então junta os planos dcscJados, o fim
de um ao início do outro.
Essas junções podem ser de diferentes tipos. O fade -0111escurece
gradualmenteum quadro até ele ficarpreto, e oJade-i11clareiaum quadro
a partir do preto. Uma fusào sobrepõe brevemente o fim do plano Ae o
início do plano B(6.1-6.3) . Em uma transição [wipe]. o plano Bsubstitui
o plano A por meio de uma linha fronteiriça que atravessaa tela (6.4).
No caso, ambas as imagens ficam por um breve momento juntas na tela,
•voe~definit
ivamente podedarumaforço paro mas não se fundem, como no efeito de "fusão''.No processo de produção,
a interpretaçãonasoladecorteseditandoas f ades, fusões e transições são efeitos ópticos e são marcados como tais
reações,
talvez regravando falos,ocres<entando pelo editor. Geralmente são executados em laboratório ou, mais recen·
fofasaosplanos dereação. Evocêpodeajudaro
temente, por manipulação digital.
estruturo
deumfilmedeslocando sequênâas e
descartando cenasqueemperram o ritmo.Eàs O meio mais comwn de juntar dois planos é o corte. Até a ascensão
vezesvocêpodeusarpedaços deplanos diferen- da montagem digital, nos anos 1990, fazia-se um corte colando dois pia·
tes,oquetombim ajudomuito.Oquevocê pode nos com cimento ou fita de película. Alguns cineastas fazem "cortes "
f01ernosolodemontagem poroajudar umfilme durante a filmagem, planejando para que o filme saia da cãmera pronto
é moravi/hoSi/.
•
para ser exibido. No caso, a junção física de dois planos é criada no ato
da filmagem. Tal montagem na câmera, porém, é rara e está limitada
- Jodie foster,atrize diretora
principalmenteà produção experimental e amadora. A norma é a monta-
de câm era, não impo rta quão râp1dos, não apresen tariam as mud
1 nças
marcada s e abrupta s qu e os cort es produ zem . A gora imagin e uma com-
posição de espaço profund o do tip o que O rson Welles pode ria ter usado
(5.39), apr csentan do Mit ch no prim eiro plano, Mela me e a Janela
no
plano médio e o ataque da s gaivotas a distân cia . Novamen te, a cena
po-
deria ser rodada em um plan o, pois não teríamos nenhuma mudan
ça
abrupta de tempo, espaço ou config ura ção gráfi ca. E o movimento
das
figuras não produziria os saltos no tempo, no espaço e na comp
ição
proporcionados pela montagem .
Apesar de mu itos filmes serem hoje rodados com \'árias e 1'1eras
operando simultaneamente , durant e tod a a hi stória do cinema, a m.11o
ria
das sequências foi feita com apena s um a câme r a. Na cen.i de O pássa-
ros, por exemplo , os plano s foram filmad os em diferente, tempn e lu-
gares - um (o plano 3) foi externo , os outro s em um estúdio (e estes,
talvez, em dias diferentes ). Um montad or, port anto, dev, mon, r uma
grande e variada batelada de material filmado . Para facilitar essa tarefa,
a maioria dos cineastas planeja a fase de montagem durante as la,es
de
preparação e filmagem. Os plano s são filmado s com uma ideia de como
se juntarão no final. Na filmagem ficcional , roteir os e storyboardsa1udam
a planejar a montagem , enquanto os docum entari stas muita, vezes filmam
já imaginando como o material será cortado.
cena, no,
• o 1novimcnto <lefiguras e o movimento panorâmico de dm era.1
6.14 - EmAllen-Oaítavopauogeiro
(Allen), 6.1S- ...lemcorrespondénclagráftca,
pormeío 6.16- .•.nocon101no
daterra.
o contorno
curvo cidodeRipley
dorostoadorme ... de umafusão...
~.
6.18 - ~•'--•, - i .::.i=t:i
3.Ç~'S.~ t.or.:.c----x;~
6.21-A ma1Ca
damaltadt:
descontinuidade
grafica
. 6.22 -A n-,ircada moldoàt
6.2S - Ospdssa,os:
plano 32. 6.26- Ospdssaras:
plano33. plano34
6.27- Ospdsso,os:
Cuda pluno, ;cndo um,1 lira de pchcul,1, tem ,crt,1 extens.io medida
em quadro~.pé, ou metros E a exten,,10 física tlli plano correspondea
uma duração mcnsur.hd na tel.i.Como ~.ibemo~na . wlodda. · do som.
24 quadros duram um segundo na proJcçào. Um pi.mo po,k ler apenas
um quadro ou pode ter milhares de quadros, que ,e estendem por vários
mmutos quando projetados. Assim, a montagem permite .io oneasta
determinar a duração de cada plano. Quando o cmca,ta a_1u,taa c,tensão
ACESSEOBIOG
Algunsanalistasestudam o ritmonocinema dos planos em relação com outros plano~.elecsl.i conlrol,1ndoo poten-
calculando
asduraçõts médias em cial rítmico da montagem.
dosplanos
stquêooasdf filmei.Paramaisdetalhts.
veja O ntmo cinem.itogr.ifico como um todo deri,,1 não apenJ, da mon-
Mynameis David, andrmaframe ~
-counter" tagem, mas também de outras técnica~ cinematogr.ilicas. O cmeastase
www.davidbordwell.net/blog/7p a230. vale do movimento na 111/s,•-c11-sccm·,da posiçáo e do mov11ne1110 da
clmera, do ritmo do som e do contexto geral p,1radetcrmmar o ntmo
da montagem. Contudo, o padrão das extensõe, do, plano, contribui
consideravelmente para o que reconhecemos 1nLU1t1vam ente comoritmo
de um filme.
Às vezes,o cineasta usará a duração do plano para criar um momen-
to enfatizado, acentuado . Em uma sequência de M11dMa., 2, um feroz
membro de uma gangue golpeia com a cabeça a cabeça de uma vitima.
No momento do contato, o diretor George Miller falo corte com alguns
quadros de branco puro. O resultado e um clarão repentino que sugere
impacto violento. A duração de um plano também pode ser usada para
desacentuar uma ação. Durante as exibições-teste de lndia11a}011es e os
caçadoresda arcaperdida (Rniders of tlie /osl ark), Ste\'en Sp1elberg des•
cobriu que, depois que Indiana Jones mata o espadachin1gigante,alguns
segundos tinham de ser acrescentados para permitir que a reaçãodo
público amainasse antes de poder ser retomada a .ição.
Mais comumen te, as possibilidades ntnúcas da montagem surgem
quando várias extensões de planos formam um padrão discernível.Um
ritmo estável podeser estabelecidofazendoos planos terem apro:run• a
damente a mesma extensão. O cineasta também pode criar um riuno
d111âmico. Planos de duração crescente podem diminuir o ritmo, enquan·
to planos sucessivam ente mais curtos podem acelerá-lo.
Considere como Hitchcock maneja o tempo no primeiro ataquedas
gaivotas em Os pássaros.O plano 1, o plano médio do grupo conversan·
do (6.5), consome quase mil quadros, ou cerca de 41 segundos. Porém,0
6,34- EmAsagadeumherdi,umplanodapartesuperior
docorpo
damulher 6.35- ...umplanodesuas pernasepés, sustenlados
pelosietutanres
tran•
t acompanhado
por... seuntes.
6.47 EmPo/1,e
Stor1 Agumadasdrogas
IG1119
choat900 s-1),JO per~equ1rgangtterPS+'m
umshopping unter,Jark1e
Chansalta paraum
postevar,osandares
ac,madeles.
A montagem em continuidade
gcm acekr:1dos podem estar pre sentes. mas, no gera l, os planos mais
curtos tenderão a ser os 111,11s
próximo s.
Co1110 o estilo dr co nlinuidodc busca apresentar uma história,(: prin -
cipalmente pelo manejo do espaço e do tempo que a montagem promo -
i•e u continu idudc narrativa .
6-50 - Uma
cenadeconversação
e o Eixodeação.
J colocação da câm era para estabelecer e sustentar essa linha (daí o ter-
mo 180º). Uma série típica de planos para cobri r a cena seria esta: ( t} um
plano médio da menin a e do menino, (2) um p lano sobre o ombro da
menina , dand o mais destaqu e ao menin o, e (3} um plano acima do om
bro do men ino, d and o mais destaqu e à menin a. Porém, corta r um plano
da posição de câmera X, ou de qualquer posição dentro da área colorida,
seria considerad o uma violação do sistem a po rqu e atravessariao eixo de
ação. Com efeito, algun s manuai s de dir eção consideram que o plano X
é totalmente errado . Para ver por quê, pre cisam os examinar o que acon
Lece se um cinea sta segue a regra do s 180º.
A regracios 180º assegura que as posições relativas no quadro pemw
11eça111
consistentes.Nos planos filmado s das posições de câmera 1, .! e J,
as personagens ocupam ent re si as mesma s áreas do quad ro. Apesar de
os vermos de diferentes ângulos, a menina está sempre na esquerda e o
menino está sempre na direita. Mas, se cortarmo s para o plano X. as
personagens mudarão de posição no quadro. Um de fensor da continw -
dade tradicional afirmaria que o plano X nos confunde: as duas perso-
nagens giraram em torno uma da outra?
A regrados 180° asseguraque a linha do olhar seja sempre consistente.
Nos planos 1, 2 e 3, a garota está olhando para a direita e o rap az, para a
esquerda. O plano X viola esse padrão ao fazer a garota olhar para a
esque rda.
A regrados 180° assegura uma direção de campo consistente. Imagine
agora que a garota está andando da esquerda para a direita ; o caminho
dela constitui o eixo de ação. Enquanto nossos planos não atravessarem
esse eixo, ju.ntá-los manteria constante a dire ção de campo do mo,~-
mento da garota, da esquerda para a direita. Mas, se atravessarmos o eixo
e filmarmos do outro lado, a garota agora surgirá na tela como se esti-
vesse se movendo da direita para a esquerda. Tal corte poder ia ser deso-
~.•oqueeuchomo novobruto/ismo 'noánemo ... rientador.
é umaformo demgenufdade, porque é feitopor
pessoas queeupensoquenóocompreendem Cons idere uma situação sim ilar àquela em 6.50, uma cena -padrã o de
realmenteo história
doCinema . ( o montagem dois caubóis se encontrando para um duelo em uma rua da cidade (6.51).
dotipoMrv, emqueofdeioprindpa/ é: quanta O caubói A e o caubói 8 formam a linha de 180º , mas, aqui, A está an·
ma,sdesorientador,
molsempolgante. [ vocévê dando da esq uerd a para a direita e .8 esLá se aproximando da direita para
,ssose Insinuando cadavezmaisno cinema a esquerda, am bos sendo vistos no plano tomado na posição de câmera
mainstream. Vocêvêalguma coiso comoArma -
gedom evêtodasoscoisos queteriam sidoprol- 1. Uma vista mais próxima, com a câmera na posição 2, mostra 8 ainda
bidasnocinema clássico,
como CI1JZorolmho , o se movendo da direita para a esquerda. Um terceiro plano, com a câme·
cômeropulando deumlodoparoooutro . ( uma ra na posição 3, mostra A andando, como no primeiro plano, da esquer-
mane,ra degerarexcitaçãoartifício/mente,mas da para a direita.
ndatembasenenhuma. Eeuachoissomeiotris- Imagine. porém, que esse terceiro plano fosse feito na posição X. no
teporque é comoumvelhotentando se vestir
lado oposto da linha . A agora é visto movendo-se da direita para a es-
comoumadolescente:
querda. Ele se assustou e deu a volta enquanto estava na tela o segundo
- JohnBoorman , diretor plano, de B? Os cineastas podem querer que pensemos que ele ainda está
cam inhando rumo ao adversário, mas a mudança nas direções de tela
..
t]-. 1
"I
B
. t- - ..
~ -+ ., \
A 8
6.S4 - Rel/qula
macabra:
plano 2. 6.SS- Rellqu/a :planoJ.
mawbru
6.S6 - Rellquia
macabra
:plano4.
6.61 Rtllqu,a
m0<abra
plano7. 6.62 - Rtl,qu,a
tnarJJbra:
plano8. 6.63 - Rt11qu10
macabro·
plano9
US - Rt/1qu1J1
mQCabrll'.
pf1no11. 6.66 -Rt/iqu1amacabr1T
pl,no11
U4 - Rth4u,oIIIOlOlml plano 1O
6.70 - Reliqumll(ob
,a ro:
plano16a. 6.71 - Rtliqu,o
macabfa.
plano16b. 6.72 - Rtl/qu,a
m(1(abra:
plano17.
das figura s para con centrar no ssa atenção n a história d e Brigid , deixan-
do -nos estud ar se u semblan te e ter um a sugestão da reação de Spade.
Quando Archcr en tra, a decompo sição do espaço se detém por um
momento e Hu ston restabelece o local. Archer é integrado à ação por
meio de uma panor âmica para a direita (pla nos 16a e 16b, 6.70 e 6.71).
Seu caminho é com patí vel com o prim eiro eixo de ação da cena, e ntre
Spade e a porta . Al ém disso, o en quadr amento dele é similar ao usado
para a entrada de Brigid anteriormente. (Co mp are o plano 16b com 6a
[6.71 e 6.59].) Tais repetições permitem ao especta do r concentrar- se nas
infor ma ções novas, n ão na maneira co mo são apresentadas.
Agora firmemente estabe lecido como parte da cena , Archer senta -se
na escrivaninha de Spade. Sua posição o coloca na extremidade de Spa-
de no eixo de ação (plano 17, 6.72). O resto da montagem da cena ana
lisa este novo conjunto de relações sem jamais cruzar a linh a de 180°.
Não se espera que o espectador perceba tudo isso. Do começo ao fim,
os planos apresentam o espaço para enfatizar o fluxo de causa e efeito -
6.73- EmOCiroquenãora1upelaculatra(Pa-
as ações, as entradas , os diálog os, as reações das personagens . A monta - deRonHoward,
renthood), planosderoaordde
gem organizou economicamente o espaço para comunicar con tinu idad e olharemcampolcontracampo
apresentam
uma
narrativa. conve
rsação
...
O sistema de continuidade , exatamente nesses termos, permanece cm
vigor hoje. A maioria dos filmes narrativos ainda s,e vale dos princípios
da linha de 180° (6.73, 6.74).
- Slobodan
SiJan,
diretor
6,77- ...um<ampo
/contracampo
entrea mulher 6.78- ...e a mulher
a d1re1ta
à esquerd
a...
assim do efeito Kuleshov. Em Ela quer tudo (She'sgotta fuwe rt) de Sp1ke
Lee, Nola Darling oferece um ja ntar de Ação de Graças para seus três
amigos. Lee nunca apresenta um plano que mostre todo s os quatro no
mesmo quadro. Em vez disso , ele usa meios plano s de conJunto, incluin-
do todos os home n s (p or exemplo, 6.79), plano s de campo/contracampo
entre eles (por exemplo, 6.80) e meios primeiros planos com ruccordde
olhar deles. Para Nola é dado seu próprio meio primeiro plano (6.SI).
Usando a linha de olhar e orientações corporais. a montagem de Lee
ACESSE OBLOG
Outrorefinamento:
Oqueacontece seocontra- mantém as relações espacia is com pletamente coerentes. Por exemplo,
campo foromitido!
Mostramos alguns
exemplos cada hom em olha em uma dire ção diferente ao se dirigir a Nola (6.82,
e discutimos
suasfunçõesem•Angles andper 6.83) . Esse padrão de cor tes realça a ação drnmát ica tornando o~ homens
ceptlons·:
Acesse com petido res iguais por ela. Eles estão aglomerad os cm uma ponta da
www.davidbordwe !l.net/blog/7p=744. mesa e nenhum é mo strado no me smo qu adro que ela. Além disso, ao
organizar 05 ângu los em torno da orientação gera l dela na ação (como
em 6.84 , um plano de ponto de vista óptico), Lee mantém Nola como per·
sonagem -chave. Além disso, o plano mais aberto e o primeiro plano em
separado de No la intensifi cam a progressão da cena: os homens estão
em exibição e Nola está friamente julgando O comportam~nto de cada u,n.
Outra íelicidade na regra dos 180º é O cheat wt . Asvezes, uJ11diretor
pode não ler continu idad e perfeita de plano para plano porque compôs
cada plano por ral!:ôes específicas. Os dois plai,os devem corresponder
íl
6.89- UmdiagramaaéreodoplanodepontodevistadeJontlo
/ndlscma.
6.90- Quando
Jeffolhapelosbinôculos
... 6.91 - ...vemosumplano de pontodevista 6.92 - Quando eleemprega
umalentefoto
comteleobjetiva
dovizin
ho. gráfica
poderos.i
..
6.96- ...aope,ccber
queoutroveiculo,
movendo-se
dad11e11a e,taindonad1re1ao
paraa esquerda, delts
emcursodecolisão.
• -
6.99 - EmNorempodosdtl19tntios,
emum
planodecon1un10emquetodososmov1men10s
saopa,a a d11el1a,
o he101
começaa sallardo
6.98 - ...e umpldno de conjuno mostrao caminhão
novamente,
ago,amove
ndo-seda dlreilaparaa assenlldocondutorparaomadoscavalos
...
esque1da.
...
o espaço fora de campo à esquerda, inf erimo s que alguém está en trando
na sa la e esperamos ver u m plano des sa pessoa.
O que torna o s istema de co ntinu idade invisív€1 é a sua capacidade
de se valer de um leque de httbilidade s que aprendemos tão bem que
parecem automáticas. Isso torna a montagem em continuidad e espacial
uma poderosa ferramenta para o ci neasta que deseja refor ça r as expec -
tativas habituais . Em décadas recentes , os cineastas de H ollywood desen -
volveram maneiras de tornar uiai s vigoro sas as técrucas de co ntinuidad e
trad icionais. (Ver ''A close r look ".) Como é usada há muito tempo, a
montagem em continu idade também se torna um alvo cen tral para o
ci neasta qu e de seja usar o estilo cinema tográfico para desafiar ou modi -
ficar as nossas ativ idad es normai s de visualização.
UM OLHAR DE PERTO
Continuidade intensificada:
Los Angeles - Cidade proibida e a montagem contemporônea
L990. Como as pessoas viam lilmcs nas tela\ de casa do; s, 10 mais fácci; de acompanhar e as vista, próxi-
cm vez de vê-los nos cine ma s, o~ cineasla~ remo mas têm ,1parénda melhor do que o; planos de
delaram suas técnicas. Mudar a imagem constan- conjunto, que tendem a perder em detalhe,. A conti-
temente com cortes e movimento de câmera podia nuidade intensificad,\ foi moldada por muitos fotn
impe dir o espectador de mudar de cana l ou pegar res, como a chegada da montagem computadnn-
wna revista. Nas telas menores, os cortes mais ráp i- zada, mas a televisão foi uma impNtante intluenc1a
6. ll 1 ~ ~~ ~ublnh.upre'-tn
HJO'.(Hl
, .;ir\\ te 1.,:tncfo
um<otttrar,1umplano.
J, t•l~ll>itt1ad,,ted,:tna~queo, 1u1~,to1
·),H~ .,m•t-U r-,t~ero
UM OLHAR DE PERTO
----------------------------------- --
6.119 - Exley
sevoltaAlentedesloca
o focoparacaptarseuro110iombrto
noe1pa10
frontal,
preparando·nos
paraa brutalidade queeleexibirá
10
9 3-
54
mínimo de esforço.
Como O aspecto gráfico, o ritmo e o espaço. também o tempo é orga-
nizado para perm itir um desdobramento de causa e efeito e o surgimen-
to da curios idad e, do suspense e da surpr esa. Contudo , há muitas alter-
nat ivas para a montagem em estilo de continuidade e vale a pena
examiná -las.
6.132 - MeutiodoAmérico
. 6.133 - MeutiodoAmMc
o. 6.134 - MeutiodoAmérico
6.135-Em Também
fomasfeliies,Ozucorta dogestode beberdoavô... 6. 136 - ...diretamente
parao ladoopostodaspersonagens.
6.139 - Emfiino.Lln<J
(Wta dasdon,sdema 6.140- l)dl•~clt
fofocando
..
6.141 - Umplanodlegéllco
emJ chmtsaé 6.142 pli1no1nãodlegéumdo leitoem 6.143 - _, desuamaswadeouro.
seguidopor.•. formadt Ido dorti Tutancimon
plano ele dois segu ndos de um menino olhando, também à noite (6.1441
6. 145). lnicialmcnle, o plano parece estar na ordem correta como os
planos de Jeffolhando os vizinhos em Ja11ela indiscreta (6.87,6.KI!, 6.90_
6.93). Posteriormcntc, saberemos que a narração de Caché nos enganou
seriamente.
Mais insistentemente, cm A guerra acabou (La guerre est jrme), de
Rcsnais,cenas cortad as na continuidade convencional são interrompidas
por imagens que podem representar Jlashbacks,episódios de fantasiaou
mesmo acontecime ntos futuros. A montagem também pode brincar
variando a frequência para fins narrativos; o mesmo acontecimento pode
ser mostrado repetida mente. Em A guerra acabou, o mesmo funeral é
retratado de diferente s maneiras hipotéticas, com o protagomsta presen-
te ou ausente.
Novamente, Godard oferece um exemplo notável de como a montagem
pode manipular a ordem e a frequência. Em O demônio das onze horas
(Pierrot /e fou), quando Mariairne e Ferdinand fogem do apartamento
dela, Godard remexe a ordem dos planos (6.146-6.149). Godard também
brinca com a frequência repetindo um gesto - mas mostrando-o de
maneira diferente a cada vez. Tal manipulação da montagem bloqueia
nossas expectativas normais a respeito da ação da história e nos obriga
a concentrarmos no própr io processo de compor a narrativa do filme.
A montagem também pode tomar liberdades com a duração da his-
tória. Apesar de a continuidade completa e a elipse serem as maneiras
6.146 - EmOdem6n/o
dosonzehoras,Fe,dinand
pulanocarroquando 6.147- ...mas,então,o casalé vistodevoltaemseuapartamento.
Mariannearranca
...
6.148 - Emseguida,
o carrosalemdisparada
pelarua... 6.149 - ...e entãoMarlanne
eFe,d
inandsobem deumPred1
nacobertura º•
umacontecimento queocorreu
antesqueelesfossem
embora.
6.1so- EmOanopa55ado
emMorienbad,
umtaccord
demovimento
... 6.151- ...deumcenário
paraoutro
.
Para muitos cineastas soviéticos dos anos t920, a mon tagem era um
impor tante meio de organizar a forma inteira do filme; ela não serv ia
6.lSS - EmOutubro,
umcanhão
emumafá· nofron1.
6.1S6- ...comsoldados 6.157- EmOutubro,
cortesemalternânoa
de
llficaemmon
1agemparai
ea... umafiladepãoecenasdeguerra
.
6.159 - Ouru
bro. 6.160 - Oul~bro.
6,1S8- Outubro
.
RESUMO
do1, p\,111,,.,
Q11,111do ,ão ligado, , podemo, l,11,•r 1,·11d11I'' nhkm.1 p,111 11111,11 '", 11111·~.h'nle \'cr 11111
v,iria, perguntas : hl11 w nu pwi,:1,111,k 1.1 1\ ,. h.11,·111111 l.1p" ,1,, 111,,
1. Como os ph1nos seiogralk11mc11ll' co1Hh1110~ 11111d,111, dl'11pl:111
11.A,~1111 <IUl'l('U1llli1·<1·1
,11111111
1.1
ou descontínuos ? 11,•11111111i,h1dl11w1111. wj.1 um 1111111 11111
11u11kn
2. Que rclaçõe, ntm1c.1, ,;111.r1,1d,1,1 p111pcl,1t1 d,·111hst·1v.1111111,hp,·d,l.1111011
n 1.1gc111
3 Os planos ,,10 csp.ici.ilmcntc llllllínuo~? ~,· dii,:,11111",.1111,111,·h.1, 111110 u ,·,pJÇ", 1111st·ntJdo
não são, o que cria .1dcscontimmlndc? (Mo11t.1g1•m ou o~d,·m,·nto~g1,\h,os,. u 1,·111po s,111,11111
rnl.1dos.
par.ilcla? lndicaclorc, ambíguo~?)Se os planos s,\o Sc11,1hillll'se p.11,1,11111101.1i,:c1 ll1111,.111
111 111.111do '"
espaci.1lmentc contínuos. como a rcgr.1 do, 1110 ° ritmo, d,· ,ortc: 111.11,.11 ,um h.1t1da,11,111d.1m,·ntu
cria a continuidade? dos ,nrh•, pod.- .1.11111.ir
4. Os planos são 1cmpor:1lr1entc continu os? Se Vc1 l1l111c~ 11or1,
• ,uncnl,11111'do, ,mm 1910 e
forem, o que cria a continuidade? (Por cxc111p lo. 19,1() pode nprcs.-111 1\ 111.,o c,til11d,· , 11111i11ttidadc
raccordsde movimentos?) Se não forem, o que cria cl.b,lw; tente prcvc1 lp•c pl.tno vir.1.1seguir ,·m
a descontinuidade? (Elipse? Falsos rnccords?) tmi.1 ,eq11ênci,1(Vo,~ . hc,1r.i,urpr,·su mm a Ire
quên(I,\ de seu, ,1t..-rto,.) Qu.111d11 Jss1,t1r ,1 um
De modo mais geral, podemos fazer a mesma fil nw t•m vídeo, cxpcrlmmtc 1ir,1ro ,11111, m padróc,
pergunta que fa,emos sobre to<l,1técnica cinema- do rnont,1gcm1orn11m,e mais ,·v1,lc11ll'' dessJ m.,
tografica: Como essa técnica 1111icio11 non que d11 neir,1 Qu.rndo houver um,1,·ic1l,1,.ioJc conllnui•
respeito à forma narrativa do filme? O filme usa a cladc, pergunte ,e se ela t .1c1dcnt.1l uu se serve J
montagem para expor o espaço narrntivo e o 1c111 - algum propósi to. Quando vir um hlmc que n,io
po e a cadeia de causa e efeito, ~ maneira da con- obedece nos pri ndplo s do conli11uid,1decl,h,1,J,
tinuidade clássica?Como os padrões da montagem procure por seus padrõl's únicos de 111on1ag~U,c m.
enfatizam expressões faciais, diálogo ou cenário? os controles de dmcra lenta, congd.imento e rc
Os padrões de montagem omitem informnçll e~ tro cc,so em um np:11clho de DVD p,1rn 1111Jlisaruma
narrativas? Em geral, corno a montagem contribui sequfoc in fílmicu, como foi feito nc,tc capítulo.
para a eicperiência que o espectador tem do filme? (Qua~c qualquer filme serve.) Dcs,e modo, vou~
Algumas dica~ prálicas: você pode aprender a pode aumentar comi<lcravclmcntc ,ua consciênCIJ
perceber a montagem de várias maneiras. Se está e seu entendimento do poder dJ montagem.
O que é montagem
\'nrk. t,1,1'<' l'r<'"• l'lbO) , <' Ro11a ld l ,·v.1u1 (lr,,d. <' l!ngl.ind , Fricnd, of r.v, 2002), pp. 211W; e Richard
., o/ / n• k11ln/11w 1> J>cppcrman, lhe i:ye1- qwcker· f dm ed1t11g:\fa-
'''ll·). k11lt•,/r,11 ,,,, Jilm. \\'11f111g
(lkrkdt•), U1m,·1,i1y oi C.11itorn1,, l'rc, ~. l<J7•1), AmgIIgoodJ,lm bctter (Los Angele M1,hae W1ese
pp. 51 ~- \1,11,1um rt•,unm 110 1rahulhu de Kulc,lwv, Produ , tio11s, 20(M). Nosso diagrama de i.m ClltO
H'J,1 \ ,lllü ' Kepk) , Jr., "lht· kulc,hov work,hop ~ lupotéllco de açJo foi adaptado a. drs,u ão coo-
,ba de l:dward J>1ncuno s ~euGr11tlto c plmmakmg
, S .n. O clcllu Kulcshnv pode rc,ll
/ris 4, 1 ( 1'1~<>)pp.
mente detnminar J rr.1c;ãocmodon.1 1de um.1 per (NovJ York, Sígnct, 1969), pp. 120 5.
Para analise\ do estilo d, con11nu1dade \CJaJu.
,onngem ,em e:1.pre,,ão? Doi. pCMJUl\adore, do
dno:mn 1e 1Hara111r.wcr o les te e s11.1s conclusões mond Bcllour, "lhe obviou~ and thc code" 'icreen
15, 4 (mvcrno, 1974~1975), pp. 7-17 e Andre Gau-
c~pticas ,.io expo,la~ em Stcphcn Prince e Waync
E. Hensley, "Toe J...uleshov cflect: Rccrcatíng thc dreauh, "Detour ~111film narrative: lhe devdopment
clnssic expcrimc nt': Ci11e111r1 Jo,mw l 3 1, 2 (inverno, of cross cutting", Cinema Journal 19, 1 (outono,
1979), pp. 35-59. Joyce E Je;ionowsk1 apresenta
1992), pp . 59-75. Durante os anos 1990, dois expe-
rimen tos de Kuleshov, um comple to e outro frag - um estudo detalhado da versão d1ferenc1ada de
mentado, foram descober tos. Para a descr ição e o Gr iffith da montagem em continuidade do, pri-
fundo histórico de um deles, veja Yuri Tsivian, Eka- meiros tempo s em 1hinl..mgm p1cture.s.Dramatic
ler ina Khokhlova e Kristi11·1hompso n, "Toe rcd ,s- structure 111D. W. Griffith'sb1ographjilms(Berkeley.
cove ry of a Kuleshov experimen t: A dossier", Film University of Calífornía Press, 1987). Planet Hong
History 8, 3 ( 1996), pp. 357-67. Kong:Popularcinema a11dtire art of nterramment,
de Davi d Bordwell (Cambridge, MA, Harvard
Montagem em continuidade University Press, 2000), mostra como a contmu1-
dade hollywoodiana foi usada por outro cinema
Para um a discussão histó rica da mo ntag em c m nac io nal.
continuidade, veja o Capítu lo 12 e a Bibliografia do O editor profissional Bobbie O'Steen analisa
capítul o. A seletividad e ocult a que a mo ntagem em seq uências de dez clássicos de Hollywood , plano
continu idade pode conseguir é bem resumida em por pla no, em Tire invisible cut: How editors make
uma obser vação de Thom Noble, que ed ito u Falire- movie magic (Studio City, CA, Michael Wiese Pro-
nheit 451e A teste1m111/ra "O: que geralmente acon- du ctions, 2009).
tece é q ue há talvez sete moment os cm cada cena
que são brilhan tes. Mas estão todos em plano s di- A montagem contemp orónea e a
ferente s. Meu trabalh o é tentar inserir todo s esses continuidade intensificada
sete mome ntos e, aind a assim, fazer pare cer que
não há emen das, para qu e ningué m saiba qu e há Ens inad os nas escolas de cinema e aprenchdos na
um corte ali" (citad o cm David Chell lorg. ), Movie- prát ica por ci neas tas in iciantes, os princípios da
makers ar work (Redm ond , WA, Microso ft Press, mo ntagem em continuidade ainda dominam o ci-
1987), pp. 8 1-2) . nema em to do o mu ndo. Como sugerimos na pá-
Muitas fontes explicitam as regras da continui - gin a 38 4 , ho uve, po rém , a lgumas mudanças no
dade. Veja Karel Rei~ze Gavin MiUar, The techmq11e sistema. Os planos tendem a ser mais curtos (,\fou-
offilm edit111g(Nova York, l las1ing~ f-lo use, 1973); lin rouge - Amor em vermelho [Moulin rouge!I
Daniel Ar ijohn , A grammar of the film lang11ag e
contém mais d e qua tro mi l) a en quadrar os atores
(Nova York, Focal Press, 1978); Edward Dmytr yk, mais de pert o. O plano méd io nas tradições mais
On scree11directi11g(Boston , foca l Press, 1984); e ant igas da produção cinematográfi ca exibe as mãos
Stuart Bass, "Editing stru ctur es'; em Tra11 sitions:
e a part e superi or d o corp o com p letamente, mas a
Voices on the craft of digital editi,rg (B,rmingham ,
continuidade intensificada concentr a-se nos ro;to»
versão com corte s inte irament e novos do filme fei- vivo. Em um,, scquênciJ de t,ttnp1,l(,,n1rac,,rnp,,
ta pelo produtor Steven Soderberg . Sodcrbcrg cha volvendo fl11n e Woody, é ,1prc,t111.,,t,, ,, di.v,,~
c11
ma a sua versão "faixa de comentário" para o d isco. rna do cineasta (como fdzcm11~ n,1p:,v,111,1 'i11, 1,nd,,
Em "Tcll us what you see", o operador de câme- umil dlmcro pode wr u,lc.c,,dd p,,r,, rn 111tcr,, cm,
ra de Os reis do ié-iê-iê (A hard day s 11i
ght) discute de ação (ou "l1nlM de p,1lt1,, "'""' •·la é hama,la
a con tinuid ade na direção de tela, e em "Every head no caso). O segrnc11to t.unhl-rn 11u,srra u,m,
,urn
she's had t he pleasurc to know'; a cabeleireira do movimento <lc câmera pndc ,cr 11',a,I<, par,1rnud~r
filme fala sobre ter de manter os comprimentos dos o eixo de ação pouco ante, ele 11111,1 p• r .fJnagem
cabelos cons tan tes para a continuid ade. import ante entrar nd cena.
" 15-minut c film school with Robe rt Rod riguez", "De~tinat ion Yuma",u 111hrl'Vl' muhnr, 11/ de(),
u m dos supl ementos de Si11City - A cidade do omáveí s (3:tO to Ytmw) , cont!"m um,, 1:xcelcntc
i11cl
pecado (Sin City), oferece um claro exemplo do demon stração de filmagem coll' múltipla•,cilmera,
efeito Kuleshov em uso. Apesar de Rodrigu ez não para a cena de um a diligencia t:imh;111cln,A filma
usar esse te rmo, ele demonstr a como conseguiu gem e as imagens de diferente, càrncra•, '"'' ,egul
junt ar doi s planos de person agens interagindo por das pela cena com o foi editada n<1 filme acabado.
meio de raccords ele 0U1ar, mesmo sem os atores O comentári o cm áudi o para O Mamuhl (E/ Ma-
terem trabalhado juntos durant e a filmagem, riachi) ("Special Editi on" Sony) dc,crevc a monta-
Uma breve seção dos suplemento s de Toy story, gem de cenas usando o efeito Kulc~hov,
intitulada "Layout Tricks'; demonstra como os prin
los 1~m trilha~ sonoras írescas e densas. "Um filme mais ant igo, corn
0
Ct1sn/1/1111rn,
1cm uma tr illrn sonora vazia em comparaçan com 0
for.emos hoje': observa o designer de som M 1chad Kirchbcrgcr , supe~~:
sor ela mixagcm ele som ele I:11con1ros e desencontros ( Las/ ín tmns/ation).
"As trilhas são mais che ias e torn am -se mais um ponto ele venda." Os
dncmas Mull iplex atua liza ram os seus sistemas de snm para fa1.crfrente
on desa fio, e a popu laridade dos OVDs levou os consumidnre~ a instalar
/ro111 eaters com so m dcslu mbran te. A nova sensibilidade dos espec-
e 1/1
tador es ao som é ev ide nt e no recente hábito ele iniciar a trilha sonora de
um filme co m diá logo e efe itos so noros, antes que as imagens apareçam.
Po de-se argum enta r q ue esse recurso serve para silenciar o público, para
qu e as im agen s receb am a dev ida ate nção, mas, muitas vezes, a informa-
ção sonora tamb ém é imp o rta nte p ara a h istória. De qualquer maneira,
d esde os prim eiros filmes sonoro s dos anos 1920, o publico de cinema
nunca teve tanta con sciência do qu e ouve.
Os poderes do som
,-.
li Yakulsk, capilal da Repú- Yakutsk é uma cidade es 4
Em Yakutsk.onde casas mo-
.... lí .
b lica Soclallsla Soviética
Aulônoma de Yakulsk, é
cura, com má reputaçao.A
população se e~preme em
dernas estão gradualme,nte
c;ubshtumdo êlSareas mais
u ma cidade moderna em ônibus cor de sangue, e,~ anbgdse escuras um ônibus,
que ónibus coníort~veis dis- quanto membros da caSla menos lotado do que o seu
ponibilizados pa ra a popu- p rivilegiada despudorada- equivalente em Londres ou
lação dividem as ruas com mente exrbem o luxo dos Nova York na hora do rush,
po ten les Zyms, o o rgu lho seus Zyms- carroscarose passapor um Zym, um carro
da lndúsl rla au1omobilíslica desconíort~veis, na melhor excelente. reservado para se-
soviética. No das hipóleses . Vergados cretarias de serviçospúblicos
por causa de sua raridade.
esplrlto jub iloso da em u- soba tarefa, como escravos, Com coragem e tenacidade.
lação socialista, operários os miseráveisoperários so- sob condiçõesextremamente
soviéticosfelizes, entre eles viéticos,entre elesesteasiâ~ difíceis, os operários soviéti-
este pitoresco residente ticode aparência sinistra, cos,entre eles este Yakut
dos confins do Artiw , apll• ap licam-se à labuta primitiva afligido por um distúrbio nos
cam·se olhos, aplicam-se a
em tornar Yakulsk um lugar de ap lana r com uma viga de melhorar a aparência de sua
ainda melhor para viver. arrasto. cidade, que com ce rteza p re-
clsa disso.
7.4
1,111'1, ,1pr 11h,1hiltd,1 l1•1,. 11111· oll1l'llll1\p,11,1n, w11, , 111 I''" • 1111, p,11,1 u,
c~pn111d1H1·.~11111du ~ d.i hmll\', I>~·l.ih m,11wl1 ,h, 11NIHIIpml1 1w~~11lt1r
,llntVl'\ d.1~1111 ,1111·11,
1"'' l'º"1h1lt<l.11k111111,1 ,l' .1111d.1m.11,krt 1l 1111.111.ln s1· , 0115 11lcra4uc
o ind1,,1d111 ,m1mo ,k n•1to l'kml'nto 11,11.11 pml1·,1111t·, l/>111<, ,,, 1 ,·meu
101· prl'p,11,u 110~~. , <1!1'11\,lll p,1r.1de. Suponha 11u1·11·11111~ um honwm cm
prlmdro pl.111<1 m1111.1 ~.,l,1e ouvl111mo r,111p.er de 11111 ,1pmt,111111 \\' ,1brc.
Se O pl.1110,e!,\\lllltClllll\tr.,r ,1 porl,1, ,l!,\Cll,I .ibcrl,1, 111\\\,I,llcll\,111JlíllVl
vd111cnt1·,e dc,lo~ar.i p.1r.1css,1 port,1, ,1 fonte <lo ,0111ojf \l.i, "' o ,e
g1111do pl.1110mo~tr,1.1p111 t.1.ilnd.1 kd1,11l,1 , é pro v,\\ll'Ique pond,·1c11101
nosslt inlcrprctaç;w do Mlln.(Talvc, n,\o fosse u111t1 port ,1,.iOnal...} As1lm,
a trilh,1 1unor,1 po<lc l'sd,1rcccr ,1conteumcnto s v1s11,11,, contr,1d11êlm
ou torn,i lo, ,1mbt!(Ull' 1 m todm o, c,1,us, a trilhJ ,onora pod,• l'lltrJr
cm rl'l,1\·,10,111vacom ,1trilha visu,11
Esse exemplo dn pmt,1 que se abn: ,ugac outru vantagem do som. Pie
no, oferece um indirn11vo para que formcmoq cxpcct,1tivas. Se ouvimos
um., pllrt,1 r.rnger, .111teC1pamos que alguém entrou cm uma 1.11.1 e que
verrmoo ., pc~so..1no pl.1110$eguintc. No entanto, se o filme ,e v,1lcde
convenções do gt!nero de horror, u câmera pode permanecer ,ob re o
homem, que olha as1,u1tado. Ficariamos então cm suspense, e,pcran<lo
o surg1mc1110 de algo as-ustador, fora de campo. Filmes de horr or e nm
tério 111u11.11 vezes usam o poder do 10111 provc111cntcde uma fonte 111v1
sível para prender o 1111cr essc do público, mas todo, os tipos de filme
podem tirar vantagem desse aspecto do ~om. Durante a reunião <lo~
cidad:ios cm "l'ubartlo (Jaws), as pcr,onagcn, ouvem um som desJgrJdá
vcl, voltam-se e olhJm para fora de campo; um rnrtc revela Qu111tra,
p,111do,,s unhas em um,1 lousa criando uma dram,\ti ca aprc,cnta~.lo
da pcrson,,gcm , Veremos mui tos outros casos cm tiuc o uso do som pode
criJtiv,1mente enganar ou redirecionar as expectativa\ do espect,1dor.
Além d11so,o som d.l novo valor ao silêncio . Umapassagem \tlcncio
sa em um filme pode crmr uma tcm,io quase im.uport.lvel, forçando o
cspcctndor a conccntrnr se na tela.
Um síl~ncio abrupto pode provocar surpresa e prender noss.1atcnçáo
(7.5, 7.6). Assim como o filme colorido tran,form,1 preto e branco eni
graus de cor, o uso do ,om no cinema mclu1rá todas .,s possibíhdJdc, d<l
silt ncio.
Propriedades perceptua is
Minha prn n eir,1 , havc par a ela foi ,u,1 voz, seu, padrf>esvocais. Come
cc, ,0 111 um p ad rão de fala do sul <la, Ca ., llf.órnla~. bcn, tí prco.
· L' um rllmo
meio ,nnt.ido,
'
você sabe - é designa
• •u
'o cn,110 "Vil) 11 " •
• ey qu., l y l]UC VJaJOU
pelo 1'ª 15 e se torno u um pad rão vocal norte -nmerlcano u 111vtrsal. Er,1
imp,irtante para mim que sua vo, 11\•csse cs,c llpo ,e melodia . E então cu
colocaria po1~tosde interrogação no lim elasentença O tempo todo ª"'rn,
el,i nunca ahrma nada: lsw a torna mu 1tn insegura e muito inc.lefi11 1da.
Também elevei a a.h um porqu,, quería a scnsaç,lo de que ,1 vo, dela n.io
está conectad a co m o corpo - é po r isso que a voz dela é tão alta í, alguém
completamente desco nectado de qualquer tipo de noção íí,ica, de qualquer
pe rcepção d e ser da mesm,1, d e rea lmente se conhece r. Nessesentido,
imagino que as e~colhas voca is süu um lamo mctafoncas,
uma imagem compos ta, e um p edaço de som pode ser processado para
mudar as suas qualidades acústicas. E, assim como o cineasta pode ligar
ou sobrepo r imagens, ele também pode juntar as extrem idades de quais-
quer dois sons ou colocar um so bre o outro. Apesar de geralmente não
termos tant a consciência das manipula ções do som, a trilha sonora exi-
ge tanta escolha e contro le quanto a trilh a visual.
Às vezes, a trilha sonora é concebida antes da trilha imagética. Dese-
1lhos animados feitos em estúdio geralmente gravam música, diálogo e
efeitos sonoros antes de serem filmad as as imagen s, para que as figuras
possam ser sincronizadas com o so m quadro a quadro . Durante muito s
anos, Carl Stalling criou mistura s com um an dament o frenético, juntan-
do melodia s conhecidas, baruUlos esquisitos e vozes distintas para as
aventuras de Pemalonga e Patolino. Também são frequentes filmes ex-
perimentais que constroem imagens em torno de uma trilha sonora
preexisten te. Alguns cineastas até mesmo argumentaram que o cinema
absLrato é uma espécie de "música visual" e tentaram criar uma síntese
dos dois veículos.
Nem todos os so ns que ouvimos em um filme são gerados especifi-
camente para esse projeto. Os editores tendem a construir coleções de
sons que julgam instigantes, mas às vezes eles reutilizam música ou efei-
tos armazenados em bibUotecas so11oras. O mais famoso é o "grito de
Wilbelm", ouvido pela primeira vez em um filme norte-amer icano de
195 1, quando um aligátor arranca o braço de um cau b6i. O grito foi re
cidada em Guerra nas estrelas, lndia11afones e os caçadores da arca
perdida (Raiden of the lost ark), Cães de aluguel (Reservoirdogs), Tra11s-
formers - O filme (Transformers) e mais de cem outros filmes.
Como acontece com outras técn icas cinematográficas, o som or ienta
a atenção dos espectadores. Normalmente, a trilha sonora é esclarecida
e simplificada para que o mater ial importante se destaque. O d iálogo,
como transmissor de informações da história , geralmente é gravado e
reproduzido com vistas ao máximo de clareza. Falas importantes não
devem ter de competir com música ou ruído de fundo. Os efeitos sono- ·Estávamo s volrodos
paraumasensação dedo-
ros são menos importantes. Eles fornecem uma percepção geral de um cumentário. lnvmramos umamaneira paraque
ambiente realista e raramente são percebidos ; se estivessem ausentes, osatores dogropo docírculodissesstmosfalos
porém, o silêncio seria a distração. A música gera lmente também se deumje,toquechamamos 'diálogo
indefinido:
Elesdiziam asfeias,
mosnãodiziam aspalavras
subordina ao diálogo, entrando durante pausas na conversação ou efeitos.
deverdade. Se,océcoloca
Issootrdsdepessoas
O diálogo nem semp re é o mais important e, porém. Os efeitos sono - falando,VO!éptnsa apenas quesãopessoas fo-
ros geralmente são centraís para as sequências de ação, enquanto a mú- londoforadewmpo , masoseuouvido nãoé
sica pode dommar as cenas de dança, as sequências transicionais ou os atraido.Issoliwvosimplesmente /d, como um
momentos carregados de emoção e sem diálogo. E alguns ciJleastas mu- leito,
evocê podetocá-lorelativamente
oitoeele
simplesmente seencaixa
nascenat•
daram O peso convencional mente atribuído a cada tipo de som . Luzes da
cidade (City lights) e Tempos modernos (Modem times), de Charlie Cha-
- HughWadlell
, supervisor
de ADR
, sobre
plin, eliminam O diálogo, dando primazia aos efeitos sonoros e à música. Alémdalinhawrmelha
Os filmes de Jacques Tati e Jean-Marie Straub conservam o diálogo, mas
caveira foi alterado. "Eu mudei a altura para que ela coexistisse com a
música•: explica o designerde som Bcn Burtt.
No limite, sons inteiramente novos podem ser feitos a partir de sons
velhos. Os ruídos emitidos pela menina possuída pelo demônio em O
exorcista (771eexorcist) fundiam gritos, ruídos de animais e inglês pro-
nunciado de trás para frente. Para criar o rugido de um tiranossaurorex
em jurassicPark - O Parquedos Dinossauros(JurassicPark), os enge•
nheiros de som fundiram o rugido de um tigre, o trombetear de um fi.
lhote de elefante em frequência média e o ronco de um aligátor para os
tons mais graves. No cinema, mesmo os rugidos de aviões a jato geral-
mente incluem sons animais - não apenas leõese elefantes,mas também
macacos.
Hoje, o som de um filme normalmente é reprocessado para produzir
exatamente as qualidades desejadas. Uma gravaçãosecado som em um
espaço não reflexivo será manipulada eletronicamente para produzir o
efeito desejado. Por exemplo, a voz de alguém no telefone geralmente é •t melhor ' e,bang,cortar
'fu teamo
dizer, paro
tratada com filtros para fazê-la mais metálica e abafada. (No jargão de a reação?Ouemelho, dizer
, 'Euteoma : lixar-se
Hollywood, isso se chama "fu tzin[ '.) A música de rock and rol/ quase nopessoa quediza falaumimtonteparade·
momtrarsuaemoção eentão cortar
{J(}Ta
oTPOÇÕO
ininterruptaem Loucurasde verão(Americangraffiti)usou duas gravações
daoutra?( umoquestão deescolho.Dequalquer
das músicas. Uma gravação seca foi preparada para momentos em que háumresultado
maneiro, diferente
{J(}raopúbli•
a música devia dominar a cena e linha de ser de alta qualidade. Outra, co.A solidariedade
delesestácomo caraque
mais ambiental, para uso como ruido de fundo, foi derivada de um gra· disse
afalaoucomagarota quedisse a fala?Ou
vador de fita simplesmente executando a canção em um quintal. opúblico
estddizendo,'Não aaed1tanele; elevai
teferrar!
'... Sevocê
encontro, o quadro parao
cortenomomento cerro,o públicoficardtotal-
Mixagem de som - Guiar a atenção do espectador, então, depende de
mente satisfeito.'
selecionar e retrabalhar sons específicos.Também depende da m.ixagem ,
ou combinação destes. É útil pensar na trilha sonora não como um con· - TomRolf
, montador
junto de sons distintos, mas como uma correntede iuformações auditivas
em andamento. Cada evento sonoro assume seu lugar em um padrão
específico. Esse padrão liga acontecimentos no tempo e os planta em
qualquer dado momento.
Podemos perceber facilmentecomo a trilha sonora oferece uma cor-
rente de informaçõe~auditivas considerando um corte de cena segundo
os princípios da continuidade clássica. Quando os cineastas editam con•
versações em campo/contracampo, eles muitas vezes usam uma sobre•
posição de diálogos para suavizar a mudança visual do plano. Em uma
sobreposição de diálogo, o cineasta continua uma linha de diálogo ao
longo do corte. Durante uma conversa em Caçadaao outubro vermelho
(Thehuntfor red october),de John McTiernan,temos os seguintes planos
e diálogo:
1
l{a111 lu~:"Voct -1.onhcu:T11p:ih•v "
OBLOG
ACESSE
Oli ti.i l: "Sei que ~lc clc~andc ..:•
Tivemos o privilégiode acompanha, algum,11
sessõesde mlxagemeaprender comgcn1c que 2. (pluno 111 n"u111ro acima d,, 1,rnhr1, ti,· 11 ;1111111~ d;,n,Ji,
r dlo) C,1111l
fai mlxagcmde som. Acme "Christian Balr dcsl,HJllC:w ofic;lal (7. 12)
plcks upa rali'; Oficial (w nt lnu nndo): "...da ariw,, rarnJ ,. 'l'"' cl,• f,,,~cu ;,luw, llá
www.davldbordwell .net/blog/1p=963; n 11
n 111 ·c~de que· ele tem ..::
"Whal does a walerhorsesoundllkcl', 3. (mclu primei ro plano) ( .011tracarr1po~ol,rc Ha1t11u •, (7. 1}}
www.davldbordwell .neVblog/7p=1718; Oficial (co11tl11uanclo):"...um lugar e~pccial nlJ ",raça,, para w,r
e'The boyln the blackhole~ Ramius: "I [{1 poucu espaço no coraçao de Tupal,·v p<:1ra qualquer um
www.davidbordwell .net/blog/7p=22l2. que não seja Tupalcv''.
rica , é assoc iada ao povoado à bei ra-mar. Nas ce nas finais, depois que
0
jov em retorn ou para Houston , ele se reco rd a da Escócia com afeição e
0
filme to ca os doi s tem as simul tan eam ent e.
Em contra ste, um ún ico tem a music al po de mudar a sua qual idade
quando associad o a dife rent es situações. Em Arizona nunca mais (Raising
Ari zo na ), o pobr e her ó i tem um so nh o ate r ror izante , no qual vê um
motocicli sta hom icida em seu encalço, e a m úsica que aco mpanha a cena
é adequadament e am eaçadora . No fim d o filme, porém, o herói tem um
sonho em qu e cria dúzia s de crian ças , e a m esma melodia, reorquestrada
•( bemparecidocomescreverumoópera .Háuma
porção deformaeestrutura. remos pleno cons- e executada em um andament o calm o, com umca uma sensação de paz e
ciénciadequeOSenhor dosAné is (lcrdoi the conforto .
Rings) éumahistóriaquefoidecompos taemt!fs Ao reordenar e variar moti vos mu sicais, o cineasta pode sutilmeme
portes. Minhapartituraé umapeçawmp/eto, comparar cenas , traçar padrões de desenvolvimento e suger ir significados
que,musico/e tematicamente, foiestruturada implícitos . Um exemplo convenien te é a mú sica de Gcorge s Dclerue para
comcuidado, paraquetodas aspanes serelacio-
Uma mulher para dois (Jules et Jirn), de Fran çois Truffaut. No geral, a
nem."
música do filme reflete a Paris de 1912- 1913, os anos em que tem lugar a
dos ação; muitas das melodia s lembram obra s de Claude DebuSS)' e Erik
OSenhor
- HowardShore, compositor,
Anéis Satie, dois dos compositore s fran ceses mai s pr oeminentes da época.
Praticamente toda a partitura é composta de melodi as em compasso ¾,
muitas de las em tempo de valsa, e todos os tema s pr incipa is estão em
tons rdadunado s a lá maior . Essas decisões rítn : icas e harmônicas ajudam
a uni ficar o filme.
Mais especificamente , os tema s musicais estão associado s a aspectos
específicos da narrativa. Por exemplo , a busca con stant e de Catherine
por felicidade e liberdade fora dos limites convencionai s é comunicada
quando ela canta a canção "Tourbillon' ', a qual diz que a vida é uma
constante troca de parceiros românticos. Cenár ios também são evocados
em termos musicais. Ouve -se uma melodia toda vez que as personagens
estão em um café. À medida que passam os anos, a melodia muda , de
uma versão tocada por uma pianola para uma versão mais jazz, tocada
por um pianista negro.
As relações das personagens tornam-se mais tensas e complicadas ao
longo do tempo, e a partitura reflete isso no seu desenvolvimento dos
motivos principais. Uma melodia lírica é ouvida pela primeira vezquan-
do Jules, Jim e Catherine visitam o campo e vão de bicicleta para a praia
(7. 16) . Essa melodia "idílica' ' ressurge em muitos momentos, quando as
per sonagens se unem novam ente, mas, à medida que passam os anos, 0
andamento torna -se mais lento e a instrumentação mais sombria, pas-
sando do modo maior para o menor. Outro motivo que ressurge com
diferentes roupagens é um tema de "amor perigoso", associado a Jim e
Cather ine. A valsa grave e cintilant e é ouvida pela primeira vez quando
ele ,,isila seu apartamento e a vê despejar uma garrafa de vitríolo na pia
(7. 17). (O ácido, diz ela, é "para olhos que mentem".) A partir daí, esse
tema harmonicamente instável , que lembra uma das "Gyrnnopédies" para
t
7.16-E mUmamulher poro
dois,umidílico
passeio
de bicicleta
no<ampo 7.17-(atherme jogaforao v11r1
olo,quedizser·paraolhosment,rosos'.
introduz oprincipaltemamusical
associa
doàsrelações
dastrêspersonagens
.
piano de Satie, é usado para sub linha r o caso de amor vertiginoso de J1m
e Catherine. Às vezes, ele aco mpanha cenas de pa ixão, mas, outras vezes,
acompanha a sua crescen te desilusão e desespero.
O tema mais variado é uma frase misteriosa ouvida primeiramente
na flauta, quando Jules e Jim encontram uma notável estátua antiga (7. 18). 'Então,d,doessepotencio/domús,coporoalte-
Posteriormente , e:es conh ecem Catherin e e descobrem que ela tem o raro humor,elosetornoumagrande fonlede
rosto da estátua; uma repetição do motivo musical confir ma a compa - diversão- assimcomoumachance defazer
ração. Ao longo de todo o filme, o breve motivo é desenvolvido de ma- umacencquefunciono bemfuncionar muita
melhor -, reveloa lnlençõo deumacenaque
neira desconcertant e. A linha de baixo (tocada em cravo ou cord as), que
vocenãoroplurou nofilmagem, entusiasma a
acompanhava suavemente a canção nas madei ras, gan ha destaque, crian- públlco,
enaoimpressdo dequealgaestáocon·
do uma pulsação ininterrupta , muit as vezes rude. Essa valsa de "ameaça" tece
ndoq,ando naoesta,aiapequenas pedras
sublinha o flerte de Catherine com Alber t e aco mpanha sua vingan ça detoqueemocionais, dasquaisvocêpodese
final contra Jim: dirigir o carro, tendo ele como passageiro, para dentro valerà mtdldo
queahistóriasemodifica . Aque-
do rio. lamúsica,queparecia tãoInocente e doceno
inicio,
po1etrazertodo umnovocon1un10 de
Uma vez selecionados os motivos musicais, eles podem ser combina-
sentimenlosemnovos circunstãnclas
.'
dos para evocar associações. Durante a primeira conver sa íntima de Jim
e Catherine após a guerra, a versão da valsa enigmática, dominada pela - JonatBanOemme,diretor
linha de baixo, é seguida pelo tema de amor, como se este pudesse afogar
o lado ameaçador do cará ter de Catherine. O tema de amor acompanha
as longas tomadas de dolly com Jim e Catherine passeando nas florestas.
No fim da cena, porém, quando )im dá adeus a Catherine , a versão ori -
ginal de seu tem a, tocada nas madeiras, relembra o seu mistério e o
risco que ele co rre apaixonando-se por ela. Similarmente , quando )im e
7,18 -A c.\mera
descreve
lentamente umarcoemtornodaestátua
, en- 7.19- Atristezadofinalé mltlgad,pelavivacidade
davalsadoturbilhão.
quantoumnovomotivomusicalé introduzido,
pos . Enqua nto planos d os ,aixôcs se <Ii, so lvcm l'fll plJ111 , ,fc1,1lhadc" d,,
processo de cre mação, o mo tivo cnigmát 1, 0 w lr,111,ft,r111a11,1\lia varian
te sinistro, o motivo ameaçado r. Con tudo , quando /111,1 ,1t1K,1 o ,~m ,tér1<,
e O na rra do r co menta qu e Ca 1hcri 11c qu eria <)ll t' ,11,,~ lllllih fc"\em atJ,
rada s ao vcnlo, os instrum e ntos de corda dcsl11Jm p;ira 11m,1ver~.ioar
reb atadorn da valsa d o tur b ilh ão (7 . 19). A mús1c,1 do hlme, 35\lm, i
co ndu[da pela lembran ça d os três lado, de Catherine que atraiam,,,
ho me ns: seu mis té rio, s ua ameaç a e sua vivaz abertura para~ experién
eia . De tais mane iras, u ma co mposição musica l pod1ecnJr, dc\envnlver
e associa r mot ivos que en tra m na fo rm a ge ral do filme .
O ri tm o
tão d_a cavalaria Nathan Briu les vê seus soldados saírem do forte logo
depois de ele se aposentar. Ele lamenta abandonar O serviço e deseja ir
com ~1 p~trulha . O som da cena é composto de dois elementos: a alegre
cançao-tltulo, cantada pelos cavaleiros que estão partindo, e 05 ruídos
acelerados dos cascos dos cavalos. No entanto, apenas alguns dos planos
mostram os cavalos e cantore s, que cavalgam cm um ritmo que corres
ponde ao som. Em vez di sso, a cena concentra nossa atenção em Brittles,
de pé, quase imóvel, ao lado de seu cavalo. O contraste do ritmo musical
vigoroso e das imagens está ticas do solitário Brittles funciona expressi -
vamente par a enfatizar seu pesar por ter de ficar para trás pela primeira
vez em muitos anos.
Às vezes, a música de acompa nhamen to pode até parecer ritmicamen-
te inadequada às imagens. Em Quatro noites de um sonhador (Quatre
nuitsd'un rêveur),Robert Bresson apresenta de tempos em tempos planos
de um grande nightc/ub flutuante em cru zeiro pelo Sena. O movimento
da embarcação é lento e suave e, no entanto, a trilha sono ra é a animada
música de calipso . (É apenas em uma cena posterior que descobrimos
que a música vem de uma banda a bordo do barco.) A estra nh a combi-
nação de um andamento sonoro rápido com a lenta passagem do barco
cria um efeito de langor e mistério.
Jacques Tati faz algo similar em Play tim e, Tempo de diversão (Play
time). Em uma cena do lado de fora de um hotel parisiense, turistas
embarcam em um ônibus para visitar um nightc/ub. Enquanto a fila len-
tamente sobe os degraus, começa uma ruido sa melodia de jazz. A música
nos espanta porque parece inadequada às imagens. Na verdade, ela acom-
panha primariamente a ação da cena seguinte , na qual alguns carpintei -
ros carregam desajeitadamente uma grande vidraça e parecem estar
dançando no ritmo da música. Ao começar a música rápida em tuna cena
anterior de ritmo visual mais lento , Tati cr ia um efeito cômico e prepara
a transição para um novo local.
Em La jetée, de Chris Marker, o contraste entre ritmo visual e ritmo
sonoro domina o filme inteiro. La jetée é composto quase que inteira-
mente de planos imóveis; exceto por um minúsculo gesto, todo o mo-
vimento das imagens é eliminado. No entanto, o filme utili za narraç ão.
música e efeitos sonoros de rítmo geralmente rápido e consta ntemente
acentuado. Apesar da ausência de movimento, o filme não parece pouco
cinematográfico, em parte porque oferece uma interação dinâmica de
ritmos audiovisuais.
Estes exemplos sugerem algumas das maneiras pelas quais os ritmo s
podem ser combinados. Contudo, naturalmente, a maioria dos filmes
varia os seus ritmos. Uma mudança de ritmo pode funcionar para des-
locar nossas expectativas. Na famosa bata lha sobre o gelo em Alexander
Nevsky (Aleksandr Nevsky), Sergei Eisenstein desenvolve o som a ~ar~
de andamentos lentos, depois rápidos e novamente lentos. Os 12 pnme 1-
Fidelidade
UM OLHAR DE PERTO
O corte com ponto de vista óptico pode ser muito apresentada três vezes no enredo, cada vez com
0
poderoso, como vimos ao examinar Janela mdis- acréscimo de uma camada ao no,sc entendimento
creta (Rcar window) (pp. 378-9). Agorn estamos em do que está realmente acontecendo. Valeria a pena
posição de ver - e ouvir - como ele pode ser estudar os cuidadosos toqu es aud1t1vos ne,sas três
coordenado com o som dentro e fora de campo. sequências, como a repetição do ~om ambiente da
Jackie Brown, de Quentin Tarantin o, oferece um loja e a delicada sonoplast ia para reprodu11r passos,
exemplo esclarecedor porque, de certo modo, ruídos com tecidos e outros. Aqui \'amo~ nos con-
no espírito de nossa sequência de Carta da Sibéria centrar na subjetividade óptica e no som off por-
(pp. 410-2), exibe a mesma sequência de ações três que essas técnicas são cruciais para tornar a tripla
vezes, com trilhas sonoras variadas. Ao contrário reprodução clara para o público . Elas lambem ser-
do filme de Chris Marker, porém, JackicBrownmos- vem para con trastar os intermediários briguentos
tra a cena como foi experimentada por diferentes e ineptos de que Ordell se vale com os cheios de si
personagens. Jackie e Ma.x.
Jack1e tem de entregar mais de meio milhão de A pr imeira versão da sequência limita nos ao
dólares em dinheiro ao perigoso negociante de ar- alcance do conhecimento de Jackie. Ela experimenta
mas Ordell. Este enviou a namorada, Melanie, e seu um terno e a vendedora diz: uUau, você ficou ótima!"
sócio, Louis, para recolher o dinh eiro em um pro - (7 .24). Jackie volta aos provadores e espera por
vador de uma loja de roupas. Jackie, no entanto, Melanie. Ouvimos Melanie chegando, fora de cam-
está faundo o seu próprio jogo. Ela concordou em po, e Tarantino nos mostra os sapatos dela do ponto
ajudar os agentes federais a prende r Ordcll, mas de vista de Jackie. Depoi s que Melanie vai embora,
também recrutou o agente de fianças Max Cherry Jackie guar da o dinheiro novamente em uma bolsa
para ajudá-la a trocar as sacolas de compras e dei- de compra s que deixa no cubículo antes de sair
xar Ordell de mãos vazias. Esta ação da história é
correndo. Apressadamente, ela paga a vendedora,
7.24-A pi1mtiran1úo
daSl!qu•lt(~AvendtdMdtz
a a Jacklt.·oau,,,d
ÍKDUÓllm11• 7.2S Otpoisddt1n1t odtnheuonoprovadoJac
r, kieva,N11bor1(0llff>do.
fingindo
tstaraflita. Avendedora
chama:' Esperei
Oseu ITocol
'.
7.28 -A ramerafazpanorámica
horizontal
para destacar Jackiee a ven- 7.29 - Brigando ie e ela
diantedoscabides,Louis agarraobraçode Melan
dedora,
enquanto Jacluedizquevaicomprara roupa.Aperspectiva sonora reage:"Ei.mesolta!".
aumentaovolume dodiálogoe o tornamaisclaro,enfatizandoquesetrata
deumarepetiçãodacenaqueacabamos detestemunhar . Compare
com7.22.
que chama por ela: "Espe re! O se u troco !': agitando estamos entrando na cena em um ponto que já
as notas (7.25). /ackie sai da loja no shopping center testem un hamos . Louis e Melanie tentam passar
e chama os agentes federais, gri tando que Mclan ie despercebidos, e Melanie se distrai com o traje no -
roubou sua bolsa. tável de Jackie. Quando Melanic provoca Louis por
Tarantino faz um jlashback de uma fase ante rior seu nervos ismo, este torce o braço dela, que explo-
da ação, com Louis e Melanie chegando à loja. En- de: "Ei, me solta!" (7.29).
quanto a câmera os segue (7.26, 7.27), ouvimos a Tarantino agora usa o so m o.ffpara testar o in -
vendedora dizendo, fora de campo: "Uau, você ficou telecto po bre de Louis. Lou is olha para baixo, para
ótima!". A câmera faz pano râmica horizo ntal de as cam isas que está remexendo (7.30), e ouvimos
um toque de telefone fora de campo. Louis não
Jackiee da vendedora (7.2 8). O som ojf mo tivou a
ergue o olhar, mas agora temos um plano da ven -
exibição desse diálogo novamente, e o volume pou -
dedora respondendo (7.31). O que chama a atenção
co natura l do som garante o en tendi m ento de que
UM OLHAR DE PERTO
de Louis é Mdan ic, tJu~· c111ro 11bn1p1t1mc111cno~ jc e a vendedora d iz: "Uau, você ficou ótima!~Agora,
r ruv,1dorcs. Olhando dcsconíortavclrncnw para os porém, a interação é observada do ponto de vista
lodos, Louis v~ Mnx, que ele reconh ece vagomcnle; de Max (7.32, 7.33). A trilha sonora faz gradual.
os dois homens trocam olhares cm campo/conlra• mente dim inuir o volume do diálogo entre a vende-
campo. Enti\o, Mclanic sai oprcssadamenle dos pro- dora e Jackie e aumenta o da briga entre Melanie e
vadores e Louis se junta a ela. Eles saem brigando Louis. Max volta sua atenção para eles e então no.
para decidir quem fica com a sacola. vamente para /ackie e a vendedora. Aqui, a mLxag em
A cena é repelida uma terceira vez, agora deter- do som é bem subjetiva , comuni cando o dc~loca.
minada pelo alcance do conhecimento de Max. A mento da atenção de Max entr e as duas cunversas.
segunda versão sugeria sua presença na loja, quan - Enquanto Max assiste à ação no balcão,ouvimos
do o plano de dolly acompanhando Melanie e Louis Louis e Melanie brigando, e isto motiva outro des.
passa por ele em primeiro plano (7 .26). Vemos ele locamento na atenção de Max, a tempo de eleouvi-
entrare observar,esperandocalmamenteo começo la exclamar;" Ei, me larga!"(7.34, 7.35). O toquedo
do engodo. Mais uma vez Jackie saiu usando o tra- telefone impele o olhar dele para a vendedora (7.36,
7.30 - Louisexam
inaascamisas
. Nofimdacena,umlelefone
soaforade 7.31 - Avende ; í algo
doraatende,mas nãoé o pontodevistadeloms
c.ampo. próximodoquepoderíamosverseeletivesse
ergu
idooolhar.
735 -0 desl0<amento
deatençãoé comunica
doporumplanodepontodev11ta.
Compar
e
u,r,7:19
7.36- Ma,esteveestudando
ocasal,maso somde umtelefoneforadecampoo fazvoltar
seuolhar.
UM OLHARDE PERTO
7.37), mas ele também mantém Melanie em mente. interação convin centemente. A~vai 1a,n,•, entre a
Um pouco antes de Louis perceber. Max observa segunda e a terceira sequencias pcrmt11·111
a T,1ran
Melanie a camin ho de sua missão. Louis examina tino caracterizar os bandidos. Max cst,1111aís
illcrta
desajeitadamente a loja, mas Max esta calmo e con- do que Louis e Melanie, e os sons for,1de campo 0
centrado. Cada som off chama sua atenção para o impelem a deslocar sua atenção preC1samcntc. Além
que é crucial no plano. Depois que Melanie e Louis disso, cada versão dos acontecimento, da história
saem. é pelos olhos de Max que vemos a partida de está cuidadosamente aninhada na scgu111lc: )ackle
Jackie, com a vendedora gritando: "Espere! O seu e a vendedora. depois Jackie e a vendedora obser-
troco !" (7.38). Max faz uma pausa, depois vai na vadas por Melanie e Louis, depois todos us outros
direção do provador para recuperar a sacola e a observados por Max, que completa a troca do di-
fortu na. nheiro. Som e imagem trabalham juntos para expor
Ao reapresentar ações, ruídos e linhas de diálo- cada camada e expandir nossa apreciação cioinlri•
go centrais, as repetições expõem a mecânicada cado golpe de Jackie.
7,41- Notempo
dosdillgtnclos. 7.42 - fiotempo
dosdilrglnclas
. 7.43 - Nottmpodosdllrgtnclos.
O tempo
TABELA7.2 - RELAÇÕES
TEMPORAISDO SOM NO CINEMA
'-------- Espaçoda fonte
"Êpossível, porém , que o som que ouvimos ocorra na histó ria antes
ou depois dos acontecimento s que vemos na imagem. Nessa manipulação
da ordem da história, o so m torna -se não simult l neo. O exemplo mais
de Peder ico Fellini, tem lugar em uma cidad e famosa por seu spa e suas
fontes naturais, e várias cenas mostram uma orquestra entret endo os
hó spedes ao ar ltvre. No meio do filme, uma cena termma com uma ja
nel:, qu e se fecha sobre um banho a vapor. Perto do fim da ~ena, ouvimos
uma versão orque;tral da canção "Blue moon" Há um corte para uma
orque;tra que toca a melodia no centro de uma arca de compras da ci-
dade. Mesmo ante; de a nova cena ter estabelecido o local exato da ação,
podemo s esperar razoavelmente que a ponte musical esteia nos levando
de volta à vida publi ca do spn.
Em princípi o, também poderíam os ter um flaslt-forwardsonoro. o
cineasta poderia , digamos, usar os sons que pertencem à cena s para
acompanhar as imagens na cena 2. Na pratica, tal técnica I! quase desco-
nhecida. Em O desprezo(Lc mépris), marido e mulher brigam, e a cena
termina com ela nadando para o mar aberto enquanto ele fica sentado
em silêncio sobre uma formação rochosa. Xa tnlha sonora, ouvimos a
voz dela, captada de perto, recitando uma carta em que diz que voltou
para Roma com outro homem . Com o o mar ido ain da não recebeu a
carta e como talvez a esposa ainda não a tenha escrito, a carta e sua re-
citação presumi velmente provêm de um moment o posterior da história.
Aqui, o jlnsfi-forward sonoro const rói fortes expectativas que uma cena
po sterior confirma : Vemos a esposa e o rival do marido parando na e,-
trada para abastecer. Na verdade, nun ca vemo, uma cena em que o
marido recebe a carta.
O som não dJegético - A maior part e do som não diegético não 1cm
nenhuma relação temporal relevante para a história . Quando ocorre
música no clima de uma cena tensa , seria irr elevante perguntar se ela
está ocorrendo ao mesmo tempo que as imag ens, já que a música não
tem nenhuma existência no mundo da ação. Ocasionalmente, porém, o
cineasta usa um tipo de som não diegético que tem uma relação tempo·
raJdefinida com a história . A narração de Welles em Soberba,por exem·
pio, fala da ação como tendo acontecido em uma era da história norte·
americana há muito desaparecida.
Quando assistimos a um filme, não classificamos mentalmente cada
som em uma dessas categorias espaciais e temporais. Nossas categorias,
porém, nos ajudam a entender nossa experiência como espectadores. Elas
nos oferecem maneiras de perceber aspectos importantes dos filmes -
especia lm ente filmes que jogam com nossas expectativas a respeito dos
sons. Ao tomarmo s consciência do amplo leque de possibilidades , é me·
nos provável que consideremos com indiferença a trilha rnnora de um
filme e mais provável ainda que percebamos manipulaçõe s sonoras 111 ·
comuns.
· ' · de p rov1de1
N O 1111c10 · ce,1 de Alain Resnajs, vemos um hornem velho,
ferido. De repente, estamos em um tribunal, onde um promotor eStª
7.S2-O promotor
emP1ovidtnce
interrogaum 7.S3- ...e vemoso acusadoconfrontandoo 7.S4- Opromotor
é vistonovamente
...
homem dehomiddio...
acusado velhoquefoimorto.
out rll porte do teatro, recebe o aplauso da mullldão - apenas para ser
~.,crificado ~oh O palco na noite seguinte .
0 conllito crescente de Robert e Alfred revela aspecto~ lOntrastantes
d., pcrsonalid.1<lede cada hom~m. Rob~rt ~ um s/1owma11hah1hdoso,cujo
objetivo 111111~ clev.adoé mar,1vilharo publico. A lfrc<l, meno~ preocupado
l0lll cfeito5 ornament,1is, constrói a ilusão original do Hornem Trans_
portado u~ando <luasportas simples e uma bola de brinqutdo vermelha.
Ele ncrcditn que um mógico tem o dever de elaborar o~ truques mais
desconcertantes possíveis, que sejam um enigm a não apenas para O pú-
blico, mas para outros profissionais. Para consegmr isso, o mágico deve
estar preparado para ~viver o seu número ", para rcnunc ,r a uma Vida
pessoal plena, se isso o ajudar a purificar sua arte. Então, quando um
irmão Borden perde dois dedos no truque da bala, o outro tem de cortar
os seus para que eles possam continuar com a fana.
Gradualm ente, as personalidades de Robert e Alfred se aproximam,
e nossas simpatias mudam de lado. No início, o amor de Robert pela
mágica é contrabalan çado pelo seu amor por Júlia. A morte dela aumen-
ta nossa percepção de que Alfred é traiçoeiro e Robert, uma vitima_i,_
0
entanto, quando Robert dá início ao esforço concentrado para destruir
o rival, ele parece possuído . Tesla e o ingénieur<leRobert, Cutter, avisam
que ele está se tornando obsessivo. No outro polo, um dos gêmeos Bor-
den se apaixona por Sarah, uma jovem governanta . Ele se arrisca a reve-
lar o segredo para ter algo semelhante a uma vida normal, ao lado dela
e de sua filha Jess. O outro gêmeo, mais céptico, tem um caso com OIMa,
que se torna sua assistente. O preço de encontrar uma mulher para amar
é que às vezes um gêmeo deve assumir o lugar do outro. Essassubstitui•
ções criam desconti nuidades emocionais que cada mulher detecta. O,
dois Alfreds, pela arte da mágica, sacrificam não apenas a si mesmos,mas
também a suas amadas.
Os sons da mágica
7.S9 - Umadasréplicas
de Robert
e vistasubmersa
noúltimoplano.
Do is diários
Alfred fica tão desconcertado quanto nós. Como Robert podia saber
que morreria e que Alfred seria acusado de sua morte?
Em retrospecto, descobrimos que Robert (o clone que sobreviveu
naquela noite no teatro, mas que não se revelou) preparou o registro
final, e talvez o diário inteiro, após a prisão de Alfred, como uma manei-
ra de atormentá-lo. O poder dessas surpresas deriva de uma sutil mu-
dança na convenção da voz fora de campo. Além de simplesmentenos
fornecer informações, as vozes movidas pelos diários nos enganaram.
Insinuando segredos
A abertura
Mas você ainda não vai aplaudir. Isso porque fazer uma coisa desapa-
recer não é suficiente. Você precisa trazê-la de volta. É por isso que todo
truque de 1rnígica tem um terceiro ato - a parte mais difícil. A parte que
nos chamamos Prestigio.
RESUMO
Como de costume, ver extensamente e examinar s. Quando o som ocorre? Simultaneamente à ação
da história~ Antes? Depois;
inten sivamente aguçará sua capacidade de per ceber
6. Como os vários tipos de som ~eorganizam em
0 funcionamento do som no cinema. Você se sen•
tirá confortável com as ferrament as analíticas que uma sequência ou no filmeinteiro~ Que padrões
sugerim os fazendo várias pergunt as a respeito do se formam e como eles reforcam aspectos da
som de um filme: forma geral do filme?
7. Nas perguntas 1·6, que oújem·ossão cumpridos
1. Que sons estão pre sentes - músíca , fala, baru · e que efeitos são obtidos pelas manipulações
lho? Como são usados o volume, a altura e o sonoras?
timbre? A mistura é esparsa ou densa? É mo -
dulada ou muda abruptamente? A prática de responder a tais perguntas trara
2. O som está rítmicamente relacionado com a familiaridade com os usos básicos do som no ci-
imagem? Se estiver, como? nema.
3. O som é fiel ou infiel à sua fonte? Como sempre, não é suficiente dar nome e clas-
4. De onde vem o som? Do espaço da história ou sificar. Essas categorias e esses termos são maisúteis
de fora dele? De dentro do campo da imagem quando damos o passo seguinte e examinamos
ou de fora dele? Se de fora, como ele molda a como os tipos de som que identificamos funcionam
sua reação ao que está vendo? no filme total.
DAQUI PARAFRENTE
1rn1d11t' pum . No filmo' ; onoru ruim, ulirmou René Janet Slaiger e Kristin Thompson, The .
. . e1ass1ca/
C l.111, "u il1H\f.\t'mSt' rcdtn cx11tnrm•11t~ HO pnpcl ele Holly wood c111 d mode 0 r
ema: F1lmstyle a11
, ( ~ Prod~c-
ll11stro,·ito tk 11111dbw fonogr:\fico, e o único ob• t,011to 1960 Nova York, Columbia Univers·ty1
p
ress
jl'tivo t1 u t•~t·, 11,~o. ti\o prl'd sn quunto possível, da 1985); James Lastra, Sound technologyin Ih •
. . . eAm~
p1\'11qut• serve de hnse ,\ reprodução 'clncmatognl - rtcnn c111enw: Percept1on, representa/10
11 mod .
. . . , ern,1
y
lk. 1: Em t r~s CHIq 11a t ro cc 11t\r lo; oco rr em cenas (Nova Yor~, Colum~aa U~1vcrs1tyPress, 2000);e
lnlt•rml111\wlsde dhllogo, que silo mcrnmcntc abor • Char les O Brien, C111emas conversio11to s d
ou,, '
rccltlas se voe~ 111\0 cnh:mlc ingl~;. e Insupor táveis Technology and fi lm sty le in France and the U.s:
se voce entende'' (Cimmu,ycstcrr/nycmd today INova (Blooming ton , Ind iana University Press, 200s).
York, Dovct·, 1972), p. tJ7). Rudolf Arnhcim afirmou Douglas Gomery, TI,e comingof sounc/(NovaYork,
que "n int roduçílo do filme sonoro esmagou muitas Routledge, 2005), fornece uma história da indústria
das formns que os nrtistas do cinema estavam usan· nos EUA.
do. cm fovor da proc urn não arlistica pelo máximo A discussão de David /ulyan sobre a música de
dt' 'na turalidade' (no sentido mais superficial da O grande truque pode ser encontrada em www.
pnlavra)" (Pi/11111 s ar/ [Berkeley, University of Ca- aintitcool.com / node/ 31031.
liforni a Press, 19571, p. 154).
l loje julgamos tolas tais crenças, mas devemos A música no cinema
lembrar que muitos dos prim eiros filmes sonoro s
valera m-se do diálogo simplesmente por causa da De todos os tipos de som no cinema, a músicafoi
novidad e; Clnir e Arnh eim acolheram os efeitos o mais extensamente discutido. A literatura é vo-
sonoros e a música, mas fizeram advert ências con - lumosa e, com o recente aumento do interesse por
t rn a tagarelice. De qualquer maneira, a reação ine- compositores cinema tográficos, muito mais gra•
vitável foi conduzida por Andr é Bazin, que argu- vações de música para o cinema foram disponi-
mentou ser possível maior realismo no cinema bilizadas.
sonoro. Veja o seu O cinema, ensaios (São Paulo, Uma introduç ão básica à música, útil parao
Brasiliense, 1991). Mesmo Bazin, porém, pareceu estudo do ci11ema, é WiUiam S. Newman, Unders-
acreditar que o som era secundár io à imagem no tanding music (Nova York, Harper, 1961). Um guia
cinema. Essa visão é proposta também por Siegfried de produ ção atualizado e detalhado é Fred Karlin
Kracauer em 11,eory of film (Nova York, Oxford e Rayburn Wright, On the track: A g11ide to co11t
em-
Univcrsity Press, 1965): "Os filmes sonoros elevam- p orary filrn scoring, 21 ed. (Nova York, Schirmer ,
se à altura do meio apenas se o visual tem prima - 1990). Listening to movies (Nova York, Routledge,
zia" ( p. 103). 2004), de Karlin, oferece uma viva discussãoda
Hoje, muito s cineastas e frequentadores de ci- tradi ção hoUywoodiana. ,
nema concordariam com a observação de Francis A história da comp osição musical no cinemae
Ford Coppola , de que o som é "meio filme... pelo tratada de maneiras vívidas e pouco ortodoxasem
menos". Um dos grande s avanços dos anos 1970 e Russell Lack, Twenty -fo ur Jrames imder: A Buried
1980 foi uma atenção maior e mais detal hada para sic (Londres, Quartel, 1997).Para
/ristory ofj ilm 11111
com a trilha sonorn. história s centr adas em Hollywood, veja RoyM.
Sobre a transição do filme mudo para o filme Prendergast, Film 11111 s-ic:A neglected ar/ (NovaYork./
sonoro no cinema norte-americano, veja l larry M . Norton , 1977), e Gar y Marmorstem, · Holl)1"'ºº'
Geduld , Tire birth of the talkles: From Edison to rhapsody: Movie music and lts 11111k ers 1900-1975
Jolson (Bloomington , Indiana Univcrsity Press, bertura uJlJ
(Nova York, Schirmer, 1997) . Uma co A
1975); Alcxandcr Walkcr, 7/re shattered si/enfs (Nova M vyoCooke,
tanto mais amp la é oferecida cm er Uni·
York, Morrow, 1979); Capítulo 23de David Bordwell, hisfory offilrn music (Cambn ge, 'd Cambridg e
, er~1tr Prc" · WOR). \' c1,1 t,1111b cm Man 111Miller ,md popular 11n1s1r(D urham, NC, Duke Univers1ty
d tire.sdc11t}1/111
t.fark s, ,lfrmf ,111 : Co11tn/s mui CllSI' Prcss, 200 1).
studies 1~9S 192-1 (Nova Yor k, Oxford Univc r5ity
Pre.s, 199-) e RKk Altman, S,/cnt_/i/111so1111d (Nova Dublage m e legenda s
York. Columh1a Uni ,·ersit ) Prcss. 2005). Composi-
tores de cinema co ntemp or:111 cos são en tr evistados Inicia ntes no estud o do cinema podem expressar
cm Michael Schclle, 771t' scorc(l .os Angcb , Silman- çurp resa (ou irritação) d,anle <lo fato de que os
James. 1999), David Morgan, K11ow1111/1r g scorc hlmes em lingu,1 eçlrange1r,1 geralmente ,ão exi-
(:-.:ovaYor k, Harpe rCollim, 2000), e ~lark Russell bidos com legendas tradu11ndo os diálogos . Por
e James Young, Fi/m mus1r (ll ove, Inglatc 1ra; Rota, que, pergun tam algun, espe,tadores, não usar ver-
2000). sôes du bladas <los filme, islo é, versões cm que
O prin cipal estud o sobr e a teor ia da mú sica ci- o diálogo e regravado na língua do publico? Em
nematografi ca é Claud1a Go rbm an , U11 /1e11rd me/o- muitos pai ses a dublagem é muito comum . ( :\
,1,es: Xt1rrat1wJilm 111u s1c (Bloomingt on, Indiana Alema nh a e a Itália têm a tradição de dublar qua-
University Prcss , 1987). Urna meditação ahamente se todo s o~ filmcs imp ortados.) Por que, en1.io, a
informada e ampla sobre o tema é Royal S. Brown, ma ioria da~ pessoas que estudam filmes prefere
O,·erto11es and u11derto11 es: Reading fi lm musi c legend as?
(Berkeley, UniversiryofCalifornia Press, 1994). Cel- Há vári a~ razões. Vozes dubladas geralmente
luloidjukebox: Popular music and the movies since têm um som insípido de es túdi o. A elim111a~ào das
the 50s, de Jonathan Romney e Adrian Wootton vozes dos atore s originai s apaga um importante
(Londres, British Filin Institute, 1995), é uma componente do seu desempe nho. (Os partidanos
agradável coletânea de ensaios. Veja também Chuck da dublagem de viam assistir a versões dublada, de
Jones, "Music and the anima ted cartoon •: Hollywood filmes de língua inglesa para ver corno um de\e mpe -
Quarterly 1, 4 (jul. 1946), pp. 364 -70. Uma amostra- nho de Katharinc Hepburn , Or son Welles ou John
gem das impressionantes trilhas sonoras de dese- Wayne pode sofrer com uma voz que nã o ~e ajus-
nhos de Carl Stalling (p. 417) está disponível em la ao corpo-} Com a dublagem , todos os problemas
dois CDs (Warner Bros. 9-2602 7-2 e 9-45430-2). usuais da tradução são muluplicados pela neces -
Apesar do volu me de ma1erial sobre mú sica no sidade de s incronizar palavras especificas com
cinema, houve razoavelmente poucas análises das movimentos de lábios específicos . Mais importan-
funções da música em filmes e specíficos. O mais te, com a legendagem , os espectadores ainda têm
famoso (ou notório) é "Form and content: Practice~ acesso à trilha sonora origmal . Ao eliminar a trilha
de Sergei Eisenstein, em 7/JeJilm sense (Nova York, da voz, a dublagem simplesmente destrói parte do
Harcourl , Brace, 1942), pp. 157-216, que exam ina filme.
as relações de som e imagem cm uma sequência Para um levantamento da prática da legendagem,
de Alexa11duNevsky. Para análises sensíveis de mú - veja Jan h•arsson e Mary Carrol!, Subtit/111g(Sim-
sica para cinema, veja Grah am Bruce, llernard rishamn, Swedcn, TransEdit, 1998).
Herrma111 : 1Film music 1111d 11nrrative(A n 11 Arbor,
Univerbity of Michigan, 1985); Kathryn Kalinak, Webs ites
Settling the score:M11sic111111 tlie e/assim/ l Jollywood
film (Mad,son, University ofWisconsin Pre~s. 1992); www.filmsound.org - O mais abrangente e deta -
JelfSmith,7/Jcsound,of commerçe:
Mnrketi11gpo- lhadositesobresomno cinema,com muitasentre-
pular fi/111music (Nova York, Columbia University vistas e links para outros sites.
Press, 1998}; e Pamela Robcrtson WoJcik e Arthur www.mixonlinc.com - Site da Mi:cMagaúne, de-
Knight(org;.), Soundtrack 111,ai/nbleEssnys
: 011 fi/111 dicado a todos os aspectos da produção de som
para filme e vídeo . Oferece muitos artigo s e con- gem não podem ser usados e devem ser substituí-
teúdo original gratuitos . dos na ADR. Especialistas em efeitos sonoros de-
widescreenmuseum.com /sound/sound0 l .htm - mon stram as sutil ezas na recr iação dos barulhos
Um exame da história dos sistemas de som, ilus- de dispa ros de vários tipos de armas.
trado co111documentos originais. A seção "Sound design" de "Music and sound"
www.filmmusic.com - Noticias de la11çamentos nos suplem entos de Toy Story 2, inclui um exempl~
recentes, além de entrevistas com composito res e de como o so m funciona nas cenas. Na cena em
profissionais de música. que um bando de brinquedo s atravess a uma rua
www.fiJmscoremonthly.co1n - Site de revista com com trânsito pesado , o objeti vo do cineasta foi criar
alguns artigos gratuitos. con trast es extremos entre movimento e imobili-
www.geocities.com / Hall ywood/ Academy / 4394/ dade. Uma técnica foi parar e começa r a música
sync.htrn - Neste artigo de 1995, "Sync takes: Toe enquanto os brinqued os ficavam imóveis e depois
art and technique of postproduction sound'; Eliza- continuavam a se mover . A cena é mostrada só
beth Weis explica concisamen te as escolhas criati- com efeitos sonoros , só com música e com a mixa-
vas envolvidas na mixagem de som. Nossa citação gem final.
de Michael Kirchberger foi extraída de um dos co- Cada volume de O Senhor dos Anéis (The Lord
mentários que Weis apresenta aqui. of the Rings) oferece um suplemento chamado "The
www.opr.org/te mplate s/story/s tory.php? storyld = soundscapes of middle-eart h': e os três totalizam
1126863 - Entrevista em áudio por streaming, com cerca de uma hora. O docume ntário de A socieda-
Walter Murch falando no programa Fresh Air da de do anel (Thefe/lowship of tf1ering) discute a ADR
National Public Radio. e efeitos sonoros. Cada volume também contém
um segme nto , "Music for middle- earth': num total
Suplementos de DVD recomendados de cerca de uma hora. O DVD de As duas torres(1he
two towers) contém uma demonstra ção de mixagem
A ADR (Automatíc Dialogue Replacement), a in- de som, com oito versões do mesmo clipe da bata-
serção do diálogo na pós -produção, rarament e tem lha de Helm 's Deep: uma com o som gravado du-
espaço nos suplementos de DVDs. Uma exceção rante a filmagem no set, seis com partes seleciona-
está em "Peter Lorre's ADR Tracks", no DVD de das do som (música em uma, sons de armas em
20.000 léguassubmarinas (20,000 /eagues under the outra etc.) e a mixagem final. As seis trilhas incom-
sea). (A trilha está bem escondida: na seção "Bonus pletas já foram parcialmente mLxadas a partir de
material ", clique na direita em "Lost treasu res" e gravações sepa radas. Originalmente, cada soro foi
escolha "Aud.ioarchivcs #2".) A técnica oposta, gra- gravado separadamente. No início de O retornodo
var canções para playback e a si nero n ização dos rei (Tire return of the king), por exemplo, quando
lábios durante a filmagem de números musicais , é Gandalf condu z o grupo pelas florestas para visitar
demonstrada em "Scoring stage sessions•: no DVD lsengard, foi feita uma trilha apenas para o som das
de Cantando na chuva.
flechas de Legolas na alJava - um som que mal se
Um excelente levantamento de como as tril has distingue na rnixagem final.
sonoras são construidas está em "On sound design'; Discussões de partituras estão entre os suple·
em MeSlredos mares - O lado mais distante do mentos mais com un s. Em uma discussão parti-
mundo (Master and Commander), onde uma den-
cularm en te detalhada e sistemática , ªScoring W11r
sa mixagem ambiente teve de servir de sustentação
of tfie worlds';John Williams comenta extensamen-
para o retTato de um navio lotado. O suplemento
te as funções narrativas de sua música. O suple-
mostra por que tantos diálogos gravados na filma-
mento foi dirigido por Steven Spielberg. No suple·
men to "M usic" de A bússola de 011ro(77,e golde11 Os faroestes de Sergio Leone são muitas ,·ezes
compnss), o compositor Alexandre Desplat discute chamados ~operísticos", e o historiador da música
motivos musicais; ele também fala sobre os instru• no cinema Jon Burlingame explica por que em "II
mentas exóticos que escolheu para caracterizar os maestro: Ennio Morricone and The good, the bad,
vários grupos étnicos da história. Hans Zimmer, and tlie ugly".Ao contrário da maior parte da mú-
compositor para Batma11- O cavaleiro das trevas sica feita para cinema, as composições para os filmes
(11ie dnrk k11ight),descreve a música dissonante de Leone eram feitas antecipadamente. e o suple-
associada ao Curinga no suplemento "Toe sound mento explica como a música guiava o duetor du-
of anarch y". rante a filmagem e a montagem.
O conceito de estilo
wc1lki11g).
Tim Rohhm, t· Sl'll lÍllt'!-\r,1fist.1,Rngcr llc,,kins, t•lahoraram um
padr.io visuJI p.1r.,comu111Lara ncstcntt• 1nti111idndrt'nlrc ,is pcrnrnagc 11
s
rerresent.id,,~ por Su,,in ~.1rnndnn c Se.,n Prnn, que convc.'rsam cm un' ,1
s«lnc de cnlrc\t~tJs cspalh,1d,1s pelo filme A, ccn,,s 111iu.11s for,1111
hlm,1
das de modo a rnfatiz.ir a tcl,1 de metal entrr ns dol<., m,111trndo.i no
foco cnqu,rnto a per~on,1gcm de Pcnn pan•cc tl1Mantc. M.m l,mlc, us,,n
do k-ntcs ma is longas e planos lentm wm 1rn1·C'//i11g,
as ccn.is 111inimi1,1m
a barreira . Por fim, quando a~ pcr~onagcns estão ~e w 111unicando atr,1ves
da porta de uma cela. rclkxos na Jane!., torna m cad,, u 111.1del.1~ vislvcl
no plano da outra. Como de costum e, ,1s rcpe l içõc~ e as diferenças são
usadas para m oldar nossa experiê ncia do filme.
O es tilo e o es pe ctador
O espec tad or tamb ém tem uma relação com o estilo. Apesar de rara-
ment e term os co nsciê ncia do fato, tendemos a ter expectativa s no qu e se
refere ao estilo. Se vemos duas personagens em um plano de conjunt o,
esp eram os um corte para uma vista mais próxima [cut-in]. Se o ator
caminha para a direita, como se est ivesse prestes a deixar o quadro, es-
peram os da câmera uma panorâmica horizontal ou travel/ing para a
dir eita que mantenha a pessoa no plano. Se uma personagem fala, espe-
ramo s ouvir um som diegético que seja fiel à sua fonte.
Como outros tipos de expec tati va, as expectativas estilís ticas derivam
de nossa experiência do mundo em geral (as pessoas conversam , não
gorjeiam ) e de nossa experiência do cinema e de outros veículos. O es-
tilo cinematográfico específico pode confum ar, modificar, tapear ou
desafiar nossas expectativas.
Muitos filmes usam técnicas de uma maneira que confirma nossas
expectativas. Por exemplo, as convenções do cinema holl ywoodiano
clássico e de outros gêneros específicos fornecem uma base firme para
o reforço de nossos pressupostos . Outros filmes pedem que limitemos
de certa maneira as nossa s expectativas. Nossa hospitalidade,de Keaton,
acostuma -nos a esperar manipulações rle figuras e obje tos no espaço em
profundidade, enquanto A grande ilusão (La grande illusion), de Jean
Renoi1·, constrói expectativas específicas a respeito dos movimentos de
cãmera . Outros filmes fazem escolhas técnicas inusitadas e, para acom -
panhá-los, devemos construir novas expectativas estilísticas . Na verdade ,
as descontinuidades da montagem de Ouh1bro(Oktyabr), de Sergei Ei-
sensle in , e o uso da narração com voz fora de campo em O grande truque
(The prestíge) nos ensinam como ent end er o est ilo.
Em outras palavras, um diretor não dirige apenas o elenco e a equipe.
O diretor também nos dirige, dirige a nossa atenção, molda a nossa rea-
ção. Assim, as decisões técnicas do cineasta fazem diferença no que
percebemos e na maneira como reagimos.
.........
Scanned with CamScanner
Remmo:O estilo como sistemaformal 477
P asso 4 : Propor fun ções para as técn icas p ro emi nentes ACE OBLOG
SSE
Paraumadiscussãodecomo váriastécnic.is
do
e o s pa dr ões qu e e las fo rmam
est1locinematográfico
podemfuncionar para
chamar nossaatenção
paraascoisas,veja"Gra-
Aqui , o a na lista procura pelo papel que o estilo desempe nh a na for ma dationsofemphasis,
starring
GlennFord'em
geral do filme. O uso do movim ento d e câmera te nde a criar suspe nse www.davidbordwe
ll.net/blog/?p=2986.
retardand o a revelação de informaçõe s da história , com o na ab er tu ra de
A marca da maldade (Touch of evil) (pp. 223-4) ? O uso da montagem
descontínua cria uma oni sciência narrativa, como na sequ ência de Ou-
tubro que anali samos (pp. 400-2)? A composição do plano tende a no s
concentrar em um detalhe específico (4.140, o plano do rosto de Ann e
em Dias de ira [Vredens dag])? O uso de música ou ruido cria surpre sa?
Um caminho direto para perceber a função é no tar os efeitos sobre a "Nãohánenhuma (enaemnenhum filmeque50
nossa experiência como espectadores. O estilo pode realçar os aspectos diretoresnãopudessemterferrode50maneiras
diferent
es.'
emocionais do filme. Os cortes rápidos de Os pássaros(The birds) evocam
choque e horror , enquanto o bordão flutuante na música de O grande
- PaulMazu
rsky,diretor
truque cria um tom tenso , mas tamb ém melancólico.
O estilo também molda o significado. Devemos, porém, evitar a leitu -
ra de elementos isolados atomisticamente , retirados do seu contexto.
Como argumentamos na página 311, o uso da câmera alta não significa
automaticamente "derrota'; assim como o uso da câmera baixa não signi -
fica automaticamente "poder''. Não há nenhum dicionário que especifique
o significado de um elemento estilístico específico. Em vez disso, o ana - OBLOG
ACESSE
lista deve examinar o filme inteiro, os padrões das técnicas apresentadas EcosestillrticossutísenriquecemOgrandetru-
e os efeitos específicos da forma fílmica. Por exemplo, em A grande ilusão, que,como mostramos em' Nicet
ies:Howclas-
o con traste entre Rauffenstein e Elsa é realçado pelos planos em dolly sicaifilmmaking canbe ai oncesimpleand
precise
'. Acesse
paralelos.
www.davidbordwell.net/blog/?p
=3878.
O significado é apenas um tipo de efeito e não há nen huma razão para
esperar que tod a característica estilíst ica possua uma sign ificação te-
mática. Uma parte do trabalho do diretor é dirigir a nossa atenção, e,
portanto, o estilo muitas vezes funcionará simplesmente de maneira
perceptual - para nos fazer perceber coisas, enfatizar uma coisa em
detrimento de outra, guiar erradamente a nossa atenção, esclarecer,
intensificar ou compl icar no sso ente ndiment o da ação. (Veja "Um olhar
de perto''.)
Uma maneira de aguçar nossa percepção das funções de técni cas
específicas é imaginar alternativas e refletir sobre quais diferenças ocor -
reriam. Suponha que o diretor tenha feito uma esco lha técnica diferente;
UM OLHAR DE PERTO
lie responde: "São? São mesmo, Charlie? São hu- parece comunicar seu amor sincero por ela e sua
manas ou são ani mais gordos e resfolegantes?". família. A jovem Charlie está exultante (8.7). Nes·
Percebendo que foi longe demais, tio Charlie sorr i sas cenas iniciais, tomamos conhecimento deuma
e retoma suas maneiras agradáveis. .
relação especial ent re tio e sobrmha e eleª te' mes-
1
mo a presenteia com um elegante anel (S.S). O ane
S.16 - Aabe1turadeGdodã
oKa,1e.
8.18 - ...depois
se moveparedeacimaateo 8.19- ...paraa frentee atravésdaplacado"EI 8.20 - ...e por crma,
atéa daraboia.
teto... Rancho'...
1
~ •
'
ç,1,·
.,
11
r j ~
11 1!
1 1
8.36 - ...comKane
nofundodoplano
... 8.37- ...ecoaa composição
destacenaan- 8.38 - ...ea revelação
deKane
.
terior...
K,111c anda de um la.do para outro, sem parar, ai nda desafiado r, mas
privado de seu poder sobre a rede do h1q11ire1.O uso de um recu rso
similar parn abrir :.ts. dua~ ce nas e~tabclcce um paralelo contras tante
cnt re as dua,.
Os padrões de mo ntagem t,1111bé m podem sugerir srm ilarrdadcs entre
J > cenas, como qua n do \,\lcllcs co mpa ra dois momentos cm que Kanc
parece co nseguir apoio púb lico. Na pri meira cena. Kanc está conco rren.
do ao governo e faz um disc ur so em um comíc io mo nstruoso. A cena é
organ izada pri ncipal m ente em torn o de um padrão de montagem que
exibe um ou dois pla nos de Kane falando, depoi s um ou dois planos
próxim os de pequ enos grupo s de person agen s na plateia (Emily e o filho,
Leland , Bern stein, Ge ttys), depois outro plano de Kane. O cort e estabe-
lece as person agens q ue são important es por causa de suas visões de
Kane. Gctty s é o últim o a ser mo strado na cena e esperamo s uma reta-
liação dcle por causa da denúncia de Kane.
Após a derrota , Kane decide transformar Susan em uma est rela da
ópera e ju st ificar seu interesse por ela ao público. Na cena paralela ao
discur so eleitoral de Kane, a da estreia de Susan, a organização dos pla-
nos é similar à do comício político. Novamente, a figura no palco, Susan,
serve de pivô para a montagem. Um ou dois planos dela são acompanha-
das por alguns planos dos vários ouvintes (Kane, Bernste in, Leland, o 8.39- GdadâoKone:Susanno palcoemsua
estreianaópera...
professor de canto), depois de volta a Susan, e assim por diante (8.39 ,
8.40). Paralelos narrativos gerais e técnica s estilísticas espedficas articu -
lam duas etapas da busca de Kane pelo poder: pl'imeiro, a sua própria
tentativa, depois, a de Susa n como sua procuradora.
Como vimos no Capítu lo 7, a música tamb ém pode estabelecer para-
lelos. Por exemplo, o canto de Susan é um fator causa l central para a
narrativa. A elaborada ária da ópera Salammbo contrasta agudamente
com a outra música diegética principal , a cançãozinha sobre "Charlie
Kane". Apesar das diferenças entre as canções, há um paralelo entre elas,
o fato de que ambas se relacionam às ambições de Kane. A canção sobre
"CharUe Kane" parece inconsequente, mas a letra mostra claramente que
8.40 - ...e Kanena plateia.
Kane pretende que seja uma canção política, e ela realmente surge mais
tarde como música de campanha. Além disso, as cor istas que cantam a
canção usam um traje com bota s e chap éus militares da guerra hispano -
americana, que elas colocam nas cabeças dos homens no primeiro plano
(8.41). Portanto, o desejo de Kane de guerra con tra a Espa11ha man ifes-
ta-se mesmo na simples festa de despedida antes de sua partida para a
Europa. Quando as ambições políticas de Kane são esmagadas, ele tenta
criar uma carreira pública para a mulher, mas ela é incapaz de cantar
ópera. Mais uma vez, as canções criam paralelos narrativos entre as di-
ferentes ações na carreira de Kane.
Como vimos ao examinar a narrativa de Cidadão Kane, o cinejornal 8.41 - Figurinos
criamumareferência
política
é uma sequência muito importante , em parte porque fornece um mapa emC1daddaKane.
8.42 - Em(ldodõo
Kone,Ogurino
, maqula- 8.43 - ...dnematog,afla
simulamcinejomals, 8.44 - UmshodrcutemCidodôo
Kon
e.
geme...
DAQUI PARAFRENTE
Às vezeso conceitode estiloé usadoavaliativamen- Para ensaios sobre urna variedade de estilose
le, para sugerirque algoé inerentementebom ("Ora, filmes, veja Lennard H0jbjerg e Peter Schepelern
isso que é estilo de verdade!"). Estamos usando o (orgs.), Film style and story: A tribute to Torben
lermo descritivamente.Na nossa perspectiva,todos Grodal(Copen hague, Museurn TusculanumPress.
os filmes têm estilo porque todos os filmes fazem 2003). Para um levantamento das diferentesma-
algum uso das técnicas do veículoe essas técnicas neiras como críticos e historiadores abordaramo
serão necessariamenteorganizadasde alguma ma- estilo, veja David Bordwell, On the hisloryo/ftlm
neira. style (Cambridge, MA, Harvard UniversityPress,
Para discussão do conceito de estilo em várias t997). Bordwell examina o estilo cinematográfico
artes,vejaMonroeC. Beardsley , Aesthetics:
Prob/ems em filmesde muilos períodos, cineastase paísesem
in lhephilosophyof criticism(NovaYork, 1-larcourt Poeticsof cinema (Nova York, Routledge, 2008).
Braceand World,1958),J. V.Cunn1ngham (ed.), 77ie Um livro inteiro foi escrito sobre a produçãode
prob/emof style (Greenwich, CT, Fawcett, 1996), e Cidadão Km,e,esclarecendo muito sobre a criação
Berel J.ang (org.). The cnnCPpt of style, ed. rev. do seu estilo: Robert L. C:arringer. TI1e111aki11g
of
(lthaca, NY,Cornell UniversilyPress, 1987). Citize11Kane (Berkeley, University of California
Estudospioneiros do e~tilono cinema são os de Press, 1985). Entre outras coisas, Carringer revela
Erwln Panofsky, uStylcand medium in the moving o grau em que Wellese seus colaboradores usaram
pictures" (publicado originalmente em 1937),em efeitos especiais para muitas das cenas do filme.
DanielTalbot (org.), Film:An antltology(Berkeley, Um tributo ao filme e uma reimpressão do infor-
Universilyof California Prcss, 1970), pp. 13-32, e mativo artigo de GreggToland sobre o filme,"Rea·
RaymondDurgnat, Pilmsa11dfeeli11gs (Cambridge, lism for Citize11Kane",estão disponíveis em A111e-
MA, MITPress, 1967).A maioria dos trabalhos ci- rica11Cinematographer72, 8 (ago., 1991),pp.34·42·
tados nas seções"Daqui para frente"nos capflulos Graham Bruce ilumina a música de BernhardHerr-
da Parte 3 oferece estudos concretos de aspectos mann para CidadãoKa11 e em BernardHerrmnnn:
tio estilo cinematográfico. Filn, m11sicand narrative(Ann Arbor, Ml. UMIRe·
st'arch Prcs~. l'l/i~). l'P 42-S?.Vl'JJlambem Stcvcn ~içôcs do uso de planos de lOnJunlo e prirnciríss1-
e. Smith, A ht't1rt111_(!rc'.1antcr: J/Jr /i(e mui 11111s,r
mo plano, imitaçõe~ de pintura~ e grandiosidade
<1( Rr11111
rd Herr,11111111 (Rcrkcley,U111vc 1, ity n1Cali
operística.
fornia Prcss, l991). Encontramos uma an.íli,c dct.1
"Thc makingof ,",,/y011111pnvatc ldaho"lida con
lhada do som ,fo rllmc cm Rk k. i\h nrnn, "Occp
eretamente com o e\lllo como sistema formal, com-
focus sound: Citi:t'IIl\1111r anti lhe rachoacsthclic''. parando as técnicas usadas na abertura e: no final
Quc1 rtcrl)' Revicw of Fi/111r111dVideo 15, l (dez., do filme Gc1rotosde programa (My own priva/e
1994), pp. 1-33.
lda/10),traçando as mudanças no estilo à medida
que a história avança. O suplemento aborda movi-
Suplementosde DVDrecomendados mento e ângulo de câmera, iluminação, cenários e
atuação.
Os suplementos de DVOs muitas vezes discutem Em "Elmer Bernstein and 11,emagni.ficent seven·:
tecnkas cinematográficas individuais e suas fun- o especialista em música para cinema Jon Burlin
ções, mas raramente consideram sistematicamente game compara os ritmos musical e visual. que às
como o estilo funciona. Há alguns bônus que ten- vezes contrastam de maneira notável. Ele também
tam um pouco de análise. analisa corno os temas da partitura e as orquestra-
"Toe making of Americangraffiti"lida mais ou ções funcionam na narrativa em Sete homense um
menos extensamente com o estilo do filme Loucu- destino (The magní.ficent seven).
rasde verão(Americangrafjiti)e inclllicomentários "Anatomy of a scene" analisa o estilo cm uma
do grande editor de som Walter Murch. Em "Toe sequência de Longe do paraíso (Far from Heaven).
leone styJé; no DVD de Feios, sujos e malvados Abrange o designde produção e figurino, cinegra-
(Brutti, sporchie cattivi), vários aspectos da abor- fia, atuação, montagem e música. No fim, a cena
dagem do diretor são discutidos: o uso de planos completa é exibida.
prolongados, com um ritmo visual lento, justapo-
Começamos nosso estudo do cinema como arte perguntando de que modo nossa
experiência de um filme é moldada pela tecnologia de produção, distribuição e ex.ib1-
ção (Capít ulo 1). Naquele momento, consideramos que essa experiência era afetada
pela forma geral do filme, particularmente as formas narrativa s (Cap,tulos 2 e 3).
Continuamos analisando como as técnicas do meio fílmico, a mise-en-scene, a cine-
matografia, a montagem e o som fornecem ao cineasta um conjunto amplo de opções
artísticas (Capítulos 4-8). Nos dois capítulos seguintes, iremos considerar como os
cineastas e o público compartilham determinadas expectativas sobre os tipos de filmes
que podem ser feitos e vistos.
Na maioria das lojas de vídeo, os filmes são arquivados por diferentes categorias,
por atores, por períodos (cinema silencioso), ocasionalmente por diretor (Alfred Hitch-
cock, Woody Allen), por lugar de origem (filmes estrangeiros). Para entendermos como
os filmes funcionam e como experimenta111osdiferentes tipos de filmes,precisamos
ter noção de alguns dos modos significativos pelos quais público, cineastas, críticos e
estudiosos classificam os filmes em grupos.
Uma maneira popular de caracterizar filmes de ficção é por gênero- por exemplo,
faroeste, musicais, filmes de guerra, ficção científica etc. Esses termos são usados na fala
e na escr ita cotidianas, ainda que poucos de nós parem para pensar sobre como com•
partilhamo s hipóteses com uns de categorização dos fümes. No Capítulo 9, examinare-
mos o conceito de gêneros e consideraremos como as categorias de gênero afetam a
atitude das pessoas com relação aos filmes a que elas assistem. Examinaremos breve-
mente três gêneros amplamente reconhecidos: o faroeste, o filme de terror e o musical.
Outra maneira de caracterizarmos os fiJmes é baseada nas ideias de como eles são
feitos e quais efeitos tentam produzir. No Capítulo lO, discutiremos os três maiores
tipos de produção cinematográfica: o documentário , o experimental e a animação.
Os filmes documentários, como o próprio nome diz, documentam algum aspecto
do mundo. Elessão distintosdos filmes de-ficçãoporquese esperaque tragamafir-
mações factuais sobre o mundo real. Outro tipo parti cular de produção cinematográ-
fica é o que chamamos de experimental. Esses filmes brincam com as convenções e a
forma fílmica, de forma a confundir as expectativas do público e fornecer apelos
emocionais ou desafios intelectuais incomuns .
Finalmente, os filmes de an imação são definidos pela forma como são feitos, usan-
do desenhos, mode los ou outros objetos fotografados quadro a quadro para criar
movimentos ilusórios que nunca existiram na frente da câmera. Ainda que sejam,
norma lmente, considerados filmes para crianças, veremos que quase todo tipo de
filme pode ser feito com o uso de animação.
o gc111ao
Ente111fr11do
Dclin1ndo o gênero
Analisando um gênero
o públi co espera que o film e de gênero ofereça algo familiar, ma\ ele
"Formas
fixnipodem 1•<moçoes
produzrr ,n~nllos também <lcrn,rnda nov,1\ variantes sobre o género. O cineasta pode de-
ewgenhosas: senvo lver algo lígcirarn cntc ou raclicalrncntc diferente , mas ain da será
algo base.ido na 1radíçi10. /1 interação da cnnvcnçár, e da inovação, do
- JoyceCarrollOate1,
romancis
ta
fomíllar e du novíd,1dc é central par a o filme de gênero .
l li s tó rí a do gênero
UM OLHARDE PERTO
O suspense, como a comédia, é uma catego ria mui - Em Risco d11plo(Doubic ;eop,1rdy)um .
. • marido
to amp la, quase um gênero do tipo gua rd a-chu va. encena sua pr6pna mort e para fugir com sua
aman-
Existem suspenses sobrena turai s (O sexto se11tido te. Sua esposa é condenada por seu a~sassinat
· o, ma1,
(77tc sixth se11se]),suspenses políticos (M1111ique na prisão, ela descobre que o mando está •
vivo e
[Municli)), suspenses de espiões (O 11/ti,111110
B011r- usando uma nova identidad e. Solta em cond,· ·
c1ona l,
ne [The Bourne ultim11t111111),mas muitos deles gi- ela foge para encontrar seu filho. mas é perseguida
ram em torno de crimes - planejados, cometidos pelo seu oficial de condicion al durão o sus
· pense
ou impedidos. surg e da dup la perseguição e do jogo de gato e rato
Durante os anos 1990 e 2000, muitos países pro - do marido desesperado e sua "viuva", que agora
dut ores de cinema co meçaram a produzir suspen- pode matá -lo impunemente . A ação e a narração
ses com crimes. Usando poucos efeitos espeçiais e da trama estão organizadas em torno da esposa:
com cenário em locais urbanos con temporâne os, sua perseguição impulsion a a ação e a narraçãoa
eles custam menos para se r produzidos. Eles ofe- favorece , o que nos restringe ao que ela acreditae
recem papéis chamativos para os atores e permitem descobre, eventualmente.
que os escritores e diretores mostrem sua genia li- Risco duplose concentra em uma pessoa inocen-
dade no jogo com as expectalivas do público. Ain - te que foi alvo do crime , e esse é um padrão comum
da que o gênero tenha limites indefinidos, podemo s no gênero. Em algum momen to, a vítima irá perce-
mapear alguns casos mais importantes, levando em ber que não pode reagir passivamente e que deve
consideração as convenções narrativas e os efeitos lutar contra o criminoso, como em Encurralado
que os cineastas tentam causar. (Duel), O fugitivo (111
e fugitive), A rede(Thenet).
Um crime está no centro de uma trama de sus - Breakdown- Perseguiçãoimplacável(Breakdown )
pen se e, normalmente, três tipos de personagens e Oquarto do pânico (Panicroom) (9.3). Em Opreço
estão envolvidos. Existem os criminosos , os braços de um resgate(Ransom), o pai do garoto sequestrJ-
da lei e as vítimas inocentes ou testemu nhas. Nor- do menospreza o conselho da polícia e se recusaa
malmente , a narração se concent ra em uma das pagar o resgate, oferecend o o dinheiro como re-
personagens ou grupos de personagens. compensa para quem pegar os bandi dos.
Como alternativa , a tram a pode se concentrar
em uma testemunha inocente pega inespera-
damente em um a luta entre o crimin oso e a polícia.
A maioria dos filmes de Alfred Hitchcock se cons-
trói em torno de pessoas ordinárias que são pegas
em uma situação perigosa ( Os trinta e 11ove
degra s
11
[The39 steps],Intrigai11ternaci
on11I,
Janelaindiscreta
· de
[Rearwindow]).Em Duro de matar, um detetive
folga é preso acidentalmente em uma situação
9.3 - Inocente
s emrisco:
umaposição
ded meraincomum
paraumasitua- de resgate; então , ele deve lutar com polícia e ban-
çãoclássica
desuspenseemOquartodapdnico
. . . 1
s· Colatera
d1dos para resgatar outros inocente ~
(Cofiatera/) tem como foco um motorista de táxi ro se tornou importante nos anos 1950, com Segre-
forçado a levar um assassino de aluguel aos seus do elasjoias (1/ie asplralt1imgle), Bob, O Jogador
alvos. Tematicamente, esse padrão de trama cen- (Bob /ejlambeur) e Rififi (Du rififi chez lesltommes).
tralizada no inocente enfatiza, frequenlemen le, as e retornou nos últimos anos com O assalto(Heist),
personagens na descoberta de si mesmas - cora- Ronin e a série Onze homens e um segredo(Oceans
gem, inteligência, até mesmo capac ida de de ser 11). Existe também o que podemos chamar de va-
violentas. riante de desonra entre ladrões, em que os crimi -
Em vez de chamar a atenção para os inocen tes, nosos traem uns aos outros. Um plano simples (A
a trama pode se concent rar nos braços da lei. A simple plan) retrata ladrões nervosos e atrapalha-
ação, en tão, vira uma invest igação, em que o policial dos; já Jackie Brown retrata uma rede de fraudes
ou detetive particular busca capturar o crimi noso em expansão.
ou evitar um crime. Um exemplo clássico é Os cor- Em alguns casos, o suspense equilibra trama e
ruptos (171ebig heat), em que um policial novato narração entre polícia e criminoso, tática que, nor-
tenta vinga r a morte de sua família cap turando os malmente, dese nvolve paralelos entre os dois.
bandidos responsáveis. Tempo esgotado (Nick of Geral mente , essa tática cria paralelos estruturais
time), O guarda-costas ('lhe bodyguard)e Na linha entre os dois. No filme de John Woo O matador(Dip
de fogo (ln the line of fire) apresentam protagonis- huet seung lwng), o enredo se alterna entre os es-
tas que buscam evitar que unia ameaça de morte forços de um assassino de aluguel em sair desse
se concretize. A trama contemporânea de assassino s trabaU10, com ajuda de seu fraco mentor, e seu ad-
em série pode enfatizar a perseguição , oferecendo versário policial, sob a influência de um colega mais
apenasrelances do criiminoso.Seve»- Ossetecri- velho. O fifo1ede Mich ael Mann Fogoco11trafogo
mes capitais (Se7en) acompanha dois polic iais em (Heat) cria paralelos fortes entre o policial e o la-
seus esforços em desvendar uma série d e assassi- drão, os quais têm problemas com as mulheres nas
nato s emb lemáticos dos sete pecados capitais. suas vidas. Em O matador e em Fogo contrafogo,
Quando uma trama destaca os detetives, os temas as própr ias personagens reconhecem a afinidade
relacionados às falhas da justiça tendem a vir à tona entre elas. Por sua vez, Fargojoga com as diferenças
Em Los Angeles, a cidade proibida (L.A. Confiden- acentuadas entre o senso com um alegre de uma
cial), três policiai s igua lmente problemático s jun- policial e um sequestrador lamentavelmente de-
tam as forças para revelar como a corrupção oficial sengonça do.
conduziu ao assassinato de prostit utas. Os filmes de suspense, obviamente, têm como
O suspense policia l pode, ainda , coloca r o cri- obje tivo nos causar suspense, ou seja, surpreender,
minoso no centro da ação, como em O talentoso choca r e assustar. Como distinguimos esses filmes
Ripley (The talented Mr. Rípley). A trama pod e ter dos filmes de terror que têm objetivos parecidos?
como foco as aventuras de um assassino de aluguel; O terror, além de assustar , tenta causar asco; já o
o filme de Jean-Pierre Melville O samurai (Lesa- suspen se não envolve asco, necessariamente . A per-
murai) é um exemp lo clássico. Existem também os sonagem principal de um filme de terror é um
filmes de assaltos ou golpes, que mostram um rou - monstro , o qual é, ao mesmo tempo, temlvel e as-
bo extremamente bem orquestrado. Esse subgêne - queroso; contudo, um vilão de suspense pode ser
feitores em uma escala de imoralidade. Os crimi ga11tcs (Lock, stock, and two s111o
111e g b11rrel,)
ki11
nosos que nos são mais \1mpáticos serão aqueles agrega inúmeras coincidências ,lb\urdas sobre um
que estão tentando sair do crime (O matador) ou quarteto de bandidos mesquinhos qui.' roubJ d.J.
aqueles que ,e opõem a figuras ainda mais imorais. nheiro de drogas de uma ganguc (que roub.1mer-
Os heróis de /rresist/1,e/ p11ixào ( Ord of siglrt) siio cadori,1de outra gangue).
ladrõ~ descontraídos, bem humorados, que estão A ênfase no smpense e nJ surpresa encoraja o
roubando um fraudador de colarinho br,1ncoe um cineasta ,1desorientar o público e isso pode levar
bando de a, ~Jssmos socropatas. Em determinados à ocorr~ncia de C!(pcrimentos com a forma n.irra·
momentos, os protagonista, criminosos conseguem tiva. l lltchcock foi pioneiro na tendência a lrocar
aumentar no,,a simpatiapor elesde maneiras com repentinamente de prot.igonrstas com Psrco,e e por
plicadas. Em Um plano >1111ple s,
pc-s,oas boas ,e deixar as vidas de dois casais ,e entrelaçarem em
tornam desonesta, dcpo,~ de um momento pas• Tra111r1 ra
111ac11b(J-'1111,i ly Muitos fil,uescujas
plot).
sageiro de fraqueza e, mesmo que tenham errado, trama, brincam com o tempo da história (veja
l'I' 1~8 Mll ,.w ,u,xns.·, p,,hll,11' . Um , 11mt• 11.1 ,Ir ,11'1>/111'
( B/uod 1111ple)
e O l1t1111t·mq11enao c<III
h1'tMi,1pn<lt·>t'r r,·pri~.1don,, t, ama, moslt ,mdo "'' lá (71,c 11w11 wltn wa.rn'ttlwrd em cidade, pl'
p1' 1Js d1kr~11tt•s., ,ad., , t'p1i,c ( 01/w; e/,• .«•1prn11• ,111c11,1,e desolad,1,povoadas por padedore, dcsc
'i1111k(fl ,,1) nu ,1prc,ent,111Jo d1krcnie, ponto, de Jº'º' dt• uma grandt• chance DJvtd 1.ynchusa as
, ,,ta (O grc111.I,g,,lp,· Th,· k11/111g. /11.-l.11'/lrml'II) tjti,.1, de su5penw e ,urpre~a do gênero para cnar
~11lllt'.<Ítl(.\l,•111t'llh>Icont.1 ,u,1 h1,tóna de 11wc,ti uma almosfcra rcpkla de temor qut•pode simples
~.1(i() cm onkm rcvers,,. O, rnspcitos (71,c 11rnal mente não ter umJ explicação ra~1unal.Em \'eludo
m;rats) cri.1uma narr.1ç.inde jlmhback 11,\0 con- e1wl(Blue velvct). ,\ estradaperdida (/.ost h11hw,1y),
fü,·d que, no tin.tl. tran,forn13 uma pc~on,1gem e Crd11<le dos sonhos (Jfu/1101/am/Jrn·e), o, crimes
menor em um.1figura pnncip,11(9.5). Ligadospelo são s1111stros e obscuros, os crimrnosos são pavo
,k,cjo (B0111111) é composto, cm grande parte, por rosamcnte grotesco, e os inocentes não são ,um
jl,1,hbacks que , urgem de uma situação presente plctamentc inocentes.
cnigmatica, uma mulher amarrada e amordaçada Como os suspen,es polkiais podem ,er filmado,
em um armário. A h.stória do cnme vai sendo con- com um orçamento razoa,·elmente barato. o gên.:-
tada, e temo, motivos para suspeitar que, em algum ro deu aos rivah de Hollywood um camtnho para
momento, o roubo planejado por ela e seu parcei- a distribuição i11tcrn,1cional. Hong Kong exportou
ro ira falhar. muitos filmesdesse tipo, assim como a França (S1-
k1ta[Lafemme Nikital), a Inglaterra Sna1ch.porcos
e d111ma11t(S11atc/1),
es Sexy Beast), o Japão Han.1-81.
Fogosde artifício[Fireworks]A , wm [Cure)). a (o
reia (Partes de 11111segredo(Telmis.,eomding), 'vo
where to hide [I11;eong saje,mgboigeo1.-obtd11]) ea
Tailândia (Perigo em 81111gkokB,mgkok d,mg,·-
rousl). O público mundial compartilha expectallv,h
similares com relação aos suspen\es policiais. e os
cineastas podem inovar imerindo tradições cultu-
,.s AsCOA!fqU~A(lal datll)loúofflillf!IOS, dadoa que d• lniCIO~ ln- rais locais nas convenções .le trama. personagem e
VP\h9,l(ÁO ,mOI"'""' '"' tema do gênero. Duns das nossa, .in.1h,c, de illllU, -
tra cm Acossado (A bo11t de so,iffle) (pp. 623 -6) e
CineaMa, independent es descobriram que o pú Amoresexpressos( C/11mgHing s11111Iam) (pp. 67 1 5)
bltco, em geral aceita narrações cxperimentah den- estlo concentradas em filmes que não são de
tro desse gênero. Para outros c111 eastas tndepen 1loll)'wood e qu~. de maneira criativa, invertem as
dentes, o gênero oferece uma estrutura cm que se expectativas que temos para o suspense policial.
podem colocar preocupações pessoais. O interesse
de David Mamei em como a, pessoas escondem
seus mo11,·osreais é evidente em Jogo de emoções
(J/ouseof games) e O prisioneiroespanhol ( 1/ie sp11
-
sli prisoner). Joel e Ethan Cocn encenaram Gosto
11i
9.6 - : Asbobagens
Umaturmadobarulho fa-
ladasporfddle mostram umaatitudecomlca -
mentecéticacomrelação a RosaPark.se
outros
ícones
dacult11
1a afro-americana.
9,7 - EmAllens,
oresgor
t, Ripleyaprend
e comousarumaarma••• 9.8 ...mas1amb~m~ capaz
deconfortar órfãqueo grupodesol•
a garota
dados
enco
nua.
Trêsgêneros
O faroeste
resgatar Dcbbic e ~irn m,fül-la por ler se tornado a C\Jm~a de:um coman
c/1c. O racismo e a furia vingativa de Ethan culminam cm um ataque à
vila com1mclre. Na cena final do filme, E1hanretorna para a c,ví11zação,
mas para na entrada da casa (9. 12) antes de voltar para o deserto.
O plano lembra muito O último cartucho de Pord (9.1O); John Wayne
até mesmo repete a característica de Harry Carey de segurar seu ante-
braço (9. 13). Contudo, parece que o caubói vagante está condenado a
viver fora da civilizaçãoporque não pode domar seu luto e seu ódio. Mais
selvagem do que civilizado, ele parece condenado, como ele mesmo diz
sobre as almas dos comanchesmortos, "a vagar pelo~ventos para sempre",
Esse tratamento amargo eleum tema perene ilustra quão drasticamente
as convenções de um gênero mudam no decorrer da história.
O filme de terr or
O musical
siLais cm revista ajudaram a vender esses primeiros filmes com som para
os mercados de língua estrangeira, cm que os espectadores podiam apre-
d.ir O espetáculo, mesmo que não pudessem compreender o diálogo e a
letra. Con l'orme as legendas e a dublagem iam resolvendo o problema da
barreira linguística, os mmicars foram incorporando linhas de história
cada vez mais i;omplrrndas. Os cineastas desenvolviam as tramas que
podcri,1m motivar a introdução de números musicais.
Dois pat lroes t1p1cosde trama musical ~urgiram durante os anos J930.
umdeles for o m11sirn/de ba.1tidores,com a ação centrada nos cantores
e bailarinos que atuam para um público que está dentro do mundo da
história. Um musical de sucesso da Warner Bros. e um dos primeiros,
u11a -12(./211(/Street, 1933) cslabclcccu o padrão clássico para os musicais
de bast,dore.s,colocando no elenco a bailarina Ruby Keeler, como subs-
tituta de uma estrela musical que quebrara a perna antes do grande
lançamento, O diretor disse a Keeler: "Você está estreando no palco como
uma novata, mas tem de voltar como uma estrela!", e, de fato, ela ganhou
a aclamação do público (9. 18). Durante essa década, os musicais forte-
mente coreografados de Busby Berkeley da Warner, o pa r formado pela
MGM, da jovem Judy Garland com Mickey Rooney, na série de tramas
do tipo "Let's pul on a show!~ e o elegante ciclo de filmes da RKO, em
9.18 - RubyK~lerdança narua que encenava a equipe de dança de Fred Astaire e Ginger Rogers, todos
peloestJelato
quedão rnulodeRuo41. esses fatores estabeleceram as convenções do musical de bastidores.Exem-
plos posteriores incluem musicais em que as personagens são os atores
do filme, como em Dançando na chuva (1952). Dentre os musicaisde
bastidoresmais recentes, estão The Commitments, loucospelafama (The
Commitments), The wonders - O sonho não acabou (That thingyou do!),
Tina ( Whats /ove got to do with it) e Dreamgirls, em busct1de um sonho
(Dreamgirls).
Nem todo s os musicais , no entanto , são ence n ados em uma situação
de espetáculo. Existe tamb ém o musical direto, em que pessoas dançam
e ca ntam cm situa ções cotidianas. Até mesmo em musicais de bastidores,
personagens podem começar a cantar cm um ce nário cotidiano. Os
musicais diretos são, geralmente, comédias românticas, nas quais as per-
sonagen s encena m o progresso de seu ga lanteio, cantando uma canção
para expressar se us medos, desejos e alegria s. Analisamos um filme des-
se tipo, Agorasere111os
felizes, no Ca pítulo 11. Em 1968,um direto r fran-
cês levou o musical romântico ao extremo, fazendo com que suas perso-
nagens, em Duas garotas românticas (Les demoisel/es de Rochefort),
cantassem a maioria dos diâlogos no filme, com vârios transeuntes se
j untando aos número s de dança encenados nas rua s da cidade (9.19).
Mais recentemente, Julie Taymor combinou roman ce e história social em
Across the Universe(9.20).
Tanto nos musicais de bastidores quanto nos diretos, os números
musicais são frequentemente associados a romances. Normalmente, 0
tuJ o, os 111u s1Caispara adultos têm usado temas tristes, até mc\mo tr 1•
que
gicos . Amor, sublime amor ( West sitie story) retrata um rom,mce
tragicamente atravcs,a linhas étnica,. e Dml1e1 ro do ,éu (Penniesfrom
hecll'f ll) evoca a atmosfera fria da Depressão po r meio de
personagens
.
que dub lam as gravações daquela época. Filmes biográficos de estrelas
como O ocasode uma história (Ladysmgs the blues), Raye Johnny&/une
( Walk t/ie line), são, na realidade, mwi cais ric bastidores de tom triste.
Mesmo assim, enqua nto o faroe ste e o filme d e terror podem explorar
o lado escuro da natureza humana , o, musica is de Hollywood tendem
J
acentuar o lad o po, itivo. Grandes ambi ções são recom pe nsada, quando
o show é um sucesso, e os amantes se unem em um a musica e dançam
.
Em Um pijtmw para dois (11,e pajama game), uma greve é evitada quan
do os líder es do sindica do e da gerên cia se transf o rmam em um casal
Algumas dessas convenções persistem até hoje . Escola .te rock (Schoo
loj
rock) rcafinna o tema do 11111 s de bastidoresde que talento e trabalho
iral
árduo, evenrualmente , atingem o objetivo. Mesmo o controve rso A
mil
das ilusões (8 mi/e) segue o padrão de trama tradiciomtl que mo,tra um
jo ,•em mús ico talento;o que vence a, desvantagens e encontra o suces,o
As possibilidades de temas nos mu~1cais siio tão amplas que pode ser
difícil determmar a iconografia específica associada ao gênero . O musica
l
de basttdores, pelo menos, tinha seus cenários caracterhurns : os camanm
e os bastidores de um teatro, os planos de fundo e as cortina, do palco
Da
(como em 9. 18), e a cas,1noturna com ,ua orquestra e pi,la de dança.
mesma maneira, os artistas ne~ses mus icais são, geralmente, reconhecido,
era
por seu figurino distinto de palco. Dur,mte os anos 1910, Fred Aslaire
ts
a cartola mais famo~,1do cincm, 1, um chapciu t,io assoei.ido aos musica
dele que , no começo de A rott111/n em que Astairc faz o papel de
for/111111,
isso.
um ator de cmema fracassado, foi pmsivel fa1er wna pi.ida sobre
De maneira parecida, o temo branco de John rravolta em Os c111b
d~
alos
sábado à no,te ;e transformou em um ícone da era do disco. No entanto,
l,
as oportunidades para o romance sempre estivcr.im presentes no musica
Que I reu A,ta 11c nunc3 m.,i, v~1,J,1nçaré J ameaça final, e sua mú
,ica "Ncvcr wtr1n,1dance" trM um due lo que confirma que eles foram
fo1to, um p,tra 11 11111rc,. Nu final I ucky e Pcnny fazem as par.es.
O filme ~evale dr i;onvcnçêtc1r~,en1cmcn 1c c~tabclecldas no género.
f.ucky m,1 n chapéu d.',-,ico e a, roupa, formais de AstaJre (9.22) . Astai-
rc e Rng, r, u,tn\,llll nos ccn:\nos de c, 1tio"" décoque foram típicos dos
pro)ctm dos m11\ILJI' dos ,1110, 1930 (9.23) . No entanto, o filme se afasta
ela ~onwn~.io cm um número notável, "llojanglc~ of Harlemw,em que
9.22 D,poi,de perder~u wnotm um10qo i\slJi rc laz um 1nbuto a grande, baila rinos afro -americanos, os quais 0
, Ludya1naa
deca11as UY seuchap'1!
,m R11mo mllucnC1aram no 1nic10de sua carreara nos anos 1920. Quando apaiece,
louco
11; C<·nacm questão, com o rosto pintado de negro, ele não está explo-
1
rando um estereótipo degradante e ~un rep resentando RiU"Sojangles"
Robinrnn, o mais fomoso dançarino negro de sapateado da época. o
tributo é ainJa mais incomum porque Robinson estava, então, coestre-
lando um dos musicais de ShirleyTemplc par a um estúdio rival , o Twen-
tieth Cenwry Fox.
A despeito dos cenários de bastidores e do enredo relacionad o ao
show business, Ritmo louco aprese nta vários números em ambiente co-
tidiano. Quando Lucky visita o apartamento de Penny, ele canta "The
way you look ton ight" enquanto ela lava o cabelo. Ele usa um piano
convcnien lemenle localizado no apartamento dela para fazer o acom-
9.23- As1a1re
e Ro9e11
daniamnocenanoar/
dicadama noturna panhamento (ainda assim, uma orq uestra não diegética toca ao mesmo
tempo). Quando o casal visita o interior do país coberto de .neve, não
há, no entanto, acompanhamento diegético enquanto eles cantam "A
fine romance". Há apenas uma orquestra que não se vê. Como nos é
lembrad o repetidamente, o mun d o dos mus icais torna possível para as
pessoas , a qualquer momento e em qua lquer lugar, expressar-se pela
música e pela dança.
No estudo do cinema, nor malme nte, precisamos deixar explíntas
coisas que normalmente não nos !Preocup ariam, co ncepções tão funda-
mentais que nem mesmo as percebemos. Os gêneros, j un to com os tipos
mais básicos de filme, como ficção e doc ume ntár io, anima ção e five-11ctiot1,
filmes experimentais ou maim tream, form am essas categorias de per se.
Presentes cm nosso subco nscient e, sempr e qu e assistimos a um filme,
essas categorias mo ldam nossas exp ect ati vas d o que vemos ou ouvimos.
Elas g uiam nossas reações e nos pr essionam a int erpr etar o filme de
determ inadas maneiras. Senso comum entr e cineastas e espectadores,
essas categor ias são um cond icio nante do cinema , já que a maioria de
nós as experim enta.
Existem outros tipos de filmes, além dos encenados por atores de
verdade. Existem outr as forma s de filmar e isso, como vimos no Capítu-
lo 1, depen de das ma neir as como os filmes são feitos e das intenções dos
ci neas tas. Os ma is comun s são os documentários, filmes experimentais
e animações, e vamos examiná -los no próximo capítulo.
RESUMO
Gêneros e sociedade
A concepção da função so cial de um gênero (p. 512) a iconografia do gênero retratam esses grupo s como
deriva da teoria antropológ ica de Claude Lévi- ameaças ao rnodo de vida da maioria. A ação do
Strauss. Uma versão do modelo de ritua l é ofereci- filme funcionaria, consequentemente, para conte r
da por 1l1omas Schatz, Hollywood genres (Nova esses elementos e se defender de les. Um arg umen -
York, Random House, 1981 ). Consu lte também Jane to para ess a abordagem pode se r enco ntrado no
Feuer, 111el lollywoodmusical(Londres, Brilish Film texto de Robin Wood "An introduction to the Ame •
jilm
fnstitute, 1982), e Rick Altman, 77,e A111eriCl111 rican horror film", no livro editado por Bill Nichols
musical ( Bloomingtqn, Indiana University Press, Mov/es tmd 111ethods, vai. li (Ber keley, Univcrsity
1987). Altman refinou e elaborou seus pontos de ofCa lifornia Press, 1985), pp. 195-220. Para ver uma
vista em Fi/m/genre(Londres, British Pllm l nstitu- c rí1lca dessa teoria da a lteridade, co nsulte Noel
te, 1999), que examina muitos problema s relacio · Carroll, A fi losofia do horror - ou paradoxos do
nados à teoria do gênero. w rt1ção(Campinas, Papirus, 1990).
Outra concepção da função social de um gêne- Para uma pesquisa sobre as formas de abordar
ro estabelece que os filme s de gênero diz em respei- os gêneros, assim como uma análise de vários gê -
to, basicamente, a grupos sociais - cm especial neros de f-lollywood, consulte Steve Neale, Genre
minorias raciais e mulheres - que são oprimidos rwd Hollywood ( Lond res, Routlcdge, 2000). U ma
e temidos por muitos na sociedade. As histórias e variedade de abordagens é apresentada no livro de
"A tu rnin g of the ear 1h: fohn Ford , John Waync, pe la pequena instalação da Weta Digita l que, mais
anJ 'lhe Sea,.rliers" co mbina depoi mentos <lospar li- lar <le, crescer ia exponenc1almenle com O Senhor
cipa 11tes. tilma gcns atu a is d a rroclução e análises riosAnéis.
<lc especialistas sobre o film e. "Bucld BocllJChcr - fft'J/boy e Hellboy li: O exército dourado /Tire
An Amc r ican or igin al" é um a vi são gera l h1og1,1fi- golden army) têm documentários de making-of que
c.1 J e um dos rna iore~ di reto res d e faro este e está enfatizam os mon\lro, usados em cada um deles.
no DVD de um dos se us clássicos, Sete hom ens sem O ;cgu nd o filme contou com 32 tipos de momtro,,
destin o (Sr ven m en from now) . Out ras di scussões criados com umJ ampla gama de meios, desde bo-
iJ1teressante s sobr e faroeste apa1·ccem em "Sir Chris- necos e figurinos elaborados até criaturas criadas
tophe r Frayling on 771 e 111ug11ifi
ce111seven" e "Leo ne's por compu tação gráfica.
wcsf:
Em "/\ n ep ic explorcd· : o direto r James Man gold Mus icais
fala sobre a filmagem de Os indomávei s (3:10 to
Yumn) cm uma época em que faroe stes eram raro s. "Musicai s great musicals: "lhe Arthur Freed una
O mesmo disco con tém um doc umentário curto, at MGM", q ue faz parte d o DVD <le Cantando w1
mas com muitas info r mações sob re a produção do chu va, cont a a his tó ria da época de ouro da produ-
film e, o que inclu i tópicos p ou co d isc uti dos como ção musical no es túdio qu e também origmou O
um a arm a que d ispara balas de poeira para simular m ágico de Oz, A roda da fo rtuna, Agora seremos
d isparos de arma s de fogo. Os três documen tário s felizes e outros clássicos. Tre chos dos mu s icais da
sobre Ern uma vez n o oeste (O nce up on a time in MGM, feit os nos primeiros an o~ da pro dução so-
the west) acaba m se ndo, na rea lid ad e, um making- nora, fazem desse suplement o uma pesqu1~a h1,tó-
of de m ais de u m a hora . Ou tr os dir etor es ana lisam rica exe mplar. O DVD também conta com u m su-
o estilo de Leon e e h á uma d is c ussão be m am pla pl em ento charmoso , chama do "Wh at a glorious
sobre o Iugar do fiIme no gêne ro. feeling", do maki ng-of de Cant ando na chuva.
"Mo re loverly than ever : My fair lad y then and
Filmes de ter ror n ow" é um documentário de 1994 que trata não
ape nas da história do filme, mas também de su a
"[nside th e labyr inth': ain da que seja um m aki ng- restaur ação, m ostrando como o filme foi produzi -
of de O silêncio dos inocentes , c on ta com uma dis - do oo fin al de tun ciclo de ada ptações, com grandes
c ussão cons iderável sob re a cla ssificação do filme or çamen tos, d os musicais da Broadway.
co m o terr or o u s us pe nse . Da mesma fo r ma, o O supl em ento "Behind the music", de Os emba-
makin g-of "Beh ind Lhe sc ream ": de Pânico, d isc ute los de sábado à noite, discute as inovações do fi.Jme
as conv enções do filme d e terr or . altam ent e p opu lar, o que inclui as personagens p rin-
Um pequ en o film e sobr e O be/Jê rle Rosem nry c ipais qu e d ançam, mas não can tam. Ele mos t ra
apresenta um deba te so bre o film e, "o m aior filme co m o um sub gê ne ro musical, nesse caso or iginado
de ter ror s em te rror •: ate ntando para a falta de da bre ve tebre de disc ot eca vivi da nos anos 1970,
efeitos especiai s e sua depend ência da suge stão em pode pa ssa r por um ciclo de s ucesso e frac asso
vez de exibição explícita dos ele m entos mons truo - igualment e repen t iJ1os.
sos do filme . Em "The ni ghtclub of you r dr eam s: The maki ng
Provavelmen te, o suple m ento em DVD mai s ex- of Moulin Rouge!", Nicole Kid m an fala sobr e can-
tenso sobre um filme de terror é "The makingof tar ao vivo durante a filmagem em vez de usar a
Thef right eners•; um doc ume ntá rio d e quatro hora s dub lagem t radicional da m úsic a gravada . Esse s u -
e meia , diri gido p or Pete r Jackso n, que trata de plem ento co nta tamb ém com wn título sobr e co-
lodos os aspec to s d a pro dução , inclui n do um tour reografia.
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10 CAPITULO
Docu111e11tários,
filmes experimentais e
animações
Documentário
O que é um documentário?
sobre ,eu lt'm,1. :-.k,mn que ti c1nc',l\t,1 peça para 11 f,1zcndc iro csper, tr
u m monwn t,, cnqu,\ntl, o llpcr,1dor de d mcrn cn q uat lr,1 ll pl,1110,o filme
~ugerc qu,· ,1 v1s1t,1m,1t1nal do f.11cnJ c1ro .w c,unpo sc1<1parte Jd su.1
ro tin a di.ina. e e c, sa sugest,in qu..-e c'l\lt·nJ 1d a .:orno i.:nn fiavcl
O, d,1eumc ntanns sáo u m l1po de hlm..-qm: ,e• ap , cscnta rnmo lav
tu,1lmentc co ntí.ív..-1 ,\ in,fa assim . 11c·1n todo Jo.: um c ntàrin pode se pro
,.ir co n tí.l\"d. Ao lu ngo J .1 h 1stn n ,1 do ,mc m.1, m u itos do rn me ntá 110s
foram ac u sad os de sei Imp recisos. Uma d,\s co nt rovfrs 1as envo lveu Ro-
ga e ,·11(Roga ,111d 111,·).de 1\lichael t'>loo rc. O lilme aprese nta, cm sequên -
cias que vão d e tr is tes até absurda s, a reação da popu lação de Flin l,
;\lichigan , a 11masé rk dt' demi ssões na s fábri cas elaGe nera l Mo tors, na
década de 1980. Grand e part e do filme mo stra o s es forços 1m'.itcis do
govern o local para res taurar a economia da cidad e. Ro nald Reaga n faz
uma visita , um evan gélico da televisão realiza um grande co m,cio , t' o
governo da cidade lança campanha s de nova~ co nstruçõe s ca ra~, incluin -
do o Aut oWorld , llln parque temático fechado com objetiv o de atra ir
turistas para Flint .
Ninguém contesta que todos esses eventos tenham ocorrido . A con -
trovérsia Sllrgiu quando os críticos afirmaram que Roger e eu leva o
público a crer que os eventos ocorreram na ordem cm que são mostrado s.
Ronald Reagan visitou Flint em 1980. o evangélico da TV cm 1982, o
AutoWorld foi inaugurado em 1985. Es ses evento s não poderiam ser
respostas aos fechamentos das fábricas , mostrados no início do filme,
pois os fechamentos tiveram início em 1986. Moore , segundo os c ríticos.
alterou a cronologia real para fazer com que o governo da cidade pare -
cesse ridículo.
A defesa de Moore é discutida em "Daqui para frente" no final deste
capítulo. O que importa para nossa discussão, no momento, é que seus
críticos acusaram o filme de ap resentar informações oão confiáveis. E,
ainda que tais acusações fossem verdadeiras, Roger e eu não se transfor -
maria em um filme de ficção. Um documentário não conli:ível ainda é
um documentário. Da mesma maneira que há notícias imprecisas e en -
ganosas , h:í também doc um e ntár ios imprecisos e enganosos.
Um documentário pode assum ir uma posição, afirmar uma opinião
ou defender uma solução para um problema. Como veremos em breve ,
os documentários utilizam a relórica para convencer o público. Mas ,
novamente, simplesmente assumir uma posição não torna um documen-
tário uma ficção. Para nos persuadir, o cineasta exibe evidências, e essas
evidências são apresentadas como tatuais e confiáveis. Um filme docu-
mentário pode até ser exrremamente partidário, mas, como se trata de
um documentário, ele será apresentado como provedor de conteúdo
informativo confiável.
Tipos de documentário
Forma categóri ca
atletas
• e os países. Pos tcrinr111e111
c• eh• l11Ull~"• dn"i • 1o um c1.1ma com
, ,ininl
mais tensüo dramútil:a
_ · 1ua 1men 1e, pergun-
,to ÍOLar alguns· ,itktas . ind 1v1l
tando se dcs tcrao sucesso cm •seus• eve nto •s• l'o r 1-1111, na sequ ê nc1 .a de
111ergulh0 no final. n0vam entc nfo há difcrenc ,adci
, T'
Clllre os par1-1c1pan-
•
tes. e.a beleza abso
. luta do·. evento
. domina• • A« · , Ricrn
.,.,1111 11.ns·ta hl at inge seu
objetivo temáhco de cnlal1zar a cooperação intrrnadonal incrente nas
Olimpiada,.
Como a forma categórica tende a se desenvolver de maneiras bastan
te simp les, ela corre o ri sco de entediar o espectador. Se a progressão de 10.6 - F1lmadoscontra
océu,osmergulhado-
segmento para segmen to depender muito de repetições ("l: aqui está 1esno finalde0/ymp,a,
Parte2,!ornaram-se
fi-
gurasaladasemvezdecompetidores
1ndiv1dua11.
outro exemplo ..:') , nossas expectativas serão facilmente satisfeitas. o
desafio do cineasta que usa a form a categórica é int roduzir variações e,
com isso, fazer com que ajustemos no ssas expecta tivas.
Por exemplo, o cineasta pode escolher uma categoria que seja exci-
tante, ampla ou incomum o suficien te para apresentar várias possibili -
dades de estimulo do interesse. As Olimpíada s têm wn tom dramático
característico pelo fato de envolver uma com petição, e um potencial de
beleza pela maneira como as apresentaçõe s dos atle tas são filmadas. Para
o filme que fornecerá nosso principal exemplo, Gap-toothedwomen, Les
Blank escolhe uma catego ria bastante estranha, o que vai provocar inte -
resse, e suficientemente ampla, para que vários tipos de mulheres possam
se encaixar. Assim , as entrev istas com rostos em prim eiro plano do filme
apresentam uma grande quantidade de pontos de vista diferentes.
Outra maneira de mant er nosso interesse nos segmentos do filme é
o uso padronizado de técnicas de cinema. Nosso filme sobre borbol etas
pode se concentrar em passar informações sobre os tipos de insetos, mas
também pode explorar as cores e os formatos dos vários espécin1es para
criar um interesse visual abstrato. A seq uência de mergu lho no final de
0lympia é famosa por sua des lumbrante sucessão de imagens de mergu -
lhadores filmados de todos os ângulos ( 10.6).
Por fim, o filme categórico pode manter o interesse pela combinação
de outros tipos de forma. Enquanto no geral o filme é organizado em
tomo de sua categoria, e le pode incluir narrativas em pequenas propor -
ções. Em um determinado momento, Olympla seleciona um atleta, Glen
Morris, e o acompanha ao lon go das etapas de seu evento, porque ele era
um atleta desconhecido que inesperadamente venceu o decatlo . De ma -
. seme lhant e, o cineasta
ne1ra . po d e assunur
. · um ponto de vista sobre . o
assunto e tentar criar um ponto ideológi co sobre ele, inseri nd º as5 im um
pouco da forma retórica no filme. Veremos que Les Blank sugere que •rodao históriadocinemahaviasidoretrotar
r • f1 te o precon ceito da socie- coisas eninguém
extroordlndrios tinhasentido
tratar dentes separados -como um d e1e1to re e tantasegurançaemolharflii'ºvidaemsie en-
dade sobre o que constitui a beleza. d contraroextraonflndrlo
noordlndrio.
•
• , · mas os cineastas po em
A forma categórica é sim ples em pnncip i0 •
l os como Gap-toothed - AlbertMaysles
, cineasta
dedocumentários
usá-la para criar filmes interessantes e comp ex '
wornendemonstra.
No original, "'lhe wlfe uf bath k.newmuch aboul w,1ndrringby lhe w 3y. She wn, gdp· 10.11 Otitulodofilme~
sobrepostoemuma
cenadeJardim
tootheJ. 10 tell lhe 1ru1h
0
d~ 1'.l
(:-.
10.15 - Umalindamulherpreocupada
com
10.16 - Umajovem selembrade brincadeiras 10.17 - ..e umafotodobonecocomo espa-
suas1mperfe1çóes
físicas.
e de sercomparada
ofensivas a Howdy Doody.. çamentoentreosdenlesaparece,seguidode...
C. Crédito,.
1. Um titulo de prólogo apresentando o assunto do filme.
ndor
• cm 'thnmas ChJlmcr~. um harhnno •1·• ,e ,l se 1r,1011.1
, , llJ"r · do exat,1-
menlc por essas qualidades.
Lorcnt1se a1t"J11,lll
.falo de que a. trilha sonur·i
· , pode dcs. per • 1ar cmoçocs.
-
Enqu,111to vemos os nos Cl\p,mdmdoconforme s.· unem, 0 comentário
dn n,1rrndoresi,í distn11tcdo 10111l,tlual e scrn da m,iioria dos <locumen
t.lrios.As sentenças possuem um ritmo urgente: ''Abaixo do Ycllowstone,
0 ~lilk. o White e Cha}rcnnc... o Cannonball, o Mussclshcll,0 James e 0
Sioux·•.Essafamosa chamada dos rios, que lembra as listas que eram tema
da poesia de Walt Whitman, evoca o poder e a grandeza da terra. A emo-
ção 1arnbémé estimulada pelo extenso repertório de música Jolk com-
posrn por Virgil 'l hompson. Assim, o filme adota um tom ufanista 0
tempo todo; isso apela para os sentimentos patrióticos do espectador e
insinuaque o problema de uma região específicaé também problema de
todo o pais.
O segmento 2 estabelece uma situação idílica, com suas lindas paisa~
gens de rios e montanhas. O desenvolvimento geral do filme parece
concordar com a restauração dessa beleza, mas com urna diferença. Com
o segmento 3, nós caminhamos para a seção do filme dedicada aos fatos
da história americana relacionados ao Mississippi e aos problemas que
ele causa. O segmento 3 começa de maneira bastante semelhante ao 2, 10.29-O riocriao contrasle entreuma
grafico
com a imagem de nuvens. Mas agora as coisas começam a mudar. Em carrlola ...
vezdas montanhas que vimos anteriormente, vemos tropas de mulas e
seuscondutores. Novamente a voz do narrador começa a listar: "De Nova
Orleansa Baton Rouge... de Baton Rouge a Natchez... de Natchez a Vicks-
burg". Essalista, de certa forma, conta a história dos diques construidos
ao longo do Mississippi para controlar as enchentes na época anterior à
Guerra Civil.Assim, a confiança e o conhecimento do narrador são con-
firmadospelas datas e pelos fatos históricos do país que ele nos fornece.
Vemosfardos de algodão carregados nos barcos a vapor, o que ilustra a
força precoce do país como exportador de mercadorias. O corte brusco
aqui,corno em todos os outros pontos no filme, evoca a energia e a ousa-
dia americanas. A descontinuidade gráfica sugere tanto mudança quan- 10.30 - ...e umarado.
to continuidade. Um exemplo é o corte que Lorentz faz da imagem de
wna carriola cheia de lama ( 10.29) para um arado puxado na direção
oposta ( 10.30). Os diferentes movimentos sugerem uma mudança na
tecnologia, mas suas similaridades sugerem uma conexão entre a cons-
trução de um dique e O cultivo de algodão. As composições dinâmicas
têm uma função semelhante. Um exemplo é o ângulo oblíquo que mos-
tra os trabalhadores carregando os fardos de algodão em um barco a
vapor (10.31). A composição desequilibrada, acompanhada pela alegre
músicado banjo, faz com que os fardos pareçam estar rolando para bai-
xo praticamente sem esforço.
Até aqui, 0 filme seguiu sua proposta inicial de contar a história do
ro inclinado emOrio.
10.31 -U mquad
rio. Mas,no segmento 4, ele começa a introduzir os problemas que a TVA
,.,,.,, dr,lt Ull 11,,,f'I\ 'l'I trl •III"' d,· 1,·1111\ l'\l'II""'· ·" kt r.1, t'\1(01,
,d,li
• 1 i 1111 ,. ,1, 1"'"'"1' 1111\'"'•" .1 1111111,11 p,11,1
o or,le ()
pd,, \U 1'"'' '\1 ., l-t4 ''
11\' , "' t,111 n1,111,111·11!1
·, 1·i' ,1111v11i.11tvn N,1, 1111,111c1i,de
l11111 111111,11',,1 111
, 1,, t,, 11 1,111111,11 ,1111t'li1m ,,11,.1,h.ts<'.ld,1 crn unn
l'l'''''·'' ,•,npo111\, 1, , • 111 11 1
,olução, pelo fato de até agora ter sido efetiva para tratar de um proble -
ma. e tida como a solução. Ainda assim, cm retrospectiva, não é certo
que a serie massiva de represas criadas pela TVA fosse a melhor solução
para a inundação. Talvez um plano menos radical combinando o reflo-
restamento com a agricultura voltada para a preservação tivesse criado
menos novos problemas (como o deslocamento das pessoas das terras
inundadas pelas represas). Talvez os governos locais, em 1•ez do federal,
solu,io11assem o problema de formas mais eficientes. O rio não se preo-
cupa em refutar essas alternativas; em vez disso, ele se vale de nossa
habitual dedução do problema até a solução. 10.43- ...paramostraia cidade-modelo.
O segmento 9, ao mesmo tempo, é diferente e parecido com as diver -
sas partes anteriores . Ele começa com uma lista de represas que vemos
em andamento ou finalizadas. Isso retoma as listas de rios, árvores, cida-
des, entre outros. que ouvimos pausadamente. Os planos seguintes que
mostram os lagos artificiais são mais serenos e relacionam o final ao
inicio, retomando os planos lír icos do rio do segmento 2 (10.40 ). As
pessoas desempregadas, desalojadas e vít imas de enchentes do segmen -
to 6 aparentam estar alegremente no trabalho, construindo cidades -
modelo planejadas com empréstimos do governo. A eletricidade gerada
pelas represas relaciona essas comunidades rurais às "centenas de muni -
cípios e milhares de cidades" sobre os quais ouvimos antes, trazendo à
zona rural "as vantagens da vida urbana". Muitos tema s estabelecido, de
unia maneira simples são, agora, retomado s e tecido s em conjunto para
agir como provas dos benefícios da TVA. O encerramento mostra uma
vida parecida com o que foi apresentado no início - natureza bonita e
pessoas produtivas-, co ntudo melhorada pelo moderno planejamento
do governo. Os segme ntos intermediários do filme não mostram as cenas
pitorescas das montanhas e do céu como vimos no início. Mas, após a
introdução da TVA, tais planos retornam (10.41 - 10.43). Ligando o final
ao inicio, as imagens mostram um retorno à natureza idllica, sob a pro-
teção do planejame nto do governo.
11111, de '>uh tt·Jrich, uma lmtória de uma freira que descobre sua ~e
,u,1hdade,.1prl',<'nt,1o tem,, da libertação do compromisso religioso. o
1cJstaexpcnmcntal pode bu,car passar um estado de espírito ou uma
qualidade11,1,a(10.44, 10.45).
O .:mea,ta também pode desejar explorar algumas possibilidadesdo
proprio meio cinematográílco. Os cineastas experimentais improvisa-
ram com o cinema de inumeras maneiras: apresentaram as alegoria~
.::o,mi
cas, como o Dog stnr man, de Stan Brakhage,e piadas altamente 10.47-
Graçasàcomb,naç.ãodt ,magens.sons
r~,soais,como Little stabs 111happiness,de Ken )acobs. Fislfight, de Ro e legenda s dt RameremF,lmabourII wam11n
bcrtBreer,experimenta com planos de apenas um ou dois quadros(6.127); who..., oespectador l deixado hvreparaimaginar
cm contraposição, os planos de Ent, de Andy Warhol, continuam, até a divtrsas
histórias
poss íveis.
,.imera ficar \Cm filme. Um filme experimental pode ser improvisadoou
mado de acordo com um plano matemático. EmEiga-wke (Pickledfi/111),
o nipo-americano Sean Morijiro Sunada O'Gara aplicou substâncias
usadaspara conserva no negativo do filme e, usando a mão, marcou as
abstraçõesmanchadas na película positiva.
O cineasta experimental pode não contar nenhuma história, criando
devaneiospoéticos, como o filmede Willard Maas Geograp/Jof y the úorly
(10.46),ou desenvolvendo colagens visuais pulsantes, como em Balé
mecânico(Ballet mécnnique),que servirá como um de nossos princ1p.w,
exemplosaqui. Pode também criar uma hbtória licc1onal,mas isso nor•
malmentedesalia o espectador. O Film 11/10111a woman w/Jo.... de Yvonne
Rainer,apresenta sua narrativa parcialmente através de vários slidesque
umgrupo de homens e mulheres está vendo. Ao mesmo tempo, na tnlha
sonora, ouvimos vozes anônunas dialogando, mas não podemos atribuir
seguramente nenhuma voz a uma personagem especílic,1.Raincr,assim,
nosforçaa avaliar tudo O que vemos e ouvimos em seu~próprios termos,
sem nenhum envolvimento com as personagens (10.47).
Qualquer tipo de filmagem pode ser mado em um filme de vanguar-
da. As imagens que um documentarista considera como fragmentos da
realidadepodem ser usadas para fins bastante diferentes (10.48). Bruce
Con ner retira filmagens de viagens e noticiários para criar uma imagem
abrangente da destruição da civilização em A movie (pp. 572•9). No modo
experimental, esses trabalhos que exigem busca e compilação frequen-
temente são chamados de filmes com found-footage [filmagens encon-
tradas].
Os experimentalistas também utilizam encenações para expressar
ideias ou sentimentos diferenciados ( 10.49). Através da sobreposição de
diferentes partes de uma cena tirada de um filme de ficção, o filme de
Ivan Galeta Two times in one space(Dva vremena ujednom prostoru) cria
ciclos de pessoas se dividindo o u se deslocando como fantasmas. Há
também as animações de vanguarda, como Fuji (pp. 589-91), de Breer, e
Tappytoes,de Red Grooms ( 10.50).
A liberdade possível nos fi.lmes experimentais é claramente visívelem
Scorpiorising,de Kcnneth Anger. Anger esco lhe abordar a cultura das
motocicletas da década de 1960 e inclui cenas dos motociclistas traba·
lhando em suas máquinas , vesti menta, festas e corridas. Juntamente com
Ba• as filmagens dos motocicli stas vistos nas ruas ou em festas, há muitos
10.◄8 - Lovtriflcalnstrta,deGlanfranco
ruchello
, procura
porquad1os de an1igo1
filmes incidentes ence nados, principalmente sobre Scorpio, uma figura seme-
paracriarumfllckermmpelajustaposição de
lhante a James Dean . Anger também intr oduz fotos estáticas, tirinhas de
planosIncluindo
lelefones
quad rinhos, filmes ant igos e pôs teres nazistas. Além disso, cada segmento
é acompanhado por uma música de rock-and-roll que adiciona um tom
irôni co ou sinistro às imagens. Por exemplo, conforme Wll jovem equipa
sua moto de modo fetichista, Anger mostra a imagem da morte aproxi-
mando -se dele ( 10.51) e na tril ha sonora ouvimos: "Meu namorado está
de volta ... e ele está vindo atrás de você". Essa sequência relaciona o mo·
tociclismo ao desejo de morte, uma ideia que retorna nos cartuns e em
outras imagens. Assim, Scorpio rising cria associações vagas, mas pode-
rosas, que sugerem dimensões homoeróticas na cultura rnotocic . 1·ista'
compara seus rituais com fascismo e cris tian ismo e indica a possibilida-
de de as pessoas modelarem seu compor tamento com base em jJUagens
fornecidas p ela mídia de massas.
umbreveplanodosuten-
10.70- Balémecdnico: 10.71 - EmBolémecânico,
asformasemespiral
sillos
decozinha
. parecemcongelaros movimentos giratórios
que
constitufram
grandeparte dofilme
.
10.74- EmBa/tm,olnia).bm-,s•ltmçoe
da composição
fazemumrosto·concordar:
10.73-As formascriam
umcontmtegr~fico
emBalémealnico
.
l'Theelnenth moon
Storksfütlessly
'>tandingtn a row)
.
A, 1magen, de Kakei são, de alguma forma, secretas, e o propós1I O
ao
ncher
conecta las é lambem misterioso. Ainda o~sim,se desejamos pret
, Jan111,1s
c,~11 (011\ nossu im,1gin,1ç.10,
como supost,iment,: ,,. Jcve f.17.er
col11o /1111k111
, o rcwlt.ido deve ser 11111c,tado 1k cs.p1ritoque evoca a
11uit'ludc de outono, talw, um lra\o tlc mdanwli.1. Esse tom não est,i
presente 11,1111,1ou n.1sLcgnnhas, mas n:sulta tia 1u,1apos1çãndas duas
imagcn,.
Até o momento, olh,1mos para a forma associativa íuncionando em
um nível de escala hastantc pequeno: a JUStapus1çãode imagens lado a
lado. A formoassociativa t:1mbém cria padrões cm larga escalaque podem
organizarum filme inteiro. Pelo fato de os sistemas formais de associação
serem ilimitados cm seus assuntos e meios de organização, é impossível
definirum conjunto convencional de partes em que um filme associativo
se adequaria. Alguns filmes nos mostrarão uma série de imagens agra-
dáveis,enquanto oulros podem nos oferecer algumas assustadoras. Ainda
assim, podemos começar a entender a forma associativa ao observar que
normalmente ela está de acordo com alguns princípios gerais.
Primeiro, o cineasta normalmente agrupa as imagens em conjuntos
maiores,e cada um cria uma parte unificada e distinta do filme. Cada
grupo de imagens pode, então, contrastar com outros grupos de imagens.
Esseprincípio de agrupamento também é visto na forma abstrata, como
nossa análise de Balé mecdnico mostra. Segundo, em outros tipos de
forma,o filme usa temas repelidos para reforçar as conexões associativas.
Terceiro,a forma associativa é muito convidativa à interpretação, à atri-
buição de sentidos gerais ao filme, como é o caso das explicações am-
bientalistasde Koyaanisqatsi.
As conexões associativas em pequena escala, as partes distintas em
grande escala, os motivos repetidos, as dicas para interpretação, todos
essesfatores indicam que a organização associativa impõe demandas ao
espectador. Essa é a razão pela qual tantos cineastas estão buscando
expandir as fronteiras do uso de padrões associativos da forma. Embora
a forma associativa possa usar justaposições originais, surpreendentes e,
até mesmo, enigmáticas, ela ainda pode provocar uma ideia ou emoção
bastante familiar. O ponto explicitado por Koyaanisqatsinão é particu -
larmente delicado ou novo. Como em muitos filmes associativos, seu
propósitoé fazer uma emoção, ou conceito familiar, ser vivida através de
novas imagens e justaposições inovadoras.
Outros filmes associativos são mais complexos e evocativos. O cineasta
não necessita nos fornecer pistas óbvias para conceitos ou qualidades
expressivas.Ele pode apenas criar uma série de combinações incomuns
e surpreendentese deixar que nós encontremos suas relações. Por exemplo,
Scorpiorising,de Kenneth Anger, associa explicitamente os grupos de
motociclistasa grupos religiosos tradicionais e à violência nazista, mas
tambémsugere, mais ardilosamente, que os rituais e as prerrogativas do
grupo possuem aspectos homoeróticos. Como outros tipos de filme, a
formaassociativapode oferecer significados implícitos ou mais explícitos.
Seg111e11to
2 - Embora ;1mu~ica toque con1mu,1men1
e dur.inic a tran,,
ção. no segmento 2, começamos a ver um tipo de imagem b~stante dift
rente. Uma séne de 12 planos nos mostra índ10, montado\ em umi
colina, depois perseguindo um vagão de trem que passa rapidamente,
sendo possívelreconhecer Hopalong Cassidy como um dos caubó1s. Mal
sequências de filmes antigos são exibidas. Dessa vez um cl1pesugerindo
uma história que continuará de plano a plano: uma luta enlre índio\ e
colonizadores. Mas Conner nos mostra essa cena apenas para se referir
brevementeao tipo de filme convencionalque ele não está fazendo( t0.76.
10.77). A associação aqui parece suficientemente clara; vamosde cavalos
para mais cavalos, todos cm acelerado. A próxima mudança. que vai
mostrar imagens da cavalaria, confirma essa associação entre veiculo.
puxados por cavalos.
Segue-se um plano tremido de um elefante sendo agredido. Agora
precisamos expandir nossas associações para explicar isso, talveza liga
ção seJa feita através de uma série de animais se movendo rapidamente.
Pareceser seguro assumir isso, já que vemos mais dois planos de perna,
de cavalos correndo. Mas o próximo plano mostra as rodas de uma lo
10.76 - EmAmov~ . d, U'11plano~ u,al~
galopanltsltVindo
umau110<a , Conntrcona comotiva ganhando velocidade. Devemos generalizar os termos daa,
para
... sociaçào ainda mais - o rápido movimento dos animais e veiculo,na
terra, (A ideia de "na terra" pode não parecer importante nesse ponto.
mas irá se tornar significativa no contraste com os segmentos posteno
res, que frequentemente enfatizam o ar e a âgua.) A próxima séne de
planos, repetindo esses motivos e introduzindo um tanque militar,P3
rece confirmar a ideia geral do movimento acelerado.
A montagem de Conner cria o efeito de uma massa acelcrad~de
atividade através de uma simples convenção: direção comum da tela.Os
animais e veículo~se movem da esquerda para a direita, ou vêm direta
mente para a câmera, cnando planos que são reunidos na continuida~e
10.77- ...cavalos
parecidomas s, agoralmn tradicional (l0.76, 10.77).O efeito é sugerir uma pressa colossal em d,
doumcanodocorpo dt bombtlro ,ms umarua reção ª um único objetivo. A impossibilidade dessa Justaposiçãoé
diver·
daódadt
ti'da, mas também sugere que os seres humanos, os animais e as máqu1·
nã(Ir umix11ero.
"Anim<l(d.J r ummr1e1 { r,~fr
o /1/ 111r ele,111i11111
çi 10
t\PftSWquJlqur,Qt'nrro. qutn111m,1/
Attr,i<to
menttos,....
,""'"' 1U/>flt1mam.fio,,e,umma A n1.1
in, "' do, dn n 1n1cnt,ul o, ,. hlm,·, dt· 11<\ii" fotog rafa pessoa~ e ob.
d<\dfl't'\tt /'cltaman,a, ,ctus em t•,p.i ~n, trid imc11,i o n,11, ,•m 1.1111,
lidot111trou110mr10 rnho r,·al. Como vimos, a Ve-
l<l(om
tffl qut il> Põ•<'<II 111~.• l,,<1<huk p.idrnn ,k g1,w ,1~,i11p,11,1 l,11, hlm,·, qu t· utilizam tomadas 1/ive.
,nl Hlll 11orm,1l111
1 ,· . r nt1.\de 2'I qu ,1drn, por segu ndo.
- BradB1rd.d1reto1,
Osmcr11'tl<
( Thtmar ç,i,•, ,e d ilrr <."
/\s ,111111111 nd ,1111de filmes co m tom adas no mundo pelo
dil>lts)
t ipo de tr,1b.1lho 1Nlil;1do nn c, tágio de p rodu ção.
Em vc, de filma rem continuamente uma ação em andamento em
tempo rea l. os a1111na clorc , criam uma séri e de image ns filmando um
qut1dro d1. • cad,, vez. Ent rc a expo,içâo ele cada quad ro, o animado r muda
0 sujd to send o fotografado . Patolino não exis te para se r filmado, mas
º·..•..
10.93-U mpássaro
quase
abstrato,
masre<o• 10.94 - Asaventuras
doPríncipe
Achmed (Oíe 10.95 - Obje
tos domésticos
realizam
uma
nhecível,
entalhadodiretamente
na emulslo desPrinzen
Abenteuer , 1926). 0 prime
Achmtd iro dançacómica
emFran
kll/m.
pretaemBllnkety
blank. longa
-metragemdeanimaçJ
o.
10.97- EmOes11o
nhomundo
deJodr(lhen,ghtmo
rt befa,e(hosrmos
),uma
lentativa
decombinar
Halloweene Natalacaba de maneir
a des.istrosa
10.96 Umaglomerado degalinha
sdeplasllclnaemAfugadasgalinhos
kenrun)recrbeumalluminaçao
((h1r hollywoodlana.
10.99 - Umelaborado
padtao
gerado
porcompulador paraLap/s.
•umavez umgarotode6anosdeIdadeprotestou
quando eufuiapresentado
aelecomoahomem
quedesenhava oPernolong
a:'Elenaodesenha!
doPernatonga'!'
Elefozret,at01
-C huckJones
, animador
10.101- EmPrlnresaMononokt,
cinco
partesdaImagem
(a grama
eaftoresla
.
0 cam
inhoeaslinhasdemovimento,
ocorpo
doDeusDemônio,
osombieamen-
10doOmDemônio
e Ashilaka
parlindo)foramunidaspo,computador,
resul
•
tandoemmovimentos
maiscomp
lexos e suaves
doquea anima(~º
porcélula
na.
resulta
apenas qu,itro planos singulares, trés do; quais 1•émem rápida sucessão
110
linal. A rnaior parte do cartum consiste em um único plano longo e
i.:onlínuo, 0 cquiv,1lcnle de um plano longo na anunaçào. Ainda assim,
0,
i.:cn,lnos e as situações mudam rapidamente conforme o pincel e 0
lnpis transformam a imagem e Patnlino ,e move para dentro e para fora
do quadro. Frequentemente ele apa rece contra um plano de fundo com.
plctmnenle br,uico ( 10.107). Tais mome ntos enfatizam o fato de que, na
animação por célula, as imagens e os planos de fundo são camadas que
10.107 -EmDuck amucA, estápreso podem facilmente ser fotografad as separadamente. Em Duck amuck, 0
Patohno
semplanodefundooutnlhasonora. único espaço certo é o próprio quadro - uma qualidade bastante dife-
rente dos locais claram ente deli nid os aprese ntados nos cartun s mais
convencionai s.
De maneira semelhan te, o fluxo temp o ral se to rna distorcido confor-
me Patolino entra e sai de situaçõe s diegéticas, começand o um a trama
possível apenas para que ela seja interrompida pelo anim ador misterio-
so. Patolino continua supondo que ele está no início do cartum , mas o
tempo está inexoravelmente passando lá fora, no próprio cartum Duck
arnuck.(Tradicionalmente, os cartuns têm aproximadamente sete minu-
tos para caber na seção de cur tas dos programas das casas de cinemas.)
Em um momento depois da metade da animação, Patolino grita: "Tudo
bem! Vamos começar este filme!". Imediatamente um título "Fim" é exi-
bido, mas Patoüno o empurra para o lado e tenta assumir o comaado:
"Senhoras e senhores , não haverá mais atrasos, então devo tentar eatre-
ter vocês da minha própria mane ira inigualável ': iniciando um número
de sapateado contra o plano de fundo vazio.
Duck amuck também joga com o espaço no campo e fora de campo.
Muitas das impressionantes transfo rmações que vemos vêm de fora dos
limites do quadro. Mais importante, o animador desconhecido ocupa o
espaço a partir do qual a câmera fotografa a cena, com o pincel e o lápis
vindo de baixo da câmera. Patolino entra e sai frequentemente e o qua-
dro geralmente se move para revelar o u ocultar novas partes do cenário.
Quando o som é totalmente silenciado, Patolino pede que ele volte
(10. 107), e, então, ouvimos um som estridente, como se viesse de um
gramofone cm algum lugar de fora do quadro tocando um disco gasto.
Esse gramofone não visto fornece so ns in apropriados - uma metralha-
dora quando Patolino toca a guitarra, um zurro de burro quando ele a
quebra - , o que é urna piada elab orada sobre o fàto de, nos filmes de
animação , 0 som nunca ser realmente produzido pelas personagens e
objetos vistos na tela.
. A piada mais espetacu lar envo lvendo o espaço além dos limites da
imagem ocorre quando a parte super ior do quadro parece desmoronar,
10.108 - EmOud: omuck lurapara escorre nd o sobre Pato lino como um xarope preto (10.108) . Por um rno·
, Patollno
preser'lar
umpoucodees~o enquanto Oquadro mento, temos a situação contra ditó ria de ter o espaço que sabemos que
desmoronasobreele.
deveria ser invisível fora do quadro , repentinamente visível na tela.
RESUMO
Bill Nichols fornece uma visão geral dos tipo~ de (Blooming to n, Ind iana Universit)' Press, l99L), ex-
d oc umentário s e das questões relacionadas a eles p lora essa qu estão. Cons ult e também Theorizing
em seu Introdução ao dornmentário (C ampinas, documl'lltary,de Michael Renov (ed.) ( o,•a York,
Pap1rus , 200 1). Para a história do documentário, Routl edge, 1993), os e nsaios d e Noe l Carrol! e Carl
A criticaihistory, de Richard
veia Non fictional ji/111: R. Plan ti nga em Post-tlieory: Reconstructingjilm
Mcran Barsam , rev. ed. (Bloommgton , Indiana Uni- st11dies,d e Carrol( e Davi d Bo rdwell (eds.) (Ma-
versity Press , 1992), e Dornmentary: A historyofthe d ison , Univ ers it y ofW iscon s in Pre ss, 1996), Rhe·
011-fi
11 de Erik Barnouw , 21 cd. (Nova York,
ji/111,
ctio11 toric 1111dreprese11tatio onfictio n film de Plan-
11in 11
Oxford University Press, 1993). tinga (Ca mbrid ge, Ca mbridg e Univer sity Press,
Grande parte dos traba lhos con tem p orâ n eos 1997), e art of documell·
e Tl1e search f or reality: T11
sobre documentários tratou de diferenciar esse g, de Mich ael Tobias (ed .) (Studio
aki11
tary film 111
g reality,de Bill Níc hols
mod o d a ficção. Represent111 C ity, CA, Wiesc, 199 7).
1•.11,1 estudo, so bn· '" dnc,1-ta, dt• do,um,·n hém que reorganizar os eventos fez com que o fil-
1,hios lustmirnmcnlc mni~ iinport.1111,•s,v,•ja '// 11 me lirns,c mais divertido e permitiu que ele con-
//tmrplrr,')"/,·111111,gsn-,11/n,de Kcv111Jackson (cd.) densasse uma década cm uma duração de exibição
(Ma11che,Lcr, F11gl,111d , C.1rc,111c ji,
1, 199J), H,·crlity manejável.
1u111s, '/lrr Jilms 1~ Fredrri,k Wls,•1111m, de ·n,omas A polêmica é discuhda em "Rellections on Roger
W.llrnso n e Carolyn Andcr,o n (Carbondalc, Sou- wul me, Michae l Moore, and His Critics", de Carley
thcrn lllinoi. Un lvcrsity Prcss, 1989), /o/1/JGrlerso11 Cohan e Gary Crowdus, na revista Ciru!aste,17, 4
,d 1/,e11e1
111 l1onrd:71,e rwlitics of wC1rti
1/01wlji/111 111e ( 1990), pp. 25-30. Car l Plantinga considera Roger e
propng1 111ri
11, de Gary Evans (Toron lo, University eu um exemplo de um documentá ·rio express ivo,
ofToro nto Prcss, 1984), Robert J. Flnlierty: A bio- uma tendência que também inclui o traba lho de
grnpl1y, de Paul Rolha (Filadé lfia, Un iversity of Erro! Morris ("Toe m, rror framed: A case for ex-
Penn sylva.nia Press, 1983), Emile de A11to11i
o: Radi- pression in docum entary", in Wide Angle 13, 2 [abr.,
cal fil mmaker i11Cold War Am erica, de Randolph 1991), pp. 40-53).
Lewis (Madi son, University of Wisconsio Press,
2000), e Emile de Antonio: A render, de Douglas Filmes experimentais
Kellner e Dan Streible (ed s.) (Minneapoli s, Uni-
versity of Minnesota Press, 2000). Vis ionnry film: The Americ1111avant-garde 1943- 1978,
Alan Rosentha l apresenta estudos de caso de de P. Adams Sitney, 3 ed. (Nova York, Oxford Uni -
1
vários documentários paratelevisão e cinema, in- versity Press, 2002), Avant-gard efilm: Motion st11•
cluindo Harlan County, U.S.A., de Barbara Koppel, dies, de Scott MacDonald (Cambridge , Cam bridge
em 71,e dowmentary conscíence:A casebook in film University Press, 1993), e A Une of sight: American
making (Berkeley, University of California Press, ava11t-gardefilm since 1965, de Paul Arthur (Minnea-
1980). polis, University of Minnesota Pre ss, 2005), são
bons estudos gerais sobre o cinema e.~erimenta l.
Sobre Roger e eu A antologia Lovers of cinema: The fi rsl Am erican
film av1111t-gard e, 1919-19 45, de Jan- Chr istopher
Em seu lançamento, l<oger e eu foi saud ado como Horak (Madison , University of Wi sconsin Press,
um dos melhores filmes de 1989, ganhando grandes 1995}, trata de um períod o anterior , frequentemen-
públicos nos Estados Unidos e no exterior. Ele pa• te negligenciado . Ela contém um ensaio de William
recia ser um grande concorrente para um prêmio Moritz, "Americans in Pari s: Man Ray and Dudley
da academia até uma série de artigos chamar a Murphy''. que examina o plano de fundo de Balé
atenção para o fato de o filme divergir da crono lo- mectl11ico.Scott MacDonald publi cou suas entre -
gia real dos eventos. As principais revelações sur- vistas com muito s cineastas de vanguarda recentes
giram na en trevista de Har lan Jncobso ,1 com o e atuais em sua série em cinco volumes A criticai
diretor Michael Moore ("Michael and me'; Film ci11e11111
: It,terviews with i11depende11t filmmakers
comment 25, 6 [nov,-dez., 1989] , pp. 16- 30). Essa con · (Berkeley, University of Californi a Press , 1988-
versa bem acalorada trata dos diferentes conceitos 2006).
de precisão do documentário. H,\ muitos trabalhos abordando aspectos mais
Quamfo contestado por Jacobson sobre a ordem específicos do cinema experime ntal. O filmefo,md-
dos eventos, Moore co nco rda que "a cronologia footage é discutido em Recycledimages, de William
muda um pouco. É por isso que eu não uso datas C. Wees(NovaYork, Anthology Film Archives, 1993),
e em Foundfootpge film, de Cecil.ia Hausheer e
no filme" (p. 111). Ele alega qúe buseou retra tar a
década de 1980 toda e que a cronologia do filme Chrisloph Settele (eds.) (Luzem, Viper/zyklop, 1992).
Uma tend ência importante no cinema de vangua r-
não tinha a intenção de ser exata. Moore disse tam •
Prcss. 1991),indumdo 111,llcria l sobre M"YªDcren. 2001), fornece breves introduções ,ob re lls princ,
P,ua consultar cns,uos que ,1bor,hu11,1história ,los pai~ an imadore s 1111crna cinn,1is.
filmes cxpenmen 1ai, gerados por compu1ador por Muitos c,tudos históricos se con,e ntram na ,m,.
um de seus primeiro, profissionais, veja Expel'i11J c11- mação de Hollywood, especi,1lmcntc na era dos
taf ci11cm,i111tire • d,g,t,1/ag~. de Mnlcolrn Le Grice curtas produ zido~ pelos estúdio s. Veja Ofm,cemid
(Londrc,,, British Film lns1itu1c, 2001). magic:A history of Amencm, ammated cartoons,de
Muito, dos cineastas experimentai s mencio- Leonard Ma)tin (Nova York, New Amencan Libra-
nados neste livro foram lemas de estudo s. Sobre ry, 1980),e Hollywood car/oons:Americanammation
M:ara Der en , veja Essential Deren, de Bruce R. in ils golden age, de Michael Barrier (Nova York,
McPhe rson (ed.) (Kingston, NY, Docutext. 2005). Oxford Univers ity Press, 1999). Allan Neuwirth
Veja tamb ém 2000 BC: 171eBruce Conner story pari apresenta descriçõe s do s bastidores em Makin'
JJ, de Peter Boswell, Joan Rothfuss e Bruce Jenk.ins Toons: Jnside the most popular animated TV shows
(No va York, Distribu ted Art Publishers, 1999).(Fiel and movies (Nova York, Allworth Press, 2003), que
ao senso de humor de Conner, não há Parle 1.) O trata da era das animações desde Uma cilada para
trab alho de Andy Warhol em várias mídias recebeu Roger Rabbit ( 1988). As obra s a seguir são boas
ext en sa coberturn , mas os livros com foco majs introduções gerais às várias técnicas de animação,
direto no s filmes são Andy Warhol:Filmfactory, de Animation: A guide to a11imatedfil m tecl11J iq11
es,de
Michael O'Pray (ed.) (Londres, British Film Insti- Roger Noake (Londres, MacDonald Orbis. 1988).e
tute, 1989), e Warholfilms, de Ano Abrahams (Ams- ·n1eanimation book, de Kit Layboume (NovaYork,
terdâ , Rongv,•rong, 1989).Veja também Anger: The Three Rivers, 1998).
1mouthorized biography of Ke.nneth Anger, de Bill Uma cons ideração profunda sobre as proprie-
Lanrns (Nova York,HarperCollins, 1995),Snowseen: dades artísticas da animação é feita em Art i11 mo-
Thefilms and photographs of Michael Snow, de Bill tion: Animalio11aesthetics, de Kit Layboume (Syd-
Landis (Toronto, Peter Mart in, J 980), e "Around ney, John Libbey, 2007).
WaveJength: Toe sculpture, film and photo work of Os tipos específicos de animação são tratados
Michael Snow'; de Philip Monk, em Tlie Michael em Experimental nnimati o11 : A11il/ustmted antho-
Snow projecr: Visual ar/ 1951- 1993 (Toronto, Arl logy, de Robert Russet1e Cecile Starr (eds.) (Nova
Gallery of Ontario , 1994). York, Van Nos tra nd Reinhold, 1976), que contém
Uma análise plano a plano de Balé mec/!11i co po- uma enlrcvista com Roger Breer, Slwdow p11pp ets.
de ser encontrada em Thecubist cinema, de Standish shadow the11tresnnd slmdowfilms. de Lotte Reiniger
Lawder (Berkeley, University of California Press, (Boston, Publishers Plays, 1970), tratando da ani-
1975). mação com silhuetas, e Clny a11imatio11 : Americall
lriglrlights1908 to the presenr, de Michael Frearson
Animações (Nova York,1\vayne, 1994). Crackinga11imatio11 : 111
~
aard1111111 book of 3-d a11imntío11, de Pel~r Lo e rd
O estudo mais abrangente sobre a história da ani- Brian Sibley (Londres, Thames & Hudson, 2004l,
mação até hoje é Cartoons: Orie hu11dredyears of trata da animação em argila, e é baseado inteira· .
cinema animation, de GiannaJberto Bendazzi (Lon- mente no trabalho da British Firm Aardmao,cuias
protlU<,il<''
Incluem o, hlmc, d<""Wallau• & <;rn11111': melhores do que ,cus co11çorrcntc, l1v,••11ctw11 cm
J,: N1d, 1',1rl... "Ry ,\nn1cslandard,", cm www.dav1dbordwdl net/
\ 111,111do,111ahv,m ~obre ,111 1maçao ,hµ11,1l1cm hlng/ 1 p - 178.
0 ohiclivn de cnsi 11 .1r as léu1i, ,1, aos prol1ss1nnah Sobre o humor nos tihncs da W,1rncr Brm. de
J,p,r,1111,:, Ih, ,ir/ ,,f lt/ w1111•111a ,111111111trm1
,1111/ um do~ grande~ animadores na época de ouro do,
,1fffl>,de haac \' Kcrlow, 1 cd. (l lohokrn, NJ. \\' 1 rst11dt<>s,VCJ,1'l'au,ing .ind ,;hirlling: ,\ tribule to
lcy, 2009), conlém unta inl roduçào hist<lrica e ex Boh <:lampcu", em www.d,w1dbordwcl1 nel/blog/~p
phG1.:011111as técnica, que d,su1timm n,1 P.irlc l, - '.1'11Oferecemos uma extensa hsta de filme, e na-
como a monmentaç.io de c.imcra e a iluminaç.io, do, pelo Aardman s1ud10 (do famoso "Wallace &
são s11m 1ladas usando programas de comput ador. Gro111it") cm "Tracking down Aar clman creatures, ..
() progr.ima de ,1111maçãode CGI (Compuler ge veJ,l www.davi<lbordwell.net/blogl?p-= 1"'95.
ncrat,:d 1magery) mais usado, o ;l,laya, é explicado O e~tú.d10de ammação Pixar foi assunto do blog
cm 7/n•11r1of M<lya(que con lém tamb ém um CD- diver sas vezes. Sobre mon1agem na ammação dig i-
RO~I educativo), 4' ed. (Sybcx, 2007). O Digital tal, veja "Reflcclions on C,irs", em wwwd avídbord-
de Andrew Chong (Lausann e, AVAPu-
,m1111111ro11, wcll.net/blog/?p= 16,"Rat rapture", em www.dav1d-
blishmg, 2008), apresen ta uma histó ria da~ técnicas bordwell.net/ blog/?p = l207, e "A glimpse into the
de compu tador em filmes e jogos, com várias ilus- Pixar kitchen ", em www.davidbordwell net/
trações excelente s. blog/?p=2205. Sobre a Disney, veja "Uncle Walt Lhe
Dentre os trabalhos que tratam de animadores artist", em www.davidbordwell.net /b log/?p =247.
específicos estão Norman McLaren: Manipulator
o/ movement, de Valliere T. Richard (Newark, Uni Anime japonês
,•ersity of Delaware Press, 1982), Emile Cohl, cari
catrire,a11d film, de Dona ld Crafton (Princeton, NJ, Embora muitos países tenham cnado animações,
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1976), que fala sobre Dave e MaJCFleischer (Betty como rivais <las empresas de Hollywood. Elas co-
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Maurccn Furniss (ed.) (Jackson, Univcrsity Press conhecido como anime [pronuncia se ar,imê], que
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(Londres, Aurum Prcss, 2003). cross,Gimdam e Pun/Josd11estrelado norte (Hokuto
Sempre publi ca mos texto~ em blog$sobre ani - no ken), provM~m ser especialmente populares,
mação cm "Observalions on film arl and Film11rt" . como também as sagas ciberp1mkpós -apo,alipticas,
Para saber sobre a situação da animação na indús - sendo as mais notáveis Bubblegum crisis e Akira.
tria cinematográfica, veja "Too many loons? 1lten ! louve também comédias de fantas ia (Turma do
why are they making so much money?" em www. barul/Jo[UruseiYatsural, Ram11< 1 dramas pesa-
½),
davidbordwell.net/blog/?p=338. Especulamos o do, (Túnmlo dos vagah1mesIHolaru no l,aka]) e
porquê de longas de animação modernos pare cerem filmes infantis com um encanto raramente atingido
)\
l )> 1
o, ,k tilmc, c,periment.11,,. do.:11mrn1,1110, Um,, c-xtcm~f'CS<Jtmdea 1~,; filme, cm ,etc Ji~-
rarJmen1,· 111d11,m 1 '111c11h1S
,uplt Dc".i fc,rma, p.1r,1 cns ,obre o cinema cxpcr1m.:n1al e o Unseen
cine-
l'"''' Joh 11po, de hl111e,.lisl,11cmm o, prinup.iis 111,1 T:arly<lllll'l'ICIIII 11v,111t-gt1Jilm
rdc t89./•l9·11
tilmc, J1,pomwi,. (lm,1gc Ln1erta111mcnt;um livro com mesmo
no'.1'e,
puhli<,l<lo pela i\n1hology F1lm Ar,hive\
foi im-
Docume ntário prcs,o separad,,menlc). fia. uma so b reposiçao
· • nos
,ontcudo, entre c,te e Av,mt garde · Exp,•nm
ental
o, Jocument.1rio, ci11e111
ufatl,e J920s& /910s e Avant-garde2 - Ex-
long.1, metragem cm D\'L> in
clue1114 /ittle grrl.<(I IBO 1-lom e Vídeo ), 71zc perimental cinema 1928-1954(Kino Vídeo), mas
wild o
ultimo se concentra predominantemente em
p,irrotsoftrkgraplr/111(Ne"/ ' Vid eo Group), Came - filmes
europeus. America,1treasuresIV -Avant-gardl
lo, 1,m1!,m1choram (T/1estory of lhe weepi11
cam
g el, ! film
New Une Home Video), Ero11- Os mais espe /947· 1986 (lmage ) co ntém muitos filmes
rtos expen-
d.i sala (E11ro11- Tl,e smartcst g11ysi11 t/1eroom menlais clássicos da era pós-guerra Um cão
) anda -
(,\fogno/1<1;esse di sco inclui um suplemen
luz ( Un c/1íen1111da/01928
11, ), (Tran sflux Filins) e A
to de idade do ouro (Lj\ge d'Or, 1930, Kmo video),
king-of), T/1e cnlise (Live/ Artisan), O homem
11111 de
urso(Gri:zlyman) (Lions Gate ), CentralAI Jazeera Luis Buíiuel , são clássicos surrealistas.
(Contrairoom) (Lions Gate), Migração alada ( Win Os filmes experimentais completos d1sponlv
eis
- incluem Koyaanisqatsi(MGM ), Berlim: Sinf
gedmigration)(Sony), A sala de comando (771ewar onia da
room) (MCA Home Vídeo), Nascidos nos
metrópole(Berlin:Symphony of a great city) (Ima
bordéis ge
Ent crta inm ent) e Um homem com uma
(Born11110brotliels){"lninkfilm), Os caladorese câmera
eu (lmage Enterlainment ).
(Lesglaneurset la glanerise),1he UPseries(1964 em
As coleções do trabalho de experimentalista
diante, Ce nas Inéditas ), Super size me - A dieta s
do ind ividu alm ente inclu em By Brakhage: An
palhaço(Supersize me) (Hart Sharp Video), Car antho-
ga logy, com 26 filmes por Stan Brakhage ( Criterion;
de sonhos (Burden of dreams) (Videofilmes) e Sem
essa coleção também inclui entrevistas com
sol (S,m, wleil) (Criterlon). Alguns filme o ci-
~ estão neas ta), Maya Dercn: Experimentalfilms
reunidos em Fu/1frame documentary shorts, (Myshc
volu • Fire Vídeo), T11eG11yMaddin collection(Zei
mes de 1 a 5 (New Vídeo Group). tgeist ),
1he brothers 1111ay
col/ection(Zeitgeist) e T11film
e s
Os documentários clássicos cm DVD inclu
em of KennethAnger,vols. 1e 2 (Fantoma). Os documen
R11zões para a guerra ( Why wefight) ( 1943, Edi Ví- -
tários sobre cineastas experimentais incluem No
deo), Memphis Bel/e - A fortaleza voadora
(1944, espelho de Maya Deren (ln lhe mirror of Maya De-
Aircraft Films) , Triunfo da vont11de(Triump
h of the re11)(Ze1tge1st Films) e Brakhage(Zeitgeist Film
wr/1)(1934, Synapse), Kon-Tiki ( 1951, lm age s).
En·
tertainment), ln the year of the pig ( 1969,
Home - Aníma ção
Vi\ion), Pofrttof order! ( 1964, New Yorker Vi<l
eo) e
Caixeirovia;ante( 1969, Vidco film cs). O doc um en
· "lhe malting of Bt1tnbi
larista pioneiro Robert Flaherty é representado : A prince is bom" discute a
por técnica e o estilo d o dese nh o. A seção "Art
Nanookdo norte (Nanook of tlie 11orth)(Cri terio des ign:
n) Imp ressions of the forest" inclui uma exp
e Os pescadores de Arem (M1111 licação
of Ara11) (Ho mev i• excelen te sobre a câmera multiplano que foi
,,on). Listento Bn tain 1111ot/ie
d rfilms by Humphre usada
y para criar efeitos de pro fundidad e nesse e em
/ennings (Image) reúne tr aba lhos rea lizados pelo outr os
filmes Disney. O trecho "Tricks of the trad
grande cine asta britâni co. eMtr az
mais in form ações sobr e câm era multipl ano,
discu-
Cada uma das quatro seções principai s deste capítulo enfatiza diferentes
aspectos de diversos filmes. Começamo s discutindo três filmes narrativos
classicos: Jejum de amor (His girlfriday), bitriga internacional(Nortlrby
nortlrwest) e Façaa coisa certa (Do tire riglrttlring). Uma vez que filmes
construidos de maneira clássica são familiares para a maioria dos espec -
tadores, é importante estudar detalhadament e como eles funcionam.
Passamos para três filmes que representam alternat ivas às normas
clássicas. Acossado (À bout de soufjle) vale-se da ambiguidad e da moti -
vação da per sona gem e de trechos de ação errática, todos apresentados
por meio de técnicas soltas e informais. Em contraste, Era uma vez em
Tóquio (Tokyo mo11ogatari)usa desvio s seletivos das norm as clássicas
para criar um estilo altamente rigoroso. Em Amores expressos(Chw1g
Hingsam Iam). a expectativa do espectador de que dois grupos de per -
sonagens irão convergir é redirecionada para que o foco de interesse
sejam os paralelismo s narrativos. ACESSE
OBLOG
Os documentários podem ir além do registro direto e sugerir uma Parauma conslderaç,\osobreo quefazemos
ampla gama de significados. Esta seção considera dois exemplos de como cnt1cosde onema.indumdoa avaliação,
equal
papela internetdesempenhaatualmente.veia
os processos formais e estilísticos podem expandir as implicaçõe, de um
' lnmtlcalcond1t1on·
em
documentário. O primeiro, Um homem com 11111a câmera (Clrelovek s www.dav,dbordwell .net/bto'J(!p
=2l1S.
kino-apparatom), documenta um dia na vida da União Soviética, mas
também celebra o poder do cinema de transformar a realidade . A t~1111 e
linha da morre (171etlrin b/r~efine) conla a história de um erro de justi ça
e, ao mesmo tempo, nos convida a refiei ir sobre as dificuldades de inves
ligar com responsabilidade qualquer crime.
Finalmente, passamos para análises que enfatizam a ideologia sot:i.il.
Nosso primeiro exemp lo, Agora seremosfelizes (Meet me i11St. Louis), é ACESSE
OBLOG
um filme que aceita uma ideologia dominante e reforça a crença do Parapensamentos
sobrea históriaea finalida
-
púb lico nessa ideo logia. Em contraste, 1iwro i11do111áv el (l<a
ging buli) dedacntlcaclnematogr.lfica.
veja' Lovelsn·tall
youneed"em
mostra como um filme pode exibir ambiguidade em suas implicações
www.davldbordwell.net/blo0J(!p=4102.
ideológicas.
Jejum de amor
A linha de ação "crime e políti ca" torna •se dependente dos eventos na
linha de ação român tica em v,\rios pontos . Walter usa o caso de Williams
para reconquistar Hildy, Hildy se dedica à reportagem sob re Williams ern
vez de voltar para Bruce, a mãe de Bruce revela para a polícia que Walter
escondeu Wílliams e assim por diante. Mais especificamente, a interação
das duas linhas de ação altera os objetivos de várias person agens. No caso
de Walter, induzir Hildy a escrever a matér ia realiza o seu objetivo de
cons trang er os políticos e per suadir Hildy a voltar. Os objetivos de Hildy
são mais alterados. Após destrui r seu artigo , a deci são de realizar a re.
portagem sob re a fuga de Earl Williams marca a aceita ção do objetivo de
Walter. A subsequente disposição para esconder Williams e a indiferença
às súplicas de Bruce estabe lecem firmeme nte que seus objetivos estão
ligados aos de Walter. Dessa forma, a interação das duas linhas de enredo
promove os objet ivos de Walter, mas altera radi calmente os de Hildy.
Nessa estrutura geral, a sequência de causa e efeito é complexa e me-
rece urna análise mais detalhada d o que permi te o espaço disponível aqui
No entanto , consi der e, por exemplo , como as táticas de prote lação de
Walter (envolvend o seus cúmplices Duffy, Louie e Angie) estabelecem
de vár ias maneira s cadeias de causa e efeito de curto prazo em si mesmas.
Interessante também é a maneira como Bruce é constant emente empur-
rado para fora do enredo romântico e se torna cada vez mais passivo no
entra e sai de delegacias a que é subm et ido. Nesse aspe cto, Earl Williams
é sujeitado a uma experiência parale la ao ser manip ulado por Hildy, o
"Sevodescuroralgumos pessoas espe- xer ife, o psicólogo e Walter. Também poderíamos con siderar a função
falando,
cialmente emumacenaemocionante, todasfa• das personagen s secundárias, como Molly Malloy (amor platônico de
Iamaamesmc rempo. Tudooqueê nece ê Williams), a mãe de Bruce, os outros repórteres e, especialmente , Petti-
ssário
umpouco detrabalhoextra110diálogo.
Vocêin- bone, o encantador emissário do governador.
serealgumas palavrasnainíciodafalodeal-
Poderíamos também observar os ganchos entre uma cena e outra: um
guém , algumasnafino/eelospodem sesobrepor.
Issopassoumasensação queno evento no final de uma cena torna •Se urna causa que conclui a um efe1
deve/1)(/dode
realidade nãoexiste.
EVl)(êpodefazerospessoas to - o evento que inicia a cena seguinte. Por exemplo, no final da primei
falarem umpoucomaisrápido.• ra cena, Walter se oferece para levar Bruce e Hildy para almoc;ar; a cena 2
começa com os três chegando ao restaurante . Isso exemplifica a lineari-
- Howard Hawks, diretor dade da narrativa clássica: quase toda cena term ina com uma causa
pendente , cujo efeito é mostr ado no início da cena seguinte. Em Jejum
de nmor, esse padrão linear ajuda a manter o avanço rápido da ação do
enredo, definindo rapidam ente cada nova cena no final da cena anterior
A lógica de causa e efeito do filme ilustra ainda outro princípio da
estrutura narrativa clássica: o desfecho. Não há nenhum acontecime nto
sem causa. {Até a chegada de Pettibone não é um caso de sorte, pois
sabemos que o governador está sendo pressionado para decidir sobre o
caso.) Mais important e, ambas as linhas de ação são claramente resolvi-
das no final: William s é salvo e os politicos são arruinados. Bruce, ao
voltar para casa com sua mãe, deixa Walter e Hildy se preparando para
uma segunda lua de mel, não menos agitada do que a primeira.
,ara lltld)', , 0,1um barulho lll nfw,o, 11u1·,l l, l Oa por ,,, di•wmpor
1<1rtl•l 1 . .B ,, I .
, ni lrt~ lioh,is ~tin11a\. ruc, 1111pman do pa1.1l lildy ouvir, 1lildy dali
. ndo ob, cs\l, ·.unenl c ,ua rcpur lagcm e W.1l1cr grilando 110 tclcfn
11,,rAfa . .
:raraque Dull) hmpe a prn11c1r.1pagm,1 ( N:io, não. deixt· ,1 história
~• · h 1 tcll'fonc,, 0 ,n 10em m111
1") . No ca,o lo,
J,,!\•'lo. i; de 1nt,•rc,sc um.mo..
va p,tr,1 um l'\ I Uclu
or, h,I jm1ili1.11i
iros elemento~em /eJ111II de r1111
1(1\ oU
,n,nuciosoJa, , ,inas e complexa, formas cm 1111 c ele\ sJn inli·grJdm n.1
OJrrau,·ae da ,u.1 ,o ntribui ç,io p.1ra o andamcnlo r,ip1docio filme.
11.S kJf1111itamor
11.12 - Em/ntngamt,rnooonnl
, lhornhlll 11.13- ...a Leo
narddenunciandoEveparaVan 11.14 - Ouando VanOammieage socando
m1sre,consternado
... 1eona
,d, ele• vrstoa partirdoplano ponto de
ºª"'"'· vista det,nnard
11.1S - ...e l,onard e visto a partir do PPV 11.16 - Posteriormente, o olhardeThornh11l 11.17- ...umPPVcomcãmmalta condizente
deste. parabaixo,na saladeemr, é seguidopor... comsuaposição no altoda esc,ida
boa part e, com o uso de planos ponto de vista ( 11.12, 11.13 ; também
3.15-3.17) . Em dois momentos, quando Leonard e Van Damm se defron -
tam, a narrativa nos oferece planos de ponto de vista óptico de cada um
dos homens ( 11.14, 11. 15), mas eles estão contidos, por assim dizer, na
percepção de Roger na medida em que a situação se desenrola diante de
seu olhar. Pela primeira vez no filme, Roger tem mais conhecimento da
11.18 - Quando , situação do que qualquer outra personagem. Ele sabe como o contra -
Evenotaacaixadefósforos
elaé vistaa partirdopontodevistadeThorn
hlll, bando foi feito e descobre que os vilões pretendem assassinar Eve.
noalto daesc,ida.
Pode -se dizer que a segunda fase da sequência tem início quando
Roger entra no quarto de Eve. Ela voltou para o andar de baixo e está
sentada cm um sofá. Novamente , Hitchcock enfatiza a restrição ao conhe-
cimen to de Thornhill através de cenas de PPV (11.16 , 11. J7) . Para alertar
Eve, ele usa sua ca ixa de fósforos adornada com o monograma ROT (um
motivo estabelecido no trem como piada). Ele atira a caixa de fósforos
na direçã o de Eve. Isso provoca ainda mais suspense quando Leonard a
vê, mas, despreocupadamen te, a co loca em tun cinzeiro na mesinha de
cenLro. Quando Eve nota a caixa de fósforos, Hitchcock varia o tratamento
e.loplano ponto de vista do primeiro subsegmento. Ali, ele estava dispos-
to a nos mostrar o confronto entre Van Damm e Leonard ( 11.14 , 11.15).
Agora ele não nos mostra os olhos de Eve. Em vez disso, pelos olhos de
Roger, vemos as suas cos tas enrijecerem. Nós inferimos que ela está
olhando para a caixa de fósforos. ( 11.18) . Novamente, entretanto, o al-
cance do co nhecime nto de Roger é o mais amplo e o seu plano ponto de
vista incluí a experiência de ou lra personagem. Valendo-se de u m pre-
texto, Eve retorna para o quarto e Roger a alerta para não pegar o avião.
Quando os esp iões se dirigem para o campo de pou so, Roger com eça
a segui-los. Agora , a narrat iva de Hitchcock se desloca novament e e mo s
tra a govern anta de Van Damm vendo o reflexo de Roger na televisão.
Como ocorre anterio rmen te no filme , sab em os m ais cio q 11P Roger e isso
gera suspense qua nd o ela sai... e volta com uma arm a apon tada para ele.
A terceira parte do climax oco rre do lad o de fora. Evc es tá pres tes a nal, du1an
"fm lnt·igainternacio te o cenono
ent rar no avião quan do um tiro d esvia a ate nção do, espiões e ela tem MonteRushmore, euquelioqueCo1y G1an1se
escondesse nono1/na deLincolne tivesse
uma
tempo de pegar a esta tueta e co rrer par a o ca rro que Roger roubo u.
cr,sedeespirros.AComissão deParquesdoDe-
Nessa pa rte d a sequência, o alca nce de nosso conh eciment o é igual ao portamento doInterior
/irouumpouco chateado
de Eve e isto é acentuad o através de plano s ponto de vista dela. O mo tivo comaideia . Euargumenteiocéumdelesmeper
da surpr esa que interro mp e um pe río do de suspen se - aqui , a fuga de guntar!eeugostaria quefizessema cenacom
Roger da casa, interr ompe ndo a tensa cami nhad a de Eve até o avião - Lincoln.io nanzdeCary Grant.
Pe1cebi
a lógica
dominar á o restant e d a sequ ência. delesnohora:
Ocorr e em seguida a pe rsegu ição pelos rostos do s pr es ident es no
- AlfredHitchcoc
k, diretor
Monte Rushmore . A m ont age m paralela nos informa sobr e o avan ço dos
espiões na per seguiç ão ao casa l, ma s no todo a narrativa restr inge n osso
conhecimento ao qu e Eve e Thornhill sabem . Como de costume , algun s
m omento s são inten sificado s por plan os ponto de vista, com o quand o
Eve vê Roger e Valeriam ro larem no que parece ser um abismo íngr eme.
No clímax, Eve está penduxada n a bor da enquan to Roger segura um a de
suas mãos e Leonard pisa na outra mã o de Roger. _Ê um a situn ç.ão d ás
sica de suspense , para não dizer um clichê. Novament e, por ém, a narr a-
tiva revela os limites de nosso conh ecim ent o. Ouve -se ti ro de rifle e
Leonard cai no chão . O Profes sor chegou e captu rou Van Damm e um
atirador atingiu Leonard . Mais uma vez, o conhecimento restrit o perm i-
tiu que a narrativa surpreende sse o públic o.
O mesmo efeito é ampliado no final. Em uma série de plano s ponto
de vista, Roger puxa Eve para cima do abismo. Esse gesto, porém, torna -se
contínuo, no som e na imagem, com o gesto d ele p uxando -a par a cima
de um beliche de trem. A narrativa ignora os detalh es de seu resgate e
abrevia o suspense da situação de perigo de Eve. Uma tran sição assim
autoconsciente não está completamente deslocada em um filme que ar -
ruma tempo para piadas despreocupadas . (Ouran te os créditos de ab er -
tura, o próprio Hitchcock aparece sendo deixado par a fora de um ôn ibus.
Quando Roger entra no Plaza Hotel , prest es a mergulh ar em sua aven -
nira, a música de fundo é "It 's a most unusual da y".) Essa reviravolta final
mostra novamente que a manipulação de nosso conhecim ento, momen-
to a momento, resulra em um jogo yue oscila constant ement e entre o
provável e o inesperado, entre o suspense e a surpr esa.
A primeira vista, l·aça a coisa certa, de Spike Lee, com suas muitas
u·n,1s rnrlas e desconexas, a cámera que se move incessantemente e 0
grande numero de personage ns sem objetivos, pode não parecer um
til me n.irr.11ivo d,lssico. E, de fato, de algumas maneiras. ele se distancia
do uso d,issico. Apesar disso, ele possui uma ação clara e redundante e
o for te un pclo paro diant e que associamos à produção cinematográfica
clássica. Ele ta mb ém se enqu adra em um gênero familiar do cinema
norte-americano - o filme sobre problemas sociais. Além disso, uma
análise mais detalhada revela que Lee também se valeu de muitas carac-
terís tica s do classicismo para fornecer uma unidade subjacente a este
enredo de cons trução aparentemente livre .
Façaa coisacerta acon tece em Bedford -Stuyvesant, a região predomi-
nantemente afro -americana do Brooklyn, durant e uma onda de calor. As
tensões sexuais e raciais se elevam enquanto Mookie, um entregado r de
pizza irresponsável, tenta se entender com sua namorada porto-r iquenha,
Tina, e seu patrão ítalo -americano, Sal. Um ido so bêbado, Da Mayor,
tenta se insinuar para sua vizinha de língua afiada, Mother Sister. Uma
discussão cada vez mais intensa entre Sal e dois clientes, Buggin' Out e
Radio Raheem, leva a uma briga na qual Radio Raheem é morto pela
polícia. Um tumulto ocorre em seguida e a pizzaria de Sal é incendiada.
Faça a coisa certa possui muito mais sequênc ias individuais do que,
digamos, Jejum de amor, com as suas 13 cenas impecavelmente delinea-
das (pp . 602-4). Mesmo juntando algumas das cenas mais curtas, há pelo
menos 42 segme ntos. Preparar uma segmentação detalhada de Façaa
coisacerta pode ser útil para outra análise, mas, aqu i, gostaríamos de nos
conce ntrar em co mo Lee integra as suas muitas cenas em um todo.
Um meio impo rtante de unificar o filme é o cenário. Toda a narrativa
ocorre em um quarteirão de Bedford -Stuyvesant . A Famous Pizzeria de
Sal e o mercado coreano do outro lado da rua criam uma âncora espacial
em uma extrem idade do quarteirão, e grande parte da ação ocorre ali.
Outras cenas ocorrem dentro ou diante dos prédios de arenito pardo que
ladeiam o restante da rua. Os encontros entre os membros da vizinhan-
ça fornecem causalidade à narrativa.
Em co rrespondência com o cenário limitado, a ação ocorre em uma
estrutura temporal restrita - de uma manhã até a manhã seguinte. Es-
truturar um filme em torno de um breve momento da vida de um grupo
de personagens é raro, mas não desconhecido no cinema norte-ameri·
cano, como em No turbilhão da metrópole (Street scene), Becosem safda
(Dead end), Loucuras de verão (American graffiti), Nashvillee Magnólia
(Magno/ia).
por mais fascinantes e engraçados que possam ser, são mais periféricos,
reagmdo princíp,1lmente às .ições iniciada~ pelos objetivos e conflitos
dessas personagens. (Alguns dos modernos manuais norte-americanos
para roteiristas recomendam um máximo de sete a oito personagens
importan tes para a produção de um filme claramente compreensível, de
modo que Lee n.ío está se afo~tando tanto da tradição como poderia
parecer.) Alem disso, a ação causal principal se enquadra em duas linhas
relacionadas, como nos filmes tradicionais de Hollywood: uma envolve
as relações da comunidade com Sal e seus filhos; a outra trata da vida
pessoal de Mookie. Mookiese torna a figura central, unmdo as duas linhas
de ação.
Fnç11a coisa certa também se afasta das convenções narrativas clássi-
cas de algumas maneiras. Considere os objetivos das personagens. Nor-
malmente, as personagens principais de um filme formulam objetivosde
longo alcance bem definidos que as levam a conflitos entre si. Em Faça
a coisa certa, a maioria das oito personagens principais cria objetivos
apenas esporadicamente; os objetivos às vezes são introduzidos tardia-
mente no filme e alguns deles são vagos.
Ruggin'Out, por exemplo,exigeque Sal coloque fotos de alguns heróis
negros na parede da pizzaria. Quando Sal se recusa e o expulsa, Buggin'
Out grita para os clientes boicotarem a pizzaria de Sal. No entanto, um
pouco depois, quando ele tenta persuadir os vizinhos a participar do
boicote, eles se recusam e o projeto parece mor rer. Então, posteriormen-
te, Radio Raheem e o deficiente mental Smiley concordam em se juntar
a ele. Sua visita à pizzaria para ameaçar Sal precipita a ação climáttca.
iron icamente, o objetivo de Buggin' Out é brevemente atingido quando
Smilcy coloca a fotografiade Malcolm X e de Martin Luther King Jr. na
parede da pizzaria em chamas - mas, nesse momento, Buggin' Out está
a caminho da prisão.
O objetivo de Mookie é sugerido na primeira vez que o vemos. Ele
está contando dinheiro e constantemente enfatiza que quer apenas tra-
balhar e ser pago. A repetida referência ao fato de que ele deve ~er pago
à noite cria o único compromisso do filme, ajudando a enfatizar o es-
quema de tempo compacto. Ainda assim, seu propósito permanece in-
certo. Ele quer dinheiro apenas para se mudar do apartamento da irmã,
como ela exige? Ou ele também plane,a ajudar Tina a cuidar do filho
deles?
O objetivo de Sal é igualmente vago - continuar a operar a pizzaria
diante das crescentes tensões. Da Mayor articula um dos únicos objetivos
realmente claros no filme,quando ele diz a Mother Sister que um dia ela
será gentil com ele. Após ele persistentemente agir com cortesia e cora-
gem, ela realmente cede e se torna $ua élmiga. O filho venenosamente
racista de Sal, Pino, tem um objetivo - convencer o pai a vender a pizza-
ria e a sair do bairro negro. Talvezele consiga realizar seu desejo, embora
J 11,m.11iva dci:,l' l' 111nhcrlo II q u~s13o til' dcknninur çc Sal rcrn nstru,r,í ,1
piU,lllil 011 tl~O.
defende uma abo rdagem não vio lenta da luta por direitos civis, e nquant o
Malco lm X just ifica a violência em autodefesa.
Fnçna coisacerta recusa -se a sugedr qual líder está ce rto - embora
a ação na rr ativa e o uso da expressão "por quaisquer meios necessár ios•
no final dos crédi tos pareçam fazer o filme pende r para Malcolm X.
Ainda assim , a jus taposição das duas citações, em combinação com a
narrn tiva de fina l aberto, também parece calcu lada para estimular o
de bate. Talvez a imp licação seja que cada posição é viável em determi -
nadas circuns tâncias. A linha de ação e nvolvendo a pizzaria de Sal ter-
mina em violência; ao mesmo tempo, porém, Da Mayor conquista com
de licadeza a amizade de Moth er Sister.
Co mo e m sua estrutura nar rat iva, o estilo de FClçt1 a coisa certa ex-
pand e as técnicas tradi cionai s do cinema clássico. Ele começa com uma
seq uência de créditos durante a qual Rosic Perez executa uma dança
vigorosa e agressiva ao som do rap"FiglhLthe po wer". A montagem, aqui,
é bastante descontínua, já que às vezes ela veste um vestido vermelho, às
vezes uma roupa de boxeador e, às vezes, jaqueta e calças. Em um mo-
menlo ela está na rua ; en tão, repentinamente , aparece em um beco. Essa
breve sequência, que não é parte da narrativa , utiliza o estilo espalhafa-
toso celebrizado pela MTV e pelos comerciais de TV. O próprio Lee criou
tanto videoclipes quanto comerciais.
Nada no restante de Faça a coisa certa é tão descon tínuo ou radical
quanto a sequência de créditos, mas Lee usa uma versão mais Livre do
sistema de continuidade tradicional. Ele se vale de uma ampla gama de
técnicas, desenvo lvendo algumas cena:s na forma de tomadas longas e
virtuosísticas, trabalhando em outras com campo e contracampo e ainda
em outras com extensos movimento s de câmera. Em dois casos, ele até
une duas tomada s da mesma ação, de modo que o enredo apresente um
evento importante da histór ia dua s vezes : quando Mookie beija Tina pela
primeira vez e quando a lata de lixo atinge a janela de Sal. Um resultado
desse estilo variado é a sugestão do vigor e da variedade da pró pria co -
munidade.
Apesar das mu itas mudanças rápidas de lugar, Lee usa recursos de
11.19 - Emfoçoocolsocerto, em
enedlâlogo
COlllinuidade para esta belece r o espaço claramente. Co mo vimos no
umpo/contrac
ampo entreJade e...
Ca pítulo 6, ele é perito no uso de planos de campo/contracampo sem
ruptura do eixo da ação (6.79-6.84, de Ela quer tudo [Shesgotta have it],
PP· 376-7). Façaa coisa certa, igualmente, contém mlútos diálogos em
cam po /co ntracampo em que as linha s de olhar são coerentes (11. t9,
l 1.20). Contudo, Lee opta por tratar o utro s diálogos sem nenhuma mon -
tagem. A longa conversa em que Pino pede a Sal que venda a pizzaria é
co11struídaem uma tomadalonga (11.2 1- 11.23).
A técnica cinematográfica frequentemente enfatiza a comunidade
11.20- ...Buggln
"Outusadireções
corretas
nas como um todo. Na verdade, a razão p,tra que O filme tenha tantos seg-
linhasdeolhar. mentos é a frequência nos cortes de uma ação para outra. A narrativa é,
11.24- DaMayo,e MotherSister conversam 11.25 - ...passando pelajanela quandoeles 11.26 - ...parauma virtamaisproximade
evãoparaasaladafrente coma câmeramoven- chegamnela,descendo numagrua... Mookie,a caminho
da pizzaria.
do-secomelese...
porà nca da produção cinematog ráfica clássica. Seu estilo reflete as téc-
nicas mais livres que se to rn ara m conve nções no cinema posterio r aos
anos 1960 _ uma era cm que O impacto da televisão e dos filmes de arte
eu ropeus inspirou os cineas tas a incorporar um pouco mais de varieda -
de ao siste ma d e f lollywood. Mesmo nos casos em que o enredo se
afasta ela trad ição, isso ocorre, d e certa form a, porque Lee adota o pro -
pós ito básico do filme sobre problemas sociais - fazer -nos pensar e
incentivar o debate.
Opçõesnarrativasà produção
cinematográfica clássica
Acossado
csc,1paa seu contro le. Ele apenas pode se imagin,ir como uma pcr so na -
S<'n1 J11rnn,1e romànhca de Holly,wood.
A atitude ambivale ntc cio film e em relação ao c inema clássico de
Hollywood também impreg na a forma e a técnica. Como vimos, as no r-
mas Jo estilo e da narrativa clássicos promovem a clareza e a unidade
11Jrroliva. Em contraste, Acossndn p,1rcce desaje itado e informal, quase
amador. Ele torna amb1guas as mot ivações da~ personagen s e detém se
em diálogos fortui tos. A montagem pula freneticamente . F.,enquanto os
li\mes 1101rera111
feitos cm cst{1dios, on de uma ilum inação seletiva podia deAcossado.
11.29- Nacenadoassas11nato
planos
(UIIOL.
enYolver as pe rsonagens cm uma atmosfera taciturna, Acossado u~a a
tilmagem fora do es túdio e a iluminação dispo nível.
Essasestratégiastornam a h ist ória de Miche l peculiar, incerta e sem
girlm<lllr.Elas també m pede m ao pú blico q ue aprecie a ma neira como o
lilme remodela as fórmu las de Ho llywood. Um t ítulo de abertura dedica
o filme ao Mon ogram Pictur es, u m es túdi o da Pove rty Row, que produ•
ziu filmes B aos m onte s. O titul o par ece anunciar um filme que tem uma
divida para com Hollywood , m as qu e não se sujei ta to tal mente às suas
normas.
Como mui tos protagoni stas no s film es clássicos de Hollywood , Michel
tem dois obje tivos principai s. Para sai r da França, ele p rec isa procurar
11.30- ..oferecem dai açóesde
VISiumbres
por seu amig o Antonio , o único que pod e desc ont ar um cheque para ele. MiChel...
Ele tam bém espera persuadir Patrícia a ir com ele e, à med id a que a ação
avança, torna -se evidente que, apesar da postur a petul an te, seu amor por
ela é mai s importante do que o desejo de escapar.
Em um filme clássico, esses objetivo s impeliriam a ação de maneira
razo avelmente constante. Contudo, em Acossado, o enr edo progride
aos tran cos e barrancos. Cenas cu rta s - algumas bastante desconectadas
do s objetivos - alternam-se com longo s trechos de di álogo aparen-
temente irrelevante. A maioria dos 22 segmentos di stint os de Acossado
tem 4 minutos ou menos. Uma cena de 43 segundo s con siste apenas
em Michel parando cm frente ao cinema e o lhando para um a foto de
BogarL 11.31 - ...aoapon1ar
a arma.•
Às vezes,cenas contendo ação crucialsão curtase confu sas. O assas-
sinato do guarda de trânsito, um acontecimen to do qu al decor re boa
parte do que vem a seguir, é tratado de maneira bastante elípt ica. No
plano de conjunto, vemos o policial aproximar-se do car ro de Mic hel,
estacionado em uma rua lateral. Em um meio plano de conjun to, Mic hel
faz menção de pegar a arma dentro do carro. Segue -se uma ce na pr ó xi-
ma de sua cabeça, enquanto ouvimos a voz do policial dizer : "N ão se
mexa ou eu atiro" (11.29) . Dois primeiros planos breves fazem um mo -
vimento panorâmico ao longo do braço de Miche l e da arma ( t 1.30 ,
11.31) , com O som de um tiro. Temos então um vislumbre do poli cial
caindo nos arbustos (11.32) , seguido por um plano de conjunto de Michel 11.32- ...e a morte dopolicia
l, semmostrar
nadaclarame
nte.
correndo em um campo. Tanta ação foi deixada de fora que mal conse -
t•xprct,lliYas ao drnunciar Michel para Vital. Mcs 110 então Michel tem
uma tiltimn chance. Antonio chega pouco antes da polícia, com dinheiro
e um carro para fuga - mas Michcl não co nsegue deixar l'atrlci.1.
O final é particularmente enigmático. Enquanto Michcl jaz \angran
do. agoni7,lnte, Patrícia olha para ele. Lcntamcn ;e, ele faz as mesmas
caras engraçadas que fez durante o diálogo nu quar to. Murmurando "Isso
é realmente nojento" ("C'est vraiment déguculassc"), ele morre. Patrlcia
pergunta ao detetive Vita l o que ele disse e este rt'p~ lc erradamente a,
ultimas palavras de Michcl: "Ele disse: 'Você é realmente uma vadia'" ("l i 11.33 Ogeitoenlgma1ico
dePatrlcla
nofinal
a dit: 'Vous êtes vraiment une clégueulasse"'). Ficamos nos perguntando deAcos
sado.
o que Michcl achava nojento - a traição de Patrícia, seu fracasso em
escapar no último minuto ou simp lesmen te a sua morte. Na cena final.
Patncia olha para a câmera, perg unt a o que "dégueu lasse" significa, es-
frega o lábio com o gesto in spirado em Bogart usado por Michel duran -
te todo o filme ( 11.33) e vira abruptamente as costas para nós , enquanto
a imagem desaparece.
Acossadoatinge certo grau de conclusão: Miche . não atinge seus obje-
tivos. Contudo, restam muitas dúvida s. Embora Michel e Patrícia falem
constantemen te sob re si mesmos , sabemos muito pouco sobre a razão
que os leva a agir como agem . Ao contrário da s personagens em filmes
clássicos, eles não têm um conjunto de caracterís ticas claramente defi-
nidas. O filme começa com Michel dizendo: "De mod o gera l, eu sou um
canalha idiota'; e, de certa forma, suas ações confirmam isso. No entanto,
nunca conseguimos informações de fundo que possam explicar suas
decisões. Por que ele se tornou um ladrão de carros? Uma vez que aban-
dona despreocupadamente sua comparsa feminir.a no início do filme,
por gue ele se mostra disposto a arriscar a vida para ficar com Patrícia,
uma mulher que ele conheceu recentemente? Porque morrer pelo amor
de uma mulher indigna é o que se espera de um preten so herói de
Hollywood?
As característ icas e os objetivos ele Patrícia são ainda mais amorfos e
ambíguos. Quando Michel a encontra pela primeira vez, vendendo jornais
no Champs Elysées, ela está longe de ser receptiva. Apesar disso, no final
da cena, ela corre de volta para dar um beijo nele. Ela víve dizendo que
quer um emprego como repórter no Tribune e escrever um roman ce, r,
no entanto, parece renunciar a essas ambições quando acredita amar
Michel. Patrícia também diz a Michel que está grávida dele, mas ainda
não recebeu os resultados finais do teste e nunca cita isso como razão
para continuar em Paris. Ela diz frequentemente que está assustada, mas,
depois que ela e Michel roubam um carro, observa: "É tarde demais para
ficar assustada". Isso sugere que ela resolveu suas dúvidas e decidiu se
arriscar com Michel. Quando repentinamente o Irai, ela não pretende
que ele seja morto - quer apenas forçá-lo a abandoná -la. Ainda assim,
seu discurso sobre a razão de ter delatado Michel não parece explicar
11.34 -QuandoPairicl
a sesentadecostas
para 11.JS - Oprimeiroen,ontrodeMkhe
l com 11.36 - QuandoM1chelvrsilaumagentede
umajanelae acendeumdgano,a lutna1u1al
da Patríd,1,
quandoelapassapelaChamps
Elysêes viagenstenrandoreMndkar seu <heque,o en·
,enaa Ilumina
somenteportras. vendendojornais,
oconeemumplanodetrb quadramento deslizae sevolta ,om~gili
dade
minutos. enquantoele semovi
menta,m 1omodai mesas
eatravésdoscorr@
dor~s.
, as
quando o rnrnpar~a de M1d1claponta o carro qu e ele deseJa roubar
st1nlas e não temos uma percep ção cla-
linh,1, de olhJr são b.istant e 111di
ra d,1posi ção relativa dos dois .
O som do filme frequentemente reforça a, descont rnuidad es de mon-
-
tagem. Quando o dialogo da, personagen s e outro s sons diegéticos con
tinuam depo is dos jump c11ts,somos obrigados a perceber a contrad1ç.ío:
em
o tempo é omitido da trilha visual, mas não da trilha sonora . A filmag
fora de esti'.1dio também criou situações em que son s do ambi ente inter-
d]
, ele[Godarpergun rava
à •
conrl
'EmAcossado ferem no diálogo. Uma sirene passando do lado de fora do apartamento
nuf!taqut c,pode planodtviav,r tm seyu,do
a soa quase mais alto do que sua conversa com Michel duran
poropreencheros requi sttosdo<Ontmuidadt de Patríci
o te a longa cena centra l. Posteriormente, a coletiva com Parvul
esco, de
trod1àonol. Ela dizia e elefaziaexatamente
D()OSla.' forma inexplicável. ocorre em uma plataforma de observa ção do aero-
n.io
port o, na qua l o som dos aviões próximos abafo o diálogo. Tais cenas
ood.
- RaoulCoutard , crntgrafista têm o equilíbrio de volumes da trilha sonora bem mixada de HoUyw
A rejeição de Godard às regras de som e imagem bem ordenado~
de
mantém Acossado longe dos retrato s glnmourosos vistos nos filmes
crime de Hollywood. A falta de polimento estilístico condiz com uma
fer•
aspereza de pseud odoc umentár io na filmagem de uma Paris real e
téc
vilhante. As descontinuidades também são compatíveis com outras
das
nicas não tradicionais, como o tema motivo dos olhare~ mistenosos
e no
personagens para a câme ra. Além di sso, os solavancos na imagem
er
som criam uma narrativa consciente de ~i que faz o espectador perceb
as escolhas estilísticas feitas. Ao fazer a mão do diretor aparecer, o filme
se apresenta como um.i revisão deliberadamente rude da tradição.
A intenção de Godard não era critica r o~ filmes de Hollywood. Em
vez di;,so, ele tomou convenções de gênero identificadas com
os Estados
o
Unido~ dos anol! 1940 e deu-lhes um ambiente parisiense contemporâne
e um tratamen to mod erno e conscient e de si. Com isso, crio u um □ovo
tipo de herói e de heroína. Amantes em fuga, sem obJetivos e, de certa
o
forma, banais tornaram se cen trais em filmes posteriores sobre crimin
e Clyde -
sos, como B01111ie Umn raiada de balas (Bomtie n,11/ Clyde),
Terra de ninguém (Badlands) e Amor à queima-roupa (True romance).
•
Mais amplamente, o filme de Godard torno u-~e um modelo para dire
11.43- EmEraumavezemTdqwo,
umplano 11.44 - ...levaa umplanodeumprédio... 11.45- ...e entãoa outrodeumaconstruçáo
...
deNorlko
emsuamesa...
1c11docm pl•nha-co per lo ela casa; ,1, criança~ n.io são personagens da
,1,,10 Fin,1lnwn1c.há um wrle para o interior que mostra \lmoru na
c,lrivanmhJ lln pai na p,1rlc da ca,.1 cm que funl1ona a cl1n1l,I, e.,tudan
do. Aqui a monlagem u1,1 uma rot,1muito indírela cnlre duas cenas, indo
primeiramcnlc ,1um lcK,1Ionde espcr,1mos que a personagem esteja (sua
l'" rinnmh.1), mas onde cl.1não e,t,1 então, a cena se afa~ta completa.
mente d., ,1,.,10,pMa o exterior. Apcn,1' então, na terceira cena, a perso -
11,1gcm ret1p,1r<.•cee a 0.,..10rnntinua. Nc-sas passagens de transiç.io, surge
um tipo de 1ogo<JUCno, wnv1da a formar expectativas não apenas sobre
.1 .1,;.ioda hl\tllri,1, mas t,unbem sobre a montagem e mise-en-.«ene.
Os padrões de montagem eleOzu na!>cenas s.io tão s1stem.it1cosquanto
os de Hollywood, mas lcndem a estar em nítida oposição as regras de
conhnuidade. Por exemplo. Ozu não respeita a hnha dos 180 graus, o
c1xo da ação. fampouco é ocasional a violação dessas regras como é o
caso de John Ford em No tempo das diligencias(Stagecoacl1)(p. 3;9)_ Ozu
frequentemente corta 180 graus através da linha para enquadrar o espaço
da cena da direção oposta. Isso, naturalmente, viola as regras do eixo da
ação, uma ve1 que as personagens ou objetos à direita na primeira cena
aparecerão à esquerda na segunda e vicc•versa. No início de uma cena no
11.47 -Nosal)o~btlw. oscormsuttmá· salão de bcle1.ade Shige, o plano médio interior inicial
enquadra Sbige
t osmovem-!f .
dt umladodo,,xodHç.io.. do lado oposto ã porta da frente ( 11.4 7). Um corte de 180 graus revela
então um plano médio de conju nto de uma mulher sob um secador de
cabelos; a câmera está dir ecionada para o fundo do salão ( 11.48 ) Outro
corte de 180 graus apresenta um novo plano de conjunto do cômodo.
novamente direcion ad o para a porta , e os avós entram no salão ( 11.49).
Em vez de ser uma vio lação isolada da s regras de continuidade, essa é a
maneira típica de Ozu enquadrar e montar uma cena.
Ozu é um mestre em raccordsde ação, mas muitas vezes ele realiza
isso de maneira s incomuns . Por exemplo, enquanto ori ko e aª"º andam
alé a po rta do apartamento de Norik o, há um corte de 180 graus (11.50 ,
11.5 1). A corre,pon d ência nos movimentos das mulheres é perfeita, mas.
11.48 - ...parao outro
lado. como a altura e a dist ância constantes da câmera cri.im enquadramentos
.
11.4 9 - ...e dt volta ko e da
l dt Noii
fronta
Angulo
1l .50 - Desle tra!f~
11.51- ...h.lum<OJteparaumAngulo
avó... rodelas.
Amores expressos
Ftn tl'rmus n,,rr;IIivns mnplo~.llS duus partt•sl'st,,n cnt nítido uiul rastc.
\ prlmdr,1 ,KOllll'(é nn pt:nínsuln Kowloon, cm I long Kong, nus pro
x1mid,1dt•~ d,1sChungkl ng Manslons, 11111quurtclrüo decadente de hotéis
t,,,r.1o1s, lnj,,s e rl'st:1urnn1cs indl,,nos. (O IÍtulo ca111on
~s Jo filme signl
lic,1"Selva dr Chungking" e isso pode levar o c~pcc lador 11:1llvo a acre-
dit.irqué a scgundn história rctornartl ao bairro.) A segunda parte acon-
tecena ilhn de 1long Kong, cio outro lado da bufo de Kowloon, nos
arredoresda Midnighl Exprcss. N~ Kowloondn primeira parte, o crime
prolifera;o Oficial I persegue suspeitos com a arm.i ern punho, enquan-
to a loira trabnlhn pnrn um carld de drngas. A parle 2 apresenta um
mundo muito menos nmcaç,1dor, onde o romance pode florescer e o
policial faz um lanche durante a ronda, O Lftulo em inglês do filme fun-
de os locais básicos de cnda parte, unindo as Chungking Mansions e a
Midnight Expressem uma única frase.
Asduas partes també m oferecem esquemas temporais muito diferen-
1es. A primeira se passa em pouco tempo, cerca de q uatro dias, e a ação
trabalha com prazos. O Oficial J deu a May, sua namorada, o mês de abril
como limite para volta r com ele. O prazo da loira para a operação de
tráfico foi definido por seu chefe e ela o cumpre ao atirar nele e fugir de
Hong Kong ~m J" dl' mnio. A segunda parte possui um fluxo de tempo
mais solto e nenhum p razo estritamente determinado. No período de
algumas semanas, a na morada do Oficial 2 o deixa, Fayc invade o apar-
tamentodele, ele muda de ronda e, após um,1série de encontros informais,
eles finalmente marc.1111 um encontro ... que Fayc ignora, indo embora
repentinamente. A ação é concl11ídaum ano depois, quando ela volta
para l long Kong.
No entanto, ~m meio a esses amplos contrastes, alguns ecos ressoam.
Cada um dos homc,,s está saindo de um rclacionamcnlo; cad,1 um en
contrn uma mulher por acoso; rápida ou lentamente, cado um deles se
apegaà mulher, que rt1pentinamentc se voi. Os objetivos tias personagens
Lnnibén, são reveladores.o Oficial I procuro urna nova mulher para amar
e, emboraO Oficial 2 esteja contente cm ficar sozinho, Fayeparece tent~,
confortarseu coração pari ido. Esses objetivos são apresentados mai~
11.67 Faye,que1etomar.!umalOm11~lrla
debordo,compara-secon1a mulhrrquedr1~a11
o Olic1al
2
daprimeirapartereflete
11.68 - A1011a ... 11.69- ...emumaposturasemelhante
à deFayenasegunda
parre
1 Nu original, · 11·, not cvcry d,1y th.tt's gonna bc thc ,.tmc WJ), th«e must b~ • change
,omchow· : (N tlu l'.)
11.10-
AP•lm
ehapa1I d
<Aol F~
11n11<, e eAmorestxp1e1so1
te,mlna
como 00cld11en- 11.71- Asegunda panecomeptomo Ofi cial l seapro,mandodaMldn l-
n, lin:honet lghtt,p,m.
eMldn 1ao OO
9h1txprm. Elesub1t11uI clal I comopro1agonlsla ,n11c
ullno donlme.
C. Créditos de abertura.
1. Dallas,RandaJ J Ad D .d . •
2· O policialWood , ams e av1 Harns sao apresentados.
· .d .
e atingi o. Pmneira reconstituiçãodo crime.
cnquac :lruncnto
, nuutas vezesoculta seus , rostos, concentrand
. • o-se em vez
d,,so cm detalhesd,1,1çãoou do cenáno . A terceira sequencia mostra a
prisáoe O interrog,1tório<lcAdams, que ele descre\le como intim idador
e que é mostrado numa recon;titu ição ( 1t.80) . .
o enredo do tilme então recua emjlashback para explicar os aconte-
cimeniosque levaramà prisão de Adams, concentrand o-se na investiga-
çãopolicial(segmentos4-11). David Harris aponta Randall Adams como
0
assassino(8) e Adams é preso e interrogado ( 1O).A confusão sobre a
marcadocarro finalmenteé resolvida, porém Morris sugere que a inves•
tigaçâopolicial foi confusa (11). As sequências são interrompidas por
maisduas reconstituições do interrogatório de Adams e duas reconsti-
tuiçõesda morte do oficial Woods.
O trecho mais longo do filme (segmentos 12-24)é centrado no con-
frontode Randall Adams com os tribunai s. Depois de apresentados os
seus advogadose o juiz ( 12· 13), são exibidas duas versões conflitantes
dos acontecimentos- a de Adams e a de Harris (14-15). Três testemu-
nhas-surpresa identificam Adams como o atirador (16-19), apesar de
partes dos testemunhos serem desacreditadas por uma mulher que de-
claraque duas testemunhas comentaram com ela algo sobre recebeTurna
recompensa(18). Novamente, em certos momentos, o crime é reconsti-
tuído.O júri condena Adams (20) e ele é sentenciado à morte (2 1-22). As
manobraslegaisque se seguem colocam Adams em prisão perpétua sem
direitoa liberdade condicional (23·24).
O filmerespondeu a uma pergunta colocada no início: agora sabemos
como RandallAdams foi preso. Mas e David Harris, que também está
cumprindo pena? A última e maior seção do filme continua com a his-
tória após o julgamento, concentrando -se na vida criminosa de Barr is.
Harrisé preso por outros crimes (25) e então Morris insere uma sequên •
eia (26) concebida para sugerir que ele é culpado no caso Woods. As
testemunhas-surpresa são mostradas como indignasde confüu1ça, con•
~sas e com falos a esconder. Muito reveladora.mente, Harris explica:
'Eu quer/o
fazerumfilme,obrecomo
é difkil
~laro que eu escolhi Randall Adams''. Na sequência seguinte, um det e•
chegarOverdade,
nãoimpossfvel:
tivecm Vidor•cidade natal de Harns, • explica
, como Harns
. . .invadiu , a casa
de
. um homem, raPtou v10 · 1entamente sua namora da e o matou com um
_ EnolMorrii,
diretor
ttro (27) Harris a
·
Id
' gora reve a o como um soei opa ta tranquilo e educado, -----
rie~laclc pnra com Adams está forte e compreen d emos por que ele muda
sumopinião inicial sobre Dallas: agora, ela é "o inferno na terra",
Nossa aceitação cio relato de Adams é su tilmen le reforçada pelas
mu itas recon~tilu ições do assassinato. Estas se destacam claramente como
recons titu ições pelo u~o de técnicas associadas mais estr itamente ao
cin.cma de ficção, part icularme nte ao filme noir ( I l.85 ; tam bém 10.6).
- Elas também se dist inguem das d rama tizações exibidas em programas
11.8 5 - Umecodofilmenolrnuma,eence
Woodé momado
naçio.o policial aproximando policiais eletelevisão, que tendem a most rar o rosto d os ato res e que
sedocanro.
nonn almenle são filmadas em um estilo solto, com câmera à mão, suge-
rindo que estamos testemu nhando o fato.
As rcconstiluições apresen tam diferentes versõesdo crime, de acordo
com as lembranças das d iferentes tes temu nhas. Ao apresentar versões
contraditór ias do que acontece u naq uela noite, pode parece r qu e Morris
esteja sugerindo que todos os envo lvid os viram os fatos de sua própria
perspectiva e que, portanto, não há um a verdad e final sobre o assunto.
Contudo, a progressão geral do filme no s leva a um a conclu são provável:
a de que David Harr is, sozinho, mato u Wood. Em vez de sugerirem que a
verdade é relativa, reconstituições inc ompatíveis drama tizam os teste-
mun hos conflitantes. Como jurados o u espec tado res de um julgamento ,
devemos decidir qual é a versão mais plausível, e o enredo desenvolve as
reconstituições cm um padrão fortem en te sugestivo.
Nos segmentos dedicados à investigação policial, as reconst ituições
enfatizam as questões de procedimemo. A oficial Turko identificouo
car ro corretame nte? Não, concluem o s detetives da polícia, mas, antes e
depois desta concl usão, Morr is nos m ostra doi s car ros diferentes, tor-
nando ambas as o pções visualme nte concretas. Há outra questão igual-
mente import ant e: Turko apo iou o oficial Wood segundo as no rmas ou
ela p ermaneceu no carro? Morris dram atiza ambas as possibili d ades, mas
leva-nos a deduzir que ela provavelmente estava dentro do carro tomando
o seu m ilkshake, já que o cro qui d a cena do crime indica que foi cncoo-
trado líquido de choco late der ramado perto do carro. É uma questão de
pro babilidad e e nunca pode mos ter cer teza, mas, com os indicios apre-
sen tados, inf erimos que ela provavelmente n ão apoiou ½'ood,
As reconstituiçõe s do assassinato d,e Wood na parte dedicada à inves-
tigação concent ram -se nos procedi me ntos policiais, mas, durante o jul-
game nto , as reconstitu ições sugerem d ifcrentes versões do que aconteceu
no carro do assassino. Davi d Harri s estava abaLxado no banco da frente?
A silhueta peluda de Adams ter ia sido confun did a com a gola de pele de
um casaco? Quando as testemunh as-su rpresa são aprese ntadas, Morris
most ra recon&lituições q ue exibe m se us carros passand o p ela cena do
cr ime. Outra vez, as reco nstit u ições apre sentam as altern ativas de forma
neu tra , mas algumas se torn am mais plau síveis do que outra s, especial-
mente quando as testemu nhas oculare s são refutadas por outro testemu -
nho ou traldas por suas pró prias respostas evasivas.
,w
~o" f j ,, .. 11·1.(tJIIIQ rNM!t l "º
11rd ,, Y,t, ttrlor 11 fl'( 11,~,11
11111,,. j
Forma,estilo e ideologia
11,91- Olltulodeabertura.
"Ver!o
de1903~
tm Agora
strtmo,ftlrm. ão parao mundoda SI.Louis det9()J.
11.92 -A transiç
2 No original, "Someday soon we ali wWbe together, if the ?atesallow/ Unlil then we'll
have10 muddle through somehow'', (N. da T.)
parafazersua
a movenaescurodao 11.102- Omotivo naaberturadaferra
daluzculmina
11.101 UmaTootieaterroriLldse
travessura
•fi
, 1gm cado p<H i
e ser de quatro tipos gerais: referencial. explicito, implí
. . , - Nossa análise de Agoraseremosfelizes mostrou como
cito e smtonH,tlL 0, '
o, quatro tipo, ,1tuam para ' '
reforçar uma ideologia social neste caso,os
.
,a 1ores datra<11ç.1 . -0 , da vidJ• doméstica e da unidade familiar Os aspectos
·
rclcrenc1a1 ,<1o 11·1,ne prc,supõcm que o publico coMcgue entender a
<11fcrença cn trc •s1. Louis e Nova York e que
• ele tem conhecimento sobre
. . . .
• - ·
cxpos1çoc, 111, tnrnacionab , costumes familiares e feriados nac1ona1snor
te americano~ ct.:. Esse, elementos direcionam o filme a um público
especificamente norte-americano. O significado exphc1to do filme é for
mulado pelo di.\logo final, que acabamos de considerar, em que a cidade
pequena é !ratada como a fusão perfeita de progresso e tradição.
Também mostramos como a construção formal e os motivos eshlis-
llcos contribuem para um significado implícito importante: a familia e
0 lar como "refúgio em um mundo cruel ~ como ponto de referência
ccn1ral para a vida do indivíduo. E os significados sintomáticos?
Geralmente, um filmeexpressa tendências de muitas ideologiassoc1a1s
em sua tentativa de naturalizar o comportamento social. O Capítulo 2
mencionou que os sistemas de valores e crenças podem parecer inques-
tionáveis para os grupos sociais que os detêm. Uma maneira de os grupos
manterem tais sistemas é pressupor que certas coisas estão além da es-
colha ou do controle humano, que elas simplesmente são naturais. His-
toricamente, esse hábito de pensamento foi frequentemente usado para
justificar a opressão e a injustiça, como quando as mulheres, as minorias
e os pobres são vistos como naturalment e inferiores . AgoraseremosJeli
zesparticipa dessa tendência geral, não apenas em sua caracterização das
mulheres da família Smith (presume-se simplesmente que Esther e Rose
querem maridos), mas na própria escolha de uma familia branca e de
classe média alia corno emblema da vida norte -americana. Uma natura-
lização mais sutil é evidente na organização formal geral do filme. O
ciclo natural das estações é harmonizado com a vida da família e a con-
clusão do enredo ocorre na primavera, o tempo da renovação.
Podemos também nos concentrar nos significados sintomáticos mais
específicos historicamen te. O filme foi lançado em novembro de 194-1
(bem a tempo para o Natal). A Segunda Guerra Mundial ainda prosseguia.
Boa parte do público para esse filme seria formada por mulheres e crian-
ças com seus parentes homens ausentes por longos períodos, muitas
vezes no além-mar. As familias eram frequentemente forçadas a se se-
parar e as pe$soas que ficavam para trás precisavam fazer sacrificios
consideráveis para o es'o 11
rço d e guerra. F. ,
.m uma epoca em que as mu-
lh~res_precisavam trabalhar em instalações de segurança, fábricas e es
cntó~•o~ (e muitas estavam gostan do da exper iência), surgia um filme
que limitava O leque de experiê ncias das mulheres ao lar e à família e
ansíanpmumaépo • 1es, quando •. era
ca mais s1mp a unidade da fam1ha
suprema.
Touro indomável
de Jakc, sua vid,i decai e sua vio lênc ia aparece cada vez mais ~clvagem e
.iutodcstrutiva Além disso, anos motivm constantes destacam o papel
d a no· I'cnc1a
· em ,u,3 ..• ,.daº, 11"-, v1·dadJs· pessoas
·· à ,ua volta. Durante um
período de dc,~anso .:m su,,s primeiras lutas (segme~L-o 3), uma, panca-
d an,,· 1rron1p
· c 1,13 earq"tbanod
~ '- ,,I sugerindo logo no inicio que a v1olênc1a
,
,, 31 al~m do ringue. As relações domésticas sjo expressas atraves da
agrc,,,io, como nos cmpurrúc, entre Jakc e Joey e no trecho cm que Joey
discipl ina o filho ameaçando esfaqu eá-lo,
/\ violênda volta-çe ma1, vividamentc contra as mulheres. Tanto Jake
qu,mto Joe) ,multam e ameaçam sua, c,posas, e os momentos em que
J,,kc bate em suas du as esposas estabelece um contraponto sinistro a suas
batalh as no ringue . Durant e a pr imeira cena no Copacabana, as mulhe-
res surgem como alvos de abuso. Jake acusa Vickie de flertar com outros
homens; ele insulta um boxeador e um membro da Máfia ao sugerir que
ambos são como mulhere s, e mesmo o come d ian te no palco zomba das
mulheres no público. Cena a cena, a o rgan ização dos incid entes e dos
motivos recorrente s sugere que a agressividade masculina impregna a
vida norte-american a.
Scorsese contextualiza a violência de Jake por meio de técnicas cine-
matográficas . Em geral , ao recorrer a convenções do realismo, o estilo do
filme roma a violência em Touro i11domávelperturbadora . Muitas das
lutas foram filmadas com Steadicam, que produ z movimento s de câme-
ra agressivos ou primei_ros planos enfatizando caretas. A contraluz, mo-
tivada pelos spots em torno do ringu e, destaca as gotas de suor ou sangue
que espirram dos boxeadores quand o eles são atingidos ( 11.105). A
montagem rápida, muit as vc1.escom elipses, e os sons altos , exp losivos,
intensificam a força física dos socos. Graças à m aquiagem especial, o
11.10s- Violfnoo11tahsta
nasc,nasd, boxe. sangue parece jorrar grotescamente do rosto dos boxeadores. Scorsese
trata as cena s de violência fora do ringue de maneira diferente, dando
prefe rência a cenas longas e efe itos sonoros menos vívidos.
Ele cria um contexto histórico e social realista usando outras conven -
ções. Uma delas é uma série de títu los que identificam cada luta por data,
local e participantes. Essa tática narrat iva confere ,\O fi1me uma qualida -
de quase documcntá r ia.
Contu do, o fator mais importante na criação d e realismo provavel -
mente é a atuação. Exce to por Robert De Niro, o elenco foi selecionado
entre atores e não atores praticamente desconhecidos. Como resultado,
o filme não ~uscitou associações glnmourosns com estrelas. De 1iro era
conheci do principalmente por suas atuações decididamente realistas nos
filmes Caminhos perigosos (Mean slreets) e 1àxi driver, de Scorsese, e O
Jra,,co atirador (11iedeer lumter), de Michael Cimino. Em Touroi11domá-
vel,os atores falam com um forte sotaque do Bronx, repetem ou resmun -
gam muitas de suas falas e não tentam criar per sonage ns agradáveis. Na
publicidade cm torno do filme, muito se falou a respeito do fato de De
L'm cnsaw anahtKO sobre um filme para uma aula d ifícil pode se r a busca pela verdade (pp. 647-52).
ou pubhcaçâo normalmente tem de 5 a 15 páginas Da mes ma maneira, nossa discussão sobre Touro
com espaçamento duplo. Como análise, ele aponta indomável tent a mostra r que o filme critica avio-
de que modo a, várias panes do fiIme se encaixam lência usada no entre tenimento das massas, ao
sistematicamente. Como crítica ou resenha, o ensaio mesm o tem po em que exibe fascínio pelo seu en-
anabt1co pode incluir descrições, geralmente mais ca nto visce ral (p p. 665-8).
detalhadas e extensas. Assim como a resenha, o
ensaio anaHtico também expressa a opinião do au-
tor, mas, no caso, a opinião gera lmente não consi- Preparando-se para escrever
derao valor final do filme. Ao analisar um filme,
vocé está defendendo a sua visão de como as partes Como você propõe um arg um ento para seu ensaio?
do filme funcionam em conjunto. O t rabaU10 pr epara tór io normalmente consiste em
Pense em uma canção triste. Você pode descre- três etapa s.:
vera canção de várias formas ("É sobre uma mulher
que quer sair de um relacionamento sem futu ro"), Etapa 1: De senvolve r uma tese que seu
ou pode a1•aliá-la ("É muito ~enlimental") . Mas ensaio explicará e sustentará
1•océtambém pode analisá-la, disco rrendo sobre
como a letra, a melodia e a instrumentação trab a- Comece fazend o-se p erguntas. O que considera
lham em conjunto para criar a sensação de tristez a curioso ou perturbad or no filme? O que toma o
ou fazer o ouv inte entender essa relação. É o tipo filme digno de nota , em sua opinião? Ele ilustra
de coisa que os estudantes de cinema faze m ao algum aspecto da cria ção ci nematog ráfica comes-
analisar filmes. pecia l clareza? Ele tem um efeito inco m um no
O ensaio anali tico também é uma peça argu- espectador? Os signifi cado s sintomá ticos ou implí-
mentativa. Seu objetivo é permitir que você dese n - citos (pp. L21-3) parecem ter uma imp or tância es-
volva uma Ideia sob re o filme ~ apresente bo as pecífica?
razões para que tal ide ia seja leva<la a sério. As As respostas a tais pergunta s forn ecer ão a te.se
amosrtrasde anál ise do Capítulo 11 são ensaios ar- de sua análise. A tese, em qualquer peça escrita , é
gumen tativos. Por exemplo, ao analisar A tê1111 e a afirmação central que o seu argumento propõe .
Im1111da morte, argumentamos que o filme conta Ela envolve sua opinião, mas não da mesma ma-
uma história re al de um a mane ira que suge re quão neira que uma resenha expressa a sua avaliação de
um filme. No enst1lo.111oli tko, .1sua tese t: uma ma tan to, se fôssemos estuda ntes de arqu itetura , gos-
ncira de a1u<laroutro~ c,pect.1dore~ .1 entender o taríamos de estudar o proJeto do edifício inteiro e,
til me. Fm nos~.1,1n,1h,ede /f111111 de 1111111 (pp.1 602 portanto, exammanamos as planta, para entender
S). nossa tese é a Ji: que o filme usa recursos nar corno todas as partes individuais se encaixam. De
rali\'o, dJ,s1co~ p.ira niar uma 1111prc\sjode velo maneira semelhante, expennentamos um filme
~idade ~o tocante .1 Amon•., l'\presso.,(pp 674 5), cena por cena, mas, se quisermos entender como
nossa tese é a de lf lll ' o filnw nos levu u proc ur.1r as várias cenas atuam em conjun to, será útil termos
por rclaçôe\ tcmátka, entre du.1s linhas da históri.1 uma percepção da forma geral do filme.
que não se relacion.1111de forma L.lUS,al. Contudo, os filmes n.ío vêm equipados com
Normalmente, :1tc,c seró uma aJirnrnção sobre plantas; então temos de fazer as nossas. A melhor
a~ funções do filme, ,cus efeitos ou signi ficados (ou maneira de entender a forma geral do filme é faler
uma mi-tur.1 do, trê,). Por exemplo, argumentamos uma segmentação, como sugerimos em capnulos
que, ao cnar uma grand e varwdnde de personagens ant er iores. {Veja especificamente pp. 135-6, 1846,
em Faça II coisa certa, Spikc Lee cria linh as de en 603, 645-6 e 664-5.) Dividir o filme em segmentos
redo intcrconcctada;; isto lhe permite explo rar os fornece uma vi\ão geral conveniente, e a segmen-
problemas de manteruma comunida de (pp. 613-20). tação muitas vezes sugerirá coisas que sustentarão
Em nossa discussão de Intriga intemacio11nl,con - ou ajudarão a corroborar a sua tese. Por exemplo.
centramo-nos mais em como o fiJme consegue os ao estudarmos A tênue linha dt, morte, fizemos uma
efeitos de suspense e surpresa (pp. 607-13). A aná - lista à parte de todos os flashbacks do assassinato.
lise de Agora seremosfelizes enfatiza como a técni Quando os vimos alinhad os na página, descobrimo\
e.; carrega significados sintomáticos e implícitos neles o padrão de desenv olvimento que se tornou
sobre a importância éa vida em família nos Estados parte de nossa análise (pp. 645-53).
Unidos (pp. 653-63). Agora que você tem uma segmentação, pode
Sua tese precisará de susten tação, de algumas continuar e ver como as partes se ligam. Ao exami-
..azões para que se acredite nela . Pergunte-se: "O nar um filme não narrativ o, será preciso ficar es-
que sustentaria minha tese?" e faça uma lista de pecialmente alerta ao seu uso de princípio s cate-
motivos. Algumas dessas razões lhe oco rr erão inle • góricos, retóricos, abstrat os ou associativos. Veja
diatamente, mas outras apenas quando começa r a nossa avaliação de Gap-toothed wome11(pp. 5-106),
estudar o filme mais detalhada mente. E 3S razões, para ter um exemp lo de como basear uma análise
que são ra1ões conceituais, por sua vez, precisarão na forma geral do filme.
de ~ustentação - normalmente, indícios e exem - Se o filme apresenta uma narrativa, a segmen
plos. É possível r~~umir a estrutura de um ensaio tação pode ajudá -lo a responder a perguntas como
argumentativo no acrónimo TRE€ : Ie se sustentada estas: Como cada cena estabelece causas e efeitos?
por Ra1-Ões,baseada em Evidéncias e Exemplos. Em que altura entendemos os objetivos das perso-
nagens e como esses objetivos se de,envolvem ao
Erapa 2: Esboçar uma seg mentação longo da ação? Que principias de desenvolvimcn·
do ulme todo to ligam uma cena a outra? Seria difícil discernir
o padrão das reconstituições do assassinato e dos
Analisar um filme é um pouco como investigar vários interrogatórios cm A tenue linlin da morte
o projeto <leum pred,o Quando en tramo s em um sem relacioná -los por escrito.
prédio, obstnvamos várias carac teríst icas - o for- Você deve incl uir sua segmentação na análise
mato da entrada, a iúbi ta aparição de um átrio escrita? Algumas vezes, ela torna sua argumentação
imenso. Podemos, porém, não ter uma percepção mais d.ira e convmcente. Acreditamos que uma
muito forte da arquitetura geral do préd io. No en - amp la decomposição em cenas ajuda a ilustrar ai·
cun, ronw, , ..ntr.11,cm no,,a <li,cu\\,io <llfe)ltlll Lm qua lque r mnmcnt,, <lt um filme, há tanta
;i.-.,..10, (p. i,íl~l. l.11\'CZ ,cu argumento ganhe for ~rn~a aco n1ccc11doque é fácil se perder em meio a
, J , t "''~ .1prc,cnt.1ruma scgmcntaç;io a111Jamais todos os elemen to<,técn icos. A composição da cena,
n•hnJJ, 1, ti1cmn, ,,,o ao considerar os trê, ,ubscg a atuação, a ilum inação, os movimentos de câmera,
mentn, Ja ,.-na final de pcr,egu1ção cm flll nga o proje to de cores, o diálog(), a música todas
1,r!( P h llf ôl hl l ( PP· 60 7 IJ ). c,~as coisa, pod em mudar de segundo para scgun
lndumJ,, ou nfo a ,cgmcnt, 1ç.io n.i sua an.lli,c do. 1-rcquc ntcmcnte, pri ncipiantes na análi\e cine -
e,.:nta. ,. \>om ,ult1, ·ar n háb110 de escrever uma rnatográlka não sabem ao certo qua is técn ica\ são
,t"\!mcntJçâc, ra10a\'cl111cntcdctal h~<la,emp rt· quc mais relevantes para \ ua te\c . Às vezes, eles tentam
t ,~minar um tílmc. Isso o .ijudar.í a obter uma pcr- descrever cad a peça do figurino, cad a corte ou pa-
.:ep~jo geral do plane, do tilme. VtKê provavelme n - norãrnica e aca bam se enter rando cm dados.
te per,cbeu que quase toda5 as nossa~ aná lises in - É quando o planejamento prévio d a tese pode
cluem, logo nc, imc10. uma formu lação sob re a ajudá- lo. Sua tese to rnará determinadas técnicas
orgamza.:ão formal subjacente do filme. Isso for- mais pertin entes do qu e o utras. Por exemplo, argu-
nece uma fundação ~ólida para uma análise mais mentamos que, em Intriga ínternac,onal, Hitchcock
detalhada . l::xpor uma segmentação por esc rito cria suspen se e surpre sa ao man ipular o alcance de
tambem.:uma boa práuça~e vocé-quiser s;: to rn ar n osso conhecimento (pp. 607-13). As vezes, ele nos
um ane.u.ta; roteiristas, diretores e ou tros pro fis- permite saber mais do que a personagem prin cipal.
sionais da área de cr iação no rmalmente traba lham Roger Thornhi ll, e isso cria suspense: Thorn hill
a partir de um esboço de enredo que é, mais o u cairá nas armadilhas que sabemo s q ue o esperam?
meno;, uma segmentação. Em outro s momento s sabemo s tanto quanto Thor-
nh ill , de modo que ficamo s tão surpre sos quanto
Etapa 3: En contr ar exe m p los sig n ificat ivo s ele a cada reviravolta dos aconte cimen tos. Hitch-
da técn ic a cinem atog ráfica cock uti liza técnicas de cinema específicas para
criar esses efeitos. Os cortes entre as linh as de ação
Enquanto assiste ao filme, você deve anotardes - nos oferecem mais conheciment o do que Thornhill
mções breves e preci sas d as di versas técnicas ci- tem, enquanto os planos ponto d e vista e os cortes
nematográficas usadas. Você po de con seguir ideias nos restringem ao entendimento que ele tem de
para a análise de padr ões estilís ticos nos Capítulos determin adas situações.
8 e 10. üma vez determin ad a a estrutura organiza- Portanto , outras técnicas , com o a ilum inação ou
cionalgeral do filme, você po de identificar técnicas o estilo de atuação, não são tão relevantes para nos-
que se destaquem, delin ear padr ões de técnicas ao sa tese sobre Intriga intern11cio11al.(Entre tanto , po-
longo de todo o filme e propor funções para essas deriam se r muit o relevantes para outras teses a seu
técni~. Essas técnica~ frequent emente sustenta rão respeito - por exemp lo, a de que ele trata as con -
ou refinarão sua tese. venções do thr//ler de forma um tanto cômica .) Em
De início, fique alerta p ara as técnicas usadas, contraste, enfatizamos mais a técnica de atuação
urna a uma: Este é um caso <le iluminação de Irês em nossa análise de Touroindomável,pois a atuação
pontos? Este é um corte de continuidade? Igual- é pertinente para nossa discussão do uso de co n -
mente importante é você ser sens1vel ao contexto: venções realistas no filme. De maneira semelhante ,
Qual é a função da técnica neste caso? Novame nte, a montagem em Agoraseremosfelizes seria interes-
ª segmentação o ajudará a chamar a atenção para sante do ponto de vista de outro argumento , mas
determinada configuração de padrões. A técnica se não é central para aquele que estamos desenvol-
repete ou se desenvolve ao longo do filme? vendo, e, portanto, praticamente não é mencionada.
pronto para organuar o seu cn,a10 an.1lt11w d11d.1por um 1111 p.11,ti(•Jlns , ,\ mtrndu,, 1.,
111.11,
pdo rnerH1'11111
1,·111 p,1r,1i:r,1lnn. ,nrpn 1,1,1,-,1111 ._
s u111d11s,H1,11rnutl duis p,1r,1gi,,ln,,
p,11,lgr.1loe,,
Organizaç<ioe redaçr1o No, m,,lllll'lltt•, º' p,1r.1w,llm tnt I od11tnlim ""
de urn 1111111·
,111,llrs,• 11,1111·x1lw11 1111111,1,n-11h·n,1,u
1 m termos amplth, uma peça argumentali\'.l possui comple1.1,.Lrn n, 1h"11,e o l111,11 nnd .. dn·,• ~•·r
esta estrutura subjacente: aprl.',en1,1daa tese 1111c vm.~1lcw1,1 p10p11rI n·,111 1·11
, l.'IIVOIV('
1c111e1llcisso situar ., ll'\I' l'llt ,d,1,,1,1,,
Introdução: Informações de fundo ou um exemplo algum,1' inforrn,1ço1·,de lundn 11111 ,·wmpln. u prt
S1gnifica11rnque levam .\: metro p,1r.igrafode no\\J an.il11,·1k ,1 ti',111,•/mlro1
Formulaç.io da tese tia morte rc~ume o ,rime I.' .1, 11111•,1ig,1\ue, 11u,,.111
o asM111to do filme. O .,cgundu p,11,1w,1fo cshni,,1,1,
Corpo: Razões para acred ilar na tese
Evidências e exemplos que sustentam a tese cin,;un,1âncias q11cmoldur,111,11 k11u1,1do 11l111,· l'
rem, começamos co m u m pa rágrafo com informa- 11. A caracterização do casal, portanto, é nitida-
ções de fund o (p. 620) que de lineiam a~ tradições mente diferente da caracterização do casal
relevantes de filmes sobre criminosos ele J lollywoocl. romã11L1cona maioria das tramas de crimi-
o segund o parágrafo mostra como a histó ria bás i- nosos cm fuga (p. t'i24}.
ca de Acossado lemb ra os lilmes que ret raiam um
casal de crimin osos em fuga. Os três parág rafos Cada um desses pontos constitui uma ra.r.ãopara
seguintes sustenta m que o filme de Go dard também aceitar a tese de que Acossado usa as convenções
retrabalha as co nvenções de Ho llywoo d : Michel do gênero, mas também as revisa de modo inquie-
parece esta r imit and o os asl ros q ue faziam papel tante.
de "dm ões'; enqua n to a forma e o estilo do filme As razões para sustentar sua tese podem ser de
parecem inform ais, com o se a inte nção fosse per- mu itos tip os. Muitas de nossas análises fazem dis-
mitir que o pú blico aproveit asse uma ver~ão no va, tinção entre razões baseadas na forma narrativa
mais consciente de si, de um filme norte -ameri ca- geral do filme e razões baseadas em escolhas esti·
no sobre crime . lís1icas. A parte d o ensaio sob re Acossado que aca -
Uma vez que o ensaio se baseia em comparaçã o bamo s de examin ar oíerece indícios que sustentam
e contraste, o corpo do trabalho explora as seme- nossas afirm ações no sentido de que o filme retra -
lhanças e as diferençasdo filmeem relaçãoàs con - balha convenções n arrat ivas hollywoodianas.Os
venções de Hollywood . Os 11 parágrafos seguinte s parágrafo s que vêm após esse mate rial (pp. 624-7)
buscam estabelecer os seguintes pontos sobre a discu tem o uso similarmen te autoconscien te de
forma narrativa do filme: estratégias cstilisticas po r parte de Godard. Ao ana-
lisar Agora seremos felizes, concent ramo-nos mais
1. Michel , em algumas atitudes , é como um pro - no exame do s vário s motivos que criam efeitos te-
tagonista de Hollywood (p. 620). máticos esp ecílicos. Em amb os os casos, o argu-
2. A ação, porém, é muito mais fragmentada mento se baseia em um a tese, susten tada por razões
e digressiva do que um fi.lme de Hollywood que , por sua vez, são sustenta d as po r evidências e
(p. 621).
exemplo s.
Se você organi zar o ensaio conceitua lmente em
3. A morte do policial é tratada de maneira mais
vez de fazê-lo seguind o a crono logia d etal h ad a da
abrupta e desconcertante do que em um filme
ação, talvez ache útil p ôr o leitor a par da ação d o
de ação normal (pp. 621-2) .
enredo em algum mom en to. Uma breve sino pse
4, 5. Em contraste, o diálogo de Patrlcia e Michel logo apó s a introdu ção po de fazer isso. (Ver a aná-
no quarto não é comum nos gêneros holly- lise de illtriga internacional, pp. 607- l 3, ou a dis-
woodianos, pois é muito está tica, indi cando cussão de Amores expressos,p p. 633-40.) O u, 1:nt ão,
pouco progressoem relaçãoaos objetivos de você talvez prefira tratar do mat eria l básico do en-
Michel (p. 622). redo ao discutir a segmentação, a carac ter ização, a
6. Logo que a trama volta a se desenvolver, ela progres são causal o u outr os tópicos. A ideia cruci al
se detém (p. 622). é que você não é obrigado a seguir a ord em do
7, 8. Camin hando para o desfecho, a trama voha filme.
a avançar, mas o final permanece enigmático Normalmente , cada raz ão a favor da tese torna -
e aberto (pp. 622-3). se o tópico de um pa rágrafo, com evidências mais
9, 10. De modo geral, Michel e Patrí cia são perso- detalhadas progressivam ente expostas nas senten-
ças seguintes . No exemp lo de Acossado, cada pon -
nagens enigmáticos e difíceis de interpretar
to principal é acompanhado de exemp los específi -
(pp. 623-4).
cos de como a ação do en redo, o diálogo o u as
l<.',nir.1, ,incm,\log ráficas fazem referência à tradi grande quantidade de informações, algumas sem
-;ão<lcHol lywood e ao mesmo tempo afrouxam a~ muita importância, até me;mo triviais. O objetivo,
convcn\cõcs . É neste ponto que suas anotações de sugerimos, é encorajar o espectador a ordenar os
talhadas sobre cenas ou técnicas de destaque serão dados conflitantes e perceber detalhes (pp. 648-9) .
muito úlcis. Vocêpode selecionar os exemp los mais É um ponlo rJzoavelmcnlc complexo que prova -
fortes e vívidos de misr-e11-sce11e,
cinematogrn fia, velmente não seria percebido se apresentado logo
montagem e som para sustentar o ponto principal de inicio. Após a análise ter tratado de questões
que cada parágrafo explora. mais definidas, é mais fácil considerar Laisnuanças
Há di\'crsas outr,\, táticas que podem tornar o de ínterpretaç.ão.
corpo da análise mais persuasivo. Um parágrafo Como encer rar o seu ensaio argumentativo?
que compara ou contrasta um filme com outro pode Agora é o momento de reafirmar a lese (habilido -
ajudá-lo a se concentra r em aspectos específicos samente, não repetindo afirmações anteriores pa-
cenLrais para a sua argumentação. Você também lavra por palavra) e de lembrar o leitor das razões
pode incluir uma análise detalhada de uma única para considerá-la . O final também é uma oportu -
cena ou sequênc ia que reforce a sua argumentação. nidade para certa eloquência, para uma citação
Usamos essa tática para discutir o final de diversos reveladora, um pouco de contextualiza.,:ão hu,tóri-
filmes, principalmente porque a seção final frequen - ca ou um motivo concreto extraído do próprio fil.
temente revela princípios amplos de desenvolvi- me - talvez um trecho de diálogo ou uma imagem
mento. Por exemplo, em nosso ensaio sobre Intriga que condense a sua tese. Tentamos esta tática em
mtemacional, examinamos a reviravolta fina l do no ssa análise do som em O grande truque (The
filme como um exemplo típico de como a narrati - prestige)(pp. 456-7). Ao fazer as anotações prepara
va manipula nosso conhecimento para críar sur- tórias, pergunte -se constantemente: Há algo aqui
presa e suspense (p. 612). que possa criar um final marcante?
Em geral, o corpo do argumento deve progredir Assim como não há uma receita geral para en -
em direção a razões mais fortes ou sutis para acre- tender o cinema, nào há uma fórmula para escrever
ditar na tese. Na discussão sobre A têm,e li11hada análises cinematográficas incisivas e esclarecedoras.
morte, começamos expondo como o filme ofe rece Mas há regras e princípios básicos que governam
um tipo de investigação reconstruída ,que leva ao qualquer tipo de boa redação. Ê apenas escrev,endo
assassino (pp. 645-7). Só então perguntamos: o filme e reescrevendo constantemente que esses pri ncipios
é mai~do queumrelatoneutrodo caso(pp. 647-8)? e regrasse tomam quase inslintívos. Analisai1do
Isso no!>leva a argumentar que o cineasta su tilmen - filmes, podemos entender de onde provém o praier
le nos fe1.soli darizar com Randal l Adams (p. 647). que sentimos com eles e compartilhar esse enten -
Contudo, o filme não se limita a nos alinhar com dimento com outros. Se tivermos sucesso, a escri-
Adams. Ele também nos bombardeia com uma ta em si pode dar prazer a nós e aos nossos leitores.
RESUMO
-
Questõescentraispara um ensaioanalítico
Para aiud á lo a elabo rar u m cma 10 analf t1coeficaz, A ta refa pedida era um ensa io analítico ~obre O rei
pergunt e: da comédia ( King of co111 edy), de Martin Scorsese,
concentra ndo-se em dua~ ou trê, cenas de especial
1. Eu tenh o uma tc~c? Ela foi cla ramente for mu- impo rtância para a tese do texto. O ensaio foi acom-
l ada no inicio do ensaio? panh ad o de uma segmen tação do filme, não in-
2. Eu lenh o um a oéríe de razões par a sustentar a cluída aq ui.
tese? Elas estão organizada s em um a ordem Observe como o ensaio começa com algumas
lógica e co nvin cente (co m a raz.ão m ais forte observações gerais e depois foca li1,a a tese no se-
ou complexa em último lugar )? gundo parágr afo. Para acom panhar o gran de esmae-
3. As razões que uso para susten tar a tese foram ciment o da front eira entr e fantasia e rea lid ade no
fundamentada s? Minha segmentaç ão e min ha filme, a autora de senvo lve uma estr atégia de co m -
análise estilística fornece m indício s e exemplo s paração e contra ste. Cada parágrafo de senvo lve
específicos para cada razão oferecida? indícios específicos a respe ito das várias té cn icas
4. O início do texto orienta o leitor na direçãode usadaspor Scorsese, considerandoa montagem, o
meu ar gum en to? O parág rafo de concl usão rei• som, o trabalho de câme ra e a encen ação. A con•
tera a tese e constitu i um final destacado? clusào do ensa io especula sobre com o essas técni
cas afetam o espectado r e reforçam um dos temas
Uma amos tr a d e e n sai o analítico do filme. Uma frase concisa resume e refor ça a tese
prin cipal: "Nossa imagem final de Rup ert pode ser
O texto a seguir foi escrito por uma alun a do uma image m do ser hum ano ou pode ser um a i ma-
segundo ano para um curso introdutório de cinema. gem que provém do ser humano ~
Amanda Robillard
Os Estados Unidos são obceca dos pela fama . Programas de te levisão e revis tas foram
criados parape rmit ir que as massasmergulhassemna vida pessoal de 5eu5a5tros favo·
ritos. Amigos troca m mexe ricos so bre pessoa s q ue e les nunca conh ecer a m, mas que
acre dit am co nh ecer em virtud e dos veíc ulos de comun icaç ão de massa. A vida das ce le-
bridades pode nlio ser perfeita, mas, de finitiv amen te, é excitante. Saber sobre a vida de
sua estre la favorit a é um fuga divertid a do qu e pode parecer uma existência banal.
A fa ma se torn a sed utora porque es tá env olta em um mun do de fantas ia. O filme O rei
da comédia, de Mart in Scorsese, focaliza a obsessão de Rupert Pup kin pela fama . Ele não
ape nas é o bceca do por um comediante fa moso, com também é consumido pelo d esejo
d e se tornar um co med iante famo so e chega a acreditar que seu ld olo est á mai s do que
disposto a ajudá-lo nesse objetivo. A obsessão de Pvpkrn vai além do simples interes-
se pela fama; ela domrna a sua vida a ponto de ele não conseguir mais distinguir a
realidade das fantasias que criou. Como o espectador poder ver essas fantasias através
dos o lh os de Rvpert, é possível acompanhar como ele mer'}vlha cada vez mais no seu
mundo de fantasia. Cm O,,,; dn comédia. Scorsese utiliza diversos elC'mentos estilísti-
cos para manipular os li mites entre a fantasia e a redlidade de modo a traçar um pa-
ralelo entre a prog ressiva Ime rsão de Rupert em suas próprias fantasias e a Incapaci-
dade do espectador de distinguir as duas.
A primeira cena de fantasia de O rei da comédia,segmento 3, esmaece a fronteira
entre a fantasia e a realidade, mas, apesar de tud o, essa fronteira ainda é discernível.
Aqui, Scorsese usa elementos estilíst icos para criar uma fantasia coerente que é facil·
mente reconhecível como tal. Ela é di stintame nt e separada das cenas da realidade
circ un dante ao mesmo tempo em qu e se baseia nelas para criar a fantasia.
Um uso comb inado de som e montagem é feito para ligar a fantasia à realidade.
Isso é evidente tanto nas cenas em torno do segmento 3 como na própria primeira
cena. Rupert convida Jerry para almoçar no final do segmento 2. O convite leva a um
plano de Jerry e Rupert sentados em um restaurante na cena seguinte. Essa ligação
do diálogo real com a fantas ia é um padrão conti nuo em todo o filme , que se mani-
festa prime iro pela menção a um ato em um diálogo real e, depo is, pela transferên cia
deste para uma fantasia que surge poster iormente no filme . Juntar as cenas de tal
forma na montagem é um recu rso usado para esmaecer a dist inção entre a fantasia
e a realidade.
Na cena, a justapos ição da fantasia de Rupert e de sua representação desta no
porão de sua mãe serve para criar um a distinção ent re as du as. Às vezes, as cenas de
contra campo de Rupert o mostram vestido para o almoço; em outros momentos, elas
o mostram no porão , com roupas diferentes. De mane ira semelhante, enquanto ainda
vemos uma imagem de Jerry e Rupert almoçando juntos em um restaurante , ouvimos
a mãe de Rupert gritando para ele ficar em silêncio ou pergun t and o com quem ele
está falando. Técnicas de som e mo ntag em guiam o espectador de volta à realidade,
na qual Rupert está efet ivamente representan do a fantasia em seu porão. Novamen ·
te, porém, algun s elemen to s são transportados da fantasia para a realidade. As foto-
grafias atrás de Jerry na fantasia são ecoadas pelas fotografias na parede atrás de
Rupert no porão . Jerry também aparece usando a mesma camisa e a mesma gravata
da cena anterior, embora com outro paletó. Além disso, a fonte de luz parece vir da
dir eita de Rupert na fantas ia e na realidade, apesar de ser mais suave nas cenas no
porão.
Todos esses elementos do estilo servem para ligar a fantasia à realidade e, ao mes-
mo tempo, traçar distinções claras entr e as duas. São necessárias similaridades para
criar uma fantasia verossímil, que fosse viável Rupert ter no momento . O recurso a
essas simi laridades permite que o espectador perce ba pad rõ es desenvolvidos ao
longo do fi lme, e as variações nesses padrões servem para co nstantemen te esmaecer
cada vez mais a linh a entr e a fanta sia e a realidade a cada sequê ncia de fanta sia. Nes-
se momento do filme, aind a há difer enças suficientes entre os dois domínios e é
possível separá-los claramente. Isso é válido para Rupert - quando repre senta os dois
DAQUI PARAFRENTE
Muitos dos estudos cnticos que citamos nas seções Sight arul Sound 5, 2 (NS) (fevereiro , 1995), p. 61,
"Daqui para frente " nas Partes 2 e 3 merecem aten - ofere ce uma suplementação interessante à nossa
ção como ilustrações da análise cinematográfica. análise.
Eis outros que exemplificam abordagens: Thomas Publicamos várias outra s amostras de análise
-n,e
W. Beoson e Carolyn Anderson, Realityfic1io11s: em formato PDF em www.davidbordwelJ.net /fiJ.
films of FrederickWiseman (Carbondale, Southern mart/index.php. Elas foram publicadas emedições
Illinois University Press, 1989); Noel Burch, /ri <111d anteriores de A arte do cinema e nelas discutimos
oul of sync: T11enw11ke11i11gof II cine-dreamer(Lon - ou tros filmes que exemplificam os princípios que
dres, Scholar Press, 1991); Noel Carroll, l11terpreling descrevemos aqui. Especificamente:
the moving image (Cambridge, Cambridge Univer- Estilo e narrativa clássica: O homem que sabiade-
sity Press. 1998); Lea Jacobs, Thewagesof sin: Cen- mais (7he man who knew too much, 1934), No
sorship1111d lhe fallen womanjilm, 1928-1942(Ma- tempo das diligências( 1939), Hannahe suasir-
disoo, Uoiversity of Wisconsin Press, 1991); Bill mãs (Hannah and her sisters 1985), Procura-se
Simon, «'Read ing' Zorns Lemma",MillenniumFilm Susan desesperadamente(Desperatelyseeking
]ournal 1, 2 (primavera-verão, 1978), pp. 38-49; P. Susan) ( 1985)
Adams Sitney, Modernislmontnge:Theobscurityof Abordagens não clássicas da narrativa: Diasde ira
vision in cinema and literalure(Nova York, Colum- ( Vredensdag,1943). Ano passadoem Marienbad
bia University Press, 1990); e Kristin Thompson , (L'Annéederniereà Marie11b11d, 1961),Innocen-
Breaki11g theglassarmar:Neoforma/istJilm analysis ce wiprotected( 1968)
(Prioceton, NJ,Princeton University Press, 1988) e Animação : Clockc/eaners( 1937)
Storytellingin the New Hollywood:Understa11ding Ideologia : Tudo vai bem (Tout va bien) (1972)
classicalnarrativetechnique(Cambridge, MA, Har- Forma e estilo do documentário: Highschool(1968)
vard University Press, 1999). A revi sta 011-/ine
Sen- Ocasionalmente, também analisamos filmes em
ses of Cinema, www.sensesofcinema.com, co ntém "Observat ion s on film art and Film arl".Todas as
muitas análises cinematográficas detalhadas. análises envolvem spoilers,claro, então é melhor
Coletâneas de aná lises incluem Pcter Lehman assistir ao filmeantes de ler o tópico. "Lessons from
(org.). Glose viewings: An antfwlogy of new film Babel"falasobre sua narrativa em "rede" e seu es-
crilicism(Ta!Jabassee, Florida Statc University Press, ti lo; veja www.davidbordwell.net/blog/?p= 147.
1990}; Jelfrey Geiger e R. L. Rutsky (orgs.), Film "Another pebble io your shoe " analisa o cioemato•
analysis:A norto11rcader(Nova York,Norton, 2005); graficamente inovador O grande chefe( The bossof
e John Gibbs e Douglas Pye (orgs.), Slyle and mea- il ali), de Lars von Tricr; veja www.davidbordwell.
ning:Studies in lhe detailed cmalysisoffilm (Man- net/blog/?p =202. ''Cronenberg's violeot reversais"
chester, Manchester University Prcss, 2005). compara A history of violencee Senhoresdo crime
O British Film lnstitute publica dua s séries de (Eastern promises);veja www.davidbordwell.net/
livros curtos analisando filmes individuais: "Film blog/?p=l412. Sobre o remakede um filme de Hong
Classics" e "Modem Classics". Para listas de títulos, Kong por Martin Scorsese, veja "The dlfpa11ed:
no
visite www.bfi.org.uk. departure" em www.davidbordwel l.net /blog/?p=l8.
A perspectiva pessoal da feminista Lizzie Borden Discutimos os ensaios sobre cinema de Gary
sobre Touroindomável,"Blood and Redemp tion•; Giddins e citamos alguns de seus grandes textos
rm ''\Vealherbird llics ag,un'',cm wwvr·.davH.lbord. 1nic 1ai~de jeanl.uc Godard, O pequeno soldado (Lc
",IL neúblog/?p=358. pc:Wsolcfot) e Trmpo de guerra ( Les tnrabmia s)
A maioriada.°'an.\H~t.·s
atualmcnlc são fc1IMcom O conjunLode doisd1~cosde Em uma vez em
base rm DVD. 1\la:-. nem todos os filll\cs eslão em T6qu;o,da Crilcrion Collcctlon, contém uma im -
OVD, c-spccialmemeos mais antigo~. Escr~vemos pressãorestaurada,assirncorno um documentãrio
~obre como é estudar dctnlhadamenlê um filme de longa..met ragem ~obre n dLretorYasuj1roOzu, /
de arquLvoem uma máquina de montagem cnl lived. bu1.... um comentário cm áudio de Dav,d
'"\\'atchn\g movi.es very, very slowly'".em \\T\VW. Desser e um ensaio de Da,•id Rordwell.
dav,dbordwell.net/blog/?p-102·l A versão cm DVD de Amoresexpresso.;,da C:ri-
terion Collection. inclui uma faixa de comentànos
DVDsdos filmes analisados informativossobre Tony Rayns.
Umhomemcomwna cameraestádisponívelnos
Foram lançados vários DVDsde feítm, de amor. A EstadosUnido~ pela lmage~com acompanhamen
maioria deles tem urna qualidade de imagem me- 10 da Alloy Orchestra e pela Kino lnternational.
díocre e poucos suplementos. Uma boa versão res- com música de Michael Nyman.O DVDda lmage
taurada está disponível pela Columbia, na série não possui codificaçãode região. A versão da Kino
"Columbia Classics~que também contém uma ex- tambem está disponivel no Reino Unido pelo Bri-
celentefaixade comentáriosdo biógrafode Howard tish Film lnslitute.
Hawks,Todd McCarLhy.A Deita lançou a mesma A. ténue linlw da morte está disponivel em DVD
cópia restauradasem comentários, mas comple~ (pela MGlvl},sozmho ou em uma cai.x~l éom outros
meotadapor uro documentário, CaryGra/11011ji/m; documenlários de longa-metragemde Erro! Morris:
A bíography. Gates ofl1eave11,sobre cemitt!rio~de animais, e Ver~
Intrigainlernaâonal está disponlve) pela Warner non, Florida.que focaliza os habitantesexcêntricos
Horne Vídeo. (Observe que o "Limited E<lition de uma pequ~nacidade na flórida. M.orriscnaokm
Collector's Set'',da CreativeDesign A11,é mais caro 11mprovocante blogsobre problemasdo documen-
e não Ltm ~uplemenlos adicionais no disco - sim• Lário em morris.blogs.nytimes.com. Vários textos
plesmente vem em uma caixa ,com algumas fotos discutem A rénuelit1hada morte.
de produção barata e um pôster.) A "1\vo,d isc special edition• de Agoraseremos
A CriterionCollection de Façaa coisacertacon- felizes (Warner Bros.) tem urnu excelente transfe-
lém um disco todo de suplementos, incluindo um rência do filme, assim como um sólidosuplemento
documentário de uma hora, "Toe making-of Do lhe histórico,"Thc makingof an Arnericanclassic~(Ele
right 1/1in(, que enfolizn a inl-eraçãodo cineasta também contém o "Hollywood:Toe dream factory•.
coma comunidade emqueo filmefoifeito.Eletam- uma história.da MGM foita em 1972.)
bém contém entrevistas com o diretor e com o edi- Touro i11domtível(MGM) está disponível como
tor e gravaçõesdos bastidores do próprio Spike Lee. disco \1nico ()U como "Ediçãoespecial'• com um
Acossndoestá disponível petiaFox Lorber, sozi- cüscosuplementarque incluivá.riosdocumentários
nho ou em uma caixa indui udc, outros dois longas cuJtos sobre diversos aspectos da produção.
esperava rn111b111,\•IO \ a fonografi,1 par,, cx1b1 los com som. Ele fez
mm
com que n,ckson dcst·n,·ol\'c,se uma maquin,1
par,1 visionamento indi-
mostrar esses filmes
vidual, do t 1po fl'CP .1how,o onelo.1c6p10 ( l 2. 1), par,1
.1 espl'Ct,1dores 1mli, ,dual mente.
tr:1 sse e toda a constru ção gi rava em um trilho circ ula r (visível e m 12.3)
"Quando fazemosmog,coestamosdtontedos
para seguir o mov iment o d o sol. Os Lumieres, co ntud o, levava m suas
olhares atentos
dopublico,
quenuncafolhoem
câmera s para pa rque s, jardin s, praia s e o utro s locai s púb licos pa ra filmar notarummovimento wspeito
. Estamos soltto11os,
ati"idadc s cotidiana s, evento s e not ícia~, co mo de mo nstrado cm A c/1e- osolhares nunca
seofosrom.Folhas nãosãoto-
gc1d a do trem 11aestação (Lnrriv ée d'un trnin ri La Ciotat) (5.61). lerados... Aopossoque,no onemo,é possível
Até 1903, a ma ioria dos filme~ mostra va luga res cênicos e eventos tecero trabalho colmamente,longedaqueles
olharesprofanos,e podem-sefazer oscoisos 36
importantes , mas a forma narra i iva tamb ém foi in serid a no cinem a d es-
vezessenetessóno,ortqueesre1
omcorretos . Isso
de seu iníci o . Edison encenou cena s cô micas. como , por exemplo , uma perm1te vioJor
afimdoslimitesdosmorovtlhos •
pateu teada como " 1893", na qua l um h o mem bêbado briga brevem en te
com um policial. Os Lum ieres fizeram o popular c urta O regador regado - Georg
eMéliés,
magico
e oneasta
(Làrroseur arrosé, 1895), també m um a cena cô mi ca, na q ua l um garoto
engana um jardine iro para que ele se molhe com uma mang ueira (4.8).
Após o sucesso in icial da no va míd ia, os cineastas tiveram que encontrar
temas mais complexos e int eressa ntes par a cativar o interesse d o públi co.
Os Lurniêres enviaram operadores de câmera por todo o mundo para
exibir os filmes e fotogr afar evento s important es e lugares exót icos. Porém,
após fazerem um gra nde núm ero de filmes nos primeiros anos, eles re-
duziram sua produção e finalmente pararam de fazer cinema em 1905.
Em 1896, Georges Mélies adquiriu um projetor do inventor britâ nico
Robert William Paul e logo cons truiu uma câmera baseada no mes mo
mecanis mo. Os primeiros filmes de Méliês lembra vam as cenas de ati-
vidades cotidianas dos Lumiêres . Mas, como visto anteriormente
(pp. 207•10), Méliês também e ra um mágico e descobriu as po ssibilid ades
de in cluir efeitos especia is simples. Em 1897, Mélies const ruiu seu pró prio
estúdio. Ao contrário da Black Maria, de Edison, o estúd io de Mélies era
construído de vidro, como uma estufa, para q ue não precisasse ser mo -
vido conforme o sol ( 12.4).
d. mer;is diferentes das patenteada ·s por Edison. o ul ras empresas cont .1-
nuara111operand o_enquan to Edison as processava. Em 1908, Edison
cooperou com ª Biograph para ganhar controle sobre essas outras em-
presas, criando a Motion Picture Patents Company (MPPC), um grupo
de da empresas localtzados em grande parte cm Chícago, Nova York e
Nova )erse)'. Edison e Biograph eram os únicos acionistas e donos de OBLOG
ACESSE
patentes. Eles licenciavam os oulros membros para fazer, distribuir e Hollywood nãoerao úmcolugar onde formae
estilodnemaiográfi(os estavamse desenvo
l-
exibir filmes.
vendonadécadade 191O. Paraumsobrevoo
A MPPC nunca conseguiu realmente elimínar a competição. Inúmeras internacionalsobreo importan
te anode1913,
companhias independen tes se estabeleceram nesse período. o diretor veia' lucky'13"em
mais importante da Biograph a par tir de 1908, D. W. Griffith, formou sua www.davidb
ordwell.net/blog/?p=2674.
própria empresa em 1913, bem como o fizeram outros cineastas. O go-
verno dos Estados Unidos abriu um processo contra a MPPC em 1912 e
em 1915 ela foi declarad a como monopólio.
Por volta de 1910, as empresas cinematográficascomeçaram a se trans-
ferir para a Califórnia. Alguns historiadores declaram que as empresas
independentes fugiram para o oeste a fim de evitar o assédio da MPPC.
No entanto, algumas empresas da própria MPPC também se mudaram.
Entre as vantagens de Hollywood estavam o clima, que permitia filma-
gens durante todo o ano, e a grande variedade de terrenos - montanhas,
oceano, deserto, cidade - disponíveis para locação para filmagem. Logo
Hollywood e outras pequenas cidades nas proximidades de Los Angeles
acolheram a produção cinematográfica. •ocinema
soberãobemcomo
rnnrarumahistó-
A procura por filmes era tão grande que nenhum estúdio conseguia riaquetalvez
hajaa impres
saodequei empre
soubecomafazê-la.•
suprir tal demanda sozinho. Este foi um dos fatores que levaram Edison
a aceitar a existência de um gru po de outras empresas, apesar de ter
- Andri Gaudreau
lt, historiador
decinema
tentado controlá-las através de licenciamentos. Antes de 1920,a indústria
norte-americana tinha adotado a estrutura que continuaria por décadas:
poucos estúdios grandes com artistas sob contrato e um grupo periféri-
co de produtores independentes . Em Hollywood, os estúdios desenvol-
veram um sistema similar ao de uma fábrica, com cada produção sob a
supervisão do produtor, que normalmente não trabalhava diretamente
com a criação do filme. Mesmo 0111 diretor independente como Buster
Keaton, com seu próprio estúdio. distribuiu seus filmes nas empresas
maiores, primeiramente na Metro e depois na United Artists.
Durante os anos de 1910 e 1920, os estúdios menores gradualmente
se fundiram para formar as grandes empresas que existem hoje. A Famous
Players se uniu a Jesse L. Lasky e juntas formaram a Paramount. No final
dos anos 1920, a maioria das grand es empresas - MGM (uma fusão da
Metro, da Goldw)'n e da Mayer), Fox Film Corporation (que se fundiu
com a 20th Century em 1935), Warner Bros., Universal e Paramount -
tinhasido criada. Apesar de competirem uns com os outros, essesestúdios
costumavam cooperar até certo ponto, sabendo que nenhuma empresa
poderia sozinha suprir o mercado.
- K,ngVldor,diretor,relemb·an
doa noite
(1915), nos faroestes de Hart , como Meu cavalo malhado 11arrowcn,e
trai/, 1917), e de Gr iflith, como Um romance no Vale Feli, (A romance of
anttrioraoiniciodadir~ao deseuprímeíro
Jlappy Va/ley,1919). Durante esse período, o~ filmes raramente violavam
fitmt, e.1912
a regra do eixo de ação, usando essas técnicas .
Nos anos 1920,o sistema de continuidade tornou -se um es11lopadro -
nizado que os direto res nos estúdios de Hollywood uttlizavam quase
automaticamente para criar relações coerentes de tempo e espaço nas
narrativas. Um raccordde ação poderia proporcionar um corte para uma
visão mais próxima em uma cen;i ( 12.t 1, 12. t2). Um dialogo entre trê~
pe~soas em uma mesa não era mais mostrado em um plano frontal único.
12.12 ...umcur-ln
par.a ptrsonagem
prin- 12.13- Emumtstob/lshlng shotdeArtpartnts 12.1 ◄ Noplanomld10,ti• olhaparaaes
crpal.rrpresrntada
por0ougla1
fllrbanb. ptopltl, a filhasen1a1, ~ mtsa qutrdanadireçãodeseJpai.•
Observe as evidente s rcl açôcs espac iais nos planos 12• 13• 12 _17 , de Are
pt1rflll; pcoplc? (l9.2S). de Malco lm St. C lair. Naque la época, o eixo da
~,
~-10 era normalmente respeitado , com o ncs, tt, caso
,4. , . Q uand o a uniao
•· d e
doisplt1nos resulta va e m um a corr espo ndê ncia cslranha, os cinea\ta~
in eriam um títul o de di álogo.
o filme Nossa /1o~p1111/idmic (011r hosp,111/ity, 1923), de Keaton, que
examinamos no Capllul o 4, forn ece ou tro exe mp lo de nar rativa clásska .
o do mínio de Keaton sobre a for ma e o estilo cláss icos é evide nte nos
elementos do filme. As recorr ê ncias nar rativas são c u id adosa men te mo - 12.1s - ...queolhaparaa dirertdemdireçãoa
ela emumcontracampo.
tivadas, seja no desenvo lvime n to causal direto da mo rt e do pai de Willi c
McKa)' no conflito , seja na resolução final de Will ie no embat e.
Ao final d a era muda , no fim dos anos 1920, o c inema clássico d e
Hollywood hav ia se transfo rma do em u m movimen to sofisticado , ma s a
produção e ra n otave lm e nte p ad roni zada. Todo s os g randes est údio s
utilizavam os mes mos s iste mas d e p rod ução com u ma divisão de traba -
lho similar. A produ ção independent e tiJ1ha menor im por tância. Alguma s
empresas indep end e nte s fizeram filmes de b aixo o rça men to, geralmente
faroestes, par a cinem as pequeno s local izado s em zo nas rur a is. Mesmo
estrelas e pro d u to re s pode ros os de Hollywood enco ntra vam d ificuld a- 12.16 - Afilha vira-se entãopara olhar paraa
des em perm anecer independentes . Keaton desistiu de seu pequeno es- direita emdireçãoasua mãe...
túdio em 1928 e foi para a MGM sob contrato, ond e sua car reira declino u
parcialment e devido à in com pa tibili da de de seus a ntigo s méto dos d e
trabalho com os ríg idos. padrões d e prod ução do grande estúd io. Griffith,
Mary Pickfo rd , Fai rban ks e Cha rles Chaplin se deram melhor . Em 1919
ele.5formaramuma corporação de distribwção própria, a Uaited Art ists,
e foram capaze s de coa tin uar rea lizand o p rodu çõe s independent es em
pequenas empr esas so b sua associaç ão, apesar d e a empre sa d e Griffith
ter falido logo depois e as carreir as d e Fa irbank s e P ickford declin a rem
após a int rod ução do som.
12.17 - •..queretornaoolharemdireçãoa ela
Existiam tipo s alternativos d e film es pr od uzidos d urante a era mud a. emumcontracampo.
A maioria desses mov imento s s urg iu em outr os países . Após exami ná-los,
retomaremos o cinema clás sico de Hollywood após a introd ução do som .
O Impr essionismo
A Primeira Guerra Mund ial foi um duro golpe para a indústria cine-
matogr áfica francesa. Pro fissionais foram recru tados, muito s estúdios
foram usados para a guerra e boa parte da exportação foi suspen sa. Ain-
da assim, as duas maiores empresas , Pathé Freres e Léon Gaumont , con -
trolavam também os circuitos de cinema. Elas precisavam preencher as
salas de cinem a vazias e em 1915 os filmes norte-americano s começaram
a inundar cada vez mais a França . Representado por Enganar e perdoar,
de De Mille, e por filmes estrelando Pearl White , Dougla s Fairbanks,
Char lie Chaplin e por William S. Hart, o cinema de Hollywood domina-
va o mercado no final de 1917. Após a guerra , o cinema francês nunca se
recuperou totalmente: na década de 1920, as audiências francesas viam
oito vezes mais filmes de Hollywood do que os domésti cos. A indústria
cinematográfica tentou de várias maneiras reconqui star o mercado, rea-
lizando principalmente imitações dos método s e gêneros de produ ção
de Hollywood. Artisticamente , contudo, o passo mais significativo foi o
apoio dado pela indústria local aos jovens diretores franceses : Abel Gan-
ce, Louis Delluc, Germaine Dula c, Marcel t.:Herbier e Jean Epstein.
Esses diretor es diferiam de seus antecessores. A geração anterior con-
siderava o cinema uma obra comercial, por ém os cineastas mais jove ns
escrev iam ensaios proclamando o cinema como uma arte comparável à
poesia, à pintura e à música. O cinema dever ia, diziam eles, ser puro e
não der ivado do teatro ou da literatura . Impressionados pelo entusiasmo
e pela energia do cinema nort e-a mericano , os jovens teóricos co mpara -
vam Chaplin a Nijinsky e os filmes de Rio Jim ao poema "A canção de
Rolando " ("La chanson de Roland "). Acima de tudo, o cinema deveria
ser uma oportunidade para o artista expressar seus sentimentos, como
a música. Gance, Delluc, Dula c, L'Herbier, Epstein e outros membros do
movimento menos destacados buscaram colocar essa estética em prática
como cineastas.
•·
~
.. • •
•• Hollywood . Durante a década de 1920, os impressionistas o peraram de
forma independente; eles formaram suas próprias produtora s e alugaram
os estúdios de Pathé e Gaumont em troca dos direitos de disLribuiçfo .
12.2S EmOdinheiro , Hlmtra despencaem
d,r~Joaocháodabolsade ••loies pira trans- Alguns filmes impressionistas de fato se confi
rmaram razoavelmente
o trotamentoírtntloco
m,1or doscoaetO<tS. populares com as audiências francesas. Porém , em 1929, a maioria das
11•1·1lh ,1d,i, 1'111 "' 1" pw dirll1t,•,, l'l,I\ ,·, 1,11•11111 111lr1 "' 11h1111mhlmt·,
11111,, ,."111111,1,1, l,111, ,ido, l 11111 ,1d\\'"r,• ,d •1,1
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1.iJ"1, p11r<1411•" 1111lu .1n.irr Jltva p,,co
l,1g1,a, o 1r.1h.1lh11~ubjc 11vo de d rncra e .1 m on tagem ,obrcviveram
J,1,1,,ontino.unm ,1 cxhtil , por exemplo, no s trabalho, de Alfrcd lfilch
, o,k e M.1y11lkrcn, nas scqut nda s de 111 gcm hollywoodianas e cm
0111.i
algun~gênero, e estilos norlc -Jmericano , (filme de terror e filme noir)
O Surreali smo
o
1r,1balha11d1ndivid u,1lilll'lllL'.O 111,11, la111mot'llllt' l'll', 101 lluiull'I, q,w
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St•u, filme, po,11:1111re,, uHno ti /i..ta tl11 1,11d(lldll' ,· de / 11111, 1%7) e (J
Jm-r.:to c/1,1rmcd11l>urgm•.,1,1 d,...n:t,• ,1,. /11/,11111/.!l'm. 1w 19~21,
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ro111muar.1m com ,1tr.1d1,·,iosurr,•,1l1M,1.
enca rr egado de todo s os noticiár ios. Lev Kuleshov, leciona ndo na recém -
fundad a Escola Estat al de C inema d e Moscou (Vgik), realizou um a série
d e experi mento s editando tomada s de diferen tes origen s em u m todo
q ue criava uma impr essão de con tin uidade . Kuleshov foi ta lvez o mais
co nservado r dos jov en s cineastas soviéUcos, visto que estava basicamente
ten tando sistemaUzar os princípio s da mon tagem de maneira similar às
p ráticas de cont inuidad e do cinema cláss ico ho llywoodiano (pp. 366-70).
Por isso, mesmo antes d e pode rem prod uzir filmes, Ku.leshov e seus jovens
pupil os trabalhava m n a p rimeira escola ci nematográfica do mu ndo e
escrevia m en saios teó ricos sob re a nova form a de arte. Esse fundamento
teórico se torn aria a base da mo ntag em soviética.
Em 1920, Sergei Eisenstein trabalhou brevemente em um trem que
levava propagand a para as tropas na Guerra Civil. Ele retornou naquele
ano a Moscou e pro duziu peças em um dos teatr os para trabalhador es.
Em maio de 1920, Vsevo lod Pudovkin fez sua est reia como ator em uma
p eça apr esentada pela Vgik de Kuleshov. Ele hav ia se sentido inspirado
a fazer ciJ1ema ao ver o filme Tntolerância, de Gr iffith, que foi amplamen -
te exib ido na Rússia em 19 19. Filmes nort e-ameri cano s, especialmente
os de D. VI/. Griffith, Dougla s Fairbank s e Mar y Pickford, continu aram
circulando para preencher o vazio deixado pela baL"Ca produ ção de novos
filmes soviéticos e exerceram uma profunda influência nos cineastas do
movimento soviético que surgia .
Nenhum dos importantes cineasta s do estilo mon tagem soviético era
vetera no d a indústria pré -revolucionária. Todo s vieram de o utras áreas
(Eisenstein, por exemplo, veio da engenharia e Pud ovkin, da química) e
descob riram o cinema em meio à efervesc ên cia da Revolu ção. Os cineas•
tas da era czarista que permaneceram ativos na URSS na década de l920
mant iveram -se nos est ilos trad iciona is anteriores . Um dos diret o res
popu lares do período czarista, Yakov Prota zanov, mudou -se para o ex·
terior logo após a Revo lução, porém retorn ou mais tard e e continuou a
produzir filmes cujos esti lo e forma não obedeciam em quase n ada às
teor ias e práticas do s novos cineastas .
O retorno de Protazanov coincidi u co m a diminui ção das restri ções
do governo sobre as empresas privada s. Em 192 1. o pais enfrent ava pro·
b lemas gravís simo s, incluindo fome generali zada . A fim de facilitar a
'Todosquetiveram emsuas mãosumpedaço de
filmeparasermontado sobemporexperiênáo produção e a distribuição de bens , Lênin instituiu a Nova Política Eco·
o quãoneurro eleseencontro , mesmoqueseja nôm ica (NEP) , que por vários ano s permitiu o gerenciamento privado
portede umasequência planejada, até que de negócios . Para o cinema, a NEP significou wu súbito reaparecimento
seja unidoooutropedaço, quando subitamente de estoque de filmese equipamentospertencentesaos produtores que
adquiree transmite
umsignificadomaiscloro e não haviam em igrado . Lentamente, a produ ção soviética começou a
umtontodifmntedoqueo planejado nomo-
mentodofilmagem ." crescer conforme as empresas privadas produziam mais e mais filmes.
O governo te11tou, com pouco sucesso, controlar a indústria cinema -
- SergelEisensteln, diretor tográfica criando uma companhia de distribuição central, a Goskino,
em 1922.
"De tod as :is ar tes, o cinema é, para nós, a mais importante'; declarou
Lênin em 1922. Como Lên in v ia os filmes co mo uma poderosa ferramen-
ta para a educação, os primeiros filmes encorajados pelo governo foram
document ários e noticiários como a série de cinejornais eleVertov inti •
tulada Cinema-Verdade (Ki110Pral'da), iniciada cm maio ele 1922. Filmes
ficcionais também foram produzido~ a partir ele 1917, mas foi somente
em 1923 que um filme georg iano, Red Imps (Tsite/ieshmakunebi), tornou-
se o primeiro filme sov iéti co a concorrer com sucesso contra os filmes
estrangeiros predominantes nas telas soviéticas. (E foi apenas em 1927
que os rendim en to s da indústria de ci nema sovié tica foram maiores que
os lucros dos filmes importados.)
O estilo de montag em sov iética exibiu seus inícios experimen tais em
1924, com a turma de Kuleshov da Vgik apresentando As aventuras ex-
traordi11áriasde Mister West no país dos bolcheviques (12.29). Esse d eli-
cioso filme, juntamente com o filme seg uinte de Kuleshov , O raio da
morte (Luch smerti, 1925), mostrou que os diretores sov iéticos podiam 12.29- Asoventuros
extraardmorios
deMister
aplicar os princípios da montagem e apre sentar sátiras engraçadas ou Westnopaisdasbolcheviques (Neobychamyeprl-
klyucheniya mistm Vestav strantbolshevikov):
aventuras emocionantes tão divertida s quanto os produtos de Hollywood.
umaganguede ladrõesaterroriza umingénuo
O primeiro filme de Eisenstein, A greve (Stachka), foi lançado no norte-americano,o Sr.Wes~apresentando-o a
início de 1925 e iniciou o movimen to sov iético propriamente dilo. Seu caricaturase clichês
dosferozesrevolucionários
segundo , O encouraçado Potemkin (BronenosetsPotyomkim), que estreou soviéticos.
mais tarde em 1925, foi um sucesso no exterior e atraiu a atenção de
outros países para o novo movime nto. Nos anos seguintes, Eisenstein ,
Pudovkin, Vertov e o ucraniano Alexander Dovzhenko criaram uma
sériede filmesque são clássicos no estilo de montagem soviét ico.
Em seus roteiros e filmes esses dir e tores dominaram as técnicas de
montagem. Até o fina l da década de 1910, a maioria dos filmes de ficção
russos tinha suas ce na s baseadas em planos longos e enquadramentos
razoavelmente distantes capturando as interp retações dos atores. A mon -
tagem analítica era ra ra . No entanto, filmes de Hollywood e de cineastas
do Impressionismo francês já con tavam suas histórias através de co rtes
rápidos, incluindo frequentes enquadramentos de primeiro plano. Ins -
pirados por essas importaçõe s, os jovens diretores soviéticos declararam
que o poder de um filme surgia da combinação de planos. Montagem
parecia ser o caminho rumo ao cinema moderno.
Nem todos os jovens teóri cos entram em acordo sobre quai deveria
ser a abordagem da montagem sovié tica. Pudovki n , por exemplo, acre -
ditava que os planos eram como tijolos , que deveriam ser unidos para
construir uma sequência. Eisenstein di scordava, ,dizendo que o efeito
máximo seria alcançado se os planos não se encaixassem perfeitamente ,
se provocassem um solavanco no espectado r. Muitos cineastas do movi- 12.30- EmAcasadaPraça Trubnoio (Domno
Trubnoy)
, o diretorBorisBarnetutilizaumjump
mento da montagem soviética seguiram essa abordagem (12.30). Eisens- cvtparatransmitira súbitacompreensão dahe-
tein também favorecia a justapos ição de planos a fim de cria r um con- roínadequeumcarroestâvindoemsuadireção .
ceito, como vimos anteriormente com sua utilização da montagem
12.37-Cãmeracomblimputiliza
daduranteosprimeirosanosdadécadade1930permitia
queseustrlpês
fossemposicionados
emumadolly.
/,/ic ,•m•111
g,1 p,íl,/iw [1'11
11111111 s mu~icah ([lue142 [4211dS1reetl,
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1n ,m1t·.,[) foi;1111 ,1lgu11, dm produto s d<.'mal()r sucesso do estúd io. Ain
,1., 111111
, .,b.iirn 11,1 , ;1dc1a de prestígio c, tava a Un1vcr~al. <JUC dependia
dt• ..-,nr,,, 1.1,, ri,llh•o, cm vez de cs1rcl,1s co11hc, 1d,1
s ou c.cnár10, dispcn
d, o, o, cm , eu~ 11lrncs de tnrnr wmn l'rc111kt·11 stw1 ( 19.31) e A casa sin/s-
tn , ('/1,r o/d 1/ark /ro11 sl') ( l '.132; 12.38).
Um do s grande , gc:n erns cln cinema , o musical, torn ou -se possível
12.38- Sombras pesada1, ponllagudas .1penasapcís ,1 introdu ção cio som . De fato, a intenção original dos War-
formas
t aruaçót'\ umaa1mo1te- ncrs quando começaram a investir em equipament os de ~om era a de
ottnlncasmes<la1·am
ra ameaçadoracomumloquede humortmA exibir apresentações de wrndevílles nos filmes. A forma da maioria dos
,asosmmra_
musicais envolvia m'.1 mcros diferentes inserido s em uma narrat iva linear,
apesar de algumas revistas musicais simplesmente amar rarem uma séne
de números com pouca ou nenhum a conexão narrativa . Um dos grandes
estúd ios, o RKO, produziu uma série de musicais estrelando Fred Astai-
re e Ginger Rogers: Swi11g tim e (George Stevens , 1936) ilustra como um
musical pode ser também uma narrat iva com construção clássica (veja
pp. 28 1-2).
Duran te a década de 1930, as películ as cinematográficas colondas
tornaram -se amplam ente utilizadas pela prlm eira vez. Na década de 1920,
alguns poucos filmes posstúam sequências Tecnicolor, mas o processo
era bru to, uti lizando ape nas dua s core s combin adas para cria r todos os
outro s mat izes. O resultado enfatizava tonal idades azul -esverdeadas e
rosa; além disso, era aind a algo muito caro para ser utilizado extensiva-
mente (12.39). No in ício da década de 1930, contudo, o Tecnicolor havia
sido aprimorado . UtiJizava as três cores prim árias e podia reproduzir
uma gama maior de ton s. Apesar de ainda ser uma técnica cara. logo foi
confirmado que ela aumentava imensam ente o apelo dos filmes. Após
Vaidade e beleza (Becky Sharp, 1935), o prime iro longa-metragem a uli-
12.39 - moan,1930):Tecn
DonJuandoMtxlco(UnderaTexas icolor típico de
duasfaixas,comendo
primariamente
matize
s la,anJase verdes
.
Jizar o ~ovo Tecnicolor,: Amor e ódio na floresta (The Irai/ of lhe fone
e pm e, 1936), os estud10s começaram a ut 1·11·7ear eOns1
50111 ·d cravel mente OBLOG
ACESSE
•
OsfilmesBformaram umagrandeparteda
essa técnica. O processo Tecnico lor foi empregado até O inicio da déca -
produ\áocinemat09ráfica
dadécadade1930
da de 1970. (Para obse rvar uma variedade de exemp los de Tecnicolor dos Nossoscolegas
sejunlarama nósparadi1<utir
anos 1940 aos 1960, veja 4. 1, 4. 11, 4.41-4.43, s.s e 5.4?.) o queconstituía
umfilme8 emHollywood em
O Tecnicolor necessílava de um a grande quantidade de lu1.no estúdio '81mthe,rbonnets:
A three-dayconvers.1lion
e esta tinha ainda que incidir so bre cer tos tons. Por isso, luzes mais bri- wellworththereadmg"Acesse
lhantes, especificamente dese nvolvidas par a o cinema, foram introdu;r,1. www.davidbordwell.net/blog/?p=438.
das. Alguns cineastas começaram a utili zar essas novas luzes para as
filmagens em branco e preto. Essas luzes mais bri lhantes, combinada~
com estoques de filmes mais rápidos, tornaram p-ossível alcançar uma
profund idade maior de campo com mais luz e abertura menor. Muitos
OBLOG
ACESSE
cineastas se mantive ram no est Uo-pad rão de foco s uave dos anos 1920 e assériesdeCharlie
Analisamos ChaneMr.Moto
1930, mas alguns outros começa ram a experiment ar. Ao final da década em'CharHe,
meetKentaro·. Acesse
de 1930, havia wna clara ten dência para o estilo de foco profundo. www.davidbordwe ll.net/blog/?p=484.
Adversidade (Anthony A d verse, 1936), de Mervyn Leroy, As aventura s
de Sher/ock Holmes (The ad ven tu res of Sherlock Holmes, 1939), de Alfred
L. Werker, e Nossa cidad e (Our town , 1940), de Sam Wood e William
Cameron Menz ies, utilizaram o foco pr ofu11d o de ma neira considerável.
Porém foi Cidadã o Kane (Citize n Kan e) que em 194 1 chamou fortemen -
te a atenção tant o de espectadore s quant o de cineastas para o foco em
profundidade. As compo siçõ es de Orson Welles colocavam as figuras do
espaço fron tal da cena bem próxima s da câmera e as figur as do espaço
traseiro longe no fundo do plano (5.39), Em alguns casos, a imagem,
aparentemente em foco profundo , era con seguida atr avés de crom akey e
de retropro jeção. De wn modo geral, Cidadã o Kan e ajudou a torna r a
tendência do foco profundo uma importante parte do estilo clássico de
Hollywood na década seguinte. Logo apareceram muito s filmes utilizan-
do essa técnica. Gr egg Toland , diretor de fotografia de Cidad ão Kane,
trabalhou em algun s dele s, como Pérfida (The littl e fo xes) ( 12.40) .
A ilwnina çã o necessár ia para o foco profundo tamb ém da va aos
objetos uma apar ência com extremidade s bru scas nítida s. Efeitos de
iluminação mais tênue foram qua se qu e extinto s e muito do cinema da
década de 1940 tornou -se visualment e diferent e do da década de 1930.
Porém a insistência em uma narrativa clara qu e fun cionasse com todas
essas técnicas continuou forte. A narrativa clássica de Hollywoo d modi-
ficou-se com O passar dos ano s, mas não se alterou dra sticamente. na comfocopro-
12.40 - WilliamWylerence
fundoemPérfida.
12,41- filmagem
nasruasdamorte dePina 12.42- ...Pinapma por en11e
osguardas. 12.43 - ...e umplanotremrdo, filmadode
emRomo. cidode
oberta:Francescoé jogadoem dentrodo furgJo.mostraPinacorrendo
atras
umfurgãoporsoldadosnazistas
... dele..
O fim dos anos 1950 e o início dos 1960 viram swrgir uma nova geração
de cineas tas por todo o mundo. Em diferentes países emergiam novos
dJretores nascidos antes da Segunda Guerra Mundial. mas que alcançaram
a idade adu lta na era da reconstrução pós -guerra e de cresceate prospe-
ridade. Japão, Cana dá, Inglaterra, Itália, Espanha, Brasil e Estados Unidos,
todos tiveram suas novas ondas ou jovens grupos de cinema - alguns
ins truídos em escola s cine matográfi cas, muitos aliados a revistas espe·
ci,1li1.:1d:1s
. a maioria tlc lcs revu l1,rnJo-~c wntra os veteranos na indústria
dncmatográíicn. Um dos ~rupos mais i11flue11L
cs des sa geração surgiu na
Fn11
1ça.
Em meados da déc.ida dt· 1950, um grupo de jovens que escreviam
para uma revista de cinema de Paris, ,, Coliic,·sc/11 cínéma, tomou por
lulbilo atacar os cineastas franceses m,lis ar1islicamcnle respeitados da ·rodosn6sfomoscríticosontesdecomeçar o
época. "Eu considero uma adap tação como algo de valor", escreveu Fran - fozerfilmeseeuamovo todotipodecmemo -
russo,
norte-americano, Foiacinema
neorreolisto.
çois Truffoul , "apenas quando é escrita por um homem do ci1Jema.Au-
quenosfez- oufezom,m,oomenos - que-
rcnche e Bosl los principais roteiristas da época) são essencia lmente rerfazernlmes. Eunôaconhecio
nododav1do r,
escritores e cu os censuro por d esden harem do cinema, subest imando-o" . nãoserotravés docmemo:
Dirigindo -se a 21 grandes diretores, Jean -Luc Godard afirmou: "Seus
movimento s de câme ra são desagradáveis porque seus lemas são ruins, - Jean-Luc
Godard,
diretor
seu elenco int erpreta ma l porque seus diá logos são inúteis; resumindo,
vocês não sabem fazer cinema por nem saberem ma is o que isso signi-
fica".Tru ffaut e Godard, ju ntament e com Claude Cha brol , Eric Rohm er
e Jacques Rivettc, elogiavam dir eto res conside rados um tanto antiquado s
(Jean Renoir, Max Ophul s) ou excêntri cos (Robert Bresson, Jacques Tati).
Mais importante ainda , os jovens não viam nenhuma cont radição cm
rejeitar o paracligma do cinema francês e, ao mesmo tempo, amar aber -
tamente o cinema comercial de Ho llywood. Os jovens rebe ldes da Cahiers
declaravam que, nos trabalhos de certos dlretores - de certos auteurs-,
existia arte no cine ma nort e-americano. Geralme11te um auteur (autor)
não escrevia os roteiro s, ma s conseguia ainda assim marcar sua perso -
nalidade nos produto s do estúdio, tran scende ndo as restrições do siste-
ma padronizado de Holl ywood. Howard Hawks, Otto Preminger , Samuel
Fuller, Vincente Minnelli, Nicholas Ray, Alfred Hitrchcock - esses eram
mais do que artesãos. A produção total de cada um apresentava um
mundo coerente. Truffaut cito u Gi raudoux: "Não existem trabalhos , exis-
tem apenas os auteurs".Goda rd come ntou mais tarde: "Ganhamos o dia
por aceitar a princípio q ue um filme de Hitchcock , por exemplo , é tão
importante quant o um Livro de Aragon . Auteurs de filmes, graças a nós ,
finalmente entraram na h istória da arte''. E, de fato, mu itos dos diretore s
de Hollywood promovidos por esses crí ticos e cineastas foram então
recon hecidos como grandes art istas.
A críLica escrita não satisfazia esses jovens. Eles ansiavam po r fazer
filmes. Com dinheiro empres tado de amigos e filmando em locações
ex-ternas, cada um deles começou a filmar curtas. Em L959,eles haviam
se torna do uma potência a ser reconhecida. Naquele ano , Rivette filmou
Parisnos pertence (Paris no11sappartient), Godard fez Acossado(A bout
thesouifle),Chabro l fez seu seg und o filme, Os primos (Lescousins),e, em
abril, Os incompreendidos(Les 400 coups),d e Truffaut, ganhou o grand e
prêmio no Festival de Cannes.
A novida de e o vigor jov ia l desses direto res leva ram os jorna listas a
apelidá- los de a Nouvel/e Vague. Sua pro du ção era surpreende nte. Ao
todo, os cmco diretores cent rais do movime nto produz iram 32 filmes
entre 1959e 1966;Goda rd e Chabro l fizeram l l cada. Tantos filmes devem,
claramente, ~er bastante diferentes entre si, mas existe m si milaridades
suficien te~ para iden tificar uma abordagem amplame nte dis tinta na Nou-
velle Vague quanto a esti lo e forma.
A qua lidade mai~ revo lucio nária dos tilmes da Noi1vel/eVague era sua
aparência casual. Para os defensores do cuidadosamente polido cinema
de qualidade francês, os Jovens diretores elevem le r pa recido completa-
men te desleixados. Os di reto res da Nouvel/e Vague admiraram os neor-
realistas (especial men te Rosscllini) e, ao contrário do ci nema de estúdio,
faziam sua 111i se-e11-sceneem locações externas, em e ao redor de Paris.
Filmar cm locações exte rn as torn ou-se a norma ( 12.46). De maneira
similar, a brilhante ilum inação de estúdio foi substi tuída por iluminação
nat ural dispo nível e fontes adi cionais de luz. Poucos filmes franceses
pós-gue rra mostr ariam os escuros, enca rdidos apartame ntos e corredo-
res exibido s em Paris nos p ertence.
A cin ematografia também mud ou. A câm era da No uvelle Vague se
move constantemente , fazendo panorâm icas, aco mpanhand o as perso-
nagens ou traça ndo rela ções de lugar. Além disso, filmar com baLxo
custo em um local requer.ia equipamentos flexíveis e port áteis. Felizmen-
te, Eclair havia desenvolvido recentemente uma câmera leve que poderia
ser levada na mão. (O fato de que a Eclair tenha sido utilizada inicial-
mente em documentários combinava perfei tamente com a mise-e11-scene
realista da Nouv elle Vague.) Os cineastas da No u velle Vague estavam
inebriado s pela liberdade recém -ofere cida pela câm era na mão. Em Os
incompreendidos, a câmera explora um apar tamento pequeno e and a em
um carro ssel. Em Acossado , o diretor segura a cãmera enquan to está
p/ein<' J,111
c, 1984)). Go<lard co n tinu ou a atrair foma co m filmes como
p11ixiio (P11ssio11, 198 1) e um a con l rovcr~a rccon tagcm do Velho e do Novo
Testamento , Eu vos saúdo Maria (/e vouss,1l11cMarie, 198.1).bm 1990, ele
lançou um elegante e e nigmt\llco filme, lrnnirnrnc ntc ch,11nado Nor1vdlc
\111g11e
, qu e traz pou ca relaçào com u mov imen to orlg i nal. Fm condu\fo,
a Nouvellc V11g 1e1 niio some nte pr oduziu muilo~ filme~ or lgim,i\ e valio
sos, mas tam bém de monstro u <1uc a renovação na indús tria d ncma to
gráfica poderia vir de jo vens agress ivos e lnlen to~os, inspi rados pri nci
paimente pe lo am or ao cin ema .
12.50 ~a/1/J,,
doh'IM m,vtao hr101.<0mpodr1r1p11qul<o
1,é 12.51 Eva•w,111 ,, pro1a9ontsldl ndotv1den1e1d, [1ttanho1noparnl!O"Ess.i1
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inaumlnc~ndlo pmonagtn( npli<a Jarmusch.•1,mo,tmp•lomundoM Rim•d, umJmdne11a ~m
IM>IO•lr•1ó11<1
, \fm 111
mo,<orno\f p10<ur.mlm
a práxffld m•sa de c.irt.11ou digo
•!s1m
•
,,n l'e, hle, (:S"n, Jack Cit >'- A gm1g11cbr utal (New /atk City, 19911) e
Allen e Albert Hughes (Perrgopara a sociedade [Menace li society, 1993])
Outros diretore s se mantiveram independente s e mais ou menos
alhdo , aos es1úd 1os. Em Estranhos no paraíso (Stranger than paradise,
i ~i-4) e Down by / 1111 (1986), Jim )armusch apresentou narrativa s pecu-
hare, e descentnh zadas povoadas por perdedores à deriva (12.51). Alli-
,on Anders mm1rou expen ências contemporâneas de desafetos de jovens
mulherc~. tanto em cidades pequenas (Sonhos f emmino s IGasfood lod-
gmg), 1992) ou grandes centros (Mi vida loca, 1994). Ganhando espaço
0 u5t anotht r g,r/ on lh e IRT, 1994; 1.34}, de Leslie Harri s, ê, da mesma
forma. focado em problemas de mulheres afrodescendentcs de regiões
urbanas.
ACESSE
OBLOG
htilisticamente falando , nenhum movimento orgânico surgiu duran R,fftll~ sobr?~ produçõe dosfinaldt 199-4
te as decada ~ de 1970 e 1980. Os Jovens diretores atuando no cinema e P"lJuntallNHIO;seo cmema deHollywood
m11111strram continuaram a~ tradições do cinema clássico norte -ameri - realmentemudoutantodesde entao em•fan
cano . A montagem em continuidade permaneceu sendo J norma , com tasylranch~s.o, franchise
fanta11b~Ac.e~
seu, ~mai, claro, de mudanças temporais e de,envolv11nento da trama . www.davidbordwtll.net/blog/?p ; 1043.
Alguns diretores aper lel~·oaram as estratégias da narraçan tradicionJI de
Hollywoodcom técnica~ novas ou recnadas Nm filmes realizados depois
de iii/,arao , Sp1dberg u11h1outécnica~ de foco profundo que remontam
a Cirlad,foKn11c(5.39, 12.52). Lucas desenvolveu técmc,h de contro le de
movunento para filmar as miniaturas de Guerra nas e5trd11es sua em-
pn ,a lndu,1nal 11ght and Magic (ILM) tomou se a lider na no,a lc, no-
logiade elc1tost·spec1ais.~p1elbergt: 1ucas 1amhém líder.iram o caminho
em direção ao uso do som d1g1tale t:m tecnologias de ah.1quJhd.1Jc para
ex1b1\ãu cmcmdtografica
Uncastas com menor hnanciamcnlo cultiv,1ram estilos m,1h mten
tosus 'fax, ,lril'rr. Touro 1111tomtil't'I (pp. 663 \1) e A épurn ,Ili 111on'11d,1
de Hong
O ci11c11111 Ko11g11nsdécadas de 1980 e 1990
os filme, nor
Enquanto os d,rctorc:. <l.1Nov.i l lollp vood rclor111ulav,11n
te-a_mcricunos, uma nov,1g1.•raçãode diretores l'm l long Kong encontrou
.ipoio IM ,ua ind1htrfa e rei i\ou seu, gênero, tradic1on,Ji, e m.:todoi.
r igido por Yucn Wo-ping), ele se tornou uma estrela por toda a Ásia e
conseguiu dirigir seus próprios filmes. No início da década de 1980, Chan
e seus colegas perceberam que o k1mg/11também poderia ser incorpo-
rado a filmes de ação e avcn1t1raao estilo de Hollywood. Chan produziu
a aventura histórica Projeto China ('A' gai wak, 1983, estrelado também
por Jlung ) e o drama policia l Police Story - J\ guerra das drogas (Cing
cha111goo si, 1985). Esses e outro s foram grandes sucessos por toda a Ásia,
por um lado, devido à personalidade diverlida e adorável de Chan e. por
outro, graças às suas engenhosas e perigosas cenas de ação (6.47-6.49).
Ou tro grupo de diretore s possuía mais formação no tema e havia
frequentado escolas <le cinema nos Estados Unidos ou no Reino Unido.
Quando Ann Hui, Allen Fong e outros retornaram a Hong Kong, t raba-
lharam com televisãoantes de passar ao cinema. Por um certo tempo,
eles foram responsáve is pela produ ção do cinema local, atraindo a aten -
ção em festivais com filmes como Boat people (Tau bar, no hoi, 1982).
Porém a maioria dos co mpon entes desse grupo girava em torno de com-
panh ias independen t es produzindo comédias, dramas e filmes de ação.
Tsui Hark era o líder dessa tend ência. Tanto como diretor quanto como
produtor, Tsui reviveu e reformulou uma gama de gêneros: a fantasia de
luta de espadas ( Os guerreiros da Montanha Mágica [Xin shu shan jian
ke, 1979]}, a coméd ia român tica (Shanghai blues [Shang Hai zhi yen,
1984]), as aventura s hi stór icas (Peking opera blues [Do ma daan, 1986);
J 2.57), os romances so brena tur ais ( Uma história chinesa de fantasma
[Sien 1111i yau wan , l 987]. dirigido por Ch ing Siu-tung) e os filmes de
kungfu clássicos (G uerreiros à prova de balas [Wong Fei Hung, 1990)).
12.57 - Movimentos
rlpldosparadentroe paiaforadoenquadramentosãocaracterísticos
doestilodn~
malográOtodeHong
Kong. Nes~ planodePtkln9operoblues,
oxerifee seuprisioneiro
aparecem
noprime i-
roplanoenquanto
as1resheroln
asobservam
aofundo.
12.61- Montagemmarcada
emYt5, madam!.Emumplanode apenassele 12.62- ... paraatingirov1Jaocomumgolpe(15quadros)
...
quadlOl.
\lrchele
Yeoh
91@
agtlmen1e
12.63- ·- antesdedescei
dopostesuavemente
emumaposição
descontraída
(17quadros)
.
Geral
Chcrchi Usa,, Paolo e l.orenzo Codelli (eds.). Refore T~ivian, Yuri (ed.). Test/1110111 : Film nlSSt
sile11zios1
Cal/gari: German Ci11e11. 1a 1895- 1920.Pordeno- 1908 1919. Pordenone, Edizioni Biblioteca
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Neale, Steve e Murray Smi th (eds.). Contemporary tulo está disponível em DVD. (Roma, cidadeaberta
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nesota Press, 1992. image-entertainmcnt.com ) lançaram muitos dos
Pye, Michael e Lynda Myles. 71removie brats:How clássicos mais antigos.
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York, Holt, Rinehart & Winsto n , 1979. cem uma maneira fácil de observar rapidamente
Reid, Mark A. Redefiningblackfilm. Berkeley, Un i- um período, cineasta ou gênero. Para uma breve
versity ofCalifornia Press, 1993. introd ução ao período até 1913, o Landmarks of
Thompson, Kristin. Storytelling in the new Holly- earlyfil m (um disco, Im age Entertainment) lançou
wood: Understandingclassicalnarrative techni- uma coleção com 40 curtas. Outra coleção, Edison:
que. Cambridge, MA, Harvard University Press, The invention of the movies (quatro discos, Kino
1999. Vídeo e Museum of Modem Art), combina 1-10
. The Frodofranclrise:The lord of the ringsand filmes da Thomas A. Edison Con1pany, incluindo
modern Hollywood.Berkeley, Univers ity of Ca- O grande rot1bodo trem. O DVD contém também
lifornia Press, 2007. entrevistas com historiadores e arquivistas do ci-
Welbon, Yvonne. "Calling Lhe shots: Black womcn nema, bem como notas e documentos. 77,emovies
direclors take the helm': lndependent15, 2 (ma r., begin:A lreas11ryof early cinema 1894-1913(cinco
1992), pp. [8-22. discos, Kino Vidco) reúne 133 filmes organizados
tema ticamente: Volume 1, "TJ,egreat trai11robbery
and other primary works"; Volume 2, "Toe Euro-
Cinema contemporôneo de Hong Kong pean pioneers" (incluindo filmes dos Lwnieres e
dos prim eiro s cineastas britânicos); Volume 3, "E.x-
Bordwell, David. P/m1etHongKong:Popularcine111a perimentation and discovery" (baseia-se priacipal-
and the art of entertai11me11t.Camb ridg e, MA, mentc nos primeiros filmes britânicos e franceses);
Harvard Un iversily Press, 2000. Volume 4, "Toe magic ofMéli~s"; e Volume 5, "Co-
Charles, John . 11,e Hong Kongfilmogmphy, 1977- medy, spectacle and new horizons".
1997.Jefferson , NC, McFarland, 2000. Slapstick Encyclopedia(A enciclopédia do pas-
telão, cinco discos, lmage Entertainment) vis ita a
A c
Altura do enqua dram ento - Distância da câme ra em Câmera na mão - Expressão que se refere ao uso do cor-
relação ao solo. independentemente do âng11lodo enqua- po do cinegrafista como suporte para a câmera, seja
dramento. segurando-a na mão ou usando uma cinta.
Ângulo do enqu adr ame nt o - Posiçào do quadro cm re- Camp o/contr acampo - Dois ou mais planos que, mon-
lação ao que é mostrado. Pode estar acima, apontando para tados em sequência (um em seguida ao outro), alternam
bai.,o (câmera alta); pode estar na horizon tal, no mesmo personagens, normalmente numa situação de conversação.
nh·el do que está mostrando (ângulo horizon tal): pode Na montagem em continuidade. normalmente, personagens
estar em baixo, apontando para cima (câmera baixa). são enquadradas olhando para a esquerda e, no plano se•
Também chamado de ângulo de câmera. guinte, personagens aparecem enquadradas olhando para
Ângulo obliqu o - Plano no qual o quadro está em des- a direita. Enquad ramentos sobre os ombros das persona-
nível (um dos lados parece ser mais baixo do qu e o out ro), gens são comun s na montagem em campo/contracampo.
o que resulta na aparência de inclinação dos objetos em Cena - Segmento da narrativa filmica que transcorre
cena, fora da posiç.ão vertical. num tempo e espaço determinad o ou que usa montagem
Animação - Qualquer processo no qual movimento arti- paralela para mostrar dua s ou mais ações simultâneas .
ficial é cl'iado fotografando uma série de desenhos (veja Clieat mi - No sistema de montagem em continurdade.é
também Animação por célula), objetos, ou imagens digitais um corte que mantém a continuida de temporal de um
uma a uma. Pequenas mudanças na posição registradas plano para outro , mas que introduz pequenos erros na
quadro a quadro criam a ilusão de movime nto. posição espacial da, pessoas ou objetos.
Anima ção por célula - Animação que usa um a série de Chicote - Movimento extremamente rápido da câmera,
desenhos em pedaços de celuloide apelidados de ceis.Mu• de um lado para o outro. que faz com que a imagem des-
danças sutis entre um desenho e outro são combinadas foque por instantes num conjunto indistinto de listras ho-
para criar a ilusão de movimento . rizomais. Muitas vezes wn corte impercep tível junta dois
Autor - Autor real ou presumido de um filme, nor - chicotes para criar uma trans ição inusitada entre cenas.
malmente identificado como o dire tor. Por vezes também Cinematografia - Turno geral para designar todas as
usado num sentido valorativo para d isting uir os bons ci• formas de eleito ou manipulação sofridas pela pehcula ou
neastas (autorais) dos maus . omro tipo de suporte numa câmera. Elas podem acontecer
na câmera durante a fase de filmagem (fotografia) ou na
pós-produção .
8
Co mposição (nwtte work)- Tipo de processshot no qual
Bitola- Largura de uma tira de filme, medida em mil!•
diferentes áreas da imagem (normalmente atores e ce-
metros. nários) são fotografadas separadamente e combinadas
Boon,- J lasle na qual um microfone é su,pe nso sobre a depo is na pós-produç.io.
cena que está sendo filmada. i; usada para mudar a posição
do microfone duran te o desen rolar da açilo.
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w11cn1<tde üip1,1' p.ir,1lo<Jh de exih1~Jo VcJJ t,tmhem
modelo~e prOH'"º'
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Corre,pondêncla 1,1rófica Do" pl,11111\ ,u<C"im< j1111
entres,cu, Dolly Suporlc de c.lmcra com roclJ<,uudo par., r1Kl4í0
a t.:narum., forte,11nil,1r1JJdc
t.1do,Jr mant·1ra.
tmvrllmx
dl·mcnto~ ,ompc,,h ..mnats (,r1J nJ ,or. ,u formJ ~,e.).
Dublagem ,r
Proce,sr, de sub,11111p.irtc todJ~ .is
da.; 1111
Corte - ClOL'ma
( 1) N,1 r,•.1lil.11<io logrJficu. Junção de
voze, na Irilha sonor,1 de maneira a corrigir cm,, ou rc
dua, llr~ de hlme Jlra,•es de um., emcnd,1. (2) No filme
gravar diJlogos. Veia também Pós ""ªº"'Zll(do,
a,ahaJo. muJan1a mslant.incJ de um enquadramento
para outro. \'eJJ taml>em/ump rnl (falso r,,ccortl,salto). Dura ção No filme nJrrauvo, a,pe.io de man,pul•~•o
lempor.,I que envolve um tntervalo de tempo apre,enlado
Cut-m - Mudanç• rápida eleum enquadrame nto distante
no mrrtlo e que se presume operar também n• hWór,a
para um mau aproXJmado,numa mesma porção de espaço.
Veja lambem Frequtncia,Ordem
D
Design de cor monocro máti co - Desig,rde cor que en
Efeitos cspecí:us - Termo geral para diversas manipu-
faLJUuma pequena serie de nuanças de uma única cor.
lações fotográficas que criam rtlações espaCJaJ .S oo
ficll,'13>
Dicgcse - Xum filme narrauvo, é o UJ1iversoficcional da 110
e Retropro,~ 110.
plano, como Superpos,çilo, Compos1ç 1
h1Mória.A diegesc engloba eventos que se presume terem
Ei.xo de ação - No sistema de mo111agetm m co11l111u11J11dc,
ocorrido, do me~mo modo que ações e espaços não mos-
trados cm cena. \'eia também Som diegético,/11scrçãomlo linha imaginária que corta o espaço alrJ,·és do; pnn<iin,.;
d1egtt1ca,Som não d,egético. atores, definindo as rdaçõe~ espJCta~ Je todo, o, eltmtn•
los da cena como estando• d1re1taou à esquerda t\ cJmera
DimiJ,uição de tamanho Técnica para sugerir pro-
não deve, portanto, crunr esse e,xo quando houver um
fundidade na imagem mostrando objetos que, por serem
corte e 1ovcr1eras relações espaciat'>. fambém chamado de
menores, parecem estar mais longe que os objetos no pri-
linha do, 180 graus. VcJalambem Rtgr<1 dos 180gr<Jus.
mr<ro plano.
Elipse - Num lilmc nurr,1tivo,n al>rcvrnçãoda duraç~o do
Dir eção de campo - Define-~epelas relações de direita e
11gshot e r11redoalravés da omiss,io de parles da Juração da hi'1orrn.
esquerda nUJ11a una, estabelecida) num establis/1i
t
Veja também Mo11ta.~mtltptica, Tempodt exib11Jo
dc1crmrnadas pela posição das personagens e dos objetos
no quJdro, através d• direção do movimento e do eixo do Enquadramento - U,o das borda, do quadro do tilme
olhar das personagens. A mo11t11 em co111/111
ge111 1 tem
ldatle para sclcdo nar e compor o que ~crá v,-ível no campo da
consi1lcn1 e, entre imagem Veja também Á11g11l0 11adr
de e11,1 ame11to.
por objet ivo manter a direção no campo
um plJno e outro Veja também l-1xode açdo, R11rcordtlt Enquadramento mó,el Efeito de uma câmera movd
o/Irar,Regra dos 180graus. na tela, uma /r11tezoom ou certo, 4~110, c,per:iats.O cnqua
Distância do enquadram ento Di&1ânciaaparente entre dramento móvel se de;,loca em rel,1ç,loà cena sendo foto•
os elementos da mlse-e11-sânt e o enquadramento da cã grafada Veia também P/a110com grutl, l'1111orJ1111m , P,1110·
mera Também chamada de dist.lncia da câmera ou escala Travell111g.
rdm1rn 1·er11cal.
do plano. Veia também Primeiroplano, Prmicirlss,mop/11. Enredo - Num filme narrauvo, todos os evento• que ,.lo
métlio, Pla110
110, Pfono geral, Meio primeiro plw,o, Pla110 diretamente aprese11rndosa nós, incluindo suas relações
americano. causais, orJcm cronológka, duração, frequência e locJções
s1drra,con-truç.io lmag1nJr1ido
espacial~. I' o oposto Jc /11
cspeet,idor a partir de tod os os eventos da narrativa , Veja Ocasion almente, fade-outs podem clarear até chegar ao
iambémDurnçno,Elipse, Frcq11ê11cia,
Q,-dem, 'C'emJ,ode branco pur o ou a alguma outra cor.
ttibiçdo. Filme 11oir- Termo aplicado por críticos franceses para
Esp"Ǻ _ Qualquer lilme aprescnrn, no mínimo , um desig nar um tipo de filme norte-americano, que normal -
espaçogn\Jico bidimen sional : a composição chata da im a- mente faz parte dos gêneros de detetive ou suspense, com
gem, Em filmes que re prese ntam objetos, figuras e locais iluminação em /ow-key e uma atmosfera sombria.
reconhecíveis, um espaço tridimensional etambém repre -
Filtro - Peça de vidro ou gelatina colocada em frente da
sentado. A qualquer momento, o espa ço tridimensional
câmera ou da lente da impressora ótica para alterar a quali-
pode ser diretamente figurado como espaço no campo da
dade ou a quantidade de lu1. atingindo o filme através do
imagem, ou sugerido, como espaçofora de campo. Em fil.
diafragma .
mcsnarrativos, t;unbém podemo s dislinguir entre O espa"
Flas/,b,,,k - Alteração da ordem da história na qual o
ço da história - local da totalidade da ação (mo strada ou
enredo retro cede para mostrar eventos que ocorreram
não) - e o espaço do enredo - locai s repre sentados vi
antes dos que já foram mostrados.
sívelou audivelmente nas cenas .
Flasl,jorward - Alteração da ordem da história na qual a
Espaço fora de campo - Composto pelas seis áreas que
apresentação do enredo avança para o futuro para depois
não são visiveis na tela, mas que ainda assim comparti -
retornar ao presente.
lham o espaço da cena: ambos os lados e ac ima e abaixo
do quadro , atrás do cenádo e atrás da câmera. Veja Foco - Grau em que raios de luz vindos da mesma parte
também Espaço. de um objeto, através de diferentes partes da lente, recon-
vergem no mesmo ponto do quadro criando contornos.
Espaço profundo - Arranjo dos elementos da mise-en•
nít idos e texturas distintas .
iànedemodo que haja uma distância considerável en tre o
Foco profundo - Uso da lente da câmera e da üuminação
setor mais próximo da câm era e o que está mais d islante.
para manter obje tos longe e pert o da câmera com foco
Quaisquer desses setores (o u tod os eles) podem estar cm
nítido.
foco.Veja também Espaçofrontal.
Foco frontal - Profundidade de campo restrita que man-
Espaço frontal - Implica encenar a ação num número
tém apenas nm setor em foco; o oposto de foco profundo.
relativamente pequeno de camadas de profund idade;
oposto de espa(XJ
profundo. Forma - Sistema geral de relações entre as partes de um
filme.
Establishings/10I - Plano normalmente envo lvendo um
enquadramento distante, que mos tra as relações espaciais Forma abstrata - Tipo de organização filmica no qual as
entrefiguras, objeto s e loca is importantes numa cen a. pa rtes se relacionam umas. com as outras através de repe -
tições e variações de elementosvisuaiscomo forma, cor,
Estilo - Uso reperido e ma rcan te de técni cas cin emato·
ritm o e di reção do movimento .
gráficasparticulares, característic a s d e um único filme ou
de um grupo de filmes (po r exemplo, a obra de um cin eas ta Forma associativa - Tipo de organização no qual as par -
ou um movimento nacional). tes do filme são justapostas para indicar similaridades.,
co ntrastes, conceitos, emoções e qualidades expressivas.
Exibição - Um dos três ramos da indú stria cinema tográ -
fica;processo de mostrar o füme acabado para o público . Forma categórica - Tipo de organização filmica no qual
Vejatambém Distribuição,Produção. as partes desenvo lvem diferen tes subg rupos de nm mesmo
tópico. Por exemplo , um filme sobre os Estados Un idos
Exposição
- Ajus te do mecanismo da câm era par a con •
pode ser organizado em 50 partes, cada uma devotada a
trolar a quantidade de luz qt , e atinge cada quadro do filme
um estado diferen te.
através do diafragma ,
Forma narrativa - Ti po de organização filmica no qua l
as partes se relacionrun uma à outra ••1trave· s de l ama serie
• •
p
de eventos relacionados entre si de forma causal, com
i'llde-ln e Fade-out - ( 1) Fade-i11:tela neg ra que g radual- ocorrência no tempo e no espaço.
tnente clareia
· at é que o plano apareça. (2) Fade-011t:
. 1
pano Forma retórica - Tipo de organizaç áo fflm ica no qual as
que gradualmente desaparece enquanto n tela escul'ece. part es d esenvolvem e sustentam um argumento.
Formato da Academia - Formalo padroni,ado do qua - Iluminação de cima - Iluminação provinda de cima de
dro cinemalográfico, estabelecido pela Academia de Artes uma pessoa ou objeto , normalmente para realçar O con -
e Ciências Cinematogdlica~ . Na proporção do formato torno das áreas füper.iores de uma figura ou separá-la mais
original. o quadro era 1½ mais largo que alto ( 1,33: 1). claramente do fundo.
Posteriormen te, a largura foi padronizada em l,85 vez a Ilumina ção de três pontos - Arran10 comum que utiliza
alrur.1( 1,$5:1). três direções de luz numa cena : uma partindo atrás dos
Ftequê ncia - Num filme narrativo, o aspecto da manipu - sujeitos (conl raluz). uma com fonte brilhante (luz-chave) e
lação temporal que envolve o número de vezes <1uequal- uma de uma fonte meno s brilhante, equilibrando a luz-
quer evento da l1ist6rint mostrndo no c11redo.
Veja também chave (luz de preenchimento).
Duração, Ordem. Ilumina ção difusa - Iluminação que evita contrastes for-
Frontalid ade - Na encenação, o posicionamento das fi- tes entre áreas claras e escuras , criando uma transição gra-
guras de mane ira que elas estejam viradas de frente para o dual do claro para o escuro.
espectador.
llum inação em l1ig /1-key - Iluminação que cria compa-
Função - Efeito ou papel de qualquer elemento da forma ra1ivamente pouco contraste entre as áreas de luz e sombra
do filme. do plano. As sombras são bastante transparentes e ilumi•
Fusão - Transição cnt re dois planos durant e a qual a nadas pela luz de preenchimento.
primeira imagem gradualmente desapa rece enq uanto a se- Ilumina ção em low - key - Tluminação que cria um forte
gunda imagem gradunlmente aparece.Por um instante, as contraste entre as áreas daras e escuras do plano, com
duas imagens se misturam numa superposição. sombras marcadas e pouca luz de preenchimento.
lluminação frontal - Uwninação que é projetada na cena
G a partir de uma posição próxima à câme ra.
Gêneros - Vários tipos de filmes que o público e os ci- Imagen s geradas por computador {IGC ou CGI - com-
neastas reconhecem devido a convenções narrativas fa. p11ter-g1meratcdima.gery) - Uso de sistemas de software
miliares. Gêneros comuns são o musical, o policial, a ficção digitais para criar figuras, lugares ou outros materiais no
cie ntífica. quadro.
Inserção não diegétk ,a - Plano, ou série de planos monta-
H dos como sequência, mostrando objetos que são represen-
História - Em filmes narrai ivos. todo s os eventos que tados como estando fora do universo ficcional da narrativa.
vemos e ouvimos, mais todos os que inferimos terem ocor - Intermediário digital - Tira de filme que~ revelado e
rido, organizados de acordo com suas relações causais, digitalizado, qundró a quadro , para cria r uma cópia de
ordem cronológica, duração , frequência e localização es- sequência ou do filme todo. A cópia digital é manipulada
p:acial presumidas. O oposto de enredo, qu e é a apresen - por computa dores. Quando finalizada, ela é digitalizada
tação que o filme de fato faz dos eventos da história. Veja quad ro a quadro numa tira de ueg:1livo,o qual será usado
também Duração,Elipse,Frequência,Ordem, Espaço, Tem- para fazer cópias :1 se rem enviadas ao cinema.
po de exibição. Interpretação - Atividade do espectador ao analisar os
significados implícitos e evidentes ptopo stos pelo filme.
Veja também Significt1do.
I
Ideo logia - Um siste ma relativamente coerente de va- Íris - Máscara móvel redonda que pode se fechar para
lores, crenças ou ideias compar tilhado s por um grupo so - terminar uma cena ( íris-out), ou dar ênfase a um detalhe.
cial e normalm ente tidos como naturai s ou increntemen te Pode também se abrir para iniciar mna cena (íris-i11)ou
verdadeiros. revelar mais espaço em torno de um detalhe.
parecem rm1tlarinsw n111ncnmen 1c cm rcla 1 ,io a um lundo Luz-chave - Nn M\lcma de iluminação de 1rés pontos, é a
C, o lund () ,m,.ln 11is1anlanc"n 1cnle enquanto
ct>n,t:1J1l011 lu, ma,~ clara pruJclada na ccn• Veja também Co11tral1•1=
ccm <011'tJ11l
., figuras pern1J11c es. VCJJ 1,11nl'<.'mU,p,,· a
, llwnt11,tf""
l ti' de prce11cl11111,·111 de trê, pont,"
Lu, lateral llummaç.io prm inda de um lado de uma
pcs;oJ ou ob1cto, normalmente criando a impressão de
L
volume, para rc,1l~ar ten<Õe n~ ,uperfic,c ou preencher
1 wte - Pl'ÇJ dl ' matcnal transp,1r,·nt,· (normalmente
.trca, deixada, na ,ombra por uma lu, de outra lontc.
-,Jro) de form,uo de1crm111 Jdo, com um ou .1mho, '"
de luz. A ni,110
1,,dos curv,,do, par,, reunu e locar os raio,
riadas lentes de câmera, e p1ojclorcs coloca uma ,~n c de M
lentesnum tubo de metal para formar um., lente romptl\lJ Má,c~ra - Tela opata colocada na câmera ou na tmpre.s-
Lente anamórfica - 1ente p.ita fa1cr filme~ w1desaee11 ,o ra óllca que tapa pJrte do quadro e altera ª'"ma forma
us;uido o inrnanho de qu adro d() formato da Acadcm ,,1. A d,, unagcm fotogrJfada, deixando parte do quadro com
lenteda câmera toma um campo de vis.lo largo e o com um,, cor comp>lla Quando as m.iscara.ssão vl\tas na tela.
pnmt para cabt-r no quadro . Urna lente de proietor ~m11lar a ma,ona é preta, embora elas po,<am ,er brancas ou
descomprime a imagem para ser projetada numa tela de coloridas.
cinema panorlmic a. Mascaramento - Na exib,ç,10, pedaços de lcu do pre to
que enquadram a leia na sala de cinema. O ma!><Carame nto
Lente grande-an gular - Lente de distância focal curta
pode ser aj ustado para se adequar a relação de aspecto do
que afeta a perspectiva da cena ao distor cer as linhas retas
perto das bordas do quadro e no exagerar a distância entre filme a ser projetado.
o espaço frontal e de fundo. Na filmagem em 35 mm , a Meio plano de conjunto - Enquadram ento numa
lentegrande-angular é de 35 mm ou menos. Veja também d 1stânc1aque far com que um obJelo de mais ou menos 1,5
/.nltenormal,unte teleob1et11 ·a. melro pareça preencher a maior parte da tela na vertical.
Lente normal - Lente que moslra objetos sem exagerar Veja também Plm,o ammca110, termo part icular para o
ou reduzir drasticamente a profundidade da cena. Nas meio plano de con1unlo c1ue mo~tra figuras humanas.
filnugens cm 35 mm, um a lente normal tem entre 35 e 50 Meio primeir o plano - Enquadramento no qual a escala
.
mm.Veiatambém Leme Ttltob;eliva, l.elll cgrm1de-1mg11/11r do obJclo mostrado é cons1dera,elmente grande; uma li•
gura humana vista do peito para etma preen cheria a maior
Ltnte teleobjetiva - Lente de grande distância focal <1uc
parte da tela.
afetaa perspectiva de uma cena aume ntando setores dis-
tantes e fazendo-os parecer mais próximo s dos setores cm Misc •ett•scene Todos os elementos colocados em frente
prunciro plano. Nas filmagens em 35 mm , uma lente de 75 da c,lmera para ser fotografados· cenários e adereços, ilu-
mm de tamanho ou mais. Veja tamb ém le 11te11om111/ , m inoç.io. figurino, maqu.iagem e a, atitudes das pessoas.
-a11g11/ar.
1.tntegra11de Munge m - Combinação de dua, ou mais tr ilhas sono ras
Lente Z40m Lente com uma distância focal que pode numa unica gra,.açlo
ser alteradadurante as filmagens. Vm deslocament o para a Montagem - ( 1) Na fase da reatu ação cinematográfica ,
faixa da leme teleobjetiva aumenta e uch,lla a imagem, taref.1de seleciom1r e ligar as l0m,1das gravadas umas às
dando a impre,silo de aumento do espaço <la cena, en• outras. (2) No filme finalizado, o coniunl o de téciucas que
quanto um desloc.unemo para a faixa da lente grande rege a relação entre us planos.
angularía, o opo,to . Montagem elíptica TransiÇÕt'> entre plano,; que omitem
li nearidade Numa narrativa, a motlva1·tlo clnrn da nçdo partes de um evento, causando uma elipse na du ração do
nun,a~rie M causas e efeitos que progrldcm sem grau<les enredo.
digrcssõe~, atraws ou açóe\ irrelevante s. Mo ntagem em continuidade - Sistema de cortes que visa
l.utdc pree nchime nto Iluminação de un1<1 fonte meno, manter ., aç.io da mirrallva contin ua e clara. A montagem
dara que a lu1,-d1uvc, u~ntla p,1ra suavizar sombras forte, em , 011t11midnde se baseia em foi er correspond er direção
nun,acena, Veja IJmbém //11111i1u,çiJo t/e tr~spon/()s. de c,,mpo, posiçlo no espaço e relações temporai s de um
plano para outro. Para técnicas especificas de montagem
~
mai<ou menos profunda ao apresentar O'l pensam.enfó<i
cm cnntmuidadc, vc,a Fixode flçan. Montagemparalela,
('111m, F.,1,1/1/1.1/rrng
,1,111,
R11,·1mltle olhar, ll11cc11rc/
de mo• •• percepçóe~da personagem
1•1111,
•11111, .!lwt,fJtrcplo dr Campo e Campo/
Jl,,,..,,11/1/1.1/111,g
, ontr,uau,po. o
Montagem cm dcsconlinuidadc Qualquer mtcma Ordem - Num filme narratrvo. o a.,~cro da manipulaçàti
,1lwmat1,·o de monl,lí pl.1110,u,,1ndo t~cnlca, <1ucnão temporal que envolve a sequincta em que o, ev~ntotcro-
'-tguem o, principio, da mont.,gem cm ,on11nu1dadc. nológico., da hi.str'ma são di<postr,< nCJ enredo. Veja
Ocnlre n, po,s1b1lrdadc,,ha a n,m t0rrc,pn ndênci;1 de também Duração,Frequênaa.
e e,pad.ii\, a violJçãodo ebcode 11ção
rrlaçôe\ tcmporai'> e
a clníaseem rclaçõe, determinada, pda ,upcrílcic grJfica
p
da., 1111,1gen,. \'eia 1.1111bl'm Mo11t<1gw1ellptica,
grnfi,·n. hfnutagem mtelectual. jump cut,
Corrl'<pmulé11rfr1 Pru,orâmlca - Movimento com o corpo da câmera gi -
Inserção11tiod,cget,w e Monlr1gc111
sobreposta. rando para a dírcíla ou para a esquerda. Na tela, ela produz
um enquadramento móvel que varre o espaço na direção
Montagem cm sequência - Segmcnlo de 1!111 filme que
re,ume um lópico ou compnme uma passagemde tempo horizontal.
cm breves imagens simbólicas ou típicas. Muitas vezes, Panorâmica vert ical (tilt) - Movimento no qual a cámera
numa montagemcm sequência,fusões.Jade-ou/;,superpo• desli7.apara cima e para baixo num suporte estático.Pro-
sições e transiçõessão usados para conectar as imagens. duz um enquadramento móvel que varre o espaço na
Montagem intelectual - Justaposição de uma série de direção verlical.
imagenspara criar uma ideiaabsrra1aque não está presente PcUcula cinematográfica - Supone sobre o qual uma sé-
em nenhuma imagem individual. rie de fotografias é registrada: compõe-se de uma base
Montagem paral ela - Montagem que alterna planos de transparente, revestida de um lado por emulsão sensivd
duas ou mais Linhasde ação ocorrendo en, diferentes à luz.
lugares,normalmente simultaneamente. Perspectiva aérea - Forma de indicar profundidade na
Montagem sobreposta - Cortes que repelem parle da, ou imagem mostrando objetos a distância de maneira menos
toda a, ação, txpandlndo assim o iempo de exibição e a dislinta que obíetos em primeiro pLmo.
duração do enredo. Perspectiva sonora - Noção da posição do som no es-
Montagem soviética - Abordagemda montagem desen- paço. gerada por volume. timbre. altura e. em SISLema.S
volvida por cineastas soviéticos nos anos 1920 que dá ên- estereofônicos, informações biaurais.
fasea relaçõesdinâmicas, muitas vezesdescontínuas, entre Pixclização - Forma de animação quadro a quadro na
os planos e a íustaposiçãode imagenspara criar ideias que qual se faz com que objetos tridimensionais, muitas vezes
não estão presentes em nenhum plano individual. Veja tam- pessoas, se movam em staccato através do uso de cine-
bém Montagem em descontln11ídade, Montagem i11t
elecl1wl. matografia stop-action.
Motivação - Juslifica11vadada num filmepara a presença Plano - Imagem Ininterrupta no flme, quer haja enqua-
de determinado elemento. Ela pode se basear no conhe- dramento móvel ou não.
cimen10do espee1adora respcilo do mundo real, nas con- Plano americano - Enquadramento no qual a escala de
venções do gênero, na causalidade narrativa ou no padrão um obje10mostrado e moderadamente pequena. A figur.,
es111ís1
ico do filme. humana da canela atf a cabeça preenche a maior parte da
Motivo - Elemento de um filmeque é repetido de maneira tela. Esre plano pode rambém ser chamado de meio plano
significativa. de conjun10. especialmente quando figuras humanas não
são mostradas.
N Plano com grua - Plano com mudança>de enquadra-
Narração - Processo através do qual o enredo 1ransmi1e mento que são alcançadas ao se colocar a câmera acima
ou retém informações da hislória. A narração pode ser das pessoas e coisas na tomada, movendo-a no ar em qual-
quer direção.
mais ou menos restrita ao conhecimento da personagem e
Plilnodr conjunto - Enquadramento no qual a escala de Produção - Um dos três ramos da 1ndús1riacmemato
ohietomo,tr.,do é pequena; uma hgura humnna de pé grafica, designa o processo de criação do filme. Veja tam•
001 .
ap,u-ec
ena. mai~ou menos, na altura da tela. bém D,strrbwçtio,
Extbtçtio.
Planode seguimento - Plano com um enquadramento Profundidade de campo - Espaço entre o ponto mais
ques~deslocapara manter uma figura em mo,~menlo em próximo e o mais distante da lente da câmera, entre os
(Wlp<l- quais tudo e;t.u• cm íoco. UmAprofund1dadede campo de
Plan0geral - Enquadramento em que a escala do objeto 1,5 a 5 melros, por exemplo, 1ign1ficaque ludo que estiver
mostrado é muito pequena; um pr~dio, uma paisagem ou mais perlo que J.5 metro e mais disiante que 5 metros
umamultidãoenchem a tela. c~tanl íora de íoco.
Plano longo - Plano que conl111uapor um período de l'rojeção frontal - Proccssn de composição pelo qual as
iempoexcepcionalmentelongo antes da transição para 0 imagens que deveriam aparecer no íundo do plano são
próximoplano. projetadas à frente em uma tela. Figuras no e,paço frontal
do plano são 1ambémfilmadas na frente da tela. O oposto
Planomédio - Enquadramento no qual a escala de um
de retroprojeção.
objetomostrado é de 1amnnho moMrndo; lLmafigura hu-
manado quadril para cima preenche a maior parle da Leia.
Planoponto de vista (plano PP\I ) (ou PO\I - poi11to/ Q
,•itw shot, em inglês) - Plano filmado com a câmera po- Quadro - Imagem singular numa tira de filme. Quando
sióonada próximo de onde os olhos da perso11agemesta- uma série de quadros é projetada numa tela numa sucessão
riam, mostrando o que ela veria; normalmente inserido rápida, a ilusão de movimento e críada.
30 1,sou depois de um plano do olhar da personagem.
Ritmo - Percepção da regularidade e frequência de sons, sumimos que as personagen s em cena também ouçam,
séne de planos e movimcn10s dentro dos planos. Fa1ores Veja também Som dlegéticoi11terno.
ritnucos englobam o 1empo (ou pulsação), a ênfase (ou So m di egético lnt ern o - Som representado como
imensidade ) e o andamento (ou cadência). proveniente da mente de uma personagem dentro do
Rotoscópio - Máquina que projeia quadros de figuras em espaço da história. A.inda que nós e a pe.rsonagem possamos
mo,'Ímento obtidas em si1uação de !Ornada, uma a uma, ouvi-lo, presumimos que as outras personagens não o
em um suporte, de maneira que um animador possa traçar ouçam. Veja 1ambém Som diegéticoexterno.
as figuras em cada quadro. O objetivo é alcançar um So m di r eto - Música, barulho e falas gravados dos even-
movimento mais realístico nos filmes de animação. tos na circw1stância da tomada: o oposto de pós-sincro-
nização.
Significado - ( J) Significadoreferencial:
alusão a conheci - So m não simult ân eo - Som diegêtico proveniente de
mentos particulares extrafümicos que se espera que o es- uma fonie que existiu em um tempo anterior ou posterior
pectador reconheça. (2) Significadoexpllcito:significação ils imagens que o acompanham.
apresentada abertamente, normal mente na forma ora l ou So m simult ân eo - Som diegético representado como
escrita e muitas ve7,esperto do começo ou do final do fil- oco rrendo, na his1ória, simultaneamente à imagem que o
me. (3) Significado ,mplícito: significação deixada tácita acompanha .
para o espectador descobrir após anáw.e e reflexão, (4) Sig- Som sincrô nko - Som que tem correspondê ncia tempo-
nificadosintomático:significação que o filme divulga, mui - ral com os movimentos ocorrendo nas imagens, como o
tas vezes sem querer, em virtude de seu contexto histórico diálogo correspo ndend o ao movimento dos lábios.
ou social. Som over (tamb ém voz over) - Qualquer som que não
Sobreposição - Técnica para sugerir profundidade na seja representado como vindo do espaço e do tempo das
imagem do filme colocando-se objetos que cubram par - imagens na tela, o que inclui sons nüo dícgéticos e som
cialmente os mais distan1es. diegético não simul tâneo . Veja também Som 11ãorliegérico
e Som diegéticollllo s111111/1t111eo.
...
Scanned with CamScanner
Créditos
TheGolden Compass (Ncw Linc l lom e Entertain - Pinocchio (Walt Disney Studio~ Homc Entertain-
lt) , "New Line Two -Disc Platinum Series"
111r1 mcnt), Platinum Edition
'fhc Good, the Bad , and thc Ugly (MGM ), "Special Pi rates of lhe Caribbean: Dead Man's Che st (Dis -
Edition': dois discos ney), "Special Edition''. dois discos
A Hard Day's Night (Mirama x), d ois d iscos Pulp F iction (Mi ramax 1-lome Enlertainme nt),
HcUboy(Columbia Tristar Hom e Ente rt ainm e nt), "Collector's Edition", dois discos
•special Edition", doi s discos Rosemary 's Baby (Paramou nt), um disco
HeUboyII: Toe Go ld en Ann y (Univ ersal Studi os Russian Ark (Wellspring), um disco
Home Entertainment ), "Special Edition ': três discos Salurda y Night Fever (Paramo unt) , "25th Anniver -
Tbelncredib les (Disnc y), "Collector 's Editi on': dois sar y DVD Edition'; um disco
discos Screa m (D imcnsion Ilome Video) , "Toe Ultimate
lron Man (Paramount ) "Special Collec tors' Edilion'; Scream Collection~ qua tro discos
dois discos Toe Sea rchers (Warn er Home Video), "Ullimate
Jaws(Universal), "Anniversary Collector 's Edi tion", Collector's Edition ", dois discos
um disco Seve n Mcn from Now (Pa ramo u nt) , "Specia l
Jurassic Park (Universal), "Collector's Edition•; um Collector 's Edilion': um disco
disco Toe Silen ce of the Lamb s (Metro -Goldwyn-Mayer),
King Kong (\Varner Bros.), "Specia l Ed ition': dois "Special Edition", um disco
discos SUvera do (Sony Pictures Home Entertain me nt), dois
King Kong: Peter Jackson 's Production D iaries discos
(Universal), dois discos Sin City (Dimension), dois discos
Toe Lord of the Rings , 3 vo ls. (New Line Home Singin' in lhe Rain (Warner Bros.), "Special Edition~
Entertainment), "Special Exten d ed DVD Edition •: do is discos
quatro discos cada Speed (20t h Century Fox Ho me Entertainm ent),
lhe Magnificent Seve n (Metro -Goldwyn-Mayer), "Five Star Collection", dois discos
"Collector's Editio n': dois discos Terminato r 2: Judgment Day (Artisan ), "Extreme
Magnolia (New Line Home Video), dois discos DVD''. dois discos
Master andCommander (20th Century Fox Home 3: 1O to Yuma (Lionsgate), um disco
Entenainment ), "Collector 's Edition ': dois disco s Titus (20th Century Fox Home Entertainment ), dois
Moulin Rouge! (20t h Cenl ury Fox Home Enter- discos
tainment), dois discos Toy Story /Toy Story 2 (Disney/PLxar), "Collector 's
MyFair Lady (Warner Bros.), "Specia l Edition': dois Edition: Toe Ullimate Toy Box~ três discos
discos 20,000 Leagues Under the Sea (Disney), "Specia l
MyOwnPrivate Idaho (To e Criterion Collection), Edition", dois discos
dois discos Wallace & Gromit: The Curse of the Were -Rabbit
Norman McLaren: Toe CoUector's Ed itio n (Mi- (DreamWork s), um disco
lestone),dois discos War of the Worlds (2005) (Dream Works Home En-
Northby Northwes t (Warner Bros.), um disco terta inment), "Limited Eclition", dois discos
Oklahoma! (20th Centu ry Fox l-fome Entertain - 1be Wizard of Oz (Warncr Home Video), "Special
ment),"50th Anniversary Edition': dois discos Edit ion': dois discos
Onceupon a Time in the West (Paramount) , "Spe- Zodiac (Paramount), "Spedal Collector's Edit ion~
cial Collector's Edition'; doi s discos dois discos (Director's Cut)
Pickpocket (lhe Crílerio n Co llect ion), um disco
007,..,,um
Goldfiugrr,174 A f11g11da, galml,as, 583 A rodadafortuna, 147 8, 52.l-4. 529
A gramlt emboscada► 510 A rotina tem~ encanto, 255, 393
"'"' Vma
~I; 9l o,Usstiano espaço,SI. 292,389, A grande1/rmlo, 22, J25-6, 330-1,475,478- A rua da, 1/il$M. 524
SOJ 9, 501 A saga de um herói, 361
23nlpsilhll hmnch,72 A grande1cs1emw1h ,1. 240 A salvo,414
J00.510 A greve,180,239, 3f4-5, 396,400,402,709 Asema. 208
A guerraact1bt>u, 319, 398 A sombrade uma dúvida, 24, 430-1, 484
A gucr-mdos mu,ulos, 345,50 1 A sorr,dente Madam~ Beudà. 703
A A horado show,47 A ténue /mha da mor<e,405,537,601, 6-15,
A idade do ouro, 59~,706 652-3, 671-2, 674,676.683
A a,..nrura,ISO,243,247-9, 251, 2S6, 260 A lm dosde11ses, 276 A terratreme,716-8
A &atalhadt óldtrbi,sh G11/ch,
381 A lendado cavaleirosem cabeça,726 A t<stemunha,67, 162,406,415
À btlra do abmno, 76, 166-8, 171-2, 177, A listade Scl,indler,536 A trapaça,59
181,205 A lua a um metro,208-9 A última noite. ns
A b,lada tarde, 171, 707 A marca da maldade, 223-4, 322, 337-8, A i4ltimatempatad~. 304-S
A btlat • fera, 149 343 -4, 355,479 , 487 A vida dt um bomb<rroanumcano,694
dt 8/air, 83, 318, 520
A &ru.ra A marcada pantera,5 18, 520• I A vida em preto e branco,505, 512
A b1411J1a
dt ouro,105, 142,230-1, 271,471 A marcha dospinguins,531 A vida sobre um fio, 246. 283--1
A cabanadopai Tomds,504 A mo,:idadede Li11c~l11,
250 Acaso(Sortecega),l59
A <dmara36 dt Shaolm,73 1 A morte ,ium beijo, 138 Ace Venturo,um dtttti~ diferentt.505
A cargada brigad11 ligrira,253 A mosca, 221-2. 726 Achbar, Mark, 74
A ca,ada Prcça1h1bnala, 709 A ,,,o,•i~,36 1- 2, 39l, 423 , Jl32, SS.R,S72-9. Acouado, 11S, 241. 395-6, i;:09, 601. 607,
A ca.uait,istra
, 714 65 1 620.7,669,674-5,683,7l9 -20, 722
A 1111í,11/a,
519-21 Across lht Univtm, 522-3
A ttla dosa,11,ados
, 94
A 11oite 31, 66
tm1cricm111, Adams, Randall, 645-9, 651, 653, 676
A ch'Jladado /r,m 1111
e,s/açAo,298, 691
e deSdo lo11nmço
A 1101/ . 218-9 ,\de,is, amor, 304-5
A<lrfnesa,
58, 223,251, 253,396
liasrr/st,zas,259
A <rdadt A noiva eslllva,tepreto,316 Adrtnalmumdxima. 175
A noiva-cad6-1'et. 75 Adversidade, 183, 715
• o dtrlgo,706
A <oncl,a
A 116sII li~rdade, 359 Agom seremosfelizes, 124. 274, 276, 341,
A convtrsação,287, 451-2, 725
A 11oviç11 rebelde,501, 723 5l3, 522, 529, 601-2, 653-4, 657, 662-3,
A cosrdadeAddo,259
A paixdo de JoanaOi\rc, 218 -9, 250, 310, 669, 672 -5, 683
A tr6nim dt A111111M11gda/e11n
Bach, 253, Akennan, Chantal, 257
295,308 312-3, 362
A pt1l1wra,
315 Alé,n da li,1l1avemrellu,.315, 416-7, 440
A <Ulma
de espadas,707
A pequena lojados horrores,4'11 Altma,,J,a,ano uro, 210, 716--7
A Wrada p,rdida,509
A prímtifll 11oile
dt um lromcm,284 AlexanrlerNevsky, 429, 469
A tstrattg1a
da 11ra11/1a,
242
d,1cMn de Usl1er,559
tt c111eda Ale.xa11dra,
421
'°'(fc,,ddadee urt1diu, 285 Alex1mdr<,380, SI O
A rtgradojogo, 103,301,349
A/ogu,iradasw1/dadcs,3 17
A roda. 304,393, 703-S Algumacoist1,lt outro,145-6
Aftatern/dad,I. vermelha,474
Alice i11Cartoo11la11d
(série Wall Disney), As cró11icasde Riddick - Eclipse mortal, Bli11ketyblank, 582
586 511 Block, Milchell, 536
Alie11- O oitavo passageiro,152,3 12,354, Asférias do Sr. 1-/11/ot,163-4, 394,4 J8, 430-1 Boatpeople, 732
510 As irmãs de Gio11,335, 337 Bogarl, Humphrey, 76, 620-1,623, 625
Aliens, o resgate,242-3, 249, 5 J 3-4 As noites de Rose, 726 Bogdanovich, Peter, 76, 94, 101,202,725
Allon, Woody, 7 1, 79, 1 18, 163, 180, 239, Asas do desejo, 2 10-11, 441 Bom dia. 393. 478-9
447,497,5 11,725 J\sas, 224 Bounie e Clyde - Uma rajadade bolas,626
Alma em p~nico, 97 llo tl I 3' DP, 393, 725
As.<fl Boogienlghts - Prazersem limites,317
Almendros, Nestor, 226 Assassinossubstitutos, 735 Boorman, John, 363,368,466
Almod6,•ar, Pedro, 174 Assim estava escrito, 260 Boclhwick, Davc, 584
Altrnan, Robert, 51. 76,206,5 11.723 , 725. Astaire, Fred, lJ 1, 412, 427, 522-6, 714 Roy me<lsgirl, 254, 289
740 j 11at:O w ,·redor, 73-4
A1a11ar Boyle, Danny, 7 1
Alvo d11plo,733 Atirem 110 pim1is1a,721 Brakhage, Stan, 14, 72, 75, 102, 277, 341,
Ama -me esta noite, 393. 4 15 Através das oliveiras,306-7 392,557,581,597
American movie, 534-5 Branca de ,revee os seteanões,523,581,590
Americanpie, a primeira vez é inesqueâvel, Brando, Marlon, 206, 234-5, 536
SOS B Breer, Robert, 392,557,581, 589-91
Amistad, 477 Bresson, Robert, 15, 24, 50, 212, 222, 240,
Amnésia, 92, 160,171,509 Babel, 413 251,272,418,429,467,719
Amor d flo r da pele, 280 II,e, Bruce, 556
11a1 Br<ton , André, 705-6
Am or à q11eima-roupa,626 Balé mecânico,393, 557, 561-5,567-71.573, Brooks, Mel. 441,511
Amor e ódio 11ajlort!Slll,715 589, 593•4, 632 Brough1on, James, 558
Amor em dobro,67 Bale, Christian, 420, 453 Buice, Susan, 74
Amores expressos, 115-6. 473, 509, 601, Banderas, Antonio, 730 Bullock, Sandra, 220,
633,635-6,639,672,674-5,683, 735 Banzé 110 oeste,441-2, 511 Buliuel, Luis, 149, 171,207,597, 705-7
Anders, Allison, 727 Barrados no shopping,730 Burch, Noel, 270, 305,682
Andersen, P.T., 317,443 Barton Fink - DeUriosde Hollywood,729 Burns, Robert, 570
A11dori11h
as por um fio, 248-9 Baruchello, Gianfranco, 558 Burlon, Tim, 341, 583, 726
Angelopoulos, Theo, 15,3 19 Basquete blr,es, 84, 145-6, 163, 176,534 Burrt, Ben, 416,4 19
Aoger, Kenneth, 14, 432, 558, 571, 594, Bass, Saul, 173-4 Byrne, David, 353,50 1
597 Batman, 80, 89, 346,360, 471, 726
Anjos caídos, 308, 440 Bauer, Yevgen ii, 248
Annaud, jean-Jacques, 242 Bazin, André, 99, 209, 267, 270, 330, 332, c
Ano passado em Marienbad, 182, 321, 399, 344-5, 405, 468, 739
682 Beattie, Stuart, 33, 98 Caçada ao 011h1bro vermelho,44, 65, 419-
Antoruoni, Michelangelo, 165, 180, 243, Bcebe, Dion, 34, 55, 98 2 1, 428, 433,444
247, 718 Hegone, du/1core, 250 Cacl,é, 49, 152, 17l. 397-8
Aplauso, 7 12 Belezas em revista, 359, 393 Cãesde aluguel, 166,417, 729
Apocalypse now, 61, 65, 405, 442, 445 Bem amada, 144 Calafrios,726
Apollo 13 - Do desastre ao triunfo, 536 Berge, François, 699 Cameron, James, 86, 145,346,726
Araki, Gregg, 729 Berger, Christian, 49 Cameron, Paul, 33, 55
Arca russa, 335·6, 34 5, 347 Bergman, Ingmar, 275, 725 Cameron, William Menzies, 715
Are parenls people?, 696-7 Berkeley, Busby, 257,35 9, 393, 522 Caminhos perigosos,666 , 724
Arizona nu11camais, 130, 424, 729 Berlim: Sinfonia da metrópole, 597, 641 Campion, Jane, 478
As ave11111ra
s de Sherlock I-Iolmes, 7 15 Jlcrtolucci, Bernardo, 242, 290 Cm,tor de jazz, 521. 7 11
As aventuras de Tom fones, 722 Betty Boop, 581. 595 Cuntor, Eddie, 525
As aventuras do Prlncípe Achmed, 582 Bird, Brad, 580 Caouelte, Jonalhan, 50
As aventuras extraordinárias de 1Wister Biade run11er:O caçador de androides, 229, Carax, Leos, 229, 254, 289
Wes1no país dos bolcheviques, 709 508 Carrol!, Noel, 13. 25, 122, 140, 202, 407,
As ave11turas secretas do Peque110Polegar, Blanchett, Cate, 64 527-8, 592,6 82
584 Blank. Les, 25, 539-40 Carpenter, John, 723, 725
r-)til' ..21<1-S.503
c.irrc Como~,·fosse"p,,,,.rlm vei, S1.3 IJchtt"Y•C l,1udr 124
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S21 Con{in,i~t~.729
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C,1rt''•·231 Connc ,, Hrucc, 25, 36 1, 164, 42.l, 558 9, Demm,-.Jon.1lh,111.425.11H, 1112
la Sit..:na. ~ 10-2, ~34. 467 572•6,578-9 . 594,651,752
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Cos . 76, 215, 41O
,1bl1111,,1 Ü tll SfllTa\ (ÍQ, 163, 289 lkrcn, M•yJ, 72, 102, 140, 557 591, r,•17,
gn:go.82
C,1s,1111c11M Co11tnto
s Imediatos de terceirogr,rn, 289, 705
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218-9, 248, 252 723
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c,,,-oJom,dr ouro.393 Coolidgc, Mol'llm,726 fMrlivr, 96
C,.\'Jlcanti.Alberto. 641 Coppo la, F1an,i~ ford, 202,2 10,280,287, li/a ,io,/e, d,a nmte, 172
c,nm,.2i6*7 294,442, •151, 468, 72J 5, 728 /J/as d, Ira, 25•15,258,479, 535, 6H2
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cm m6n1t1 vem ai, •145
Corraque 111101/c,,, Díck.,nn, W K. 1 , 298. 689-90
Ch•brol.
Claude, 719-22 Com t. 1.o/a,com,, 156, 159, 200. 730 f)letrich, Marltnc, 224, 111
726
Chan., m1s.<ing, Corti,w rlcfumaça, 726 /Jmhelrocioc/11,524
Cban,Jacltie,234, 365-6, 731, 73 4 Cottcn, Joseph, 48 1 Dimey, Walt, 427, 586
Chaplin,
Charlie, 113, 236-8, 313 , 417,5 10, Cou tard, Raoul, 345. 620,624,626
D/vulndesangue.511
562·3,568,697 .7 02 Crnig, Stunr l, 2 14 Dog star man. 72, 557
Cht, 47 Crash- No limite, 725 Dognw, 730
Cheh,Chang, 731,734 Crimesdiilrna.718 Don Juan, 71J
Chukaso,•,Níkolai, 218, 239-40 Crippledavengcrs,73 1 Don Juan do Mb:,co, 7 l4
ChinaE,:press,285 Cro nenberg, David, 7 1, 22 1,45 4, 726 Donnie Darko,92, 160
Chowgrapliyfor r,imtra,557 Crossi1g1 the /ine, 47 Doom,a porta do mferno, 51 1
Chunhyang- Amor proibido,304 Cruise, Tom, 32, 36, 272 Down by ltrw,727
Oytilm'll, Wra, 145,277,2 98 Cr11111b
, 534 Doze homens e uma sentença.. 140. 155
Cidad4oKane, 56,67, 75-6, 141, 153, 155-6, Crumley. Arin, 74 Dr.Jwago,723
168, 182-4, 186-7, 189-91, 193-5, 197-9, Crnsh, 23 4 Drárnla,5 19,521
201-2, 214,27 0,2 89,3 10,3 24,355,3 90 , Cukor, George, 259, 7 12 Oráculode Bmm Stoker, 210-11, 280. 728
416,455, 484-94, 537, 617, 669, 7 15, Curtis, Adam, 75 Dragnet - Desajitlndoo perigo, 94
727-8 Curliz, Michael, 76, 253 Dragongate ím,, 731
Cidadedossonhos,509 Dreamsof toyland,583
Cidadenua, 176, 64 1 Dreyer, Car l, 181, 254-5. 334,362 ,535
Cim,no,Míchael, 666 D Dryburgh, Stuart, 478
Cinderela(1899), 692 Duas garotasromdnlicas.105, S22-3
Cmema-Ve rdade (Kino Pravda), 709 Da Vinci, Lconal'do, 3 1 Duas, m!s coisasque eu sei dela, 443
Cinzase diamantes,254-5 Daisies. 277, 298 Dtrck amuck, 586-9, 591
Ciss~ 5ou1eymane, 216, 303 Dali, Salvador, 705-6 Dulac. Germainc, 702-3, 706
Csvílit
ação,695 Dançando 1111clruva, 67, 52 1·2 Dw,a,440
Clair,René, 3 13, 359, 393, 432, 468, 73 8 Dançando no escuro, 48, 58,272,3 47 Duro ele matar, 280. 303, SOO,506
Clarkc,Arthur C., 51 Dash, Julie, 729 Diívida,320
Cl1en1tmorto ndo paga, 36 J Dassin, Jules, 641
Cloverjie/d - Monstro, 168 , 323-4 Davit s, Terence, 154
Club, da luta, 100, 730 Davis, Belle, 226 6
Clube dos cafajestes,505 De casocom o acaso, 157-60, 505,73 0
Coen, Ethan, 130, 509, 729 de Chirico, Gíorgio, 706 E aí. meu irmdo, cadê voe.!?,5 11
Coen, Joel, 76, 509, 729 De Mílle, Ced i 8., 695 -6, 702, 741 E o vento lovo11, 112, 205, 725
Coeurfidi/e.,393, 703-4 De Niro, Robert, 234, 663, 666-7 Eastman, George, 689
Cobn, Norman , 73 De olhos bemfeclrados, 66 Eat, 1IS, 349,557
Cola
teral, 2-4, 32-5, 37-8, 47 , 49, 55, 68 , 98, De Palma , Brian, 67,2 90 , 304, 317, 723, Ed íso n , Thomas A., 299,3 42,689,692, 740
I IO, 116, 27l ·2, 346, 506 725-6, 728 Edward, mãos de tesoura, 153
Comboio do terror 37 9 De Síca, Víuorio, 7 16 ·8 Efeito borboleta, 92, 160
Co •
mingore, Dorothy, 56 De volta para o f 11111
ro, 97, 158-9, 163. 205, Eggeling,Viking, 699
Como., 227-8, 32 1, 512, 726 Elg11-zuke (Picklt d Jilm) , 557
a verde o meu vale, 414 1 449
Pcuillnde, Louis, 2 10, 212 Ghost. ,1,, outro /adi, da vida, 511
Eisens 1ein, Se rgei, 1 l 5. 155. 180. 182, 2 10,
218,226, 230,239,270.277, 299. 3 11. Fi//roIÍ lliCO, 332 Glad,ador, 58,510
364, 391, 393. 396, 399- 403, 405, 41 O, Film11/10111 a wo1111111
w/ro.... 176, 557 Glass, Phillrp. 645, 643
4 14, 429-30. 467. 469, 475, 417. 543, Finc her, l)av,d, ver Clubr da luta: O curioso Glen John, 364
644, 708- l l caso de Re11jm11/11 81111011; O quarto do Glória e podo. 183
E/ Domdo, 704 p1l11/co;Seve11- Ossele pe<adoscap,11us; Godard. Jean-Luc.14. 58. 96-- . l li. ·2. m
Elr1'l"" tudo, 100, 376 -7, 6 18, '26 Zmll,1c<> 223--1, 241, 251, l53, Z74, J.U, ,95,-6,
Elejunle,22, 334-5 Fmyo'- 0 VCIIIO, 2 I 6-7 398, 443. 607. 620, 622. 624-7, 67+5
FIP$fl1dr nrn kn . 2<10-1 Fir•'· 694 683,687, 719-23,739
Era uma"ª cm Tóquío, 60 1, 627- 33, 669, Fond a, Henry. 238 Grilhões do passado,308
683 Fong, Allen , 732 Gr oo ms, Red, 558
Era uma vez na A.mén·ca,66 Ford, John, 76, 176, 206, 344, 379, 428 , 439, Guerra nas emdas, 81, 83, ·U - , 510. '"'.!3
Eraserhcad,726 449, 5 15-7, 630 Guerra nas esrrelas:fylSédw 1-A"""""'
Cricc, Vic to r, 229 Forrest Cmnp O c:cnta,1or de histórias, f nnta<ma, U. 2l2.2AA. ;21,
Escolnde rock, 524 726 Guerra nas estrt/as; Episôdú>
U - A:,:q-4
Essapequena é mna parada, 725 Foster , Jodle, 315,350 dos clones, 41-8, 6'
Toe obscuro obj eto de desej o, 149 Foxx,Jamie, 33 Guerra nas estrelas: Epis6dúJm - .-\
Estranhos no paraíso, 727 Framp lo n, ~lollis, 14, 115, 222, 556, 569 vingança tU)SSáh,54, 81
ET, o extraurrestre, 149 Frankfilm, 582 Guerra na.< estrelas: Epuódw 11' - tma
Eu vossaúdo Maria, 723 Frankemtein, 5 18-9, 714 nova esperança,293
Eu, você e todosnós, 71, 301,725 l'reak Orlando, 216·8 Guerra nas esmlas: Epl$0diq \' - O
Everest, 534 Friedki n , William, 723 império contl'OliUJl,149, 723
Façaa coisa certa, 195,366 , 60 1, 613-9, 672, HamUton , Guy, vor 007 contra Go/dfing,tr
683, 728 G Hamlet, 440
Fahrenheit/ 1 de setembro,534 Haneke, Michae l, 49, 171,397
Falirenlieir451, 406, 722 Gt1/apagos,53 4 Haw1aJ1 , 180. 68'.!l 715
e sirnsinnà:s.
Fairbanks, Douglas, 695-7, 702, 708 Gale ta, Ivan, 55 8 Han son , C urtis, 384, 386
Falandode amor, 82 Ga llar do, Car los, 70 Hardcore- No submundo do .;a o, n 4
Fantasiasde 1980,505 Gance, Abel, 299,304,344,359 , 393, 702-5 Hark, Tsui , 732, 734
Parrow, Mia, 239 Gt1nl,m,do e.s
p11ç
o, 7 1, 727 Harla11Com,ty. U.S.r\., 73, 102. 593
Fassbinder, Rainer Werner, 1741 Gap-toothed wo111e11,539-46, 672, 674 Harrls , David , 645-53
Fausto- Um conto alemrlo, 700 G11rlic
is as good as ten mot/,ers, 540 Harris, Leslie, 7 1, 721
Feitiçodo tempo, 158, 2 14, 501,505 Gau dr eau lt, André , 406 ,69 3 Hart, William S., 207, SIS, 695-6, 702
Fellini, Pederlco,66, 163, 17 1,21 6,222 ,45 0, Ge hr , Ern ie, 25,287, 752 Hartley , Ha l, 289, 729
718 Gêmeos,mórbidasemelhança,454 Ha,vks, Howard, 76, 166. 310, 320, 3-14
,
Fesrfm dw/Jótíco,130, 334-5 Geography of //,e /,ody,55; 375-6, 602, 604,6 Uó,6 8J,71j , 7ZS
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334-5. 351. 353, 356·60, 362,378.393, Irmãs dlab6/rcas,301 Ka,ge, Chen, 246, 283-4
414. OI. 480-4. 487,497,501,506,508, lrresrstlvet11
aax,lo, 157,508 KalatO'tOV,
M1khaal,283
518.607,609 13,673,698,705,719,721, /110 i SpmalTap,536 Kunal,229
725 Iram,, Juro, 2 12-3, 354 Kar-leung, Lau, 731
Holúmn. Durun, 246 /vu11,o terrivtl, 210-1, 216 9,225, 230·1. Kar-wa,,Wong, 14,115,280,308, 4.JO,633,
Holm.Cd<>1c,233 239-40, 3 15-6, 414 735
Homonde/mo, 60, 105, 504 )vens, Jorís, 532 K,uba,278
H,,m,m-Aranha, 391,510 Katunberg , /effrey, 86-7
Homcro.117 Kazan,Elia, 474
Hopptt.Dtnms, 723 Keane,393,408
Howard.Iam .. Newton, 37-8 Keaton, Busier, 113, 117, 260-5, 3 l3-4, 473,
How.,d. Ron, 375 /ackie Brown,434•8, 507, 509 475, 484,693,69 7
P<'ltt. 157
tto,.-111, fackman , Hugh, 453 Keeler, Ruby, 522
Hou.14. 94. 259,3 13,334
Hs1ao-hs1en, Jackson, Pe1er,47, 83, !05, 297, 345•6, 529, Keepon rocklng,317
Hu, King.731, 734 752-3 KeU,Susilll,540
Hudlu,,Reginald. 726 Jacobs, Ken,282 , 557 Kelly, Gene, 75, 323, 446, 521. 586
Hugbts,Albert,727 Jacquo1, Benoil, 288 Kell)', Rich.itd.ver Do,mieDarko
Hughes.
Alltn, 727 /anelaindiscreta,130, 378-9, 398, 434,487, Kennedy, /ohn F., 143, 165,317, 36-1,447,
Hu~Ann. 732 506 532,537
Huill<I, Daniék, 14,181,253,295,34 1 Janscó. Mildós, 14,322,334 Kiaros1aini,Abbas, 87,306
Hu/k,407 Jarman, Derek, l4, 84,432,559 Kidman, Nlcole, 130, 140,529
Humphrey.Hubert, 143, 165.532 Jarmusch. Jim, 71, 727 Kieslowski,Krzymof, 15. 159, •174
/e1mn, Dí.tman, 256-7 Kill81/1,VoLI, 291
H..nttt, T,m , vtr Matarpara vfv,r
/tJI"''deamor, 180, 183, 195, 2 16, 2 18, 283, Ki11,~
Kong,54, 83, 105, 345·6, 583, 753
Hu.100, Mm.76, 222, 370· 1, 373-5, 383,
320, 427, 433, 467, 60 1-7, 6M, 627-8, King, Stcphen, 379
4114
633, 672-4, 683 Kirchberger, Michael.410, 470
Hunon, laur<n, 543
Jenklns, Henry, 92 Kitano,Takcshi, 175, 322
Jenning,, Jlumphrey,467, 532, 593, 597 Koppel,Barbara, 593
/,rry Magulre - A gr1111devirada, 236, 7, Korine,Harmony, 48,318
38 1-2 Koyum11sq11tsl,
280, 284, 569, 571, 579, 597,
/eubel, 226-8, 306,319,322,377 641
ldnitrda,k, 160
/PK _ A perguntaque 11/lo qu,r etr/ar,3,19, Kubelka, Peier, 392, 405
1•lheY,ar o/tht p,g,534, 597
111irriiu, Akjandro González, ver Babel 536 Kubrick, Stanley, 66, 96, 130-1, 389, 624
/lm , Rio, 695, 702 Kucl, Yucn,73 1
lfl<t,11",m.,, H . 69.S
/ob,.Steve, 584 Kule.<hov,
Ltv, 360-1, 371,393, 405-6, 708-
kma e o reinoda cavdradt cristal,
/NJ14na
fogodeema(ôrs,509 9, 738
413.476
Náufrago, 346,416 O exorcista, 174,4 19,503,5 18, 520· l. 523 O raio da mortt, 393, 709
NewJackCity- A gangue brutal, 727 O exterminador do futuro, 393, 726 O regadorregado, 2 l O,69 1
Níbl(),Fred, 696 O exterminador do futuro 2: Ojulgamento O rei da comédia, 677-8. 680- l
final, 65,105,346 O resgatedo soldado R)'Qn, 64,5 12
Nichols, Mike, ver A primeira noite de um
liomem O fabuloso destino de Amélie Poulai11, 227• O rio, 176, 549•5 6, 560. 569
8 O s,m1urai,507
No lies,536
O fantasma da ópem, 5 19 O sapo d11sorte, 25 L. 289
Notempodasdlllgéncias,117,379,381,439,
441,443,630,682 O franco atirador, 666 O segredodas joias, 222, 224
Noallle$, Visconde de, 707 O f ugi/Ivo, 294, 362, 445, 506 O segredode Brokebackmounta/11, 81,233
Noite t 11eb//na
, 356 O gn/1i11ett do Dr. Caligari, 182. 207. 241, O segredodo abismo, 346, 585
5 19,699 ,70 0 O se/valem da motocicleta, 229, 294, 728
Noitesde Cab/ria,229 -30
O g11toe o cmulrlo, 518 O Set1hordos Anéis. A sociedade do ane~
Noitesde lua c/,e/a, 722
O grande roubo ciotrem, 694, 740 277-8, 293-4. 296- 7, 346, 407.470
Noi"oneurótico, noivanervosa,725
O gro11detruque, 24, 144,452, 454•6, 458. OSe nh~rdos Anéis:As duas torres,296,470
Nolan. Chri 5tophcr, 2~, J60, 171, 4S2, 456 ,
461, 465, 468,475,479,676 O Senhor dos Anéis: O retorno do rei, 82,
461
O grito, 247 104,296,3 46, 470
Nolao, Jona1han, 452, 456
O guard11 -coS1as,226, 507 Ostx tosentido, 144,171 ,225, 448,506,52 1,
Nosferatu,270,279, 519-20, 700, 705
O 1,omem que nao estava /d, 509 730
Nossahospitalidade, 260·6, 288, 313, 473,
O hom em ques11biademais, 150· 1,6 82 O show de Trumnn: o show da vida, 235.
475,484, 607
O f/1m1/nado,96, 130- 1, 140, 151,3 17 505,5 12
Nuiiez, Viaor , 7 1
O Informante, 234, 281 O si/tine/odos l11ocentes,
J04, 152, 205, 349,
433, 448, 478, 482.50 1, 529
O intendmte SansJ,o, 171•2
O ,\ui. ll9 Ch lrb tmH,fJll'lt'llfh , t,'-)t, Poliu llory - A J(lltrra das drogas,365,
d, 11mJwmrm, 17 1 183, '32
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(), u/11mc1p11,.,<,~
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Pol1Sh,Mark, 67, 100
O t1·n·r,rnltm11tm,JO~ ~
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Poh<h, .\4ichad, 67, 100
() lf,lilntttlhl ,fo Dr \f,Jftll4t"701
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Poltrrgmr. 521
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Pomnicr, l:.nch, 6'1'/ 700
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