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SUMÁRIO
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS...............................................................................................................3
2. TEORIA DO CRIME...........................................................................................................................4
3. IMPUTABILIDADE..........................................................................................................................21
4. DISPOSITIVOS PARA O CICLOS DE LEGISLAÇÃO..............................................................................27
5. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA..............................................................................................................27
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ATUALIZADO EM 01/07/2017
CRIMES MILITARES
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS:
Durante o estudo, é necessário que se faça uma análise a partir da letra do Código Penal Militar e
a comparação com o sistema do Direito Penal comum.
O CPM não passou pela reforma de 1984, motivo pelo qual o Código possui disposições
desatualizadas e em desacordo com a sistemática atual. Mas em alguns momentos a especialidade da
lei penal militar irá prevalecer.
Assim, o CPM tem uma estrutura causalista e não uma estrutura finalista. O CP comum não é
puramente finalista, possuindo disposições de natureza causalista, a exemplo da conditio sine qua non
do art. 13 do CP comum, que também se repete no CPM.
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As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos,
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos
eventos anteriormente citados.
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Em vez de discorrermos sobre toda a teoria do crime, vamos elencar as diferenças de tratamento
existentes entre o CP e o CPM, que é o efetivamente cobrado em provas (#VAICAIRNASUAPROVA).
2. TEORIA DO CRIME:
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2.1. RELAÇÃO DE CAUSALIDADE:
O art. 29 do CPM fala da relação de causalidade, havendo a adoção da conditio sine qua non,
com influência do causalismo. Este artigo é a repetição do supramencionado art. 13, CP comum.
Relação de Causalidade
CP CPM
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência Art. 29. O resultado de que depende a existência
do crime, somente é imputável a quem lhe deu do crime somente é imputável a quem lhe deu
causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem
a qual o resultado não teria ocorrido. a qual o resultado não teria ocorrido.
§ 1º - A superveniência de causa relativamente § 1º A superveniência de causa relativamente
independente exclui a imputação quando, por si independente exclui a imputação quando, por si
só, produziu o resultado; os fatos anteriores, só, produziu o resultado. Os fatos anteriores,
entretanto, imputam-se a quem os praticou. imputam-se, entretanto, a quem os praticou.
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando § 2º A omissão é relevante como causa quando o
o omitente devia e podia agir para evitar o omitente devia e podia agir para evitar o
resultado. O dever de agir incumbe a quem: resultado. O dever de agir incumbe a quem tenha
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção por lei obrigação de cuidado, proteção ou
ou vigilância; vigilância; a quem, de outra forma, assumiu a
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de responsabilidade de impedir o resultado; e a
impedir o resultado; quem, com seu comportamento anterior, criou o
c) com seu comportamento anterior, criou o risco risco de sua superveniência.
da ocorrência do resultado.
Observemos que o §1º trata da causa superveniente relativamente independente e o §2º trata da
figura do garantidor, ambos são reprodução do CP comum.
O art. 30, CPM fala do crime consumado e tentado (iter criminis). O crime consumado é aquele
que reúne todos os elementos da definição legal, ou seja, um critério objetivo. Os incisos I e II são
semelhantes ao art. 14, CP comum.
No parágrafo único do art. 30 do CPM, há, como regra, a aplicação da Teoria Objetiva
Temperada, pois se pune a tentativa com a pena correspondente ao crime, diminuída de um a dois
terços. Trata-se de um critério objetivo que leva em consideração a proximidade da consumação.
Quanto mais próximo da consumação, menor a redução e quanto mais longe da consumação, maior a
redução.
Na segunda parte do parágrafo único o art. 30, CPM há uma inovação. O juiz pode aplicar a pena
do crime consumado (sem redução) a depender da gravidade do fato, sendo uma exceção subjetiva.
Neste ponto, o CPM diverge do CP comum.
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Pela Teoria Objetiva Temperada, em regra, quanto à punição da tentativa há a redução de um a
dois terços. Mas ela é temperada (mitigada) porque comporta exceções, a exemplo daquela trazida
pelo CPM, em que o juiz pode aplicar a pena do crime consumado em caso de especial gravidade, a
depender do caso concreto.
Mas, atenção, o Juiz “pode”, ou seja, há uma faculdade e este posicionamento deve ser exercido
de forma fundamentada. Não há violação à individualização da pena, uma vez que a regra é a redução
e apenas como exceção é que existe a possibilidade de se aplicar a pena do crime consumado. Há uma
flexibilização da norma.
Quando é aplicada a pena de morte, também existe a possibilidade de o Juiz aplicar a pena
privativa de liberdade, sem redução. Isso significa que, em caso de guerra, quando há previsão no CPM
de aplicação da pena de morte no grau máximo e reclusão no grau mínimo, se não houver aplicação
da pena de morte, a pena privativa de liberdade será aplicada sem redução, em que pese se esteja
diante de uma tentativa. Trata-se de outro exemplo de exceção à Teoria Objetiva.
O CPM é dotado de exceções subjetivas, o CP comum não é composto por elas. Assim, o CP
comum também segue a Teoria Objetiva Temperada, mas não traz exceções subjetivas. Exemplo:
Crimes de atentado ou empreendimento, ou, ainda, nas contravenções penais não se pune a tentativa.
#ATENÇÃO Quando se fala que o CPM é dotado de exceções de caráter subjetivo, não está se
referindo à Teoria Subjetiva da tentativa, mas sim, que essas exceções demandam análise subjetiva, ou
seja, ficam a critério do juiz. Por isso que se diz que o CP comum não é dotado de exceções subjetivas,
pois todas as possibilidades de crimes que não admitem a forma tentada derivam diretamente da lei. 2
#NEVERFORGET #LOUCOSPORTABELAS
Culposos, salvo culpa imprópria.
Contravenções
Habituais
Crimes que NÃO admitem tentativa: Unissubsistentes
Preterdolosos
Atentado ou empreendimento
Omissivos próprios
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Muita atenção para não confundir essa informação com as teorias que cuidam da punibilidade da tentativa.
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O art. 32, CPM traz a hipótese de crime impossível, sem quaisquer inovações. O legislador segue
a Teoria Objetiva Temperada, sendo semelhante ao art. 17 do CP comum.
Crime Impossível
CP CPM
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por Art. 32. Quando, por ineficácia absoluta do meio
ineficácia absoluta do meio ou por absoluta empregado ou por absoluta impropriedade do
impropriedade do objeto, é impossível objeto, é impossível consumar-se o crime,
consumar-se o crime. nenhuma pena é aplicável.
O art. 16 do CP comum que trata do arrependimento posterior não tem equivalência no CPM.
Por conta disso, não se pode utilizar o art. 16 do CP comum para suprir a lacuna do CPM quanto ao
arrependimento posterior, pois estamos diante de um caso de silêncio eloquente. Não se trata de
lacuna involuntária porque embora não exista arrependimento posterior como causa de redução de
pena no CPM, na parte especial alguns crimes patrimoniais praticados sem violência possuem previsão
atenuada. (Ex: Furto Atenuado).
Art. 240, CPM § 1º - Se o agente é primário e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode
substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou considerar a infração
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como disciplinar. Entende-se pequeno o valor que não exceda a um décimo da quantia mensal do mais
alto salário mínimo do país.
§ 2º A atenuação do parágrafo anterior é igualmente aplicável no caso em que o criminoso,
sendo primário, restitui a coisa ao seu dono ou repara o dano causado, antes de instaurada a ação
penal.
Arrependimento Posterior
CP CPM
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou
grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou
restituída a coisa, até o recebimento da
Sem previsão correspondente.
denúncia ou da queixa, por ato voluntário do
agente, a pena será reduzida de um a dois
terços.
#JÁCAIU #CESPE #DPU: O direito penal militar contempla o arrependimento posterior como causa
obrigatória de redução da pena.3
2.6. CULPABILIDADE:
O art. 33 é uma demonstração de que o CPM adota a visão clássica causalista (você lembra, né?
O dolo e culpa como espécies de culpabilidade). O legislador fala da culpa consciente e da culpa
inconsciente. Equivale ao art. 18, CP comum, com a ressalva de que neste já se adota a visão finalista
(você lembra, né? O dolo e culpa encaixados no fato típico).
Além disso, é importante ressaltar que ambos preveem a excepcionalidade do crime culposo.
Culpabilidade
CP CPM
Art. 18. Diz-se o crime: Art. 33. Diz-se o crime:
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou I - Doloso, quando o agente quis o resultado ou
assumiu o risco de produzi-lo; assumiu o risco de produzi-lo;
II - Culposo, quando o agente, deixando de
empregar a cautela, atenção, ou diligência
II - Culposo, quando o agente deu causa ao ordinária, ou especial, a que estava obrigado em
resultado por imprudência, negligência ou face das circunstâncias, não prevê o resultado que
imperícia. podia prever (culpa inconsciente) ou, prevendo-o,
supõe levianamente que não se realizaria ou que
poderia evitá-lo (culpa consciente).
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em
Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei,
lei, ninguém pode ser punido por fato previsto
ninguém pode ser punido por fato previsto como
como crime, senão quando o pratica
crime, senão quando o pratica dolosamente.
dolosamente.
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Errado!
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O art. 34, CPM é equivalente ao art. 19, CP comum. Temos o princípio da culpabilidade e a
agravação pelo resultado.
Enquanto no CP temos o erro de tipo e o erro de proibição, no CPM o assunto é tratado como
erro de fato e erro de direito.
#ATENÇÃO: O art. 21, parágrafo único, do CP prevê a hipótese de o agente atuar com dolo, mas sem
consciência da ilicitude. Enquanto que o CP permite a isenção de pena por erro de proibição (exclui a
culpabilidade), no CPM, permite-se, no máximo, a redução da pena.
Importante ressaltar que o art. 73 do CPM supre lacunas, ou seja, quando a lei falar em
atenuação, mas não disser o quantum, considerar-se-á um quinto a um terço.
Art. 73. Quando a lei determina a agravação ou atenuação da pena sem mencionar o quantum,
deve o juiz fixá-lo entre um quinto e um terço, guardados os limites da pena cominada ao crime.
O art. 37 do CPM traz o erro sobre a pessoa (error in personam) e erro na execução (aberratio
ictus). São erros acidentais e periféricos. Equivale ao art. 20, §3º e 73 do CP comum.
O ponto comum é que o erro é de pessoa para pessoa, mas a diferença é que pode ser um erro
de representação na identificação da vítima (no caso do error in personam) ou um erro na execução, ou
seja, um desvio no golpe, em que se atinge pessoa diversa da pretendida (no caso do aberratio ictus).
Ex.: Um soldado queria atingir o comandante, mas errou na execução e acabou atingindo outro
soldado. Nesse caso, ele responderá como se tivesse atingido o comandante que tem um rigor maior
que a simples lesão corporal (art. 157, CPM).
Da mesma forma, se o soldado queria atingir outro soldado, mas erra e atinge o tenente, o
sujeito irá responder como se tivesse atingido o soldado.
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Isso significa que há a substituição das pessoas para o prejuízo ou benefício do réu.
O art. 37, §1º, CPM traz a hipótese de resultado diverso do pretendido (aberratio criminis).
Equivale ao art. 74, CP comum. Aqui, o erro é de execução.
Assim, o agente que praticar o crime contra a coisa e atingir pessoa será responsabilizado a título
de culpa, se o fato é punível na forma culposa.
#SELIGANOEXEMPLO: Sujeito arremessa uma pedra a fim de danificar uma vidraça do alojamento de
praças, mas o alvo e acaba atingindo um militar que passava naquele local. Nesse caso, o agente não
responderá pela tentativa de dano, mas por lesão corporal culposa.
O art. 37, §2º, CPM estabelece que se for atingida também a pessoa (duplicidade de resultado),
aplica-se a regra do concurso formal.
Duplicidade do resultado
§ 2º Se, no caso do artigo, é também atingida a pessoa visada, ou, no caso do parágrafo anterior,
ocorre ainda o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 79.
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2.10. DA INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA:
Lembra que o CPM é causalista, e, por consequência, o dolo e culpa são espécies de
culpabilidade? Esta alínea trata da coação irresistível que pode ser física ou moral. O CPM estabelece
que a coação irresistível não é culpável, pois o dolo está na culpabilidade.
No CP comum, por outro lado, a coação física leva à atipicidade, pois não há conduta voluntária4.
A coação moral irresistível no CP comum está prevista no art. 22 (inexigibilidade de conduta diversa).
#ATENÇÃO #VAICAIR
Art. 40. Nos crimes em que há violação do dever militar, o agente não pode invocar coação irresistível
senão quando física ou material.
Dessa forma, impõe-se que o militar deve conhecer o dever militar. Contudo, a coação física
irresistível pode ser aplicada ao crime contra o dever militar.
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Lembre que o crime, segundo a teoria tripartida é fato típico, ilícito e culpável.
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Vale lembrar que existe ainda a coação resistível, que funciona como circunstância atenuante,
prevista no art. 41, CPM. Serve para os artigos 38, alíneas “a” e “b”, e art. 39, CPM.
Art. 41. Nos casos do art. 38, letras “a” e “b”, se era possível resistir à coação, ou se a ordem não era
manifestamente ilegal; ou, no caso do art. 39, se era razoavelmente exigível o sacrifício do direito
ameaçado, o juiz, tendo em vista as condições pessoais do réu, pode atenuar a pena.
Para os militares, a ordem deve ser direta, advinda de superior hierárquico e em matéria de
serviço.
Se a ordem é estranha ao serviço, ainda que venha de superior hierárquico, o militar pode não
cumprir e, inclusive, pedir esclarecimentos ou orientação. Deve-se ter em mente que ordem errada
não se cumpre.
O §2º do art. 38, CPM traz a hipótese de ordem para prática de ato manifestamente criminoso.
§2° Se a ordem do superior tem por objeto a prática de ato manifestamente criminoso, ou há
excesso nos atos ou na forma da execução, é punível também o inferior.
O art. 42, CPM traz as excludentes de ilicitude (causas de justificação) e corresponde ao art. 23,
CP comum.
Excludentes de Ilicitude
CP CPM
Art. 23 - Não há crime quando o agente Art. 42. Não há crime quando o agente pratica
pratica o fato: o fato:
I - em estado de necessidade; I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa; II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou III - em estrito cumprimento do dever legal;
no exercício regular de direito. IV - em exercício regular de direito.
A legítima defesa (art. 25, CP comum e art. 44, CPM), o estrito cumprimento do dever legal e o
exercício regular de direito possuem o mesmo tratamento no CP comum e no CPM, razão pela qual
focaremos no Estado de Necessidade, que é comumente cobrado em provas5.
O CPM adota a teoria diferenciadora do Estado de Necessidade, enquanto que o CP comum adota
a Teoria Unitária, vejamos:
Assim, para a teoria unitária, adotada pelo nosso Código Penal, todo estado de necessidade é
justificante, ou seja, tem a finalidade de eliminar a ilicitude do fato típico praticado pelo agente.
#JÁCAIU #CEPSE (MPE/2010): No sistema penal militar, o estado de necessidade segue a teoria
diferenciadora do direito penal alemão, que faz o balanço dos bens e interesses em conflito. O estado
de necessidade pode ser exculpante ou justificante. O primeiro é causa de exclusão da culpabilidade e o
segundo, de exclusão de ilicitude.6
Temos ainda o art. 45, CPM que trata do excesso nas causas de justificação.
Se o agente exceder culposamente irá responder, se o fato for punível a título de culpa.
Excesso culposo
Art. 45. O agente que, em qualquer dos casos de exclusão de crime, excede culposamente os limites
da necessidade, responde pelo fato, se este é punível, a título de culpa.
Excesso escusável
Parágrafo único. Não é punível o excesso quando resulta de escusável surpresa ou perturbação de
ânimo, em face da situação.
Leva-se em consideração o estado emocional ou psicológico. Pode ser uma perturbação psíquica
momentânea, em que o agente não mede a sua reação e não raciocina corretamente. Normalmente,
isso irá caracterizar o excesso intensivo, que é quando o agente intensifica a sua reação
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Correto!
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exageradamente por conta da sua perturbação naquele momento. Isso é possível, sobretudo em se
tratando de militares, em que o sujeito pode estar em situação de confronto.
O CP comum não traz previsão de figura semelhante. A doutrina sugere como causa supralegal
de inexigibilidade.
Excesso Doloso
CP CPM
Excesso punível Excesso doloso
Parágrafo único - O agente, em qualquer das Art. 46, CPM. O juiz pode atenuar a pena
hipóteses deste artigo, responderá pelo ainda quando punível o fato por excesso
excesso doloso ou culposo. doloso.
No direito penal comum, o excesso doloso pode ser classificado em duas modalidades: stricto
sensu e aquele que deriva de um erro de proibição indireto quanto ao limite. No primeiro caso, o
sujeito excede porque sabe e porque quer exceder. Já no segundo caso, o sujeito juridicamente não
percebe corretamente o limite. Vejamos como o tema se aplica ao CPM:
Deve-se correlacionar o art. 46, CPM com o art. 35, CPM (erro de direito). Se o erro é escusável, o
sujeito excedeu dolosamente, mas por erro de interpretação da lei, há uma atenuante.
Art. 35. A pena pode ser atenuada ou substituída por outra menos grave quando o agente, salvo
em se tratando de crime que atente contra o dever militar, supõe lícito o fato, por ignorância ou erro de
interpretação da lei, se escusáveis.
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Portanto, no excesso doloso, que só faz sentido quando há um erro de direito à luz do art. 35,
CPM (erro escusável salvo nos crimes contra o dever militar), a pena pode ser atenuada pelo juiz. Se o
excesso é em sentido estrito, não há atenuação.
Se há algum erro de interpretação quanto ao limite da causa de justificação isso seria um erro de
proibição indireto no direito penal comum. Para o direito penal militar, é um erro de direito.
Para finalizar, temos ainda a excludente de ilicitude do comandante (art. 42, parágrafo único do
CPM), vejamos:
Parágrafo único. Não há igualmente crime quando o comandante de navio, aeronave ou praça de
guerra, na iminência de perigo ou grave calamidade, compele os subalternos, por meios violentos, a
executar serviços e manobras urgentes, para salvar a unidade ou vidas, ou evitar o desânimo, o terror,
a desordem, a rendição, a revolta ou o saque.
3. IMPUTABILIDADE:
O art. 48, CPM equivale ao art. 26, caput, CP comum. Trata da inimputabilidade por alienação
mental. Nesse caso, o critério é o biopsicológico foi adotado nos dois sistemas.
Inimputabilidade
CP CPM
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por Art. 48. Não é imputável quem, no momento
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doença mental ou desenvolvimento mental da ação ou da omissão, não possui a
incompleto ou retardado, era, ao tempo da capacidade de entender o caráter ilícito do
ação ou da omissão, inteiramente incapaz de fato ou de determinar-se de acordo com esse
entender o caráter ilícito do fato ou de entendimento, em virtude de doença mental,
determinar-se de acordo com esse de desenvolvimento mental incompleto ou
entendimento. retardado.
#JÁCAIU #CESPE #DPU O Código Penal Militar adotou o critério do sistema biopsicológico para aferição
da inimputabilidade.7
Semi-Imputabilidade
CP CPM
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida Parágrafo único. Se a doença ou a deficiência
de um a dois terços, se o agente, em virtude mental não suprime, mas diminui
de perturbação de saúde mental ou por consideravelmente a capacidade de
desenvolvimento mental incompleto ou entendimento da ilicitude do fato ou a de
retardado não era inteiramente capaz de autodeterminação, não fica excluída a
entender o caráter ilícito do fato ou de imputabilidade, mas a pena pode ser
determinar-se de acordo com esse atenuada, sem prejuízo do disposto no art.
entendimento. 113.
É fundamental ter em mente que o CPM também consagra o sistema vicariante, ou seja, o art.
113, CPM permite a substituição da pena por medida de segurança, se o juiz entender que há uma
necessidade de especial tratamento curativo.
Vale ressaltar que ao contrário do Código Penal comum, no CPM não há tratamento
ambulatorial, sendo possível somente a internação.
#VAMOSLEMBRAR:
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Certo!
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Medidas de Segurança no Código Penal comum
Detentiva (internação) Restritiva (tratamento ambulatorial)
Consiste na internação do agente em um hospital Consiste na determinação de que o agente se
de custódia e tratamento psiquiátrico. sujeite a tratamento ambulatorial.
Crimes punidos com reclusão. Crimes punidos com detenção.
Manicômio judiciário
CPM, Art. 112. Quando o agente é inimputável (art. 48), mas suas condições pessoais e o fato
praticado revelam que ele oferece perigo à incolumidade alheia, o juiz determina sua internação em
manicômio judiciário.
A embriaguez involuntária pode se dar por caso fortuito ou força maior. O caso fortuito decorre
de situação imprevisível, geralmente envolve o desconhecimento do caráter embriagante/intoxicante
da substância ingerida. A força maior, por outro lado, é oriunda de ação humana.
MUITO cuidado com essa hipótese: Enquanto que no caso de semi-imputabilidade o CPM prevê
a redução da pena de 1/5 até 1/3, sendo menos favorável que o Código Penal, quando se trata da
redução da pena por embriaguez involuntária incompleta, a redução é a mesma do Direito Penal
comum.
#ATENÇÃO: Apesar da embriaguez patológica ser voluntária, ela é vista como doença mental, sendo
caso de inimputabilidade por alienação mental.
Essa teoria surgiu na Itália e foi criada para solucionar os crimes cometidos em estado de
embriaguez preordenada, para isso, promove a antecipação do momento da análise da
imputabilidade. Dessa forma, é antecipada para o momento anterior àquele em que o agente
livremente se colocou no estado de embriaguez.
A teoria do actio libera in causa é uma decorrência lógica da teoria conditio sine qua non (artigo
29 do CPM), mas não se confundem. A teoria da actio libera in causa é uma criação doutrinária, não
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estando prevista expressamente no CPM. O pensamento dessa teoria pode ser resumido no fato de
que a embriaguez é a causa do resultado.
a) Embriaguez culposa;
b) Embriaguez voluntária (dolosa);
c) Embriaguez preordenada.
CPM, Art. 70. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não integrantes ou
qualificativas do crime:
II - ter o agente cometido o crime:
c) depois de embriagar-se, salvo se a embriaguez decorre de caso fortuito, engano ou força
maior;
Parágrafo único. As circunstâncias das letras “c”, salvo no caso de embriaguez preordenada, “l”,
“m” e “o”, só agravam o crime quando praticado por militar.
Isso significa que o militar, qualquer que seja a embriaguez, tem sempre a pena agravada
(exceto em caso fortuito ou força maior, como diz o artigo).
Para o civil, (na esfera federal, já que civil nunca é julgado na justiça militar estadual), só é
agravada a pena se a embriaguez for preordenada.
Além disso, é bom ter em mente o crime de embriaguez em serviço, que possui como elementar
o fato de o Militar encontrar-se embriagado:
Embriaguez em serviço
Art. 202. Embriagar-se o militar, quando em serviço, ou apresentar-se embriagado para prestá-lo:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Menores
Art. 50. O menor de dezoito anos é inimputável, salvo se, já tendo completado dezesseis anos,
revela suficiente desenvolvimento psíquico para entender o caráter ilícito do fato e determinar-se de
acordo com este entendimento. Neste caso, a pena aplicável é diminuída de um terço até a metade.
Equiparação a maiores
Art. 51. Equiparam-se aos maiores de dezoito anos, ainda que não tenham atingido essa idade:
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a) os militares;
b) os convocados, os que se apresentam à incorporação e os que, dispensados temporariamente
desta, deixam de se apresentar, decorrido o prazo de licenciamento;
c) os alunos de colégios ou outros estabelecimentos de ensino, sob direção e disciplina militares,
que já tenham completado dezessete anos.
Art. 52. Os menores de dezesseis anos, bem como os menores de dezoito e maiores de dezesseis
inimputáveis, ficam sujeitos às medidas educativas, curativas ou disciplinares determinadas em
legislação especial.
Como podemos observar, o CPM traz ressalva em que se possibilita a responsabilidade penal de
menores de 18 anos em determinados casos. Contudo, a referida disposição NÃO foi recepcionada pela
CF/88, em razão do art. 228: CF/88, Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito
anos, sujeitos às normas da legislação especial.
Assim, pode-se concluir que pela redação literal do CPM, adota-se o critério biopsicológico.
Contudo, a CF/88 optou pelo critério biológico puro, considerando como penalmente inimputáveis os
menores de dezoito anos, em qualquer caso. Isso, inclusive, já foi cobrado pelo CESPE em prova,
vejamos:
(Analista/STM – 2011): Um adolescente com dezessete anos de idade que, convocado ao serviço
militar, após ser incorporado, praticar conduta definida no CPM como crime de insubordinação
praticado contra superior será alcançável pela lei penal militar, a qual adotou, para os menores de
dezoito e maiores de dezesseis anos de idade, o sistema biopsicológico, em que o reconhecimento da
imputabilidade fica condicionado ao seu desenvolvimento psíquico.
A assertiva possui dois erros: O primeiro é que a referida norma não foi recepcionada pela CF/88, e o
segundo, é que no sistema biopsicológico a imputabilidade fica condicionada a condição mental do
agente, bem como sua capacidade de entendimento e autodeterminação no momento da conduta. Ou
seja, não basta só o desenvolvimento psíquico.
DIPLOMA DISPOSITIVO
Código Penal Militar Arts. 29º ao 52º
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5. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA