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SUMÁRIO
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS...............................................................................................................3
2. LEI MILITAR NO TEMPO E NO ESPAÇO.............................................................................................5
3. DISPOSITIVOS PARA O CICLOS DE LEGISLAÇÃO...............................................................................9
4. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA...............................................................................................................9
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ATUALIZADO EM 16/09/2019
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS:
Direito Penal Militar é o ramo especializado do Direito Penal que estabelece as regras jurídicas
vinculadas à proteção das instituições militares e ao cumprimento de sua destinação constitucional. A
especialidade do Direito Penal Militar decorre da natureza dos bens jurídicos tutelados: a autoridade, a
disciplina, a hierarquia, o serviço, a função e o dever militar.
O artigo 142 da Constituição Federal é o ponto de partida do Direito Penal Militar: Art. 142. As
Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais
permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade
suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes
constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
As Forças Armadas tem caráter permanente e tem como vigas basilares a hierarquia e a
disciplina. A missão das Forças Armadas envolve: ● A defesa da Pátria; ● A garantia dos poderes
constitucionais; e ● Quando legalmente requisitados para esse fim, a garantia da lei e da ordem.
A garantia da lei e da ordem aparentemente não é atividade militar, mas o STF tem afirmado
que se caracteriza como atividade militar, quando requisitado.
#NÃOESQUEÇA: Os militares são uma categoria própria de servidores públicos, com regime jurídico
próprio. O seu estatuto é a Lei 6.880/80, de onde se extrai o conceito moderno de militar. Essa lei lista
as diversas classes de militares.
A tutela dos bens jurídicos militares pode dar-se de forma direta ou indireta, a partir disso o
Código Penal Castrense tipifica os crimes militares próprios, e os crimes impropriamente militares.
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As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos,
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos
eventos anteriormente citados.
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Em razão da especificidade da matéria, o Constituinte definiu a competência da Justiça Militar
da União para processar e julgar os crimes militares definidos em lei (art. 124), bem como a da Justiça
Militar Estadual para processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes definidos em lei,
ressalvada a competência do Júri quando a vítima for civil (art. 125, §4º).
#ATENÇÃO #NÃOCONFUNDIR
Em conclusão, pode-se afirmar que o Direito Penal Militar é ramo especial, o que decorre de
uma escolha política do texto constitucional, tendo em consideração a natureza eminentemente
política das corporações a que se refere.
#OLHAOGANCHO: Recentemente, na ADPF 291, o STF foi chamado a esclarecer se o crime militar de
pederastia (art. 235, CPM) foi recepcionado pela Constituição de 1988. O delito em apreço veda que
militares pratiquem atos libidinosos, homossexuais ou não, em lugares sujeitos à Administração
Militar. O STF acabou entendendo que o delito foi recepcionado, mas que as expressões alusivas à
homossexualidade não o foram. De maneira muito interessante, a teoria do impacto desproporcional
foi utilizada no voto do Eminente Ministro Luís Roberto Barroso como um argumento contrário à
recepção do crime de pederastia:
“Torna-se, assim, evidente que o dispositivo, embora em tese aplicável indistintamente a atos
libidinosos homo ou heterossexuais, é, na prática, empregado de forma discriminatória, produzindo
maior impacto sobre militares gays. Esta é, portanto, uma típica hipótese de discriminação indireta,
relacionada à teoria do impacto desproporcional (disparate impact), originária da jurisprudência norte-
americana. Tal teoria reconhece que normas pretensamente neutras podem gerar efeitos práticos
sistematicamente prejudiciais a um determinado grupo, sendo manifestamente incompatíveis com o
princípio da igualdade”.
#ATENÇÃO
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Aplicação do princípio da insignificância aos crimes militares
Trata-se de tema extremamente polêmico, mas a posição majoritária é no sentido de que não se aplica
o princípio da insignificância aos crimes militares, sob pena de afronta à autoridade, hierarquia e
disciplina, bens jurídicos cujo preservação é importante para o regular funcionamento das instituições
militares. (STF, 2ª Turma, HC 118225, Rel. Min. Ricardo Lewandoswski, julgado em 19/11/2013).
O caso mais comum e que é provável que seja cobrado em sua prova é o crime de posse de substância
entorpecente em lugar sujeito à administração militar (art. 290, CPM). O plenário do STF já assentou
a inaplicabilidade do princípio da insignificância à posse de quantidade reduzida de substância
entorpecente em lugar sujeito à administração militar. (STF, 2ª Turma. ARE 856183, AgR, Rel Min. Dias
Toffoli, julgado em 30/06/2015).2
Contudo, é necessário ressalva, pois o STF já aplicou o princípio da insignificância em crimes militares
quando preenchidos os pressupostos para os crimes comuns, e, além disso, também não fossem
comprometidas a hierarquia e disciplina militares (HC 107.638/PE).
Vale ressaltar que pontualmente na lesão levíssima (art. 209, §6º) e no furto atenuado (artigo 240, §
1º) o próprio CPM prevê a possibilidade de o juiz considerar o ato como infração disciplinar em vez de
crime.
2.1. Abolitio Criminis, Retroatividade da Lei, Lex Tertia e Lei Excepcional ou Temporária:
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Julgados acima extraídos do Dizer o Direito.
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A previsão de tais dispositivos no CPM é bastante similar com a do Direito Penal comum. No
artigo 2º está a abolitio criminis e em seu § 1º a novatio legis in mellius, vejamos:
No direito penal esse debate resultou na elaboração da súmula 501 do Superior Tribunal de
Justiça:
#SELIGANASÚMULA: Súmula 501 – STJ: É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde
que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o
advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis.
#ATENÇÃO: O Direito Penal Militar, além de não permitir a combinação de leis no tempo (Lex tertia),
também veda a mistura com o sistema penal comum. Exemplo: O estupro no Código Penal comum é
hediondo, mas não é no Código Penal Militar. Assim, a prática do estupro militar não é crime
hediondo, não sendo permitida esta combinação em malefício do réu.
#NÃOVÁCONFUNDIR3
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Uma coisa é combinação de Leis, outra é aplicação subsidiária e interpretação à luz dos princípios do contraditório e
ampla defesa!
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Apesar da disposição do CPPM, o STF entende ser mais condizente com o contraditório e a ampla
defesa a aplicação da nova redação do art. 400 do CPP ao processo penal militar. Todavia, fixou
também, por questões de segurança jurídica, que a tese fixada (interrogatório como último ato da
instrução no processo penal militar) só se tornou obrigatória a partir da data de publicação da ata do
julgamento (10/03/2016). Logo, os interrogatórios anteriores ao julgamento são válidos.
#APROFUNDAMENTO
O CPPM não prevê expressamente a possibilidade de interrogatório por meio de carta precatória,
mas é possível a sua realização pela aplicação subsidiária do CPP. STF. 1ª Turma. HC 115189/AM, Rel.
Min. Marco Aurélio, julgado em 3/5/2016 (Info 824).
#ATENÇÃO: O artigo 3º do Código Penal Militar, segundo a maioria da doutrina, não teria sido
recepcionado pela Constituição Federal, pois a lei a ser aplicada deve estar vigendo antes do fato.
Contudo, em provas objetivas deve-se adotar o seu posicionamento.
Medidas de segurança
Art. 3º As medidas de segurança regem-se pela lei vigente ao tempo da sentença, prevalecendo,
entretanto, se diversa, a lei vigente ao tempo da execução.
O Código Penal Militar no artigo 5º segue a Teoria da Atividade, da mesma forma que o
Código Penal Comum.
Art. 5º Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja
o do resultado.
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Aqui se deve atentar para o crime de deserção, que é considerado permanente pela
jurisprudência majoritária e, havendo alteração da lei durante o tempo que o desertor permanece
como trânsfuga, a lei mais gravosa aplica-se o desertor, conforme a Súmula 711 do STF.
#SELIGANASÚMULA: Súmula 711 – STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao
crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.
O Código Penal Militar seguiu um critério diferente, pois para os crimes comissivos aplica-se
a Teoria da Ubiquidade. Quanto ao crime omissivo adota-se a Teoria da Atividade. É o lugar onde
deveria ter sido praticada a conduta, nesses casos o legislador dispensou o resultado.
O sistema é misto porque ele adota ubiquidade para o comissivo e atividade para o omissivo.
Exemplo: Um militar fazia um curso nos Estados Unidos. Terminando o período de trânsito ele
permanece naquele país e não se apresenta em sua Unidade. Por conta disso, configura-se o crime de
deserção. O lugar do crime é no Brasil, onde ele deveria ter se apresentado, porque é crime omissivo e
se aplica a Teoria da Atividade.
#RESUMO #COLANATESTA
CRIME COMISSIVO CRIME OMISSIVO
TEORIA DA ATIVIDADE
TEORIA DA UBIQUIDADE
(local em que deveria se realizar a ação
(local da atividade ou do resultado)
omitida)
Territorialidade e extraterritorialidade
Art. 7º Aplica-se a lei penal militar, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido, no todo ou em parte no território nacional, ou fora dele, ainda que,
neste caso, o agente esteja sendo processado ou tenha sido julgado pela justiça estrangeira.
Conceito de navio
§ 3º Para efeito da aplicação deste Código, considera-se navio toda embarcação sob comando
militar.
#CONCLUSÃO: Por fim, é necessário lembrar que o Direito Militar NÃO aplica o princípio da
Universalidade, cosmopolita, real ou da defesa de interesses. O Direito Penal Militar não conta com
os princípios do art. 7º do Código Penal Comum. Mais uma vez vale ressaltar que no CPM toda
extraterritorialidade é irrestrita.
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3. APLICAÇÃO DA LEI PENAL MILITAR QUANTO AS PESSOAS:
O Estatuto dos Militares (Lei nº 6880/80) define de forma mais ampla os militares como “os
membros das Forças Armadas que, em razão de sua destinação constitucional, formam uma categoria
especial de servidores da Pátria”, podendo encontrar-se na ativa ou inatividade (art. 3º).
Essa distinção será fundamental para a tipificação dos crimes militares em tempo de paz, que
têm como sujeitos ativos o militar da ativa (militar propriamente dito), nas hipóteses do artigo 9º, II,
CPM e o militar inativo (não militar propriamente dito) e o civil nas figuras do inciso III, do mesmo
artigo.
Existe ainda a reserva em sentido amplo que são as polícias militares, bombeiros militares e o
pessoal da aviação civil.
#SELIGANADICA:
Em tempo de guerra, qualquer cidadão pode ser colocado na condição de militar da ativa.
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Os militares inativos são:
a) Militar da reserva - aquele que cumpriu o tempo de serviço. O militar que passa num
concurso fora da carreira é demitido ex officio e entra na reserva não remunerada. O reservista pode
ser convocado para atividade, já que ainda tem a saúde íntegra.
b) Reformado – esse não volta mais para a atividade.
c) Reservista ou reformado prestando tarefa por tempo certo – Há entendimento de que
essa regra é uma forma de burlar ao sistema do concurso público.
Há uma certa polêmica com relação aos artigos 12 e 13 do Código Penal Militar.
A regra do artigo 12 é mais processual do que penal, porque o militar ativo e o inativo têm
duas situações jurídicas diferentes, apesar do artigo 12 equiparar os dois.
O artigo 13 vem, explicando o artigo 12, dizer que são conservadas as responsabilidades e as
prerrogativas do posto ou graduação apenas, para aplicação da lei penal militar. Exemplo: Inquérito
policial militar que investiga capitão só pode ser presidido por capitão mais antigo ou patente superior.
Isso é uma prerrogativa.
O artigo 26 do Código Penal Militar diz que os termos “brasileiro” ou “nacional” são sinônimos
e compreende os enumerados como brasileiros na Constituição Federal.
#SELIGA #JÁCAIUNADPU:
O termo “nacional” quando utilizado em relação às pessoas no Código Penal Militar relaciona-se
apenas aos brasileiros natos. Já o termo “brasileiro” diz respeito tanto aos brasileiros natos quanto aos
naturalizados. Assertiva falsa, porque o artigo 26 usa os dois termos como sinônimos.
Assemelhado
Art. 21. Considera-se assemelhado o servidor, efetivo ou não, dos Ministérios da Marinha, do
Exército ou da Aeronáutica, submetido a preceito de disciplina militar, em virtude de lei ou
regulamento.
Ele seria um servidor civil, mas que está sujeito à disciplina militar, por lei ou regulamento.
Não existe mais nas Forças Armadas a figura do assemelhado. Hoje todo servidor federal civil
está disciplinado pela Lei 8.112/90. A própria Constituição Federal separou os sistemas dos servidores
civis e militares.
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O crime de motim, previsto no artigo 149 do Código Penal Militar é um crime propriamente
militar. Pela sua redação, o assemelhado também poderia cometer este crime. Porém, com a extinção
do assemelhado, este termo deve ser considerado como não escrito.
Defeito de incorporação
Art. 14. O defeito do ato de incorporação não exclui a aplicação da lei penal militar, salvo se
alegado ou conhecido antes da prática do crime.
DIPLOMA DISPOSITIVO
Constituição Federal Artigo nº 142
Código Penal Militar Arts. 1º ao 14º
Estatuto dos Militares Arts. 1º ao 3º
5. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA: