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Presidente da República (em exercício)

Itamar Franco

Ministro-Chefe da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Coordenação


Paulo Roberto Haddad

FUNDACÃO INSTITUTO
BRASIL1:JRO DE GEOGRAFIA
E ESTATISTICA - IBGE

Presidente
Eurico de Andrade Neves Borba

Diretor de Planejamento e Coordenação


Djalma Galvão Carneiro Pessoa

ÓRGÃOS TÉCNICOS SETORIAIS

Diretoria de Pesquisas
Tereza Cristina Nascimento Araújo

Diretoria de Geociências
Sergio Bruni

Diretoria de Informática
Francisco Quental

Centro de Documentação e Disseminação de Informações


Nelson de Castro Senra

UNIDADE RESPONSÁVEL

Diretoria de Geociências

Departamento de Recursos Naturais e Estudos Ambientais


Ricardo Forim Lisboa Braga

Este selo, que reproduz uma das pinturas do homem pré-histórico


brasileiro, recém-descobertas pela arqueóloga Maria Beltrão (Museu
Nacional) na Bahia, é uma homenagem do IBGE aos 500 anos do
~~~ Descobrimento da América.
• .
.

SECRETARIA DE PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E COORDENAÇÃO


FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEO~RAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE
DIRETORIA DE GEOCIENCIAS
DEPARTAMENTO DE RECURSOS NATURAIS E ESTUDOS AMBIENTAIS

SÉRIE MANUAIS TÉCNICOS EM GEOCIÊNCIAS

Número 1

Manual Técnico da
Vegetação Brasileira

Rio de Janeiro
1992
FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA- IBGE
Av. Franklin Roosevelt, 166 ·Centro - 20021-120 - Rio de Janeiro, RJ - Brasil

ISSN 0103-9598 (série)


ISBN 85-240-0427-4

© IBGE

Roberto Miguel Klein Diagramação


EQUIPE TÉCNICA Tarciso de S. Filgueiras
José Augusto Barreiros Sampaio
Wanderbilt Duarte Barros
Organização Ronaldo Bainha
Zélia Lopes da Silva
Maria José Sales Monteiro
Sistema Fitogeográfioo
Hemique Pimenta Veloso Capa
EQUIPE EDITORIAL
Inventário nas Formações Florestais Aldo Victoria Filho/Fernando Portugal
e Campestres Publicação editorada e elaborada Divisão de Comercialização
pelo Sistema de Editoração Eletrônica DECOP/CDDI
Luiz Carlos de Oliveira Filho
na Divisão de Editoração e
Técnicas e Manejo de Coleções Gráfica - DEDIT/CDDI, em Impressão
Botânicas outubro de 1992
Divisão de Gráfica/ Departamento de Edi-
Angela Maria Studart da Fonseca Vaz toração e Gráfica - DEDIT/CDDI
Marli Pires Morim de Lima Estruturação Editorial
Ronaldo Marquete Alz'lra Magalhães Casemiro Manual técnico da vegetação brasileira / Fun-
Carmen Heloisa Pessoa Costa dação Instituto Brasileiro de Geografia e Es-
Procedimentos para Mapeamento tatística, Departamento de Recursos Naturais e
José Eduardo Mathias Brazão Copidesque Estudos Ambientais -Rio de Janeiro: IBGE,
1991
Helian Schmidt Pereira 92 p - (Manuais técnicos de Geociências,
Onaldo Pedro Merisio ISSN 0103-9598; n 1)
Colaboradores ISBN 85-240-0427-4
Revisão 1 Fitogeografia - Brasil - Manuais, guias, etc 2
Antonio Lourenço Rosa Rangel Filho Vegetação - Classificação - Brasil - Manuais,
Braulio Ferreira Souza Dias Cristina C de Carvalho Pinho guias, etc 3 Mapeamento de vegetação - Brasil
Geraldo Carlos Pereira Pinto José Luis Nicola - Manuais, guias, etc I IBGE Departamento de
Heliomar Magnago Kátia Domingos Vieira Recursos Naturais e Estudos Ambientais
Sueli Alves de Amorim IBGE CDDI Dep de Documentação e
Jaime de Souza Pires Neves Filho Biblioteca
João Batista da Silva Pereira Umberto Patrasso Filho
RJ-IBGE/92-01 CDU 911 2:581 9(81)
Jorge Carlos Alves Lima
Luiz Alberto Dambrós Edição
Petronio Pires Furtado Vanda Ribeiro dos Anjos Impresso no Brasil/Printed in Brazil
Sumário

APRESENTAÇÃO 7 Floresta Estacionai Decidual (Floresta Tropical


Caducifólia) 23
SISTEMA FITOGEOGRÁFICO 9 Floresta Estacionai Decidual Aluvial 23
Floresta Estacionai Decidual das Terras Baixas 23
Conceituações 9 Floresta Estacionai Decidual Submontana 23
Classificação das Fomtas de Vida 10 Floresta Estacionai Decidual Montana 24
Campinarana (Campinas) 25
Chave de Classificação das Formas de Vida 10 Campinarana Florestada 25
Terminologias 11 Campinarana Arborizada 25
Campinarana Gramíneo-Lenhosa 26
Sistema de Classificação Fitogeográfica 12 Savana(Cerrado) 26
Sistema de Classificação Fisionômico-Ecológica 12 Savana Florestada (Cerradão) 26
Sistema de Classificação Floóstico 15 Savana Arborizada (Campo-Cerrado) 26
Classificação Fitossociológico-Bioecológica 15 Savana Parque 27
Fitossociologia 15 Savana Gramíneo-Lenhosa 27
Bioecologia 16 Savana-Estépica (Caatinga do Sertão Árido, Campos de
Sistema Primário 16 Roraima, Chaco Sul-Mato- Grossense e Parque de
Espinilho da Barra do Rio Quaraf) 27
Classificação das Regiões Fitoecológicas 16
Savana-Estépica Florestada 28
Floresta Ombrófila Densa (Floresta Pluvial Tropical) 16
Savana-Estépica Arborizada 28
Floresta Ombrófila Densa Aluvial 17
Savana-Estépica Parque 28
Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas 18
Floresta Ombrófila Densa Submontana 18 Savana-Estépica Gramínea-Lenhosa 29
Floresta Ombrófila Densa Montana 18 Estepe (Campos Gerais Planálticos e Campanha
Floresta Ombrófila Densa Alto-Montana 18 Gaúcha) 29
Floresta Ombrófila Aberta (Faciações da Floresta Estepe Arborizada 29
Densa) 19 Estepe Parque 30
Floresta Ombrófila Aberta das Terras Baixas 19 Estepe Gramíneo-Lenhosa 30
Floresta Ombrófila Aberta Submontana 19 Classificação das Áreas das Formações Pioneiras 30
Floresta Ombrófila Aberta Montana 20 Vegetação com Influência Marinha (Restingas) 31
Floresta Ombrófila Mista (Floresta de Araucária) 20 Vegetação com Influência Fluviomarinha (Manguezal e
Floresta Ombrófila Mista Aluvial 20 Campo Salino) 31
Floresta Ombrófila Mista Submontana 20 Vegetação com Influência Fluvial (Comunidades
Floresta Ombrófila Mista Montana 21 Aluviais) 31
Floresta Ombrófila Mista Alto-Montana 21 Classificação das Áreas de Tensão Ecológica (Vegetação
Floresta Estacionai Semidecidual (Floresta Tropical de Transição) 31
Subcaducifólia) 21 Ecótono (Mistura Floóstica entre Tipos de
Floresta Estacionai Semidecidual Aluvial 22 Vegetação) 32
Floresta Estacionai Semidecidual das Terras Baixas 22 Encrave (Áreas Disjuntas que se Contatam) 32
Floresta Estacionai Semidecidual Submontana 22 Classificação dos Refúgios Vegetacionais (Comunidades
Floresta Estacionai Semidecidual Montana 22 Relíquias) 32
Sistema Secundário 32 Distribuição das Unidades de Amostra e Intensidade
Sucessão Natural 32 de Amostragem 46
Primeira Fase 33 Dimensões, Tamanho e Forma das Unidades de
Segunda Fase 33 Amostra 46
Terceira Fase 33 Inventários Florestais com Propósitos Extrativistas 47
Quarta Fase 33 Trabalhos de Campo 48
Quinta Fase 33 Altura 48
Agropecuária 34 Diâmetro 48
Agricultura 34 Distância 48
Pecuária (Pastagem) 34 Nome Vulgar 49
Reflorestamento 34 Sanidade Aparente 49
Legenda do Sistema Fitogeográfico nas Escalas Descrição Sucinta da Vegetação 49
Exploratória e Regional (1:250000 até 1: 1 000 000) 34 Quantificação dos Resíduos 50
Procedimentos Metodológicos para Levantamento do
INVENTÁRIO NAS FORMAÇÕES FLORES- Potencial Lenhoso/ Arbóreo de Formações
TAIS E CAMPESTRES 39 Campestres 50
Conceituação 39 Distribuição das Unidades de Amostra 50
Intensidade, Forma, Tamanho e Dimensões das
Tipos de Inventário quanto ao Detalhamento 39 Unidades de Amostra 50
Inventários Florestais de Reconhecimento 39 Localização e Orientação das Unidades de Amostra na
Inventários Florestais de Semidetalhe 40 Savana (Cerrado) e na Savana-Estépica (Caatinga) 50
Inventário Florestal de Pré-Exploração Florestal 40 Variáveis a serem obtidas na Savana (Cerrado) e
na Savana-Estépica (Caatinga) 50
Técnicas de Amostragem 40
Savana (Cerrado) 50
Amostragem Irrestrita ou Inteiramente Casualizada 41 Savana-Estépica (Caatinga) 50
Amostragem Restrita ou Estratificada 41
Amostragem Sistemática 41 Processamento de Dados 52
Amostragem Seletiva 42 Resultados Esperados 52
Amostragem em Conglomerados 42 Detenninação do Potencial de Madeira 52
Amostragem com Parcelas de Tamanho Variável 43 Determinação da Potencialidade 53
Outros Tópicos de um Inventário Florestal 43 Discussão dos Resultados 53
Eqüidistância entre as Unidades de Amostra 43
Erro de Amostragem 43 Considerações Finais 53
Tamanho e Forma das Unidades de Amostra 43
Distribuição Espacial das Árvores de Espécies TtCNICAS E MANEJO DE COLEÇÕES BO-
Quaisquer 44 TANICAS 55
Tipos de Distribuição Espacial 44
Conceitos Gerais 55
Métodos para Detectar os Tipos de Distribuição
Espacial 44 Metodologia para Coleta e Herborização 56
Método dos "Quadrados" (Parcelas) 44 Equipe de Campo 56
Método das "Distâncias" 44
Equipamentos de Coleta e Herborização 56
Etapas de um Inventário Florestal 44 Utilização do Equipamento de Campo 61
Planejamento 44 Metodologia de Coleta Propriamente Dita 61
Necessidade de Realizar um Invent.1Iio Florest.11 45 Ficha de Coleta 61
Definição dos Objetivos 45 Numeração das Amostras 61
Definição do Parâmetro mais Importante a ser Regras Gerais 62
Definido no Projeto de Inventário Florestal 45 Metodologia para Herborização 62
Execução 45 Prensagem 62
Interpretação de Imagens 45 Secagem 64
Inventários Florestais com Propósitos de Produção
de Madeira em uma Conjuntura Estática 45 Tem1inologia para Descrição da Planta de Campo 64
Distribuição das Unidades de Amostra e Precisão Dados Relacionados à Planta/Ambiente 64
Requerida 45 Freqüência da Espécie em Relação ao Ponto da
Tamanho, Forma e Dimensões das Unidades de Coleta 64
Amostra 46 Aspectos Gerais do Indivíduo Colet.1do 65
Localização e Orientação das Unidades de Amostra 46 Tipos Peculiares de Raízes Adventícias 65
Inventários Florestais com Propósitos de Produção de Aspectos Gerais do Tronco e dos Ramos 67
Madeira e Aproveitamento da Biomassa Residual 46 Folhas, Flores e Frutos 67

4 Manual Técnico da Vegetação Brasileira


Notas sobre Técnicas Específicas de Coleta e 5 - Amostragem sistemática em faixas. A floresta é de
Herborização 67 forma regular e as faixas de comprimento uniforme 42
Pteridófitas 67 6 - Amostragem sistemática em faixas. A floresta é de
Palmeiras 68 forma irregular e as faixas de comprimento variado 42
Gramíneas (Bambus) 69 7 - Conglomerados com distribuição sistemática. Os
Bromeliáceas 69 limites dos estratos são delimitados durante os trabalhos
Lianas 69 de campo e podem dividir os elementos do conglome-
Plantas Herbáceas 70 rado 43
Plantas com Partes Volumosas 70 8 - Conglomerados distribuídos aleatoriamente. Numa
pós-estratificação os limites dos estratos podem dividir
Herbário 70 os elementos do conglomerado 43
Processamento das Coleções 70 9 - Efeitos da clareira sobre parcelas largas (a) e parcelas
Etiquetagem 70 estreitas (b) 46
Metodologia para Identificação do Material Botânico 71 10 -Tamanho, forma e dimensões das parcelas (unidades
Identificação para Atendimento a Projetos 73 de amostras) recomendadas para inventários florestais na
Montagem e Registro 74 Amazônia (escala 1:250 000) 47
Incorporação das Exsicatas 75 11 - Esquema de amostragem usando o método do
Manutenção das Coleções 75 Vizinho Mais Próximo - VMP 47
Dinâmica de Herbário 75 12 - Medição da altura comercial (Hc) e do diâmetro à
altura do peito (DAP) A altura do peito considerada é a
1,30 m do solo 48
Procedimentos para Mapeamento 77
13 - Sanidade do fuste 49
Interpretação Preliminar 77 14 - Classes de estruturas mais comuns nos indivíduos
arbóreos da Savana-Estépica (Caatinga) De - diâmetro
Integração Preliminar 77 da copa; Hc - altura da copa; Ht - altura total; Dl e D2 -
Operações de Campo 77 diâmetro 51
Caderneta de Campo 77 15 - Modelo de Ficha de Coleta 57
16 - Tipos de Podão (a, b, e); Desplantador (d); Prensa
Reinterpretação 77 Aberta e Fechada (e) (a-d) retiradas de Fidalgo & Bononi
(1984); (e) retirada de Mori et al. (1985) 59
Mapa Final 77
17 - Equipamentos para Coleta de Material Arbóreo:
Relatório 84 Esporão (a); Cinturão de Segurança e Talabarte (b); Bota
(e). Retirados de Fidalgo & Bononi (1984) 60
BIBLIOGRAFIA 89 18 - Numeração das amostras: Número de Coleta do
Indivíduo a (a); Número de Coleta do Indivíduo b (b) 62
Tabelas 19-TiposdePrensagem: AmostraemN ou V (a); Amostra
1 - Esquema de Classificação da Vegetação Brasileira 36 com Folhas Cortadas mostrando o vestígio do Pecíolo (b);
2 - Carac,terísticas da Vegetação, do Terreno e seus Res- Folhas prensadas mostrando o lado ventral e o dorsal (e);
pectivos Indices 53 Montagem de Planta Herbácea (d) 63
3 - Classes de Produtividade Obtidas da Tabela 2 54 20 - Tipos de Hábito: Cespitosa (a); Decumbente (b);
Figuras Escaposa (e); Prostrada (d); Trepadeira Volúvel (e) e com
Gavinha (f). Retirados de Mori et al. (1985) 66
1 -Área florestal dividida em rede de unidades de amostras
de igual tamanho 41 21 - Aspecto geral de uma Pteridófita (a); Detalhe da Pina
2 - Área florestal dividida em rede de unidades de amos- mostrando o Soro (b ). Retirado de Arreguín-Sánchez
(1986) 68
tras. As parcelas próximas às bordaduras são de tamanho
e forma irregulares 41 22 - Modelo de Etiqueta para os Herbários do IBGE 71
3 - Floresta estratificada dividida em rede de unidades de 23 - Materiais para Montagem de Exemplares no Her-
amostras de igual tamanho 41 bário: Envelope para fragmentos de amostra (a); Camisa
4 - Floresta estratificada dividida em rede de unidades de para Montagem (b); Saia para Montagem (e) 74
amostras. As parcelas próximas às bordaduras são de 24 - Exemplo da Representação Cartográfica do
tamanho e forma irregulares 41 Mapeamento da Vegetação 83

Manual Técnico da Vegetação Brasileira 5


APRESENTAÇÃO
Este manual enfeixa a experiência adquirida pela equipe de vegetação do IBGE, cujos
estudos tiveram como principais inspiradores e orientadores incansáveis os professores
Henrique Pimenta Veloso e Edgard Kuhlmann. Em 1966, a lúcida visão de Henrique
Pimenta Veloso possibilitou a publicação do Atlas Florestal do Brasil. Posteriormente, em
1971, no Projeto RADAMBRASIL, foi o mentor que formulou as bases para a criação do
Sistema Fitogeográfico Brasileiro e o estabelecimento de uma Escola Fitogeográfica.
Neste mesmo período Edgard Kuhlmann, notável pesquisador, estabeleceu as linhas
básicas dos estudos da flora e da vegetação quando da criação da antiga Superintendên-
cia de Recursos Naturais e Meio Ambiente do IBGE. Muito também se deve aos
professores Roberto Miguel Klein e Geraldo Carlos Pereira Pinto que emprestaram seus
notórios conhecimentos ao estudo da Vegetação Brasileira. O primeiro, proficiente da
flora do sul do País, foi curador do Herbário Barbosa Rodrigues, publicando inúmeros
trabalhos. O segundo, profundo conhecedor da flora do semi-árido nordestino, foi,
também, professor da Escola de Agronomia de Cruz das Almas e um dos fundadores do
Herbário RADAMBRASIL, hoje existente na Divisão de Geociências da Bahia.
A publicação desta obra coincide com a retomada da prioridade conferida às questões
ambientais no âmbito do IBGE. Neste contexto destacamos: o repensar do papel da Reserva
do Roncador, em Brasília, transformando-a em Centro de Estudos Ambientais do Cerrado;
a implantação do Projeto de Dinamização dos Herbários, no âmbito da Diretoria de
Geociências; a elaboração do Diagnóstico Ambiental da Amazônia Legal; a implementação
dos processos de Informatização das Informações Ambientais e a construção do Sistema de
Estatísticas Ambientais.
Estas ações só foram realizadas devido à dedicação e à competência de inúmeros ibgeanos
que nos precederam e que, por não ser possível nominá-los, prestamos a todos a devida
homenagem por intermédio dos ilustres professores citados nesta apresentação.

,...... .
Eurico de Andrade Neves Borba
Presidente do IBGE
1 SISTEMA FITOGEOGRÁFICO

Desde os tempos do grande filósofo alemão Em- Universal" (Veloso et alii - datilografado), de onde
manuel Kant (1724/1804) que o conceito de Geo- foram retirados a nomenclatura e os conceitos liga-
grafia Física vem mudando em sintonia com a dos à geografia botânica.
evolução das ciências da Terra e do Cosmos. Naque-
la época Kant adotou o termo "sistema" como sig- 1.1 Conceituações
nificando um conjunto de problemas ordenados
segundo alguns princípios uniformes. Neste item conceituam-se vários termos questio-
Foi, no entanto, com Alexandre F. von Humboldt náveis e discutem-se outras nomenclaturas usadas
no seu livro Ansichten der Natur (Aspectos da Na- no levantamento da vegetação que auxiliam sobre-
tureza), publicado em 1808, que se iniciou a história maneira a fitogeografia.
da moderna Geografia Física. Ele foi aluno de Kant, Os conceitos populares de árvore, arvoreta, arbus-
que o incentivou no pensamento político da liberda- to, erva e cipó já indicavam empiricamente como
de individual e no estudo da Geografia, podendo ser cresciam as plantas. Foi, porém, Humboldt (1806)
assim considerado como o pai da fito geografia, com o primeiro naturalista a ensaiar conceitos científicos
seu artigo Physiognomik der Gewachese (Fisiono- sobre as formas de vida das plantas, no seu trabalho
mia dos Vegetais) publicado em 1806. Foi também Physiognomik der Gewachese (Fisionomia dos Ve-
Humboldt que em 1845/48 publicou a sua monu- getais), diferenciando 16 formas significativas.
mental obra Kosmus, ensaio de uma descrição física Contudo foi Kemer (1863) que, baseado em Hum-
do mundo, possibilitando aos naturalistas um novo boldt, tentou demonstrar a dependência das formas
conhecimento da Geografia Física, inclusive da Bo- de vida das plantas ao clima, simplificando as for-
tânica. mas vegetais em 11 tipos, sem prendê-los à sistemá-
Após Humboldt seguiram-se outros naturalistas tica que seguia caminhos diferentes.
que se destacaram no estudo da fitogeografia, tais A partir de Warming (1875), porém, o conceito de
como: Grisebach (1872) que pela primeira vez gru- forma dos vegetais modernizou-se e passou a refle-
pou as plantas por caráter fisionômico definido, tir uma adaptação ao ambiente, apresentando uma
como floresta, campo e outros, designando-os como estrutura fisiológica preexistente que indicava um
"formações"; Engler & Prantl (1877) que iniciaram fator genético da planta. Raunkiaer, baseado em
a moderna classificação sistemática das plantas; Warming, inicialmente em 1905 e depois em 1918,
Drude (1889) que dividiu a Terra em zonas, regiões, criou um sistema simples e muito bem ordenado de
domínios e setores de acordo com os endemismos formas de vida, as quais denominou de "formas
que apresentavam as plantas; e finalmente Schimper biológicas". Este sistema foi aplicado em trabalhos
(1903) que no início do século tentou, pela primeira fisiológicos e estendido posteriormente para a fito-
vez, unificar as paisagens vegetais mundiais de geografia por Kuchler (1949) e Ellemberg & Muel-
acordo com as estruturas fisionômicas. Por este ler Dombois (1965/66) em face das respostas das
motivo ele deve ser considerado como o criador da plantas aos tipos de clima, desde o tropical até o
moderna fitogeografia. temperado e frio.
Seguem-se a esta apresentação histórica da fito- As formas biológicas de Raunkiaer (1934) dife-
geografia outros autores mais modernos que in- renciavam as plantas pela posição e proteção dos
fluenciaram a classificação aqui adotada órgãos de crescimento (gemas e brotos) em relação
~orno: Tansley & Chipp (1926), Gonzaga de Cam- aos períodos climáticos desde o calor ao frio e do
pos (1926), Schimper & Faber (1935), Burtt-Davy úmido ao seco. Ele separou assim as plantas em
(1938), Sampaio (1940), Trochain (1955), Aubré- cinco categorias: fanerófitos, caméfitos, hemicrip-
ville (1956), Andrade-Lima (1966), Veloso tófitos, criptófitos e terófitos. A partir daí, muitos
(1966), Ellemberg & Mueller-Dombois (1965/6), pesquisadores modificaram ou mesmo incluíram
UNESCO (1973), Rizzini (1979), Veloso & Góes- outras categorias de formas de vida à classificação
Filho (1982) e Eiten (1983). de Raunkiaer.
Assim sendo, o presente manual para estudos fito- Para o presente caso, inclusão de parâmetro auxi-
geográficos segue a linha da "Classificação da Ve- liar para a classificação da vegetação, usaram-se as
getação Brasileira, adaptada a um Sistema modificações propostas por Braun-Blanquet
(1932), acrescidas de algumas das subformas apre- tas apresentam-se com alturas variáveis, desde 0,25
sentadas por Ellemberg & Mueller-Dombois até cerca de 15 m, ocorrendo freqüentemente nas
(1965/6) mais as alterações incluídas das subformas áreas savanícolas do Centro-Oeste brasileiro. O ter-
de fanerófito e a adoção de mais uma categoria de mo "xeromorfo" foi introduzido pela Universidade
de São Paulo - USP - para designar uma forma
forma de vida visando à vegetação brasileira.
vegetal da Savana (Cerrado) de Emas (SP), confor-
me Rawitscher (1943/4).
1.2 Classificação das Formas de Vida
Esta classificação baseada em Raunkiaer foi adap- 1.3 Chave de Classificação das Formas
tada às condições brasileiras como segue: de Vida
1 - Fanerófitos: são plantas lenhosas com as gemas
e brotos de crescimento protegidos por catafilos, Esta chave de classificação foi baseada em Raun-
situados acima de 0,25 m do solo. Apresentam-se kiaer, modificada e adaptada para o Brasil. Apresen-
com dois aspectos ecoedáficos: normal climático e ta as formas biológicas de Raunkiaer modificadas,
raquítico oligotrófico, subdivididos, conforme suas acrescidas das subformas de vida de Ellemberg &
alturas médias, em:
Mueller-Dombois e ainda com mais uma forma de
Macrofanerófitos: são plantas de alto porte, va-
riando entre 30 e 50 m de altura, ocorrendo pre- duplo modo de sobrevivência de Rawitscher, como
ferencialmente na Amazônia e no sul do Brasil. segue:
Mesofanerófitos: são plantas de porte médio, va-
riando entre 20 e 30 m de altura, ocorrendo prefe-
rencialmente nas áreas extra-amazônicas.
Microfanerófitos: são plantas de baixo porte, va- 1 - Plantas autotróficas com um só
tipo de proteção do órgão de
riando entre 5 e 20 m de altura, ocorrendo preferen- crescimento ........ . .. ... ... ...... 2
cialmente nas áreas nordestinas e no Centro-Oeste.
Nanofanerófitos: são plantas anãs, raquíticas, va- Plantas autotróficas com dois tipos
de proteção dos órgãos de
riando entre 0,25 e 5 m de altura, ocorrendo prefe- crescimento .. ..... . 7
rencialmente em todas as áreas campestres do País.
2 - Plantas perenes.... .. .. .... .... .... .. 3
II - Caméfitos: são plantas sublenhosas e/ou ervas
com gemas e brotos de crescimento situados acima Plantas anuais, reproduzidas por
sementes.. . .... .. ........... .. .... TERÓFITOS
do solo, atingindo até 1 m de altura e protegidos
3 - Plantas lenhosas com órgãos de
durante o período desfavorável, ora por catafilos, crescimento protegidos por
ora pelas folhas verticiladas ao nível do solo, ocor- cat•filos........ .... . . . .. ....... ..... . 4
rendo preferencialmente nas áreas campestres pan-
Plantas sublenhosas e/ou
tanosas. herbáceas com gemas periódicas,
III - Hemicriptófitos: são plantas herbáceas com protegidas por catafilos e situadas
gemas e brotos de crescimento protegidos ao nível até 1 m do solo ........ .. . . CAMÉFITOS
do solo pelos céspedes que morrem na época desfa- Plantas herbáceas com outros tipos
vorável, ocorrendo em todas as áreas campestres do de proteção de crescimento.. .. . . 5
País. 4 - Plantas lenhosas erectas . . . 6
IV - Geófitos: são plantas herbáceas com os órgãos Plantas lenhosas e/ou herbáceas
de crescimento (gema, xilopódio, rizoma ou bulbo) que necessitam de um suporte .. LIANAS
situados no subsolo, estando assim protegidos du- 5 - Plantas com gemas situadas ao
rante o período desfavorável, ocorrendo preferen- nível do solo, protegidas pela
cialmente nas áreas campestres e,em alguns casos, folhagem morta durante o período
desfavorável.... ......... ................... HEMICRIPTÓFITOS
nas áreas florestais.
V - Terófitos: são plantas anuais, cujo ciclo vital é Plantas com órgãos de crescimento
completado por sementes que sobrevivem à estação localizados no subsolo.................... GEÓFITOS
desfavorável, ocorrendo exclusivamente nas áreas 6 - Plantas cuja altura varia entre
campestres. 30 e 50 m .. ... . .. ...... ... ....... MACROFANERÓFITOS
VI - Lianas: são plantas lenhosas e/ou herbáceas Plantas cuja altura varia entre 20 e
30 m ......... ... ........... ... MESOFANERÓFITOS
reptantes (cipós) com as gemas e brotos de cresci-
mento situados acima do solo, protegidos por cata- Plantas cuja altura varia entre 5 e
20 m .. ................ .. . ......... . .. . . MICROFANERÓFITOS
filos, ocorrendo quase que exclusivamente nas
áreas florestais. Plantas cuja altura varia entre 0,25
e 5 m ............ ............ . . NANOFANERÓFITOS
VII - Xeromórfitos: são plantas lenhosas e/ou her-
báceas que apresentam duplo modo de sobrevivên- 7 - Plantas lenhosas e/ou
herbáceas com gemas protegidas
cia ao período desfavorável; um subterrâneo através por catafilos na parte aérea e com
de xilopódios e outro aéreo, com as gemas e brotos órgãos de crescimento XEROMÓRFITOS
de crescimento protegidos por catafilos. Estas plan- subterrâneo. . ................................ .

10 Manual Técnico da Vegetação Brasileira


t.4 Terminologias - Formação propriamente dita: termo criado por
Ellemberg & Mueller-Dombois (1965/6) como a
Objetivando uma uniformização apresentam-se quarta subdivisão hierárquica da formação. Foi con-
aqui as conceituações de termos por vezes questio- ceituada como a fase ambiental da mesma.
náveis:
- Subfo1mação: termo muito usado como uma sub-
_ Sistema: é um todo ordenado segundo alguns divisão da formação. Foi conceituada como parte
princípios científicos (Kant, 1724/1804). integrante da mesma, apenas diferenciando por
_ Império Florístico: segundo Drude (1889) a flora apresentar facies específicas que alteram a fisiono-
do mundo foi dividida em zonas, regiões, domínios mia da formação.
e setores. - Estratos: são as situações verticais como se dis-
- Zona: é uma área caracterizada por famílias endê- põem as plantas lenhosas dentro da comunidade,
micas, como por exemplo: Zona Neotropical - ter- avaliadas em metros.
ritório compreendido entre o México e a Patagônia - Floresta: termo semelhante à mata no sentido
(Argentina), estando aí incluído o Brasil; Paleotro- popular, tem conceituação bastante diversificada,
pical - África e Ásia; Holártica - Norte da África, mas firmada cientificamente como sendo um con-
Ásia e Europa. junto de sinúsias dominado por fanerófitos de alto
- Região: é uma área caracterizada por gêneros porte, com quatro estratos bem definidos (herbáceo,
endêmicos como por exemplo todos os tipos de arbustivo, arvoreta, arbóreo). Além destes parâme-
vegetação do Brasil (floresta, savana, etc.). tros, acrescenta-se o sentido de altura, para diferen-
- Domínio: é uma área caracterizada por espécies ciá-la das outras formações lenhosas campestres.
endêmicas. Assim sendo, uma formação florestal apresenta do-
- Setor: é uma área com domínio a nível de minância de duas subformas de vida de fanerófitos:
variedade. macrofanerófitos, com alturas variadas entre 30 e
50 m, e mesofanerófitos, cujo porte situa-se entre
- Ecótipo: é um conjunto de indivíduos de uma
20 e 30 m de altura.
comunidade com um mesmo padrão genotípico.
- Savana: termo criado por Oviedo y Valdez (1851)
- Formação: termo criado por Grisebach (1872) para
para designar os lhanos arbolados da Venezuela.
designar um tipo vegetacional definido. Foi refor-
Foi introduzido na África pelos naturalistas espa-
mulado por Du Rietz (1957) como um conjunto de
nhóis como Savannah e no Brasil por Gonzaga de
formas de vida de ordem superior composto por
Campos (1926).
uma fisionomia homogênea, apesar de sua estrutura
- Parque: termo empregado por Tansley & Chipp
complexa.
( 1926) como um tipo de vegetação (Parkland) e
- Classe de Formação: termo criado para designar
sinônimo de "savana arborizada". Foi adotado para
um conjunto de formações semelhantes, reunidas
designar uma fisionomia dos subgrupos de forma-
dentro de uma mesma concordância ecológica
ções campestres brasileiros, sejam naturais ou an-
(Troll, 1948). Também denominada de Panforma-
trópicos.
ção (Du Rietz, 1957) ou Protoformação (Dansereau,
- Savana-Estépica: binômio criado por Trochain
1954). Esta classe de formação caracteriza o fitocli-
(1955) para designar uma formação africana tropi-
ma de uma Região Ecológica. Termo usado como
cal próxima à Zona Holártica. No dizer do mesmo
sinônimo de Tipo de Vegetação (Veloso, 1975).
naturalista, a fisionomia estépica deveria ser prece-
- Subclasse de Formação: termo criado por Ellem- dida do termo Savana por ser fisionomia tropical.
berg & Mueller-Dombois (1965/6) como segunda Esta fisionomia foi extrapolada como sinônimo uni-
subdivisão hierárquica da formação. Foi conceitua- versalizado do termo indígena Tupi-Guarani Caa-
da como a fase climática da mesma. tinga, que, no dizer do notável botânico Dardano de
- Subgrupo de Formação: termo criado por Veloso Andrade-Lima, caracteriza muito bem os tipos de
& Góes-Filho (1982) para conceituar a fisionomia vegetação das áreas áridas nordestinas interplanál-
estrutural da formação. ticas arrasadas (sertão), as áreas planálticas do alto
- Grupo de Formação: termo criado por Ellemberg Surumu em Roraima, as áreas da depressão sul-
& Mueller-Dombois (1965/6) como a terceira sub- mato-grossense, situadas entre a serra da Bodoque-
divisão hierárquica da formação. Foi conceituada na e o rio Paraguai (Chaco) e a área da barra do rio
como a fase fisiológica da mesma. Quaraí com o rio Uruguai, no Rio Grande do Sul.

Manual Técnico da Vegetação Brasileira 11


- Campinarana: termo regionalista brasileiro em- tação (Tensão Ecológica) poderá ser perfeitamente
pregado pela primeira vez para a área do alto rio mapeado como uma comunidade disjunta do clímax
Negro por Rodrigues (1960), utilizado como sinô- mais próximo.
nimo de Campina, significando também falso cam- - Clímax climático: é a vegetação que se mostra
po na linguagem dos silvícolas locais. Foi adotado equilibrada dentro do clima regional, como por
por ser ímpar na fitogeografia mundial e ter cono- exemplo: Floresta Ombrófila Densa Amazônica e
tação prioritária sobre seu sinônimo, usado para Atlântica, Savana-Estépica (Caatinga do sertão
designar as formações campestres do sul do País árido nordestino) e outros.
(Gonzaga de Campos, 1926). Este tipo de vegeta- - Clímax edáfico: é a vegetação que se mostra
ção, próprio da Hiléia Amazônica e sem similar fora equilibrada dentro de uma situação pedológica uni-
do território florístico endêmico, ocorre nas áreas forme regionalmente, como por exemplo: Campi-
fronteiriças com a Colômbia e Venezuela, adaptado narana (Campinas) que ocupa as áreas de Podzol
a solos Podzol Hidromórficos e Areias Quartzosas Hidromórfico e Areias Quartzosas Hidromórficas
Hidromórficas. na bacia do alto rio Negro e de savanas (cerrado)
- Comunidade: termo empregado para designar um que revestem áreas de solos degradados e alumini-
conjunto populacional com unidade florística de zados que ocorrem no País.
aparência relativamente uniforme, caracterizada - Facies de uma formação: caracteriza-se por apre-
como uma subdivisão de subformação, com área sentar parâmetros particulares dentro de uma
espacial conhecida. paisagem vegetacional que se destacam fisionomica-
- Sinúsia: termo que significa um conjunto de plan- mente, como por exemplo: tipo de dossel que
tas de estrutura semelhante, integrada por uma domina na floresta, formas de vida específicas que
mesma forma de vida ecologicamente homogênea se destacam pela presença ou ausência de floresta-
(Du Rietz, 1957). de-galeria dentro das formações campestres e ou-
- Associação: é a menor unidade da comunidade tros.
vegetal, delimitada pela relação espécie/área - Região Ecológica: é um conjunto de ambientes
mínima correspondente à unidade espacial básica marcados pelo mesmo fenômeno geológico de im-
da classificação fitossociológica (Braun-Blanquet, portância regional que foram submetidos aos mes-
1979). mos processos geomorfológicos, sob um clima
- Subassociação: diferencia-se da associação padrão também regional que sustentam um mesmo tipo de
pela falta de algumas espécies características vegetação (Sarmiento & Monasterio, 1970).
(Braun-Blanquet, 1979).
- Variante: diferencia-se do padrão da associação 1.5 Sistema de Classificação
por apresentar maior abundância de determinados Fitogeográfica
taxa (Braun-Blanquet, 1979).
- Facies: caracteriza-se por apresentar uma combi- A metodologia para se cartografar o Sistema Fi-
nação de espécies particulares, mais ou menos to geográfico segue um procedimento de
casuais, dentro de uma associação (Braun-Blan- mapeamento em escalas crescentes, desde o "re-
quet, 1979). gional" (1 :2 500 000 até 1: 10 000 000), passando
- Sociação ou Consorciação: é uma parcela ho- pelo "exploratório" (1:250 000 até 1:1 000 000),
mogênea da associação, caracterizada por um prosseguindo pelo "semidetalhe" (1:100 000 até
aglomerado específico (Du Rietz, 1957). 1:25 000) e terminando no "detalhe" (1 :25 000) de
- Ochlospécie: termo originado do grego okhlos, acordo com os objetivos a serem alcançados. Assim,
que significa multidão ou aglomeração no sentido
de expansão, e espécie que segundo White (1962) após o estabelecimento da escala, o sistema vege-
tem o seguinte significado: ampla distribuição tacional atinge duas metas distintas (Tabela 1).
exibindo ao longo de suas áreas de ocorrência uma
uniformidade morfológica mais ou menos fixa, 1.5.1 Sistema de Classificação
criada por barreiras reprodutivas que espelham um Fisionômico-Ecológica
isolamento ambiental pretérito advindo de épocas
secas ou úmidas. A primeira meta a ser atingida pelo levantamento
- Vegetação disjunta: são repetições, em pequenas fitogeográfico deverá ser o fisionômico-ecológico,
escalas, de um tipo de vegetação próximo que se compreendido dentro de uma hierarquia de for-
insere no contexto da Região Ecológica dominante. mações segundo Ellemberg & Mueller-Dombois
Conforme a escala cartográfica que se está tra- (1965/6). Delimitada assim, a Região Ecológica
balhando, um encrave edáfico considerado como Florística, que corresponde a um tipo de vegetação,
comunidade em transição para outro tipo de vege- deve ser inicialmente separada pela Classe de For-

12 Manual Técnico da Vegetação Brasileira


TABELAI
ESOUEMA DE CLASSIFICA CÃO DA VEGETA CÃO BRASILEIRA
CLASSIFICAÇÃO FITOGEOGRÁFICA

IMPÉRIO De escala re•ional (): 10 000 000 até 1:2 500 000\ até escala exolorat6ria (}: 1 000 000 até 1:250 000\
FLOIÚSTICO lipas de Vegetação Foonações
FORMAÇÕES
CLASSES DE SUBCLASSES DE GRUPOS DE SUBGRUPOS DE
(Propriamente SUBFORMAÇÕES
FORMAÇÕES FORMAÇÕES FORMAÇÕES FORMAÇÕES
ZONA REGIÃO ditas)

Estrutura/Ferroas Clima!Déficit Fisiologiatrranspi- Fisionomia Fisionomia


Ambiente/relevo
de vida hídrico racão e Fertilidade <Hábitos\ esoecffica (Facies)
Aluvial Dossel unifcrme
Terras baixas
DENSA Submontana
Montana Dossel emergente
1i Alto-montana

~
"'
u FLORESTA
(Macrofanerófitos, OMBRÓFILA (O a
Higrófita Terras baixas Com palmeiras
iu Mesofanerófitos, 4 meses secos)
(Distróficos e
Eutróficos) ABERTA
Submontana
Montana
Com cipó
Com bambu
Lianas e Epífitos)
ô Com sororoca
"
"'g Aluvial Dossel wlifcrme
Submontana
'5 MISTA Montana
ü" Alto-montana Dossel emergente
>.
u o Higrófita/Xerófita Aluvial Dossel uniforme
ô
í'l
'"t;<> FLORESTA ESTACJONAL(4 (Álicose SEMIDECIDUAL
Terras baixas
Submontana
u
" "'
OI) (Macrofanerófitos, a 6 meses secos ou Distróficos) Montana Dosscl emergente
1;i
u "'"
"'
> Mesofanerófitos, com 3 meses Aluvial Dossel uniforme
""'"
Ob Lianas e Epífitos) abaixo de 15° C) Higrófita (Xerófita Terras baixas
~g 8. e Eutr6ficos)
DECIDUAL Submontana
Montana Dossel emergente
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~ -í'l"' ""'"u" CAMPINARANA
"'u (Campinas)
u "
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e: e:
e:"'
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Higrófita (Álicos e
FLORESTA D A
ARBORIZADA Relevo tabular e/ou Com palmeiras
"g ""'o Nanofanerófitos,
OMBRÓFILA (O a
Depressão fechada
u_ ~ u Caméfitos,
2 meses secos) Ois tróficos) GRAMÍNEO-
LENHOSA
Sem palmeiras

~r:/) Ê Geófitos, Lianas e


"' "ô
<J
t; ""''"'e: Epífitos)

u" "'
u g
"'"' SAVANA

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.5 ~
e:
(Cerrado)
(Xeromórfitos, FLORESTA D A
í'JO'
u "'OI) Microfanerófitos, ARBORIZADA Com floresta-
" "'iI
><
~ g
"'õJ
E
Nanofanerófitos,
Caméfitos,
ESTAOONAL (de
Oa 6 meses secos)
Higrófita (Álicos e
Ois tróficos)
PARQUE
GRAMÍNEO-
Planaltos tabulares
e/ou Planícies
de-galeria
Sem floresta-

~ >
::> Geófitos, LENHOSA de-galeria
o
õ ~ -E Hemicript6fitos,
~~ ou
Lianas e Epífitos)
.t ::Eô ~
SAVANA-
~ ESTÉPICA

ê ""'g
u ~
(Caatinga, Chaco,

'"'E
'~o Campos de
-g ~ <;:; Roraima e Parque
FLORESTADA
Depressão Com floresta-
"'"'
~ ~ "'
'º"
de Espinilho de ESTACJONAL
ARBORIZADA
interplanáltica de-galeria
<: .....l ·~
Quaraí) (com ma.is de 6 Xcrófita/Higrófita
PARQUE
arrasada nordestina Sem floresta-
E (Microfanerófitos, meses secos ou (Eutróficos)
GRAMÍNEO-
e/ou Depressão de-galeria
..;::!
°'E Nanofanerófitos, com frio rigoroso)
LENHOSA
com acumulações

ãü"' Caméfitos, recentes


o
u Geófitos,
e: Hemicriptófitos,
J: Terófitos, Lianas e
' Epífitos)
.....l
-<
u
s:o ESTEPE
(Campanha gaúcha

~ e Campos
o meridionais)
ESTAOONAL
ARBORIZADA Com floresta-
~ (Nanofanerófitos,
Caméfitos,
(com 3 meses frios
Higrófita/Xerófita
(Eutróficos)
PARQUE
GRAMÍNEO-
Planaltos e/ou
Pediplanos
de-galeria
Sem floresta-
e 1 mês seco)
Geófitos, LENHOSA de-galeria
Hemicriptófitos,
Terófitos, Lianas e
Epífitos)

Manual Técnico da Vegetação Brasileira 13


......
-!>.
Para cada Região Ecológica podem existir vános domínios floríst1cos, com 1 ou mais espécies endêmicas, a serem

~
determinadas no detalhamento da comunidade

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Dentro das associações existem Variedades que determinam os vános ambientes da comunidade ~
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Associação: é a menor unidade da comunidade, delimitada pela relação espécie/área mínima correspondente à unidade
básica da classificação fitossoc1ológ1ca ~
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Subassociação: diferencia-se da associação padrão por faltarem alguns taxa característicos o tI1
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ECOSSISTEMA ou BIOGEOCENOSE: é um conjunto populacional associativo, com organização trófica e um tipo de
metabolismo definido
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mação que corresponde à estrutura fisionômica de- Assim, para cada Região Florística corresponde
terminada pelas formas de vida dominantes, sempre uma parcela do território brasileiro, onde
podendo ser florestal (macro e mesofanerófi- ocorre determinado "tipo de vegetação" com um ou
tos, lianas e epífitas) e não florestal (micro e mais gêneros endêmicos que o caracterizam. Por
nanofanerófitos, caméfitos, hemicriptófitos, geófi- equivalência científica, cada tipo de vegetação deve
tos, terófitos, lianas e epífitas). Para cada Classe de ser considerado como semelhante a uma Região
Formação segue-se a Subclasse, caracterizada por Ecológica em face da ocorrência de formas de vida
dois parâmetros do clima - o Ombrófilo e o típicas do clima dominante. Por sua vez, esta Re-
Estacionai-, ambos distinguidos pela correlação das gião Florística pode delimitar vários geossistemas
médias mensais da precipitação com o dobro da de domínios, caracterizados por espécies endêmicas
temperatura (índice de Bagnouls & Gaussen, 1957), e, nas áreas setoriais, quando ocorrem espécies com
variedades endêmicas, devem ser separados como
checada pela adaptação dos órgãos de crescimento
setores.
das plantas com o sistema de proteção ao déficit
hídrico nos solos. Após esta Subclasse segue o
Grupo de Formação, determinado pelo tipo de tran- 1.5.2.1 Classificação Fitossociol6gico-
spiração estomática foliar e pela fertilidade dos Bioecol6gica
solos. Em seguida vem o Subgrupo de Formação
Esta etapa realizada para o Levantamento da Ve-
que indica o comportamento das plantas segundo getação refere-se a um detalhamento dos taxa botâ-
seus hábitos e finalmente a Formação propriamente nicos para o estudo fitossociológico de uma
dita que é determinada pelo ambiente (forma de comunidade e para uma pesquisa dos níveis tróficos
relevo). A Subformação é caracterizada pelas facies da associação levantada, para isto é necessário o
da Formação propriamente dita. Assim, o que se conhecimento das trocas energéticas do ecossiste-
assinala nas formações florestais é o comporta- ma.
mento do dossel florestal dado pelas espécies domi- Estabelecida a comunidade em uma subformação
nantes (às vezes) e por outras espécies particulares de qualquer parâmetro uniforme, necessita-se em
mais ou menos casuais. Outros critérios de diferen- seguida demarcar uma área que seja suficiente para
ciação foram assinalados para a determinação da o desenvolvimento normal das espécies e/ou ecóti-
Subformação dos tipos de vegetação campestres, pos nela contidas. Isto será estabelecido pela corre-
como a ocorrência ou não das florestas-de-galeria. lação espécie/área, de acordo com o levantamento
da área mínima que determinará estatisticamente o
1.5.2 Sistema de Classificação Florístico espaço ocupado pelos ecótipos existentes em uma
associação. Pode-se, assim, detalhar o estudo de
A segunda meta do sistema de classificação inicia- acordo com a escola de Braun-Blanquet (1979).
se pelas zonas florísticas de influência tropical pro- Delimitada a associação e realizado o levanta-
posta por Drude (1889), de acordo com a divisão mento sinecológico das sinúsias, pode-se dar início
botânica da terra. Denominadas de Paleotropical ao estudo sobre os microrganismos e sobre os ni-
que engloba a Ásia e África e Neotropical que chos da fauna superior para, então, pesquisar as
abrange desde o México até a Argentina, logo o trocas energéticas e assim concluir o estudo da
"novo continente". O território brasileiro está todo biogeocenose.
compreendido na Zona Neotropical. 1.5.2.1.1 Fitossociologia
A determinação de uma comunidade parte da me-
Drude também subdividiu o Império Florístico em nor unidade de um Domínio Florístico. Delimita-se,
zonas quando caracterizadas por famílias endêmi- então, uma parcela substancial da "facies da subfor-
cas; regiões, quando delimitadas por tipos de vege- mação" que constituirá a comunidade a ser designa-
tação determinados por gêneros endêmicos; da pelo nome do principal acidente geográfico da
domínios, quando circunscritos a geossistemas dis- área em estudo.
tinguidos por espécies endêmicas; e, finalmente, Dentro desta comunidade, procura-se inventariar
setores, quando localizados em ambientes assinala- uma associação através da "curva espécie/área mí-
dos por variedades também endêmicas. Logo, estas nima" que empiricamente significa a menorunidade
duas últimas áreas florísticas serão detectadas so- espacial do ambiente biótico. Estabelecida a asso-
mente nos levantamentos detalhados dentro da fi- ciação e determinado o seu nome através do inven-
tossociologia (associação) e dentro da bioecologia tário dos ecótipos característicos, procura-se
(ecossistemas). levantar outras áreas de igual tamanho, com o obje-

Manual Técnico da Vegetação Blrnileira 15


tivo de mostrar outras categorias da comunidade, 1.6 Sistema Primário
tais como: subassociação, variante,facies e socia-
ção. No sistema primário (natural) estão incluídos to-
dos os "tipos de vegetação" ou Regiões Fitoecoló-
O levantamento fitossociológico só poderá ser gicas brasileiras, as Formações Pioneiras, os
realizado após conhecimento dos taxa da comuni- Refúgios Vegetacionais e as faixas de Tensão Eco-
dade. Para isto, é necessário uma coleta sistemática lógica dos contatos entre duas ou mais Regiões
de fragmentos com flores e frutos durante no núni- Fitoecológicas.
mo um ciclo anual completo. Esses fragmentos
numerados no campo e convenientemente herbori- 1.6.1 Classificação das Regiões Fitoecológicas
zados são remetidos a especialistas para serem iden- Esta classificação deve ser usada em todas as
tificados. Conhecidos cientificamente os ecótipos, escalas desde a classe até a subformação, pois o
inicia-se o inventário florístico da associação pa- "sistema primário natural" necessita apresentar toda
drão pelo método de curva espécie/área núnima. a hierarquia das formações. A partir daí pode-se
Isto feito, pode-se completar o reconhecimento da determinar as comunidades que serão detalhadas
comunidade, através de outros inventários florísti- nas escalas maiores que 1:25 000, primeiro na fitos-
cos paralelos em áreas de igual tamanho situadas sociologia seguida ou não pelos estudos ecológicos.
dentro do mesmo acidente geográfico que caracte-
rizou a comunidade da subformação. 1.6.1.1 Floresta Ombrófila Densa (Floresta Plu-
vial Tropical)
Com esse estudo detalhado das associações em
várias comunidades, pode-se extrapolar de modo O termo Floresta Ombrófila Densa, criado por
Ellemberg & Mueller-Dombois (1965/6), substituiu
empírico o conhecimento para as subformações se- Plu via! (de origem latina) por Ombrófi la (de origem
melhantes, pela con-elação da fidelidade dos ecóti- grega), ambos com o mesmo significado "amigo das
pos que é determinada pela presença, freqüência e chuvas". Além disso, empregaram pela primeira vez
dominância de dada população vegetal da região os termos Densa e Aberta como divisão das florestas
ecológica ou tipo de vegetação. dentro do espaço intertropical, muito embora este
O exemplo acima mostra a metodologia de um tipo de vegetação seja conhecido também pelo
estudo fitossociológico e por extrapolação a dos nome original dado por Schimper (1903) e reafir-
mado por Richards ( 1952) de "Floresta Pluvial Tro-
inventários realizáveis nas comunidades de cada pical". Aceitou-se a designação de Ellemberg &
subformação, compreendidas dentro de uma mesma Mueller-Dombois, porque apresenta as duas fisio-
formação. Isto dará uma resposta científica sobre nomias ecológicas tanto na Amazônia como nas
cada ambiente biótico, que, quando somado aos áreas costeiras, justificando-se assim o uso da ter-
conhecimentos sobre os ambientes abióticos, expli- minologia mais recente.
cará quase tudo sobre a ecologia regional, indicando Este tipo de vegetação é caracterizado por faneró-
fitos, justamente pelas subformas de vida macro e
o Domínio Florístico a que pe1tence a associação. mesofanerófitos, além de lianas lenhosas e epífitos
1.5.2.1.2 Bioecologia em abundância que o diferenciam das outras classes
de formações. Porém, sua caractenstica ecológica
Após cada inventário fitossociológico ou durante principal reside nos ambientes ombrófilos que mar-
a execução do mesmo, para completar a pesquisa, cam muito bem a "região florística florestal". As-
deve-se inventariar os microrganismos do solo sim, a caraterística ombrotérmica da Floresta
(flora e fauna), levantar os nichos dos pequenos Ombrófila Densa está presa aos fatores climáticos
animais silvestres e ainda inventariar os grandes trogicais de elevadas temperaturas (médias de
animais que transitam na comunidade, bem como 25 C) e de alta precipitação bem distribuída durante
o ano (de O a 60 dias secos), o que determina uma
os pássaros. Com isso se conhecem os principais situação bioecológica praticamente sem período
níveis tróficos, esclarecendo assim o tipo de meta- biologicamente seco. Dominam nos ambientes des-
bolismo existente no ecossistema ou biogeocenose. ta floresta os latossolos com características distró-
Esses conhecimentos são indispensáveis para a ficas e raramente eutróficas, originados de vários
preservação ambiental que servirá de modelo para tipos de rochas desde as cratônicas (granitos e
reconstituições de vida silvestre. São estudos de gnaisses) até os arenitos com den-ames vulcânicos
de variados períodos geológicos. "Dominam nos
detalhes acadêmicos, únicos capazes de conduzir o ambientes desta floresta os latossolos e os podzóli-
técnico a respostas científicas sobre a conservação cos, ambos de baixa fertilidade natural".
e a reconstituição da vida p1imitiva de uma área Tal tipo vegetacional foi subdividido em cinco
degradada. formações ordenadas segundo hierarquia topográfi-

16 Manual Técnico da Vegetação Brasileira


ca, que refletem fisionomias diferentes, de acordo baixas no Rio Grande do Sul, em Torres e Osório.
com as variações ecotípicas resultantes de ambien- A segunda família, bastante evoluída, de origem
tes distintos. Estes variam de 1ºC para cada 100 m afro-amazônica, possui um gênero Vochysia que
de altitude.
12 - Ao nível do mar a temperatura varia de 2ºC a apresenta ecótipos macrofanerófitos montanos na
cada 1OºC de latitude e vai diminuindo com maior Amazônia, microfanerófitos ainda montanos, nos
intensidade na Zona Subtropical (Trojer, 1959)' planaltos do Brasil Central, ainda a forma de vida
22 - O gradiente vertical varia de 1ºC para cada macrofanerofítica montana e submontana, nas Ser-
100 m de altitude, porém este gradiente é bem maior ras da Mantiqueira e dos Órgãos e nas encostas da
nas latitudes maiores. Serra do Mar no Estado do Paraná, nas formações
submontanas e das terras baixas. Outros exemplos
Fórmula de Holdtidge, 1978.
poderiam ser citados para demonstrar as difi-
t= 3x graus latitude x (t-24)2 =tbio culdades do posicionamento floristico dentro das
100 faixas topográficas, no entanto ficou assinalado que
existe uma grande variação ecotípica de acordo com
As observações realizadas através dos levanta-
mentos executados pelo projeto RADAMBRASIL, a latitude, que pelo menos no território brasileiro
nas décadas de 70 e 80, e os estudos fitogeográfi- pode ser estabelecida nas escalas regional e ex-
cos mundiais, confiáveis, iniciados por Humboldt ploratória para fins cartográficos. Fica evidenciado
em 1806 na ilha de Tenerife, contidos na vasta no entanto que, para estudos detalhados, as faixas
bibliografia consultada, permitiram estabelecer topográficas aqui estabelecidas necessitam ser re-
faixas altimétricas variáveis conforme as latitu- vistas e adaptadas de acordo com a escala de
des que se estreitavam de acordo com os seguintes mapeamento.
posicionamentos:
1.6.1.1.1 Floresta Ombrófila Densa Aluvial
- Formação aluvial: não varia topograficamente e
apresenta sempre ambientes repetitivos nos terraços Trata-se de uma formação ribeirinha ou "floresta
aluviais dos flúvios. ciliar" que ocorre ao longo dos cursos de água
- Formação das terras baixas: corresponde a altitude ocupando os terraços antigos das planícies quater-
de 5 a 100 m, quando situada entre 4º Lat. N e 16° nárias. Esta formação é constituída por macro,
Lat. S; de 5 a 50 m, quando situada entre 16º Lat. S meso e microfanerófitos de rápido crescimento, em
e 24° Lat. S; de 5 a 30 m, quando situada entre 24° geral de casca lisa, tronco cônico, por vezes com a
Lat. S e 32° Lat. S. forma característica de botija e raízes tabulares. A
- Formação submontana: situada nas encostas dos floresta aluvial apresenta com freqüência um dossel
planaltos e/ou serras, a partir de 100 até 600 m entre emergente, porém, devido à exploração madeireira,
4° Lat. N e 16° Lat. S; de 50 até 500 m, entre 16° a sua fisionomia torna-se bastante aberta. É uma
Lat. Se 24° Lat. S; e de 30 até 400 m, entre 24º Lat. formação com muitas palmeiras no estrato interme-
Se 32° Lat. S. diário, apresentando na submata nanofanerófitos e
- Formação montana: situada no alto dos planaltos caméfitos no meio de "plântulas" da reconstituição
e/ou serras, de 600 até 2 000 m entre 4 ° Lat. N e 16° natural do estrato emergente. Em contrapartida a
Lat. S; de 500 até 1 500 m, entre 16º Lat. Se 24° formação apresenta muitas lianas lenhosas e herbá-
Lat. S; de 400 até 1 000 m, entre 24º Lat. S e 32° ceas, além de grande número de epífitas e poucas
Lat. S. parasitas.
- Formação alto-montana: situada acima dos limites As "ochlospécies", que ocorrem ao longo do rio
estabelecidos para a formação montana. Amazonas, são as mesmas que existem nas margens
Como ilustração para o que foi estabelecido acima, dos seus afluentes, tanto os da margem direita como
citam-se como exemplo as variações ecotípicas de os da esquerda, ao passo que os ecótipos que exis-
dois gêneros pertencentes às famílias Magnoliaceae tem nos rios das serras costeiras do território extra-
e Vochysiaceae. A primeira, bastante primitiva, teve amazônico apresentam uma variação conforme a
origem no Hemisfério Boreal e no entanto possui latitude em que ocorrem, como por exemplo: a
um gênero no Hemisfério Austral, Talauma (das composição floristica da bacia do rio Doce é di-
ilhas do Pacífico à América do Sul), que apresenta ferente da do rio Paraíba do Sul, assim como estas
ecótipos macrofanerófitos desde a Amazônia, pas- duas são bem diversas das da bacia do rio Itajaí. No
sando pelas formações alto-montanas e montanas entanto, ao longo de cada bacia, no sentido longitu-
nas Serras da Mantiqueira e dos Órgãos, pela for- dinal, ocorrem sempre as mesmas "ochlospécies", o
mação submontana na Serra do Mar nos Estados do que caracteriza o mesmo princípio ecológico de
Paraná e Santa Catarina, até a formação das terras distribuição fitogeográfica.

Manual Técnico da Vegetação Brasileira 17


As principais "ochlospécies" que ocorrem na méfitos, além da presença de palmeiras de pequeno
Floresta Ombrófila Densa Aluvial são: Ceiba porte e lianas herbáceas em maior quantidade.
pentamira, existente ao longo do rio Congo na Suas principais características ficam por conta
África e do Amazonas no Brasil. Viro/a surinamen- dos fanerófitos de alto porte, alguns ultrapassan-
sis, ocorrendo não só na Amazônia como também do os 50 m na Amazônia e raramente os 30 m nas
na maioria dos rios da área do Caribe, Tapirira outras partes do País.
guianensis, vivendo normalmente em todas as ba- Esta formação é caracterizada por ecótipos que
cias tropicais sob qualquer latitude. Os gêneros de variam influenciados pelo posicionamento dos am-
Palmae, Mauritia e Euterpe, ocorrem com seus bientes de acordo com a latitude, ressaltando-se
ecótipos bem marcados pelas latitudes diferentes; também a importância do fator tempo nesta varia-
Mauritiaflexuosa na Bacia Amazônica, M. vinifera, ção ambiental. Assim, o tempo que as plantas tro-
nas bacias dos rios Tocantins, São Francisco e Pa- picais levaram para ocupar as atuais posições no
raná; Euterpe oleracea, na bacia do rio Amazonas, Centro-sul foi suficiente para o estabelecimento
e a E.edulis, com dispersão desde Pernambuco até das adaptações homólogas, em ambientes seme-
o Rio Grande do Sul, penetrando no Brasil Central lhantes. O mesmo aconteceu em certos casos, de
variações no tempo da dispersão dos ecótipos que
indo até os vales dos rios Paraná e Iguaçu. Final-
se deslocavam para o sul do País, tomando-se como
mente, a "ochlospécie" Calophyllum brasiliense,
exemplo Hieromina alchornioides e Didymopanax
ocorrendo em todas as bacias brasileiras e sempre morototoni, com sementes leves e das famílias cos-
ocupando as planícies inundadas com freqüência, mopolitas Euphorbiaceae e Araliaceae, respectiva-
tendo seu limite austral na costa Centro-sul do Es- mente, e os gêneros com sementes pesadas Pouteria
tado de Santa Catarina. e Chrysophyllum da família cosmopolita Sapota-
1.6.1.1.2 Floresta Ombrófila Densa das Terras Bai- ceae, com endemismos na Amazônia, no Nordeste
xas e no Sul do País, além do gênero Alchornea, da
fa1U11ia Euphorbiaceae com vários ecótipos extra-
amazônicos.
É uma formação que ocupa, em geral, as planícies
costeiras, capeadas por tabuleiros pliopleistocêni- 1.6.1.1.4 Floresta Ombrófila Densa Montana
cos do Grupo Barreiras. Ocorre desde a Amazônia,
O alto dos planaltos e das serras situados entre 600
estendendo-se através de todo o Nordeste, até as
e 2 000 m de altitude na Amazônia é ocupado por
proximidades do rio São João, no Estado do Rio de
uma formação florestal que recebe o nome de Flo-
Janeiro.
resta Ombrófila Densa Montana. Esta formação é
correspondente no sul do País às que se situam de
Estes tabuleiros apresentam florística típica carac- 500 a 1 500 m, onde a estrutura é mantida até
terizada porecótipos dos gêneros Ficus,Alchornea, próximo ao cume dos relevos dissecados, quando
Tabebuia e pela "ochlospécie" Tapirira guianensis. solos delgados ou litólicos influenciam no tamanho
Outrossim, a partir do rio São João (RJ), esta for- dos fanerófitos, que se apresentam menores. A es-
mação ocorre nos terrenos quaternários, em geral trutura florestal de dossel uniforme (mais ou menos
situados pouco acima do nível do mar nas planícies 20 m) é representada por ecótipos relativamente
formadas pelo assoreamento, devido à erosão exis- finos com casca grossa e rugosa, folhas miúdas e de
tente nas serras costeiras e nas enseadas marítimas. consistência coriácea, tomando-se os gêneros Eris-
Nesta formação dominam duas "ochlospécies", sen- ma e Vochysia para a Amqzônia, onde se constata
do Calophyllum brasiliense a partir do Estado de uma submata de nanofanerófitos rosulados, como a
São Paulo para o sul até a costa Centro-sul de Santa palmeira de pequeno porte do gênero Bactris e a
Catarina e Ficus organensis, terminando a sua ocor- Cycadales do gênero Zamia (verdadeiro fóssil
rência às margens da lagoa dos Patos, no Rio Gran- vivo), ocorrendo também regeneração natural do
de do Sul. estrato arbóreo.
No sul do Brasil a Coniferales Podocarpus, único
1.6.1.1.3 Floresta Ombrófila Densa Submontana gênero tropical que apresenta dispersão até a Zona
O dissecamento do relevo montanhoso e dos Equatorial, é típica dessa formação, ocorrendo por
planaltos com solos medianamente profundos é vezes juntamente com os gêneros da família Laura-
ocupado por uma formação florestal que apresen- ceae (Ocotea e Nectandra) e outras espécies de
ta os fanerófitos com alturas aproximadamente ocorrência Pantropical.
uniformes. A submata é integrada por plântulas de A experiência adquirida nos trabalhos de campo
regeneração natural, poucos nanofanerófitos e ca- realizados (pelo RADAMBRASILde 1971a1984)

18 Manual Técnico da Vegetação Brasileira


permitiu considerar as variações máximas de 500 m dissecadas, outro aspecto de comunidade aberta
entre as faixas estabelecidas como margem de erro devido ao emaranhado de lianas em todos os estra-
para escalas de mapeamento regional e explorató- tos da floresta com cipó, que dificultam sobrema-
rio. neira a interferência humana.
1.6.1.1.5 Floresta Ombrófila Densa Alto-Montana A faciação originada pela Phenakospennum
É uma formação arbórea mesofanerofítica com quianense, sororoca (Strelitziaceae), foi observada
aproximadamente 20 m de altura, que se localiza no na área sul da bacia amazônica, formando grandes
cume das altas montanhas sobre Solos Litólicos, agrupamentos nas depressões, temporariamente
apresentando acumulações turfosas nas depressões inundadas e rasas, localizadas no médio rio Xingu.
onde ocorre a floresta. Sua estrutura é'integrada por No restante da Amazônia, onde ocorre preferen-
fanerófitos com troncos e galhos finos, folhas miú- cialmente em relevo ondulado, e sobre Latossolos,
das e coriáceas e casca grossa com fissuras. A flo- constitui pequenos agrupamentos não mapeáveis
rística apresentada por famílias de dispersão em escala regional e exploratória.
universal, embora suas espécies sejam endêmicas, A latitude e a altitude serviram como parâmetros
revela um isolamento antigo de "refúgio cosmopo- básicos para a divisão das três formações que ocor-
lita". Este refúgio é conhecido popularmente por rem neste tipo de vegetação.
"mata nuvígena ou mata nebular", nos pontos onde
a água evaporada se condensa em neblina, precipi- 1.6.1.2.1 Floresta Ombrófila Aberta das Terras
tando-se sobre as áreas elevadas. Baixas
Esta fo1mação compreendida entre 4° de latitude
1.6.1.2 Floresta Ombrófila Aberta (Faciações da Norte e 16° de latitude Sul, em altitudes que variam
Floresta Densa) de 5 até 100 m, apresenta predominância da faciação
com palmeiras. Nos Estados do Piauí e Maranhão
Este tipo de vegetação considerado durante anos pode ser considerada como uma "floresta-de-baba-
como um tipo de transição entre a floresta amazô- çu", revestindo terrenos areníticos do Cretáceo,
nica e as áreas extra-amazônicas foi denominado dentro da bacia do Maranhão-Piauí. Atualmente
pelo Projeto RADAMBRASIL (Veloso et alii, esta fmmação, o "babaçual ", faz parte da Vegetação
1975) de Floresta Ombrófila Aberta. Apresenta qua- Secundária que resultou da devastação florestal,
tro faciações florísticas que alteram a fisionomia sucedida por uma agricultura depredatória. Esta aos
ecológica da Floresta Ombrófila Densa, imprimin- poucos foi substituída pelo adensamento da Orbig-
do-lhe claros, daí lhe advindo o nome adotado, além nya phalerata (babaçu), que domina inteiramente a
dos gradientes climáticos com mais de 60 dias secos paisagem. Tal formação é também encontrada em
por ano, assinalados em sua curva ombrotérmica. Estado natural mas, no caso, em associação com
Os terrenos areníticos do Cenozóico e do Terciário outras Angiospermas, em comunidades isoladas dos
são revestidos, em geral, por comunidades flores- Estados do Maranhão e do Pará, sempre situadas
tais, com palmeiras por toda a Amazônia e até abaixo dos 100 m de altitude.
mesmo fora dela, e com bambus na parte ocidental
1. 6.1.2.2 Floresta Ombrófila Aberta Submontana
da Amazônia, estendendo-se até a borda ocidental
do planalto meridional no Estado do Paraná. Aí o Esta formação pode ser observada distribuída por
bambuzal domina sobre áreas florestais onde foram toda a Amazônia e mesmo fora dela principalmente
explotadas as madeiras nobres, Cedrela, Ocotea e com a facies floresta com palmeiras. Na Amazônia
Aspidospenna. Já as comunidades com sororoca e ocorre com quatro faciações florísticas - com pal-
com cipó revestem preferencialmente as depressões meiras, com cipó, com sororoca e com bambu -
entre os 4° de latitude Norte e os 16° de latitude Sul,
do embasamento pré-cambriano e encostas do rele-
situadas acima dos 100 m de altitude e não raras
vo dissecado dos planaltos que envolvem o grande
vezes chegando a cerca de 600 m.
vale amazônico.
A floresta aberta com bambu encontra-se distribuí-
A faciação denominada "floresta com cipó" nas da, principalmente, nos Estados do Amazonas e do
depressões circulares do embasamento pré-cam- Acre. O gregarismo do bambu, nesta formação, é de
briano pode ser considerada como "floresta-de- tal modo significativo ao ponto dela ser denominada
cipó", tal a quantidade de plantas sarmentosas que de "floresta-de-bambu", o que a toma uma comuni-
envolvem os poucos indivíduos de grande porte da dade especial e restrita.
comunidade, transformando-os no que a literatura As primeiras referências à ocorrência de Guadua
considera por Climber towers - torres folhosas ou superba foram feitas por Huber (1900),justamente
torres de cipó. Esta faciação apresenta, nas encostas para a área territorial do Acre, contudo sua presença

Manual Técnico da Vegetação Brasileira 19


com significado fisionômico-ecológico só foi as- com palmeiras e com cipó", sendo esta última bem
sinalada nas margens dos rios locais. Com o ad- mais comum.
vento das imagens de Radar, os técnicos do
Projeto RADAMBRASIL puderam delimitar apro- 1.6.1.3 Floresta Ombrófila Mista (Floresta de
ximadamente as grandes áreas da floresta com bam- Araucária)
bu e determinar a sua importância, incluindo-a
como mais uma "faciação florística da floresta aber- Esta floresta, também conhecida como "mata-de-
ta" nos Estados do Acre e do Amazonas. Contudo, araucária ou pinheiral", é um tipo de vegetação do
foi através das imagens do sensor TM, do satélite Planalto Meridional, onde ocorria com maior fre-
LANDSAT 5, que se pôde delimitar uma grande qüência. Esta área é considerada como o seu atual
mancha do "bambuzal", cercada de muitas outras "clímax climático", contudo esta floresta apresenta
menores dando a nítida impressão de que estas disjunções florísticas em refúgios situados nas Ser-
comunidades de bambu encontram-se em expansão. ras do Mar e da Mantiqueira, muito embora no
O gênero Bambusa,do subgénero Guadua com mi- passado tenha se expandido bem mais ao norte
gem provável nos Andes atuais do Peru e da Bolívia porque a fanu1ia Araucariaceae apresentava disper-
e portanto extra-amazônico, invadiu recentemente são paleogeográfica que sugere uma ocupação dife-
as áreas florestais abertas da Amazônia brasileira, rente da atual. Constatou-se recentemente a
justamente sobre o dobramento pré-andino capeado ocorrência de fósseis (fragmentos de caules) em
por sedimentos do Cretáceo. terrenos juracretácicos no Nordeste brasileiro, evi-
A floresta aberta com palmeiras, nos Estados do denciando que dentro da "plataforma brasileira"
Maranhão/Piauí e em pontos isolados do Nordeste encontravam-se Coniferales, pois estes fósseis são
até o Estado <lo Espírito Santo, constitui comunida- também encontrados em pontos isolados da borda
des secundárias denominadas "florestas-de-baba- sul do Planalto Meridional, como por exemplo em
çu'', que nesta formação submontana apresentam-se Santa Maria da Boca do Monte (no Estado Rio
semelhantes à das terras baixas, com exceção da Grande do Sul). Mas como o vulcanismo, iniciado
comunidade do Espírito Santo, onde domina o gê- nesta área no Cretáceo e terminado no Terciário
nero Attalea em vez de Orbignya. Esta "faciação Superior, foi o responsável pelo despovoamento
submontana" pode ser observada em seu estado vegetal do Planalto Meridional, a hipótese de que a
natural nos Estados do Pará, Amazonas, Roraima e Araucaria angustifolia, atualmente aí existente, pe-
Mato Grosso, pois nos Estados do Tocantins e Ron- netrou através do "Escudo Atlântico" que se achava
dônia, provavelmente, não mais existe devido à unido à grande plataforma afro-brasileira no Paleo-
devastação realizada nesta última década. No Esta- zóico, parece estar comprovada.
do do Acre ainda é encontrada uma fisionomia A composição florística deste tipo de vegetação,
natural ou pelo menos com menor ação antrópica caracterizado por gêneros primitivos como Drymis
pela retirada de madeira. e Araucaria (Australásicos) e Podocarpus (Afro-
A floresta-de-cipó que era mais expressiva no sul Asiático), sugere, em face da altitude e da latitude
do Estado do Pará, principalmente nas depressões do Planalto Meridional, uma ocupação recente, a
circulares do Pré-Cambriano e aí denominada de partir de refúgios alto-montanos, apresentando qua-
"mata-de-cipó", encontra-se distribuída por toda a tro formações diferentes:
Amazônia. Nas encostas dos planaltos e nas serras, -Aluvial, em terraços antigos situados ao longo dos
a floresta aberta com cipó apresenta uma fisionomia flúvios.
com elementos de alto porte isolados e envolvidos - Submontana, de 50 até mais ou menos 400 m de
pelas lianas lenhosas. A floresta aberta com sororo- altitude.
ca é quase exclusiva da bacia do rio Xingu, embora - Montana, de 400 até mais ou menos 1 000 m de
possa ser encontrada em menores áreas nos Estados altitude.
de Rondônia, Amazonas e Roraima, sendo esta a - Alto-montana, quando situadas a mais de 1 000 m
menor representatividade das "faciações florísti- de altitude.
cas".
1.6.1.3.1 Floresta Ombrófila Mista Aluvial
1.6.1.2.3 Floresta Ombrófila Aberta Montana Esta formação ribeirinha, que ocupa sempre os
Esta formação situa-se quase toda entre os 40 de terrenos aluvionares situados nos flúvios das serras
latitude Norte e 16º de latitude Sul, ocupando a costeiras ou dos planaltos, é dominada pela Arau-
faixa altimétrica entre 600 e 2 000 m, e por conse- caria angustifolia, associada à ecótipos que variam
guinte restrita a poucos planaltos do sul da Amazô- de acordo com as altitudes dos flúvios. Além da
nia e a muitas serras do norte, principalmente as de "ochlospécie" dominante, também se encontram
Tumucumaque e Parima. Apresenta as "faciações Podocarpus lambertii e Drymis brasiliensis, espé-

20 Manual Técnico da Vegetação Brasileira


cies estas típicas das altitudes. À medida que a inacessíveis ou de permeio a grandes culturas de
altitude diminui a Araucaria angustifolia associa- soja e trigo.
se a vários ecótipos de Angiospermas da família Estas considerações exemplificam o lento mas
Lauraceae, merecendo destaque os gêneros Ocotea, constante desaparecimento daAraucaria angustifo-
Cryptocarya e Nectandra entre outros de menor lia que, na década de 80, não apresentava mais
expressão, nas disjunções serranas da Mantiqueira. expressão fitogeográfica e econômica.
No sul do País a floresta aluvial é constituída prin-
cipalmente por Araucaria angustifolia, Luehea di- 1.6.1.3.4 Floresta Ombrófila Mista Alto-Montana
varicata e Blepharocalyx longipes no estrato Esta floresta apresenta-se localizada acima dos
emergente e por Sebastiania commersoniana, no 1 000 m de altitude, com maior ocorrência no Par-
estrato arbóreo contínuo. que do Taímbezínho (RS) e na crista do Planalto
1.6.1.3.2 Floresta Ombrófila Mista Submontana Meridional, nas cercanias dos "campos de Santa
Bárbara" no Parque de São Joaquim (SC), ocupando
Esta formação atualmente é encontrada sob a for- as encostas das colinas diabásicas em mistura com
ma de pequenas disjunções localizadas em vários arenitos termometamorfizados pelo vulcanismo
pontos do "Craton Sul-Río-Grandense". No Muni- cretácico, que constitui a Formação Serra Geral. Tal
cípio de Lauro Muller (SC), por exemplo, na década fisionomia podia ser observada até a década de 60,
de 50, podia-se observar cerca de 12 000 índi víduos quando se iniciou a exploração dos últimos rema-
de Araucaria angustifolia, contudo, nesta década nescentes expressivos da Araucaria angustifolia,
este número não chega a 200 exemplares com tron- restando atualmente poucos exemplares jovens ou
cos finos e relativamente baixos pertencentes ao raquíticos que sobraram da exploração predatória.
estrato dominado. Atualmente, esta floresta encontra-se ainda bem
Nestas disjunções os indivíduos mais pujantes conservada e com seus elementos quase intactos no
foram retirados e os poucos exemplares remanes- Parque Estadual de Campos do Jordão (SP) e em
centes somente são encontrados no estrato domina- Monte Verde, Município de Camanducaia (MG);
do. Assim, o que existe é uma "floresta secundária" todavia, as outras ocorrências, como a de Itatiaia (RJ
ficando cada vez mais raro encontrarem-se indiví- e MG), estão sendo gradualmente suprimidas ten-
duos de Araucaria angustifolia, que tendem ao total dendo ao desaparecimento em poucos anos.
desaparecimento dentro de poucos anos. A composição florístíca da disjunção de Campos
do Jordão, possivelmente semelhante à que outrora
1.6.1.3.3 Floresta Ombrófila Mista Montana existia nos Estados do Paraná e Santa Cata1ina,
Esta fo1mação, encontrada atualmente em poucas apresenta a dominância da Araucaria angustifolia,
reservas particulares e no Parque Nacional do Igua- que sobressaí do dossel normal da floresta. Ela é
çu, ocupava quase que ínteíramete o planalto situa- também bastante numerosa no estrato dominado e
do acima dos 500 m de altitude, nos Estados do aí associada a vários ecótipos, dentre os quais me-
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Porém, recem destaque, em ordem decrescente, os seguin-
na década de 50, nas grandes extensões de terrenos tes: Podocarpus lambertii (pinheirinho) e várias
situados entre as cidades de Lajes (SC) e Rio Negro Angiospermas, inclusive o Drymis brasiliensis da
(PR), podia-se observar a Araucaria angustifolia, família das Winteraceae, Cedrelafissilis das Melia-
ocupando e emergindo da submata de Ocotea pul- ceae e muitas Lauraceae e Myrtaceae. No estrato
chella e llex paraquariensis acompanhada por arbustivo da submata, dominam as Rubiaceae e
Cryptocarya aschersoniana e Nectandra megapo- Myrtaceae e exemplares da regeneração arbórea de
tanica. Ao norte de Santa Catarina e ao sul do Paraná Angiospermae, como Winteraceae, Lauraceae e
o "pinheiro-do-paraná" estava associado com a im- Meliaceae, faltando as Coniferales, que estão no
buia (Ocotea porosa), formando agrupamentos ca- momento colonizando as áreas campestres adjacen-
racterísticos; atualmente grandes agrupamentos tes.
gregários desapareceram, substituídos pela mono-
cultura de soja e trigo, intercaladas. Na década de 1.6.1.4 Floresta Estaciona! Semidecidual (Floresta
20, consideráveis disjunções deAraucaria, existen- Tropical Subcaducifólia)
tes no vale do rio Itajaí-Açu, associadas a Ocotea
catharinensis, foram quase inteiramente devasta- O conceito ecológico deste tipo de vegetação está
das, restando pequenos remanescentes sem expres- condicionado pela dupla estacionalidade climática,
são paisagística e econômica. Esta "ochlospécie", uma tropical com época de intensas chuvas de ve-
que ocupava cerca de 70% do Planalto Meridional, rão, seguida por estiagem acentuada e outra subtro-
apresenta uns poucos indivíduos isolados em pontos pical sem período seco, mas com seca fisiológica

Manual Técnico da Vegetação Brasileira 21


provocada pelo intenso frio do inverno, com tempe- O mesofanerófito Amburana cearensis var. acre-
raturas médias inferiores a 15º C. ana, vulgarmente conhecido como cerejeira, de
É constituída por fanerófitos com gemas foliares grande valor econômico-madeireiro, é de origem
protegidas da seca por escamas ( catáfitos ), ou pêlos, andino-amazônica e de dispersão sul-americana
e cujas folhas adultas são esclerófilas ou mem- ampla e divergente. O gênero ocorre nas áreas ári-
branáceas deciduais. das do Chaco argentino-boliviano, na Caatinga
Neste tipo de vegetação a porcentagem das ár- brasileira e nas áreas úmidas da Amazônia Ociden-
vores caducifólias, no conjunto florestal e não das tal, mais precisamente nos Estados do Acre,
espécies que perdem as folhas individualmente, Rondônia, Mato Grosso e no Pantanal Mato-
situa-se entre 20 e 50%. Nas áreas tropicais é com- Grossense. Nesta formação existem em grande
posta por mesofanerófitos que revestem, em geral, abundância várias espécies dos gêneros Tabebuia,
solos areníticos distróficos. Já nas áreas subtropi- além dos ecótipos Calophyllum brasiliense, Ta-
cais é composta por macrofanerófitos em face de pirira guianensis, lnga sp., Podocarpus sellowii,
revestirem solos basálticos eutróficos. Esta floresta Cedrela lilloi, Guarea guidonia entre outras.
possui uma dominância de gêneros amazônicos de
1.6.1.4.2 Floresta Estaciona[ Semidecidual das
distribuição brasileira, como por exemplo:
Terras Baixas
Parapiptadenia, Peltophorum, Cariniana, Le-
cythis, Tabebuia, Astronium e outros de menor im- É uma formação encontrada freqüentemente re-
portância fisionômica. vestindo tabuleiros do Pliopleistoceno do Grupo
Barreiras, desde o sul da cidade de Natal até o norte
O critério estabelecido com a finalidade exclusiva
do Estado do Rio de Janeiro, nas cercanias de Cam-
de propiciar o mapeamento contínuo de grandes
pos bem como até as proximidades de Cabo Frio, aí
áreas foi o das faixas altimétricas, utilizado também
nas formações vegetacionais precedentes, como por então já em terreno quaternário.
exemplo: a formação aluvial está sempre presente É um tipo florestal caracterizado pelo gênero Cae-
nos terraços mais antigos das calhas dos rios; a salpinia de origem africana, de onde se destacam,
formação das terras baixas ocorre entre 5 e 100 m pelo seu inegável valor histórico, a espécie C. echi-
de altitude entre os 4º de latitude Norte e os 16° de nata (pau-brasil) e outros gêneros brasileiros como:
latitude Sul, de 5 a 50 m quando localizados nas Lecythis que domina no vale do rio Doce, acompa-
latitudes de 16° a 24º Sul e de 5 a 30 m nas latitudes nhado por outros gêneros da mesma família Le-
de 24º a 32° Sul; a formação submontana situa-se cythidaceae (afro-amazônica), que bem
numa faixa altimétrica que varia de 100 a 600 m de caracterizam esta floresta semidecidual, tais como:
acordo com a latitude de 4º Norte até 16° Sul, de Cariniana (jequitibá) e Eschweilera (gonçalo-
50 a 500 m entre 16º até os 24º de latitude Sul e de alves). Para terminar a caracterização desta for-
30 a 400 m após os 24º de latitude Sul; e a formação mação pode-se citar o gênero monotípico
montana situa-se na faixa altimétrica que varia de Paratecoma peroba (peroba-do-campo) da farru1ia
600 a 2 000 m de altitude entre 4° de latitude Norte Bignoniaceae, de dispersão Pantropical, mas exclu-
e 16º de latitude Sul, de 500 a 1 500 m entre 16° e sivo dos Estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro
24º de latitude Sul e de 400 a 1 000 m entre 24° e e Minas Gerais.
32º de latitude Sul.
1.6.1.4.3 Floresta Estacionai Semidecidual
Somente quatro formações foram delimitadas no
Submontana
País: aluvial, te1ns baixas, submontana e montana,
isto porque este tipo florestal apresenta-se descon- Esta formação freqüentemente ocorre nas encos-
tínuo e sempre acentuado entre climas gerais um tas interioranas das Serras da Mantiqueira e dos
úmido e outro árido, sendo superúmido no equador, Órgãos e nos planaltos centrais capeados pelos Are-
árido no Nordeste e úmido no Sul. No Centro-Oeste nitos Botucatu, Bauru e Caiuá dos períodos geoló-
encontra-se o clima continental estaciona!, mais aí gicos Jurássico e Cretáceo.
domina a Savana (Cerrado) que é um tipo de vege- Sua ocupação vai desde o Espírito Santo e sul da
tação de clímax edáfico. Bahia até o Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo,
norte e sudoeste do Paraná e sul do Mato Grosso do
1.6.1.4.1 Floresta Estacionai Semidecidual Aluvial
Sul.
É uma formação encontrada com maior freqüência Nas encostas interioranas das serras marítimas, os
na grande depressão pantaneira mato-grossense do gêneros dominantes, com indivíduos caducifólios,
sul, sempre margeando os rios da bacia hidrográfica são os mesmos que ocorrem na floresta ombrófila
do Paraguai. atlântica, como Cedrela, Parapiptdenia e Carinia-

22 Manual Técnico da Vegetação Brasileira


na, sendo que nos planaltos areníticos os ecótipos também diferente, quanto ao levantamento fitosso-
deciduais que caracterizam esta formação perten- ciológico das duas áreas. Além disso, este tipo de
cem aos gêneros Hymenaea (jatobá), Copaifera vegetação apresenta grandes áreas descontínuas lo-
(óleo-vermelho), Peltophorum (canafístula),Astro-
calizadas, do norte para o sul, entre a Floresta Om-
nium, Tabebuia e muitos outros. Contudo o gênero
dominante que a caracteriza, principalmente, no brófila Aberta e a Savana (Cerrado); de leste para
planalto paranaense e no oeste do Estado de São oeste entre a Savana-Estépica (Caatinga do sertão
Paulo, é Aspidospenna, com seu ecótipo A. poly- árido) e a Floresta Estacionai Semidecidual (Flores-
neuron (peroba-rosa). ta Tropical Subcaducifólia) e finalmente no sul na
área subtropical, no vale do rio Uruguai, entre a
1. 6.1.4.4 Floresta Estaciona[ Semidecidual
Montana Floresta Ombrófila Mista (Floresta-de-Araucária)
do Planalto Meridional e a Estepe (Campos Gaú-
São poucas as áreas ocupadas por esta formação
chos). Estas grandes áreas disjuntas apresentam
estabelecida acima dos 500 m de altitude. Situam-se
P,rincipalmente na face interiorana da Serra dos quatro formações distintas:
Orgãos, no Estado do Rio de Janeiro e na Serra da 1.6.1.5.1 Floresta Estacionai Decidual Aluvial
Mantiqueira nos Estados de São Paulo, Rio de Ja-
neiro e Minas Gerais (Itatiaia) e do Espírito Santo Esta formação, quase que exclusiva das bacias dos
(Caparaó). Outras áreas ainda menores ocupam os rios do Estado do Rio Grande do Sul, encontra-se
pontos culminantes dos planaltos areníticos. Esta atualmente bastante desfalcada dos seus elementos
formação montana é quase sempre dominada pelo principais explotados para uso doméstico. Locali-
gênero Anadenanthera que às vezes constitui con- zada nos terraços fluviais dos rios Jacuí, lbicuí,
sorciações de "ochlospécie" A.peregrina de origem
amazônica, localizada principalmente nos sills ba- Santa Maria e Uruguai, ocorre também nas várzeas
sálticos ainda conservados. do rio Paraguai, no Estado do Mato Grosso do Sul,
Este tipo florestal ocorre principalmente no nor- onde a drenagem é dificultada pelo pouco desnível
te da Amazônia, justamente nas serras do Tumu- do rio.
cumaque e Parima, em locais situados acima dos A composição florística desta formação é prefe-
600 m de altitude e nos planaltos areníticos do rencialmente constituída por ecótipos higrófitos de-
Estado de Roraima, principalmente na face inte- ciduais, adaptados ao ambiente aluvial, onde
riorana dos picos do Sol e da Neblina. Os gêneros e dominam mesofanerófitos, tais como: Luehea diva-
ecótipos de ampla dispersão e que aí dominam são: ricata (açoita-cavalo), Vitex megapotamica (taru-
Cassia, Anadenanthera peregrina, Astronium e ou- mã), Inga uruguensis (ingá), Ruprechtia rariflora
tros. (farinha-seca) e a nanofanerófita Sebastiania com-
mersoniana (branquilho) e outras.
1.6.1.5 Floresta Estacionai Decidual (Floresta 1.6.1.5.2 Floresta Estaciona[ Decidual das Terras
Tropical Caducifólia) Baixas
Este tipo de vegetação, que é caracterizado por Esta formação é encontrada em áreas descontínuas
duas estações climáticas bem demarcadas, uma chu-
vosa seguida de longo período biologicamente seco, e relativamente pequenas. Ocorre com maior ex-
ocorre na forma de disjunções florestais apresentan- pressividade na bacia do rio Pardo, no sul do Estado
do o estrato dominante macro ou mesofanerófito da Bahia.
predominantemente caducifólio, com mais de 50% A florística desta formação, característica de solos
dos indivíduos despidos de folhagem no período eutróficos calcários, é dominada pelos gêneros Ca-
desfavorável. vanillesia e Cereus. O ecótipo Cereus jamacaru
Com características semelhantes encontra-se na nesta formação apresenta alto porte que atinge, não
borda do Planalto Meridional, principalmente no raras vezes, o dossel dos mesofanerófitos e compõe
Estado do Rio Grande do Sul, uma disjunção que juntamente com os indivíduos dos gêneros Para-
apresenta o dossel emergente completamente cadu- piptadenia, Anadenanthera, Piptadenia, Cedrela,
cifólio, visto que, muito embora o clima seja om- entre outros, o estrato decidual desta disjunção.
brófilo, possui uma curta época muito fria e que As outras disjunções menores encontradas por
ocasiona, provavelmente, a estacionalidade fisioló- todo o País devem ser delimitadas de acordo com as
gica da floresta. latitudes, salientadas com o fim exclusivo de se
Estas disjunções florestais deciduais são, via de poder cartografá-las:
regra, dominadas tanto nas áreas tropicais como - dos 4° latitude Norte aos 16° latitude Sul, varia de
5 até os 100 m de altitude;
nas subtropicais pelos mesmos gêneros de origem - dos 16° latitude Sul aos 24° latitude Sul, varia de
afro-amazônicas, tais como: Peltophorum, Anade- 5 até 50 m de altitude; e
nanthera, Apuleia embora suas espécies sejam di- - dos 24° latitude Sul aos 32° latitude Sul, varia de
ferentes, o que demarca um "donúnio florístico" 5 até 30 m de altitude.

Manual Técnico da Vegetação Brasileira 23


1.6.15.3 Floresta Estaciona!Decidual savanícolas e florestais mesofanerófitos deciduais,
Submontana com predominância dos gêneros Pterodon, Caryo-
car, Qualea, Platymenia, Machaerium, Bowdichia,
Nesta formação encontram-se dispersas as maio-
Hymenaea, Tabebuia e muitos outros de menor
res disjunções deste tipo de vegetação florestal de-
expressão fisionômica.
cidual, descritas abaixo de acordo com as áreas mais
representativas em que foram observadas: - A floresta decidual da encosta da serra da Bodo-
- Em uma estreita faixa no sul do Estado do quena, no Estado do Mato Grosso do Sul, é domi-
Maranhão, entre a Savana (Cerrado) e a Floresta nada por ecótipos savanícolas e florestais
Ombrófila Aberta com babaçu, situa-se uma flores- mesofanerófitos. Esta disjunção é constituída por
ta de médio porte composta por nanofoliadas deci- gêneros afro-amazônicos e andino-argentinos,
duais, com caules finos e que apresenta como onde se destacam Pterodon (sucupira), ecótipo de
gêneros mais comuns Cedrela, Chorisia, Tabebuia, caule amarelo e muito freqüente, além de Qualea,
Jacaranda, Piptadenia, Parapiptadenia, Anade- Copaifera, Hymenaea, Schinopsis, Plathymenia e
nanthera, Apuleia e outros de menor expressão muitos outros menos freqüentes.
fisionômica. Encontra-se aí o único ecótipo com - A floresta da vertente interiorana da Serra da
folhas no período desfavorável, a Platonia insignis Mantiqueira, situada em território mineiro, reveste
(bacuri), que imprime à paisagem um aspecto de terrenos do Pré-Cambriano. É constituída por meso-
grandes tabuleiros revestidos por mesofanerófitos fanerófitos de folhagens sempre verde dos gêneros
completamente desfolhados, interrompidos, vez Aspidosperma e Cariniana e em algumas vezes por
por outra, por indivíduos foliados de coloração ver- macrofanerófitos, destacando-se entre eles o gênero
de pardacenta. Anadenanthera com sua "ochlospécie" caducifólia
- No sul do Estado da Bahia, com fisionomia de- peregrina que é dominante.
cidual revestindo os terrenos calcários da bacia do - Os terrenos da vertente sul do planalto das
rio Pardo, ocorre uma floresta relativamente alta, Missões, aí já considerados como "áreas extrazo-
conhecida como "mata-de-cipó". É composta de nais'', pois estão incluídos no espaço subtropical,
mesofanerófitos parcialmente caducifólios e domi- são revestidos por uma floresta que apresenta uma
nados por ecótipos da família Leguminosae, desta- floristica semelhante à que ocorre nas áreas tropi-
cando-se o gênero Parapiptadenia. A maior prute cais. Nela ocorrem a "ochlospécie" Anadenanthera
dos ecótipos formadores desta disjunção, regular- peregrina associada aos gêneros Parapiptadenia,
mente, são envolvidos por lianas lenhosas com fo- Apuleia e Peltrophornm de alto porte (macrofa-
lhagem sempre verde que conferem a esta fonnação nerófitos) que dominam no estrato das emergentes.
uma falsa aparência numa época desfavorável. Esta última disjunção de maior representatividade,
- A floresta situada no norte do Estado de Goiás e sem contudo descrutarem-se outras menos signifi-
sul do Estado do Tocantins, entre a Floresta cativas, permite aventar-se a hipótese de que todas
Estaciona! Semidecidual do sul do Estado do Pará estas áreas extrazonais possuem uma homologia
e a Savana (Cerrado) do Estado de Goiás, mais ecológica, o que permite a extrapolação fisionômica
precisamente no vale do rio das Almas e seus aflu- da vegetação pela semelhança florística de seus
entes, apresenta uma fisionomia ecológica com dominantes. Nesta área, o período frio com médias
mais de 50% de seus ecótipos sem folhagem na inferiores a 15ºC apresenta uma seca fisiológica
época desfavorável. Esta formação, denominada
coincidente com a seca das áreas tropicais.
"mato-grosso-de-goiás", apresenta uma fisionomia
ecológica de mesofanerófitos onde predomina uma 1.6.J.5.4 Floresta Estaciona! Decidual Montana
mistura de ecótipos savanícolas de alto porte com Esta formação ocorre em áreas disjuntas que se
outros caducifólios florestais. A origem florística
apresentam bastante expressivas, sendo que para
desta formação é predominantemente afro-
identificá-las observaram-se os seguintes parâme-
amazônica, destacando-se os gêneros: Qualea,
Caryocar, Copaifera, Hymenaea, Tabebuia, Cho- tros altimétricos de acordo com as latitudes onde
risia, Bombax, Dimorphandra, Kielmeyera e mui- são encontradas:
tos outros de menor expressão fisionômica. - dos 4° latitude Norte a 16º latitude Sul, varia de
600 até 2 000 m de altitude;
- A disjunção florestal situada ao norte do Estado de
Minas Gerais e localizada nos vales dos rios Verde - dos 16º latitude Sul a 24º latitude Sul, varia de
Grande e São Francisco, no Estado de Minas Gerais, 500 até 1 500 m de altitude; e
denominada "mata-de-jafüa", apresenta uma consti- - dos 24º latitude Sul a 32° latitude Sul, varia de
tuição florística bastante complexa, com ecótipos 400 até 1 000 m de altitude.

24 Manual Técnico da Vegetação Brasileira


Esta variação altimétrica, mudando de acordo com tária e regionalista, não deve ser empregado para
as latitudes, pode ser explicada pelas grandes dife- denominar uma vegetação amazônica.
renças de temperatura que influem na composição Egler {1960) foi o primeiro fitogeógrafo a em-
florística, observando-se que quanto mais ao sul o pregar cmTetamente o termo Campinarana para a
espaço da faixa altimétrica diminui. Cita-se como Amazônia e Takeuchi (1960) usou a denominação
exemplo: o levantamento da composição florística Campina após Ducke (1938) e Sampaio (1940).
em área situada a mais de 1 000 m de altitude Procurou-se aqui empregar coITetamente a termino-
(Veloso, 1945) em Teresópolis (RJ) mostrou que a logia Campinarana, descrevendo-a do seguinte
flora é coincidente com a de Brusque (SC), locali- modo: trata-se de uma região ecológica que ocorre
dade situada a poucos metros acima do nível do mar nos solos Podzol Hidromórfico e Areias Quartzosas
(Veloso & Klein, 1957). Hidromórficas das planícies aluviais. A predomi-
Estas observações, embora insuficientes, demons- nância na sua composição florística é de ecótipos
tram que as faixas altimétricas vão se estreitando de raquíticos amazônicos, com pelo menos um gênero
acordo com as latitudes situadas mais ao sul, contu- monotípico endêmico, Barcella odora, da família
do apenas levantamentos mais detalhados é que Palmae, de dispersão Pantropical. Esta vegetação
podem estabelecer as variações florísticas essen-
típica da bacia dos rios Negro, Orinoco e Branco
ciais e assim melhorar o nível caitográfico da clas-
ultrapassa as nossas fronteiras, atingindo a Vene-
sificação da vegetação brasileira.
zuela e a Colômbia, porém em áreas bem menores
A formação florestal decidual situada ao norte de do que a ocupada no Brasil. Ocupa áreas tabulares
Boavista (RR), no hemisfério Norte, reveste o pla- arenosas, bastante lixiviadas pelas chuvas durante
nalto arenítico de Roraima com uma fisionomia
os últimos 10 000 anos, além destas áreas tabulares
ecológica tipicamente caducifólia, dominada por
encontram-se em grande depressões fechadas, sufi-
Leguminosae do gênero Cassia. Mais ao sul, reves-
tindo o planalto de Conquista (BA), encontra-se cientemente encharcadas no período chuvoso e com
uma vegetação florestal de porte médio dominada influência dos grandes rios que cortam a região, em
por ecótipos dos gêneros Parapiptadenia e Anade- todas as direções.
nanthera sempre associados aos gêneros Cavanil- Esta classe de formação é dividida em três sub-
lesia, Tabebuia, Cedrela, entre muitos outros. grupos de formações: arbórea densa ou florestada,
arbórea aberta ou arborizada e gramínea-lenhosa.
1.6.1.6 Campinarana (Campinas) J.6.1.6 J Campinarana Florestada
Os termos Campinarana e Campina são sinônimos É um subgrupo de formação que oc01Te nos pedi-
e significam "falso campo". A prioridade contudo planos tabulares, dominados por nanofanerófitos
cabe ao primeiro, porque Ducke (1938) e Sampaio finos e deciduais na época chuvosa, assemelhando-
(1944) o empregaram para a região ecológica do se a uma "floresta-riparia". Em sua composição
alto rio Negro, embora também tenham se referido florística predominam ecótipos do gênero Clusia,
ao mesmo tipo de vegetação com a designação associados aos ecótipos dos gêneros amazônicos
"caatinga do rio Negro". Spruce (1908) foi o pio- que a caracterizam, tais como: Aldina, Hevea, Hen-
neiro no uso do termo "caatinga-gapo" para a região
riquezia, Eperua, Caraipa e outros tipicamente
do rio Negro, termo este extrapolado pelos fitogeó-
amazônicos, mas com espécies endêmicas que ocor-
grafos brasileiros como "caatinga simplesmente".
rem preferencialmente nestes interflúvios tabulares.
Esta interpretação não é muito coITeta, pois, segun-
do Veloso et al. (1975), "caatinga-gapo" traduz-se A bacia do alto rio Negro foi o centro de dispersão
por uma vegetação lenhosa aberta dos pântanos com desta flora, e os ambientes situados ao longo dos
umidade, com sentido inverso do termo caatinga do rios de água preta, que segundo Sioli (1962) reve-
Nordeste brasileiro, que significa vegetação lenhosa lam a presença de ácidos úmicos e material turfoso
aberta espinhosa caducifólia das áreas áridas do inerte em suspensão, são os locais onde estes
Nordeste brasileiro. gêneros melhor se adaptaram. Nos flúvios dessa
Também o termo Campinas empregado por Lind- intricada rede hidrográfica, que só é realmente ativa
man (1906) para designar os "campos do Rio Gran- na época das grandes chuvas, ocorrem três espécies
de do Sul", os quais dividiu em "campo sujo e endêmicas de palmeiras, Astrocarium javari
campo limpo", de acordo com a maior ou menor (javari), Leolpodinia pulchra e Euterpe catingae
quantidade de plantas raquíticas lenhosas que pra- (açaí-chumbinho), que oc01Tem também na Campi-
guejavam os referidos campos, por questões priori- narana Arbórea Aberta.

Maniwl Técnico da Vegetação Brasileira 25


1.6.1.6.2 Campinarana Arborizada • Beard (1953) • "Savana"
-Aubréville (1956) - .. Savana"
Este subgrupo de formação é dominado por plan- • Schnell (1971) - "Savana"
tas raquíticas, os mesmos ecótipos que ocorrem nos • Projeto
interflúvios tabulares da região ecológica que são RADAMBRASIL (1973186) . "Savana (Cerrado)'
capeadas pelo solo Podzol Hidromórfico das de-
pressões fechadas, em geral circulares e totalmente
cobertas por Trichomanes, com esparsos indivíduos Após as ponderações anteriores, resolveu-se ado-
xeromorfos providos de xilopódios, e tufos do lí- tar o termo Savana como prioritário e Cerrado, entre
quen Cladonia, refugiados sob a sombra da Humiia parêntese, como sinônimo regionalista, por apre-
balsamifera var. floribunda (umiri-da-campina), sentar uma fitofisionomia ecológica homóloga à da
que na floresta ombrófila atinge alto porte. No meio África e Ásia.
destes nanofanerófitos esparsos, ocorrem alguns A Savana então é definida como uma vegetação
caméfitos endêmicos da área. A ocorrência das pal- xeromorfa preferencialmente de clima estaciona!
meiras Astrocarium javari, Leopoldinia pulchra e (mais ou menos 6 meses secos), não obstante po-
Euterpe catingae é bastante significativa. dendo ser encontrada também em clima ombrófilo.
O gênero Cladonia, possivelmente a espécie C. Reveste solos lixiviados aluminizados, apresentan-
viridis, é o mesmo que ocorre nas áreas pantanosas do sinúsias de hemicriptófitos, geófitos e fanerófi-
do hemisfério Norte e nos pontos alto-montanos tos oligotróficos de pequeno porte, com ocorrência
turfosos dos refúgios relíquias da Amazônia, como por toda a Zona Neotropical.
o Pico da Neblina, no Estado do Amazonas, o A Savana (Cerrado) foi subdividida em quatro
conhecido Morro do Sol, no Estado de Roraima, e subgrupos de formação:
na maioria das áreas pioneiras sob influência mari-
nha. 1.6.1.7.1 Savana Florestada (Cerradão)

1.6.1.6.3 Campinarana Gramíneo-Lenhosa Subgrupo de formação com uma fisionomia típica


e caracteristica, restrita das áreas areníticas lixivia-
Este subgrupo de formação ocorre nas planícies
das com solos profundos, ocorrendo em clima tro-
encharcadas, próximas aos rios e lagos da região.
Estas planícies são capeadas por um tapete de geó- pical eminentemente estaciona!.
fitos e hemicriptófitos das famílias Gramineae e Apresenta sinúsias lenhosas de micro e nanofane-
Cyperaceae, ambas de dispersão Pantropical. Aí rófitos tortuosos com ramificação irregular, provi-
também ocorrem muitos caméfitos rosulados do das de macrófilos esclerófilos perenes ou
gênero Paepalanthus que imprimem à fisionomia, semidecíduos, ritidoma esfoliado corticoso rígido
juntamente com vários ecótipos, geófitos e epífitas,
das famI1ias Amarylidaceae, Xyridaceae e Orctúda- ou córtex maciamente suberoso, com órgãos de
ceae, a característica campestre pantanosa. reserva subterrâneos ou xilopódio. Não apresenta
uma sinúsia nítida de caméfitos, mas sim um relevo
hemicriptofítico, de permeio com plantas lenhosas
1.6.1.7 Savana (Cerrado)
raquíticas e palmeiras anãs.
O termo Savana é procedente da Venezuela, tendo
sido empregado pela primeira vez por Oviedo & Extremamente repetitiva, a sua florística reflete-se
Valdez (1851), para designar os "lhanos arbolados de norte a sul em uma fisionomia caracterizada por
da Venezuela" (formação graminóide dos planaltos, dominantes fanerófitos típicos, tais como:
em geral coberta por plantas lenhosas) e posterior- - Caryocar brasiliense (Caryocaraceae, pequi).
mente levado para a Africa (apud Tansley, 1935).
No decorrer das décadas vários autores - Salvertis convallariodora (Vochysiaceae, pau-de-
utilizaram-se de outros termos, abaixo relaciona- colher).
dos, para designar este tipo de vegetação: - Boldichia virgilioides (Leguminosae Pap., sucupi-
ra-preta).
• Humboldt (1806) • chamando-o de "estepe"
• Drude (1889) - denorrúnando-o de "estepe tropical 11
- Dimorphandra mollis (Leguminosae Caes., favei-
• Schimper (1903) - designando-o de "floresta de savana" ro ).
para representar as formações
grarninosas arOOrizadas intertropicais - Qualea grandiflora (Vochysiaceae, pau-terra-de-
Wanning (1908) - denominou no Brasil de "campos folhas-grandes ).
cerrados ou vegetação xerofftica". etn
face de um longo periodo seco bem - Qualea parviflora (Vochysiaceae, pau-terra-de-
marcaOO
• Chevalier (1932) - '
1
Savana"
folhas-miúdas ).
-Lanjouw (1936) - "Savana11 - Anadenanthera peregrina (Leguminosae Mim.,
-Trochain (19051/54) - "Savana" angico-preto)
• Rawitscher (1952) • adotou a temúnologia de Warming de
"campo cerrado" - Kielmeyera coriacea (Guttiferae, pau-santo).

26 Manual Técnico da Vegetação Brasileira


J.6.1.7.2 Savana Arborizada (Campo-Cerrado) A composição florística é bastante diversificada,
Subgrupo de formação natural e/ou antrópico que sendo seus ecótipos mais representativos as plantas
se caracteriza por apresentar uma fisionomia nano- lenhosas:
fanerofítica rala e outra hemicriptofítica graminói- - Andira humilis (Leguminosae Pap., angelim-do-
de, contínua, sujeita ao fogo anual. Estas sinúsias cerrado).
dominantes formam uma fisionomia em terrenos - Cassia spp. (Leguminosae Caes., fedegoso-do-
degradados. A composição florística, apesar de se- cerrado). O gênero Cassia foi considerado segundo
melhante à da Savana Florestada (Cerradão), possui o conceito de Bentham.
ecótipos dominantes que caracterizam os ambientes - Byrsonima spp. (Malpighiaceae, murici-rasteiro).
de acordo com o espaço geográfico ocupado, tais - Bauhinia spp. (Leguminosae Caes., unha-de-
como: vaca).
- Amapá (AP) - Salvertia convallariodora (Vochy- -Attalea spp. (Palmae, palmeirinha-do-cerrado).
siaceae, pau-de-colher). -Allagoptera campestris (Palmae, coco-de-raposa).
- Roraima (RR) - Curatella americana (Dillenia- - Orbignya eichleri (Palmae, coco-de-guriri)
ceae, lixeira). e as plantas graminóides (Gramineae).
-Axonopus spp. (grama-do-cerrado).
- Pará (PA-Tiriós) - Himatanthus sucuuba (Apo- -Andropogon spp. (capim-do-cerrado).
cyn., sucuuba).
-Aristida pallens (capim-barba-de-bode).
- Maranhão (MA), Piauí (PI) e Ceará (CE) - Parkia - Echinolaena inflexa.
platycephala (Leguminosae Mim., faveira). - Paspalum spp.
- Pará (PA-serra do Cachimbo) - Platonia insignis - Trachypogon polymorphus (capim-redondo).
(Guttiferae, bacuri). - Schizachyrium spp.
- Minas Gerais (MO-sul-mineiro) - Dimorphandra - Tristachya spp. (capim-flechinha).
mollis (Leg. Mim., faveiro). Além de muitos nanofanerófitos raquíticos das
- São Paulo (SP) e Paraná (PR) - Stryphnodendron famílias Compositae, Myrtaceae, Melastomata-
adstringe1is (Leg. Mim., barbatimão). ceae, Malvaceae e muitas outras de menor im-
portância fisionômica.
1.6.1.7.3 Savana Parque
Subgrupo de formação essencialmente constituído 1.6.1.8 Savana-Estépica (Caatinga do Sertão
por um estrato graminóide, integrado por hemicrip- Árido, Campos de Roraima, Chaco Sul-Mato-
tófitos e geófitos de florística natural e/ou antropi- Grossense e Parque de Espinilho da Barra do rio
zada, entremeado por nanofanerófitos isolados, Quaraí)
com conotação típica de um "parque inglês" (Park-
land). O binômio Savana-Estépica, criado e apresentado
por Trochain em 1948/54 (Apud. Schnell, 1971) e
A savana parque de natureza antrópica é encontra- reafirmado no Acordo Interafricano sobre os tipos
da em todo o País e a natural, nas áreas abaixo
de vegetação da África Tropical (Trochain, 1957),
relacionadas com os seguintes ecótipos dominantes:
foi originalmente usado para designar uma vegeta-
- Ilha de Marajó - Hancomia speciosa (Apocyna- ção tropical de características estépicas próximo à
ceae, mangaba). Zona Holártica Africana.
- Pantanal Sul-Mato-Grossense - Tabebuia carai- O termo foi empregado para designar a área do
ba (Bignoniaceae, paratudo). "sertão árido nordestino" com dupla estacionalida-
de, uma área disjunta no norte do Estado de Roraima
- Depressão do Araguaia e ilha do Bananal - Byr-
e duas outras áreas também disjuntas chaquenhas -
sonima sericea (Malpigniaceae, murici).
uma no extremo sul do Estado do Mato Grosso do
1.6.1.7.4 Savana Gramínea-Lenhosa Sul e outra na batTa do rio Quaraí quando desembo-
cano rio Uruguai, no Estado do Rio Grande do Sul.
Prevalecem nesta fisionomia, quando natural, os O sertão árido nordestino apresenta freqüente-
gramados entremeados por plantas lenhosas raquí- mente dois períodos secos anuais, um com longo
ticas, que ocupam extensas áreas dominadas por déficit hídrico seguido de chuvas intermitentes e
hemicriptófitos e que, aos poucos, quando maneja- outro com seca curta seguido de chuvas torrenciais
das através do fogo ou pastoreio, vão sendo substi- que podem faltar durante anos.
tuídas por geófitos que se distinguem por apresentar A disjunção situada no extremo norte do Estado de
colmos subterrâneos, p01tanto, mais resistentes ao Roraima, na Chapada de Surumu, atualmente en-
pisoteio do gado e ao fogo. contra-se bastante antropizada (Veloso et ai., 1975).

Manual Técnico da Vegetação Brasileira 27


A vegetação do denominado "Chaco Boreal argen- Astronium, pertencentes à famt1ia Anacardiaceae
tino-paraguaio-boliviano" é encontrada em sua fase que é de dispersão Pantropical, são Neotropicais,
úmida desde a confluência do rio Apa com o rio sendo o primeiro andino-argentino e o segundo
Paraguai, prossegue comprimida entre a cuesta da afro-amazônico; Acacia, Mimosa, Cassia, e outros
serra da Bodoquena e o rio Paraguai até o seu da famflia Leguminosae, de dispersão Pantropical,
afluente rio Miranda, de onde avança até as cerca- com distribuição descontínua, apresentam maior
nias da cidade de Miranda (MS). Daí segue até a número de ecótipos do Novo Mundo.
cidade de Corumbá, sempre flanqueando o rio Para- Já a disjunção florística do Chaco brasileiro,
guai, revestindo morrotes Pré-Cambrianos ricos em situada na grande depressão pantaneira, é caracteri-
manganês e ferro, podendo também ser encontrada zada pela maioria dos gêneros citados, mas mere-
dispersa até as margens do rio Guaporé, afluente do cendo destaque os taxa Schinopsis (Anacardiaceae)
rio Mamoré, já em território amazônico, no Estado e Aspidosperma (Apocynoceae) que têm aí o seu
de Mato Grosso. maior número de ecótipos específicos, o que sugere
A disjunção chaquenha do "Parque do Espinílho" partir daí o seu ponto de dispersão pela plataforma
ocorre na planície alagável situada no extremo su- brasileira. Justamente, estes dois primeiros gêneros
doeste do Estado do Rio Grande do Sul. Encontra-se não têm espinhos e somente perdem parcialmente
ainda bastante preservada e seus ecótipos naturais suas folhas, embora possuam casca grossa e porte
revestem terrenos de deposição recente localizados mesofanerofítico.
entre os rios Quaraí e o Uruguai.
Estas duas disjunções ecológicas da denominada 1.6.1.8.2 Savana-Estépica Arborizada
"savana úmida chaquenha", situadas no Brasil com Este subgrupo de formação apresenta as mesmas
características típicas de dupla estacionalidade, características florísticas da fisionomia ecológica
apresentam três meses frios com fracas chuvas que anterior, porém os indivíduos que o compõem são
provocam seca fisiológica, seguido de grande mais baixos, existindo claros entre eles.
período chuvoso, com um mês de déficit hídrico, Na depressão interplanáltica nordestina (Caatinga
conferindo ao clima regional a característica princi- do sertão árido), dominam os ecótipos: Spondias
pal de dupla estacionalidade. A dupla estacionali- tuberosa (Anacardiaceae) sendo o gênero de disper-
dade climática verificada nessas áreas, aliada à são amazônica, mas a espécie dessa depressão en-
identidade florística e à fisionomia ecológica, im- dêmica; Commiphora leptophloeos (Burseraceae),
plica na semelhança desse tipo de vegetação, que o gênero de dispersão afro-amazônica, mas a espé-
conceituou-se como Savana-Estépica, por analogia cie também endêmica; Cnidoscolus phyllacanthus
dos ecótipos afro-amazônicos e andino-argentinos (Euphorbiaceae) com família de dispersão Pantro-
que migraram através do tempo, formando dis- pical, porém de ecótipo endêmico; Aspidosperma
junções bem distintas uma da outra. pyrifolium (Apocynaceae), o gênero com dispersão
Este tipo de vegetação ou classe de formação andino-argentina, mas de ecótipo endêmico; e vá-
subdivide-se em quatro subgrupos de formações rios ecótipos do gênero Mimosa (Leguminosae
situados em áreas geomorfologicamente distintas, a Mim.) que muito bem caracterizam grandes áreas
saber: do "sertão nordestino" (Caatinga).
Na depressão pantaneira sul-mato-grossense, do-
1.6.J.8.l Sava1U1-Estépica Florestada minam os mesmos gêneros com ecótipos endêmi-
Subgrupo de formação caracterizado por micro cos desta disjunção florística, como por exemplo:
e/ou nanofanerófitos, com média de 5 m, excep- Prosopis eAcacia (Leguminosae Mim.), Nanofane-
cionalmente ultrapassando os 7 m de altura, mais ou rófitos com alturas entre 1 e 2 m e Ziziphus mistol
menos densos, com grossos troncos e esgalhamento (Rhamnaceae) também raquítica e Celtis tala (Ul-
bastante ramificado em geral provido de espinhos mac.), estes dois últimos com espinhos nas folhas,
e/ou acúleos, com total decidualidade na época des- troncos e galhos, sendo estas as principais caracte-
favorável. rísticas florísticas da referida disjunção.
A flora do "sertão nordestino" (caatinga), situada 1.6.1.8.3 Savana-Estépica Parque
na grande depressão interplanáltica bastante ar- Termo introduzido na fitogeografia por Tansley &
rasada, é caracterizada sobretudo pelos gêneros: Chipp (1926) para designar uma fisionomia do Cha-
Cavanillesia e Chorisia da família Bombacaceae, co argentino (Parkland). Este subgrupo de forma-
de dispersão Pantropical, sendo que o gênero ção é o que apresenta características fisionômicas
Cavanillesia, Neotropical, é homólogo do gênero mais típicas, com nanofanerófitos de um mesmo
Adansonia, Paleotropical africano; Schinopsis e ecótipo bastante espaçados, como se fossem plan-

28 Manual Técnico da Vegetação Brasileíra


tados, isto porque apresentam uma pseudo-ordenação pelo capim-panasco (Aristida sp.), um hemicriptó-
de plantas lenhosas raquíticas sobre denso tapete fito que se apresenta com aspecto de palha na seca
gramíneo-lenhoso de hemicriptófitos e caméfitos. e que enverdece na época das águas. Este campo é
Na depressão interplanáltica nordestina (Caatinga entremeado de nanofanerófitos espinhosos, despi-
do sertão árido), dominam vários ecótipos, dentro dos de folhagem na seca e folhoso na época das
dos quais se destacam: Mimosa acustipula (Legu- chuvas, pertencentes ao gênero Jatropha (pinhão-
minosae Mim.), associadas a outros ecótipos do brabo) da família Euphorbiaceae de distribuição
mesmo gênero que, embora de ampla dispersão, Pantropical.
dominam na América tropical; Auxemma oncolalyx Na depressão pantaneira do Chaco brasileiro,
(Borrag., pau-branco), Combretum leprosum (Com- domina também um campo grarninoso de Parathe-
bret., mofumbo); eAspidospermapyrifolium (Apo- ria prostata, Aristida sp. e Elionurus sp., entre-
cynac., pereiro) de famílias Pantropicais, contudo meado por plantas lenhosas espinhosas, como
de gêneros afro-amazônicos, sendo o último andi- Celtis tala da família Pantropical Ulmaceae, asso-
no-argentino. Estes nanofanerófitos estão sempre ciado com outros ecótipos também espinhosos que
associados ao "capim-panasco" do gênero Aristida imprimem à fisionomia uma característica de
de dispersão mundial, principalmente nas zonas "campo espinhoso".
Paleotropical e Neotropical.
Este subgrupo de formação recobre geralmente
pequenas depressões capeadas que, na época das
1.6.1.9 Estepe (Campos-Gerais Planálticos e
chuvas, são alagadas. Esse processo de inundação Campanha Gaúcha)
decorre da má drenagem dos solos dominantes - O termo Estepe de procedência Russa foi empre-
Vertissolos. gado originalmente na Zona Holártica e extrapolado
Na depressão pantaneira sul-mato-grossense para outras áreas mundiais, inclusive a Neotropical
(Chaco brasileiro) domina, quase sempre, o nanofa- sul brasileira, por apresentar homologia ecológica.
nerófito Acacia farnesiana que ocorre nas áreas Esta área subtropical, onde as plantas são subme-
alagadas de difícil escoamento. Contudo, na época
tidas a uma dupla estacionalidade - uma fisiológica
seca, estas áreas são cobertas por A ris tida columbri-
provocada pelo frio das frentes polares e outra seca
na que possui ampla dispersão na área. Um outro
mais curta, com déficit hídrico - apresenta uma
ecótipo que constitui a fisionomia de Parque na homologia fitofisionômica, embora seja diferente
disjunção florística pantaneira é a Copernicia pru- da área original Holártica. A sua fisionomia apre-
nifera var. australis (para os botânicos argentinos senta uma homologia bastante sugestiva com o ter-
var. alba) que forma grandes agrupamentos, quase
mo "prairie" (campos das áreas frias temperadas),
puros (consorciações), nas largas e rasas depressões
embora seja amplo e muito genérico, daí a escolha
alagáveis por ocasião das enchentes do rio Paraguai,
do termo prioritário "estepe".
tanto do lado da Bolívia como do Brasil. No extre-
mo sul do País, situado na barra do rio Quaraí com Atualmente estas áreas, apesar de estarem bastante
o rio Uruguai, este subgrupo de formação constitui antropizadas, podem ser separadas em três subgru-
o conhecido e clássico exemplo do "parque do espi- pos de formação situados em dois grandes tipos de
nilho". Este parque é formado quase que exclusiva- relevo: o pediplano gaúcho e o planalto meridional.
mente pelas associações de Prosopis algarobilla A florística gramíneo-lenhosa da Campanha Gaú-
(algaroba) e Acacia farnesiana (espinilho), am- cha é quase toda originada das áreas pré-andinas,
bos espinhosos e caducifólios, além da Aspidos- com alguns gêneros cosmopolitas Pantropicais. Nas
perma quebracho-blanco (quebracho-branco) e áreas do Planalto Meridional a Araucaria angusti-
de outras menos numerosas, como: Scutia buxifo- folia, de origem Australásica, mas de distribuição
lia (coronilha), Celtis tala (taleiro), Parkinsonia afro-brasileira, ocorre imprimindo o caráter diferen-
aculeata (cinacina) e Acanthosyris spinescens cial à Campanha Gaúcha, pois as vegetações cam-
(sombra-de-touro). pestres das duas áreas são muito semelhantes e
foram igualadas pelo fogo anual e pelo intenso
1.6.1.8.4 Savana-Estépica Gramínea-Lenhosa pisoteio do gado.
Este subgrupo de formação, também conhecido
como campo espinhoso, apresenta características 1.6.1.9.1 Estepe Arborizada
florísticas e fisionômicas bem típicas, tais como um Este subgrupo, de formação localizado no planalto
extenso tapete grarninoso salpicado de plantas le- sul-rio-grandense e divisores de águas dos rios Ca-
nhosas anãs espinhosas. maquã e lbicuí, caracteriza-se pela dominância de
Na depressão interplanáltica nordestina (Caatinga solos rasos (Litólicos), com Afloramentos Rocho-
do sertão árido) o terreno é coberto inteiramente sos.

Manual Técnico da Vegetação Brasileira 29


A fitofisionomia é constituída de dois estratos alteram o visual do Parque, imprimindo-lhe nuan-
distintos. O primeiro deles compõe-se de micro e ças de cor e de valor agrostológico. Porém, ainda
nanofanerófitos dispersos, perenifoliados coriá- são as Gramineae que dominam na paisagem, como
ceos, ligados ou não a floresta-de-galeria, onde a por exemplo: Paspalum notatum (grama-forqui-
Scutia buxifolia (corxonilha), Sebastiania commer- lha), Axonopus fissifolius (grama-jesuíta), Andro-
soniana (branquilho), Lithraea brasiliensis (bu- pogum lateralis (capim-caninha) e Stipa spp.
greiro), Celtis tala (taleiro), Schinus mollis (capim-flechinha), entre outras de menor importân-
(aroeira-salsa), Acacia farnesiana (espinilho), As- cia. Como se pode ver, neste estrato, ainda existem
tronium balansae (pau-ferro), são os principais ecó- alguns elementos nativos estépicos, como por
tipos, todos de origem andino-argentina. exemplo vários ecótipos do gênero Stipa que domi-
Dispersos nos Afloramentos Rochosos os nanofa- nam na Estepe do Uruguai e da Argentina.
nerófitos e caméfitos se fazem notar através das
1.6.1.9.3 Estepe Gramínea-Lenhosa
cactáceas dos gêneros Cereus e Opuntia, também
de origem tropical andina. Neste subgrupo de formação observam-se as "flo-
O segundo estrato é formado por hemicriptófitos restas-de-galeria" de porte baixo flanqueando algu-
(gramíneas cespitosas), representados por Erianthus mas drenagens. O estrato herbáceo é constituído por
sp. (macega), Andropogon lateralis (capim-cani- duas sinúsias graminóides, a dos hemicriptófitos e
nha), Aristida pallens (capim-barba-de-bode) e por a dos geófitos, ambas apresentando pilosidade nas
folhas e colmos, o que sugere uma adaptação ao
geófitos (gramíneas rizomatosas), destacando-se o
ambiente relativamente seco. No presente caso pa-
Paspalum notatwn (grama-forquilha), Axonopus
rece tratar-se de compactação superficial do terreno,
fissifolius (grama-tapete) e outros ecótipos inva- em vista das queimadas anuais e do excessivo piso-
sores, em face da degradação do solo devido às teio do gado.
constantes queimadas anuais e ao pisoteio do gado. Estes campos limpos, que na época desfavorável
Vários caméfitos, como Baccharis spp. (vassouras), apresentam uma coloração acinzentada, são domi-
Heterotalamus sp. (alecrim), Eryngium horridum nados porecótipos dos gêneros Stipa,Andropogon,
(caraguatá) e outros de menor expressão, porém Aristida e Erianthus, o que demonstra que a Estepe
com ampla dispersão, são também invasores dos do Rio Grande do Sul e a das áreas situadas no
solos degradados. Contudo o mais importante é a planalto Meridional estão atualmente igualados
Compositae do gênero Eupatorium sp. (chirca) que pelo mau uso do solo.
forma densos agrupamentos no meio dos campos Um exemplo de progressiva "desertificação", pelo
estépicos e que, provavelmente, é endêmico da mau uso do solo, pode ser observado em áreas
Estepe do Uruguai e/ou do sudeste do Estado do Rio areníticas de Alegrete e Itaqui, onde vicejam os
Grande do Sul. campos quase desprovidos de vegetação na época
desfavorável.
1.6.1.9.2 Estepe Parque
Localizada em diferentes áreas, nos planaltos das 1.6.2 Classificação das Áreas das Formações
Araucárias, sul-rio-grandense e da Campanha, tam- Pioneiras
bém ocorre nos divisores de águas dos rios Ibira-
ui tã e lbicuí da Cruz, apresentando uma Ao longo do litoral, bem como nas planícies flu-
fitofisionomia fonnada basicamente por nanofane- viais e mesmo ao redor das depressões aluvionares
rófitos freqüentes e dispersos regularmente. Como (pântanos, lagunas e lagoas), ocorrem freqüente-
mente terrenos instáveis cobertos de vegetação, em
exemplo clássico, cita-se o Planalto da Campanha
constante sucessão, de terófitos, criptófitos (geófi-
Gaúcha onde ocorrem ecótipos da família Anacar-
tos e/ou hidrófitos), hemicriptófitos, caméfitos e
diaceae: Lithraea brasiliensis (bugreiro ), Schinus nanofanerófitos. Trata-se de uma vegetação de pri-
mollis (aroeira-salsa) e Astronium balansae (pau- meira ocupação de caráter edáfico, que ocupa os
ferro ), além de outros ecótipos de várias famílias, terrenos rejuvenescidos pelas seguidas deposições
mas com menor representatividade. Esta fisionomia de areias marinhas nas praias e restingas, as aluviões
de Parque sugere uma causa antrópica para aumen- fluviomarinhas nas embocaduras dos rios e os solos
tar os "campos-de-pastagens", que concorre para a ribeirinhos aluviais e lacustres. São essas as fonna-
degradação cada vez maior dos terrenos pelo mau ções que se consideraram como pertencendo ao
uso do solo. "complexo vegetacional edáfico de primeira ocupa-
O estrato grarninoso é dominado pelas mesmas ção" (formações pioneiras).
formas de vida do subgrupo de formação anterior, A designação vegetação edáfica de primeira ocu-
além de algumas terófitas que, como plantas anuais, pação prende-se assim a uma tentativa de conceituar

30 Manual Técnico da Vegetação Brasileira


comunidades localizadas, sem ligá-las prioristica- Aechmea que se destacam justamente nos Estados
mente às regiões clímaces, pois a vegetação que do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
ocupa uma área com solo em constante rejuvenes-
cimento nem sempre indica estar a mesma no 1.6.2.2 Vegetação com Influência Fluviomarinha
caminho da sucessão para o clímax da região cir- (Manguezal e Campo Salino)
cundante. São exemplos: as vegetações da orla
O manguezal é a comunidade microfanerofítica de
marítima e dos pântanos, ambas, semelhantes entre ambiente salobro, situada na desembocadura de rios
si, em qualquer latitude ou longitude do País, sem- e regatos no mar, onde, nos solos limosos (mangui-
pre com plantas adaptadas aos parâmetros ecológi- tos), cresce uma vegetação especializada, adaptada
cos do ambiente pioneiro. Isto talvez sugira a causa à salinidade das águas, com a seguinte seqüência:
de estarem estas comunidades ligadas a famílias e Rhizophora mangle, Avicennia, cujas espécies va-
gêneros do universo tropical psamófilo e hidrófilo, riam conforme a latitude norte e sul e a Laguncula-
seja através da dispersão de seus ecótipos ou seja ria racemosa, que cresce nos locais mais altos, só
através da adaptação ao ambiente especializado atingidos pela preamar. Nesta comunidade yode
tropical, cujos fatores limitantes, em geral, determi- faltar um ou mesmo dois desses elementos. E fre-
naram ecótipos de distribuição universal, como é o qüente observar-se o manguezal só de Rhizophora
caso dos gêneros: Remirea das praias, Salicornia como o do Maranhão ou só de Avicennia como o do
das áreas psamófilas, Rhizophora e Avicennia dos Amapá e Santa Catarina, pois a Laguncularia só
manguezais e Typha das áreas pantanosas: aparece quando existe terreno firme nos terraços e
Consideraram-se, assim, para as escalas regional nas planícies salobras do fundo das baías e dos rios.
e de detalhe, as seguintes comunidades pioneiras: Em algumas dessas planícies, justamente quando
a água do mar fica represada pelos terraços dos rios,
a área salobra é densamente povoada por Gramineae
1.6.2.1 Vegetação com Influência Marinha do gênero Spartina e pela Salicornia portulacoides
(Restingas) que imprimem ao "campo salino" o caráter de um
"manguezal camefítico".
As comunidades vegetais que recebem influência
direta das águas do mar apresentam como gêneros 1.6.2.3 Vegetação com Influência Fluvial
característicos das praias: Remirea e Salicornia.
(Comunidades Aluviais)
Seguem-se em áreas mais altas afetadas pelas marés
equicionais, as conhecidas Ipomoea pes-caprae e Trata-se de comunidades vegetais das planícies
Canavalia rosea, além dos gêneros Paspalum e aluviais que refletem os efeitos das cheias dos rios
Hidrocotyle. As duas primeiras são plantas escan- nas épocas chuvosas ou, então, das depressões ala-
dentes e estoloníferas que atingem as dunas, contri- gáveis todos os anos. Nestes terrenos aluvionares,
buindo para fixá-las. Outros gêneros associados a conforme a quantidade de água empoçada e ainda o
este plano mais alto das praias contribuem para tempo que ela pe1manece na área, as comunidades
caracterizar esta comunidade pioneira e dentre eles vegetais vão desde a pantanosa criptofítica (hidró-
merecem destaque: Acicarpha, Achyrocline, Poly- fitos) até os terraços alagáveis temporariamente dos
gala, Spartina, Vigna e outros. Uma espécie de terófitos, geófitos e caméfitos onde, em muitas
Palmae (ochlospécie) que ocorre nas restingas des- áreas, as Palmae dos gêneros Euterpe e Mauritia se
de o Estado do Amapá até o Estado do Paraná é a agregam, constituindo o açaizal e o buritizal do
Allagoptera marítima, provável "vicariante" da A. norte do País.
campestre da Savana planáltica do interior brasilei- Nos pântanos, o gênero cosmopolita Typha fica
ro. confinado a um ambiente especializado, diferente
Nas dunas propriamente ditas, a comunidade ve- dos gêneros Cyperus e Juncus que são exclusivos
getal apresenta-se dominada por nanofanerófitos das áreas pantanosas dos trópicos. Estes três gêne-
onde o Schinus terebenthifolius e a Lythraea brasi- ros dominam nas depressões brejosas em todo o
liensis imprimem à mesma um caráter lenhoso. País.
Destacam-se também os gêneros Erythroxylon, Nas planícies alagáveis mais bem drenadas ocor-
Myrcia, Eugenia e outros de menor importância
associativa. rem comunidades campestres, e os gêneros Pani-
No "pontal rochoso" que deu origem à restinga, a cum e Paspalum dominam em meio ao caméfito do
vegetação pioneira varia do resto das comunidades gênero Thalia. Nos terraços mais enxutos dominam
arenosas. Neste pontal a principal espécie caracte- nanofanerófitos dos gênerosAcacia e Mimosa, jun-
rística é a Clusia criuva associada às Cactaceae dos tamente com várias famílias pioneiras, tais como:
gêneros Cereus e Opuntia, além das muitas Brome- Solanaceae, Compositae, Myrtaceae e outras de me-
liaceae dos gêneros Vriesia, Bromelia, Canistrum, nor importância sociológica.

Manual Técnico da Vegetação Brasileira 31


Essa sucessão natural da vegetação pioneira já foi 1.6.4 Classificação dos Refúgios Vegetacionais
estudada em várias regiões do Brasil, principal- (Comunidades Relíquias)
mente na Amazônia, onde existem as maiores áreas
de várzeas do País. Toda e qualquer vegetação floristicamente dife-
rente e logicamente fisionômico-ecológica também
diferente do contexto geral da flora dominante foi
1.6.3 Classificação das Áreas de Tensão considerada como um "refúgio ecológico". O refú-
Ecol6gica (Vegetação de Transição) gio muitas vezes constitui uma vegetação relíquia
Entre duas ou mais regiões ecológicas ou tipos de que persiste em situações especialíssimas, como é
vegetação, existem sempre, ou pelo menos na maio- o caso de comunidades localizadas em altitudes
ria das vezes, comunidades indiferenciadas onde as acima de 1 800 m.
floras se interpenetram constituindo as transições O refúgio ecológico fazendo parte da vegetação
florísticas ou contatos edáficos. O primeiro caso se regional é determinado por parâmetros ambientais
refere ao "mosaico específico" ou ao próprio ecóto-
no de Clements (1949). O segundo caso se refere ao mais ou menos constantes, contudo, quando um ou
"mosaico de áreas edáficas", onde cada encrave mais destes fatores físicos forem alterados prova-
guarda sua identidade ecológica, sem se misturar velmente ocorrerão modificações na estrutura e
(Veloso et alii, 1973). mesmo na florística da vegetação clímax. Assim,
A cartografia da "tensão ecológica" é uma questão qualquer fator que destoe deste sincronismo am-
de escala, pois nas escalas de semidetalhe e de biental terá como resposta fisionomias diferentes
detalhe tanto o ecótono como o encrave são perfei- nos ambientes menores, como por exemplo: os cu-
tamente detectados e por este motivo devem ser mes litólicos das serras, as altitudes que influenciam
separados e mapeados como entidades inde- no microclima, as áreas tmfosas planálticas e mes-
pendentes. mo das de baixa altura e, assim, toda comunidade
refugiada dissonante do reflexo normal da vegeta-
1.6.3.1 Ecótono (Mistura Florística entre Tipos de ção clímax regional.
Vegetação)
1.7 Sistema Secundário
O contato entre tipos de vegetação com estmturas
fisionômicas semelhantes fica muitas vezes imper- No sistema secundário (antrópico) estão incluídas
ceptível, e o mapeamento por simples fotointerpre- todas as comunidades secundárias brasileiras. São
tação é impossível. Toma-se necessário então o aquelas áreas onde houve intervenção humana para
levantamento florístico de cada Região Ecológica uso da terra, seja com a finalidade mineradora,
para se poder delimitar as áreas do ecótono, como agrícola ou pecuária, descaracterizando a vegetação
por exemplo: Floresta Ombrófila Densa/Floresta primária. Assim sendo essas áreas, quando abando-
Estacionai. Já em outros ecótonos, principalmente nadas, logo depois do seu uso antrópico, reagem
quando os tipos de vegetação que se contatam apre- diferentemente de acordo com o tempo e o uso.
sentam estruturas fisionômicas diferentes, a delimi- Porém, a vegetação que surge reflete sempre, e de
tação desse mosai~o florístico se torna fácil e maneira bastante uniforme, os parâmetros ecológi-
praticável, podendo ser efetuado por simples foto in- cos do ambiente. A sucessão vegetal obedece a um
terpretação, como por exemplo: Floresta Ombrófi- ritmo, ao refazer o solo degradado pela ação preda-
la/Savana (Cerrado). tória do homem. As perdas da matéria orgânica
pelas queimadas e a dos elementos químicos do
1.6.3.2 Encrave (Áreas Disjuntas que se Contatam)
solo, pela lixiviação provocada pelas águas das
chuvas, empobrecem rapidamente os solos tropi-
No caso de mosaicos de áreas encravadas situadas cais, que custam a se recuperar naturalmente. A
entre duas regiões ecológicas, sua delimitação tor- adição de calcário dolomítico aos solos degradados
na-se exclusivamente cartográfica e sempre de- reativa as trocas dos cátions imobilizados pelo ex-
cesso de alumínio e acelera o reaproveitamento dos
pendente da escala, pois em escalas menores é
solos ditos cansados para a agricultura e principal-
sempre possível separá-las. Esta ocorrência vegeta-
mente para as pastagens plantadas.
cional de transição edáfica não oferece dificuldade
em ser delimitada, seja para os tipos de vegetações Para o presente caso, o que interessa é a chamada
com estruturas fisionômicas semelhantes ou para vegetação secundária, que surge com o abandono da
aqueles com estruturas diferentes, como por exem- terra, após o uso pela agricultura, pela pecuária e
plo: Floresta Ombrófila/Floresta Estacionai ou en- finalmente pelo reflorestamento e/ou florestamento
tão Floresta Ombrófila/Savana (Cerrado). de áreas campestres naturais.

32 Manual Técnico da Vegetação Brasileira


1. 7.1 Sucessão Natural caméfitas herbáceas e muitas lenhosas e/ou suble-
nhosas, sendo denominada como "capoeira rala"
Uma área agrícola, após ser abandonada pelo mau por Veloso (1945).
uso do solo ou por exaustão da fertilidade, apresenta Este estágio apresenta um cobrimento do terreno
inicialmente um processo pioneiro de colonização com plantas de médio porte, os nanofanerófitos, que
do solo por plantas bem primitivas, capazes de atingem excepcionalmente alturas de até 3 m, mas
viverem da água e da "rocha viva" ou dos horizontes bastante espaçados entre si, onde algumas espécies
mineralizados do solo. É o caso do Pteridium aqui- do gênero Vernonia começam a substituir as do
linum (Pteridófita) que coloniza os solos degrada- gênero Baccharis.
dos das áreas serranas altas (submontanas e Observa-se que até esta fase sucessional a vegeta-
mont,anas) das serras costeiras (do Mar, Bocaina, ção natural só pode ser individualizada em ma-
dos Orgãos e da Mantiqueira) e da Jmperata brasi- peamentos detalhados nas escalas maiores que
liensís que coloniza os solos degradados das áreas 1:25 000, por meio de fotografias aéreas pancromá-
baixas costeiras, desde os Latossolos, originados de ticas ou infravermelhas.
terrenos arqueanos, nos estados do Sudeste, até os
Podzólicos, de origem arenítica do Pliopleistoceno, 1.7.1.4 Quarta Fase
nos Estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro.
Estas duas áreas, tomadas como exemplo, apre- Esta fase, com vegetação bastante complexa, do-
sentam um progresso vegetacional de acordo com a minada por microfanerófitos com até 5 m, foi deno-
sucessão de inúmeros terófitos, geófitos, caméfitos, minada por Velo,so (1945) de "capoeira
nanofanerófitos, microfanerófitos e mesofanerófi- propriamente dita". E um estágio sucessional que
tos, todos originados de plantas providas de frutos pode ser detectado por sensoriamento remoto na
e/ou sementes leves emplumadas ou aladas. escala 1: 100 000 por nuança da cor cinza, tal vez a
mais clara de todas com cobertura lenhosa. Contu-
1.7.J.I Primeira Fase do, nas imagens de satélite, o presente estágio pode
ser confundido com culturas lenhosas, necessitando
Esta fase inicial sugere uma "regressão ecológica", assim ser testado com várias observações de campo.
em face de ser colonizada por hemicriptófitos pio- Já em fotografias pancromáticas ou infravermelhas
neiros de famílias bastante primitivas, como é o nas escalas 1:60000 ou maiores, pode-se identificar
caso da Pteridófita Pteridium aquilinum, de distri- razoavelmente esta fase da sucessão natural, sepa-
buição mundial, e da Gramineae Jmperata brasi- rando-a de culturas arbóreas como café, laranja,
liensis, de distribuição neotropical, que reflorestamento e outras mais.
praticamente reiniciam o processo de formação do No caso da comunidade pioneira das áreas monta-
horizonte orgânico do solo. Não se conhece o tempo nhosas costeiras do Sudeste e do Sul do País, dentro
que leva esta colonização (anos ou talvez mesmo das formações ~ecundárias submontana e montana
décadas), contudo é durante esta fase que começa o das Serras dos Orgãos e da Mantiqueira, a Tibouchi-
aparecimento das primeiras terófitas e caméfitas, na estrelensis nas serras e a Tibouchina claussen nos
como por exemplo: Leguminosae reptantes, Verbe- contrafortes dos morrotes dominam, constituindo
naceae e Labiatae anuais (terófitas), Portulacaceae consorciações, como se fossem reflorestamentos.
e muitas outras caméfitas com exigências rudimen- Nos Estados do Paraná e Santa Catarina, nas áreas
tares pioneiras. montanhosas, dominam nas encostas ora Tibouchi-
na pulchra (enquanto nas áreas brejeiras sobressai
1.7.1.2 Segunda Fase a Tibouchina multiceps) ora a Miconia cinnamomi-
Esta fase, que não necessita passar pela primeira, folia. Existem outras associações mais complexas
pois depende do estado em que foi abandonado o dependentes de cada tipo de solo e das situações
terreno após o cultivo agrícola, refere-se ao que o geográficas que apresentam condições de serem
povo denomina de "capoeirinha". Este estágio su- mapeadas por sensoriamento remoto na escala
cessional secundá1io já apresenta hemicriptófitos 1: 100 000 e que ficam uniformizadas dentro do
graminóides, caméfitos rosulados e nanofanerófitos mesmo padrão de imagem das "capoeiras)".
de baixo pmte, como por exemplo: Gramineae do
gênero Paspalum, Solanaceae do gênero Solanum, 1.7.1.5 Quinta Fase
Compositae dos gêneros Mikania e Vernonia e mui-
tas outras. Aí aparecem plantas lenhosas dominadas Esta fase é dominada por ,mesofanerófitos que
por Compositae do gênero Baccharis e Melastoma- ultrapassam 15 m de altura. E um estágio eminen-
taceae dos gêneros Leandra, Miconia e Tibouchina, temente lenhoso, sem plantas emergentes, mas bas-
sendo que este último domina na maioria das comu- tante uniforme quanto à altura dos elementos
nidades submontanas das se1Tas costeiras. dominantes. Aí podem ser observados muit9s indi-
víduos do clímax circundante: na Serra dos Orgãos,
as espécies do gênero Vochysia, nas comunidades
1.7.1.3 Terceira Fase
alto-montanas, e os gêneros Cariniana, Viro/a, Xi-
Esta fase com vegetação mais desenvolvida, ainda /opia e muitas outras na comunidade montana; nas
dominada pelo gênero Baccharis, apresenta poucas encostas da Serra do Mar, em Santa Catarina, as

Manual Técnico da Vegetação Brasileira 33


espécies que aí dominam são da fanu1ia Euphorbia- pouco menores), pode-se perfeitamente mapear os
ceae, principalmente Hieronyma alchorneoides, se- pastos plantados e os naturais por todo o País,
melhantes às da Serra dos Orgãos, ~6 que situadas embora às vezes as comunidades vegetais secundá-
em comunidades nas terras baixas. E uma comuni- rias induzam a erros que não são graves, porque
dade denominada popularmente como "capoeirão", servem para o pastoreio do gado em criação exten-
segundo Veloso (1945). siva.
Nas escalas regionais e exploratórias (de
1: 1 000 000 até 1: 100 000), é difícil e às vezes quase 1. 7.3 Reflorestamento
impossível separar uma floresta secundária, do tipo Nas escalas regional e exploratória, com auxilio
capoeirão, de uma floresta primária onde houve de imagens de satélite, é possível separarem-se per-
exploração seletiva que, em geral, desfalca esta feitamente as áreas reflorestadas das florestas natu-
última dos seus elementos emergentes. Já nas esca- rais e secundárias, mas é quase impossível
las de semidetalhe e de detalhe (maiores que afirmar-se qual a espécie utilizada no refloresta-
1:50 000) é possível a separação deste tipo de co- mento mesmo em se tratando de grupos diferentes,
munidade secundária da floresta primária explorada como por exemplo: Eucalyptus e Pinus ou mesmo
parcialmente. Coniferales em geral. Contudo, nas escalas de se-
midetalhe e detalhe, com auxílio de fotografias con-
1. 7.2 Agropecuária vencionais, pode-se separar facilmente qualquer
Em qualquer escala é fácil delimitarem-se os usos tipo de reflorestamento e/ou florestamento.
agrícolas (agricultura ou pecuária), mas não é sim-
ples separar culturas permanentes lenhosas, de mé- 1.8 Legenda do Sistema Fitogeográfi-
dio porte, das áreas vegetacionais secundárias, pois co nas Escalas Exploratória e Regio-
as delimitações retangulares das áreas agrícolas per- nal (1:250 000 até 1:1 000 000)
manecem após o abandono dos mesmos, justamente
quando se inicia a sucessão natural. Só após a A) REGIÕES FITOECOLÓGICAS OU TIPOS DE
verificação terrestre das manchas separadas das VEGETAÇÃO
1 • Floresta Ombrófila Densa (Floresta Pluvial
imagens obtidas pelos sensores remotos, é possível Tropical) D
estabelecerem-se, com certa garantia, quais os tipos a) Aluvial (ao longo dos flúvios) Da
de culturas existentes na área estudada. 1) Dossel uniforme Dau
2) Dossel emergente Dae
1. 7.2.1 Agricultura
b) Terras Baixas (4° lat Na 16° lat S, de 5 m até
Em escala regional e exploratória, o máximo a ser 100 m; de 16º lat S a 24° lat S, de 5 m até 50 m; de
feito resume-se em separar as culturas cíclicas das 24° lat S a 32º lat S, de 5 m até 30 m de altitude) Db
permanentes, assim mesmo após boa verificação 1) Dossel uniforme Dbu
terrestre para testar os padrões da imagem do sensor 2) Dossel emergente Dbe
remoto usado. e) Submontana (4° lat Na 16° lat S, de 100 m até
600 m; de 16º lat S a 24º lat S, de 50 m até 500 m;
Nas escalas de semidetalhe e de detalhe, a separa- de 24º lat.S a 32º Iat S, de 30 m até 400 m de
ção do tipo de agricultura realizada pode e deve ser altitude) Ds
detectada, pelo menos as mais importantes, como: 1) Dossel uniforme Dsu
agricultura cíclica de soja, trigo, mrnz e cana-de- 2) Dossel emergente Dse
açúcar, sendo que algumas culturas, como, o feijão d) Montana (4° lat Na 16° lat S, de 600 m até
da área de Irecê, na Bahia, podem ser perfeitamente 2 000 m; de 16º lat S a 24° lat S, de 500 m até
1 500 m; de 24° lat S a 32° lat S, de 400 m até
separadas; agriculturas de café, laranja, cacau são 1 000 m de altitude) Dm
facilmente detectadas após a comparação dos pa- 1) Dossel uniforme Dmu
drões de imagem com a "verdade terrestre". As 2) Dossel emergente Dme
culturas cíclicas e permanentes localizadas em áreas e) Alto-montana (as situações acima dos limites
menores terão de ser englobadas ou então simplifi- extremos das altitudes das formações montanas) D1
cadas para o devido mapeamento. 1) Dossel uniforme Diu
II • Floresta Ombrófila Aberta (Faciações da
1.7.2.2 Pecuária (Pastagem) Floresta Densa) A
Nas escalas regional e exploratória, não é fácil a) Terras Baixas (4° lat Na 16° lat S, de 5 m até
100 m; de 16° lat S a 24° lat S, de 5 m até 50 m de
identificar pastos, separando-os da agricultura cícli- altitude) Ab
ca, o mais conveniente é englobá-los no item "agro- 1) Com palmeiras Abp
pecuária". Também não é fácil separar as culturas 2) Com cipós Abc
permanentes de uma comunidade vegetacional se- b) Submontana (4°Jat.N a 16°1at S, de 100 m até
cundária, porém com o auxílio de padrões típicos é 600 m de altitude) As
possível separá-los em alguns casos. 1) Com palmeiras Asp
Nas escalas de semidetalhe e detalhe, com auxílio 2) Com cipós Ase
de sensores fotográficos pancromáticos e infraver- 3) Com bambus Asb
melhos em escala de até 1:50 000 (ou mesmo um 4) Com sororocas Ass

34 Manual Técnico da Vegetação Brasileira


e) Montana (4° latN a 16" lat S, de 600 m até 2 000 m; de b) Arborizada La
16° latS a 24° lat S, de 500m até 1 500 m de aldtude) 1) Sem palmeiras Las
Am
1) Com palmeiras 2) Com palmeiras Lap
Amp
2) Com cipós e) Gramíneo-lenhosa Lg
Ame
1) Sem palmeiras Lgs
III • Floresta Ombrófila Mista (Floresta de
Araucária) M VII· Savana (Cerrado) s
a) Aluvial (ao longo dos flúvios) Ma a) Florestada (Cerradão) Sd
b) Submontana (24° lat S a 32º lat S, de 30 m até b) Arborizada (Campo-Cerrado) Sa
400m) Ms e) Parque Sp
e) Montana (16° lat S a 24° lat S, de 500 m até 1) Sem floresta-de-galeria Sps
1 500 m; de 24° Iat S a 32º lat.S, de 400 m até
1 000 m de altitude) Mm 2) Com floresta-de-galeria Spf
d) Alto-montana (as situações acima dos limites d) Gramíneo-Lenhosa (Campo-de-Cerrado) Sg
extremos das altitudes das formações montanas) MI 1) Sem floresta-de-galeria Sgs
IV • Floresta Estacionai Semidecidual (Floresta 2) Com floresta-de-galeria Sgf
Tropical Subcaducifólia) F VIII • Savana-Estépica (Caatinga do Sertão
a) Aluvial (ao longo dos flúvios) Fa Árido, Campos de Roraima, Chaco Sul-Mato-
1) Dos sei uniforme Fau Grossense e Parque de Espinilho da Barra do Rio
Quaraf) T
2) Dossel emergente Fae
a) Florestada Td
b) Terras Baixas (4° lat.N a 16º lat S, de 5 m até
100 m; de 16° Iat S a 24º Iat S, de 5 m até 50 m; de b) Arborizada Ta
24° lat S a 32° Iat S, de 5 m até 30 m de altitude) Fb 1) Sem floresta-de-galeria Tas
1) Dossel uniforme Fbu 2) Com floresta-de-galeria Taf
2) Dossel emergente Fbe e) Parque Tp
e) Submontana (4° lat Na 16º lat S, de 100 m até 1) Sem floresta-de-galeria Tps
600 m; de 16° Iat S a 24º Iat S, de 50 m até 500 m; 2) Com floresta-de-galeria Tpf
de 24° Iat S a 32° Iat S, de 30 m até 400 m de
altitude) Fs d) Gramíneo-Lenhosa Tp
1) Dossel uniforme Fsu 1) Sem floresta-de-galeria Tps
2) Dossel emergente Fse 2) Com floresta-de-galeria Tpf
d) Montana (4° lat Na 16º lat S, de 600 ma IX· Estepe (Can1panha Gaúcha e Campos
2 000 m; de 16° Iat S a 24º Iat S, de 500 m até Gerais Planálticos) E
1 500 m; de 24º lat S a 32º Jat S, de 400 ma a) Arborizada ou Arbórea Aberta Ea
1 000 m de altitude) Fm 1) Sem floresta-de-galeria Eas
1) Dossel uniforme Fmu 2) Com floresta-de-galeria Eaf
2) Dossel emergente Fme b) Parque Ep
V • Floresta Estacionai Decidual (Floresta 1) Sem floresta-de-galeria Eps
Tropical Caducifólia) c 2) Com floresta-de-galeria Epf
a) Aluvial (ao longo dos flúvios) Ca
e) Gramíneo-Lenhosa Eg
1) Dossel uniforme Cau
1) Sem floresta-de-galeria Egs
b) Terras Baixas (4° lat Na 16º Iat S, de 5 m até
10~ m; de 16: lat S a 24ºlat S, de 5 ma 50 m; de 2) Com floresta-de-galeria Egf
24 lat S a 32 lat S, de 5 m até 30 m de altitude) Cb
1) Dos sei uniforme Cbu p
B) FORMAÇÕES PIONEIRAS
2) Dossel emergente Cbc
e) Submontana (4° Iat Na 16º Iat S, de 100 m a
600 m; de 16° lat S a 24º lat S de 50 m até 500 m·
I • Formações com influência marinha (restinga) Pm
de 24° lat S a 32° Iat S, de 30 ~ até 400 m de ' a) Arbórea (do pontal rochoso) Pma
altitude) Cs b) Arbustiva (das dunas) Pmb
1) Dossel uniforme Csu e) Herbácea (das praias) Pmh
2) Dossel emergente Cse II. Formações com influência fluviomarinha Pf
d) Montana (4° Iat Na 16° Iat S, de 600 m até a) Arbórea (Manguezal) Pfm
2 000 m; de 16° Iat S a 24° Iat.S, de 500 m até b) Herbácea (planícies marinhas) Pflt
1 500 m; de 24° Iat S a 32º Iat S, de 400 m até III • Fomtações com influência fluvial e/ou
1 000 m de altitude) Cm lacustre Pa
1) Dossel uni forme Cmu a) Buritizal Pab
2) Dossel emergente Cme b) Arbustiva Paa
1) Sem palmeiras Paas
VI· Campinarana (Campinas) L
2) Com palmeiras Paap
a) Florestada Ld
e) Herbácea Pah
1) Sem palmeiras Lds 1) Sem palmeiras Pahs
2) Com palmeiras Ldp 2) Com palmeiras Pahp

Manual Técnico da Vegetação Brasileira 35


C) ÁREAS DE TENSÃO ECOLÓGICA OU CONTATOS FLORÍSTICOS

CONTATOS ESCALA EXPLORATÓRIA ESCALA REGIONAL

I - Contato Savana/Floresta Ombrófila

a) Ecótono so so
b) Encrave - ----- - __ _____.$_Q_ç
Região/Formação/Subgrupo de Formação Região/Formação/Subgrupo de Formação

II - Contato Floresta Ombrófila/Floresta Estacionai

a) Ecótono ON ON
b) Encrave - -- - -- ----- _QNL_ ______
Região/Formação Região/Formação

III - Contato Campinarana/Florcsta Ombrófila

a) Ecótono LO LO
b) Encrave Lüc
Região/Formação/ Subgrupo de Formação Região/Formação/Subgrupo de Formação

IV - Contato Floresta Ombrófila Densa/Fl oresta Ombrófila Mista

a) Encrave
Região/Formação

V - Contato Savana/Floresta Ombrófila Mista

a) Encrave SMC
RegiãoiFcirrriãÇãü/subgrupo cie FÕrmãÇão Região/Formação/Subgrupo de Formação

VI - Contato Floresta EstacionalJFloresta Ombrófila Mista

a) Encrave NMc
Região/Formação

Vil - Contato Savana/Floresta Estacional

a) Ecótono SN SN
b) Encrave SNc
Regiãõ/F onriãÇãõ/Subgrupo·d~-Fo;;\ãÇão Região/Formação/Subgrupo de Formação

VIII - Contato Floresta Ombrófila/Formações Pioneiras

a) Ecótono OP OP
• Específico para Floresta
Ombrófila/Restinga
b) Encrave OPc
R"égiãõ7F01 miÇãõ7s\16liniP-o <leFôt-lnáção Região/Formação/Subgrupo de Formação

IX - Contato Floresta EstacionalJFormações Pioneiras

a) Ecótono NP NP
• Específico para Floresta
E$tacional/Restinga

36 Manual Técnico da Vegetação Brasileira


CONTATOS ESCALA EXPLORATÓRIA ESCALA REGIONAL

X - Contato Savana/Formações Pioneiras

a) Ecótono
SP SP
- Específico para
Savana/Restinga

XI - Contato Savana-Estépica/Formações Pioneiras

a) Ecótono
TP TP
- Específico para Savana-
Estépica/Restinga

XII - Contato Savana-Estépica/Floresta Ombrófila

a) Ecótono TO TO
b) Encrave TO e
Região/Formação/S11bgrupo de Formação Região/Formação/Subgrupo de Formação

XIII - Contato Savana-Estépica/Florcsta Estaciona!

a) Ecótono TN TN
b) Encrave TNc
Região/Fom1açãoTSubgtupo de Formação Região/Formação/Subgrupo de Formação

XIV - Contato Savana/Estepe

a) Ecótono SE SE
b) Encrave SEc
Região/S ubgrupo_d_c~F~o-r_m_a_ç-ão_ __ Região/Subgrnpo de Formação

XV - Contato Estepe/Floresta Ombrófila

a) Ecótono EO EO
b) Encrave EOc
Região/Fom1ação/Subgrupo de-Formação Rcgião/Fonnação/Subgrupo de Formação

XVI - Contato Estepe/Floresta Estacionai

a) Ecótono EN EN
b) Encrave ENc
Região/Formação/Subgrupo de Formação

XVII - Contato Savana/Savana-Estépica

a) Ecótono ST ST
b) Encrave STc
Região/Subgrupo de Formação Região/Subgrupo de Formação

XVIII - Contato Savana/Savana-Estépica/Floresta Estacionai

a) Ecótono STN STN

XIX - Contato Floresta Ombrófila/Refúgio Vegetacional

a) Encrave Ore
Região/Formação/Subgrupo de Formação Região/Formação/Subgrupo de Formação

Manual Técnico da Vegetação Brasileira 37


D) REFÚGIOS VEGETACIONAIS (COMUNIDADES RELÍQUIAS)

1 - Refúgios montanos (de acordo com as latitudes obedecidas anteriormente) rm


a) Arbustivo (plantas anãs) rmb
b) Herbáceo rmh

II- Refúgios alto-montanos (de acordo com as latitudes estabelecidas anteriormente) ri


a) Arbustivo (plantas anãs) rlb
b) Herbáceo rlh

E) ÁREAS ANTRÓPICAS AA

I - Vegetação secundária Vs
a) Sem palmeiras Vss
b) Com palmeiras Vsp

II - Agropecuária Ag

a) Agricultura Ac
1. Culturas permanentes Acp
2 Culturas cíclicas Acc

b) Pecuária (pastagem) Ap

IU - Reflorestan1ento R
a) Eucaliptos Re
b) Pinus Rp
e) Acácia Ra
d) Algaroba Rg
e) Frutíferas Rf

Nas escalas de detalhe e semidctalhe seguir os itens 1 5 2 1 a 1 5 2 1 2

38 Manual Técnico da Vegetação Brasileira


2 INVENTÁRIO NAS FORMAÇÕES
FLORESTAIS E CAMPESTRES
O universo de uma população florestal, natural ou Finalmente, deve-se enfatizar que esta síntese,
artificial, para cumprir com suas finalidades recrea- embora seja uma tentativa de abrangência dos as-
tivas, sociais, econômicas e de proteção ao meio suntos relacionados ao inventário florestal, absolu-
ambiente, necessita que suas características sejam tamente não os esgota, e muito menos lhes empresta
conhecidas. A forma mais lógica e adequada para um caráter de profundidade que um trabalho mais
que isto se concretize é através do inventário flores- refinado exigiria. Sua finalidade precípua é apenas
tal que é realizado, porque todas as atividades flo- fornecer noções sobre este importante ramo de ciên-
restais necessitam de suas informações para o cia florestal.
conhecimento da floresta, análise de seus detalhes
e-i'to~acla de decisões. · 2.1 Conceituação
Em face da grande importância desse segmento da
ciência florestal, os procedimentos para a sua reali- Um inventário florestal trata da descrição quanti-
zação têm merecido especial atenção dos pesquisa- tativa e qualitativa da floresta e, no caso específico
dores há mais de um século, notadamente na de levantamentos contínuos, caracteriza a dinâmica
Europa, no sentido de aperfeiçoar técnicas capazes de crescimento (Rollet & Queiroz, 1978). Por sua
de obter, com a máxima precisão e a um menor custo vez, o inventário florestal contínuo é aquele que
possível, informações relevantes para atender a um compreende todos os métodos nos quais a amostra-
determinado objetivo. gem é realizada em ocasiões sucessivas (Silva &
O inventário florestal consiste de várias etapas Lopes, mimeografado), cujos objetivos, segundo a
altamente correlacionadas, o que implica que o in- FAO (1974), são os seguintes:
sucesso de uma etapa compromete as demais.
- estimar as características da floresta existentes na
Os resultados obtidos são de caráter qualitativo e
época do primeiro inventário;
quantitativo e variam em função do nível de deta-
lhamento das informações pretendidas, as quais, - fazer o mesmo na época do segundo inventário; e
não raro, são conseguidas por amostragem. Por sua - estimar as mudanças ocorridas na floresta durante
vez, as técnicas de amostragem, a rigor, são de duas o período compreendido entre os dois inventários.
naturezas aleatória e não-aleatória, havendo entre-
tanto variações destas. 2.2 Tipos de Inventário quanto ao
Por outro lado, o uso de computadores eletrônicos de talhamento
vem facilitando sobremaneira o processamento dos
dados primários e a geração das informações de Alguns autores (Rollet & Queiroz, 1978; lnvento-
interesse. Igualmente, as questões relacionadas às ry and evaluation ofthe forest resources in the State
técnicas de levantamento por amostragem têm atin- of Para, Brazil, 1975) apresentam uma classificação
gido um grande estágio de desenvolvimento nas ligeiramente diferente quanto a este aspecto. Toda-
últimas décadas, assim como outras informações via, adotou-se uma outra que tem similaridade com
importantes, outrora não levadas em consideração. ambas, que por sua vez não diferem entre si na
Convém salientar, também, alguns tópicos de um essência.
inventário florestal, nem sempre considerados
quando da sua execução, tais como a necessidade e
2.2.1 Inventários Florestais de Reconhecimento
a conveniência de realizá-los, as recomendações
baseadas nos seus resultados e a determinação do Fornecem informações generalizadas que permi-
parâmetro mais importante a ser definido no proje- tem:
to.
No presente caso, além de discutir esses aspectos, - identificar e delimitar, caso existam, áreas de
abordam-se também o conceito de inventário flores- grande potencial madeireiro (qualitativo e quantita-
tal, suas etapas, seus tipos quanto ao detalhamento, tivo) que justifiquem estudos mais detalhados,con-
além de outras importantes variáveis vinculadas ao siderando também outros aspectos, como relevo,
tema, tais como tamanho e forma das unidades de solos, geologia, drenagem, etc.;
amostn:s, erro de amostragem e breves considera- - detectar áreas que, por suas características pe-
ções sobre a distribuição espacial das árvores. culiares, sejam passíveis de uso indireto, como
recreação e lazer, e po1tanto devam ser conservadas - permite a definição de áreas para exploração
por qualquer das formas previstas na legislação; e florestal, através de talhões (áreas previamente de-
- indicar outras áreas cuja vocação florestal seja marcadas) de tamanhos vanáveis, normalmente en-
inexpressiva ou inexistente e que, respeitados os tre 10 ha e 100 ha.
eventuais impedimentos legais (Código Florestal e
legislação suplementar), possam prestar-se ao de- 2.2.3 Inventário Florestal de Pré-Exploração
senvolvimento de outras atividades como agricultu- Florestal
ra, pecuária, agrossilvicultura ou mesmo programas É também conhecido como inventário de 100% de
agrossilvopastoris. intensidade ou de detalhe; suas principais caracte-
Adicionalmente, este tipo de levantamento apre- rísticas são:
senta algumas características como:
- mensuração de todos os indivíduos existentes na
- é normalmente de baixa intensidade de amostra- área demarcada, a partir de especificações prévias,
gem; vinculadas principalmente ao diâmetro mínimo es-
- a expectativa do erro ao se estimar os parâmetros tabelecido e às espécies madeireiras que são indus-
quantitativos gira em tomo de 20% e, eventualmen- trializadas;
te, até um pouco mais; e - como não existe o erro estatístico devido à amos-
- a escala utilizada normalmente é pequena, situan- tragem, os cuidados principais estão relacionados
do-se na maioria dos casos na faixa de 1:250000 até com os en-os de medição, os quais devem ser evita-
1:1000000. dos ou minimizados; e
No Brasil são inúmeros os trabalhos desenvolvi- - normalmente o mapa dos talhões é confeccio-
dos sob este enfoque, particularmente na Amazônia, nado numa escala que permita estabelecer com
dentre os quais podem ser citados: precisão o plano de exploração florestal (por
- aqueles efetuados pela missão FAO ao sul do rio exemplo: 1:5 000) .
Amazonas, entre os rios Capim e Madeira;
- os levantamentos do então Projeto RADAM,
2.3 Técnicas de Amostragem
realizados de forma abrangente e sistemática; Antes de discorrer ligeiramente sobre as técnicas
- os realizados com recursos do POLAMAZÔNIA de amostragem, é necessário informar que a escolha
em diferentes áreas; e de uma delas depende de vários fatores, tais como
os objetivos do levantamento, tipos de informações
- os inventários florestais realizados pelo prévias disponíveis, características da área a ser
IBDF/DEPA com recursos do PROGRAMA DE inventariada, parâmetros de interesse que serão ob-
INTEGRAÇÃO NACIONAL- PIN - ao longo das tidos por estimativas e outros.
rodovias Transamazônica e Santarém-Cuiabá. Heinsdijk (1954) menciona que o problema básico
Como observação final, registre-se que é extrema- da avaliação florestal é a amostragem e que se esta
mente temerário fazer extrapolações de resultados tiver que ser submetida a um contencioso estatístico
para áreas menores e de localização específica den- rigoroso deve ser aleatória. Em contrapartida, afir-
tro do universo considerado. ma o autor, se ela tiver que ser mantida dentro dos
limites práticos e econômicos e, ao mesmo tempo,
2.2.2 Inventários Florestais de .$,;mídetalhe render resultados satisfatórios, a população florestal
geral deve ser subdividida em populações florestais
Na maioria dos casos, este tipo de levantamento é
componentes e a amostragem se referir a estas últi-
realizado com base nos resultados do inventário
mas, para reduzir a importância das verificações
florestal de reconhecimento. Suas principais carac-
terísticas são: totais.
Importante também se toma ressaltar que, a rigor,
- fornecer estimativas mais precisas relacionadas existem dois grandes grupos de amostragem:
aos parâmetros da população florestal sob estudo.
Em conseqüência, o planejamento, a execução e a Irrestrita
análise dos resultados devem ser mais refinados;
- a expectativa do erro das estimativas não deve
ultrapassar 10%;
Amostragem Aleatória
{ Restrita

- a escala utilizada deve ser compatível com o nível Sistemática


de detalhamento das info1mações que se quer obter
(normalmente entre 1:50 000 e l: 100 000); e
Amostragem Não-aleatória
{ Seletiva

40 Manual Técnico da Vegetação Brasileira


2.3.1 Amostragem Irrestrita ou Inteiramente neas (estratos), com base na interpretação de foto-
Casualizada grafias aéreas ou outros sensores e a partir daí
proceder como anteriormente. É normalmente utili-
É aquela em que todas as unidades de amostragem zada em extensas áreas florestais como na Amazô-
têm igual probabilidade de serem sorteadas. Pode nia ou em reflorestamentos com base na idade dos
ser de 2 (dois) tipos (Figuras 1 e 2): plantios, por exemplo.
a) com reposição: significa que a primeira unidade Esta técnica pernúte tanto uma pré-estratificação
de amostra, uma vez sorteada, pode tomar a sê-lo, quanto uma pós-estratificação da população ou uni-
tanto quanto as subseqüentes; e verso considerado (Figuras 3 e 4).
b) sem \eposição: a unidade de amostra, após
2.3.3 Amostragem Sistemática
sorteada, não tem mais uma segunda chance.
Após a definição das faixas (picadas) é sorteada
2.3.2 Amostragem Restrita ou Estratificada apenas a primeira unidade de amostra. As demais se
sucedem a intervalos constantes, definidos em fun-
Consiste em estratificar uma determinada área ção das características da floresta, preferivelmente
florestal (população) em subpopulações homogê- atravessando toda a extensão da área inventariada .


• I lI
• • •

• • m

Fig 1- Área florestal dividida em rede de unidades de amostras, Fig. 3- Floresta estratificada dividida em rede de unidades de
todas de igual tamanho amostras de igual tamanho

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Fig 2-Área florestal dividida em rede de unidades de amostras. Fig 4- Floresta estratificada dividida em rede de unidades de
As parcelas próxirras às bordaduras são de tamanho e amostras As parcelas próximas às bordaduras são de
forma irregulares tamanho e fomia irregulares

Manual Técnico da Vegetação Brasileira 41


Uma preocupação que deve ser tomada é evitar 2.3.5 Amostragem em Conglomerados
que o padrão de localização das unidades de amostra
Na maioria dos casos, consiste em estabelecer
coincida com o padrão fotográfico, pois isto poderá
aleatoriamente grandes unidades primárias num pri-
resultar em problemas de superestimativas ou su-
meiro estágio; e, dentro destas, pequenas subunida-
bestimativas (Figuras 5 e 6).
des secundárias, dispostas sistematicamente em
número de 4 (quatro), opostas duas a duas; tais
2.3.4 Amostragem Seletiva
subunidades constituem o segundo estágio da
É aquela em que a localização das unidades de amostragem, que é também conhecida como
amostra - no escritório, através de mapas, ou no CLUSTING SAMPLING.
campo - é estabelecida arbitrariamente. Este critério Os tamanhos de ambas podem variar, mas tem sido
arbitr~~ normalmente é baseado nas condições de
utilizado 1 (hum) ha para as primárias e 1/4 de ha
acess1b1lidade ou na suposta acuidade do observa-
dor em perceber que determinados locais da área para as secundárias. Estas últimas distam em tomo
florestal são representativos da população sob estu- de 100 m do centro da unidade primária. A disposi-
do. ção sistemática das subunidades é apenas por faci-

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Fig 5- Amostragem sistemática em faixas A floresta é de forma regular e as faixas de comprimento uniforme

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Fig. 6- Amostragem sistemática em faixas A floresta é de forma irregular e as faixas de comprimento variado.

42 Manual Técnico da Vegetação Brasileira


lidade prática, pois os dois estágios poderiam ser Mais recentemente, outra técnica, que nos anos 50
aleatórios (Figuras 7 e 8). e 60 era utilizada para propósitos de estudos de
ecologia quantitativa, passou a ser também empre-
2.3.6 Amostragem com Parcela de Tamanho gada em inventários florestais. Trata-se do método
Variável de distâncias de pontos aleatórios para árvores mais
próximas, ou de uma árvore smteada aleatoriamen-
Apenas para conhecimento, cumpre salientar que te para as suas vizinhas mais próximas.
existem outras técnicas de amostragem onde a uni-
dade de amostra é de tamanho variável numa mes-
ma área florestal. Como exemplo, pode-se citar o
2.4 Outros Tópicos de um Inventário
método de Bitterlich, onde a inclusão ou não de uma
Florestal
árvore na amostra depende de estar enquadrada ou
não no ângulo do aparelho, colocado a uma distân- 2.4.1 Eqüidistância entre as Unidades de
cia fixa da mesma, nas mãos do observador. Amostra
Em um inventário florestal com amostragem sis-
temática, a eqüidistância entre as unidades de amos-
tras deve ser suficientemente grande para eliminar
qualquer cotTelação entre os respectivos valores do
parâmetro considerado (Inventory and evaluation
of the forest resources in the State of Para, Brazil,
1975).
n
.. Lanly (1978), usando distribuição sistemática das
ºº o:'o
o.:o ...
O O····· unidades de amostra em conglomerados, estabele-
ºº ... •[jº[j" ceu em 1 (hum) km a distância entre seus centros,
dentro de cada picada. Tal distância, no seu enten-
... ... ..... ·· der, é suficiente para evitar influências entre aglo-
I
merados vizinhos.
ºº
ºº
DO
DO
Quanto às subunidades, estas não devem ser con-
sideradas como unidades de amostra, visto que a
distância entre elas é normalmente pequena e a
independência estatística nem sempre é garantida
(Inventory and evaluation of the forest resources in
Fig 7- Conglomerados com distribuição sistemática Os limites the State of Para, Brazil, 1975).
dos estratos são delimitados du1 ante os trabalhos de cam-
po e podem dividir os elementos do conglomerado Para Cochran ( 1965), unidades de amostras muito
próximas não são recomendáveis, pois estarão re-
petindo a mesma informação.
".00
.. ..
:.oo
2.4.2 Erro de Amostragem
·.
O e1rn de amostragem (erro padrão da média)
reflete a soma do en-o, que é originado do en-o
:rr. o:"o
:m estatístico de amostragem, inerente ao processo de
;ÔO ...
... ....
tiragem da amostra, e também de e1rns alheios à
DO tiragem da amostra, os quais podem resultar de
DO
••i:;:JQ•••••••••••••
.... ..•. ···· instrumentos não ajustados, medições incon-etas,
eJTos nas anotações dos dados recolhidos e en-os de
........·oo DO
DO cálculos (Inventory and evaluation of the forcst
resources in the State of Para, Brazil, 1975).
r
DO 2.4.3 Tamanho e Forma das Unidades de
DO Amostra

Fig 8- Conglomeiados disl!ibuídos aleatoriamente Numa pós- Spun- (1952) apud Queiroz (1977) recomenda que
estratificação os limites dos estratos podem dividir os o tamanho da unidade de amostra seja suficiente-
elementos do conglomerado mente grande para conter um mínimo de 20 (vinte)

Manual Técnico da Vegetação Brasileira 43


a 30 (trinta) árvores e bastante pequena para não c) distribuição regular: como o próprio nome diz,
necessitar de um tempo excessivo de medição. é aquela onde as árvores encontram-se regular-
O tamanho ideal da unidade de amostra é aquele mente distribuídas no terreno. Diversos autores
que representa com boa precisão o total da área têm constatado que esta distribuição é muito rara em
inventariada. Assim, a amostra deve abranger a florestas naturais. Nas florestas tropicais a maioria
maior variação possível. De qualquer forma, os das espécies, notadamente as mais valiosas comer-
aspectos práticos relacionados com o tempo de me- cialmente, tem uma distribuição agrupada. A dis-
dição e com os custos devem ser levados em consi- tribuição aleatória também ocorre, sendo porém
deração (Moreira, 1978). rara a presença de espécies com distribuição regular.
Estudos sobre a forma das unidades de amostras
também foram desenvolvidos pela FAO (1974) na 2.4.4.2 Métodos para Detectar os Tipos de
República dos Camarões, onde foi constatado que, Distribuição Espacial
quanto mais larga é uma amostra retangular, maior
é a precisão, embora o efeito da forma sobre a Segundo Silva & Lopes (1982), pode-se generica-
precisão seja menos importante que o tamanho. mente dividi-los em 2 (dois) grandes grupos.
2.4.4.2.l Método dos "Quadrados" (Parcelas)
2.4.4 Distribuição Espacial das Árvores de São vários e baseiam-se na premissa de que as
Espécies Quaisquer árvores ocorrem em grupos ou colônias, e que o
A distribuição espacial diz respeito ao arranjo das número de indivíduos por grupo tem também uma
árvores de diferentes espécies no terreno. outra distribuição específica. Os dados de campo
As maiores dificuldades para o aproveitamento consistem no número de árvores por quadrado (par-
das florestas na Amazônia estão relacionadas com a cela). Com relação à distribuição aleatória, tais mé-
maneira pela qual as espécies estão distribuídas na todos foram testados e se revelaram basicamente
área e como determinar sua dispersão (Barros & práticos e válidos. Todavia, os resultados mostra-
Machado, 1984). ram-se fortemente influenciados pelo tamanho da
Silva e Lopes ( 1982) assinalam que o conhecimen- parcela.
to da distribuição espacial, pelo menos das espécies Os estudos de BaiTos & Machado (1984) revela-
mais importantes do ponto de vista comercial, não ram que o "Método de Morisita" é o menos influen-
somente facilita os programas de aproveitamento, ciado pelo tamanho da parcela, desde que esta não
como também oferece valiosa informação para o seja muito grande, capaz de interceptar um agrupa-
manejo florestal, bem como para estudos silvicultu- mento de árvores.
rais, dendrológicos e ecológicos, dentre outros. Afir-
2.4.4.2.2 Método das "Distâncias"
mam também, baseados em outros autores, que o
tipo de distribuição espacial influencia tanto o es- Usa distâncias de plantas selecionadas para outra
quema de amostragem quanto o tamanho e a forma planta ou de pontos aleatórios para as plantas adja-
das unidades de amostra. centes. Sua principal vantagem é evitar o efeito do
Sintetizando o assunto, Barros & Machado (1984) tamanho da parcela.
ressaltam que o estudo da distribuição espacial das Fatores que influenciam o tipo de distribuição
espécies da floresta amazônica representa os pri- espacial:
meiros passos para o entendimento das florestas . tipo de solo;
tropicais e para o estudo detalhado de seus compo-
. tipo e tamanho das sementes;
nentes. Por exemplo, quando a distribuição é agru-
pada, a amostragem sistemática resulta em . tipo de dispersão das sementes; e
melhores estimativas, assim como parcelas longas . dispersão de predatórios específicos das espécies.
e estreitas (1 000 m x 10 m) mostraram ser mais
eficientes para este tipo de distribuição. 2.5 Etapas de um Inventário Florestal
2.4.4.1 Tipos de Distribuição Espacial 2.5.1 Planejamento
a) distribuição agrupada: é aquela onde os m- Para alguns autores, a pergunta "por que planejar
divíduos se encontram formando grupos ou e executar um inventário?" pode, em alguns casos,
colônias;
ter uma resposta óbvia, mas que requer que seja bem
b) distribuição aleatória: está relacionada com as definida. Em face dos inventários diferirem em seus
árvores das espécies que têm uma ocorrência rara objetivos, exigem diferentes métodos de planeja-
ou ocasional; e mento desde o início (Inventory and evaluation of

44 Manual Técnico da Vegetação Brasileira


the forest resources in the State of Para, Brazil, 2.5.2 Execução
1975). Nesta fase, 3 (três) questões básicas devem
ser enfatizadas: A execução compreende basicamente as seguintes
fases:
2.5.1.l Necessidade de Realizar um Inventário
Florestal 2.5.2.l Interpretação de Imagens
É fundamental para o inventário florestal propria-
Algumas vezes, um estudo profundo do problema mente dito, pois dela depende o planejamento da
indicará que o inventário florestal não conduz à amostragem, em função das diferentes tipologias
solução mais adequada. Uma análise de custo/bene- florestais detectadas, dos objetivos, do nível de
fício poderia levar à conclusão de que esta não é a detalhamento, da informação requetida e da escala
ferramenta mais eficaz para obter a informação utilizada.
requerida, devido à existência de limitações e res- Esta fase é um dos mais importantes mecanismos
trições. A obtenção de informações já disponíveis, relacionados com um inventário florestal, pois não
a comparação com tipos florestais similares já in- somente reduz sensivelmente os trabalhos de campo
ventariados e os resultados de uma investigação como pode determinar o sucesso ou insucesso do
complementar poderiam, a um menor custo, propor- trabalho como um todo, dependendo de ser condu-
cionar o grau de precisão requerido (FAO, 1974). zida correta ou inconetamente.
Os materiais comumente utilizados são as foto-
2.5.1.2 Definição dos Objetivos grafias aéreas, as imagens de LANDSAT (1M e
MSS) e as imagens de radar Em pequenas escalas
Os objetivos de um inventário florestal deverão ( 1:250 000 e menores) os dois últimos são os mais
ser definidos conjuntamente pelas pessoas que irão utilizados, em face da inviabilidade prática de se
utilizar os resultados (responsáveis pelas decisões, utilizarem fotografias aéreas numa escala grande
gerentes florestais) e pelos especialistas em inven- (l ·50 000 e maiores) em grandes áreas florestais.
tário e não somente por estes. O especialista deve A pmtir da interpretação de imagens obtidas por
projetar o inventá1io de forma a facilitar os usuários meio de um desses sensores, são separados os tipos
na obtenção da informação adequada e com apre- florestais e então é feito o planejamento da amos-
cisão requerida. Essa cooperação com os possíveis tragem. Deve-se nessa etapa tomar o cuidado de
usuários é necessária, desde o momento em que se considerm· que nem sempre uma separação dos tipos
prepara o inventá1io até a saída dos últimos resulta- de vegetação corresponde a uma estratificação vo-
dos (FAO, 1974). lumétrica, conforme assinalado por Collares
(1979), e lembrado também que um projeto de
amostragem não deve ser baseado em parâmetros
2 5.1.3 Definiçào do Parâmetro mais Importante a pouco importantes pm·a os objetivos do levanta-
ser Definido no Projeto de Inventário Florestal mento (FAO, 1974).
Além do volume das árvores exploradas de uma
2.5 2.2 Inventários Florestais com Propósitos de
espécie particular, pode ser importante conhecer
com precisão, para propósitos de manejo ou orde-
Produção de Madeira em uma Conjuntura Estática
namento florestal, o número de árvores das menores Embora trabalhos dessa natureza não sejam reco-
classes diamétticas. Em qualquer caso, o inventátio mendados, eles comumente ocorrem e por este mo-
deve evitar um projeto de amostragem baseado em tivo devem ser abordados.
parâmetros pouco importantes. Um destes casos, Na escala em questão (l :250 000), os procedimen-
por exemplo, é selecionar como parâmetro básico tos usuais, após a fotointerpretação, são os seguin-
"o volume total de todas as espécies com mais de tes:
10 cm de diâmetro" em floresta tropical, onde pou-
cas são utilizadas. Embora isto geralmente não seja 2.5.2.2.1 Distribuiçüo das Unidades de Amostra e
conveniente, é feito com freqüência (FAO, 1974). Precisüo Requerida
Ainda nesta etapa, devem ser claramente estabe- Lançar no mapa um número suficiente de unida-
lecidas as atribuições dos membros da(s) equipe(s) des de amostra para atender a uma precisão prees-
em tarefas poste1iores, tais como: interpretação de tabelecida. Para este nível de detalhamento são
imagens, execução dos trabalhos de campo, compi- pe1feitamente aceitáveis effos entre 10% e 20%,
lação e processamento dos dados, bem como a com uma probabilidade de 95%. Ainda no mapa
análise e discussão dos resultados. deve-se diligenciar no sentido de que tais unidades

Manual Técnico da Vegeta(ão Brasileira 45


de amostra sejam distribuídas de forma a captar a 2.5.2.3 Inventários Florestais com Propósitos de
máxima variação possível da população florestal Produção de Madeira e Aproveitamento da
sob consideração. Biomassa Residual
2.5.2.2.2 Tamanho, Forma e Dimensões das Este tipo de inventário é mais condizente com
Unidades de Amostra programas mais amplos de manejo florestal e, por-
tanto, devem ser considerados outros aspectos que
Estas variáveis são função das características da
não o simples potencial bruto de madeira. Uma
floresta. Em áreas tropicais, os pesquisadores têm
técnica de amostragem recentemente utilizada em
quase unanimidade em relação ao tamanho de 1
inventários florestais, mas há muito empregada com
(um) ha e conseqüentemente este deve ser adotado.
êxito em estudos de ecologia quantitativa, é a cha-
Quanto à forma e dimensões, as evidências apontam
mada Vizinho Mais Próximo - VMP.
para amostras retangulares, preferencialmente lon-
gas e estreitas, sendo assinalado que uma das van- 2.5.2.3.J Distribuição das Unidades de Amostra e
tagens reside numa melhor absorção do efeito das Intensidade de Amostragem
clareiras (Figura 9). Com base nestas considerações,
deve-se adotar amostras com 1 000 m de compri- Na técnica de amostragem chamada de Vizinho
mento por 10 (dez) m de largura (Figura 10). Mais Próximo - VMP -, as amostras (pontos) são
distribuídas em linhas, cada linha com 1O pontos.
Experiências anteriores mostraram que 600 pontos
2.5.2.2.3 Localização e Orientação das Unidades
de Amostra são capazes de refletir com confiabilidade as carac-
terísticas da floresta. Dessa maneira, são necessárias
Deve ser feita sempre com auxílio de uma bússola 60 linhas.
e utilizados os meios de transporte apropriados às
2.5.2.3.2 Dimensões, Tamanho e Forma das
condições de acessibilidade. Visando a uma padro-
Unidades de Amostra
nização dos trabalhos, deve-se previamente conven-
cionar um só sentido de orientação. O mais comum A técnica de amostragem denominada Vizinho
é o norte-sul. Mais Próximo - VMP - consiste basicamente em

IOm

20m

Cloreira

'
o
o
o

Fig 9- Efeitos da clareira sobre parcelas largas (a) e parcelas estreitas (b)

46 Manual Técnico da Vegetação Brasileira


considerar as distâncias das árvores a pontos pre-
determinados e aplicar os processos de mensuração
e identificação àquelas que estão mais próximas
deles. Em face de seus propósitos mais abrangen-
tes, deve-se considerar as árvores mais próximas
por classes de diâmetro, que permitirá melhores
inferências sobre a estrutura vertical da floresta
(Figura 11).
Assim sendo, as dimensões, tamanho e forma das
unidades de amostra são irregulares (Figura 3).
A localização e a orientação das unidades de amos-
tras são de forma análoga ao descrito em 2.5.2.2.3.

2.5.2.4 Inventários Florestais com Propósitos


Extrativistas
De há muito tem sido considerada a relevância das
espécies extrativistas como a seringueira (Hevea
spp.), castanheira (Bertholletia excelsa), caucho
(Castilla ulei) e outras de uso tanto de sua madeira
quanto do látex, como a maçaranduba (Manilkara
huberi). Não obstante, a avaliação de suas freqüên-
Fig 1O- Tamanho, forma e dimensões das parcelas (unidades de
cias é normalmente efetuada por técnicas tradicio-
amostras) recomendadas para inventários florestais na nais de parcelas fixas, o que pode levar a resultados
Amazônia (escala 1: 250 000) bem distantes da realidade. Dessa maneira, a meto-

~·-
~;:::~.::,~:.. ..., 11nah1oçõoOOsponlQI

·-·
211p1cado(9r1nclpol) direçõodop1oodoprinc1pol

O 13 O 43C"'
04l!.1 o 90c"'
O 901 a 13!1c"'

o> 1351<"'

Fig 11- Esquema de amostragem usando o método do Vizinho Mais Próximo (VMP)

Manual Técnico da Vegetação Brasileira 47


dologia do Vizinho Mais Próximo - VMP - é mais meio de qualquer instrumento baseado em relações
apropriada para refletir a situação dessas espécies trigonométricas, como o Haga, Blume-Leis e ou-
no terreno. tros. Pode ser estimada também com o auxílio de
uma vara de 5 m e periodicamente aferida com um
2.5.2.5 Trabalhos de Campo dos aparelhos citados. Como esta variável tem
pouca importância relativa para o cálculo do vo-
A correta execução dos trabalhos de campo é
também um dos fatores de êxito de um inventário lume, comparativamente ao diâmetro, o procedi-
florestal. Para tanto, as equipes devem ser conve- mento mais comum é o uso da vara.
nientemente preparadas para as tarefas que lhes são 2.5.2.5.2 Diâmetro
atribuídas, tais como perfeita localização das unida-
O diâmetro, tomado a 1,30 m do solo, pode ser
des de amostras, acertado comportamento na obten-
obtido por meio de um aparelho chamado Suta ou
ção das variáveis básicas de interesse, etc.
Todas as instruções referentes a essa etapa deverão por uma fita diamétrica. Quando estes equipamen-
ser discutidas com todos os membros das equipes tos não estão disponíveis utiliza-se uma fita métrica
até que tudo esteja esclarecido. comum para se obter a circunferência e faz-se, pos-
As mais freqüentes variáveis obtidas no campo são teriormente, a necessária transformação.
as seguintes:
2.5.2.5.3 Distância
2.5.2.5.I Altura Quando se emprega a metodologia do Vizinho
A altura considerada é a comercial, que vai da base Mais Próximo - VMP -, é necessário medir-se a
da árvore até a primeira bifurcação significativa distância que vai do centro da amostra às árvores
(Figura 12) Esta informação pode ser obtida por mais próximas. Esta distância, medida com auxílio

. ·~:
.::-:.

Fig 12- Medição da altura comercial (Hc) e do diâmetro à altura do peito (DAP) A altura do peito considerada é a l,30m do solo

48 Manual Técnico da Vegetação Brasileira


de uma trena, é importante para o cálculo da área - Sanidade 2: árvores com fustes retos, porém com
que cada árvore ocupa dentro do espaço amostral. leves tortuosidades, pequenos nós ou seção trans-
versal elíptica; entretanto, a madeira se apresenta
2.5.2.5.4 Nome Vulgar completamente sadia;
O nome vulgar dos indivíduos mensurados no - Sanidade 3: árvores cujos fustes apresentam
campo é fornecido, via de regra, por um auxiliar deformações visíveis, incluindo grandes nós e
botânico. tortuosidades; em geral com aproveitamento
restrito; e
2.5.2.5.5 Sanidade Aparente - Sanidade 4: árvores com fostes visivelmente
A sanidade aparente diz respeito ao aspecto exter- inaproveitáveis devido ao ataque de insetos,
no da árvore e recebe os seguintes códigos que apodrecimentos, ocos ou deformações.
variam de 1 a 4 (Figura 13): 2.5 2.5.6 Descrição Sucinta de Vegetação
- Sanidade 1: árvores com fostes retos bem confi- Adicionalmente, é feita uma descrição sucinta da
gurados, sem defeitos aparentes, permitindo obter vegetação onde se executaram as medições e, even-
toras de alta qualidade; tualmente, do tipo de solo.

Fig 13- Sanidade do foste.

Manual Técnico da Vegetação Brasileira 49


2.5.2.6 Quantificação dos Resíduos compatibilização com a manutenção dos ecossiste-
mas.
Considera-se resíduo toda a parte da árvore não
aproveitada durante o processo de exploração flo-
2.6.1 Distribuição das Unidades de Amostra
restal ou durante a transformação mecânica na in-
dústria madeireira, bem como árvores defeituosas A distribuição das unidades de amostra obedecerá
e/ou sem cotação comercial. Em função dessas di- ao princípio da estratificação e estará sujeita a um
ferentes origens, os resíduos podem ser classifica- critério de proporcionalidade, levando-se em consi-
dos em manuais e mecanizados, sendo enquadradas deração também os aspectos impeditivos de acesso
no primeiro tipo as peças de madeira com até 35 cm referentes à inexistência de rede viária, dificuldades
inerentes às condições de relevo ou ausência da
de diâmetro; acima desse valor pertencem ao segun- vegetação em face da interferência humana.
do tipo. Em relação apenas às árvores na floresta, Em função da escala de trabalho utilizada, que na
pode-se visualizar uma outra classificação: maioria das vezes é de 1:250 000, e da área a ser
- resíduos de foste: aqueles obtidos de árvores levantada, procura-se minimizar o processo de eli-
menores que 45 cm de diâmetro, desde que suas minação da unidade de amostra, utilizando-se o
qualidades de fuste e comercial não as qualifiquem mecanismo de considerá-la válida desde que não
exceda 1 km do local previamente determinado, o
para usos mais nobres, como madeira serrada, lami-
que corresponde na carta 1:250 000 a 0,4 cm.
nada, compensada e outros produtos industriais.
- resíduo da copa, árvores tombadas e de serraria: 2.6.2 Intensidade, Forma, Tamanho e Dimensões
são os originados da exploração de árvores maiores das Unidades de Amostra
que 45 cm de diâmetro.
Sabe-se que a variável volume do resíduo da copa O número de unidades de amostra a serem efeti-
é de difícil obtenção em florestas tropicais, sendo vamente medidas será estabelecido em função da
extensão da área de cada tipo de vegetação e das
portanto quase inviável do ponto de vista prático, circunstâncias citadas no item anterior.
envidar esforços nesse sentido durante o inventário A forma tanto para a Savana como para a Savana-
florestal. O mesmo já não acontece em programas Estépica será retangular.
de exploração, e foi a partir de um deles, realizado O tamanho para a Savana será de O, 1Oha, enquanto
em Curuá-Una (Santarém-PA), que se ajustaram que para a Savana-Estépica será de 0,02 ha.
modelos de regressão, para obtê-la a partir do diâ- As dimensões para a Savana serão de 20 m x 50 m
metro do fuste. A função que melhor se ajustou aos enquanto que para a Savana Estépica serão de 10 m
dados é: x20m.

2.6.3 Localização e Orientação das Unidades de


Y = 1,808 e 0,022x onde, Amostra na Savana (Cerrado) e na Savana-
Estépica (Caatinga)
A localização das unidades de amostra deverá ser
Y = volume do resíduo de copa (m3) feita utilizando-se os meios de transporte adequados
X= diâmetro do fuste (m) às condições de acessibilidade e com o auxílio de
uma bússola. Visando a uma padronização dos tra-
e =base do logaritmo natural
balhos, deve-se previamente convencionar um só
sentido de orientação. O mais comum é o norte-sul.

2.6.4 Variáveis a serem obtidas na Savana


2.6 Procedimentos Metodológicos para (Cerrado) e na Savana-Estépica (Caatinga)
Levantamento do Potencial
2.6.4.l Savana (Ce1rndo)
Lenhoso/Arbóreo de Formações
Campestres - Circunferência medida a 30 cm do solo.

Este tipo de levantamento visa a detectar o poten- - Circunferência igual ou maior que 30 cm.
cial de fitomassa parcial (st/ha) nas fonnações flo- - Nome vulgar.
restada e arborizada da Savana (Cerrado) e da
Savana-Estépica (Caatinga) com ênfase para o apro- 2.6.4.2 Savana-Estépica (Caatinga)
veitamento adequado dos recursos vegetais arbó-
reos remanescentes em função da necessidade, - Circunferência medida a 30 cm do solo.
viabilidade econômica e, fundamentalmente, da - Circunferência igual ou maior que 10 cm.

50 Manual Técnico da Vegetação Brasileira


- Altura da copa em metros. .Para os casos II e II-A, quando o comprimento do
- Altura total em metros. fuste for menor que 30 cm, adotar o mesmo critério
anterior, inclusive com relação à altura da copa, que
- Diâmetro da copa em metros. coincide com a altura total. Quando ocorrer o inver-
- Nome vulgar. so, medir a circunferência na altura especificada
Para as formações arbóreas da Savana-Estépica (0,30m) e registrar as demais variáveis (altura da
(Caatinga), dadas as suas características peculiares, copa, diâmetro da copa e altura total).
são adotados ainda os seguintes procedimentos:
. Para o caso III, quando a bifurcação estiver
- Contagem do número de rebrotos.
abaixo de 30 cm, realizar duas medições de cada
- Determinação de classe de estrutura (forma da variável considerada.
árvore) a que pertence o indivíduo e observando .O caso III-A representa o procedimento normal
ainda os seguintes critérios de medição (Figura 14). de medição .
.Para os casos I e I-A medir apenas a circunferência
do rebroto cujo valor é considerado como médio, OBS.: A definição da copa é mostrada na mesma
anotando-se também o número total de rebrotos. figura.

1-------- oc-- - - -:..-:.::=:-::: -=-----=-::r......,


1 1' r----------Dc------------]
1 - - - - - - - - - ---1--,
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--==----- _I
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Fig 14- Classes de estruturas mais comuns nos indivíduos arbóreos da Savana-Estépica (Caatinga) De - diâmetro da copa; Hc -
altura da copa; Ht - altura total; D 1 e D2 - diâmetro

Manual Técnico da Vegetação Blasileira 51


2.7 Processamento de Dados 45,1- 65 cm
65,l - 85 cm
Atualmente, quase todos, senão todos os inventá-
rios florestais, têm seus dados processados eletroni- 85,1- 105 cm
camente. Os equipamentos variam com a empresa 105, 1 e maiores
ou instituição e vão desde os microcomputadores
b) usando a metodologia tradicional de parcela fixa
até os chamados "MAINFRAMES" (computadores
de grande porte). As linguagens de programação 20- 30cm
usadas também variam, sendo entretanto muito co- 30,1 - 40 cm
mum a PL-1, FOR1RAN e BASIC. Existem ainda
pacotes de programa, muito difundidos no momen- 40,1 - 50 cm
to, podendo-se citar o SAEST - Sistema de Análise 50,1- 60cm
Estatística-, SAS - Statistical Analysis System - e o 60,1 - 70 cm
SPSS - Social Package Statistical Science.
70,1 - 80 cm

2.8 Resultados Esperados 80,1 - 90 cm


90,l - 100 cm
2.8.1 Determinação do Potencial de Madeira 100,1 - 110 cm
É evidente que o p1incipal objetivo de um inven- 110,l e maiores
tário florestal é a obtenção do potencial de madeira, - classe comercial das madeiras: é outra variável
embora esteja claro também que inúmeras outras importante, principalmente quando se consideram,
variáveis devam ser consideradas, tais como: em primeiro lugar, os aspectos econômicos da
atividade florestal. Tradicionalmente, os segmentos
- diâmetro mínimo: depende dos propósitos do le- do mercado madeireiro são classificados em 4
vantamento; em inventários florestais com vistas a (quatro) tipos:
subsidiar procedimentos imediatos de exploração
florestal comercial, o mais usual é estabelecer o a) madeiras de qualidade 1: são aquelas historica-
diâmetro mínimo de 45 cm, não sendo raro a adoção mente consagradas no mercado internacional,
de 30 cm. Para objetivos de mais longo prazo, acrescidas de outras cujas características, estudadas
visando a futuros planos de manejo florestal, re- mais recentemente, as habilitam a ingressar nesse
comenda-se sejam utilizados diâmetros a partir de exigente mercado. No primeiro caso, citam-se as já
5 cm, considerando a necessidade de conhecer a bastante conhecidas como mogno, cedro, andiroba,
estrutura ve1tical e horizontal da floresta; e cerejeira, ucuuba. No segundo grnpo têm-se a ce-
drorana, quaruba, sucupira, dentre outras;
- intervalos de classes de diâmetro: os estudos de
Barros (1980) sobre a determinação do intervalo b) madeiras de qualidade 2: aquelas de aceitação
ótimo mostraram que aquele que forneceu melhores garantida no mercado nacional, bem como as que
resultados foi o de 10 cm, tendo sido testados tam- apresentam possibilidades de exportação, tais
bém intervalos de 5 cm e 7 cm. Por outro lado, como: amapá-doce, açacu, jarana, quarubarana.
Jankauskis (1987) constatou que, quanto maior for c) madeiras de qualidade 3: usadas regionalmente
mas com possibilidade de se expandirem para o
a intensidade de amostragem e maior a freqüência mercado nacional, como abiorana, breu-manga, ju-
relativa da espécie, menor pode ser o intervalo de tairana, louro-amarelo; e
Classe de DAP (diâmetro a altura do peito) e vice- d) madeiras de qualidade 4: de uso unicamente
versa. No seu estudo específico o autor observou local, assim como aquelas sem expressão comercial
que o intervalo não deveria ser inferior a 20 cm. atualmente; neste grnpo existem as que realmente
Entre uma e outra constatação e considerando tam- são de baixa qualidade e por isso não utilizadas; e
bém os aspectos históricos dos levantamentos já também outras de pouco ou nenhum valor porque
efetuados na Amazônia, bem como o procedimento ainda não foram estudadas, mas que poderiam even-
adotado no Núcleo Marabá (Programa Carajás), tualmente ser aproveitadas e ter sua comercializa-
recomendam-se os seguintes intervalos: ção ampliada.
- sanidade aparente: está relacionada ao aspecto
a) usando a metodologia VMP: externo da árvore e, embora não forneça um exame
5 - 15 cm acurado dos seus defeitos internos, é uma informa-
ção que, tanto quanto as demais, deve ser conside-
15,1 - 30 cm rada no conjunto das variáveis envolvidas no
30,1 - 45 cm processo avaliativo.

52 Manual Técnico da Vegetação Brasileira


2.8.2 Determinação da Potencialidade pode levar a decisões equivocadas. A este respeito,
é importante enfatizar que, se os resultados assim o
A conjugação dos fatores descritos anteriormente, indicarem, se pode perfeitamente recomendar que,
aliada às condições do terreno, resulta em diferentes do ponto de vista florestal, nada seja feito com
graus de dificuldade de exploração florestal. A partir relação ao desenvolvimento futuro da área, e isto
desta relação, podem ser detectadas áreas de maior será uma decisão perfeitamente lógica (lnventory
ou menor potencialidade relativa e definir aquelas and evaluation of the forest resources in the State of
prioritárias. A cada área assim caracterizada é Para, Brazil, 1975).
atribuído um índice cujo somatório resulta em
classes de potencialidade (Tabelas 2 e 3). 2.10 Considerações Finais
2.9 Discussão dos Resultados Percebeu-se que o inventário florestal é a um só
tempo uma técnica de simples execução e uma
Os resultados devem ser discutidos e analisados ferramenta importante para o conhecimento dos
de forma clara, para que possam ser entendidos por recursos de uma dada área florestal, qualquer que
outras pessoas não ligadas diretamente a inventário seja a sua destinação.
florestal, mas que provavelmente serão seus usuá-
A questão central reside na adoção de uma adequa-
rios. Isto não impede que sejam analisados à luz dos
da política florestal de longo prazo, que promova
conhecimentos estatísticos disponíveis, o que per-
uma avaliação sistemática dos recursos, notada-
mitirá que outros profissionais da área possam fazer
mente em florestas naturais. Essa política, sem dú-
uma avaliação crítica não somente deste tópico, mas
vida, evitaria, entre outras coisas, a superposição de
principalmente do trabalho como um todo.
trabalhos de mesma natureza, realizados por dife-
Devem-se evitar comparações com outros traba- rentes instituições, com desperdício de tempo e
lhos com características e objetivos diferentes, mas
recursos financeiros.
se isto for inevitável este detalhe deve ser conve-
nientemente ressaltado. O desdobramento dessa questão, necessaria-
As considerações finais e as recomendações ba- mente, envolve àlguns aspectos relevantes, e o caso
seadas nos resultados devem levar em conta, adicio- da floresta amazônica parece ilustrá-los perfeita-
nalmente, outras características como relevo, mente. É sabido a diversidade de espécies que a
geologia, solos e drenagem. Isto porque somente a compõem, bem como é igualmente conhecido que
análise do parâmetro de interesse (geralmente é o poucas têm valor comercial nos mercados nacional
volume de madeira para diferentes finalidades) e internacional.

TABELA2
CARACTERÍSTICAS DA VEGETAÇÃO, DO TERRENO E SEUS RESPECTIVOS ÍNDICES

VEGETAÇÃO TERRENO
·------
Características Ínilice Características Ínilice

Área florestal com grande volwne de madeira Terrenos aplainados com rede de drenagem pouco
explorável densa

Área florestal com méilio volume de madeira Terrenos ondulados com rede de drenagem pouco
explorável 2 2
densa

Área florestal com baixo volume de madeira


explorável 3 Terreno ondulado com rede de drenagem densa 3

Terreno aplainado mal drenado ou sujeito à


Área com pouca ou nenhuma madeira explorável 4
inundação ou forte ondulado 4

Manual Técnico da Vegetação Brasileira 53


TABELA3
CLASSES DE PRODUTIVIDADE OBTIDAS DA TABELA 2

SOMATÓRIO CLASSES DE POTENCIALIDADE

2 Alta (A)

Alta (Ma)
3 Média { Baixa (Mb)

Média(Bm)
4 Baixa { Inexpressiva (Bi)

Baixa (Ib)
5 Inexpressiva { Nula (ln)

6 Nula

7 Nula

8 Nula

À luz das pesquisas já realizadas sobre as carac- mente se não houver um conhecimento prévio do
terísticas das madeiras amazônicas, não parece ser tipo de distribuição espacial de seus in-
de bom alvitre efetuar um inventário florestal e divíduos.
informar que uma determinada área tem um poten- De qualquer forma, cabe ao planejador ou quem
tenha o poder de decisão, de fazer estas e outras
cial madeireiro de 150 m3 lha, por exemplo. Esta
ponderações acerca da conveniência de realizar um
informação é incompleta à medida que alguns es- inventário florestal.
tudos têm revelado que apenas uma pequena per- Finalmente, acredita-se que um inventário flores-
centagem desse valor é economicamente tal deve ser executado e analisado dentro de um
aproveitável. A contrapartida desse fato é um ex- contexto mais amplo, envolvendo desde problemas
ambientais, sociais e econômicos, até questões prá-
cessivo aumento dos custos, quando se direciona o ticas relacionadas com a metodologia mais apro-
trabalho para somente poucas espécies, especial- priada para determinada finalidade.

54 Manual Técnico da Vegetação Brasileira


3 TÉCNICAS E MANEJO DE COLEÇÕES
BOTÂNICAS

As observações e estudos botânicos sobre os indi- estar tecnicamente preparado para desenvolver ati-
víduos que compõem a cobertura vegetal de uma vidade de coleta. O(s) nome(s) do(s) coletor(es)
determinada região fornecem subsídios valiosos fica(m) definitivamente associados ao material co-
para o desenvolvimento de trabalhos sobre a vege- letado. A numeração é seriada, ficando sempre vin-
tação. culada ao coletor principal. Cada exemplar da coleta
O conhecimento acurado das comunidades vege- de uma espécie e que leva o mesmo número de série
tais que constituem os diferentes tipos de revesti- do coletor é denominada duplicata (Mori et ai.,
mento da terra é obtido, em geral, através de 1985). No caso de não existir duplicata, o exemplar
coleções botânicas, que são bancos de dados que passa a ser denominado unicata.
possibilitam o acesso aos mais diversos tipos de
informações. Entretanto, colecionar de maneira cor- AMOSTRAS, EXEMPLARES OU ESPÉCIMES
reta exemplares botânicos desidratados implica BOTÂNICOS
técnicas e manejos adequados. São plantas ou parte destas, depois de coletadas,
O objetivo desta parte do manual de vegetação é independentes de terem sido ou não submetidas a
orientar e uniformizar a metodologia específica em- tratamento especial.
pregada na coleta, herborização e manejo das cole-
PRENSAGEM
ções.
Coleções botânicas preparadas segundo metodo- É o processo de preparação da amostra botânica,
logia adequada e identificadas criteriosamente são a partir da coleta. Consiste basicamente em acondi-
fontes de consulta úteis, que fornecem dados sobre cionar o exemplar em folhas de jornais dentro de
as espécies que ocorrem nos diferentes ecossiste- uma prensa, para submetê-la posteriormente a um
mas vegetais. processo de desidratação, em estufa, construída
para tal fim.
3.1 Conceitos Gerais
COLEÇÃO BOTÂNICA SECAGEM
Coleção botânica no sentido aqui abordado se O processo de secagem das plantas consiste no
refere a um conjunto de amostras de plantas nume- nivelamento e desidratação, através do calor, dos
radas seriadamente. Correspondem, geralmente, a exemplares recém-coletados, com a finalidade de
ramos floríferos e frutíferos ou à planta inteira, que, preservar as estruturas dos vegetais (Germán,
após sofrerem um processo de desidratação e acon- 1986).
dicionamento, são transformados em exsicata,junto HERBORIZAÇÃO
com informações adicionais impressas em etiquetas
padronizadas. Herborizar consiste, basicamente, nos procedi-
mentos de prensagem, secagem e preparação do
COLETA exemplar botânico para inclusão no herbá1io. As
A coleta consiste no ato de coletar plantas para um amostras das plantas depositadas no herbário são
determinado estudo. Coletar corretamente as plan- montadas de forma especial, em folha de cartolina
tas é, pois, o primeiro passo para que o estudo em de tamanho padronizado, na qual se fixa(m) uma(s)
questão seja bem sucedido. As plantas coletadas etiqueta(s) contendo informações diversas. A esta
passarão a constituir as coleções botânicas. amostra atribui-se a denominação de exsicata (Mori
et al., 1985).
COLETOR
Uma ou mais pessoas, responsáveis tanto pela HERBÁRIO
numeração seriada das amostras coletadas em um O herbário é uma coleção de plantas secas ou de
determinado local como pela idoneidade das infor- partes destas, técnica e cientificamente preparadas
mações coligidas. Como inúmeras vezes os exem- para ulteriores estudos comparativos, históricos e
plares não representam o indivíduo em sua documentários da flora de uma região ou país. Para
totalidade, e sim partes deste, é importante o coletor tanto, é necessário que as amostras oriundas de
diversas regiões fitoecológicas/geográficas apre- 3.2 Metodologia para Coleta e
sentem folhas, flores e/ou frutos. O herbário funcio- Herborização
na como um banco de dados crescente, a partir das
informações provenientes essencialmente das exsi- 3.2.1 Equipe de Campo
catas.
Para uma melhor compreensão deste conceito são Constituída por pessoas diretamente envolvidas
citadas algumas finalidades de um herbário: no trabalho. As operações de campo que envolve-
- armazenar exemplares, identificados tanto quan- rem coleta de material botânico devem contar com
to possível de todas as espécies de plantas de uma a presença de um botânico, que fornecerá informa-
região. Os exemplares devem mostrar o máximo ções sobre a flora regional e a região fitoecológica.
possível as variações e os estágios de desenvolvi- Dependendo da região fitoecológica, onde serão
mento das plantas; realizadas as coletas, toma-se indispensável a pre-
sença do indivíduo treinado para subir em árvores
- funcionar como um centro de identificação;
de grande porte. É importante também a presença
- ser um centro de treinamento botânico especial-
de pessoa da região (mateiro), que conheça bem a
mente em taxionomia;
área e as plantas que lá oconem, pois poderá forne-
- prover dados fundamentais para trabalhos taxio- cer informações tanto sobre o uso dos vegetais como
nômicos, fitogeográficos, fitossociológicos e levan-
seus respectivos nomes vulgares.
tamentos sobre formações remanescentes de
vegetação;
3.2.2 Equipamentos de Coleta e de Herborização
- fornecer material de análise para pesquisa sobre
flora e vegetação; O material a ser utilizado depende da área de
- documentar cientificamente as pesquisas sobre coleta, da duração da operação de campo e da ex-
flora e vegetação. Sem essa documentação, as afir- pectativa da atividade de coleta.
mações terão valor científico relativo. Um determi- Para atender aos requisitos da coleta, é imprescin-
nado táxon pode mudar de nome ou de nível, mas a dível o conhecimento sobre a técnica de manuseio
exsicata de herbário terá sempre uma mesma "amar- dos equipamentos a serem utilizados. Isto propicia-
ração", que pem1itirá essa verificação a qualquer rá maior operacionalidade, praticabilidade, facilida-
tempo. Uma vez citado na literatura científica um de de transporte, segurança do coletor, baixo custo,
espécime (ex sicata) passa a ter valor científico ines- rendimento de coleta e o mínimo de dano às plantas.
timável; A seguir são citados os equipamentos mais versá-
- informar tanto sobre plantas úteis e nocivas ao teis para coleta e herborização de material botânico,
homem, bem como forrageiras e tóxicas para ani- em especial vegetais superiores, segundo os traba-
mais; e lhos de Kuhlmann, J. G. (1943); Kuhlmann, M,
- assegurar fidelidade às informações sobre vege- (1947); Vianna Freire et al. (1949); Kuniyoshi
tais que ocorrem em áreas sujeitas aos processos de (1979), Fidalgo et al. (1984); Mori et al. (1985) e
devastação, cont1ibuindo para conservação ou re- Nadruz (1988).
florestamento das mesmas.
Os conceitos e as finalidades mencionadas sobre
ALTÍMETRO
o herbário resultam, em parte, da coletânea das
definições dos trabalhos de Sakane (1984), Mori et Indica a altitude do ponto de coleta e deve ser
ai. (1985) e Germán (1986). sempre zerado ao nível do mar, no início de cada
trabalho.
IDENTIFICAÇÃO CIENTÍFICA
BÚSSOLA E MAPA
Identificar uma planta consiste em atribuir-lhe um
São utilizados para a orientação e a correta deter-
nome científico de acordo com um sistema de clas-
minação e anotação dos pontos de coleta. O mapa
sificação botânica, formado por categorias hierár-
deve ser o mais detalhado possível.
quicas, regido por um Código Internacional de
Nomenclatura Botânica (Greuter et al., 1988). Só CADERNETA DE CAMPO
após a identificação pode o exemplar botânico ser- Utilizada para as observações obtidas no campo.
vir de fonte de consulta para os mais variados fins Deve ser de fácil transporte e confeccionada em
"O primeiro passo no conhecimento sobre uma mate1ial resistente.
planta, suas propriedades, distribuição e importân-
cia está na garantia de sua identidade. Seu nome BLOCO DE FICHA DE COLETA
coneto é o acesso a muitas informações ... " (Fors- Utilizado para anotar os dados referentes ao local
berg apud Womersley, 1981). da coleta e do exemplar botânico (Figura 15).

56 Manual Técnico da Vegetação Brasileira


FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA- IBGE
FICHA DE COLETA DE MATERIAL BOTÂNICO

PAÍS: ......................................... ESTADO: .............. MUN.: ............................... FOLHA: ................. OP.: ................... .
REF. LOCAl,:.................................................................. . PONTO DE COLETA: ..................................................... .
COORD.: LAT.: ........................ LONG.: ..................RELEVO: ........................ ALTITUDE: ...................................... .

VEG.: ............................. FORMA BIOLÓGICA: ............................... SOLOfIEXTURA: ......................................... .


FREQÜÊNCIA: RARA () COMUM () ABUNDANTE () NQME VULGAR: ..................................... ..
FAMILIA: .......................................................................... NOME CIENTIFICO: ................................................. .

CIÓFITO () HELIÓFITO ( ) HIDRÓFITO ( ) PALUSTRE () RIPÁRIA ()


RUDERAL() RUPÍCOLA() SAXÍCOLA() XERÓFITA() HALÓFlTA()

HÁBITO: ÁRVORE () ARBUSTO() SUBARBUSTO () ERVA () CESPITOSA ()


DECUMBENTE () EPÍFITA() ERETO ( ) ESCANDENTE ( ) ESCAPOSA ( )
LIANA () PARASITA() IIEMIPARASITA () PROSTRADA () SAPRÓFITA ()
TREPADEIRA () HE~IIEPÍFITA () ALTURA: .. ........ . .. DIAM COPA: ........... DAP: .............. .

EXSUDATO: ......

OBS.: SOBRE RAÍZES QUANDO FOR O CASO: ..

CASCA DO TRONCO: ESCAMOSA ( ) ESFOLIANTE () ESTRIADA() HSSURADA()


GRETADA ( ) LISA ( ) SUBEROSA() VERRUCOSA ()

OUTRAS OBS.: ........... .

FOLHA: MEMBRANÁCEA ( ) CARTÁCEA ( ) CORIÁCEA()


OUTRAS OBS.: .... .. .......... ..... ......... ........... ......... . . . ..... .. ......... ..

FLOR-COR: CÁLICE COROLA


OUTRAS OBS.: ............... .

FRUTO: CARNOSO () SECO () DEISCENTE ( ) INDEISCENTE ( )


OUTRAS OBS.:.. . .. ... .. . . .... ... ........ .. ........
OBSERVAÇÃO: ... .. ..................... .

COLETOR E N 2 DA COLETA:...... .......... ....... . .. ...... . . ...... .......... . . ........ DATA:........ .. .................... .
DETERMINADOR: ...... .... .... . ........... .... ..... ...... .. . . . .. .. . . . ....... ... ....... . ....... DA11\: ........................... .

Fig 15 - Modelo de Ficha de Coleta

Manual Técnico da Vegetação Brasileira 57


FACÃO ETIQUETAS ADESIVAS
Utilizado para a abertura de picadas e/ou corte de Servem para controlar e numerar as amostras co-
casca das árvores. letadas e também para catalogar os vidros com
amostras.
TESOURA DE PODA
Utilizada no corte de ramos finos das amostras TRENA
vegetativas de folhas, flores ou, quando possível, Utilizada para medir a circunferência de tróncos e
frutos. Deve ser do tipo comumente usado por jar- distâncias.
dineiros.
PAPEL DE PREPARAÇÃO (FOLHA DE
PODÃO DE VARA OU TESOURA DE ALTO- JORNAL)
PODA (PODÃO)
É utilizado para colocar cada amostra coletada,
São versáteis para coleta de material de porte alto.
separando-a ramo a ramo em folhas distintas. O
Confeccionados em aço ou alumínio, sob a forma
papel de preparação do tipo folha de jornal inteira
de bico-de-papagaio. Podem ter um cabo desmon-
deve ser cortado longitudinalmente e em seguida
tável de bambu ou alumínio, para facilitar o trans-
dobrado transversalmente. Caso tenha folhas meno-
porte (Figura 16 a-c).
res, as mesmas são utilizadas sem cortes. Cada folha
CANIVETE OU FACA de jornal leva no bordo o nome e o número do
Destina-se a seccionar amostras pequenas e as coletor.
partes frágeis das plantas. ENVELOPES (PAPEL FINO OU
PÁ, ENXADA PEQUENA OU DESPLANTADOR PAPEL-MANTEIGA)
Servem para coletar caules subterrâneos e raízes Servem para armazenar plantas de pequeno porte,
de algumas plantas (Figura 16 d). flores, frutos, sementes e até folhas pequenas e
soltas. Levam o mesmo número do coletor, caso a
LUPA DE BOLSO amostra já tenha sido numerada, para evitar mistura
Utilizada na observação de detalhes. É aconselhá- de material.
vel que forneça aumento de 10 a 15 vezes.
PRENSA DE MADEIRA TRANÇADA
SACOS PLÁSTICOS
Serve para o acondicionamento das amostras, sob
Servem para armazenar as amostras coletadas du-
pressão, para evitar o enrugamento do matetial de-
rante a operação de campo, facilitando seu transpor-
vido à desidratação. Sua forma trançada possibilita
te até um local adequado à prensagem. De modo
a desidratação do material em menos tempo, pois
geral são utilizados sacos plásticos de vátios tama-
facilita a perda da água contida nos tecidos vegetais.
nhos: 33 cm x 24 cm, 72 cm x 49 cm, 31 cm x 71
Deve ser de material resistente, com dimensões de
cm. Cada coleta deve ser individualizada de acordo
45 cm x 30 cm, com as réguas de 3 cm de largura.
com seu tamanho em um único saco, o qual deverá
As quadrículas são espaçadas de 2 em 2 cm. (Figura
ser fechado para evitar mistura de material e devi-
16 e).
damente numerado de acordo com a seriação do
coletor. Os sacos individualizados podem ficar ar-
mazenados em sacos maiores. CORDA OU CINTOS DE LONA
Utilizada para amarrar o material botânico prensa-
FITA CREPE do. No campo a corda pode ser de nylon, contudo
Utilizada para vedar os sacos plásticos com as na estufa deve ser de sisal para resistir a temperatu-
amostras já herborizadas. ras elevadas.
SACOS DE REDE PARA FRUTOS OBS.: O nylon resiste à temperatura da estufa, que
não é superior a 70ºC, mas tem a desvantagem de
Servem para acondicionar frutos grandes. deslizar em alguns casos e afrouxar a prensa.
VIDROS
ESTUFA DE CAMPO
Utilizados na conservação de flores e de frutos
carnosos, que ao serem prensados ficam achatados, Serve para facilitar a secagem do material em
perdendo pattes importantes de suas estruturas. São trabalhos de campo de longa duração. Nos locais
de vários tamanhos e devem conter álcool a 70º. Na sem energia elétrica leva-se equipamento adicional
conservação de flores costuma-se acrescentar uma para fornecimento de energia térmica (botijão de
gota de glice1ina para cada 10 ml de álcool a 70°. gás).

58 Manual Técnico da Vegetação Brasileira


b

e
d

Fig. 16 ·Tipos de Podão (a,b,c); Desplantador (d); Prensa Aberta e Fechada (e) (a-d) retiradas de Fidalgo & Bononi (1984); (e)
retirada de Mori et ai (1985)

Manual Técnico da Vegetação Brasileira 59


PAPEL-CHUPÃO, MATA-BORRÃO OU PA- ÓCULOS PROTETORES
PELÃO Servem para a proteção dos olhos contra ciscos,
Servem para focil itar a absorção da água eliminada insetos e outros, tanto em locais fechados como
pelas plantas herborizadas. Seu tamanho deve ser abe1tos.
de aproximadamente 39 cm x 24 cm.
PAR DE ESPORÕES OU ESPORAS DE HASTE
FOLHAS DE ALUMÍNIO CORRUGADO RETA
Servem para aumentar a temperatura no interior da Utilizados pelo trepador para fixar a bota no tronco
prensa, facilitam.lo a passagem de ar quente no seu da planta. São confeccionados em aço e com cor-
inte1ior. São colocadas entre cada papel chupão e o reias de couro (Figura 17 a).
jornal. São utilizadas no tamanho 41 cm x 25 cm.
CINTURÃO DE SEGURANÇA
Serve para prender o corpo do trepador ao talabarle
BORRIFADOR COM ÁLCOOL (Figura 17 b).
Serve para bo1Tifar o material botânico como um
recurso para sua preservação, quando as condições TALABARTE
loca~s não permitirem a utilização de estufa de cam- Articulado ao cinturão de segurança, serve para
po. E um recipiente de plástico contendo álcool a prender o corpo do trepador ao tronco da planta
96° GL (álcool comercial). (Figura 17 b).
BOTAS
LUVAS DE COURO São utilizadas pelo trepador na escalada. Devem
Servem para proteção, principalmente no caso de ser confeccionadas em material resistente (Figura
coleta de material com espinhos. 17 e).

Fig 17 - Equipamentos para Coleta de Material Arbóreo: Esporão (a); Cinturão de Segurança e Talabarte (b); Bota (e) Retirados
de Fidalgo & Bononi (1984)

60 Manual Técnico da Vegetação Brasileira


ESCADA DE CORDA circunferência do tronco assim o exigir, de modo
Confeccionada em corda e tubos de PVC, pode ser que o trepador sinta seu corpo preso e equilibrado.
montada no local, e é a que melhor se adapta às Alcançando uma posição estável, em geral, na pri-
dificuldades de campo. Para montar-se 30 m desta meira ramificação da copa, o trepador recebe o
escada é preciso 80 m de corda de nylon torcida podão de vara e efetua então a coleta.
5/16" e 60 pedaços de canos de PVC de 3/4" corta-
dos com 25 cm de comprimento. Esta escada possui 3.2.4 Metodologia de Coleta Propriamente Dita
em sua extremidade um gancho de ferro para segu-
O coletor deve sempre levar em consideração que
rá-la ao galho que agüente o peso de no mínimo uns
inúmeras vezes os espécimes coletados não repre-
80 kg. Para que se possa fixar esta escada ao galho
sentam o indivíduo em sua totalidade e sim partes
é preciso fazer um arremesso de uma linha de nylon
destes. Daí a importância de serem coligidas todas
com peso. Este arremesso pode ser feito por estilin-
as informações que possam levar à recomposição
gue ou manualmente (marimba). A linha tanto serve
das características da planta no estágio de vida em
para fixá-la como para soltá-la. O outro extremo da
que se encontrava e seu local de coleta.
escada deve ficar fixo ao solo por pinos de seguran-
É importante serem observados os corretos proce-
ça, toco ou raiz, para evitar que esta sofra oscilações
dimentos de coleta, descritos a seguir:
em altitudes médias.
MARIMBA 3.2.4.1 Ficha de Coleta
Serve para abaixar e/ou seccionar o material a ser As seguintes informações sobre o ambiente e so-
coletado. É constituída por uma corda com um peso bre o indivíduo coletado devem constar da ficha de
amarrado a uma das extremidades. coleta.
Outros equipamentos podem ser utilizados nos - Dados sobre o ambiente físico do ponto de cole-
trabalhos de campo, tais como binóculo e máquina ta:
fotográfica.
. Local: país, folha geográfica, estado, município,
referências locais (rio, serra, chapada, vale, povoa-
3.2.3 Utilização do Equipamento de Campo do e se for estrada, usa-se a quilometragem como
Antes do início da operação de campo selecionar ponto de referência de um lugar geograficamente
o equipamento a ser utilizado em função do objetivo conhecido), altitude.
do trabalho, bem como verificar o seu estado de . Vegetação: este item será preenchido de acordo
conservação. com a classificação adotada na Parte 1 deste Ma-
Para agilizar a coleta, os jornais deverão estar nual, forma biológica e textura do solo.
devidamente coitados e colocados entre as prensas - Dados relacionados à Planta/Ambiente: referem-
que serão amarradas (Figura 16 e). se aos dados relativos às adaptações das plantas ao
No local de coleta, registram-se a quilometragem meio.
do veículo, a altitude, o tipo de vegetação e a plota- - Freqüência: freqüência da espécie em relação ao
gem do local no mapa. local de coleta.
- Aspectos gerais do indivíduo coletado:
Para coletar o indivíduo de baixo porte deve ser . Hábito - porte, altura.
utilizada a tesoura de poda. Os cmtes devem ser . Tipos peculiares de raízes adventícias.
sempre inclinados, para impedir o acúmulo de água . Aspectos gerais do tronco e dos ramos.
na extremidade seccionada, evitando-se assim da- . Folha: cor das superfícies, aroma quando ma-
nos à planta matriz. Ramos férteis de plantas de cerada, consistência.
grande porte, localizados com o binóculo, são cole- . Flor: grau de maturação, aroma, cor da corola,
tados com auxílio do podão de vara. Dependendo estames e estigma.
da altura do fuste, os ramos a serem coletados só . Fruto: grau de maturação, aroma, cor, consistên-
podem ser alcançados pelo trepador com a utiliza- cia.
ção adequada dos equipamentos. Antes de ser ini- Quando possível deverão ser mencionados no
item observação sua importância econômica, uso
ciada a escalada, o trepador fixa as esporas às botas,
medicinal, nome vulgar, animais visitantes, além de
adapta o cinturão de segurança ao seu corpo, prende outras informações que o coletor julgar procedente.
o talabarte ao cinturão, coloca as luvas de couro e
os óculos de proteção. Durante a escalada, as espo- 3.2.4.2 Numeração das Amostras
ras devem ser utilizadas compassadamente, alter-
nando-se os movimentos das pernas. Deve-se tomar A série do coletor será iniciada pelo número 1 e
cuidado para não causar danos excessivos ao tron- obedecerá a uma seqüência contínua que inde-
co. O talabarte vai sendo reajustado à medida que a penderá, do projeto, local da coleta e operação de

Manual Técnico da Vegetação Brasileira 61


campo. Esta numeração será sempre ligada ao No caso de mais de um coletor, deve-se estabelecer
nome do coletor principal e deverá constar na ficha a priori qual será o responsável pela numeração das
de coleta, na caderneta de campo e na borda do amostras. Não poderá haver numeração dupla, por
jornal. Deve-se sempre abreviar o prenome do co- mais de um coletor, para uma mesma amostra.
letor. Exemplo: Rogério Augusto Nogueira deve ser
abreviado para R. A. Nogueira. Sobrenomes muito 3.2.4.3 Regras Gerais
freqüentes, tais como Silva, Costa, Pereira, etc.,
deverão ser precedidos de outro nome escrito por A amostra botânica ao ser transformada em exsi-
extenso, para evitar confusões com outros coletores. cata terá um tamanho padronizado, e nesta condição
Exemplo: Maria FeITeira da Silva, abrevia-se para deve reunir o maior número possível de dados que
M. Ferreira da Silva; Paulo Esteves Pereira, para P. permitam sua identificação. De um modo geral, os
Esteves Pereira. seguintes procedimentos devem ser seguidos pelo
coletor para o bom êxito de sua atividade de coleta:
- Amostras procedentes de um único indivíduo
recebem o mesmo número (Figura 18 a). a) evitar a coleta em dias chuvosos, bem como a
coleta de plantas molhadas que provocam a forma-
- Amostras de indivíduos diferentes recebem nú- ção de mofo;
meros distintos, exceto quando se trata de indiví- b) escolher exemplares sem vestígios de ataque
duos pequenos que juntos formam um único pelos insetos, infestações de fungos e outros sinto-
número (Figura 18 b). mas patológicos evidentes (Lawrence 1951);
c) evitar indivíduos depauperados (Lawrence
1951);
/\ d) dar preferência a exemplares férteis, isto é, com
est:mturas reprodutoras (Pteridófitas) ou com flores
e/ou frutos (Fanerógamas); e
e) coletar, sempre que possível, 5-7 amostras de
cada indivíduo, procurando-se adicionar algumas
flores e frutos a mais para serem utilizados pelo
identificador. As amostras destinam-se ao herbário
de 01igem, a especialistas em troca de identificação
e, ainda, para intercâmbio com outros herbários.

ADONIAS 120 3.2.5 Metodologia para Herborização

3.2 5.1 Prensagem


a) prensar as amostras, logo após o ato da coleta
ou pelo menos no mesmo dia. Nunca deixar para
prensar no dia seguinte;
b) preparar as amostras em tamanho que corres-
pondam em média a 35 cm x 25 cm. Casos em que
este procedimento implique perda de partes essen-
ciais de amostra (folhas muito grandes) ou quando
a amostra botânica representa a planta toda, deve ser
dobrada em forma de N ou V (Figura 19 a), (Mori,
1989);
c) ramos com muitas folhas devem ser debastados;
d) caso seja necessário eliminar algumas folhas
das amostras, estas devem ser c011adas (Figura 19
b) de modo que o vestígio do pecíolo fique evidente
(Mori et ai., 1985);
e) em uma amostra as folhas devem ser prensadas
de modo alternado, isto é, algumas mostrando o lado
ventral e outras o lado dorsal (Figura 19 c);
Fig. 18 - Numeração das amostras: Número de Coleta do Indi- f) inflorescências muito longas, antes de serem
víduo a (a); Número de Coleta do Indivíduo b (b) dobradas, devem ter o ramo levemente amassado;

62 Manual Técnico da Vegetação Brasileira


g) frutos de grandes dimensões, sem condições de i) o nome do coletor, seguido de seu respectivo
prensagem, devem ser destacados da amostra e co- número de coleta, deve ser imediatamente anotado
locados em "saco de rede de nylon" com o nome do na margem da folha (fazer anotações com lápis no
coletor e seu respectivo número de coleta (Mori et caso de se usar álcool para preservar o material).
al., 1985); Após estes procedimentos, as amostras são empi-
h) acondicionar cada exemplar coletado na folha lhadas e colocadas entre as prensas. Em seguida,
de jornal; nunca incluir duas amostras em uma amarra-se o conjunto com cordas, de modo que o
mesma folha; e material fique sob pressão, para evitar que enrugue.

( b)

(d)

Fig 19 - Tipos de Prensagem: (a) Amostra em N ou V; (b) Amostra com folhas cortadas mostrando o vestígio do Pecíolo; (c) Fo-
lhas prensadas mostrando o lado ventral e o dorsal; (d) Montagem de planta Herbácea

Manual Técnico da Vegetação Brasileira 63


3.2.5.2 Secagem 3.3 Terminologia para Descrição da
Os procedimentos a seguir são baseados principal-
Planta no Campo
mente nas Instruções Técnicas n2 24 IBGE (1981) e Com o objetivo de tomar mais completas e preci-
em Mori et al. (1985). sas as informações sobre o indivíduo coletado, fo-
Quando se dispõe de estufa de campo, ao final de ram relacionados alguns termos já definidos na
cada dia de coleta, o material que já foi prensado literatura botânica e que podem ser utilizados na
será repreparado no interior da prensa, para ser descrição das características da planta em seu habi-
introduzido na estufa, obedecendo-se a seguinte tat, principalmente aquelas não representadas na
seqüência: amostra e as que se perdem com o processo de
- uma das grades da prensa; herborização. Recomenda-se, portanto, o emprego
- folha de alumínio corrugada; da terminologia que se segue para descrever:
- jornal contendo no seu interior a amostra botâni-
ca; 3.3.1 Dados Relacionados à Planta/Ambiente
- folha de papel-chupão; As conceituações aqui adotadas foram baseadas
- folha de alumínio corrugada; e em Font-Quer (1985).
- jornal contendo no seu interior outra amostra. a) As plantas podem ser classificadas quanto à
Após a inclusão da última amostra no interior do exposição à luz em:
lote, colocam-se o papel-chupão, a folha de alumí- - ciófito (esciófito, umbrófito): planta que se de-
nio e finalmente a outra grade da prensa. Em segui- senvolve em áreas sombrias; e
da, amarra-se o conjunto fottemente com cordas e - heliófito: planta que habita áreas abertas, expos-
coloca-se na estufa. Cada lote de material prensado tas à luz solar.
deve atingir em média a altura entre 40 e 50 cm. b) Quanto ao substrato, em:
Como há uma variação de tempo de secagem e de - hidrófita: planta aquática com os órgãos assimi-
acordo com a consistência da amostra, a cada três ladores submersos ou flutuantes. Na descrição de
horas o material deve ser examinado e os jornais, uma hidrófita deve ser mencionada a posição das
quando muito úmidos, devem ser substituídos, ten- folhas em relação ao nível da água e também se o
do-se o cuidado de anotar o nome e o número do indivíduo no ambiente aquático está livre ou fixo a
coletor. À medida que o material seca e diminui de algum substrato;
volume, o lote prensado deve ter as cordas reajusta- - palustre: planta que cresce em lugares pantano-
das, para que as amostras não enruguem. sos;
O material botânico é considerado seco quando - halófito: planta que cresce somente em meios
apresentar-se rígido, sem flexionar ao ser suspenso salinos;
e sem umidade ao toque. Nessa ocasião, é retirado - riparia (ripícola): planta que se desenvolve às
da estufa. Após o retomo do campo todo material margens de rios;
deve ser examinado para verificar-se a necessidade - rupícola: planta que se desenvolve sobre pedras;
de retornar à estufa do laboratório por mais algum e
tempo. - saxícola: planta que cresce entre pedras.
Quando não se dispõe de estufa de campo, utilíza- c) Quanto à incidência em áreas sob ação antrópi-
se o método de secagem ao sol. Para possibilitar a ca:
conservação do material, este é bon·ifado com ál- - ruderal: planta que habita as cercanias das cons-
cool comercial, no momento da coleta. No dia se- truções humanas; e
guinte, as prensas são retiradas e o pacote com as - invasora: planta que habita locais cultivados pelo
amostras é revestido nas extremidades com dois homem.
papelões. Em seguida, amarra-se fortemente o pa- d) Quanto ao grau de umidade do ambiente:
cote que é colocado em saco plástico que posterior- - xerófita: planta que se adapta a ambientes secos;
mente é vedado com fita crepe. Ao retomar do e
campo, inicia-se imediatamente o processo de seca- - hidrófita: planta que se adapta a ambientes úmi-
gem através da estufa. dos.
Após a operação de secagem as amostras serão
submetidas a processos especiais, visando a impedir 3.3.2 Freqüência da Espécie em Relação ao Ponto
infestações diversas. A seguir, separar as amostras da Coleta
por coletas, em ordem numérica de coleta e acondi-
cionar em sacos plásticos com naftalina e cânfora No item dados ecológicos devem-se anotar ainda
até serem incorporadas ao herbário. os dados sobre a freqüência da espécie de acordo

64 Man11a/ Técnico da Vegetação Brasileira


com a tabela de abundância abaixo (modificado de - Escandente é a planta cujos ramos se inclinam
GATES, 1949): sobre outra planta sem possuir especialização para
- Rara (r): espécie raramente encontrada na comu- fixação na planta suporte.
nidade. - Escaposa é a planta que se caracteriza pela pre-
- Ocasional (o): espécie esporadicamente encon- sença de escapo, isto é, haste indivisa que parte do
trada. rizoma, bulbo, etc. (caule subterrâneo), sem folhas
- Comum ou Freqüente (c): espécie não muito e que apresenta flores no ápice (Figura 20 c).
abundante, ou espécie não predominante na comu- - Parasita é a planta que se nutre da seiva de outra
nidade. planta. Pode ser holoparasita, desprovida de cloro-
- Abundante (a): espécie predominante na comu- fila, e hemiparasita, que apesar de emitir haustórios
nidade. (raízes modificadas que sugam a seiva de outra
Esta tabela não é aplicável para plantas invasoras planta), possui também clorofila.
ou ruderais. - Prostrada é a planta que possui caule rastejante,
isto é, que é apoiado e paralelo ao solo, e por isso
3.3.3 Aspectos Gerais do Indivíduo Coletado distende-se horizontalmente (Figura 20 d).
- Saprófita é a planta desprovida de clorofila, que
A classificação que se segue é baseada principal- retira seus alimentos de material orgânico em de-
mente na altura, consistência e nível de ramificação composição (Mori, 1989).
do caule de acordo com Vidal e Vidal ( 1984) Mori - Liana (cipó) é a trepadeira lenhosa, isto é, com
et al. (1985) e Font-Quer (1985). ramos longos, delgados e flexíveis, que sobe apoia-
- Árvore é o vegetal lenhoso com o mínimo de da em árvores, podendo atingir muitos metros de
5 m de altura, com tronco bem definido e sem ramos altura. Geralmente apresenta em seus ramos curtos
na parte inferior; sua parte ramificada denomina-se órgãos ou estruturas especializadas para fixação.
copa. - Trepadeira herbácea é o vegetal sem tecido le-
- Arbusto é o vegetal com tamanho variando de 1 nhoso, que por si só não se mantém erguido. Desen-
a 5 m de altura, resistente e lenhoso, sem tronco volve-se apoiado em qualquer suporte, como por
predominante pois se ramifica desde a base. exemplo outra planta.
- Subarbusto é a planta em geral inferior a um As trepadeiras são classificadas em:
metro de altura, normalmente herbácea e lenhosa na - Trepadeiras volúveis, que se apóiam ao suporte
base do caule. enroscando-se através do caule (Figura 20 e).
- Erva é a planta de pequeno porte, cujo caule não - Trepadeiras com gavinhas, que se apóiam ao
possui ou apresenta pouco tecido lenhoso. supo11e por meio de órgãos fixadores, em geral
Ao mencionar-se qualquer um destes tipos de filamentosos (Figura 20 f).
hábitos deve-se indicar a altura da planta e, no caso
de árvores, o DAP, ou circunferência do tronco. 3.3.4 Tipos Peculiares de Raízes Adventícias
Referências quanto à ausência de folhas na copa das
árvores e nos ramos dos arbustos devem completar Os tipos descritos aqui foram baseados em Vida!
a indicação do hábito, podendo-se utilizar o termo & Vida! (1984):
Decidual (Caducifólia). - adventícia: raiz que não se origina da radícula do
Um grande número de plantas, em geral as herbá- embrião ou da raiz principal por ela formada, for-
ceas e subarbustivas, tem seu hábito também carac- ma-se nas partes aéreas das plantas e em caules
terizado por adaptações principalmente do caule subterrâneos;
(rastejante, volúvel, etc.) e também por suas carac- - cinturas (abarcantes) ou estrangulantes: envol-
terísticas adaptativas relacionadas ao substrato, sen- vem outro vegetal, muitas vezes causando-lhe a
do descritas como: morte;
- Cespitosa é a planta cujos caules formam toucei- - escoras ou suportes (Mori et ai., 1985): desen-
ras (Figura 20 a). volvem-se a partir de determinada altura da planta
- Decumbente é o vegetal com caules deitados dirigindo-se verticalmente para o solo e reforçando
sobre o solo, mantendo apenas o ápice dos ramos o sistema de sustentação;
erguidos (Figura 20 b). - grampiformes ou aderentes: ocorrem em geral
- Epífita é o vegetal que vive sobre outro (utilizan- nas trepadeiras sob a forma de grampos, fixando-as
do-o como suporte), sem ser parasita. a seu suporte;
- Hemiepífita é a planta que inicia seu ciclo de vida - respiratórias ou pneumatóforas: apresentam geo-
como epífita e emite raízes adventícias até o solo, tropismo negativo, orifícios (pneumatódios) em
tomando-se, depois, uma planta terrestre (mata- toda a sua extensão e internamente um aerênquima
pau). muito desenvolvido. Funcionam como órgãos de

Manual Técnico da Vegetação Brasileira 65


b

Fig. 20- Tipos de Hábito: Cespitosa (a); Decumbcnte (b); Escaposa (e); Prosttada (d); Trepadeira Volúvel (e) e com Gavinha (f)
Retirados de Mori et ai (1985).

66 Mwwal Técnico da Vegetação Brasileira


respiração e são estruturas típicas de plantas de cesso de herborização. Os seguintes dados mórfo-
mangue; e lógicos devem ser descritos por ocasião da coleta.
- tabulares: são muito desenvolvidas, apresentan- As folhas são descritas:
do o aspecto de tábuas perpendiculares ao solo, a) Quanto à consistência:
ampliando a base da planta e dando-lhe maior sus- - membranácea: consistência fina e semitranspa-
tentação. Também conhecidas vulgarmente como rente como membrana;
sapopemba ou sapopema, e catanas no Estado da - cartácea: consistência que se assemelha a papel
Bahia. grosso (papel cartão); e
- coriácea: consistência de couro.
3.3.5 Aspectos Gerais do Tronco e dos Ramos b) Quanto à cor:
- concolor: folha que é uniforme na cor, isto é, tem
A aparência da casca, isto é, revestimento externo
a mesma cor de ambos os lados; e
do tronco, conhecido também como ritidoma ou
- discolor: folha que apresenta as faces com colo-
córtex, é um dado que deve ser mencionado. Os
ração diferente.
termos mais utilizados para auxiliar a descrição
Nas flores descreve-se a coloração tendo-se o
desta estrutura, segundo Rizzini (1971, 1978), são:
cuidado de especificar, uma por uma, a coloração
- escamosa: casca que se solta em placas, em geral
dos verticilos protetores (cálice e corola) e, quando
retangulares;
possível, dos reprodutores (androceu e gineceu).
- esfoliante: desprende-se em uma ou várias cama-
Os frutos devem ser descritos:
das finas;
a) Quanto à consistência:
- estriada: com estrias, isto é, dotada de linhas
- carnosos: providos internamente de polpa sucu-
transversais;
lenta; e
- fissurada: provida de fendas ou fissuras longitu-
- secos: internan1ente sem desenvolvimento de
dinais;
camada carnosa.
- gretada: provida de fendas transversais;
b) Quanto à liberação de sementes em:
- lisa: casca cuja superfície não apresenta protube-
- deiscentes: frutos que na maturação apresentam
râncias nem ornamentações;
mecanismos para liberar as sementes; e
- suberosa ( corticosa): provida de súber ou cortiça;
- indeiscentes: frutos que na maturação não libe-
e
ram as sementes; estas são liberadas por decompo-
- verrucosa: superfície dotada de protuberâncias sição das paredes do fruto.
globosas, semelhantes a verrugas.
Nos frntos indeiscentes deve-se, no momento da
Além da ornamentação da casca, a coloração deve prensagem, fazer dois c01tes, um transversal e o
também ser mencionada (pardacenta, acinzentada, outro longitudinal. Frntos carnosos podem ser mais
pardo-avermelhada, etc.) e também, quando for o bem estudados se conservados, por algum tempo,
caso, a presença de vegetais como líquens. É impor- em álcool a 70°GL.
tante que se faça um corte inclinado no tronco para
A semente pode apresentar estruturas acessórias
verificar as características internas da casca e tam- que podem envolvê-la total ou parcialmente. As
bém do exsudato (consistência, cor), caso este esteja características de tais estruturas, como consistência
presente.
e coloração, devem ser observadas no campo e
Troncos e ramos muitas vezes apresentam-se ain- mencionadas na ficha de coleta.
da com:
- acúleos: estruturas rígidas, pontudas, mas facil-
mente destacáveis; 3.4 Notas Sobre Técnicas Específicas de
- espinhos: estrnturas endurecidas, lenhificadas e Coleta e Herborização
pontiagudas, difíceis de serem destacadas. Espinho Há plantas que apresentam características particu-
e acúleo são muito semelhantes morfologicamente lares e por este motivo requerem técnicas específi-
e diferem principalmente quanto à origem; e cas, que devem ser seguidas juntamente com a
- lenticelas: abe1turas circulares ou alongadas que metodologia para coleta e herborização, menciona-
se encontram no tronco e ramos e que se manifestam das anteriormente.
em relevo.
3.4.1 Pteridófitas
3.3.6 Folhas, Flores e Frutos
As pteridófitas apresentam grande diversidade no
Estes órgãos estão representados nas amostras e habitat e no porte (habitus ), indo desde aquáticas de
de modo geral conservam suas carcate1ísticas, ex- pequeno po1te até as teITestres arbóreas (fetos arbo-
ceto quanto à consistência e coloração, após o pro- rescentes). Sua coleta exige, por parte do coletor, o

Manual Técnico da Vegetação Brasileira 67


conhecimento de algumas estruturas morfológicas, No caso dos fetos arborescentes, coleta-se a fronde
explicadas a seguir (Figura 21 a): com soros, se possível até a inserção do pecíolo no
- lâmina: conjunto formado pela pina e ráquis; caule, porque ali se encontram estruturas importan-
- pina: corresponde a cada divisão da lâmina; tes para a identificação, tais como as escamas. É
- ráquis: é a parte da lâmina onde estão inseridas fundamental que sejam anotados os dados relativos
as pinas; à altura, forma das cicatrizes do caule, tamanho da
- rizoma: órgão, em geral subterrâneo, que se fronde, presença de escamas, pêlos e raízes adven-
desenvolve paralelamente ao solo; tícias.
- pecíolo: haste que liga a lâmina ao rizoma; Na ocasião de prensagem as frondes devem ser
- fronde: conjunto formado por lâmina e pecíolo; divididas de modo que abranjam as regiões apical,
e mediana e basal, incluindo a inserção do pecíolo no
- soros: conjunto de esporângios, responsáveis caule.
pela reprodução, em geral dispostos na face dorsal As pteridófitas de pequeno porte são coletadas
da pina (Figura 21 b). inteiras, incluindo o rizoma.
Algumas amostras devem ser colocadas em pren-
sas à parte, pois exigem secagem mais gradual e
menos intensa.
As técnicas aqui mencionadas foram baseadas em
Viana Freire et al. (1949), Silva (1984) e Arreguín-
Sánchez (1986).

3.4.2 Palmeiras
L F
~ R A técnica de coleta desse grupo de plantas foi
M o baseada principalmente em Mori et ai. (1985).
PINA 1 N
N D Para a coleta de palmeiras de grande porte utiliza-
A E se o mesmo método descrito para a coleta de mate-
rial arbóreo.
É fundamental que sejam anotadas a altura total da
'
RAQUIS planta, altura do estipe, a presença de raízes escoras,
o número de folhas na copa, comprimento da lâmina
da folha e do pecíolo, número de pares de folíolos,
tamanho dos folíolos, comprimento da inflorescên-
cia e seus eixos e a presença e distribuição de
espinhos (Dransfield, 1986).
A coleta deve incluir o pecíolo, as porções do meio
e o ápice da lâmina da folha, partes representativas
da inflorescência, flores e frutos.
Na prensagem seccionam-se todos os folíolos de
um lado do ráquis, deixando-se os respectivos ves-
tígios; cortam-se também muitos eixos da inflores-
cência, deixando suas bases para indicar onde
estavam suas inserções. Cada papel em que as partes
são colocadas, além de ser marcado com nome e
número do coletor, deve conter também o nome do
órgão (folha, inflorescência, etc.) ao qual pertence
a amostra e a indicação da posição do respectivo
fragmento.
b Ex.: A. Vaz 470, Folha A, Base
A. Vaz 470, Folha A, Meio
A. Vaz 470, Folha A, Ápice
As amostras previamente destinadas a outros her-
bários são marcadas com a letra B, assim: A. Vaz 60,
Folha B, base, etc. Trabalhos específicos sobre o
Fig 21 - (a) Aspecto geral de wna Ptcridófita; (b) Detalhe da assunto foram elaborados por Dransfield (1986) e
Pina mostrando o Soro Retirado de Arrcguín-Sánchcz (1986) Quero (1986).

68 Manual Técnico da Vegetação Brasileira


3.4.3 Gramíneas (Bambus) - inflorescência: deve-se indicar a posição da in-
florescência (se ereta ou pendente); e
As gramíneas de alto porte requerem procedimen-
tos especiais para a obtenção da amostra completa - rizoma: indicar o posicionamento do rizoma (se
(Soderstrom & Young, 1983 e Koch, 1986). E im- superficial ou subterrâneo), assim como mencionar
prescindível a coleta das seguintes partes: a forma (se curtos e grossos ou se compridos e
- dois nós com o entrenó respectivo: o colmo deve delgados).
ser partido longitudinalmente. Caso o colmo seja Para cada uma das partes coletadas deve ser men-
excessivamente longo, pode-se seccioná-lo trans- cionada sempre a coloração.
versalmente e incluir somente um nó, tomando-se o
cuidado de anotar o comprimento total do entrenó;
- folhas do colmo: coletar pelo menos duas folhas 3.4.4 Bromeliáceas
que sejam representativas quanto ao tamanho e
Segundo Martinelli (s.d.), nas bromélias deve-se
forma. Folhas caídas podem ser selecionadas.
coletar as folhas inteiras, incluindo a bainha, do-
Quando a bainha é aderida ao colmo deve-se cortá-
brando-as ou amarrando-as de maneira que fiquem
la e prensá-la mesmo que isto resulte em quebra ou
fissura; na forma de pequenos rolos. As inflorescências são
seccionadas na base do escapo (pedúnculo que sus-
- ramificações: escolher um nó do colmo amadu-
tenta a inflorescência) e dobradas quantas vezes
recido com ramificações representativas. Cortar o
forem necessárias, podendo-se usar o lado oposto
colmo cerca de 5 cm abaixo e acima do nó e aparar
ao corte do facão para marcar os pontos onde será
os ramos até 5 cm de modo que pelo menos o
dobrada a folha.
primeiro nó esteja incluído. As seções de colmos
grandes podem ser partidas ao meio, para economi- Em bromélias de grande porte destacam-se folhas
zar espaço; de vários tamanhos e nas de médio porte secciona-
- raminhos folhosos: incluir na amostra raminhos se a roseta longitudinalmente. Prensam-se separa-
jovens e mais velhos, caso haja diferença significa- damente as folhas e as inflorescências.
tiva entre as folhas; As bromélias de pequeno porte são coletadas e
- inflorescência: incluir na amostra ramos floófe- prensadas inteiras, fazendo-se uma limpeza dos de-
ros em todos os estágios de desenvolvimento; e tlitos que se acumulam nas bases das folhas. Anotar
- rizomas: incluir também na amostra uma seção se na água acumulada entre as bainhas das folhas
do rizoma, com cerca de 50 cm de comprimento. No vivem animais (insetos, anfíbios).
caso de haver formação de moitas, coletar várias
seções com o respectivo colmo, até a altura de
15 cm acima do solo. 3.4.5 Lianas
É recomendado o uso de luvas grossas para o
manuseio das partes com espinhos e pêlos irritantes. Coletar ramos apicais e basais com as respectivas
Na coleta de bambus, além dos dados que constam estruturas para fixação ao supotte. Na ocasião da
da ficha de coleta, devem ser feitas ainda anotações prensagem indicar a posição do ramo coletado, pois
sobre: em alguns casos estes apresentam uma grande di-
versidade. Seccionar transversalmente o caule e/ou
- colmo: distribuição se espaçada ou agregada (no
os ramos mais desenvolvidos, que fornecem impor-
caso dos colmos estarem reunidos em touceiras);
tantes informações para a identificação das famílias
número de colmos por touceiras;
e gêneros.
- conteúdo dos entrenós: mencionar se são vazios,
se contêm pó nas paredes internas ou se o conteúdo Para facilitar a herborização os ramos são enrola-
é líquido; dos, sendo que as folhas grandes podem ser dobra-
- folhas do colmo: indicar a posição das folhas no das ou até mesmo seccionadas. Caso seja possível
colmo, isto é, se eretas, horizontais ou ainda se o coletor deve informar o nome da planta sobre a
reflexas. Observar antes de coletar se as lâminas se qual a liana está apoiada.
desprendem da bainha ou não; Não acrescentar ramos estéreis e sem folhas às
- ramificações: indicar a disttibuição no colmo, amostras de ramos férteis, pois corre-se o risco de
isto é, se somente na parte superior ou se ao longo misturar-se materiais diferentes, uma vez que as
do colmo; lianas raramente estão isoladas. Em geral o que
- raminhos folhosos: ao cortar o ramo anotar se as acontece é serem encontradas várias lianas, entrela-
folhas murcham, se elas se enrolam ou se elas não çadas entre si e com caule desprovido de folhas,
se alteram. Indicar a posição das folhas (se eretas ou estando os respectivos ramos folhosos espalhados
pendentes) em relação ao ramo; no dossel arbóreo.

Manual Técnico da Vegetação Brasileira 69


3.4.6 Plantas Herbáceas que registra e divulga dados sobre herbários do
mundo inteiro. Para oficializar o herbário é neces-
A planta é coletada inteira, inclusive com seus sário que o responsável faça a solicitação de registro
órgãos subterrâneos. No caso de herbáceas bem à International Association for Plant Taxonomy,
pequenas cada cinco indivíduos constituem uma cuja sede é em Utrecht. É imprescindível que o
única amostra (Figura 19 d), o que conseqüente- herbário esteja ligado a uma instituição e que pos-
mente aumenta o número de indivíduos a serem sua, no mínimo, cerca de 2 000 exsicatas.
coletados (25 indivíduos). É fundamental que o herbário funcione como um
No caso de os representantes herbáceos ultrapas- banco de dados crescente subsidiando investigações
sarem 35 cm de altura, os ramos são dobrados e e projetos científicos. O funcionamento é mantido
amarrados, ou então seccionados, de modo a facili- por uma cadeia de tarefas que requerem conheci-
tar a prensagem. As flores e/ou inflorescências mais mento e prática para serem desenvolvidas e por este
sensíveis ao dessecamento devem ser envolvidas motivo o herbário deve possuir seu grupo próprio
em papel-manteiga ou fino de cor branca para evitar de trabalho, constituído basicamente de herboriza-
que grudem nas folhas de jornal. dor (responsável pela preparação das amostras a
serem incorporadas no herbário), curador (respon-
3.4.7 Plantas com Partes Volumosas sável pelo herbário) e botânicos taxionornistas (téc-
nicos especializados em identificação de plantas).
As plantas com tubérculos, bulbos, raízes tubero- Um herbário só desempenha sua função se as cole-
sas, xilopódios ou ainda frutos de grandes dimen- ções nele depositadas estiverem identificadas corre-
sões apresentam problemas para herborização. tamente e passarem por um processo dinâmico de
Estas partes volumosas são cortadas seqüencial- identificação.
mente de forma longitudinal ou transversal com Nos trabalhos de Forero (1975), Mori et Silva
espessura de 0,5 a 1,0 cm e prensadas separadamen- ( 1980), Womersley (1981 ), Cavalcante ( 1984), Am-
te das partes mais sensíveis para reduzir a perda de mann (1986) e Germán (1986), encontram-se infor-
suas características primárias devido ao amassa- mações mais detalhadas sobre a estrutura e o
mento ou enrugamento. funcionamento de um herbário.
Os jornais devem ser trocados diariamente para
evitar a infestação, principalmente por fungos que 3.5.1 Processamento das Coleções
danificam o material, e facilitar a secagem (Jung et
Barros, 1984). A primeira etapa para o acondicionamento dos
Plantas excessivamente suculentas, em especial exemplares no herbário é a elaboração das etiquetas.
certos pseudobulbos de orquídeas, podem receber Cada exemplar e respectivas duplicatas receberão
talhos nas regiões carnosas, o que facilita a evapo- as etiquetas definitivas do herbário, as quais serão
ração da água durante a secagem. Deve-se também preenchidas com os dados extraídos da ficha de
fazer um corte longitudinal por onde se retira parte coleta.
do tecido interno (Jung et Barros, 1984). Os cactos
que possuem costelas devem ter sua parte féttil 3.5.1.1 Etiquetagem
seccionada longitudinalmente. Para mostrar o nú-
mero de costelas acrescenta-se à amostra uma seção As etiquetas são impressas com o nome do herbá-
transversal da mesma, com 2 cm de espessura. Mé- rio e padronizadas quanto à forma, tamanho e infor-
todos detalhados para este grupo de plantas são mações que serão registradas.
descritos por Jung et Barros (1984). As regras gerais para o preenchimento das etique-
tas são as seguintes:
- o papel a ser utilizado na confecção das etiquetas
3.5 Herbário
deve ser de boa qualidade para que seja resistente
Um herbário se inicia com a obtenção de exempla- ao tempo. Recomenda-se que o papel apresente, em
res botânicos através de coletas dos técnicos da sua constituição, pelo menos 25% de fibra longa
Instituição, de doações e intercâmbios com outros (Mori et al., 1985);
herbáiios. Os herbários podem concentrar coleções - todos os exemplares devem ter etiquetas prefe-
de uma determinada região geográfica ou abrange- rencialmente datilografadas. No caso de etiquetas
rem várias regiões. manuscritas deve ser usada tinta indelével. Nunca
Um herbário só é oficialmente reconhecido quan- usar caneta esferográfica de cor azul, pois esta cor
do seu nome, sua respectiva sigla, seu número de facilmente borra e desaparece com o tempo. As
exemplares e outros dados adicionais são publica- etiquetas de duplicatas não devem ser preenchidas
dos no lndex Herbariorum (Holmgren et al., 1981), por meio de papel carbono, nem reproduzidas por

70 Manual Técnico da Vegetação Brasileira


xerox; o processo de xerox a raio laser dá ótimos 3.5.1.2 Metodologia para Identificação do Mate-
resultados; rial Botânico
- as informações contidas nas fichas de coleta
Para obtenção do nome científico de uma planta,
serão transcritas para as etiquetas de herbário, sem
através da amostra, é indispensável que os procedi-
qualquer alteração e com o auxílio do coletor, quan-
mentos de coleta, herborização e etiquetagem te-
do necessário;
nham sido realizados corretamente. O material
- o coletor(Col.) deve indicar seu nome na etiqueta botânico deve ser incorporado ao acervo do herbá-
sempre da mesma forma, preferencialmente abre- rio após ser identificado, pelo menos a nível de
viando o primeiro nome e escrevendo por extenso família. Caso contrário, ficará guardado junto com
o(s) último(s) nome(s); as exsicatas indeterminadas (lncertae Sedis ), orga-
nizadas obedecendo-se a um critério a ser adotado,
- o número de coleta deve ser sempre indicado
por exemplo, por coletor, por operação de campo,
após o último nome do coletor;
por região fitogeográfica dentre outros.
- em caso de até três coletores todos os nomes A identificação de plantas está intimamente ligada
podem constar na etiqueta, mas o coletor responsá- à disciplina de Taxonomia Vegetal, definida por
vel pela coleta será mencionado em primeiro lugar Stace (1980) como:
e terá seu número de coleta indicado. "... o estudo e descrição da variação de organismos,
Ex.: H. P. Bautista, G. C. P. Pinto et J. E. M. a investigação das causas e conseqüência desta va-
Brazão - 1525 riação, e a manipulação dos dados obtidos para
produzir um sistema de classificação (pág.5)".
O n 2 1525 da série de coleta de H. P. Bautista; As plantas são ordenadas em categorias hierárqui-
- em caso de mais três coletores coloca-se apenas cas, de acordo com o Código Internacional de No-
o nome do coletor responsável pela coleta, seguido menclatura Botânica (Greuter et al., 1988) na
da expressão et ai., e seu n2 de coleta. seguinte seqüência:
Reino, Divisão, Classe, Ordem, Fanu1ia, Gênero,
Ex.: M. P. M. de Lima et al., 4527
Espécie
- o primeiro identificador do exemplar botânico a Além dessas categorias, outras suplementares po-
nível de espécie (Det.) preenche o nome científico dem aparecer, dependendo do grupo de plantas em
na etiqueta do herbário. Caso haja retificação na estudo, como por exemplo as infra-específicas (su-
identificação, é afixada na exsicata uma pequena bespécie, variedade e forma).
etiqueta com a identificação posterior, nome do O nome específico é formado por um binômio
determinador, data e nome da instituição a que latino, segundo as regras do Código Internacional
pertence. de Nomenclatura Botânica (Greuter et al., 1988).
Objetivando a padronização das Etiquetas do Her- A citação do binômio é sublinhada ou escrita em
bário do IBGE, sugere-se a adoção do modelo cons- itálico, permitindo assim que a espécie seja mun-
tante da Figura 22. dialmente conhecida por uma única denominação.

FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA SIGLA DO HERBÁRIO


NOME DO HERBÁRIO N2 DO REGISTRO DO HERBÁRIO
FAMÍLIA

GÊNERO/ESPÉCIE

NOME VULGAR FOLHA

LAT LONG PONTO DE COLEfA

PROCEDÊNCIA

OBSERVAÇÕES:

COL DATA

DET DATA

Fig 22 - Modelo de Etiqueta para os Herbários do IBGE

Manual Técnico da Vegetação Brasileira 71


Ex.: Nome científico do "pau-brasil" A bibliografia básica para a obtenção do nome
científico consta de chaves analíticas dicotômicas,
Caesalpinia echinata Lam. obras de grande abrangência, floras regionais e ou-
gênero epíteto específico autor tros trabalhos taxionômicos.
As chaves analíticas dicotômicas são compostas
de conjuntos de proposições antagônicas, contendo
=
onde: Lam. Lamarck, autor que descreveu pela informações sobre estados de caracteres morfológi-
primeira vez esta espécie, tomando-a conhecida cos mutuamente exclusivos, possibilitando a iden-
para a ciência. tificação a nível hierárquico de failll1ias, gêneros e
Os procedimentos adotados para a identificação da espécies.
amostra são os seguintes:
As chaves para identificação a nível de famílias
O determinador verifica inicialmente na etiqueta a são encontradas em:
procedência da amostra e os dados relativos à planta
em seu estado natural. A seguir analisa a olho nu as ANDREATA, R. H. P. & TRAVASSOS, O. P., 1989.
características gerais, que não dependem de oberva- Chaves para detenninar as famz1ias de Pteri-
ção em estereomicroscópio como, por exemplo, dophytae, Gymnospermae e Angíospermae.
inserção das folhas nos ramos, composição das fo- Rio de Janeiro, Universidade Santa Úrsula
lhas, presença de espinhos e outras. Os caracteres (USU), 134p. il.
oferecidos pelas flores e frutos, que auxiliam e até BARROSO, G. M. Chave para identificar as famí-
muitas vezes são decisivos para a identificação, lias de plantas Dicotiledôneas, indígenas e
serão submetidos ao método de reidratação por fer- exóticas, no Brasil. Mimeografado. Jardim Bo-
vura em água e, em seguida, analisados detalhada- tânico do Rio de Janeiro.
mente com o auxílio do estereomicroscópio. ENG LER, A., 1964. Syllabus Der Pflanzenfamilien
Uma vez analisadas todas as características mor- (Angiospermen). Ed. H. Melchior. v.2. Gebrü-
fológicas disponíveis na amostra, consulta-se a bi- der Bomtraeger. Berlim - Nikolasse.
bliografia especializada para a obtenção do nome FREIRE, V. C., 1943. Chaves Analíticas para a
científico da planta. Caso o botânico desconheça a determinação das famílias das plantas Pteri-
fanu1ia a que pe1tence o exemplar, utiliza a chave dófitas, Gimnospermas e Angiospermas brasi-
analítica para identificação a nível de família e leiras ou exóticas cultivadas no Brasil. 3 ed.
seguindo a seqüência hierárquica procede a identi- GOLDBERG, A. & SMITH, L. B., 1975. Chave
ficação a nível de gênero. para as famílias Espermatofíticas do Brasil.
Como o grau de dificuldade aumenta para a obten- ln: Reitz, P.R. Flora llustr. Catar. 204p. il.
ção do nome científico, o especialista terá que ter JOLY, A. B., 1977. BOTÂNICA. Chaves de identi-
acesso a trabalhos que tratem de revisões taxionô- ficação das plantas vasculares que ocorrem no
micas e também a um herbário com as coleções Brasil. 3 ed. São Paulo, Ed. Nacional, 159p.
botânicas identificadas, para que possa checar sua
As chaves que possibilitam a identificação dos
identificação com as de outros exemplares equiva-
gêneros de todas as fanúlias de Angiospermas são
lentes ao que estiver estudando.
encontradas nos trabalhos de:
Quando os procedimentos, anteriormente mencio-
nados, não permitem a identificação a nível de BARROSO, G. M. Monocotiledôneas. Mimeogra-
espécie, o exemplar deve ser enviado a outro taxio- fada. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
nomista que seja especialista no eventual grupo de BARROSO, G. M. et ai., 1978. Sistemática de
plantas. Para este fim é importante que o curador do Agiospermas do Brasil. v. l, Rio de Janeiro. Ed.
herbário tenha acesso a listagens atualizadas com Livros Técnicos e Científicos; São Paulo. Ed.
nomes dos diferentes taxionomistas. Tais listas de Universidade de São Paulo. 255p. il.
especialistas podem ser obtidas nos boletins da As- _ _ _ . 1984. Idem. V.2. Viçosa, UFV. lmpr.
sociation Latinoamericana de Botanica (1982, Univ. 377p. il.
1986), Mori et al. (1985) e através de requisições _ _ _ . 1986. Idem. Vol.3. Viçosa, UFV. Impres.
aos curadores dos principais herbários nacionais e Univ. 326p. il.
estrangeiros. BARROSO, L. J., 1946. Chave para determinação
Os materiais abaixo relacionados são utilizados de gêneros indígenas e exóticos das Monocoti-
para a análise da amostra: ledôneas do Brasil. Rodriguésia 10 (20): 55 -
Estereomiscrocópio (lupa), fogareiro elétrico, ca- 78. il.
dinho de porcelana ou equivalente, estiletes e pinça MARTIUS, K. F. P. VON et ai., 1840-1906 - Flora
de dissecação, gilete, papel de filtro e serra para Brasiliensis... München, Wien, Leipzig, v.l.
cortes de frutos lenhosos. 15.

72 Manual Técnico da Vegetação Brasileira


BRADE, A. C., 1943. Labiatae in contribuição Consideram-se como outros trabalhos taxionômi-
para o conhecimento da Flora dos Parques cos revisões sobre famílias, gêneros e grupos de
Nacionais de Itatiaia e Serra dos Órgãos. espécies que são encontrados em periódicos ou
ainda em publicações avulsas.
As obras de grande abrangência ordenam as plan-
tas desde as categorias de divisão até gênero. Dentre Dentre os periódicos, citam-se:
elas citam-se as seguintes: Acta Amazônica - Publicação do Instituto Nacio-
nal da Amazônia - Manaus, AM.
BARROSO, G. M. et al. (l.c.). Acta Botânica Brasílica - Publicação da Sociedade
CRONQUIST, A., 1981. An Integrated System of Botânica do Brasil, Brasília, DF.
Classification of Floweting Plants. New York. Arquivo do Jardim Botânico do Rio de Janeiro -
Ed. Columbia University Press. 1. 262p. RJ.
ENGLER, A., 1900-1953.Das Pflanzenreich. Reg- Bradea - Boletim do Herbarium Bradeanum, Rio
ni Vegetabilis conspectus. Fase. 1 - 107. Leip- de Janeiro, RJ.
zig - Berlim. Eugeniana - Boletim Botânico do Colégio Anchie-
HEYWOOD, V. H., 1979. Flowering Plants ofthe ta - Nova F1iburgo, RJ.
World. London. Ed. Oxford University Press. Hoehnea - Publicação do Instituto de Botânica de
335p. il. São Paulo, SP.
HUTCHINSON, J., 1967. The Genera o/ Flowe- Kew Bulletin - Royal Botanical Garden - Kew,
ring Plants (Angiospennae). London. Oxford England.
University Press. v.I - II. Revista Brasileira de Botânica - Publicação da
JOLY, A. B., 1966. BOTÂNICA. Introdução à Taxo- Sociedade Botânica de São Paulo - SP.
nomia Vegetal. São Paulo. Companhia Editora Rodriguésia - Revista do Jardim Botânico do Rio
Nacional. 633p. il. de Janeiro, RJ.
LOEFGREN, A., 1917. Manual dasfaml1ias natu- Sellonia - Anais Botânicos do Herbário "Barbosa
rais fanerogâmicas. Rio de Janeiro, Imp. Na- Rodrigues", I tajaí, SC.
cional. 6llp. Para um levantamento de trabalhos taxionômicos
indica-se como referência a série de publicações:
Os trabalhos sobre flora podem abranger regiões
- Bibliografia de Botânica. Taxonomia de Angios-
geográficas amplas ou restritas. A elaboração das
pemrne Dicotiledoneae. 1972. Coord. Jorge Pereira
floras, de um modo geral, é feita por farrúlia botâ-
nica. Fontella - Publicação do Jardim Botânico do Rio de
Janeiro, RJ. Rodriguésia e Boletim do Museu Botâ-
Nestes trabalhos encontram-se, geralmente, além
nico Kuhlmann.
das chaves analíticas, descrições a nível de família,
gênero e às vezes de espécies. Dentre eles, citam-se:
3.5.1.3 Identificação para Atendimento a Projetos
Flora Brasiliensis (l.c.).
Flora Brasílica. Coord. F. C. Hoehne - Secretaria Quando o determinador realizar a identificação de
de Agricultura, Indústria e Comércio de São Paulo. exemplares recomenda-se que estas identificações
Flora do Estado de Goiás (Coleção Rizzo). 1981 - sejam listadas e acompanhadas por dados de refe-
Ed. J. A. Rizzo - Universidade Federal de Goiás - rência indispensáveis, tais como:
Goiânia.
. Indicação do nome do Projeto e da Operação de
Flora do Estado do Paraná. Trabalhos avulsos no Campo.
Boletim do Museu Botânico Municipal. Curitiba -
. Nome do(s) coletor(es).
Paraná.
. Listagem de identificação, família, gênero e es-
Flora Ilustrada Catarinense. 1965-1988 - Coord. pécies organizada seguindo a seqüência de numera-
Raulino Reitz. Itajaí, S. C. fase. 1-130. ção da coleta.
Florula de Mucugê. 1986 - Chapada Diamantina, . Nome do determinador responsável e data da
Bahia, Brasil. Royal- Botanic Garden, Kew Great determinação.
Britain. Quando necessário, a listagem pode ser acompa-
Flora Neotrópica. 1967-... - Coord. Organization nhada de comentários que o determinador julgar
for Flora Neotropicana. New York Botanical Gar- precedentes, como, por exemplo, alguma particula-
den. Vol. 1 e seguintes. ridade da amostra.
Flora da Serra do Cipó. 1987. Boletim de Botânica A listagem de identificação deve ser encaminhada
da Universidade de São Paulo. também ao coletor, quando este não for o determi-
Legumes of Bahia - 1987. G. P. Lewis, Royal nador, para que o mesmo possa atualizar sua ficha
Botanic Garden. de coleta.

Manual Técnico da Ve[it'lação Brasileira 73


3.5.1.4 Montagem e Registro c) prender a amostra na camisa com fita, linha
(costura), cola ou resina especial (Figura 23 b);
Os exemplares, já com as etiquetas corresponden-
tes, passam à etapa de montagem que consiste basi- d) no caso de a amostra ultrapassar os limites da
camente em fixar a amostra botânica e a etiqueta à camisa, aparar ou dobrar as sobras; e
cartolina com as dimensões de 42 cm x 29 cm e) após a preparação, a camisa será envolta por
(camisa), seguindo-se os seguintes procedimentos: uma folha de papel pardo (saia) já impressa com
a) colar a etiqueta do lado inferior direito da cami- nome e a sigla do herbário, que quando aberta mede
sa. Etiquetas adicionais menores ficam no lado in- 42 cm x 60 cm e, quando dobrada longitudinal-
ferior esquerdo (Figura 23 b); mente, mede 42cm x 30cm (Figura 23 c). Na parte
b) flores e frutos não devem ser fixados à cartolina inferior esquerda anotar o nome da família no sen-
sob as partes vegetativas. As partes das amostras tido vertical, em seguida anotar o nome do gênero
botânicas que se desprenderem devem ser guarda- e/ou espécie na base da saia. O número de registro
das em envelopes (Figura 23 a) que são afixados à fica do lado superior esquerdo, no sentido horizon-
cmiolina (Mori et al., 1985); tal (Figura 23 c).

,- - -- ----,----- - --
1

1 1
1 1
1 1
1 1

<:el "11
11::1 i:t
&: .,,
1 g:
------,-------
1

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1
1
1
1
1
1
1

S1'3LA DO H!RBÁRJO NOME 00


Nll' RECJ 00 HERSARIO HERBÁRIO

LtJENVELOPE
Pt..RA FRAGMENTOS

ETIQUETAS ETIQUETAS
NOMf DA ESPÉCIE

bo~
DE,
HERSARIO

Fig 23 - Materiais para montagem de Exemplares no Herbário: Envelope para fragmentos da amostra (a); Camisa para Montagem
(b); Saia para Montagem (e).

74 Manual Técnico da Vegetação Brasileira


Cada exsicata recebe um número de registro do 3.5.3 Dinâmica de Herbário
herbário. Esta numeração, em ordem crescente e
seqüencial, é anotada em um livro denominado O enriquecimento do acervo do herbário e a ma-
Livro de Registro do Herbário ou Livro de Tombo. nutenção das coleções com identificações atualiza-
O número de registro é anotado na etiqueta, após a das são feitos pelo intercâmbio com pesquisadores
sigla do herbário (Figura 23 c). e outros herbários. Este consiste em doações e per-
mutas de duplicatas. Em geral a doação implica a
Através do livro de registro o curador estará sem- cessão da duplicata em troca da identificação da
pre informado do número de exemplares que entra- espécie. Processa-se de herbário para herbário, de
ram no herbário. herbário para especialista e de especialista para
herbário, ou ainda em situações onde duas institui-
Após essa etapa a exsicata estará pronta para ser
incorporada ao acervo do herbário, onde ocupará ções mantêm regime de convênio. Antes de a dupli-
um lugar predeterminado cata ser enviada ao especialista, ou ao herbário, este
deverá ser consultado no tocante à disponibilidade
para proceder à identificação. A permuta, realizada
3.5.1 .5 Incorporação das Exsicatas somente entre herbários, consiste na troca igualitá-
ria de duplicatas.
No herbário a organização das famílias e de seus As identificações se referem sempre à comple-
respectivos gêneros depende do sistema adotado, mentação, atualização e revisão dos nomes científi-
que pode ser um dos Sistemas de Classificação cos. Anota-se na etiqueta do exemplar original a
Fílogenética, que considera a relação evolutiva en- observação det. in dupl., o que significa que o
tre as famílias, ou simplesmente de ordem alfabética especialista não examinou a exsicata original, mas
(Mori et al., 1985). Independente do sistema adota- sim uma duplicata (M01i et ai., 1985).
do, as exsicatas identificadas a nível de espécie são Os exemplares a serem doados ou permutados não
organizadas em ordem alfabética, por gênero. As devem estar montados, porém devem estar acompa-
exsicatas de um mesmo gênero não identificadas até nhados por etiquetas com os dados de coleta e com
espécie são arrumadas após aquelas detetminadas, o número de registro do herbário de origem. Reco-
e as que estão apenas a nível de fanu1ia ficam no
menda-se que as doações e permutas obedeçam a
final de todos os gêneros.
um certo critério, por exemplo as duplicatas de
determinada espécie devem destinar-se de preferên-
3.5.2 Manutenção das Coleções cia a herbário que tenha especialista naquele grupo
de plantas.
As coleções devem ser guardadas em armários de Outro processo de dinâmica do herbário é o em-
aço, com boa vedação, divididos em compartimen- préstimo do material para atender a solicitações dos
tos horizontais e verticais apropriados às dimensões especialistas. O material é cedido pelo curador, por
das exsicatas. tempo determinado. O especialista deve devolver o
Para manter as coleções botânicas de um herbário material com etiqueta de identificação. É imprescin-
em perfeito estado de conservação são necessárias dível que as exsicatas retomem ao herbário de ori-
as seguintes condições: gem em perfeito estado.
Todo material que sair do herbário para atender a
- climatizar o ambiente; qualquer um dos processos citados deve ser contro-
- manter os armários hermeticamente fechados; lado e discriminado em guias de remessa. Estas,
seriadas e numeradas, devem conter o número de
- submeter o ambiente a processos periódicos de registro da exsicata, estando associado ao nome do
fumigação; e coletor e seu respectivo número de coleta. São pre-
paradas em três vias, a primeira fica arquivada no
- revisar periodicamente as exsicatas.
herbário de origem, a segunda segue por carta avi-
A indicação e a metodologia dos processos de sando que o material será encaminhado e a última
manutenção das coleções podem ser encontradas segue junto com o material. O curador do herbário
nos trabalhos de Lewis (1971 ), Crisafulli (1980), deve possuir cadastros de outros herbários, isto é, o
Womesrsley (1981) e Mori et al. (1985). lndex Herbariorum ou publicação equivalente.

Manual Técnico da Vegetação Brasileira 75


4 PROCEDIMENTOS PARA MAPEAMENTO
4.1 Interpretação Preliminar intrinsecamente relacionadas com o estudo em
questão, mas quaisquer outras que o técnico julgar
Com base na análise dos padrões de tom, textura,
necessárias.
relevo e drenagem associada a estudos climáticos, A caderneta de campo deve ser confeccionada em
delinear os diferentes ambientes ecológicos que, material resistente (capa dura), bem como ter padro-
por sua vez, estão relacionados aos diferentes tipos nizadas tanto a sua forma como as suas dimensões.
de vegetação. Paralelamente procede-se à revisão É recomendável que o nome da Instituição seja
bibliográfica inerente à área. impresso na capa e que na primeira folha sejam
reservados locais onde serão registrados o nome do
4.2 Integração Preliminar técnico, a lotação e o número da operação de campo.
Após a interpretação, é realizada a integração das Convém salientar que todas as informações ine-
Folhas, que fornece uma visão de conjunto e permi- rentes ao tema em estudo, por mais simples que
te escolher os ambientes a serem visitados por oca- pareçam, devem ser registradas, pois a qualidade de
sião das operações de campo terrestres, fluviais e interpretação será mais próxima da realidade quanto
aéreas (sobrevôo e helicóptero). maiores forem as informações conseguidas.

4.3 Operações de Campo 4.4 Reinterpretação


Com base na interpretação preliminar dos padrões É a fase do mapeamento onde é executada a inte-
de imagem, são programadas as operações de cam- gração das observações de campo com as de con-
po, cujo objetivo principal é verificar a correlação sultas bibliográficas que fornecem subsídios para a
destes padrões com a cobertura vegetal existente na revisão da interpretação preliminar.
área. Nessa etapa são corrigidas e aperfeiçoadas as li-
O local onde é executada a coleta de material nhas de delimitação, eliminadas as dúvidas e legen-
botânico e/ou feita uma amostragem visando à de- dadps os ambientes.
terminação do potencial madeireiro é denominado Posteriormente, dependendo da escala de apresen-
ponto, que é representado por E e A, respectivamen- tação do produto final, as Folhas são reduzidas e
te. Durante os deslocamentos e nos pontos, os téc- lançadas em uma base cartográfica.
nicos responsáveis pela operação de campo
realizarão observações que visam a identificar os 4.5 Mapa Final
tipos de vegetação e as áreas antrópicas.
Dependendo da natureza das operações de campo, O mapa conterá os ambientes legendados, os pon-
as observações serão registradas na caderneta de tos de amostra de inventário e os de florística nume-
campo, na ficha de coleta de material botânico, na rados em ordem seqüencial da esquerda para a
ficha de amostra de inventário, nas cópias ofsete dos direita e de cima para baixo. Os pontos de inventário
mosaicos de imagem, nas gravações em cassete e serão representados por A enquanto que os de flo-
também por meio de fotografias e slides coloridos. rística por F. No mapa a legenda deverá ficar sempre
localizada do lado direito. Ainda no mapa, cada
4.3.l Caderneta de Campo ambiente deverá ser diferenciado dos demais pela
legenda, cor e/ou ornamentos. As subformações,
A caderneta de campo é um documento imprescin- dentro de cada formação florestal, bem como os
dí~el para ser utilizado nas operações de campo, subgrupos de formação dentro de cada formação
sejam elas terrestres, fluviais ou aéreas. campestre, serão diferenciados apenas pela legenda.
A caderneta de campo é de caráter pessoal, isto é, Assim sendo, as unidades de mapeamento, ineren-
cada técnico deve levar a sua, independentemente tes à vegetação natural, serão representadas na le-
do número de técnicos envolvidos na operação de genda sob a forma de boxes e posicionadas de
campo. acordo com a relação apresentada a seguir, em que
A caderneta de campo deverá conter o registro de o número representa o lápis da série multicolor da
todas as observações feitas, não somente aquelas Faber-Castell.
VEGETAÇÃO LEGENDA COR ORNAMENTO

Floresta Ombrófila Densa Aluvial Da 33

Floresta Ombrófila Densa Aluvial com dossel uniforme Dau 33

Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas Db 34

Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas com dossel uniforme Dbu 34

Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas com dossel emergente Dbe 34

Floresta Ombrófila Densa Submontana Ds 35

Floresta Ombrófila Densa Submontana com dossel uniforme Dsu 35

Floresta Ombrófila Densa Submontana com dossel emergente Dse 35

Floresta Ombrófila Densa Montana Dm 36

Floresta Ombrófila Densa Montana com dossel uniforme Dmu 36

Floresta Ombrófila Densa Montana com dossel emergente Dme 36

Floresta Ombrófila Densa Alto-Montana Dl 37

Floresta Ombrófila Densa Alto-Montana com dossel unifome Diu 37


0000000000000000
Floresta Ombrófila Aberta das Terras Baixas Ab 34 0000000000000000

Abp 34 0000000000000000
Floresta Ombrófila Aberta das Terras Baixas com palmeiras 0000000000000000

0000000000000000
Floresta Ombrófila Aberta das Terras Baixas com cipós Abc 34 0000000000000000

As 35 0000000000000000
Floresta Ombrófila Aberta Submontana 0000000000000000

0000000000000000
Floresta Ombrófila Aberta Submontana com palmeiras Asp 35 0000000000000000

0000000000000000
Floresta Ombrófila Aberta Submontana com cipós Ase 35 0000000000000000

0000000000000000
Floresta Ombrófila Aberta Submontana com bambus Asb 35 0000000000000000

0000000000000000
Floresta Ombrófila Aberta Submontana com sororoca Ass 35 0000000000000000

36 0000000000000000
Floresta Ombrófila Aberta Montana Am 0000000000000000

0000000000000000
Floresta Ombrófila Aberta Montana com palmeiras Amp 36 0000000000000000

Floresta Ombrófila Aberta Montana com cipós Ame 36 00000000000~


0000000000000000

33 ..................................
Floresta Ombrófila Mista Aluvial Ma ....................................
Floresta Ombrófila Mista Submontana Ms 35 -- --....................... -....
.. . .. . . .. . . . . . .. ...... . . .

Mm 36 ..................... -- .............
Floresta Ombrófila Mista Montana .....................................
Floresta Ombrófila Mista Alto-Montana MI 37 ....................................
....................................

Floresta Estaciona! Semidecidual Aluvial Fa 22

78 Manual Técnico da Vegetação Brasileira


VEGETAÇÃO LEGENDA COR ORNAMENTO

Floresta Estacionai Semidecídual Aluvial com dossel uniforme Fau 22

Floresta Estacionai Semidecidual Aluvial com dossel emergente Fae 22

Floresta Estaciona! Semidecidual das Terras Baixas Fb 32

Floresta Estaciona! Semidecidual das Terras Baixas com dossel uniforme Fbu 32

Floresta Estaciona! Semidccidual das Terras Baixas com dosscl emergente Fbe 32

Floresta Estacionai Semidecidual Submontana Fs 28

Floresta Estaciona! Semidccidual Submontana com dossel uniforme Fsu 28

Floresta Estacionai Semidccidual Submontana com dossel emergente Fse 28

Floresta Estacionai Scmidccidual Montana Fm 26

Floresta Estaciona! Semidccidual Montana com dossel uniforme Fmu 26

Floresta Estacionai Semidccidual Montana com dossel emergente Fme 26


0000000000000000
Floresta Estacionai Decidual Aluvial Ca 22 0000000000000000

Fim esta Estacionai Decidual Aluvial com dos sei uniforme Cau 22 000000000000~
000000000000~

0000000000000000
Floresta Estacionai das Terras Baixas Cb 32 0000000000000000

0000000000000000
0000000000000000
Floresta Estaciona! Decidual das Terras Baixas com dossel uniforme Cbu 32
0000000000000000
Floresta Estacionai Dccidual das Terras Baixas com dossel emergente Cbc 32 0000000000000000

0000000000000000
Floresta Estacionai Decidual Submontana Cs 28 0000000000000000

0000000000000000
Floresta Estacionai Decidual Submontana com dosscl uniforme Csu 28 0000000000000000

0000000000000000
Floresta Estacionai Dccidual Submontana com dosscl emergente Cse 28 0000000000000000

0000000000000000
Floresta Estaciona! Decidual Montana Cm 26 0000000000000000

0000000000000000
Floresta Estacionai Decidual Montana com dossel uniforme Cmu 26 0000000000000000

0000000000000000
Floresta Estacionai Decidual Montana com dosscl emergente Cme 26 0000000000000000

Campinarana Florestada Ld 27

Cmnpinarana Florestada sem palmeiras Lds 27

Campinarana Florestada com palmeiras Ldp 27

Can1pinarana Arborizada La 24

Cmnpinarana Arborizada sem palmeiras Las 24

Cmnpinarana Arborizada com palmeiras Lap 24

Campinarana Gramínea-Lenhosa Lg 23

Manual Técnico da Vegetação Brasileira 79


VEGETAÇÃO LEGENDA COR ORNAMENTO

Campinarana Gramíneo-Lenhosa sem palmeiras Lgs 23

Savana Florestada Sd 9

Savana Arborizada Sa 12

Savana Arborizada sem floresta-de-galeria Sas 12

Savana Arborizada com floresta-de-galeira Saf 12

Savana Parque Sp 4

Savana Parque sem floresta-de-galeria Sps 4

Savana Parque com floresta-de-galeria Spf 4

Savana Gramineo-Lenhosa Sg 2

Savana Gramíneo-Lenhosa sem floresta-de-galeria Sgs 2

Savana Gramíneo-Lenhosa com floresta-de-galeria Sgf 2

Savana-Estépica Florestada Td 14

Savana-Estépica Arborizada Ta 15

Savana-Estépica Arborizada sem floresta-de-galeria Tas 15

Savana-Estépica Arborizada com floresta-de-galeria Taf 15

Savana-Estépica Parque Tp 16

Savana-Estépica Parque sem floresta-de-galeria Tps 16

Savana-Estépica Parque com floresta-de-galeria Tpf 16

Savana-Estépica Gramíneo-Lenhosa Tg 17

Savana-Estépica Gramínea-Lenhosa sem floresta-de-galeria Tgs 17

Savana-Estépica Gramínea-Lenhosa com floresta-de-galeria Tgf 17


0000000000000000
Estepe Arborizada Ea 15 0000000000000000

0000000000000000
Estepe Arborizada sem floresta-de-galeria Eas 15 0000000000000000

0000000000000000
Estepe Arborizada com floresta-de-galeria Eaf 15 0000000000000000

0000000000000000
Estepe Parque Ep 16 0000000000000000

00000000000000000
Estepe Parque sem floresta-de-galeria Eps 16 00000000000000000

0000000000000000
Estepe Parque com floresta-de-galeria Epf 16 0000000000000000

0000000000000000
Estepe Gramínea-Lenhosa Eg 17 0000000000000000

0000000000000000
Estepe Gramínea-Lenhosa sem floresta-de-galeria Egs 17 0000000000000000

80 Manual Técnico da Vegetação Brasileira


VEGETAÇÃO LEGENDA COR ORNAMENTO

0000000000000000
Estepe Gramfneo-Lenhosa com floresta-de-galeria Egf 17 0000000000000000

Formação Pioneira com influência marinha Pm 45


0000000000000000
Formação Pioneira com influência marinha arbórea Pma 45 0000000000000000

Formação Pioneira com influência marinha arbustiva Pmb 45


vvvvvvvvvvvv
Formação Pioneira com influência marinha herbácea Pmh 45 vvvvvvvvvvvv

Formação Pioneira com influência fluviomarinha Pf 42


0000000000000000
Formação Pioneira com influência fluviomarinha arbórea Pfm 42 0000000000000000

vvvvvvvvvvvv
Formação Pioneira com influência fluviomarinha herbácea Pfh 42 vvvvvvvvvvvv

Formação Pioneira com influência fluvial e/ou lacustre Pa 50


0000000000000000
Formação Pioneira com influência fluvial e/ou lacustre buritizal Pab 50 0000000000000000

Formação Pioneira com influência fluvial e/ou lacustre arbustiva Paa 50

Formação Pioneira com influência fluvial e/ou lacustre arbustiva sem Pas 50
palmeiras

Formação Pioneira com influência fluvial e/ou lacustre arbustiva com Pap 50
palmeiras
vvvvvvvvvvvv
Formação Pioneira com influência flu via! e/ou lacustre herbácea Pah 50 vvvvvvvvvvvv
vvvvvvvvvvvv
Formação Pioneira com influência fluvial e/ou lacustre herbácea sem Phs 50 vvvvvvvvvvvv
palmeiras
vvvvvvvvvvvv
Formação Pioneira com influência fluvial e/ou lacustre herbácea com Php 50 vvvvvvvvvvvv
palmeiras
0000000000000000
Contato Savana/Floresta Ombr6fila-ec6tono so 55 0000000000000000

V -V-V -V -V -V -V -V -V
Contato Floresta Ombrófila/Floresta Estacional-ec6tono ON 55 -v ... v-v-v-v-v -v -v

Contato Campinarana/Floresta Ombr6fila-ec6tono LO 55


vvvvvvvvvvvv
Contato Savana/Floresta Estacional-ec6tono SN 55 vvvvvvvvvvvv

Contato Floresta Ombr6fila /Restinga-ec6tono OP 55 -------------------


1111111111
Contato Floresta Estacional/Restinga-cc6tono NP 55 1 1 1 1 1 1 1 1 1

1 o -o-o -o -o -o -o -o -o 1
Contato Savana/Restinga-cc6tono SP 55 -0-0-0-0-0 -o-o-o

1olol oi oi oi oi oi oi
Contato Savana-Estépica/Floresta Ombr6fila-ec6tono TO 55 oi oi oi oi oi oi oi oi

.. O .. O .. O .. O· O .. O· O• O
Contato Savana-Estépica/Floresta Estacional-ecótono TN 55 ·0·0-0-0-0-0-0·Õ'-0

55 vovovovovovo
Contato Sa vana/Estepe-ec6tono SE OVOVOVOVOVO V

.. y .. y .. v-v-v-v-v-v
Contato Estepe/Floresta Ombrófila-ecótono EO 55 -v-v-v-v-v-v· v-v-v

Manual Técnico da Vegetação Brasileira 81


VEGETAÇÃO LEGENDA COR ORNAMENTO

Contato Estepe/Floresta Estacional-ecótono EN 55 1


-· -............ -. -· .....
-- -- ------ -· -· 1

1 -1 -1 -1-1-1 -1 -1 1
Contato Savana/Savana-Estépica-ecótono ST 55 -1-1-1-1-1-1-1

Obs.: Para os contatos na forma de encrave adota-se a cor e o ornamento da formação ou do subgrupo
de formação dominante. Os Contatos Floresta Ombrófila Densa/Floresta Mista, Savana/Floresta
Ombrófila Mista, Floresta Estacionai/Floresta Ombrófila Mista e Floresta Ombrófila/Refúgio
Vegetacional só ocorrem na forma de encrave.

VEGETAÇÃO LEGENDA COR ORNAMENTO

Refúgio Montano rm 51
0000000000000000
Refúgio Montano arbustivo rmb 51 0000000000000000

.................................
Refúgio Montano herbáceo rmh 51 ..............................
Refúgio Alto-Montano ri 53

Refúgio Alto-Montano arbustivo rlb 53 ooooooooooooooÕD


1 0000000000000000

Refúgio Alto-Montano herbáceo rlh 53 1


·::::::::::::::::. 1

As unidades de mapeamento, inerentes às áreas antrópicas, serão também representadas, na legenda,


sob a forma de boxes e posicionadas de acordo com a relação apresentada a seguir, em que o número
representa o lápis de série multicor da Faber-Castell.

Áreas Antrópicas AA 58

Vegetação Secundária Vs 56
i=;oooooooooooooo
Vegetação Secundária sem palmeiras Vss 56 0000000000000000

....................................
Vegetação Secundária com palmeiras Vsp 56 1 .............................. 1

Agropecuária Ag 57
0000000000000000
Agricultura Ac 57 0000000000000000

1111111111111111111
Agricultura com culturas permanentes Acp 57 1111111111111111111

vvvvvvvvvvvvv
Agricultura com culturas cíclicas Acc 57 vvvvvvvvvvvvv
....................................
Pecuária Ap 57 ................................

Florestamento/Reflorestamento R 54
0000000000000000
Florestamento/Reflorestamento com Eucaliptos Re 54 0000000000000000

82 Manual Técnico da Vegetação Brasileira


VEGETAÇÃO LEGENDA COR ORNAMENTO

Florestamento/Reflorestamento com Pinus Rp 54 1..............................


............................. 1

11111111111111111111
Florestamento/Reflorestamento com Acácias Ra 54 11111111111111111111

Florestamento/Reflorestamento com Algarobas Rg 54 vvvvvvvvvvvvvv


VVVVYVVVYVVVVV

Florestamcnto/Reflorestamento com Frutíferas Rf 54 1:---------------------:


--------------------1
Quando for possível, representar no mapa as unidades de mapeamento antrópicas levando em
consideração a vegetação existente anteriormente (Figura 24).

~+A.p
Soa + Db

Dm
I
Sd

--12.L_
1 ~d + Ap Sol + Ap

rn
Sai + Ob ~~

Sd

Fig 24 - Exemplo da Representação Cartográfica do Mapeamento da Vegetação

Exemplo: - Reflorestamento com pinus em área anteriormente


- Pastagem em área anteriormente revestida pela revestida pela Floresta Ombrófila Densa:
Savana·
*Legenda - D.Rp
* Legenda - S Ap

*Cor - 54
*Cor - 57

*Ornamento -
*Ornamento- 1---------1
-- -- -
- -
- -
- - -- -
-

Manual Técnico da Vegetação Brasileira 83


4.6 Relatório científico, se possível seguido do nome vulgar entre
parênteses, ex.: Himatanthus obovata (janaúba); e
Parte integrante dos resultados finais, o Relatório plantas identificadas no campo - consta do nome
deverá ser ordenado com os seguintes itens míni- vulgar seguido do nome científico entre parênteses,
mos: ex.: mangue-vermelho (Rhizophora mangle).
•SUMÁRIO A listagem das espécies coletadas será organizada
•RESUMO pelos tipos de vegetação. Assim, após a descrição
•ABSTRACT da última subformação ou subgrupo de formação de
uma região fítoecológica, seguir-se-á a relação das
espécies coletadas.
PARTE! Ex.: Relação das espécies coletadas na Savana
ESTUDO FITOGEOGRÁFICO (Cerrado).
1 INTRODUÇÃO NOME CIENTÍFICO NOME VULGAR PONTO DE
2
Localizar e indicar a área trabalhada em km . COLETA

Mencionar os principais acidentes geográficos, ci- Anacardiaceae


dades e aspectos mais relevantes da região. Astroniwn balansae Engler aroeirão, pau-ferro F.21
Lithraea molleoides
2 OBJETIVOS (Velloso )Engler aroeira-branca F.3
Schinus terebinthifolius aroeira-vennelha F18
Mencionar os objetivos principais. Indicar se o Raddi
trabalho foi feito para outra Instituição sob a forma
de Convênio ou Contrato. Vochysiaceae
Vochysia thyrsoides Pohl m11<Serengue F17
3 METODOLOGIA
Citar todas as atividades básicas executadas no 6 FITOCLIMAS
decorrer do trabalho (escritório e campo), mencio- Abordar de maneira sucinta o clima da área.
nando inclusive os tipos e as escalas dos sensores
remotos utilizados, bem como outros mapas e cartas
7 ÁREAS ANTRÓPICAS
usados. Citar quais as áreas antrópicas existentes em cada
região fitoecológica, bem como nas outras áreas
4 SISTEMA FITOGEOGRÁFICO BRASILEIRO revestidas por vegetação.
Conceituar os tipos de vegetação, suas formações
e subformações ou subgrupos de formação, bem 8 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
como as outras áreas revestidas por vegetação e que Descrever os resultados mais relevantes obtidos
não são consideradas como regiões fitoecológicas. no trabalho e sugerir quais os estudos que deverão
ser executados objetivando um maior conhecimento
5 ESTUDO FISIONÔMICO-ECOLÓGICO
de área.
5.1 Súmula histórica
9 BIBLIOGRAFIA
Mencionar, em ordem cronológica, os pesquisado-
res que estudaram a área e a contribuição de cada Deverá ser elaborada de acordo com as normas
um. estabelecidas pela ABNT.
5.2 Mapeamento fítogeográfico
PARTE II
Abordar de que maneira foi feito o mapeamento, INVENTÁRIO NAS FORMAÇÕES
qual o Sistema de Classificação utilizado e qual a FLORESTAIS E CAMPESTRES
Chave de Classificação utilizada.
1 APRESENTAÇÃO
5.3 Legenda
Mencionar a legenda utilizada na área estudada. 2 REVISÃO DA LITERATURA
5.4 Regiões fitoecológicas Mencionar, em ordem cronológica, os pesquisa-
dores que trabalharam na área e a contribuição de
Identificar, localizar e caracterizar os tipos de ve-
getação, suas formações e subformações ou subgru- cada um.
pos de formação, bem como as outras áreas 3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA
revestidas por vegetação que não são consideradas
como regiões fitoecológicas. Nas citações de texto Localizar a área ou as po~ulações trabalhadas
diferenciar as plantas coletadas do seguinte modo: indicando a superfície em km e as principais vias
plantas identificadas em laboratório - consta o nome de acesso.

84 Manual Técnico da Vegetação Brasileira


4 METODOLOGIA Mapas
4.1 Processamento de Dados Figuras
Citar em que tipo de computador foram processa- Estampas
dos eletronicamente os dados do inventário, qual o Com relação às páginas iniciais, que comporão o
tipo de linguagem utilizada bem como mencionar a Relatório Final, os procedimentos serão os seguin-
cargo de quem ficaram as tarefas de preparação e tes:
conferência de dados, além daquelas inerentes à • A folha de rosto será reservada para, na sua porção
perfuração e processamento propriamente dito. superior, conter o nome completo, em caixa alta,
4.2 Amostragem do IBGE e, no caso de Convênio ou Contrato, da
Citar o método utilizado e quais as suas vantagens respectiva entidade, quando então neste particular
e desvantagens. precederá ao IBGE. Na sua porção média deverá
conter o nome do projeto e o tema abordado,
4.3 Forma, Tamanho e Dimensões das Unidades de ambos em caixa alta. A porção inferior será desti-
Amostra nada ao local e ano de confecção do relatório.
Qual a forma geométrica da unidade de amostra; •A seguinte será destinada a indicar a Presidência
expressar seu tamanho em hectares e suas dimen- da República e o(s) Ministério(s) envolvido(s).
sões em metros. •A subseqüente, no caso de Convênio ou Contrato,
4.4 Intensidade Amostral a estrutura organizacional da entidade, envolvida
diretamente no trabalho. No tocante ao IBGE,
Mencionar quantas unidades de amostra foram serão mencionados a Presidência, Diretoria-Geral,
mensuradas na área ou nas populações. Diretoria(s) e Departamento(s) efetivamente en-
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO volvido(s). Unidades de hierarquias inferior a De-
Descrever os resultados mais relevantes obtidos partamento não deverão ser mencionadas.
no trabalho e fazer uma análise crítica. •Posteriormente, em folha separada, serão citados
os autores e mantida a importância de suas parti-
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS E cipações no trabalho.
RECOMENDAÇÕES •Outra folha deverá conter os participantes, men-
Mencionar quais os estudos que deverão ser exe- cionadas as respectivas atividades desenvolvidas.
cutados, objetivando propiciar um melhor conheci- •Os agradecimentos constituem o fecho final, e
mento da área, indicando inclusive quais os serão extensivos apenas a pessoas ou entidades
métodos a serem utilizados. não pe1tencentes à estrutura organizacional do
IBGE.
TABELAS Estes procedimentos estão exemplificados como
ILUSTRAÇÕES segue:

Manual Técnico da Vegetação Brasileira 85


SUPERINTEN~NC' · X> DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA· SUDAM
FUNDAÇÃO INSTITUTC 'lASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA· IBGE Presidente da República
Ministro do .
Ministro do

ZONEAMENTO DAS
POTENCIALIDADES DOS
RECURSO{) NATURAIS DA
AMAZONIA LEGAL

VEGETAÇÃO

Rio de Janeiro, 1988

Modelo de folha do rosto Modelo de 21 página

SUPERINTENDÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA· SUDAM

Superlnlendente AUTORES
Diretor do Departamento de Recursos Naturais

FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA


E ESTATÍSTICA· IBGE

Presidenle
Diretor-Geral
Diretor de Geociências
Chefe do Departamento de Recursos Nalurais e Estudos Ambientais

Modelo de 31 página Modelo de 4 1 página

86 Manual Técnico da Vegetação Brasileira


PARTICIPANTES AGRADEC™ENTOS

Modelo de s' página Modelo de f} página

Manual Técnico da Vegetação Brasileira 87


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92 Manual Técnico da Vegetação Brasileira

Impresso no CDDl/Departamento de Editoração e Gráfica - IBGE, em novembro de 1992, O. S. 03.03 1.0186/92


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InformaÇôes - CDDI
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Rua General Canabarro, 666
20271-201 - Maracanã - Rio de Janeiro - RJ
Tel.. (021 )284-0402
Telex: 2134128 - Fax: (021)234-6189
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Avenida Franklin Roosevelt, 146 - loja
20021-120 - Castelo - Tel.:(021)220-9147
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Manual Técnico da Vegetação Brasileira

O tema vegetação é abordado em quatro capítulos, abrangendo os


seguintes tópicos: sistema fitogeográfico, inventário das formações
florestais e campestres, técnicas e manejo de coleções botânicas e
procedimentos para mapeamento.
O primeiro apresenta as conceituações, a classificação e a chave de
classificação das formas de vida, as terminologias, os sistemas
primários e secundários e a legenda do sistema fitogeográfico
adotada pela equipe de vegetação do IBGE.
No inventário das formações florestais e campestres são descritos
tipos de inventário quanto ao detalhamento, técnicas de amostragem,
etapas de um inventário florestal e procedimentos metodológicos
para levantamento do potencial lenhoso/arbóreo de formações
campestres, entre outros assuntos.
O capítulo que trata de técnicas e manejo de coleções botânicas
informa sobre a metodologia e técnicas específicas de coleta e
herborização, como também sobre a terminologia para
descrição da planta no campo e sobre o tratamento e
manutenção de coleções em herbário.
Finalmente, são descritos os procedimentos para mapeamento, desde
a interpretação preliminar até à elaboração do relatório.

ISBN 85-240-0427 - 4

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