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Introdução

Neste trabalho, centrar-me-ei na conceitualização dos termos arte e literatura, o que vai
permitir me de sobremaneira compreender os conceitos gerais e segundo Platão e
Aristóteles. Igualmente irei centrar-me na evolução semântica do lexema literatura, as
diferentes significações que foi assumindo ao longo dos tempos. Para além disso, irei
descrever textos literários e não-literários, todavia também ilustrarei exemplos de texto
literário e não-literário. Não obstante, também abordarei sobre literatura e linguagem, o
que ajudara de alguma forma, a conhecer a linguagem utilizada em textos literários.

Ainda neste trabalho irei debruçar em torno das características do discurso literária,
incluindo a ficcionalidade e intertextualidade na obra literária. Em adição irei discursar
sobre o estudo comparativo entre o texto literário e não-literário e finalmente irei
efectuar a leitura e análise dos textos “O Descuidar do lixo é sujeira” e “O bicho”
comparando-os.

Objectivos do trabalho:

Objectivo geral: Compreender no geral os conceitos de arte e literatura e segundo Platão


e Aristóteles.

Objectivos específicos: no fim da lição serei capaz de:

 Conceituar a arte e literatura de forma particular e segundo Platão e Aristóteles;


 Descrever a evolução do lexema literatura e os diferentes significados por ele
assumidos ao longo do tempo;
 Distinguir o texto literário do não-literário, exemplificando-os e caracterizando o
seu discurso;
 Efectuar o estudo comparativo entre o texto literário e não literário.

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1. O Conceito de Arte e de Literatura

A literatura é vista como um instrumento necessário, por considerar a literatura como


sistema semiótico de significação de comunicação; por outro a literatura como conjunto
ou soma de todas as obras ou textos literários.
Para (Barthes) “Literatura e aquilo que se ensina, ponto final”. Isto porque diferentes
épocas e culturas vêem diferentemente literatura, e objecções são levantadas em relação
as definições ate então elaboradas.
Arte é ordenada ou toda a espécie de actividade humana submetida a regras, ou melhor,
conjunto de regras para dirigir uma actividade humana qualquer.

1.1. Conceituação da arte segundo Platão e Aristóteles


Para Platão, não a distinguia das ciências nem da filosofia, uma vez que, como arte,
estas são actividades ordenadas. E para Aristóteles, estabelece uma distinção entre
acção (praxis) e fabricação (poiesis). A política e a ética são ciências da acção. As artes
ou técnicas são actividades de fabricação.

1.1. A evolução semântica do lexema literatura


Etimologicamente, o lexema deriva do latim litteratura, a partir de littera, letra,
aparentemente. Portanto, o conceito de literatura parece estar implicitamente ligado à
palavra escrita ou impressa, à arte de escrever, à erudição.
Nas línguas europeias, a palavra “literatura” designou em regra, até ao século XVIII, o
saber, conhecimento, as artes e as ciências em geral. Até à segunda metade desse século,
para designar especificamente a arte verbal, o corpus textual, eram utilizadas palavras
como “poesia”, “verso” e “prosa” (que hoje reconhecemos enquanto classificação de
géneros literários). É na segunda metade do século XVIII que Voltaire (1827)
caracteriza a literatura como forma particular de conhecimento que implica valores
estéticos e uma particular relação com as letras.
Tal evolução, porém, não se quedou ai, prosseguiu ao longo dos séculos XIX e XX.
Vejamos, em rápido esboço, as mais relevantes acepções adquiridas pela palavra neste
período de tempo:
a) Conjunto da produção literária de uma época – literatura do século XVIII, literatura
vitoriana -, ou de uma região – pense-se na famosa distinção de Mme. de Staël entre

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"literatura do norte" e "literatura do sul", etc. Trata-se de uma particularização do
sentido que a palavra apresenta na obra de Lessing (Briefe die Literaturbetreffend).
b) Conjunto de obras que se particularizam e ganham feição special quer pela sua
origem, quer pela sua temática ou pela sua intenção: literatura feminina, literatura de
terror, literatura revolucionária, literatura de evasão, etc.
c) Bibliografia existente acerca de um determinado assunto. Ex: "Sobre o barroco existe
uma literatura abundante...". Este sentido é próprio da língua alemã, donde transitou
para outras línguas.
d) Retórica, expressão artificial. Verlaine, no seu poema Art poétique, escreveu: "Et tout
le reste est littérature", identificando pejorativamente "literatura" e falsidade retórica.
Este significado depreciativo do vocábulo data do final do século XIX e é de origem
francesa. Com fundamento nesta acepção de "literatura", originou-se e temse difundido
a antinomia "poesia -literatura", assim formulada por um grande poeta espanhol
contemporâneo: "[...] ao demónio da Literatura, que é somente o rebelde e sujo anjo
caído da Poesia."
e) Por elipse, emprega-se simplesmente "literatura" em vez de história da literatura.
f) Por metonímia, "literatura" significa também manual de história da literatura.
g) "Literatura" pode significar ainda conhecimento organizado do fenómeno literário.
Trata-se de um sentido caracteristicamente universitário da palavra e manifesta-se em
expressões como literatura comparada, literatura geral, etc.
A história da evolução semântica da palavra imediatamente nos revela a dificuldade de
estabelecer um conceito incontroverso de literatura. Como é óbvio, dos múltiplos
sentidos mencionados nos interessa apenas o de literatura como actividade estética, e,
consequentemente, como os produtos, as obras daí resultantes.
Não cedamos, porém, à ilusão de tentar definir por meio de uma breve fórmula a
natureza e o âmbito da literatura, pois tais fórmulas, muitas vezes inexactas, são sempre
insuficientes.

2. Texto literário e texto não – literário


Os textos literários são textos narrativos e/ou poético e sua principal função é entreter.
Os textos não-literários são textos cujo principal objectivo é transmitir informações, e
não contém os mesmos elementos narrativos e artísticos dos textos literários.

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Texto literário
Os textos literários possuem uma função mais estética, objectivando essencialmente o
entretenimento, e não a informação, para o leitor. Com a ideia de criar expressividade e
acabar por trazer emoções e sentimentos em quem está lendo, o texto literário recorre à
função poética e emotiva da linguagem, fazendo uso, ainda, de uma linguagem
polissémica e conotativa para que se tenha uma multiplicidade de interpretações. Com
isso, o texto pode se tornar único para cada um que o lê, uma vez que leitores diferentes,
com sentimentos e ideias diferentes, podem apresentar interpretações completamente
distintas.
Além disso, o texto literário ainda apresenta reflexões sobre a realidade, criando uma
recriação bastante única e pessoal, além de subjectiva dessa, também em decorrência da
interpretação distinta por parte de cada leitor. Além disso, podem fazer uso figuras de
linguagem, e também outros recursos estilísticos, como a harmonia, a musicalidade, a
beleza e a simbologia. Exemplos de textos literários; as populares letras de música,
além de peças de teatro, crónicas, fábulas, lendas, novelam, contos, romances, poemas,
entre outros.

Textos não-literários
Os textos não-literários, por sua vez, apresentam essencialmente a função utilitária e
referencial, objectivando fornecer informações ao leitor. Faz uso de linguagem mais
clara e denotativa, com objectividade na transmissão das informações que pretende
passar. De forma impessoal e imparcial, relata fatos sem expor opiniões e juízos de
valor em seu conteúdo, não fazendo uso de figuras de linguagem, também pouco de
outros recursos estilísticos, uma vez que, nestes casos, podem vir a atrapalhar a
compreensão do conteúdo do texto informativo.
Exemplos de textos não-literários: as receitas culinárias, enciclopédias, dicionários,
manuais de instrução, livros didácticos, artigos científicos, cartas comerciais,
entrevistas, reportagens, notícias, bulas de remédios, guias de beleza, entre outros.

2.1. Exemplo de um texto literário


No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra


Tinha uma pedra no meio do caminho

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Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra.
(De Carlos Drummond de Andrade).
.
2.2. Exemplo de um texto não – literário
“História – Seca, fenómeno secular na vida dos nordestinos
A história das secas na região Nordeste é uma prova de fogo para quem lê ou escuta os
relatos que vêm desde o século 16.
As duras consequências da falta de água acentuaram um quadro que em diversos
momentos da biograza do semiárido chega a ser assustador: migração desenfreada,
epidemias, fome, sede, miséria.
Os relatos de pesquisadores e historiadores datam da época da colonização portuguesa
na região.
Até a primeira metade do século 17, quem ocupava as áreas mais interioranas do
semiárido brasileiro era a população indígena. Uma das primeiras secas que se tem
notícia aconteceu entre 1580 e 1583.”
(Revista Ipea, Ano 6. Edição 48 – 10/03/2009, por Pedro Henrique Barreto).

3. Literatura e linguagem
A linguagem literária apresenta muitas especificidades. Entre elas estão a variabilidade,
a complexidade, a conotação, a multissignificação e a liberdade de criação.
A Literatura constitui um tipo especial de comunicação, no qual predomina o que
chamamos de linguagem literária.
A linguagem literária apresenta diferenças singulares, muito embora tenha uma estreita
relação com o discurso comum.
Dentre os traços peculiares do discurso literário, podemos destacar:
→ Complexidade: Uma das principais características do discurso literário é a
complexidade. Isso acontece porque a linguagem literária não tem compromisso com os

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sentidos que comummente são atribuídos às palavras, extrapolando assim seu nível
semântico. Por esse motivo, o texto literário não é apenas um objecto linguístico, mas
também estético.
→ Multissignificação: A Literatura apresenta uma linguagem que a difere da
linguagem utilizada no quotidiano. Diferentemente do discurso que adoptamos em
nosso dia a dia, no qual prepondera o uso objectivo da fala, o discurso literário pode
apresentar múltiplas leituras e interpretações.
→ Conotação: A linguagem literária é conotativa, isto é, uma palavra, quando usada no
sentido conotativo, permite diferentes significados e múltiplas interpretações. A
conotação permite que ideias e associações extrapolem o sentido original da palavra,
assumindo assim um sentido figurado e simbólico.
→ Liberdade na criação: O artista, quando na criação de um texto literário, pode
inventar novas maneiras de expressar-se, desvinculando-se dos padrões convencionais
da língua, bem como da gramática normativa que a rege.
→ Variabilidade: Assim como a língua, a Literatura também acompanha as mudanças
culturais, que podem ser notadas não só no discurso individual, mas também no
discurso cultural.

3.1. Características do discurso literário


O discurso ou texto literário e caracterizado por vários elementos dentre os quais,
destaca-se:
Plurissignificacao – as palavras assumem vários significados, no texto literário. Valoriza
texto se a linguagem é conotativa, ou seja, o sentido figurado.
Ficcional idade – os textos baseiam - se no real, transfigurando – o, recriando –o, e por
outras palavras, o alcance da escrita ultrapassa, para alem do real.
Aspecto subjectivo - normalmente o texto apresenta o olhar pessoal do artista, suas
experiencia e emoções.
Ênfase na função poética da Linguagem: o texto literário, manipula a palavra,
revestindo-a de carácter artístico, sendo que, o artista apresenta na obra literária a sua
visão perante seus anseios e exerce uma postura diante do mundo e das pretensões
humanas. Além disso, o discurso literário pode o fazer uso de figuras de linguagem, e
também outros recursos estilísticos, como a harmonia, a musicalidade, a beleza e a
simbologia. Entre outros.

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3.2. Ficcional idade e intertextualidade na obra literária
Uma obra literária é ficcional e simultaneamente intertextual, pois ambos constituem
géneros ou característica literária.
A ficcional idade não caracteriza de modo suficiente o texto literário – há ficções não
literárias, desde as ficções mitológicas até às lendárias mas constitui uma propriedade
necessária para a sua existência. A ficcionalidade1 manifesta-se textualmente em dois
níveis. No nível da enunciação, pois o autor textual e o narrador são co-referenciais com
o autor empírico e produzem textos que não dependem, imediata e explicitamente, de
um contexto de situação actual; no nível dos referentes textuais.
A intertextualidade é a interacção semiótica de um texto com outros textos, definir-se-á
intertexto como o texto ou o corpus de textos com os quais um determinado texto
mantém aquele tipo de interacção.
O Michael Riffaterre, define a intertextualidade como uma relação regida por uma
identidade estrutural, devendo ser considerados o texto e o seu sobre determinado pelo
hipograma. Pode-se afirmar, porém que o fenómeno da intertextualidade desempenha,
quer na produção, quer na recepção literárias, uma função relevante, que não encontra
paralelo em qualquer outra classe de textos. Ou ainda, a intertextualidade desempenha
uma função complexa e contraditória nos processos de homeostase e de mudança do
sistema semiótico literário.

4. Estudo comparativo entre texto literário e não literário.


Sob ponto de vista comparativo, no texto literário e não-literário, nota-se que:
Os textos literários são baseados na imaginação do escritor/artista e, portanto, são
subjectivos. Com a função de entreter o leitor, esse tipo de texto está intimamente
relacionado com a arte. Por ser um texto artístico, não tem compromisso com a
objectividade e com a transparência das ideias. O texto literário possui carácter estético
e não somente linguístico, cuja interpretação e significação variam de acordo com a
subjectividade do leitor. É comum o uso de figuras de linguagem, assim como a
subversão à gramática normativa.
E os textos não-literários são informativos. Sua composição utiliza fatos para
comprovar um ponto e a escrita é feita de forma objectiva. A informação nos textos não-
literários deve ser passada de modo a facilitar a compreensão da mensagem. Por isso, o

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texto deve ser escrito de forma clara, de modo que o leitor não tenha dificuldades para
compreender as informações.

5. Quadro de comparação de texto1- descuidar do lixo e sujeira e texto2


O bicho.
Texto 1 e 2 Descuidar do lixo e sujeira O bicho
Tipo Não-literário Literário
Linguagem Objectiva e denotativa Subjectiva e conotativa
Conteúdo Utiliza fatos e informações Ficção, baseada na imaginação
do artista.
Função Utilitário (informar, convencer,
explicar e comunicar). Estética (destina-se a entreter a arte
e a ficção).
Forma Relata factos sem expor Apresenta emoções e sentimentos
opiniões e juízos de valor em em quem está lendo, o texto
seu conteúdo. literário recorre à função poética e
emotiva da linguagem

Características Linguagem objectiva e clara. Utiliza elementos como a


musicalidade, figuras de
linguagem, multissignificação e
Possuem liberdade na criação.

Conclusão

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Terminado a resolução deste trabalho, eu pude perceber que a arte é um conjunto de
regras para dirigir a actividade humana e a literatura e a soma de todas as obras ou
textos literários. Igualmente conclui que o lexema literatura, teve vários significados ao
longo da sua formação, pois a história da sua evolução revela dificuldades em
estabelecer um conceito da literatura. Ainda neste trabalho, conclui que o texto literário
tem um carácter de entreter e possui uma função estética e o texto não-literário tem um
carácter informativo e possui uma função utilitária ou referencial. Não obstante,
também conclui que o discurso literário, a ficcional idade e intertextualidade e
caracterizado, pela musicalidade, figuras de linguagem, multissignificacao, liberdade na
criação e acima de tudo complexidade. E finalmente entendi que, o estudo comparativo
entre texto literário e não literário diferenciam se pela linguagem conotativa e
denotativa.

Bibliografia

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Módulo único de introdução aos estudos literários – 1º ano.
LITERÁRIO
%20HTTPS://WWW.TODOESTUDO.COM.BR/LITERATURA/TEXTOLITERARIO-
E-NAO-LITERARIO)
PETRIN, Natália. Texto literário e não-literário. Todo Estudo. Disponível em:
https://www.todoestudo.com.br/literatura/literario-e-nao-literario. Acesso em: 15 de
October de 2020.
+ Https://pixabay.com/pt/photos/livro-pilha-aprender-conhecimento-
168824
www.google.com/amp/s/www.diferenca.com/texto-literario-e-texto-nao- literário/amp/ .

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