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Políticas educacionais Unidade 03

Legislação educacional brasileira: desenrolando os


fios na história
Objetivo

Conhecer a importância da lei que estabelece as diretrizes e bases para a educação nacional.

Objetivo

“Começar pelo princípio, como, se Outra preocupação de Campos reside na esfera


esse princípio fosse a ponta, da formação de professores secundários e de
sempre visível de um fio mal enrolado, que cultura geral e, também, a ampliação da estrutura
bastasse puxar e ir puxando do ensino secundário para sete anos, sendo cinco
até chegarmos a outra ponta, a do fim (...). de estudo básico e dois propedêuticos, embora
O princípio nunca foi a ponta n a finalidade desse nível de ensino continuasse de
ítida e precisa de uma linha, caráter preparatório para outros níveis.

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o princípio é um processo lentíssimo,
demorado, que exige tempo e paciência, Em 34, surge no Brasil o movimento da Escola
para se perceber em que direção quer ir, que Nova que, inspirado nos ideais pedagógicos
tenteia o caminho como um cego, progressistas de Dewey, Claparede e funcionalista
o princípio é só o princípio.” de Durkhein, introduzem a visão humanista e laica
do ensino, embora este último ideal fosse alvo de
Ao se fazer uma retrospectiva da educação resistências de grupos espiritualistas e cristãos,
brasileira, a partir dos anos 30, é preciso apontar pois defendiam a existência, o funcionamento e a
os fatos históricos que impactaram, e que ainda presença livre de escolas confessionais.
impactam o nascimento e implantação de políticas
educacionais, explicitadas na forma de legislação. Em 37, com o advento do Estado Novo, é
atribuída ao Estado a função de traçar as diretrizes
“As políticas educacionais foram tratadas na da Educação Nacional e, ainda, de fixar o Plano
qualidade de componentes do conjunto das Nacional de Educação. O Estado, ainda, deveria
políticas públicas de corte social, entendidas assegurar o caráter gratuito e compulsório
como a expressão da ação (ou não) social do do ensino primário e manter os seus sistemas
Estado e que têm como principal referente educacionais.
à máquina governamental” (AZEVEDO e
AGUIAR, 2001, p. 73). Jardim et al (1985, p. 15) ressaltam que “mantendo
o caráter gratuito e compulsório do ensino
Além de esse poder regulatório do Estado, primário, o dispositivo constitucional preocupou-
ainda, faz-se necessário evidenciar a influência se sobretudo com a instrução vocacional e pré-
de correntes de pensamento no processo de vocacional”.
constituição do Estado e, consequentemente, de
políticas educacionais, uma vez que novas ideias Na gestão Capanema, novas ações demarcam
assumidas e incorporadas se legitimam na forma o cenário educacional, como: a fundação da
como este mesmo Estado é estabelecido. Faculdade Nacional de Filosofia; a criação do
Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP)
A década de 30 torna-se o princípio da Reforma e da Comissão Nacional do Livro Didático, além
Educacional Brasileira, a partir da implantação das da Comissão Nacional do Ensino Primário.
propostas de Fernando Campos, que assume a
pasta de ministro do recém criado Ministério da Em 41, ainda sob o comando de Capanema, é
Educação e Saúde. É dele a autoria da reforma do criada a Lei Orgânica de Ensino Industrial, a qual
ensino primário e secundário ocorridas em Minas expandiu a oferta do ensino técnico-profissional
Gerais e ampliadas para todo o território nacional. para todo o território nacional.
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Em 42, o ensino secundário passa por mais uma c) O fortalecimento da unidade nacional
reforma. Agora sua estrutura é apresentada pela e da solidariedade internacional;
terminologia ciclos: o primeiro ciclo correspondia
ao ginasial. Sua duração era de 4 anos, comum a d) O desenvolvimento integral da
todos; o segundo ciclo, correspondia ao colegial, personalidade humana e a sua participação
subdivido em clássico e científico. O objetivo do na obra do bem comum;
clássico era a formação humanística e do científico e) O preparo do indivíduo e da sociedade
a formação realística. para o domínio dos recursos científicos
Em 46, é promulgada a nova Carta Magna do e tecnológicos que lhes permitam utilizar
país, que prescreve a necessidade de nova lei de as possibilidades e vencer as dificuldades
diretrizes e bases para a educação nacional, a qual do meio;
vem se consolidar em 1961. f) A preservação e expansão do
Na década de 50, a educação brasileira apresentava patrimônio cultural;
o seguinte quadro: predominância de escolas g) A condenação a qualquer tratamento
particulares, em especial, escolas confessionais; desigual por motivo de convicção
distanciamento e diferenciações entre os ramos filosófica ou religiosa, bem como a
secundário e técnico, visto que o primeiro era quaisquer preconceitos de classe ou raça.
inflexível e acadêmico e, o segundo, utilitário;
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centralização no plano federal do campo O alicerce principal da 4024/61 foi a descentralização,


administrativo e pedagógico, que resultava na mediante a criação de sistemas estaduais de ensino,
imposição pelo Ministério da Educação de com a finalidade de atender as peculiaridades e
currículos, programas e metodologias de ensino. especificidades regionais. A filosofia norteadora
era a liberdade a ser praticada pelas escolas, pois o
Em contrapartida, vê-se o crescimento qualitativo fim almejado era a transformação sócio-cultural da
do ensino primário, devido à existência de escolas realidade brasileira.
de formação de professores nas principais capitais
do país, e sua vinculação à administração estadual, Os educadores tiveram grande participação para
que garantia uma relativa liberdade de ação concretização deste fim educativo, à medida que
às escolas. sob sua responsabilidade estava a tarefa de “fazer
frutificar a filosofia pedagógica emanada no texto
Na década de 60, é sancionada a primeira Lei legal, mas sobretudo a incumbência de criar uma
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional educação autenticamente nacional e democrática,
(LDBEN), conhecida pelo número 4024/61. perfeitamente identificada com a comunidade e o
“Na LDBEN 4024/61, dava-se prioridade momento histórico” (JARDIM et al, 1985, p. 16).
aos mais altos valores humanos, àqueles que
permanentemente elevam o homem sobre tudo o A equivalência trazida pela LDBEN 4024/61
mais, sejam objetos, sejam instituições” (SOUZA possibilitava a articulação entre os níveis de
e SILVA, 1997, p. 7). ensino, quer seja, no sentido horizontal, quer
seja, no sentido vertical, porém a dissociação e a
O artigo 1º da LDBEN 4024/61 traz a seguinte dualidade entre o ensino acadêmico e profissional
redação: não foram resolvidas.
Artigo 1º – A educação nacional, inspirada nos A estrutura do ensino de educação de base
princípios da liberdade e dos ideais de solidariedade era assim configurada: ensino primário, com
humana, tem por fim: duração mínima de quatro anos e máxima de seis
a) Compreensão dos direitos e deveres da anos, tendo a possibilidade de integração entre
pessoa humana, do cidadão, do Estado, este nível de ensino com o de nível médio, por
da família e dos grupos que compõem a meio da criação da 5ª. e 6ª. Séries, sendo estas
comunidade; suplementares ao curso primário, o que poderia
soar como continuidade entre os níveis.
b) O respeito à dignidade e às liberdades
fundamentais do homem; A escola média apresentava a seguinte estrutura:
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ginasial, primeiro ciclo e colegial, segundo ciclo, A redação do artigo 1º da LDBEN 5972/71 é
porém o currículo do ensino secundário continua alterada pela Lei 7044/82 por pressões da classe
sendo pensado e imposto pela LDBEN, contendo dominante que não aceitava o ensino técnico-
disciplinas obrigatórias indicadas pelo Conselho profissional para seus filhos e ainda acreditava numa
Federal de Educação e disciplinas optativas, proposta científica e acadêmica de formação. A nova
indicadas pelos Conselhos Estaduais de Educação. redação ficou assim: “O ensino de 1º e 2º Graus
tem por objetivo geral proporcionar ao educando
No Plano Trienal de Educação (1963- 1965), “foi a formação necessária ao desenvolvimento de suas
apresentado o projeto de ginásios modernos, potencialidades como elemento de autorrealização,
caracterizados como, ginásios orientados para preparação para o trabalho e para o exercício
o trabalho, com opções de cursos comuns com consciente da cidadania”.
opção para práticas de comércio, indústria e
agricultura.” (JARDIM et al, 1985, p. 17) A nova redação redefiniu a proposta educacional
estabelecida pela LDBEN 5692/71, à medida
Em 1968, foi promulgada a Lei 5.540, a qual que suprimiu a ideia de universalização da
fixou normas de organização e funcionamento qualificação para o trabalho no 2º Grau, o que
do ensino superior. Essa lei procurou manter agradou a elite brasileira.
articulação com o ensino médio, o que sinalizou a
presença de novos rumos no cenário educacional A LDBEN 5692/71 permaneceu vigente por mais
brasileiro. Destaca-se: o impacto das mudanças de 20 anos. Essa duração prolongada fez com que

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sociais alavancadas pelo ideário desenvolvimentista se tornasse uma lei caduca, pois não acompanhava
na reformulação dos níveis de ensino primário e mais as demandas e nem as transformações sociais,
médio apontadas. econômicas, políticas, culturais e educacionais em
que se encontrava o país. Era necessário rever
Em 1971, é promulgada a nova LDBEN 5692/71. seus princípios, sua estrutura, sua organização
Essa lei estabeleceu como objetivo geral do ensino e funcionamento voltados para a educação. Os
de 1º E 2º Graus “proporcionar ao educando a principais problemas apontados pelos estudiosos
formação necessária ao desenvolvimento de giravam em torno de sua implantação e efetividade
suas potencialidades, como elemento de auto- de ação no contexto brasileiro.
realização, qualificação para o trabalho e preparo
para o exercício consciente da cidadania”. Constatou-se falhas na sua implantação,
devido a aspectos tais como: não aceitação
Uma peculiaridade da LDBEN 5692/71 é que do novo tipo de escola, por uma sociedade
seu nascimento acontece justamente no regime tradicionalmente acostumada à educação
militar, o que de fato influenciará nos rumos da acadêmica e seletiva; insuficiência de recursos
educação nacional. materiais, financeiros e humanos; inadequação
Souza e Silva (1997, p. 7) ressaltam que: “A Lei entre os currículos organizados pelas escolas
5692/71, ao manter em vigor o artigo 1º da Lei e as expectativas e necessidades do alunado
4024/61, referendou o seu respeito à formação do e do mercado de trabalho; falta de condições
eu essencial, em face dos processos circunstanciais”, da nossa escola em entender e atender aos
embora há que sinalizar a substituição dos fins anseios que a população brasileira apresentou
evidenciados na 4024/61 pelos objetivos e, estes na última década, em função dos aspectos
restritos a apenas um grau de ensino. políticos, econômicos e sócio-culturais do País
(JARDIM, et al, 1985, p. 19).
Jardim et al (1985, p. 19) dizem que as principais
inovações em relação a LDBEN anterior foram: Esses problemas foram pauta de revisão,
debates e reivindicação por uma nova LDBEN.
a) Um ensino de 1º Grau com oito séries e um Principalmente, porque em 1988 surge a nova
ensino de 2º Grau cm três ou quatro séries; Constituição que estabelece novas diretrizes e
bases para a educação nacional. Ressurge no
b) Uma integração horizontal e vertical nos
cenário brasileiro a democracia e com ela os
currículos escolares, objetivando uma continuidade
valores agregados de cidadania, autonomia e
de estudos e ao mesmo tempo, a possibilidade de
desenvolvimento do sujeito integral.
acesso ao mercado de trabalho.
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Mesmo neste novo contexto democrático, é claro, didático-pedagógica e à visão político-institucional.
que esse processo não foi fácil. Tanto que, após Essa inovação pode ser assim caracterizada:
várias discussões e propostas advindas da sociedade
civil, por meio de professores, universidades, Doutrinariamente: desloca a liberdade de ensino
pesquisadores, dentre outros, surge a nova para o direito de aprender, alterando o eixo do
LDBEN 9.394/96, mas que não contemplou nem processo educativo do ensino para a aprendizagem.
em cinquenta por cento as sugestões apresentadas Organizacionalmente: propõe a integração das
nas pautas de reuniões e discussões tecidas pelos etapas (educação infantil, ensino fundamental e
diversos setores da sociedade. ensino médio) em um único nível: educação básica.
Conclui-se, então, que a Lei de Diretrizes e Bases Flexibiliza, ainda, a questão de séries, podendo
da Educação Nacional (LDBEN) traça as linhas utilizar a terminologia ciclos, etapas. Esta
norteadoras para a Educação em todo o país. Ela flexibilização visa atender às demandas dos alunos
sustenta em seu interior a estrutura, a organização e dos projetos pedagógicos.
e as formas de funcionamento dos sistemas de
ensino. Sua abrangência é total, pois, agora, rege Didático-pedagogicamente: apresenta como
tanto a educação básica como a educação superior. meta da aprendizagem o desenvolvimento de
competências, as quais devem ser construídas ao
E, ainda, “da ação conjunta do texto constitucional longo da trajetória escolar.
e do contexto da Lei de Diretrizes e Bases nascem a
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política e o planejamento educacionais, e depende Responsabiliza a escola pelo projeto pedagógico e


o dia a dia do funcionamento das redes escolares o docente pelo plano de trabalho, os quais devem
de todos os níveis de ensino” (SOUZA e SILVA, respeitar o contexto em que serão construídos e
1997, p.1) desenvolvidos.

Resumindo: no percurso da história já tivemos 3 Enfatiza o ato de aprender a aprender e não a


(três) Leis de Diretrizes e Bases. A primeira data do aquisição de conhecimentos estáticos e impostos
ano de 1961. Essa primeira Lei surgiu após amplos pelo currículo escolar.
debates e reivindicações no campo educacional.
Propõe a articulação entre teoria e prática no
Nela, pela primeira vez, foram delineados os fins e
processo de formação inicial e continuada dos
os princípios da educação.
professores.
A segunda LDBEN 5692 surgiu 10 anos após a
Política-institucionalmente: estabelece os
primeira, ou seja, no ano de 1971. Sua característica
critérios de autonomia da União, dos Estados, do
principal é que enfatizou o ensino técnico-
Distrito Federal e dos Municípios.
profissionalizante, respondendo às questões e às
demandas de uma sociedade que crescia e investia Estabelece, ainda, o sistema nacional de avaliação
no âmbito da industrialização e serviços. Essa Lei e estatísticas educacionais.
perdurou até o ano de 1996, quando foi substituída
pela LDBEN 9394, a que vigora atualmente. Confere certa autonomia para as instituições de
escolares.
A atual LDBEN 9394 inovou em sua proposta
por agregar a Educação em todos os seus A LDBEN, então, se apresenta como uma
níveis e modalidades. Isso porque a educação resposta direta às demandas da sociedade e da
superior era regida por uma lei à parte da LDB própria Constituição do país, uma vez que engloba
(Lei 5540/680). Essa inovação permitiu ter uma as dimensões de ensino apontadas, assegurando
visão completa da proposta educacional a ser legitimidade às suas ações.
concretizada na realidade brasileira, visto que,
Agora, é preciso destacar alguns aspectos
nela, estão expressos os objetivos e a forma de
fundamentais de uma Lei de Diretrizes e Bases.
atuação de cada nível de ensino.
Eles foram alistados por Souza e Silva (1997, p.
A LDBEN 9394/96 trouxe um novo modelo 1-2) e assinalam que:
pedagógico no que se refere à doutrina, à
organização espaço-temporal da escola, à proposta
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a) A LDB não pode divergir filosófica e o texto de sua lei básica não for sintético e amplo,
doutrinariamente do que estatui a Constituição, com vistas à estabilidade normativa, a lei de hoje
no que diz respeito aos princípios guiadores da poderá ser inútil amanhã.
educação brasileira.
d) A LDB deve regular a vidas das redes escolares,
b) a LDB não pode, nem acrescentar, nem omitir, no que diz respeito ao ensino formal, ficando
no seu texto, algo não consagrado fora do seu alcance todas as manifestações de
expressamente na Constituição. ensino livre e daquele tipo de curso que funciona
sob a supervisão de órgãos outros, que não os da
c) a LDB não pode conter minúcias, nem normas administração superior dos sistemas de ensino.
de regulamentação casuística, devendo sua
linguagem primar pela clareza, pela generalidade Conclui-se que as políticas educacionais irão
e pela síntese. Não fora ela uma lei de diretrizes! contemplar as diretrizes e bases que estão
Sendo, como é, uma lei de âmbito nacional e presentes na LDBEN, a fim de concretizar a
compondo-se como se compõe o Brasil, de finalidade pretendida, o pleno desenvolvimento
uma variedade incontestável de situações as do educando, seu preparo para o exercício da
mais diversas e contrastantes, se não genérica e cidadania e sua qualificação para o trabalho.
abrangente nas regras que contém, não servirá
a todos os sistemas de ensino do País, como é o Vamos dar uma pausa. Agora é sua vez de praticar,
seu dever. Ademais, estando a educação sujeita, o realizando as atividades do “Sei Responder”.

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tempo todo, a mutações dinâmicas e sucessivas, se Espero você na próxima Unidade Temática.

Referências

AZEVEDO, Janete M. L. de & AGUIAR, Márcia Ângela. A produção do conhecimento sobre a política
educacional no Brasil: um olhar a partir da ANPED. Educação & Sociedade, ano XXII, n° 77,
Dez/2001.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasilia: MEC, 2006.
JARDIM, Ilza Rodrigues et al. Ensino de 1º e 2º Graus. Porto Alegre: Sagra, 1985.
SOUZA, Paulo Nathanael Pereira de Souza; SILVA, Eurides Brito. Como entender e aplicar a nova
LDB. São Paulo: Pioneira Thomson, 1997.
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Atividades

Sei responder

1 - Complete a sentença, escolhendo a palavra que deve ser escrita no interior dos parêntesis.
Joana fez a seguinte afirmação: No contexto brasileiro, já tivemos 3 LDBENs. A última é de 1996.
Ela surge num ambiente (.......)
a) contrastante
b) democrático
c) técnico
d) profissionalizante
2 - Pedro estava convencido de que a melhor alteração da lei foi a que ocorreu nos anos 80.
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Isso porque não acreditava numa escola de fundo predominantemente (........)


a) universalista
b) tradicional
c) técnico-profissionalizante
d) democrático
T3 - eresa olhou para o relógio e pensou: - Chegou a hora de mudar esta LDBEN, pois reina
há mais de 20 anos. Esta Lei (......) está com o seu tempo esgotado.
a) 5.692
b) 5.540
c) 4.024
d) 7.044
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Para onde vai a educação?

Objetivo

Identificar os princípios e os objetivos da educação presentes na Lei de Diretrizes e Bases da Educação


Nacional.

Objetivo

Uma das questões cruciais para a educação é traçar que se encontra inserido.
sua finalidade, isso porque é ela que norteará
todos os processos formativos do ser humano. Alguns estudos (LIBÂNEO, OLIVEIRA,
Não basta, apenas, tecer ações, deve-se ater aos TOSCHI, 2012, p. 421-422) realizados apontaram
princípios e aos objetivos, pois serão eles que que, para que a proposta educacional tenha êxito,
fundamentarão as práticas educativas a serem faz-se necessário entender que existe uma série de
concretizadas na realidade social. mecanismos organizacionais que devem funcionar

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de um modo adequado, coerente e eficiente, e que
A finalidade educativa, então, torna-se a base contemplem as seguintes características:
para a constituição de princípios e objetivos
a) professores preparados, que tenham clareza
que darão legitimidade às diretrizes, às políticas,
de seus objetivos e conteúdos, que façam
ao planejamento, ao currículo, ao processo de
planos de aula, que consigam cativar os alunos,
formação do cidadão e da cidadã.
que utilizem metodologias e procedimentos
Ao pensar dessa maneira, a Lei de Diretrizes adequados à matéria e às condições de
e Bases, obedecendo ao que está instituído na aprendizagem dos alunos;
Constituição Federal, estabelece nos primeiros
b) existência de projeto pedagógico-curricular
artigos o sentido a ser dado à educação. Sendo
com um plano de trabalho bem definido;
assim, no artigo 1º, lê-se que a educação abrange
os processos formativos. Esses processos ocorrem c) bom clima de trabalho;
em espaços formais e não formais de ensino. E
por conta disso sua amplitude é extensiva, pois não d) estrutura organizacional e boa organização
limita a educação ao âmbito da escola e da família. do processo ensino-aprendizagem;

No artigo 2º, lê-se que a educação é um dever e) papel significativo da direção e da coordenação
atribuído à família e ao Estado, o que indica a pedagógica;
responsabilidade dessas duas instituições para
f) disponibilidade de condições físicas
a sua promoção e seu desenvolvimento. Ainda
e materiais;
ressalta que a base da educação deve pautar-
se nos princípios da liberdade e nos ideais de g) estrutura curricular e modalidades de
solidariedade humana, o que sinaliza para os organização do currículo com conteúdos bem
conceitos de autonomia, cidadania e alteridade. selecionados;
Ainda, no artigo 2º, é apresentada a finalidade da h) disponibilidade da equipe para aceitar
educação que se destina ao pleno desenvolvimento inovações, observando o critério de mudar sem
do educando, seu preparo para o exercício da perder a identidade.
cidadania e sua qualificação para o trabalho. Isso
sinaliza que a educação não se limita apenas ao Essas ações impactarão a forma como a finalidade
preparo da mão de obra, mas à formação integral educativa é percebida no contexto da instituição de
do sujeito, pois o exercício de cidadania requer ensino, ao mesmo tempo em que criará condições
reconhecimento de si, do outro e do contexto em para o exercício docente e gestor do ensino.
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Sendo assim, para que a finalidade educacional se os artigos presentes nesse título abordarão sobre
torne uma realidade, será necessário que a proposta a responsabilidade do Estado com a educação
de ensino caminhe levando em consideração a pública, no sentido de realizar o censo, assegurar
direção manifesta, por isso deve apoiar-se nos o acesso, a gratuidade, a permanência, a oferta, o
seguintes princípios, os quais estão alistados no padrão de qualidade. Esse título ainda aborda a
artigo 3º: responsabilidade dos pais de matricular os filhos
na escola, a partir dos 4 anos de idade.
I- igualdade de condições para o acesso e
permanência na escola. Vale ressaltar que no Título III não aparece o
ensino superior, o que pode inferir-se que esse
II- liberdade de aprender, ensinar, pesquisar, nível de ensino não faz parte do dever do Estado,
divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o ou seja, não tem responsabilidade para sua oferta
saber. e manutenção, o que é muito estranho, não é
III- pluralismo de ideias e de concepções mesmo? Afinal, a garantia da educação deve ser
pedagógicas. restrita ou ampliada?

IV- respeito à liberdade e apreço à tolerância. O Título IV aborda a Organização da Educação


Nacional a ser administrada pelos entes federativos
V- coexistência de instituições públicas e (União, Estado, Distrito Federal e Municípios). Os
privadas de ensino. artigos apresentam o nível de atuação e competência
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dos entes quanto à organização, estrutura dos


VI- gratuidade do ensino público em
seus sistemas de ensino. Apresenta, ainda, o
estabelecimentos oficiais.
papel do docente e da escola quanto às diretrizes
VII- valorização do profissional da educação apresentadas, sendo importante destacar que:
escolar.
Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de:
VIII- gestão democrática do ensino público
I - participar da elaboração da proposta
em estabelecimentos oficiais.
pedagógica do estabelecimento de ensino;
IX- garantia de padrão de qualidade.
II - elaborar e cumprir plano de trabalho,
X- valorização da experiência extraescolar. segundo a proposta pedagógica do
estabelecimento de ensino;
XI- vinculação entre educação escolar, o
trabalho e as práticas sociais. III - zelar pela aprendizagem dos alunos;

Perceba que os princípios são aqueles mesmos IV - estabelecer estratégias de recuperação


apresentados na Carta Magna, sendo acrescentados para os alunos de menor rendimento;
o respeito à liberdade e o apreço à tolerância;
V - ministrar os dias letivos e horas-
a valorização da experiência extraescolar, e a
aula estabelecidos, além de participar
vinculação entre educação escolar, o trabalho
integralmente dos períodos dedicados
e as práticas sociais, o que afirma o sentido
ao planejamento, à avaliação e ao
humanista da educação, estabelecendo a coerência
desenvolvimento profissional;
entre a finalidade educativa e os princípios, aqui,
elencados. VI - colaborar com as atividades de
articulação da escola com as famílias e a
Assim, os princípios que regem a Educação no
comunidade.
país refletem a forma como devem ser conduzidas
as práticas educativas, no que diz respeito ao Observe que a LDBEN 9394/96 prevê as
reconhecimento do ser humano, de sua relação competências dos docentes quanto ao seu exercício
consigo mesmo e com o outro, na sociedade e no profissional, que ocorre na participação dos
mundo do trabalho. processos organizacionais da instituição de ensino
e da sala de aula, dando destaque à elaboração do
O Título III da LDBEN 9394/96 trata sobre o
projeto político pedagógico, documento norteador
direito à educação e o dever de educar. Assim,
da filosofia, da missão institucional e da política
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didático-metodológica da instituição de ensino. III - orientação para o trabalho;

Outro ponto de destaque volta-se para a criação IV - promoção do desporto educacional e


de mecanismos de articulação entre escola, apoio às práticas desportivas não-formais.
comunidade e pais, conferindo e afirmando o
caráter democrático e participativo presente A composição do currículo da escola deve
na Constituição Brasileira. Esses mecanismos atentar para compreender os conteúdos de uma
associam-se à prática da gestão democrática, forma abrangente, a fim de que possa atender às
colegiada e participativa, que se apresentam na diretrizes apresentadas, no sentido de desenvolver
forma do Conselho Escolar e Associação de conhecimentos, competências, habilidades e
Pais e Mestres, cuja finalidade é acompanhar e atitudes para a vida e para o mundo do trabalho.
avaliar a qualidade da educação ofertada e, ainda, Percebe-se, então, a dupla finalidade do currículo,
promover junto com a escola eventos, campanhas que além de oferecer as bases do conhecimento
de mobilização, dentre outras. científico, ainda deve se preocupar com a formação
para o trabalho.
O Conselho Escolar é um órgão representativo,
deliberativo, consultivo e fiscal que tem como O currículo é o ponto de toque das práticas
objetivo participar das tomadas de decisão da escolares, tanto é assim, que foram instituídas
escola que são de sua competência. Suas atribuições em todos os níveis da educação as diretrizes
estão definidas na legislação estadual, municipal e curriculares nacionais, as quais definem o sentido,

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no regimento escolar. A composição do conselho a proposta de ensino e o perfil esperado da
é proporcional ao número de alunos, professores e formação humana a ser desenvolvida.
funcionários da escola, observando o princípio da A composição dos currículos deve observar o que
paridade: 50% de integrantes da escola e 50% de está previsto na LDBEN, ou seja, além de ter uma
integrantes da comunidade. abrangência nacional, ele deve conter duas partes:
O Título V trata sobre a composição dos níveis e a base nacional comum, de acordo com a etapa de
da modalidade de ensino, o que será examinado ensino (ensino fundamental e ensino médio) e a
mais de perto, visto que essa temática está bem diversificada, que é flexibilizada de acordo com as
presente na realidade da sociedade, quer em forma peculiaridades do local. Ou seja, uma escola rural
de projetos, programas e políticas. A LDBEN comporá esta parte de temáticas que são alusivas
9394/96, ao apresentar os níveis da Educação, ao local, diferente da escola urbana que integrará
divide-os em dois: Educação Básica, que inclui outras temáticas.
a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o A despeito de existir uma resolução que
Ensino Médio; Ensino Superior, que envolve regulamenta as diretrizes curriculares de
os Cursos de Graduação, Sequenciais e Pós- cada nível de ensino, em 13 de julho de
Graduação. 2010, a Câmara de Educação Básica (CEB)
do Conselho Nacional de Educação (CNE)
A Educação Básica tem como finalidades
definiu as Diretrizes Curriculares Nacionais
“desenvolver o educando, assegurar-lhe a
para a Educação Básica (DCNEB) por meio
formação comum indispensável para o exercício
da Resolução 4/2010. Tais DCNEB têm
da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir
como fundamento a responsabilidade que o
no trabalho e em estudos posteriores” (art.23).
Estado brasileiro, a família e a sociedade têm de
Em relação ao currículo, a Educação Básica deve garantir a democratização do acesso, a inclusão,
seguir as diretrizes que são voltadas para: a permanência e a conclusão com sucesso das
crianças, dos jovens e adultos na instituição
I - a difusão de valores fundamentais ao educacional, a aprendizagem para continuidade
interesse social, aos direitos e deveres dos dos estudos e a extensão da obrigatoriedade e
cidadãos, de respeito ao bem comum e à da gratuidade da educação básica. (LIBÂNEO,
ordem democrática; OLIVEIRA, TOSCHI, 2012, p. 344-345).
II - consideração das condições de As Diretrizes Curriculares da Educação Básica são
escolaridade dos alunos em cada normas obrigatórias e devem ser seguidas pelas
estabelecimento;
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escolas e instituições de ensino. Elas devem ser e possibilitar a correspondente
contempladas na construção do Projeto Político concretização, integrando os
Pedagógico, documento norteador da missão, da conhecimentos que vão sendo adquiridos
visão, da finalidade e da base política, filosófica, numa estrutura intelectual sistematizadora
social e educacional de formação do educando. do conhecimento de cada geração;

Cury (2002, p.193) define as Diretrizes Curriculares VI - estimular o conhecimento dos


“sendo linhas gerais que assumidas como problemas do mundo presente, em particular
dimensões normativas, tornam-se reguladoras de os nacionais e regionais, prestar serviços
um caminho consensual [...] para se atingir uma especializados à comunidade e estabelecer
finalidade maior”. com esta uma relação de reciprocidade;

As Diretrizes Curriculares não são contempladas VII - promover a extensão, aberta à


apenas na Educação Básica, mas também no Ensino participação da população, visando à difusão
Superior, uma vez que o mesmo deve observar na das conquistas e benefícios resultantes da
construção de seus projetos pedagógicos algumas criação cultural e da pesquisa científica e
determinações legais e normativas quanto ao tecnológica geradas na instituição.
processo de formação de seus alunos.
Vale salientar que, assim como na Educação
A LDBEN 9394/96 estabelece, também, as Básica são instituídas as Diretrizes Curriculares
34

finalidades do Ensino Superior. Essas finalidades Nacionais, o Ensino Superior tem para cada
apontam para a tríade que norteia a função das Curso a definição das suas Diretrizes Curriculares.
Universidades: essa tríade contempla, então, a Essas Diretrizes têm abrangência nacional e
pesquisa, a extensão e o ensino. Não há como devem ser observadas quando da construção pelas
conceber uma Universidade sem a integração Instituições de Ensino Superior dos seus projetos
dessas funções, visto que sua visão basilar ancora- pedagógicos dos Cursos a serem ofertados.
se na divulgação, produção e construção de
conhecimentos que devem ser disseminados de O Título VI aborda os profissionais da educação,
forma pública para a comunidade. ou seja, dispõe sobre o processo de formação de
docentes para a educação básica; docentes para
I - estimular a criação cultural e o o ensino superior; educadores ligados à (ao):
desenvolvimento do espírito científico e do administração; planejamento; inspeção; supervisão
pensamento reflexivo; e orientação.

II - formar diplomados nas diferentes áreas A lei dita que a formação de docentes para atuar
de conhecimento, aptos para a inserção em na Educação Básica será feita em nível superior,
setores profissionais e para a participação no em curso de licenciatura, de graduação plena, em
desenvolvimento da sociedade brasileira, e universidades e institutos superiores de educação;
colaborar na sua formação contínua; admitida, como formação mínima para exercício
do magistério na Educação Infantil e nas quatro
III - incentivar o trabalho de pesquisa primeiras séries do Ensino Fundamental, a
e investigação científica, visando o oferecida na modalidade Normal. (Decreto
desenvolvimento da ciência e da tecnologia e nº3276/99-regulamentação).
da criação e difusão da cultura, e, desse modo,
desenvolver o entendimento do homem e do A formação de profissionais de educação para
meio em que vive; administração, planejamento, inspeção, supervisão
e orientação educacional para a educação básica
IV - promover a divulgação de conhecimentos será feita em cursos de graduação em pedagogia ou
culturais, científicos e técnicos que constituem em nível de pós - graduação, a critério da instituição
patrimônio da humanidade e comunicar o de ensino. A formação docente, exceto para a
saber através do ensino, de publicações ou Educação Superior, incluirá prática de ensino de,
de outras formas de comunicação; no mínimo, trezentas horas. A preparação para o
V - suscitar o desejo permanente de exercício do magistério superior será feita em nível
aperfeiçoamento cultural e profissional de pós -graduação, prioritariamente em programas
Políticas educacionais Unidade 04
de mestrado e doutorado. ças mais vulneráveis e em maior desvantagem;

O Título VII apresenta a temática dos Recursos 2- assegurar que todas as crianças, com especial
e Financiamento da Educação. Nesse título ênfase nas meninas e crianças em circunstâncias
são tratados sobre um dos dispositivos mais difíceis, tenham acesso à educação primária,
fundamentais, pois define de onde deve vir o obrigatória, gratuita e de boa qualidade até o
dinheiro para financiar a educação no país. São ano de 2015;
definidos, também, os percentuais constitucionais
3- assegurar que as necessidades de aprendiza-
de recursos para a educação em geral, as despesas
gem de todos os jovens e adultos sejam atendi-
para manutenção e desenvolvimento do ensino,
das pelo acesso equitativo à aprendizagem apro-
o padrão mínimo de oportunidades educacionais
priada, a habilidades para a vida e a programas
para o ensino fundamental e o custo mínimo
de formação para a cidadania;
por aluno, de modo a se atingir um mínimo de
qualidade no ensino. 4- alcançar uma melhoria de 50% nos níveis de
alfabetização de adultos até 2015, especialmente
Assim, os recursos públicos destinados à educação
para as mulheres, e acesso equitativo à educação
são originados das receitas: de impostos próprios
básica e continuada para todos;
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios; de transferências constitucionais 5- eliminar disparidades de gênero na educa-
e outras; do salário-educação e de outras ção primária e secundária até 2005 e alcançar a

35
contribuições sociais; de incentivos fiscais e de igualdade de gênero na educação até 2015, com
outros recursos previstos em lei. enfoque na garantia ao acesso e o desempenho
pleno e equitativo de meninas na educação bási-
O Título VIII trata das disposições gerais
ca de boa qualidade;
que visam ao estabelecimento de programas
intensivos de ensino e pesquisa para oferta de 6- melhorar todos os aspectos da qualidade da
educação escolar bilíngue e intercultural aos educação e assegurar excelência para todos, de
povos indígenas; incentivo ao desenvolvimento e forma a garantir a todos resultados reconheci-
à veiculação de programas de ensino a distância dos e mensuráveis, especialmente, alfabetização,
em todos os níveis e modalidades de ensino, e de matemática e habilidades essenciais à vida.
educação continuada; permissão de organização
de cursos ou instituições de ensino experimentais; A Declaração Mundial sobre Educação para Todos
aproveitamento dos discentes da educação objetiva, ainda, a redução da taxa de analfabetismo,
superior em tarefas de ensino e pesquisa pelas a universalização do Ensino Fundamental e a
respectivas instituições, exercendo funções de melhoria da qualidade de ensino. O Brasil com
monitoria, de acordo com o seu rendimento e seu intuito de atingir esses objetivos criou os seguintes
plano de estudos. programas: Brasil alfabetizado; Fome Zero e
Bolsa- Família.
O Título IX trata das disposições transitórias. Aqui
são tratadas as disposições provisórias, ou seja, Mesmo com o desenvolvimento de políticas
por tempo definido. Nesse período, por exemplo, públicas, o Brasil, ainda, não alcançou as metas
as instituições escolares devem aproveitar o tempo e encontra-se como um país intermediário. O
de transição estabelecido para adequarem-se às ranking coloca o Brasil na 88ª posição entre
novas regras estabelecidas na Lei 9394/96. 128 países. O Brasil, apesar de ter um índice de
desempenho bom na alfabetização, possui um
Estabelece ainda que a União deverá propor o percentual insatisfatório dos alunos aprovados no
novo Plano Nacional de Educação, atendendo o 5º ano do ensino fundamental.
acordado na Declaração Mundial sobre Educação
para Todos, que ocorreu em 2000 (Dakar). Esse Esse ranking é obtido por meio da estatística
acordo foi assinado por mais de 160 países e tem realizada que tem por base as taxas de alfabetização
como metas: de adultos, a igualdade de gênero, a matrícula
na educação primária e a aprovação na escola
1- expandir e melhorar o cuidado e a educação até a quinta série do ensino fundamental. Essas
da criança pequena, especialmente para as crian- estatísticas compõem o índice de Desenvolvimento
Políticas educacionais Unidade 04
Educacional (IDE). Para que haja uma elevação Então, lembre-se disso, ao contemplar uma
desse índice, o Brasil deve investir na qualidade inovação na área da educação, saiba que ela não
da educação e, por isso, deve apostar nos seus surge de uma proposta neutra e sem motivações
indicadores. Os indicadores de qualidade da de caráter ideológico, político, social, econômico
educação são: ambiente educativo, prática e cultural. A inovação já pressupõe o interesse
pedagógica e avaliação, ensino e aprendizagem do Estado em planejar, oportunizar ou mostrar
da leitura e da escrita, gestão escolar democrática, seus avanços ou suas intenções em atender as
formação e condições de trabalho, ambiente físico demandas advindas da sociedade, no que se refere
e escolar e acesso e permanência dos alunos. ao campo educacional.
Como você pode ver, a Lei de Diretrizes e Bases da Se assim é, qual seria a proposta de formação
Educação Nacional, além de trazer especificações para os estudantes do Curso de Teologia? Que
sobre formação do educando, sistemas de ensino, diretrizes curriculares estão previstas nessa área?
financiamento, destinação de recursos, ainda Quais os conteúdos? Qual o perfil?
deve fomentar a criação de políticas públicas que
visem à qualidade educacional e que atendam as Ficou curios@? Então aguarde a nossa última
propostas oriundas dos acordos internacionais. Unidade Temática.

Referências
36

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96. Brasília: MEC, 1996.
CURY, Carlos Roberto Jamil Cury. A educação básica no Brasil. In: Educação e Sociedade. V.23, n.80,
p.168-200, set., 2002.
LIBÂNEO, José Carlos; OLIVEIRA, João Ferreira de; TOSCHI, Mirza Seabra. Educação Escolar.
Políticas, Estrutura e Organização. São Paulo: Cortez, 2012.
Políticas educacionais Unidade 04
Atividades

Sei responder

1 - José está com uma dúvida daquelas! Ajude-o a resolver


as questões, marcando as alternativas que não estão
contempladas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional 9394/96.

( ) Níveis de Ensino
( ) Declaração Mundial sobre Educação para Todos
( ) Financiamento da Educação
( ) Oito jeitos de mudar o mundo

37
( ) Políticas de inclusão social
( ) Princípios e Objetivos da Educação
( ) Índice de Desenvolvimento Educacional
( ) Diretrizes Curriculares Nacionais
( ) Formação Docente
( ) Gestão Democrática
Políticas educacionais Unidade 05

Chegou a vez das diretrizes


curriculares
Objetivo

Conhecer as diretrizes curriculares que norteiam o Curso de Teologia.

Objetivo

Você sabia que para cada Curso de Graduação 5) Definição e Previsão dos Estágios
existe uma proposta de formação diferenciada? Supervisionados e das Atividades Complementares.
Essa proposta, portanto, não é feita sem uma
diretriz definida, antes é pensada para cada Curso 6) Critérios para acompanhamento e avaliação no
uma linha que define a direção a ser perseguida no decorrer do Curso.
processo de formação humana. As Diretrizes, ainda, preveem o exercício da
Se você quiser conhecer a proposta de formação autonomia da Instituição de Ensino e da sua
38

projetada para os Cursos, o melhor canal de proposta pedagógica. Isso demonstra que cada
consulta são as Diretrizes Curriculares. Nela, estão Instituição de Ensino é responsável pela seleção e
presentes um conjunto de definições doutrinárias escolha dos conteúdos que comporão o currículo,
sobre os princípios, fundamentos e procedimentos visto que a matriz curricular deve aproximar-se da
que devem ser colocados em ação pelas diferentes realidade social, na qual o Curso está inserido.
instituições de ensino. A inobservância das Feita essa pequena introdução, chegou agora a hora
diretrizes pode resultar na não aprovação do de conhecer e analisar as Diretrizes Curriculares
projeto pedagógico do Curso. que normatizam o Curso de Bacharel em Teologia.
A instituição das Diretrizes Curriculares deu-se Um dado importante é que o Curso de Teologia
pela LDBEN 9394/96, cuja meta era estabelecer não era reconhecido pelo Ministério da Educação
princípios, diretrizes e critérios de composição e Cultura (MEC) como um Curso de Graduação
curricular que dessem conta da formação humana até o ano de 1999, por meio do Parecer 241.
pretendida. É por essa razão que as Diretrizes Curriculares
As Diretrizes Curriculares para o Ensino Superior voltadas para o Curso de Teologia foram um
foram aprovadas pelo Parecer 776/97, que motivo de discussões e debates no âmbito oficial,
estabeleceu orientações iniciais. Nesse Parecer como nos órgãos de representação e entre as
estão previstas as seguintes bases: flexibilidade, instituições de ensino, principalmente pela
qualidade da formação e estudos independentes diversidade de confessionalidades, que agregam
(referem-se às atividades complementares), a seus conhecimentos, suas manifestações e sua
fim de desenvolver a autonomia profissional e religiosidade. O certo é que em 2010 surgem as
intelectual dos alunos. Diretrizes Curriculares, que foram construídas em
parceria com vários representantes de diferentes
As Diretrizes Curriculares devem apresentar: Instituições de Ensino do país.
1) Perfil do egresso; Assim reza as Diretrizes Curriculares de Teologia
(2010, p.3), em relação ao propósito de sua
2) Descrição das competências, habilidades e
construção:
atitudes;
[...] o estabelecimento
3) Descrição das habilitações, das ênfases e dos
das Diretrizes
conteúdos curriculares;
Curriculares para os
4) Estrutura e organização do Curso; cursos de graduação
Políticas educacionais Unidade 05
em Teologia deverá nentes das Diretrizes Curriculares.
ter o ensejo de elevar Diferentemente da Filosofia, o graduado
a qualidade do estudo em Teologia, além da necessária forma-
da Teologia e oferecer ção acadêmica, a depender da confissão
maior clareza às ou tradição religiosa de sua origem, po-
instituições que buscam derá servir como agente operativo para
o reconhecimento apoiar a transformação social, bem como
oficial, devendo servir em situações de apoio e amparo
também levar em conta humano, e especialmente, mas não unica-
cursos que buscam mente, nas comunidades religiosas de sua
reconhecimento origem. Esse fato inconteste foi perceptí-
oficial sem observar vel no estudo comparativo que levou em
os mínimos requisitos conta 73 matrizes curriculares de institui-
formais e de qualidade. ções já credenciadas pelo MEC.
A proposta é orientar às Instituições de Ensino
que desejam ter o Curso de Teologia reconhecido,
como aquelas que precisam observar os requisitos Os pontos levantados evidenciam a natureza
mínimos para que possa alcançar a qualidade de diversa em que transita a Teologia, devido à
quantidade de tradições e matizes religiosas que

39
ensino desejável e assim pleitear o reconhecimento
do Curso no âmbito do Ministério da Educação e estão representadas no país, o que sinaliza para
Cultura (MEC). uma variedade de disciplinas a serem construídas
e que atendam às especificidades dessas tradições.
Como também, a inserção do teólogo em outras
frentes de atuação, que ultrapassa o campo da
Comunidade Religiosa. Então, têm-se, aqui,
evidenciadas duas questões básicas: currículo
e área de atuação. Essas questões ligam-se à
proposta pedagógica do Curso de Teologia que
deve atentar para a relevância do Curso e sua
Diante da busca pela qualidade de ensino, o Curso
autonomia na criação da matriz curricular do
de Teologia deve, ainda, contemplar os seguintes
Curso, como também a inserção profissional do
pontos:
futuro teólogo na esfera da sociedade. São estes
a) O conteúdo curricular tendo pontos que justificam o sentido de ser do Curso.
em vista a diversidade própria da
Teologia. Esse fato se manifesta não
apenas em termos de conteúdo (item
que necessariamente não é alcançado
pelas Diretrizes), mas nas disciplinas
oferecidas por meio de cada tendência
teológica, considerando-se a sua tradição
de origem, e até mesmo nas suas
nomenclaturas e fontes de pesquisa [...].
Em outras palavras, no Brasil o estudo
da teologia, como campo do saber, está
claramente ligado à tradição religiosa ou
confessionalidade.
b) Os objetivos de formação graduada
que resultarão no estabelecimento do
perfil do egresso e, por consequência,
também no estabelecimento das suas
competências e habilidades, compo-
Políticas educacionais Unidade 05
Desses pontos, são apresentados os referenciais universalidade de conhecimento que é própria
que substanciam as propostas dos Cursos de do ensino superior;
Teologia. Esses referenciais não anulam o fator
e. além disso, é preciso que os cursos de Teologia
da confessionalidade, mas é ela justificada com o
contemplem o eixo pragmático para qualificar
propósito de guiar a própria natureza do Curso,
não apenas teólogos acadêmicos (mesmo
pois a confessionalidade não interfere na visão
porque um teólogo não se faz apenas com a
academicista e reflexiva tão necessária à formação.
graduação, mas com uma carreira extensiva de
Assim: produção acadêmica), mas agentes comunitários
para atuar efetivamente na sociedade, tanto
a. a confessionalidade, tão cara ao saber em comunidades religiosas, como em serviços
teológico em geral, é garantida de modo geral de capelania (hospitalar, educacional, militar,
na Constituição, se efetiva e se expressa na penitenciária, etc.), e atenção multidisciplinar
educação de modo específico, sendo reafirmada em situações de catástrofes e crises sociais e
por meio da LDB; pessoais, tais como em cuidados paliativos
b. a confessionalidade não impede o caráter (no aspecto religioso) a pacientes terminais
acadêmico e reflexivo da educação teológica, numa ação paralela aos cuidados médicos e
nem impede a necessidade do conhecimento psicológicos;
amplo da Teologia que vá além das fronteiras f. nesse sentido, na graduação deve-se exigir que
40

da própria confessionalidade, num ambiente de o graduando esteja envolvido em estágios, que se


diálogo com o conhecimento humano; aplicam nesta faceta de sua formação, levando-
c. as diretrizes devem abrir espaço para que se em conta a Lei Nº 11.788, de 25 de setembro
haja liberdade confessional, prevista no de 2008. Por isso mesmo, o ensino teológico
Parecer CNE/CES 241/99 em sua conclusão não pode se restringir apenas à formação de
quando afirma que “os cursos de bacharelado em acadêmicos, já que para ser teólogo exigir-se-
Teologia sejam de composição curricular livre, a critério ia formação em níveis mais elevados na pós-
de cada instituição, podendo obedecer a diferentes graduação, que daria ao aluno a capacitação
tradições religiosas.” E isso em nada impede o adequada para isso, pois um egresso de um
estabelecimento das Diretrizes Curriculares para curso de graduação em Teologia não terá ainda
os cursos de Teologia nos termos do Parecer condições de ser um teólogo, da mesma forma
CNE/CES 67/03, conforme já mencionamos que um egresso de graduação em Filosofia não
há pouco, nos seguintes termos: “que se pudesse pode ser considerado um filósofo, na acepção
estabelecer um perfil do formando no qual a formação concreta da palavra, para ambos os casos;
de nível superior se constituísse em processo contínuo, g. além do mais, a formação de teólogos não
autônomo e permanente, com uma sólida formação apenas acadêmicos, mas também desses
básica e uma formação profissional fundamentada na agentes comunitários religiosos com qualidade
competência teórico-prática, observada a flexibilização proporcionará adequada qualificação em sua
curricular, autonomia e a liberdade das instituições de ação comunitária, dando à religiosidade no
inovar seus projetos pedagógicos de graduação, para o Brasil a seriedade que lhe é imprescindível;
atendimento das contínuas e emergentes mudanças para
cujo desafio o futuro formando deverá estar apto.” h. por isso tudo, esse trabalho torna-se relevante,
pois se, de um lado, precisamos da afirmação
d. essa liberdade curricular, contudo, não do caráter laico do Estado, do outro lado,
deve ensejar a criação de cursos de graduação se torna necessária a afirmação da liberdade
em Teologia sem um rumo indicativo de sua das IES quanto à sua definição religiosa,
própria natureza, com caráter exclusivamente comparativamente ao conceito da autonomia
catequético (ou ministerial na linguagem pedagógica, conceito tão caro nos Pareceres do
protestante e evangélica), e até mesmo que CNE;
ignorem o pluralismo do saber teológico,
deixando de conceder ao aluno a oportunidade i. assim, as diretrizes devem ser elaboradas de
de ter acesso à complexidade das teologias modo a atender os variados eixos de ensino
nas diferentes culturas, nem dando acesso a ensejando às diversas confissões e tradições
Políticas educacionais Unidade 05
religiosas de todas as matizes a oportunidade e as situações práticas da vida;
de refletir sobre a sua fé, sobre as suas práticas,
seus ritos, rituais, liturgias, participação na b. integrar várias áreas do conhecimento
construção do cotidiano e na busca de soluções teológico para elaborar modelos, analisar
dos graves dilemas que os cenários do mundo questões e interpretar dados em harmonia com
contemporâneo indicam, além de refletir sobre o objeto teológico de seu estudo;
as tendências que estão sendo cimentadoras dos c. compreender a construção do fenômeno
novos cenários da construção histórica. humano sob a óptica da contribuição teológica
Deve-se, ainda, atentar para as seguintes questões considerando o ser humano como ente holístico
presentes nestes referenciais, que subsidiarão a e refletir criticamente sobre a questão do sentido
construção das diretrizes curriculares do Curso de da presença do humano nesta vida;
Teologia como: d. analisar, descrever e explicar os fenômenos
1- o caráter pragmático do Curso, ou seja, buscar a religiosos, articulando a religião e outras
interação teórico-prática, a partir de outros olhares manifestações culturais, apontando a diversidade
de formação, como dos agentes comunitários; dos fenômenos religiosos em relação ao
processo histórico-social;
2- a constituição de uma visão plural e holística,
que abranja as diferentes matizes, percepções e e. fazer reflexão teológica e divulgação de sua
compreensão teológica;

41
manifestações religiosas;
3- a liberdade de construção curricular, porém f. desenvolver a transcendência como
observando as Diretrizes Curriculares, a fim capacidade humana de ir além dos limites que
de evitar, contudo, o proselitismo, embora se experimentam na existência;
assegurando a identidade confessional; g. ter formação teórica e prática que o capacite
4- a proposta de uma prática multidisciplinar e para exercer presença pública interferindo
interdisciplinar, que possa dar conta da diversidade construtivamente na sociedade na perspectiva
e dos problemas sociais que afetam a sociedade; da transformação da realidade e na valorização
e promoção do ser humano;
5- a reafirmação da presença da religiosidade no
contexto brasileiro; h. assessorar instituições confessionais ou
interconfessionais, educacionais, assistenciais
6- a liberdade da instituição de ensino em defender e promocionais em âmbito teológico, tanto na
sua posição religiosa. perspectiva teórica, quanto na prática;

7- o envolvimento do aluno em práticas de estágio i. elaborar e desenvolver projetos de pesquisa


durante todo o processo de formação; dentro das exigências do rigor

8- a elaboração de diretrizes curriculares inclusivas acadêmico e dos princípios éticos da


e não fechadas em torno de uma tradição religiosa confessionalidade;
a ser imposta para as demais;
j. ter hábito pessoal de leitura, disciplina no
9- a liberdade confessional; estudo e motivação para prosseguirem sua
formação teológica, na perspectiva da formação
10- a reflexividade, a criticidade e a produção como continuada;
pontos fundamentais do processo de formação.
k. participar de comitês interdisciplinares,
Com esses referenciais em mente, surgem, como os comitês de Bioética, a partir de uma
então, no cenário social brasileiro as Diretrizes fé que se relacione com a vida, e que promova a
Curriculares do Curso de Teologia, desenhando o defesa dos direitos inalienáveis do ser humano,
seguinte perfil do egresso: participando e incentivando da construção
a. compreender os conceitos pertinentes ao permanente de uma sociedade mais justa e
campo específico do saber teológico e ser capaz harmônica.
de estabelecer as devidas correlações entre estes
Políticas educacionais Unidade 05
Percebe-se que o perfil desenhado engloba demonstrando capacidade para crítica,
de forma relacional e integrada conceitos, reflexão, análise, interpretação e comentário
conhecimentos e práticas que devem fazer parte de textos teóricos, segundo os mais rigorosos
do saber-fazer dos teólogos. Esse saber-fazer procedimentos hermenêuticos;
envolve o desenvolvimento de competências
c. diferenciar correntes teológicas construídas
que se farão presentes no processo de formação
ao longo da história e contemporaneamente;
teórico-prática. Essas competências abrangem a
área epistemológica de caráter geral e específico, d. utilizar adequadamente conceitos teológicos
e a parte aplicada, voltada as diferentes áreas de aliados às situações do cotidiano, desenvolvendo
atuação do teólogo. capacidade de transferir conhecimentos da vida
e da experiência cotidianas para o ambiente de

trabalho, revelando-se profissional participativo
e criativo;

e. utilizar o instrumental oferecido pela Teologia


em conexão com outras áreas do saber, tais
como, a Filosofia, a Sociologia, a Psicologia,
Direito, etc. para analisar situações históricas
concretas, formulando e propondo soluções a
42

problemas e dilemas humanos;

f. desenvolver expressão e comunicação


compatíveis com o exercício de seu trabalho,
inclusive nas comunicações interpessoais ou
intergrupais;

g. ter iniciativa, criatividade, determinação,


vontade de aprender e abertura para
compreender as transformações sociais e
consciência da qualidade e das implicações
éticas do seu exercício profissional;
Pode-se fazer a seguinte leitura, o conceito
h. capacidade de relacionar o exercício da
significado produz conhecimento, que conduz à
reflexão teológica com a promoção integral da
prática que é significada por um conceito. E assim,
cidadania e com o respeito à pessoa;
reinicia o processo novamente. Então, pressupõe-
se que o perfil desenhado não é estático, mas se i. desenvolver capacidade para trabalhar em
renova a todo instante. equipe, elaborar, implementar e consolidar
projetos em organizações
As Diretrizes Curriculares tecem as competências,
habilidades e atitudes necessárias ao saber-fazer Em seguida, as Diretrizes Curriculares apresentam
do futuro teólogo. Note que o conjunto de os conteúdos curriculares que são propostos em
ações a ser mobilizado reflete diretamente no três núcleos. Esses núcleos não são fechados em
delineamento do perfil apresentado. Isso indica si mesmo, antes propõem a interdisciplinaridade
que há uma interrelação entre perfil, competências tão necessária para compreender as grandes
e conhecimentos, visto que são essas três estruturas temáticas impostas na sociedade contemporânea.
que irão dinamizar o currículo a ser desenvolvido Pensa-se, então, numa formação integral, que não
pelos Cursos. As Diretrizes Curriculares, então, prioriza um núcleo em detrimento do outro, mas
propõem uma coerência interna e externa a ser possibilita que caminhem juntos na proposição de
mantida pelos projetos pedagógicos do Curso. novas leituras e interpretações sobre a vida.
a. estimular a criação cultural e o desenvolvimento Os núcleos eleitos são: fundamental,
do espírito científico do pensamento reflexivo; interdisciplinar e formativo teórico-prático.
Podem ser visualizados assim:
b. ler e compreender textos teológicos,
Políticas educacionais Unidade 05
uma construção coletiva da proposta, em que há a
presença de várias vozes na composição do Curso.
A alínea “e” já desenha a estrutura do Curso,
mostrando que a mesma deve ser articulada em
3 (três) campos bem definidos: ensino, pesquisa
e extensão. Assegura ainda que as dimensões
humanas, científicas, sociais, filosóficas,
educacionais e psicológicas sejam atendidas, por
meio de propostas de trabalho que garantam a
interrelação entre os campos teórico-prático.
e. A estrutura do curso de graduação em
Teologia assegurará:

i. articulação entre o ensino, a pesquisa e a


Ao tecer a organização curricular, as Diretrizes
extensão garantindo ensino crítico, reflexivo
Curriculares tratam sobre a organização do Curso,
e criativo que leve em consideração o perfil
que deve seguir as seguintes orientações:
almejado, estimulando o aluno a participar
a. A organização dos cursos de graduação em ativamente de todas as atividades acadêmicas e

43
Teologia, observadas as Diretrizes Curriculares práticas do curso;
Nacionais e os Pareceres da Câmara de
ii. as atividades teóricas e práticas que deverão
Ensino Superior, indicará claramente no
estar presentes desde o início do curso,
Projeto Pedagógico do Curso os componentes
permeando toda a formação do egresso de
curriculares, abrangendo o perfil do egresso,
forma integrada e interdisciplinar;
as competências e habilidades, os conteúdos
curriculares e a duração do curso, o regime de iii. a visão de educar para a cidadania e a
oferta, as atividades complementares, o sistema participação plena na sociedade;
de avaliação, o estágio curricular supervisionado
e o trabalho de conclusão curso, tudo isso iv. implementação de metodologia no processo
como componentes obrigatórios da Instituição, ensinar-aprender que estimule o aluno a refletir
sem prejuízo de outros aspectos que tornem sobre a realidade cotidiana e a aprender a
consistente o próprio projeto pedagógico; aprender;

b. A estrutura do curso de graduação em v. a definição de metodologias pedagógico-


Teologia deverá ser construída e definida didáticas que articulem o saber, o saber refletir,
coletivamente pelo respectivo colegiado que o saber fazer, o saber sentir, o saber conviver e o
indicará as modalidades de seriação e demais saber ser visando a conhecer o campo teológico,
componentes segundo a legislação vigente. a refletir construindo suas articulações e
ponderações da fé que estuda, a elaborar a sua
c. O Projeto Pedagógico do Curso deverá buscar efetiva articulação entre o conhecimento teórico
a formação integral e adequada do estudante e a sua ação concreta no mundo, a construir sua
por meio de uma articulação entre o ensino, a afetividade de modo a poder cumprir o seu papel
pesquisa e a extensão; como egresso, a viver junto em comunidade e a
buscar atributos indispensáveis à
d. Deverá ter a investigação como eixo
integrador que retroalimenta a formação formação de sua personalidade de modo a
acadêmica e a prática do egresso; participar ativamente na construção sadia da
realidade em que vive;
Até a alínea “d”, vê-se a preocupação com a parte
de organização do Curso, que está fundamentada vi. o estímulo às dinâmicas de trabalho em
na legislação própria e também na construção do grupos, por favorecer a discussão coletiva e as
Projeto Pedagógico, que deve ter a participação relações interpessoais;
efetiva do colegiado do Curso. Isso sinaliza para
Políticas educacionais Unidade 05

vii. a valorização das dimensões éticas e direcionado à consolidação de desempenhos


humanísticas, desenvolvendo no aluno atitudes profissionais desejados inerentes ao perfil
e valores voltados para o exercício de seu papel do egresso, devendo a Instituição que optar
na sua comunidade, na sociedade em geral e por sua realização aprovar o correspondente
também orientados para a cidadania e para a regulamento com suas modalidades de
solidariedade; operacionalização por meio de supervisão
adequada;
Em seguida, as Diretrizes Curriculares
apresentam o papel significativo dos estágios, do g. As atividades complementares são atividades
trabalho de conclusão de Curso e das atividades consideradas em todas as Diretrizes Curriculares
complementares no processo de formação Nacionais e compõem os currículos dos cursos,
contínua do futuro teólogo. A previsão dos possibilitando o reconhecimento, por meio
estágios e das atividades complementares é um de avaliação, habilidades, conhecimentos e
diferencial, visto que enfatiza para a necessidade competências do estudante, adquiridas ou não,
de que a formação não se feche em termos no âmbito do ambiente universitário. Ademais,
teóricos, mas que essa formação seja vislumbrada, possibilitam a ele enriquecer o currículo, razão
principalmente no âmbito da sociedade, o que por que devem ser motivo de escolha livre
demanda sempre a necessidade de aprendizagem a modalidade que é de seu interesse para ser
contínua e permanente. cumprida;
44

a. Os estágios são mecanismos que integram o h. O estágio supervisionado e o Trabalho de


itinerário formativo do aluno Conclusão de Curso devem ser

promovendo a sua interação com o mundo desenvolvidos durante o processo de formação


concreto em que vai atuar, visando à sua a partir do desdobramento dos componentes
preparação para o trabalho produtivo; curriculares, concomitante ao período letivo
escolar.
b. Os estágios serão desenvolvidos no interior
dos programas dos cursos, com intensidade Por fim, são apresentados os mecanismos de
variável segundo a natureza das atividades acompanhamento e avaliação que devem ser
acadêmicas; oportunizados no decorrer do Curso.

c. Constituem instrumentos privilegiados para a. as instituições de ensino teológico deverão


associar desempenho e conteúdo de forma adotar formas específicas e alternativas de
sistemática e permanente; avaliação, internas e externas, sistemáticas,
envolvendo todos quantos se contenham no
d. O projeto pedagógico do curso de graduação processo do curso, centradas em aspectos
em Teologia poderá contemplar a realização considerados fundamentais para a identificação
de estágios e atividades complementares em e consolidação do perfil do egresso. Assim, os
consonância com a dinâmica do currículo pleno cursos deverão criar seus próprios critérios para
e com vistas à implementação do perfil desejado avaliação periódica, em consonância com os
para o egresso; critérios definidos pela Instituição de Ensino
Superior a que pertencem;
e. O estágio deve ser voltado para o
desempenho profissional antes mesmo de se b.das disciplinas/módulos: Os planos de ensino,
considerar concluído o curso e é necessário que, a serem fornecidos aos alunos antes do início
à proporção que os resultados do estágio forem de cada período letivo, deverão conter, além
sendo verificados, interpretados e avaliados, dos conteúdos e das atividades, a metodologia
o estagiário esteja consciente do seu atual do processo de ensino aprendizagem, os
perfil, naquela fase para que ele próprio esteja critérios de avaliação a que serão submetidos e a
consciente das necessidades de aperfeiçoamento bibliografia básica.
na associação teórico-prática diante da realidade
concreta em que deverá atuar; O processo avaliativo tem um papel fundamental
na implementação dos Cursos, visto que, por seu
f. O estágio curricular supervisionado é intermédio, pode-se identificar sua legitimidade,
Políticas educacionais Unidade 05
validade e confiabilidade. Afinal, esse processo As Diretrizes Curriculares, então, tentam dar
é determinante no ato de formação, pois é a uniformidade aos Cursos quanto aos aspectos
formação que está sendo desenvolvida no decorrer legais, normativos, estruturais e organizacionais.
do Curso, por isso todo cuidado e atenção são
indispensáveis. Espero que você tenha gostado de estudar sobre
as Diretrizes Curriculares que delineiam o seu
Pode-se dizer que as Diretrizes Curriculares Curso. Espero, também, que esta série temática
envolvem todas as esferas e dimensões para tenha lhe ajudado a compreender sobre o papel
implantação do Curso. Elas, de fato, evidenciam essencial das políticas no contexto da organização,
o que se deve levar em consideração no ato de estrutura e composição da educação brasileira.
construção dos projetos pedagógicos. Sinaliza,
ainda, sobre elementos basilares que devem ser Então, agora é com você. Um abraço amigo.
contemplados, independente da tradição religiosa.

Referência

BRASIL. DIRETRIZES CURRICULARES DO CURSO DE TEOLOGIA. Brasília: MEC, 2010.

Atividades

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Sei responder

1 - Assinale as sentenças que são verdadeiras:


( ) As Diretrizes Curriculares do Curso de Teologia têm caráter obrigatório.
( ) As Diretrizes Curriculares do Curso de Teologia rejeitam a confessionalidade.
( ) As Diretrizes Curriculares do Curso de Teologia tecem uma proposta interdisciplinar.
( ) As Diretrizes Curriculares não precisam ser observadas na elaboração dos Projetos Pedagógicos
dos Cursos.
2 - O que não indica ser o perfil do egresso do Curso de Teologia.
a) Visão crítica e reflexiva
b) Formação voltada, exclusivamente, para o ministério pastoral.
c) Leitura e estudo sobre as diferentes tradições religiosas.
d) Assessorar instituições confessionais e interconfessionais.
e) Compreender a construção do fenômeno humano.

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