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Disciplina: Documentoscopia
Ano: 2020
1
Jackline Rachel Franciosi
Documentoscopia
1ª Edição
2020
Curitiba, PR
Faculdade UNINA
2
Faculdade UNINA
Rua Cláudio Chatagnier, 112
Curitiba – Paraná – 82520-590
Fone: (41) 3123-9000
Conselho Editorial
D.r Alex de Britto Rodrigues / D.r Eduardo Soncini Miranda /
D.r João Paulo de Souza da Silva / D.ra Marli Pereira de Barros Dias /
D.ra Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd / D.ra Wilma de Lara Bueno /
D.ra Yara Rodrigues de La Iglesia
Revisão de Conteúdos
Murillo Hochuli Castex
Designer Instrucional
Murillo Hochuli Castex
Revisão Ortográfica
Alexandre Kramer Morgenterm
Desenvolvimento Iconográfico
Juliana Emy Akiyoshi Eleutério
Desenvolvimento da Capa
Carolyne Eliz de Lima
FICHA CATALOGRÁFICA
3
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO
Caro(a) aluno(a),
Seja bem-vindo(a) à Faculdade UNINA!
4
Sumário
Prefácio ..................................................................................................... 06
Aula 1 – Conceitos introdutórios ................................................................. 07
Apresentação da aula 1 ............................................................................. 07
1.1 Conceitos de documentoscopia .................................................... 07
1.1.1 Falsidade documental ................................................................ 09
1.1.2 Suporte e substratos .................................................................. 10
1.1.3 Impressões gráficas e computacionais (processos gráficos) ...... 13
Conclusão da aula 1 ................................................................................... 15
Aula 2 – Elementos de segurança .............................................................. 16
Apresentação da aula 2 ............................................................................. 16
2.1 Elementos de segurança ............................................................... 16
2.2 Alterações documentais ................................................................ 19
2.2.1 Datação de documentos ............................................................ 20
Conclusão da aula 2 ................................................................................... 21
Aula 3 – Princípios da escrita ..................................................................... 21
Apresentação da aula 3 ............................................................................. 21
3.1 Grafoscopia: o exame de manuscritos .......................................... 22
3.2 Elementos discriminadores da escrita ........................................... 24
3.2.1 Alterações da escrita .................................................................. 27
Conclusão da aula 3 ................................................................................... 30
Aula 4 – Procedimento para o exame grafoscópico .................................... 30
Apresentação da aula 4 ............................................................................. 30
4.1 Padrões gráficos ........................................................................... 32
4.1.1 Conclusões grafoscópicas ......................................................... 34
Conclusão da aula 4 ................................................................................... 36
Conclusão da disciplina ............................................................................. 37
Índice Remissivo ........................................................................................ 38
Referências ............................................................................................... 39
5
Prefácio
6
Aula 1 – Conceitos introdutórios
Apresentação da aula 1
Vocabulario
Documentoscopia: é uma Ciência Forense que tem relação
com o estudo e a análise de documentos, com o propósito
de determinar sua falsidade ou autenticidade. O papel do
perito em documentoscopia traduz-se em verificar a
autenticidade dos documentos e seus escritos por ele
examinados, confirmando se eles foram produzidos ou
emitidos pela pessoa, órgão ou entidades a quem são
atribuídos, determinando se houve alterações depois de
produzidos.
7
circunda o tema e as diferenças entre documentos, não obstante,
simultaneamente buscamos a prova da autenticidade do documento.
Documentos
Fonte: acervo da autora (2020).
8
A profissão de perito forense em documentoscopia requer
habilidades com equipamentos sofisticados e conhecimentos dos
dispositivos gráficos, portanto, é necessário ser estudioso da
matéria e estar constantemente atualizado.
9
impressa, sendo muito usado nos documentos, citando como exemplo o RG ou
a carteira de identidade, de acordo com a legislação contém:
➢ Impressão calcográfica;
➢ Impressão ofset;
➢ Papel com marca d’água e/ou fibras de segurança;
➢ Perfuração mecânica com sigla do órgão expedidor sobre a
fotografia;
➢ Numeração tipográfica no verso.
10
esmagados. Posteriormente, a espalhavam sobre uma espécie de peneira (feita
com bambu e um pano esticado) e deixavam secar ao sol.
Hoje, o papel é fabricado a partir de elementos fibrosos de origem vegetal,
contudo, outras substâncias são aderidas, dependendo da finalidade e destino
desse papel, por exemplo: para escrita manual, não podem ser totalmente lisos,
o que no papel fotográfico é necessário.
Algumas características do papel são: estabilidade dimensional,
resistência, face de impressão, direção das fibras, espessura e gramatura. O
formato internacional, ISO “A”, foi criado por engenheiros alemães, padronizando
os tamanhos em quase todos os países do planeta, a proporção altura x largura
de todas as páginas é a raiz quadrada de dois, ou seja, a largura e a altura de
uma página correlacionam-se, assim como a diagonal e a lateral de um
quadrado, essa combinação é apropriada para o tamanho do papel. São
fundamentados no sistema métrico, a simetria da raiz quadrada de dois não
permite que largura/altura das folhas tenham medidas precisamente redondas.
Assim sendo, e como frequentemente especificado em g/m², isto facilita o
cálculo da massa de um documento se o formato, o tipo de papel e o número de
folhas são conhecidos.
Os papéis ou as folhas produzidas para fins comerciais são cortados em
tamanhos predefinidos, o mais usual são A4, usados em escritórios e escolas,
em um outro exemplo, para cartazes, as gráficas trabalham o tamanho A3.
O perito, em uma análise física (primeiro ato a ser adotado em um
documento questionado), deve medir e verificar as suas dimensões
(comprimento e largura), diligenciando o exame ao aspecto do documento,
bordas e vértices. Essa inquirição, sabendo-se que a umidade pode alterar as
dimensões da folha de papel (dilatação das fibras), serve para aferir se houve
amputação ou cortes, confrontando com o formato relativo à folha e se foram, de
fato, produzidos/emitidos pelo órgão, instituição, empresa ou pela pessoa a
quem são atribuídos.
Outras análises também devem ser observadas, como marcas acidentais,
nesse sentido, o especialista precisa ter olho “clínico”, significa que seus olhos
enxergam o que pessoas comuns não são capazes. A análise deve ser
minuciosa, indo além das características mais evidentes.
11
Embora essas características/alterações sejam diversas, portanto, não
sendo possível enumerá-las ou criar uma categoria, alguns exemplos mais
comuns serão apresentados.
Sulcos, marcas produzidas por escritas que estavam em cima da folha,
são muito comuns em análises documentoscópicas. Normalmente, não sendo
observáveis sob condições normais de luminosidade, mas sob luz rasante, é
importante que se faça essa análise independentemente do objetivo, é
identificável.
Marcas de sujidades, muitas fotocópias, documento amarelado, sinais de
envelhecimento adverso ao tempo/idade do papel. Deformações e marcas de
ferrugem/oxidação dos grampos ou clipes. As marcas de grampo por
grampeadores são muito comuns, inclusive em grande quantidade, com o
objetivo de unir as folhas. É importante salientar que as marcas produzidas
necessitarão expor a mesma quantidade de furos, nas mesmas posições, muito
embora possa acontecer a displicência “indevida” do indivíduo, não se atentando
para este detalhe e grampeados em lugares diferentes.
Inúmeras outras alterações documentais, ainda que sutis, podem estar
presentes e possivelmente guarnecer subsídios, informações importantes para
a perícia do documento. Outro exemplo, as dobras de papel, refere-se ao
cruzamento de traços de caneta (ponta porosa) com dobras já existentes, em
que consegue-se, por meio do “escoamento” que a dobra ocasionou na tinta,
determinar a anterioridade; se os traços tivessem sido produzidos antes da
dobra, não haveria o escoamento.
Curiosidade
O padrão internacional para o tamanho de papéis foi
desenvolvido por engenheiros alemães, partindo do sistema
métrico (uma folha de papel de 841 por 1.189 milímetros),
possuindo um metro quadrado de área, o tamanho A zero
(A0). Se for cortada continuadamente ao meio, vai gerar
outras folhas com outros tamanhos do padrão A: A1, A2, A3,
A4, continuamente. Outro aspecto interessante, o lado maior
de uma folha com definido tamanho, vai ter a mesma medida
que o lado menor do tamanho imediatamente superior.
Essas medidas são reconhecidas pelo sistema internacional
ISSO 216, utilizado em quase todos os países do mundo.
12
Dobras de papel
Fonte: https://copiadora.flycopy.com.br/wp-content/uploads/2017/04/tamanho-formato-
de-papel-padr%C3%A3o-ISO-216-site-768x1054.jpg
13
capacidade/conhecimento de identificar com segurança qual o método usado
para a impressão do documento que ele está avaliando, isto é, qual o método de
impressão que o legítimo emissor utiliza em seus documentos (autênticos) e
então constatar se o documento questionado foi confeccionado do mesmo modo
ou se suas características são discordantes.
Nos processos convencionais existe um transportador de imagem, que
pode ser, por exemplo, uma chapa de alumínio. Nas impressões digitais, a
impressão processa-se diretamente no suporte final por intermédio de um
software, como acontece com as impressões de jato de tinta e laser. Nos
processos convencionais, a separação ocorre de três maneiras:
14
➢ Cobertura de tinta heterogênea, nas regiões internas, imperfeições
(falhas);
➢ Cobertura de tinta irregular em longas linhas, nos locais em que as
linhas se encontram (curva) não há a continuidade da linha,
formando pequenas falhas.
Conclusão da aula 1
15
as formas. Principais tipos de impressão e suas características. O papel, marcas,
carimbos e formas de impressão.
Atividade de Aprendizagem
Alguns conceitos que foram abordados referem-se a como os
documentos podem sofrer alterações/falsificações. Escreva
um pequeno texto abordando as formas de adulterações em
documentos.
Apresentação da aula 2
Para Refletir
Mesmo que sejam inseridos os elementos de segurança, em
alguns documentos, com a finalidade de dificultar ou até
mesmo impedir sua reprodução pelo adulterador, este
recurso não extenua todos os tipos de fraude. Destarte, faz
parte dos muitos desafios o exame de cruzamento de traços,
datação de tintas e lavagem química.
16
documentos foram desenvolvidos, produzidos e normalizados, no Brasil, pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT NBR 15368:2006).
Quanto maior o valor do documento, maior a segurança. Esse valor não
é necessariamente pecuniário, financeiro (dinheiro), mas também se refere aos
bens, documentos de propriedades, diplomas ou identificação pessoal, como
passaporte e carteira de identidade.
Os elementos de segurança de primeiro nível são os classificados de
segurança aberta, que demandam análise tátil e visual, que as pessoas sem
conhecimento técnico facilmente reconhecem, como as impressões de alto
relevo e marca d’água.
Segurança semiaberta são os elementos de segundo nível, como as fibras
fluorescente microimpressões. A identificação é feita com aparelhos simples, por
exemplo, lentes de aumento.
Os de segurança fechada são analisados pelo expert e exigem
aparelhamento de laboratório. Para ser bem compreendido em um documento,
os elementos de segurança podem ser divididos em três grupos; na fase de
produção os elementos de segurança pré-definidos, são eles: pré-impressão,
impressão e pós-impressão, personalização e montagem.
Nesse sentido, os elementos de pré-impressão são introduzidos ainda na
fábrica do papel, pertencendo/integrando a sua massa. Os elementos de
segurança de impressão são gerados na gráfica de segurança e com métodos
gráficos característicos. Os elementos de segurança de pós-impressão,
personalização e montagem podem ser integrados no substrato, no acabamento
ou montagem e na central emissora (SILVA, FEUERHARMEL 2014).
A norma da ABNT NBR 14802:2002, trata da terminologia empregada ao
papel de segurança e dos elementos de segurança adicionados a ele. São
elementos de segurança de pré-impressão:
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animal tema da nota de forma multitonal. A normalização da marca
d’água também foi estabelecida pela ABNT NBR 14928:2003;
➢ Fibra de segurança, também normalizada pela ABNT NBR
14894:2008, entreposto no papel durante a fabricação, podem ser
visíveis (olho nu) ou invisíveis (somente com iluminação
ultravioleta);
➢ Confete, normatizada pela ABNT NBR 14895:2008, tendo uma
grande variedade, em cores, dimensões e resposta ao ultravioleta;
➢ Fio de segurança, padronizado pela ABNT NBR 14927:2008,
contraluz, pode ser visto um fio magnético, contudo, com muitas
variações, sempre aumentando, acrescentando mais segurança à
cédula;
➢ Registro coincidente (imagem quebra-cabeça), ABNT NBR
15368:2006, além das cédulas, são usados em outros tipos de
documentos, por exemplo: passaportes e documentos de bens
(propriedades). Imagens integradas por partes no anverso e verso
da nota, que se completam quando colocada sob a luz,
aparecendo o valor da nota;
➢ Numeração com tinta magnética opticamente variável, do inglês
(Optically Variable Magnetic Ink), o valor da nota é impresso com
tinta especial, variando a tonalidade entre a cor verde esmeralda
e a azul cobalto;
➢ Numeração em tipografia, a numeração em série aparece duas
vezes em cada cédula e também na forma cônica, mudando de
cor quando exposta à radiação do ultravioleta;
➢ Calcográficas, com pressão de baixo para cima, a tinta é
depositada sobre o papel do documento, deixando um baixo relevo
no anverso da folha e alto relevo na parte da impressão, inclusive
ganhando contornos harmoniosos e proporcionando noções de
profundidade dentro da riqueza de detalhes;
➢ Holograma ou faixa holográfica, figura tridimensional obtida por
registro em película própria ou superposição de radiações emitidas
por feixes de laser, de acordo com ângulo que a luz alcança, pode
ser vista em três dimensões.
18
2.2 Alterações documentais
➢ Por acréscimo:
Emenda, alteram o teor do documento, o sentido do traçado, por exemplo,
alterar o número “6” para o número “8”.
Retoque, adição de pequenos traços, não modificando o traçado, apenas
retocando.
➢ Por supressão:
Rasuras, risco (por meio de tinta) ou raspagem, retirada de texto, tornando
inválido ou na tentativa de alteração/substituição das informações contidas no
suporte. As alterações por produtos abrasivos, subtraindo parte ou todo o texto.
Amputação, a retirada completa de algumas partes da escrita, em
algumas situações, acrescentando outras informações, criando/forjando por
montagem (SILVA, FEUERHARMEL, 2014).
Lavagem ou lavagem química, supressão no documento em parte ou
todo, por meio de uma substância química solubilização, alterando a tinta, esta,
migrando no entorno do traço que vai ser removido (algumas vezes, resultando
em manchas que acusam a falsificação).
Delaminação, separação em subcamadas, das camadas que compõem o
papel suporte do documento, substituindo completamente partes do verso ou
anverso, usando instrumentos cortantes (VELHO, GEISER, ESPINDULA, 2017).
19
2.2.1 Datação de documentos
20
Conclusão da aula 2
Atividade de Aprendizagem
Em um pequeno texto, descreva a complexidade das
alterações documentais e os fatores que contribuem para
isso.
Apresentação da aula 3
Saiba Mais
Grafoscopia é a parte da documentoscopia que
estuda/analisa os escritos com a finalidade de verificar se
são autênticas ou não, e/ou determinar a autoria quando
desconhecida, por meio de comparações entre os escritos.
21
Mendes (1999) discorre que “a escrita é um gesto gráfico psicossomático
que contém um número mínimo de elementos que possibilitam sua
individualização”.
Dentro deste contexto, a escrita foi um marco na evolução humana. Muito
antes disso, por meio das imagens, uma linguagem simbólica, por meio de
símbolos abstratos, como as pinturas rupestres, o ser humano descobriu que
podia passar uma mensagem, que correspondia a um pensamento, um aviso,
uma ideia ou à sua própria história.
Ao longo de milhares de anos esses conhecimentos foram sendo
concentrados pela sociedade e sendo exercitados, passando de geração em
geração. A escrita surge com a necessidade entre os Sumérios, pela
necessidade do registro das transações comerciais, do patrimônio em geral, as
sacas de sementes e o gado emprestado/vendido (COTRIM, 1996). Essas
informações eram registradas em tábuas pequenas de argila, em que eram
desenhados caracteres, algumas figuras como uma cabeça de touro, um jarro,
triângulos e alguns números.
Em função da necessidade de conhecer, ser passada, aprendida e
padronizada por todos, até pela questão do volume de anotações, surgem
pessoas destinadas a fazer esse trabalho, denominados de escribas. Desse
modo, o período Uruk, na Suméria, a escrita pictográfica assumiu formas mais
angulares, o que era mais conveniente para a impressão nas tábuas de argila
com o auxílio de uma pequena cunha (ferramenta), denominadas, escritas
cuneiformes (SAMPSON, 1996).
22
agem concomitantemente. Condizente com o que Pellat propôs segundo a 1ª Lei
do grafismo, “O gesto gráfico está sob a influência imediata do cérebro. Sua
forma não é modificada pelo órgão escritor se este funciona normalmente e se
encontra suficientemente adaptado à sua função” (PELLAT, 1927).
O cérebro armazena, processa e comanda as informações, procedendo
inclusive para todo o corpo por meio dos sentidos (SILVA, FEUERHARMEL,
2014), são controlados pelo cérebro ainda: braços, dedos e mãos, algumas
vezes, pés e boca (situações em que, por acidente ou nascença, perderam as
mãos), quanto à maneira de escrever e o tema, estão sob o comando cerebral.
A 2ª Lei afirma que quando alguém escreve, o “eu” está em ação, mas o
sentimento quase inconsciente de que o “eu” age, passa por alternâncias de
vigor e de enfraquecimento. Ele está em seu máximo de intensidade onde há um
esforço a fazer, no início, e seu mínimo o movimento escritural é facilitado pelo
impulso adquirido, nas terminações” (PELLAT, 1927).
A influência na escrita pode ser maior ou menor, de acordo com a
habilidade do escritor, se é comum para ele o hábito de escrever, se ele conhece
a ortografia da palavra, entre outros fatores.
A 3ª Lei afirma que: “não se pode modificar voluntariamente em um dado
momento sua escrita natural sem registrar no seu traçado a marca do esforço
que foi feito para obter a modificação” (PELLAT, 1927).
Ao tentar modificar intencionalmente a escrita, ficará aparente as paradas,
os tremores a lentidão, dentre outros.
A 4ª Lei afirma que:
23
Curiosidade
Em 593, Justiniano (Imperador Romano) relata um erro
judiciário, em razão dos Peritos terem afirmado a falsidade
de um documento autêntico.
Em 1587, a Rainha da Escócia, Mary Stuart, foi decapitada
por uma perícia ter atribuído ao seu punho escritor, a autoria
de cartas endereçadas a Bothwell, incriminando-a do
assassinato de seu marido, Lord Darnley.
Em 1665, Jacques Raveneau publicou o Traité des
Inscripitions em Faux, primeira obra sobre grafotecnia
(passou a falsificar e foi condenado).
24
e a maneira como foi alfabetizado. Os de execução são as particularidades mais
sutis da escrita.
A complexidade em determinar regras de avaliação está na variabilidade
da escrita, embora a dependência esteja essencialmente em três fatores:
constância, raridade e imperceptibilidade (SILVA, FEUERHARMEL, 2014).
Em relação à constância, em qualquer escrita (padrão e/ou questionada),
as particularidades (hábitos gráficos) deverão estar presentes, desse modo, se
uma particularidade que é constante na escrita padrão não estiver presente na
questionada, obtêm-se uma discordância significativa entre os escritos.
A raridade, a maneira/forma como o indivíduo desenvolve a sua escrita,
as articulações, a elaboração dos detalhes e a chance de se repetir entre a
população em geral é ínfima. A questão aqui é, de fato, o inabitual.
A imperceptibilidade é justamente a característica mais sutil da escrita, ou
seja, dificilmente imitada, difícil de perceber e de constatar.
Consoante com Silva e Feuerharmel (2014), a fluência e a complexidade
também indicam considerações e traçados mais firmes, evitaram as simulações
(a preocupação na imitação deixará os traços mais lentos), por consequência,
estes dois fatores enaltecem a individualidade gráfica, aumentando a
notoriedade dos recursos identificadores.
A composição de traços forma o traçado, o traçado é o registro do
movimento, elaborando o lançamento gráfico. O grafismo é o resultado de muitos
movimentos, que adquirem aspectos e formas.
Importante
O êxito da perícia grafotécnica está expressamente relacionado
à qualidade dos padrões utilizados para o confronto.
25
Estruturas e formas
Fonte: elaborado pela autora, 2020, adaptado de, SILVA, FEUERHARMEL, 2014.
26
3.2.1 Alterações da escrita
27
no meio, estando ligados aos critérios de constância, raridade e
imperceptibilidade.
➢ Ataques e arremates, quando se inicia cada momento gráfico. O
formato (ataque normal, ataque em arpão, ataque progressivo), e
arremates quando se finaliza (arremate normal, arremate em
arpão, arremate evanescente, arremate em ponto de repouso).
➢ Diacríticos e pontuações, são os sinais de acentuação, o til, o
trema, considerações como: formato, direção do traçado, posição
devem ser examinadas, em textos mais longos, sua frequência
deve ser observada.
➢ Velocidade, a agilidade com que o traçado é lançado no suporte.
Uma característica de velocidade é o traçado de forma
arredondada.
➢ Pressão, é a força exercida pela ponta do instrumento escritor
sobre o papel, durante o traçado, pressões em demasia
(observadas pela sulcagem deixada pelo instrumento escritor),
indicam dificuldades no gesto gráfico, sendo mais comum em
pessoas com pouca habilidade de escrita, pouco desenvolvida.
➢ Dinamismo, traçado espontâneo, desenvolto, uma conciliação de
velocidade, e pressão. Não expressa tremidos ou hesitações.
➢ Grau de habilidade do punho escritor: a desenvoltura de cada
indivíduo, punhos hábeis traços firmes, limpos sem hesitações.
Conforme Del Picchia (2016), “quando falamos no alto grau de
habilidade do punho escrevente, consideramos sua capacidade de
realização grafoscópica e não a caligráfica”.
28
Características para análise grafoscópicas
Para Refletir
Os peritos são os olhos à prova. O especialista em
documentoscopia deve ser minucioso, detalhista e
observador. Por mais que a tecnologia esteja muito evoluída,
ela nunca vai substituir a capacidade técnica e a experiência
do profissional.
29
Conclusão da aula 3
Atividade de Aprendizagem
Observe, por meio de algumas literaturas e artigos
publicados, as diversas formas de assinaturas, treinando,
dessa forma, sua visão. Converse com colegas e simule
laudos. Esta é uma boa atitude para conseguir familiarizar-se
com o conteúdo vasto da documentoscopia.
Apresentação da aula 4
30
hábitos gráficos ou de sua ausência, nos documentos questionados e nos
padrões gráficos, bem como padrões gráficos e conclusões.
Importante
O perito em documentoscopia, no início do seu trabalho,
primeiro vai analisar com muita atenção a escrita padrão, em
seguida, a escrita questionada, analisando também o
documento por inteiro, a fim de visualizar se existe algum sinal
de adulteração. É um ato contínuo, confrontando as
características das duas assinaturas.
31
Em síntese, começa o confronto entre as firmas, sendo importante
salientar que, para a identificação de um lançamento manuscrito, o especialista
não pode se valer apenas em semelhanças ou dessemelhanças de natureza
exclusivamente formal (forma gráfica ou aspecto gráfico). Nos exames de
autenticidade/falsidade unidade/dualidade de origem ou de autoria gráfica,
conforme preconiza a Ciência Documentoscópica, recomenda-se observar,
assimilar e interpretar as convergências e divergências existentes entre os
grafismos cotejados, com a finalidade de individualizar e identificar o punho
escritor transversalmente com o conjunto de elementos da escrita.
Destaca-se, ainda, que, em algumas perícias, há confrontos que
compreendem só os escritos de autoria desconhecida, sendo apenas possível
identificar se há ou não unicidade de punho.
➢ Espontaneidade;
➢ Contemporaneidade;
➢ Adequabilidade.
32
exame, além dos padrões, devem ser procurados documentos produzidos
próximos daquela época.
A adequabilidade relaciona-se com a analogia que deverá haver entre os
padrões gráficos e as firmas questionadas. Outros fatores podem interferir na
escrita, o especialista deve estar atento, por exemplo, quanto ao instrumento
utilizado no documento questionado (caneta, lápis, caneta tinteiro, entre outros).
Muitas vezes, não é possível constatar esses fatores durante a coleta dos
padrões, contudo, recomenda-se que sejam proporcionadas as mesmas
condições (o mais próximo quanto possível) da produção das firmas
questionadas.
Instrumentos de escrita
Fonte: https://motivacaoefoco.com.br/wp-content/uploads/2017/05/o-poder-da-palavra-
escrita-e1495203696103.jpg
33
A esses padrões denominamos de inespecíficos, porquanto não foram
fornecidos com o fim específico para servirem de padrões de confronto, por isso
mesmo, atendem, com muito mais pertinência, ao princípio da espontaneidade
e da adequabilidade.
Cada individualidade levada em consideração deverá ter sua
periodicidade, observada na escrita questionada e padrão, nas mesmas
proporções, pode-se dizer que é uma convergência. Ao contrário, se o número
entre uma ou outra for inferior (que se possa constatar), então pode-se dizer que
é uma divergência. É indispensável que o especialista não se atenha a constatar
o fato das características aparecerem nas escritas confrontadas, mas que
examine a frequência com que elas aparecem, levando, também, em
consideração o grau de perceptibilidade das características e o quão raro
aparece na população em geral.
Importante
Assinaturas modificadas intencionalmente são classificadas em:
o disfarce do escrito da própria pessoa, do seu punho escritor e
a simulação da escrita de outro indivíduo. Ocorrem com muita
periodicidade em tribunais cíveis e criminais.
34
pois não existe gênese gráfica e, para usar uma folha ou mais, precisa inventar
uma assinatura (na maioria das vezes, disfarça a própria assinatura).
Com modelo à vista, imitações servis, feitas a partir de um modelo
disponível (cópia) da assinatura, não há a habilidade individual, de modo que se
tenta reproduzir “desenhando”, dando atenção aos pontos mais visíveis e não
conseguindo dar atenção aos hábitos gráficos. O traçado é lento, moroso e o
baixo dinamismo denuncia a fraude.
Na falsificação de memória, o falsário conhece razoavelmente a firma de
sua vítima, mas não tem o modelo à vista para guiar o seu punho escritor, desse
modo, vai reproduzir as letras que tenha mais lembranças (geralmente as iniciais
e traços ornamentais) e vai improvisar aquelas que não lembrar, revelando as
dessemelhanças genéticas. A soma será algumas regiões bem imitadas, e
outras completamente divergentes.
Em relação à falsificação por decalque, Silva e Feuerharmel (2014)
classificam em diretos e indiretos; nos diretos são feitos com uma folha
transparente colocada sobre o modelo da firma e seu traçado é “copiado”. Nos
indiretos, é feito um rascunho (debuxo) da firma a ser copiada no papel em que
será produzido, cobrindo com a caneta, posteriormente apagando com uma
borracha e depois cobrindo novamente ou com papel carbono.
Na imitação livre (exercitada), a assinatura a ser imitada é exercitada
inúmeras vezes (com modelo), até que o falsário consiga reproduzi-la, sem mais
olhar o modelo, de forma automática.
Dessa forma, nas conclusões grafoscópicas, apresenta-se, entre outros
dados, se o lançamento é autentico ou inautêntico e os meios empregados da
falsificação.
Algumas conclusões podem ser categóricas, como a identificação,
quando o especialista tem certeza de que os lançamentos e padrões vieram do
mesmo punho escritor ou podem ser inconclusivas; quando o expert não tem
certeza, muitos fatores alteram essa dúvida como falta de clareza e detalhes nos
padrões e questionados, o material questionado com inconsistências.
De qualquer modo, o especialista deve estar preparado para responder
os quesitos das partes e do juízo, tanto em seu laudo técnico, como,
possivelmente, em um tribunal, caso seja solicitado pelo juiz, a pedido das partes
ou não, o esclarecimento de dúvidas ou debates sobre algumas questões.
35
Para Refletir
O especialista em documentoscopia deve ser minucioso,
detalhista e muito observador. Por mais que a tecnologia
esteja muito evoluída, ela nunca vai substituir a capacidade
técnica e a experiência do profissional.
Conclusão da aula 4
Atividade de Aprendizagem
Em um pequeno parágrafo, defina as principais formas de
análise para chegar a conclusões de autenticidade ou
inautenticidade em documentos.
36
Conclusão da disciplina
37
Índice Remissivo
Conceitos introdutórios .............................................................................. 07
(Autenticidade; ciência; forense)
Conceitos de documentoscopia ................................................................. 07
(Conhecimentos; escrita; fatos)
38
Referências
LIMA, N.P.; MORAIS, M.J. Documentoscopia. In: VELHO, J.A.; GEISER, G.C.;
ESPINDULA, A. Ciências forenses: uma introdução às principais áreas da
criminalística moderna. 3ª ed. Campinas: Millennium, 2017. Cap. 19, p.391.
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