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ANA PRICILA KÜSTER

CÁLCULO ESTRUTURAL COM O AUXÍLIO DO SOFTWARE


ALTOQIEBERICK®

LAGES-SC
2014
UNIVERSIDADE DO PLANALTO CATARINENSE
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

ANA PRICILA KÜSTER

Relatório de estágio, apresentado ao


Curso de Engenharia Civil da Universidade do
Planalto Catarinense – UNIPLAC – como
requisito necessário para obtenção do título de
Bacharela em Engenharia Civil.

Orientação: Prof. Eng. Volmir Pitton

LAGES (SC)
2014
ANA PRICILA KÜSTER

CÁLCULO ESTRUTURAL COM O AUXÍLIO DO


SOFTWARE ALTOQIEBERICK®

Relatório de estágio, apresentado ao Departamento de Engenharia Civil da


Universidade do Planalto Catarinense – UNIPLAC – como requisito necessário
para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil.

Banca Examinadora:

Orientador:
Prof. Eng. Volmir Pitton

Membro:
Prof. Carlos Eduardo de Liz

Lages, 04/12/2014.
Dedico a toda minha família,
namorado, amigos, colegas de trabalho, e
professores. Pois todos participaram de alguma
forma em minha caminhada, na minha
realização profissional e pessoal.
4

AGRADECIMENTOS

Gostaria de dizer meu sincero muito obrigada a todos que me ajudaram


durante a minha formação. Obrigada aos meus pais, que são meu exemplo. A toda
minha família, meus amigos, professores, universidade, e à empresa All Bekka
Arquitetura e Engenharia, que me recebeu de portas abertas e me proporcionou uma
grande aprendizagem.
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RESUMO

O projeto estrutural é parte fundamental do desenvolvimento de uma edificação, a fim


de otimizar os projetos fizemos uso do software de cálculo Eberick da empresa AltoQi. Neste
relatório trazemos o projeto estrutural de uma residência unifamiliar de 173,00 m² como
exemplo, que passou pelas etapas de lançamento dos elementos estruturais, concepção
estrutural, análise da estrutura, dimensionamento e detalhamento da estrutura e emissão das
plantas finais. A estrutura da edificação foi definida de forma que garantisse três requisitos
principais: capacidade resistente, desempenho em serviço, e durabilidade.

PALAVRAS-CHAVE: Projeto Estrutural. Eberick. Cálculo de Estruturas.


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ABSTRACT

The structural design is a fundamental part of the development of a building in


order to optimize designs made use of Eberick calculation software AltoQi company.
In this report we bring the structural design of a single-family residence 173,00 m² as
an example, which went through the launching stages of the structural elements,
structural design, analysis of the structure, design and detailing of the structure and
issuance of final plans.The structure of the building was defined in order to guarantee
three main requirements: load capacity, service performance, and durability.

KEYWORDS: Structural Design. Eberick. Structural calculation.


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LISTA DE ILUSTRAÇÕES E QUADROS

Figura 1- Diagrama de freqüência x resistência de um concreto ............................................. 22


Figura 2 - Curvas de dois concretos com qualidades diferentes............................................... 23
Figura 3 - Concretos com qualidades diferentes mas mesma resistência característica. ........ 24
Figura 4 - Curva de Distribuição Normal para definição da resistência característica do
concreto. ................................................................................................................................... 25
Figura 5- Perspectiva da parte de um edifício. ......................................................................... 40
Figura 6 - Seção transversal de laje maciça e laje nervurada submetida à flexão. ................... 43
Figura 7 - Seção transversal de laje treliçada. .......................................................................... 46
Figura 8- Layout pavimento térreo. .......................................................................................... 49
Figura 9 - Layout pavimento superior. ..................................................................................... 50
Figura 10 - Fachada futura edificação. ..................................................................................... 51
Figura 11 -Vista lateral futura edificação. ................................................................................ 51
Figura 12- Janela de Configurações e lançamento dos critérios de projeto. ............................ 52
Figura 13 -Lançamento de pavimentos. ................................................................................... 53
Figura 14 - Croqui do pavimento térreo da edificação exemplo. ............................................. 54
Figura 15 - Pórtico 3D da estrutura já lançada. ........................................................................ 55
Figura 16 - Janela de Processamento da estrutura. ................................................................... 56
Figura 17 - Exemplo de erro de lançamento de estrutura. ........................................................ 56
Figura 18 - Resultado do processamento de nossa estrutura. ................................................... 57
Figura 19 - Janela de resultados e mensagens do processamento da estrutura......................... 57
Figura 20 - Janela de visualização das vigas.. .......................................................................... 58
Figura 21 - Janela indicativa de erro da viga V6 ...................................................................... 59
Figura 22 - Pórtico de deslocamentos da estrutura processada. ............................................... 60
Figura 23 - Detalhamento da viga V01 da estrutura processada. ............................................ 61

Quadro 1 - Valores dos Coeficientes γc e γs ............................................................................ 28


Quadro 2 - Coeficiente γf = γf1 . γf3 ........................................................................................ 34
Quadro 3 - Valores do coeficiente γf2. ..................................................................................... 35
Quadro 4 - Combinações últimas . ........................................................................................... 37
Quadro 5 - Combinações de serviço. ........................................................................................ 38
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LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


ELS - Estado Limite de Serviço
ELU - Estado Limite Último
EPS - Poliestireno expandido
fcd - Resistência de cálculo do concreto
fck - Resistência característica do concreto à compressão

fcm - Resistência média do concreto à compressão

fk - Resistência característica
fm – Valor médio
Fqk - Valores característicos das ações variáveis
fyk = Resistência característica de início de escoamento do aço
fym = Resistência média de início de escoamento do aço
NBR – Norma Brasileira Regulamentadora
Rd- Resistências de cálculo da estrutura
s - Desvio padrão

Sd - Solicitações de cálculo
UNIPLAC- Universidade do Planalto Catarinense
α - Coeficiente de dilatação térmica
γ – Peso específico
γc - Coeficiente de segurança do concreto
γm - Fator de segurança de minoração.
γs - Coeficiente de segurança do aço
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 11
1.1 CÁLCULO ESTRUTURAL COM O AUXÍLIO DO SOFTWARE ALTOQIEBERICK 11
1.2 ALL BEKAA ARQUITETURA E ENGENHARIA.......................................................... 11
1.3 PROBLEMÁTICA DO TRABALHO ............................................................................... 12
1.4 SISTEMAS CONSTRUTIVOS ADOTADOS: ................................................................. 12
1.5 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 12
1.5.1 Objetivo Geral ................................................................................................................. 12
1.5.2 Objetivos Específicos ...................................................................................................... 12
1.6 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 13
1.6.1 Oportunidade do projeto ................................................................................................. 13
1.6.2 Viabilidade do projeto ..................................................................................................... 13
1.6.3 Importância do projeto .................................................................................................... 13
2 FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DA PESQUISA .......................... 14
2.1 ABORDAGEM PRINCIPAL ............................................................................................. 14
2.2 CONCEITO DE CONCRETO ARMADO ........................................................................ 15
2.3 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO CONCRETO ARMADO ............................... 16
2.3.1 Vantagens: ....................................................................................................................... 17
2.3.2 Desvantagens: ................................................................................................................. 17
2.4 NORMATIZAÇÃO ............................................................................................................ 18
2.5 SEGURANÇA E ESTADOS LIMITEs ............................................................................. 18
2.5.1 Estados Limites Últimos (ELU) ....................................................................................... 20
2.5.2 Estados Limites de Serviço (ELS).................................................................................... 20
2.5.3 Verificação da Segurança ............................................................................................... 21
2.6 RESISTÊNCIAS CARACTERÍSTICA E DE CÁLCULO ............................................... 22
2.6.1 Resistência Característica ............................................................................................... 22
2.6.2 Resistência de Cálculo .................................................................................................... 26
2.6.3 Coeficientes de Ponderação das Resistências ................................................................. 27
2.7 AÇÕES PERMANENTES ................................................................................................. 28
2.7.1 Ações Permanentes Diretas ............................................................................................. 29
2.7.2 Ações Permanentes Indiretas .......................................................................................... 29
2.8 AÇÕES VARIÁVEIS ........................................................................................................ 30
2.8.1 Ações Variáveis Diretas .................................................................................................. 30
2.8.2 Ações Variáveis Indiretas ................................................................................................ 30
2.9 AÇÕES EXCEPCIONAIS ................................................................................................. 32
2.10 VALORES DAS AÇÕES................................................................................................. 32
2.10.1 Valores Característicos ................................................................................................. 32
2.10.2 Valores Representativos ................................................................................................ 33
2.10.3 Valores de Cálculo ........................................................................................................ 33
2.10.4 Coeficientes de Ponderação das Ações ......................................................................... 33
10

2.10.5 Combinações de Ações .................................................................................................. 35


2.11 CONCEPÇÃO ESTRUTURAL ....................................................................................... 38
2.11.1 Sistemas Estruturais ...................................................................................................... 39
2.12 Estrutura Convencional com Lajes Maciças .................................................................... 42
2.13 ESTRUTURA CONVENCIONAL COM LAJES NERVURADAS ............................... 43
2.13.1 Lajes Nervuradas........................................................................................................... 43
2.13.2 Lajes Pré-moldadas ....................................................................................................... 45
3 ESTRUTURA PROJETADA ............................................................................................. 48
3.1 METODOLOGIA ............................................................................................................... 48
3.1.1 Atividades desenvolvidas durante o período de estágio: ................................................ 48
3.1.2 Descrição da Futura Edificação: .................................................................................... 49
3.2 ETAPAS SEGUIDAS DURANTE O PROCESSO DO PROJETO ESTRUTURAL : ..... 52
3.2.1 Escolha dos tipos de estruturas, materiais e métodos construtivos ................................ 52
3.2.2 Lançamento da estrutura no software Altoqi Eberick; ................................................... 52
3.2.3 Análise da melhor concepção estrutural considerando o binômio segurança-economia.
.................................................................................................................................................. 57
3.2.4 Análise da estrutura; ....................................................................................................... 59
3.2.5 Detalhamento da estrutura .............................................................................................. 60
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 62
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 63
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1 INTRODUÇÃO

1.1 CÁLCULO ESTRUTURAL COM O AUXÍLIO DO SOFTWARE


ALTOQIEBERICK

Este trabalho busca a aplicação dos conceitos adquiridos durante a formação


acadêmica do curso de Engenharia Civil relacionadas ao cálculo estrutural de maneira
segura, e econômica. Sendo que com o avanço tecnológico que a construção vem
passando nos últimos anos, o uso de softwares de cálculo tem se mostrado cada vez
mais uma forma segura e eficaz de se projetar estruturas. Contribuindo devido sua
agilidade para dar as empresas maior competitividade, e diminuir o risco do fator falha
humana no processo do cálculo estrutural.
A ideia do trabalho partiu da convivência com a equipe de trabalho da All
Bekaa Arquitetura e Engenharia e com a rotina de trabalho desenvolvida na empresa.
Percebemos então que os projetos estruturais até então calculados manualmente,
podiam ser otimizados quanto ao tempo, segurança, qualidade da apresentação gráfica,
e um menor custo da estrutura projetada, entre outros benefícios, caso fosse utilizado
um software de cálculo, nesse caso o Eberick da empresa AltoQi.

1.2 ALL BEKAA ARQUITETURA E ENGENHARIA

A All Bekaa Arquitetura e Engenharia é uma empresa familiar, lageana, com


atuação de 20 anos em diversas áreas da construção civil no estado de Santa Catarina.
A empresa tem como responsáveis técnicos o Engenheiro Civil Faysal
Ahamed Dabbous e o Arquiteto e Urbanista Malek Ráu Dabbous.
12

1.3 PROBLEMÁTICA DO TRABALHO

A nossa principal questão, à qual buscaremos responder é: como otimizar o


cálculo de estruturas para os projetos estruturais em concreto armado para residências
unifamiliares.
Todos os anos são inúmeros os acidentes causados por falhas em projetos
estruturais, relacionados a erros ou inadequações no lançamento, análise,
dimensionamento e detalhamento das estruturas. Caracterizando quase sempre o
descumprimento das normas regulamentadoras referentes.
Ao fazer a concepção estrutural, o engenheiro tem de ter em mente vários
aspectos, tais como: manter a estética e a funcionalidade do projeto arquitetônico,
ideia aproximada dos esforços atuantes na estrutura, métodos construtivos e custos. A
escolha do sistema estrutural de um edifício, em geral, é influenciada por imposições
arquitetônicas, pela qualificação da mão-de-obra, por rotinas construtivas ou ainda
pela infraestrutura da região. Mesmo assim, o engenheiro de estruturas tem de buscar,
entre todas as possibilidades, a estruturação mais econômica para o seu projeto.

1.4 Sistemas Construtivos Adotados:

 Estrutura convencional com lajes, vigas, pilares, sapatas.


 Principais materiais envolvidos: concreto, aço, formas.

1.5 OBJETIVOS

1.5.1 Objetivo Geral

Utilizar o software de Cálculo Eberick para o cálculo estrutural, a partir de


projetos arquitetônicos realizados na empresa.

1.5.2 Objetivos Específicos

 Estudar alguns tipos de estruturas possíveis em cada caso de projeto;


 Analisar a melhor concepção estrutural considerando o binômio segurança-economia.
13

 Lançamento da estrutura no software Altoqi Eberick;


 Análise da estrutura;
 Dimensionamento da estrutura;
 Detalhamento da estrutura;

1.6 JUSTIFICATIVA

1.6.1 Oportunidade do projeto

A oportunidade de adquirir esse conhecimento veio em contrapartida à


necessidade da empresa concedente do estágio em aprimorar o desenvolvimento desse
tipo de projeto.

1.6.2 Viabilidade do projeto

O projeto mostra-se viável, tendo em vista a economia de tempo na fase de


projeto, ou seja, maior produtividade, e o nível de detalhamento que é alcançado, bem
como a qualidade gerada ao projeto final. Além da economia e segurança
proporcionada à fase executiva.

1.6.3 Importância do projeto

A informatização de projetos e processos em todas as áreas, especialmente às


áreas tecnológicas é cada vez mais global e essencial às empresas que querem se
manter no mercado de maneira competitiva. Buscar a economia, tanto financeira
quanto dos recursos naturais utilizados, e a qualidade nas edificações é imprescindível
aos profissionais da área.
14

2 FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DA PESQUISA

2.1 ABORDAGEM PRINCIPAL

Este projeto de estágio está destinado ao estudo de estruturas em concreto


armado. Segundo Martha (2010) o objetivo do projeto estrutural é conceber uma
estrutura para atender todas as necessidades para as quais ela será construída,
“satisfazendo condições de segurança, de utilização, econômicas, estéticas,
ambientais, construtivas e legais”.
No Brasil a principal norma regulamentadora relacionada às estruturas de
concreto armado é a NBR 6118-2014 (Projeto de Estruturas de Concreto -
Procedimento), sendo essa complementada por outras normas em cada situação
específica.
De acordo com Kimura (2007) há três requisitos principais que devem ser
garantidos por um projeto estrutural de qualidade, são eles: capacidade resistente,
desempenho em serviço e durabilidade. Além de estar integrado e compatibilizado
com outras áreas (como projeto arquitetônico e complementares), e atender parâmetros
de construtibilidade (viabilidade prática, execução).
Embora o software forneça inúmeras vantagens, como poder fazer diversas
simulações para uma mesma estrutura, vale ressaltar que nada substitui o
conhecimento técnico imprescindível ao Engenheiro, cabendo à esse profissional
segundo Kimura (2007) as funções que exigem raciocínio, lógica, perspicácia e
discernimento.
Os primeiros edifícios com estrutura de concreto armado foram concebidos
utilizando-se lajes maciças e, posteriormente, lajes pré-moldadas. Apresentavam
distâncias relativamente pequenas entre pilares, da ordem de quatro metros. Agiam
como fatores limitantes: a resistência do concreto, várias hipóteses simplificadoras na
modelagem estrutural e o comportamento do próprio sistema estrutural. Com a
15

evolução da tecnologia de construção e da informática, foi possível o emprego de


concretos mais resistentes, análises mais refinadas para o cálculo e a utilização de
novas opções estruturais: lajes nervuradas, lajes lisas e protensão em estruturas usuais
de edifícios, por exemplo. Essas evoluções permitiram uma diversificação maior das
peças de concreto e possibilitaram soluções mais arrojadas para os edifícios.

Até o advento dos microcomputadores PC em 1981, os projetos dos


edifícios de Concreto Armado eram feitos com muito trabalho manual. Os cálculos
eram tantos que o engenheiro de estruturas era conhecido como “Engenheiro
Calculista” (LONGO, 2003).

O aparecimento dos microcomputadores tornou viável a aplicação de


procedimentos mais sofisticados, que consideram a interação entre os vários elementos
estruturais. Dessa forma, pouco a pouco os modelos de análise estrutural foram se
tornando mais realistas. As vigas passaram a ser consideradas em conjunto, formando
uma grelha. Em seguida, as lajes passaram a ser analisadas em conjunto com as vigas
numa mesma grelha, representativa de todo o pavimento.

Outra melhoria significativa na análise dos pavimentos foi a possibilidade


de aplicação do Método dos Elementos Finitos, ainda mais preciso que o modelo de
grelha. Com os Modelos de Grelha e Elementos Finitos, a interação existente entre as
vigas, lajes e pilares passaram a interagir, produzindo resultados mais próximos à
realidade (FONTES, 2006).

2.2 Conceito de Concreto Armado

Na Antiguidade, os primeiros materiais empregados nas construções foram


a pedra natural (rocha) e a madeira, sendo o ferro e o aço empregados séculos depois.
O Concreto Armado só surgiu mais recentemente, por volta de 1850.

Concreto Armado é o material resultante da conveniente união do concreto


simples com o aço de baixo teor de carbono, tratando-se, portanto, de um material de
construção composto. Admite-se que exista perfeita aderência entre esses dois
materiais, de forma a trabalharem solidariamente sob as diferentes ações que atuam
nas construções de um modo geral.
16

Em um elemento estrutural qualquer, sujeito a um conjunto de esforços


solicitantes, cabe ao material concreto a função principal de absorver as tensões de
compressão, sendo normalmente desprezada a sua pequena resistência à tração, que de
modo aproximado poderia ser tomada como 1/10 de sua resistência à compressão. Ao
material aço, chamado de armadura passiva, atribui-se a tarefa de absorver as tensões
de tração e auxiliar o concreto a absorver as tensões de compressão, quando
necessário.

Em resumo, pode-se definir o Concreto Armado como “a união do concreto


simples e de um material resistente à tração (envolvido pelo concreto) de tal modo que
ambos resistam solidariamente aos esforços solicitantes”. De forma esquemática pode-
se indicar:

Concreto Armado = concreto simples + armadura + aderência.

A NBR 6118/2014 (item 3.1.3) define: Elementos de Concreto Armado:


“aqueles cujo comportamento estrutural depende da aderência entre concreto e
armadura e nos quais não se aplicam alongamentos iniciais das armaduras antes da
materialização dessa aderência”.

A viabilidade do concreto armado como elemento estrutural se deve a três


razões básicas, a saber:

 Trabalho conjunto entre o aço e o concreto, assegurado pela aderência entre os


dois materiais;
 Proteção que o concreto fornece ao material aço dos ataques do meio ambiente,
garantindo assim a durabilidade da estrutura;
 Os coeficientes de dilatação térmica dos dois materiais são semelhantes:
 Concreto: α = 10-5 / °C
 Aço: α = 1,2x10-5 / °C

2.3 Vantagens e Desvantagens do Concreto Armado

Segundo CARVALHO e FIGUEIREDO FILHO (2012), como todo material


que se utiliza para determinada finalidade, o concreto armado apresenta vantagens e
desvantagens quanto ao seu uso estrutural.
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2.3.1 Vantagens:

 Apresenta boa resistência à maioria das solicitações;


 Tem boa trabalhabilidade e, por isso, adapta-se a várias formas, podendo
assim, ser escolhida a mais conveniente do ponto de vista estrutural, dando
maior liberdade ao projetista;
 Permite obter estruturas monolíticas, o que não ocorre com as de aço, madeira
e pré-moldadas. Existe aderência entre o concreto já endurecido e o que é
lançado posteriormente, facilitando a transmissão de esforços;
 As técnicas de execução são razoavelmente dominadas em todo o país;
 Em diversas situações pode competir com as estruturas de aço em termos
econômicos;
 É um material durável, desde que seja bem executado, conforme as normas, e
evitado o uso de aceleradores de pega, cujos produtos químicos podem corroer
as armaduras;
 Apresenta durabilidade e resistência ao fogo superior em relação à madeira e
ao aço, desde que os cobrimentos e a qualidade do concreto estejam de acordo
com as condições do meio em que está inserida a estrutura;
 Possibilita a utilização da pré-moldagem, proporcionando maior rapidez e
facilidade de execução;
 É resistente a choques e vibrações, efeitos térmicos, atmosféricos e desgastes
mecânicos.

2.3.2 Desvantagens:

 Resulta em elementos com maiores dimensões que o aço, o que, com seu peso

específico elevado (   25kN / m ), acarreta um peso próprio muito grande,


3

limitando seu uso em determinadas situações ou elevando bastante seu custo;


 As reformas e adaptações são, muitas vezes, de difícil execução;
 É bom condutor de calor e som, exigindo, em casos específicos, associação
com outros materiais para sanar esse problema;
 São necessários um sistema de fôrmas e a utilização de escoramentos (quando
não se faz o uso de pré-moldagem), que, geralmente, precisam permanecer no
local até que o concreto alcance resistência adequada.
18

2.4 Normatização

Além da NBR 6118/2014 - Projeto de estruturas de concreto –


Procedimento, outras normas regulamentam o projeto e a execução de obras de
concreto:

 NBR 6120/80 - Cargas para o cálculo de estruturas de edificações -


Procedimento;
 NBR 6122/10 - Projeto e execução de fundações – Procedimento;
 NBR 6123/88 - Forças devido ao vento em edificações - Procedimento;
 NBR 7187/03 - Projeto de pontes de concreto armado e de concreto protendido
-Procedimento;
 NBR 7191/82 - Execução de desenhos para obras de concreto simples ou
armado;
 NBR 7480/07 - Barras e fios destinados a amaduras de concreto armado –
Especificação;
 NBR 8681/03 - Ações e segurança nas estruturas – Procedimento;
 NBR 8953/09 - Concreto para fins estruturais - Classificação por grupos de
resistência – Classificação;
 NBR 9062/06 - Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado –
Procedimento;
 NBR 14432/01 - Exigências de resistência ao fogo de elementos construtivos
de edificações – Procedimento.

2.5 Segurança e Estados Limites

A questão da segurança das estruturas é de extrema importância para todos


os profissionais da área de construção, e especialmente para aqueles do projeto
estrutural, porque a possibilidade de uma estrutura entrar em colapso configura-se
geralmente numa situação muito perigosa, por envolver vidas humanas e perdas
financeiras por danos materiais de grande valor.

A segurança que todos os tipos de estruturas devem apresentar envolve dois


aspectos principais. O primeiro, e mais importante, é que uma estrutura não pode,
19

obviamente, nunca alcançar a ruptura. O segundo aspecto é relativo ao conforto, à


tranquilidade do usuário na utilização da construção. A NBR 6118/2014 (itens 3.2 e
10.4) trata esses dois aspectos da segurança apresentando os “Estados Limites”, que
são situações limites que as estruturas não devem ultrapassar. A segurança da estrutura
contra o colapso relaciona-se ao chamado “Estado Limite Último”, e a segurança do
usuário na utilização da estrutura relaciona-se aos “Estados Limites de Serviço”.

No projeto das estruturas de concreto armado e protendido o


dimensionamento dos diferentes elementos estruturais é feito no chamado “Estado
Limite Último” (ruína), onde os elementos estruturais são dimensionados como se
estivessem prestes a romper, pelo menos teoricamente. No entanto, para evitar que a
ruptura ocorra, todas as estruturas são projetadas com uma margem de segurança, isto
é, uma folga de resistência relativamente aos carregamentos aplicados na estrutura, de
tal forma que, para ocorrer a ruptura a estrutura teria que estar submetida a
carregamentos bem superiores para os quais foi projetada.

A margem de segurança no dimensionamento dos elementos estruturais


ocorre com a introdução de coeficientes numéricos chamados “coeficientes de
ponderação” ou “coeficientes de segurança”, que farão com que, em serviço, as
estruturas trabalhem longe ou a certa “distância” da ruína.

Para os coeficientes de segurança são adotados valores numéricos de tal


forma que as ações sejam majoradas e as resistências dos materiais sejam minoradas.
Existem basicamente três coeficientes de segurança, um que majora o valor das ações,
e consequentemente os esforços solicitantes, e outros dois que minoram as resistências
do concreto e do aço. As resistências dos materiais que compõem o concreto armado –
o concreto e o aço – são minoradas por coeficientes de segurança dos materiais, sendo
em geral 1,4 para o concreto e 1,15 para o aço (Quadro 1).

Em resumo, segurança é quando todo o conjunto da estrutura, bem como as


partes que a compõe, resiste às solicitações externas na sua combinação mais
desfavorável, durante toda a vida útil, e com uma conveniente margem de segurança.
Portanto, no projeto de uma estrutura, mesmo que seja apenas uma peça, como uma
laje, uma viga ou um pilar, deve-se ter a preocupação de garantir as seguintes
características à estrutura: resistência, estabilidade, utilização e durabilidade.
20

As estruturas devem também ser analisadas quanto às deformações, à


fissuração e ao conforto do usuário na sua utilização. A fim de não prejudicar a
estética e a utilização da construção, as estruturas não devem apresentar deformações
excessivas, principalmente flechas, e as aberturas das fissuras devem ser limitadas,
visando garantir a durabilidade. Esses quesitos são tratados pelos “Estados Limites de
Serviço”.

2.5.1 Estados Limites Últimos (ELU)

No item 3.2 a NBR 6118/2014 define o estado limite último como: “Estado
limite relacionado ao colapso, ou a qualquer outra forma de ruína estrutural, que
determine a paralisação do uso da estrutura”. Deduz-se, portanto, que, em serviço, a
estrutura não deve ou não pode jamais alcançar o estado limite último (ruína).
No quesito de segurança no estado limite último (item 16.2.3 da NBR
6118/2014) a norma informa que, “Quando se dimensiona ou se verifica uma estrutura
é preciso ter em mente se o que se está verificando efetivamente são seções de
elementos. É a segurança dessas seções que pode, usualmente, ser expressa
analiticamente.
É fundamental que essa segurança seja estendida ao restante dos elementos
através de um detalhamento adequado. O detalhamento adequado permite costurar
partes de um mesmo elemento, bem como elementos que chegam no mesmo nó.
Existem dois tipos de regras de detalhamento, a saber: aquelas de elementos
como lajes, vigas, pilares, etc., e aquelas para regiões especiais onde existam
singularidades geométricas ou estáticas.
Em relação aos ELU, além de se garantir a segurança adequada, isto é, uma
probabilidade suficientemente pequena de ruína, é necessário garantir uma boa
ductilidade, de forma que uma eventual ruína ocorra de forma suficientemente
avisada, alertando os usuários.”

2.5.2 Estados Limites de Serviço (ELS)

Os estados limites de serviço definidos pela NBR 6118/2014 são aqueles


relacionados à durabilidade das estruturas, aparência, conforto do usuário e a boa
utilização funcional das mesmas, seja em relação aos usuários, seja em relação às
máquinas e aos equipamentos utilizados.
21

Quando uma estrutura alcança um “Estado Limite de Serviço”, o seu uso


fica impossibilitado, mesmo que ela ainda não tenha esgotada toda a sua capacidade
resistente, ou seja, a estrutura não mais oferece condições de conforto e durabilidade,
embora não tenha alcançado a ruína.
No quesito de segurança quanto ao estado limite de serviço (desempenho
em serviço), a NBR 6118/2014 (item 16.2.4) informa que “devem ser satisfeitos
também, analogamente, expressões analíticas de segurança e regras construtivas.
Os modelos a serem usados nessa verificação de ELS são diferentes
daqueles usados nos ELU. Além de suportarem cargas maiores (de serviço), têm
rigidez diferente, usualmente maior.
Para garantir o bom desempenho de uma estrutura em serviço, deve-se,
usualmente, respeitar limitações de flechas, de abertura de fissuras, ou de vibrações,
mas também é possível que seja importante pensar na estanqueidade, no conforto
térmico ou acústico etc.”

2.5.3 Verificação da Segurança

De acordo com a NBR 6118/2014 (item 12.5), a segurança das estruturas de


concreto devem ser verificadas de modo a atender as condições construtivas e as
condições analíticas de segurança.
Com relação às condições construtivas de segurança, devem ser atendidas as
exigências estabelecidas:
 nos critérios de detalhamento das seções 18 e 20;
 nas normas de controle dos materiais, especialmente a NBR 12655/96;
 no controle de execução da obra, conforme a NBR 14931/04 e Normas
Brasileiras específicas.
Sobre as condições analíticas de segurança, a NBR 6118/2014 (itens 12.5.2
e 16.1) estabelece que as resistências de cálculo da estrutura (Rd), proporcionadas
pelos materiais, não devem ser menores que as solicitações de cálculo (Sd) e devem
ser verificadas em relação a todos os estados limites e todos os carregamentos
especificados para o tipo de construção considerada, ou seja, em qualquer caso deve
ser respeitada a condição:

Rd ≥ Sd
22

2.6 Resistências Característica e de Cálculo

2.6.1 Resistência Característica

As medidas de resistência dos concretos apresentam grande dispersão de resultados


em torno da média. Tomando-se a resistência à compressão dos concretos, se os valores forem
plotados num diagrama, onde no eixo das abscissas se marcam as resistências e no eixo das
ordenadas as frequências com que as resistências ocorrem, quanto maior o número de ensaios
realizados mais a curva representativa dos valores se aproxima da chamada curva de
Distribuição Normal de Gauss, como mostrado na Figura 1.

Figura 1- Diagrama de freqüência x resistência de um concreto. (FONTE: RÜSCH, 1981)

A curva de distribuição normal é definida pelo valor médio (fm) e pelo desvio
padrão (s).
Quanto menos cuidados forem dispensados em todas as fases até o ensaio do corpo-
de-prova, maior será o desvio padrão (dispersão dos resultados). A Figura 2 mostra as curvas
de dois diferentes concretos, com resistências médias iguais, porém, com qualidades bem
diferentes.
23

Figura 2 - Curvas de dois concretos com qualidades diferentes. (FONTE: RÜSCH, 1981).

Se tomada a resistência média, o concreto 2 com maior dispersão de


resultados, apresenta segurança menor que o concreto 1, donde se conclui que a
adoção da resistência média não é um parâmetro seguro para ser considerado nos
projetos das estruturas de concreto. Por este motivo as normas introduziram o conceito
de “resistência característica” (fk), que, de acordo com a NBR 6118/2014 (item 12.2),
“são as resistências que, num lote de um material, têm uma determinada probabilidade
de serem ultrapassadas, no sentido desfavorável para a segurança.” A resistência
característica é menor que a resistência média (fm) e tem apenas 5 % de probabilidade
de não ser atingida, no conjunto de resistências medidas no laboratório.
Desse modo, a utilização de dois diferentes concretos com características de
qualidade diferentes torna-se segura, como mostrado nos concretos 1 e 2 da Figura 3.
A vantagem do concreto com menor dispersão de resultados (concreto 1) sobre o de
maior dispersão (concreto 2) será a economia, como menor consumo de cimento, por
exemplo.
O concreto 2, que tem menor qualidade que o concreto 1, para ter a mesma
resistência característica (fk) do concreto 1, necessita de uma maior resistência média,
o que o torna antieconômico em relação ao concreto 1.
24

Figura 3 - Concretos com qualidades diferentes mas mesma resistência característica.


(FONTE: RÜSCH, 1981).

Admitindo a curva de Distribuição Normal de Gauss (Figura 4) e a quantia


de 5 %, a resistência característica do concreto à compressão fica definida pela
expressão:
fck = fcm −1,65 s
onde:
fck = resistência característica do concreto à compressão;
fcm = resistência média do concreto à compressão;
s = desvio padrão;
1,65 s corresponde ao quantil de 5 % da Distribuição Normal.
25

Figura 4 - Curva de Distribuição Normal para definição da resistência característica do


concreto. (FONTE: RÜSCH, 1981).

Por exemplo, para um concreto ensaiado em laboratório, a possibilidade de


um corpo-de-prova ter sua resistência inferior a fck é de 5 % ; melhor ainda, pode-se
dizer que, dos corpos-de-prova ensaiados, 95 % terão sua resistência superior ao valor
fck , enquanto apenas 5 % poderão ter valor inferior.

A resistência característica fck do concreto é muito importante e, segundo a


NBR 6118/14, deve constar nos desenhos de armaduras e fôrmas, de modo bem
destacado, junto com a categoria e a classe do aço.

A resistência característica do aço é definida de modo semelhante a do


concreto:

fyk = fym −1,65 s

onde:

fyk = resistência característica de início de escoamento do aço;

fym = resistência média de início de escoamento do aço.

Para o aço pode-se admitir que as resistências à compressão e à tração são


iguais, isto é, fyck = fytk. De modo geral representam-se ambas as resistências por
fyk.
26

2.6.2 Resistência de Cálculo

Para efeito de cálculo – projeto – e com o objetivo de introduzir uma


margem de segurança às estruturas de concreto, são consideradas as resistências de
cálculo dos materiais, que são obtidas a partir das resistências características divididas
por um fator de segurança (γm), de minoração.

No caso da resistência de cálculo do concreto (fcd), a NBR 6118/2014 (item


12.3.3) define a resistência de cálculo em função da idade do concreto, como segue:

a) quando a verificação se faz em data j igual ou superior a 28 dias, adota-se a


expressão:
fck E
fcd 
c

com γc definido no Quadro 1.

Nesse caso, o controle da resistência do concreto à compressão deve ser


feita aos 28 dias, de forma a confirmar a resistência fck adotada no projeto;

b) quando a verificação se faz em data j inferior a 28 dias, adota-se a


expressão:

fcki fck
fcd   1
c c

fjk
Sendo  1 a relação dada por:
fck

  1
 E
   28  2  
1  exp s 1    
   t  
  
27

onde:

s = 0,38 para concreto de cimento CPIII e IV;

s = 0,25 para concreto de cimento CPI e II;

s = 0,20 para concreto de cimento CPV-ARI.

t = idade efetiva do concreto, em dias.

Essa verificação deve ser feita aos t dias, para as cargas aplicadas até essa
data. Ainda deve ser feita a verificação para a totalidade das cargas aplicadas aos 28
dias. Nesse caso, o controle da resistência à compressão do concreto deve ser feito em
duas datas: aos t dias e aos 28 dias, de forma a confirmar as resistências de fckj e fck
adotadas no projeto.

De modo semelhante ao concreto, a resistência de cálculo de início de


escoamento do aço (fyd), é definida como:

fyk E
fyd 
s

com γs definido no Quadro 1.

2.6.3 Coeficientes de Ponderação das Resistências

Conforme a NBR 6118/2014 (item 12.4) as resistências devem ser


minoradas pelo coeficiente: γm = γm1 γm2 γm3, com:

γm1 - coeficiente que considera a variabilidade da resistência dos materiais


envolvidos;

γm2 - coeficiente que considera a diferença entre a resistência do material


no corpo-de-prova e na estrutura;

γm3 - coeficiente que considera os desvios gerados na construção e as


aproximações feitas em projeto do ponto de vista das resistências.
28

Os coeficientes de ponderação podem assumir diferentes valores quando se


tratam dos estados limites últimos e de serviço.

2.6.3.1 Coeficiente de Ponderação das Resistências no Estado Limite Último (ELU)

Os valores a serem considerados para o coeficiente de segurança do


concreto (γc) e do aço (γs), no Estado Limite Último estão indicados na Tabela 1.

Quadro 1 - Valores dos Coeficientes γc e γs

(FONTE: NBR 6118/2014)

Segundo a NBR 6118/2014: “Para a execução de elementos estruturais nos


quais estejam previstas condições desfavoráveis (por exemplo, más condições de
transporte, ou adensamento manual, ou concretagem deficiente por concentração de
armadura), o coeficiente γc deve ser multiplicado por 1,1. Para elementos estruturais
pré-moldados e pré-fabricados, deve ser consultada a NBR 9062. Admite-se, no caso
de testemunhos extraídos da estrutura, dividir o valor de γc por 1,1.”

2.6.3.2 Coeficiente de Ponderação das Resistências no Estado Limite de Serviço (ELS)

Na situação de serviço, as resistências devem ser tomadas conforme


medidas em laboratório, de modo a refletir a resistência real do material. Assim, os
limites estabelecidos para os Estados Limites de Serviço não necessitam de minoração,
portanto, γm = 1,0.

2.7 Ações Permanentes

Segundo a NBR 6118/2014, na análise estrutural deve ser considerada a


influência de todas as ações que possam produzir efeitos significativos para a
segurança da estrutura, levando-se em conta os possíveis estados limites últimos e os
de serviço.
29

De acordo com a NBR 8681/03, as ações a considerar classificam-se em:


permanentes, variáveis e excepcionais. Para cada tipo de construção as ações a serem
consideradas devem respeitar suas peculiaridades e as normas a ela aplicáveis.

“Ações permanentes são as que ocorrem com valores praticamente


constantes durante toda a vida da construção”. Nelas devem ser incluídos o peso
próprio dos elementos e o peso de elementos construtivos fixos, como paredes, e
instalações permanentes. Também são consideradas como permanentes as ações que
crescem no tempo, tendendo a um valor limite constante. As ações permanentes
devem ser consideradas com seus valores representativos mais desfavoráveis para a
segurança.

As ações permanentes são divididas em ações diretas e indiretas.

2.7.1 Ações Permanentes Diretas

Segundo a NBR 6118/2014, as ações permanentes diretas são constituídas


pelo peso próprio da estrutura e pelos pesos dos elementos construtivos fixos e das
instalações permanentes. CARVALHO e FIGUEIREDO FILHO (2012), fala que nas
construções atuais, admite-se que o peso próprio da estrutura seja avaliado com a
massa específica de 2.400 kg/m³ para o concreto simples e de 2.500 kg/m³ para
concreto armado ou protendido. As massa específicas dos materiais de construção
usuais são indicadas na NBR 6120/1980. Os pesos das instalações permanentes são
considerados com os valores nominais indicados pelos respectivos fornecedores. Além
do peso próprio, é preciso, sempre que necessário, considerar permanentes os empuxos
de terra e outros materiais granulosos quando forem admitidos não removíveis.

2.7.2 Ações Permanentes Indiretas

A NBR 6118/2014 fala que, as ações permanentes indiretas são constituídas


pelas deformações impostas por retração e deformação lenta (fluência) do concreto,
deslocamentos de apoio, imperfeições geométricas e protensão.
30

2.8 Ações Variáveis

Como o próprio termo indica, ações variáveis são aquelas que variam ao
longo do tempo. Do mesmo modo como as ações permanentes, as ações variáveis são
também divididas em ações diretas e indiretas.

2.8.1 Ações Variáveis Diretas

As ações variáveis diretas conforme a NBR 6118/2014, são constituídas


pelas cargas acidentais previstas para o uso da construção, pela ação do vento e da
chuva, devendo-se respeitar as prescrições feitas por Normas Brasileiras específicas.

As cargas acidentais previstas para o uso da construção correspondem


normalmente, a:

 cargas verticais de uso da construção;


 cargas móveis, considerando o impacto vertical;
 impacto lateral;
 força longitudinal de frenação ou aceleração;
 força centrífuga.
Essas cargas devem ser dispostas nas posições mais desfavoráveis para o
elemento estudado, ressalvadas as simplificações permitidas por Normas Brasileiras
específicas.

2.8.2 Ações Variáveis Indiretas

2.8.2.1 Variações Uniformes de Temperatura

Da acordo com o item 11.4.2.1 da NBR 6118/2014, a variação da


temperatura da estrutura, causada globalmente pela variação da temperatura da
atmosfera e pela insolação direta, é considerada uniforme. Ela depende do local de
implantação da construção e das dimensões dos elementos estruturais que a compõem.

De maneira genérica podem ser adotados os seguintes valores:


31

a) para elementos estruturais cuja menor dimensão não seja superior a 50 cm,
deve ser considerada uma oscilação de temperatura em torno da média de
10ºC a 15ºC;
b) para elementos estruturais maciços ou ocos com os espaços vazios
inteiramente fechados, cuja menor dimensão seja superior a 70 cm, admite-
se que essa oscilação seja reduzida respectivamente para 5ºC a 10ºC;
c) para elementos estruturais cuja menor dimensão esteja entre 50 cm e 70 cm
admite-se que seja feita uma interpolação linear entre os valores acima
indicados.
A escolha de um valor entre esses dois limites pode ser feita considerando
50% da diferença entre as temperaturas médias de verão e inverno, no local da obra.
Em edifícios de vários andares devem ser respeitadas as exigências construtivas
prescritas por esta Norma para que sejam minimizados os efeitos das variações de
temperatura sobre a estrutura da construção.

2.8.2.2 Variações não Uniformes de Temperatura

A NBR 6118/2014 item 11.4.2.2 diz que, nos elementos estruturais em que
a temperatura possa ter distribuição significativamente diferente da uniforme, devem
ser considerados os efeitos dessa distribuição. Na falta de dados mais precisos, pode
ser admitida uma variação linear entre os valores de temperatura adotados, desde que a
variação de temperatura considerada entre uma face e outra da estrutura não seja
inferior a 5ºC.

2.8.2.3 Ações Dinâmicas

Quando a estrutura, pelas suas condições de uso, está sujeita a choques ou


vibrações, os respectivos efeitos devem ser considerados na determinação das
solicitações e a possibilidade de fadiga deve ser considerada no dimensionamento dos
elementos estruturais, de acordo com a seção 23 da NBR 6118/2014.
32

2.9 Ações Excepcionais

Quanto às ações excepcionais, a NBR 6118/2014, no item 11.5, prescreve:


“No projeto de estruturas sujeitas a situações excepcionais de carregamento, cujos
efeitos não possam ser controlados por outros meios, devem ser consideradas ações
excepcionais com os valores definidos, em cada caso particular, por Normas
Brasileiras específicas”. A NBR 8681/03 define ações excepcionais como “As que têm
duração extremamente curta e muito baixa probabilidade de ocorrência durante a vida
da construção, mas que devem ser consideradas nos projetos de determinadas
estruturas... Consideram-se como excepcionais as ações decorrentes de causas tais
como explosões, choques de veículos, incêndios, enchentes ou sismos excepcionais.”

Conforme CARVALHO e FIGUEIREDO FILHO (2012), resumindo, as


ações podem ser classificadas, para o caso de construções usuais , como:

 Permanentes: peso próprio, retração, protensão, fluência e recalques;


 Variáveis: acidental, vertical, vento e temperatura.

2.10 Valores das Ações

2.10.1 Valores Característicos

Os valores característicos Fk das ações são estabelecidos nesta seção em


função da variabilidade de suas intensidades.

2.10.1.1 Ações Permanentes

Para as ações permanentes os valores característicos devem ser adotados


iguais aos valores médios das respectivas distribuições de probabilidade, sejam valores
característicos superiores ou inferiores. Esses valores estão definidos nesta seção ou
em Normas Brasileiras específicas, como a NBR 6120/80.

2.8.1.2 Ações Variáveis

Os valores característicos das ações variáveis, Fqk, estabelecidos por


consenso e indicados em Normas Brasileiras específicas, correspondem a valores que
33

têm de 25 % a 35 % de probabilidade de serem ultrapassados no sentido desfavorável,


durante um período de 50 anos, o que significa que o valor característico Fqk é o valor
com período médio de retorno de 200 anos a 140 anos respectivamente.

Esses valores estão definidos nesta seção ou em Normas Brasileiras


específicas como a NBR 6120/80.

2.10.2 Valores Representativos

As ações são quantificadas por seus valores representativos, que podem ser:

a) os valores característicos;
b) valores convencionais excepcionais, que são os valores arbitrados para as ações
excepcionais;
c) valores reduzidos, em função da combinação de ações, tais como:
− verificações de estados limites últimos, quando a ação considerada se
combina com a ação principal. Os valores reduzidos são determinados a partir dos
valores característicos pela expressão  0 Fk, que considera muito baixa a
probabilidade de ocorrência simultânea dos valores característicos de duas ou mais
ações variáveis de naturezas diferentes;

− verificações de estados limites de serviço. Estes valores reduzidos são


determinados a partir dos valores característicos pelas expressões  1 Fk e  2 Fk, que
estimam valores frequentes e quase permanentes, respectivamente, de uma ação que
acompanha a ação principal.

2.10.3 Valores de Cálculo

Os valores de cálculo Fd das ações são obtidos a partir dos valores


representativos, multiplicando-os pelos respectivos coeficientes de ponderação γf ,
definidos a seguir.

2.10.4 Coeficientes de Ponderação das Ações


34

As ações devem ser majoradas pelo coeficiente γf, cujos valores encontram-
se mostrados nas Tabelas 2 e Tabela 3. O valor do coeficiente de segurança das ações
é dado por:

γf = γf1 γf2 γf3

2.10.4.1 Coeficientes de Ponderação das Ações no Estado Limite Último (ELU)

Os valores-base para verificação são os apresentados no Quadro 2 e Quadro


3, para γf1 .γf3 e γf2, respectivamente.

Segundo a NBR 8681/03, “quando se consideram estados limites últimos, os


coeficientes γf de ponderação das ações podem ser considerados como o produto de
dois outros, γf1 e γf3 (o coeficiente de combinação 0 faz o papel do terceiro
coeficiente, que seria indicado por γf2). O coeficiente parcial γf1 leva em conta a
variabilidade das ações e o coeficiente γf3 considera os possíveis erros de avaliação
dos efeitos das ações, seja por problemas construtivos, seja por deficiência do método
de cálculo empregado.”

Os coeficientes γf constantes no Quadro 2 variam conforme o tipo de


combinação das

ações, que podem ser normais, especiais e excepcionais. Esses três tipos de
combinação encontram-se definidos no item 2.8.5.

Quadro 2 - Coeficiente γf = γf1 . γf3

(FONTE: NBR 6118/2014)


35

Quadro 3 - Valores do coeficiente γf2.

(FONTE: NBR 6118/2014)

2.10.4.2 Coeficientes de Ponderação das Ações no Estado Limite de Serviço (ELS)

Em geral, o coeficiente de ponderação das ações para estados limites de


serviço é dado pela expressão γf = γf2. O coeficiente γf2 tem valor variável conforme
a verificação que se deseja fazer (Quadro 3):

a) γf2 = 1 para combinações raras;


b) γf2 =  1 para combinações frequentes;

c) γf2 =  2 para combinações quase permanentes.

2.10.5 Combinações de Ações

Conforme o item 11.8 da NBR 6118/2014, um carregamento é definido pela


combinação das ações que têm probabilidades não desprezíveis de atuarem
simultaneamente sobre a estrutura, durante um período preestabelecido.
36

A combinação das ações deve ser feita de forma que possam ser
determinados os efeitos mais desfavoráveis para a estrutura; a verificação da
segurança em relação aos estados limites últimos e aos estados limites de serviço deve
ser realizada em função de combinações últimas e combinações de serviço,
respectivamente.

2.10.5.1 Combinações Últimas

Uma combinação última pode ser classificada em normal, especial ou de


construção e excepcional.

2.10.5.1.1 Combinações Últimas Normais

Em cada combinação devem estar incluídas as ações permanentes e a ação


variável principal, com seus valores característicos e as demais ações variáveis,
consideradas como secundárias, com seus valores reduzidos de combinação, conforme
NBR 8681/03.

2.10.5.1.2 Combinações Últimas Especiais ou de Construção

Em cada combinação devem estar presentes as ações permanentes e a ação


variável especial, quando existir, com seus valores característicos e as demais ações
variáveis com probabilidade não desprezível de ocorrência simultânea, com seus
valores reduzidos de combinação, conforme NBR 8681/03.

2.10.5.1.3 Combinações Últimas Excepcionais

Em cada combinação devem figurar as ações permanentes e a ação variável


excepcional, quando existir, com seus valores representativos e as demais ações
variáveis com probabilidade não desprezível de ocorrência simultânea, com seus
valores reduzidos de combinação, conforme NBR 8681/03. Nesse caso se enquadram,
entre outras, sismo, incêndio e colapso progressivo.
37

2.10.5.1.4 Combinações Últimas Usuais

Para facilitar a visualização, essas combinações estão dispostas no Quadro 4 .

Quadro 4 - Combinações últimas .

(FONTE: NBR 6118/2014)

2.10.5.2 Combinações de Serviço

São classificadas de acordo com sua permanência na estrutura e devem ser


verificadas como estabelecido a seguir:

a) quase permanentes: podem atuar durante grande parte do período de vida


da estrutura e sua consideração pode ser necessária na verificação do estado limite de
deformações excessivas;
38

b) frequentes: se repetem muitas vezes durante o período de vida da


estrutura e sua consideração pode ser necessária na verificação dos estados limites de
formação de fissuras, de abertura de fissuras e de vibrações excessivas. Podem
também ser consideradas para verificações de estados limites de deformações
excessivas decorrentes de vento ou temperatura que podem comprometer as vedações;

c) raras: ocorrem algumas vezes durante o período de vida da estrutura e sua


consideração pode ser necessária na verificação do estado limite de formação de
fissuras.

Para facilitar a visualização, as combinações de serviço usuais estão


dispostas no Quadro 5.

Quadro 5 - Combinações de serviço.

(FONTE: NBR 6118/2014)

2.11 Concepção Estrutural

Segundo REBELLO (2001), “Conceber uma estrutura é ter consciência


da possibilidade da sua existência; é perceber a sua relação com o espaço gerado; é
perceber o sistema ou sistemas capazes de transmitir as cargas ao solo, da forma mais
natural, é identificar os materiais que, de maneira mais adequada, se adaptam a esses
sistemas”.
39

“O problema tem como característica fundamental a complexidade, por causa


do número de variáveis presentes e da multiplicidade de soluções possíveis”
(CORRÊA, 1991).

Segundo ABECE (1998), “algumas reuniões entre o arquiteto e o engenheiro


calculista trazem benefícios imensos, pois é através dessa interação que algumas
dificuldades, normalmente encontradas entre a arquitetura e a estrutura, podem ser
rapidamente solucionadas, gerando economia e ótimos resultados para toda a
construção.”

LOURENÇO (1992) apresenta a seguinte subdivisão do projeto global de


edifícios de concreto armado:

Concepção: Este é o passo mais importante. Uma boa prática do projetista


obriga a uma visão global que forneça o suporte para as fases seguintes.

Dimensionamento: Significa definir as dimensões e armaduras da estrutura.


Este é um processo iterativo, intimamente ligado à concepção da estrutura, uma
mistura de racionalidade e intuição, onde a experiência subjetiva do projetista e as
condições objetivas da estrutura analisada se entrelaçam.

Validação: É o processo de substanciar os passos anteriores recorrendo a


uma análise final e completa. Esta análise confirma ou não o que já é conhecido.

2.11.1 Sistemas Estruturais

Os elementos que usualmente compõem as estruturas são as lajes, as vigas e


os pilares. A seguir apresenta-se uma breve descrição de cada elemento, apresentada
em BASTOS¹ (2006).

Laje: As lajes são os elementos planos que se destinam a receber a maior


parte das ações aplicadas numa construção, como de pessoas, móveis, pisos, paredes, e
os mais variados tipos de carga que podem existir em função da finalidade
arquitetônica do espaço físico que a laje faz parte. As ações são comumente
perpendiculares ao plano da laje (Figura 5), podendo ser divididas em: distribuídas na
área (peso próprio, revestimento de piso, etc.), distribuídas linearmente (paredes) ou
forças concentradas (pilar apoiado sobre a laje). As ações são geralmente transmitidas
40

para as vigas de apoio nas bordas da laje, mas eventualmente também podem ser
transmitidas diretamente aos pilares;

Viga: Pela definição da NBR 6118/2014 (item 14.4.1.1), vigas “são


elementos lineares em que a flexão é preponderante”. As vigas são classificadas como
barras e são normalmente retas e horizontais, destinadas a receber ações das lajes, de
outras vigas, de paredes de alvenaria, e eventualmente de pilares (Figura 5). A função
das vigas é basicamente vencer vãos e transmitir as ações nelas atuantes para os
apoios, geralmente os pilares. As ações são geralmente perpendicularmente ao seu
eixo longitudinal, podendo ser concentradas ou distribuídas. Podem ainda receber
forças normais de compressão ou de tração, na direção do eixo longitudinal. As vigas,
assim como as lajes e os pilares, também fazem parte da estrutura de
contraventamento responsável por proporcionar a estabilidade global dos edifícios às
ações verticais e horizontais;

Pilar: Pilares são “elementos lineares de eixo reto, usualmente dispostos na


vertical, em que as forças normais de compressão são preponderantes” (NBR
6118/2014, item 14.4.1.2). São destinados a transmitir as ações às fundações, embora
possam também transmitir para outros elementos de apoio. As ações são provenientes
geralmente das vigas, bem como de lajes também (Figura 5).

Figura 5- Perspectiva de parte de um edifício. (FONTE: RÜSCH, 1981).


41

2.11.1.1 Sistemas Estruturais Formados por Lajes, Vigas e Pilares

“Diversos métodos de cálculo estrutural e processos executivos foram


desenvolvidos nas últimas décadas, mas apesar disso o que prevalece no mercado de
edifícios residenciais, por efeito cultural, são estruturas formadas por vigas e lajes”
(CAUDURO e LEME, s/d).
Entende-se como estrutura convencional aquela em que as lajes se apoiam
em vigas e as vigas sobre pilares (tipo laje-viga-pilar).

2.11.1.2 Lançamento de Vigas e Pilares

Define-se como “lançamento de vigas e pilares” o procedimento de locar,


sobre a arquitetura, as vigas e pilares resultantes da concepção estrutural adotada
(REBELLO, 2001).
SOARES e DEBS (1999) informam que existe um número razoável de
variáveis na determinação do posicionamento dos elementos estruturais,
principalmente no que diz respeito aos pilares. Além das características dos materiais,
geométricas e das ações externas, a localização ideal dos pilares numa estrutura varia
com o tipo de solo, processo construtivo, forma de execução, preço da mão-de-obra,
preço das estruturas, tempo disponível de construção, etc. Afirmam que a arquitetura é
o que mais restringe o projeto estrutural, sendo muito difícil a coincidência de
idealização dos projetos. Devido a toda essa dificuldade, hoje em dia um dos poucos
passos que é feito exclusivamente pelo homem, sem o auxílio do computador, é a
determinação do posicionamento dos elementos estruturais, sendo esta distribuição dos
elementos mais próxima da ótima quanto maior a experiência do engenheiro.
Segundo ALBUQUERQUE (1999), o lançamento da estrutura segue alguns
critérios. “Geralmente se inicia pela locação dos pilares no pavimento-tipo, que segue
a seguinte ordem: pilares de canto, pilares nas áreas comuns a todos os pavimentos
(região da escada e dos elevadores), pilares de extremidade (situados no contorno do
pavimento) e finalmente pilares internos”. E complementa “... a colocação das vigas
vai depender do tipo de laje que será adotada, já que as vigas delimitam o contorno das
lajes. Devem-se colocar as vigas no alinhamento das alvenarias e começar definindo
as vigas externas do pavimento. Além daquelas que ligam os pilares que constituem os
pórticos, outras vigas podem ser necessárias, para dividir um painel de laje com
grandes dimensões. Com o posicionamento das vigas as lajes ficam praticamente
42

definidas, faltando apenas, caso existam, as lajes em balanço”.


As vigas devem ser lançadas levando-se em consideração os três principais
aspectos: vãos das lajes, embutimento nas paredes de vedação e a configuração da
estrutura para resistência à ação horizontal do vento.

2.12 Estrutura Convencional com Lajes Maciças

“Lajes maciças são aquelas onde toda a espessura é composta por concreto,
contendo armaduras longitudinais de flexão e eventualmente armaduras transversais, e
apoiadas em vigas ou paredes ao longo das bordas. Lajes com bordas livres são casos
particulares das lajes apoiadas nas bordas” (BASTOS², 2005).
Segundo ALBUQUERQUE (1999), entende-se como estrutura
convencional aquela em que as lajes se apoiam em vigas (tipo laje-viga-pilar). A laje
maciça não pode vencer grandes vãos, devido ao seu peso próprio. É pratica usual
adotar-se como vão médio econômico das lajes um valor entre 3,5m e 5m. Nas lajes
maciças devem ser respeitados os seguintes limites mínimos para a espessura:
a) 5 cm para lajes de cobertura;
b) 7 cm para lajes de piso;
c) 10 cm para lajes que suportem veículos de peso total menor ou igual a 30
kN;
d) 12 cm para lajes que suportem veículos de peso total maior que 30 kN.
Algumas desvantagens desse sistema são:
 Devido aos limites impostos, apresenta uma grande quantidade de vigas,
fato esse que deixa a forma do pavimento muito recortada, diminuindo a
produtividade da construção;
 Os recortes diminuem o reaproveitamento das formas;
 Apresenta grande consumo de concreto, aço e formas.

E as principais vantagens são:


 A existência de muitas vigas, por outro lado, forma muitos pórticos, que
garantem uma boa rigidez à estrutura de contraventamento;
 Há uma grande contribuição das mesas na deformação das vigas;
43

2.13 Estrutura Convencional com Lajes Nervuradas

2.13.1 Lajes Nervuradas

A NBR 6118/14 (item 14.7.7) define laje nervurada como “as lajes
moldadas no local ou com nervuras pré-moldadas, cuja zona de tração para momentos
positivos está localizada nas nervuras entre as quais pode ser colocado material
inerte”.
Segundo FIGUEIREDO FILHO e CARVALHO (2004), a laje nervurada
pode ser entendida como a evolução da laje maciça. Quando o vão livre de uma laje é
grande pode ser antieconômico o emprego de lajes maciças, pois nesse caso a
espessura de laje necessária para garantir pequenas deformações será grande. Como
em estruturas de concreto armado o papel do aço é resistir aos esforços de tração, o
concreto submetido à tração não tem função estrutural, serve apenas para proteger e
manter a armadura tracionada em sua posição e garantir a altura útil da laje. O
concreto atua então como material inerte e, consequentemente, com grande peso
próprio, podendo ser retirado ou substituído por outros tipos materiais inertes com
menor peso próprio. A ausência de grande parte do concreto tracionado desloca o CG
(centro de gravidade - por onde passa a linha de influência), fazendo com que se
acumulem as tensões de compressão na parte inferior ou superior da laje, dependendo
do sinal do momento fletor ao qual a seção da laje está submetida (Figura 2.16).

Figura 6 - Seção transversal de laje maciça e laje nervurada submetida à flexão. (FONTE:
FIGUEIREDO FILHO e CARVALHO, 2004).
44

Segundo BOCCHI (1995), a prática usual consiste em fazer painéis com


vãos maiores que os das lajes maciças, apoiados em vigas mais rígidas que as
nervuras.
VIEGAS e SOUSA (2004) recomendam o uso de lajes nervuradas para vãos
de 10 a 12 m, sendo possível até 15 m em edifícios residenciais e comerciais. De fato,
é possível vencer grandes vãos, pois com o alívio de carga e a economia de concreto
gerada, as lajes ainda são econômicas mesmo tendo de uma grande altura. Por
apresentar um braço de alavanca maior (distância entre as resultantes das tensões de
tração na armadura e compressão no concreto) do que as lajes maciças, as lajes
nervuradas têm uma maior rigidez e resistem a maiores esforços (ou vencem vãos
maiores), com um aproveitamento mais eficiente do aço e do concreto.
Para a altura da laje, ALBUQUERQUE (2002) recomenda valores entre
L/30 e L/40 do menor vão da laje.

2.13.1.1 Prescrições da NBR 6118/2014

A norma NBR 6118/2014 apresenta algumas prescrições relativos às lajes


nervuradas nos itens 13.2.4.2 e 14.7.7
No item 13.2.4.2 apresentam-se as dimensões limites para lajes nervuradas.
“A espessura da mesa, quando não houver tubulações horizontais
embutidas, deve ser maior ou igual a 1/15 da distância entre nervuras e não menor que
3 cm.
O valor mínimo absoluto deve ser 4 cm, quando existirem tubulações
embutidas de diâmetro máximo 12,5 mm.
A espessura das nervuras não deve ser inferior a 5 cm.
Nervuras com espessura menor que 8 cm não devem conter armadura de
compressão”.
“Para o projeto das lajes nervuradas devem ser obedecidas as seguintes
condições:
a) para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras menor ou igual a 65
cm, pode ser dispensada a verificação da flexão da mesa, e para a
verificação do cisalhamento da região das nervuras, permite-se a
45

consideração dos critérios de laje;


b) para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras entre 65 cm e 110 cm,
exige-se a verificação da flexão da mesa e as nervuras devem ser
verificadas ao cisalhamento como vigas; permite-se essa verificação como
lajes se o espaçamento entre eixos de nervuras for até 90 cm e a largura
média das nervuras for maior que 12 cm;
c) para lajes nervuradas com espaçamento entre eixos de nervuras maior que
110 cm, a mesa deve ser projetada como laje maciça, apoiada na grelha de
vigas, respeitando-se os seus limites mínimos de espessura”.

2.13.1.2 Material de Enchimento

A resistência do material de enchimento (materiais inertes) não é


considerada, ou seja, não contribui para aumentar a resistência da laje nervurada. São
as nervuras, unidas e solidarizadas pela mesa (ou capa), que proporcionam a
necessária resistência e rigidez. Para a execução das nervuras existem vários tipos de
materiais, classificados aqui em dois grupos: os moldes reaproveitáveis e as fôrmas
perdidas.
Os moldes reaproveitáveis são utilizados quando se deseja deixar o vazio
entre as nervuras, reduzindo significativamente o peso próprio da laje. Usualmente os
moldes reaproveitáveis são denominados caixotes, sendo feitos de material resistente
às forças aplicadas no lançamento do concreto, e leve, para facilitar o manuseio.
Dentre os materiais mais utilizados destacam-se o plástico, o polipropileno, o
poliestireno expandido (EPS) ou isopor e o metal.
As fôrmas perdidas são aquelas que ao serem usadas, permanecem na laje,
como material inerte ou de enchimento. As resistências destes materiais não são
consideradas, ou seja, não contribuem para aumentar a resistência da laje nervurada.
Em geral utilizam-se blocos cujo material apresenta baixo peso próprio e boa
resistência. Os mais comuns são blocos de EPS (isopor) e blocos de cimento celular
autoclavado.

2.13.2 Lajes Pré-moldadas

Segundo BORGES (1997), a pré-fabricação é um método industrial de


46

construção no qual os elementos fabricados em série, por sistemas de produção em


massa, são posteriormente montados em obra, tendo como principais vantagens a
redução do tempo de construção, do peso da estrutura e, consequentemente, do custo
final da obra. Pode-se ainda salientar como grande vantagem a ausência de formas
para as lajes.
Vários tipos de lajes pré-moldadas são oferecidas no mercado. Destacam-se
entre elas: laje alveolar, laje com vigotas e laje treliçada. Dentre essas, a que será
utilizada neste trabalho é a laje treliçada, por ser indicada para edifícios de múltiplos
andares que requerem, além do efeito de placa, o efeito de chapa.

2.13.2.1 Lajes treliçadas

Lajes treliçadas (figura 4.2) são lajes nervuradas compostas de elementos


pré-fabricados, constituídos de treliças eletrossoldadas como armadura na formação da
seção estrutural, entre as quais são utilizados blocos de material leve (LIMA, 1993).
Esse material leve é não estrutural e pode ser composto por: bloco cerâmico, bloco de
concreto ou bloco de EPS (poliestireno expandido). A solidarização é feita com a
concretagem da capa juntamente com as nervuras.

Figura 7 - Seção transversal de laje treliçada. (FONTE: ALBUQUERQUE,1999).

Esse tipo de laje permite a utilização de nervuras transversais (lajes


treliçadas bidirecionais), que serão muito importantes para diminuição das flechas e no
travamento transversal da laje. De acordo com GASPAR (1997), a montagem de
nervuras transversais aumenta o campo de aplicação dessas lajes, pois além da
conhecida função de placa, consegue-se também que estas funcionem como chapas,
47

colaborando na estabilidade global de edifícios de múltiplos andares, transferindo


esforços horizontais para os painéis de contraventamento.

Outras vantagens são:

 fácil colocação de armaduras adicionais, possibilitando vãos maiores;


 as barras diagonais tendem a criar uma ligação contínua entre os elementos
pré-fabricados e o capeamento, resultando em boa resistência a tensões de
cisalhamento;
 facilidade de manuseio, devido ao baixo peso.
As lajes treliçadas têm altura (h) variando entre 10 e 30 cm e vãos usuais de
4 a 7 m, podendo chegar a vãos de até 12 m.

2.13.2.1.1 Material de Enchimento

Em princípio qualquer material inerte pode ser utilizado como material de


enchimento.

O elemento de enchimento, que na maioria das vezes fica incorporado na


laje, pode ser de bloco cerâmico (lajota), bloco de concreto comum, bloco de concreto
celular, bloco de EPS (isopor) ou outros suficientemente rígidos que não produzam
danos ao concreto nem às armaduras. O mais comum é o uso de tijolos cerâmicos,
blocos EPS (isopor) ou uma combinação destes dois tipos de materiais.

A função do elemento de enchimento é aumentar a altura da laje, aumentar


o braço de alavanca formado pela capa de concreto comprimido e a armadura
tracionada. Como o concreto abaixo da linha neutra não tem função estrutural, ele é
substituído por materiais leves e vazios. As únicas cargas que os elementos de
enchimento devem suportar são o peso do concreto fresco moldado no local e as ações
de execução.
48

3 ESTRUTURA PROJETADA

3.1 METODOLOGIA

Á análise dos projetos em suas diversas etapas se dará através do software


Eberick, com respaldo na bibliografia técnica competente.
Esse sistema computacional de acordo com a classificação de Kimura
(2007) trata-se de um Sistema Integrado, que é aquele que abrange todas as etapas do
projeto. No nosso caso se mostrando a ferramenta mais interessante, e a mais utilizada.
Pois calcula a estrutura, dimensiona e detalha as armaduras, gera e imprime os
desenhos finais.
Para o desenvolvimento do projeto estrutural, será utilizado o projeto
arquitetônico desenvolvido desde sua concepção pela estagiária, juntamente com a
equipe técnica da empresa, durante o período de estágio.

3.1.1 Atividades desenvolvidas durante o período de estágio:

Durante o tempo de duração do estágio, desenvolvemos diversos trabalhos,


projetos e estudos na área de engenharia, como projetos arquitetônicos, estudos de
viabilidades de empreendimentos, projetos hidráulicos, sanitários, elétricos, de gás,
gerenciamento de resíduos da construção civil, estruturais, além de documentação e
processos de aprovação de projetos perante a Prefeitura Municipal de Lages.
Como o nosso maior desafio foi durante os projetos estruturais, passamos a
utilizar o software Eberick para o desenvolvimento das estruturas, uma das edificações
calculadas é trazida como exemplo a seguir:
49

1.1.2 Descrição da Futura Edificação:

Trata-se de uma edificação de dois pavimentos, com uma área de 173,0 m².
A edificação constará de 02 dormitórios, 01 suíte máster com closet, 01
banheiro social, 01 área de serviço, sala de estar, sala de jantar, cozinha, sacada,
garagem e área de lazer.

Figura 8- Layout pavimento térreo. (FONTE: Autora, 2014)


50

Figura 9 - Layout pavimento superior. (FONTE: Autora , 2014)


51

Figura 10 - Fachada futura edificação. (FONTE: Arquivo pessoal , 2014)

Figura 11 -Vista lateral futura edificação. (FONTE: Arquivo pessoal, 2014)


52

3.2 Etapas seguidas durante o processo do projeto estrutural :

3.2.1 Escolha dos tipos de estruturas, materiais e métodos construtivos

Adotamos para a nossa estrutura o uso de lajes pré-moldadas preenchidas com


blocos de EPS. Pilares, vigas, escadas, fundação em sapatas isoladas, em concreto
armado.
O programa possui as configurações de todas as etapas e parâmetros de projeto,
para cada elemento de projeto configuramos os coeficientes de acordo com a NBR
6118/14 e as demais normas acima citadas:

Figura 12- Janela de Configurações e lançamento dos critérios de projeto. (FONTE:


Eberick V8 ,2014)

3.2.2 Lançamento da estrutura no software Altoqi Eberick;


53

A partir do lançamento do novo projeto, assim que definidos os pavimentos, o


programa já calcula os níveis da estrutura que servirão para delimitações do nosso
projeto.

Figura 13 -Lançamento de pavimentos. (FONTE: Eberick V8, 2014).

A partir daí inicia-se as o lançamento da arquitetura a qual servirá de base.


Depois da definição dos nossos pavimentos, passamos para a concepção da nossa
estrutura, definindo local, orientação e seções iniciais de pilares e vigas. Além dos
pavimentos acima, incluímos no térreo um pavimento intermediário na altura de 140
cm, para servir de apoio para o lançamento da escada. Durante o lançamento dos
elementos já lançamos as cargas que cada um seria exposto, como por exemplo, as
cargas de parede acima do elemento. As cargas de peso próprio são calculadas
automaticamente pelo programa. Além dessas podemos lançar, cargas acidentais,
excêntricas entre outras.
Depois dessas delimitações em nosso croqui, lançamos as lajes e escada de
nossa edificação. As vigas que se apoiam em outras vigas foram rotuladas, para
obtermos uma estrutura mais econômica. Em favor da economia também, engastamos
as lajes que poderiam ser engastadas.
54

Figura 14 - Croqui do pavimento térreo da edificação exemplo. (FONTE: Autora,2014) .

Após o lançamento do croqui em cada pavimento, o Eberick define os pilares


que nascem e morrem em cada andar.
Depois de lançado os elementos, é gerado o pórtico 3D onde, podemos
verificar toda a estrutura de maneira visual, identificando possíveis falhas de
lançamento, pontos de otimização.
55

Figura 15 - Pórtico 3D da estrutura já lançada. (FONTE: Autora,2014).

Depois da concepção de toda a estrutura, no pavimento baldrame,


transformamos os pilares em sapatas. Como informamos os dados dos solos, o
programa calcula e define automaticamente as dimensões das fundações.
Definido todos os elementos necessários para sustentação da estrutura,
pudemos partir para o processamento da estrutura:
56

Figura 16 - Janela de Processamento da estrutura. (FONTE: Eberick V8,2014).

Caso ocorra alguma falha durante qualquer etapa do projeto, o usuário é


informado:

Figura 17 - Exemplo de erro de lançamento de estrutura. (FONTE: Eberick V8,2014).

Resultado do processamneto da nossa estrutura:


57

Figura 18 - Resultado do processamento de nossa estrutura. (FONTE: Eberick V8,2014).

Esse resultado indica que o lançamento de nossa estrutura foi feito de maneira
correta. Nas abas dos resultados e mensagens da Análise Estática Linear, analisamos
todo o processo de cálculo e iteração do cálculo. Vericamos então que a nossa
estrutura está dentro dos parâmetros estipulados por norma, e que todos os pavimentos
foram calculados com sucesso.

Figura 19 - Janela de resultados e mensagens do processamento da estrutura. (FONTE:


Eberick V8,2014).

3.2.3 Análise da melhor concepção estrutural considerando o binômio segurança-


58

economia.

Após o processamento da estrutura, temos acesso aos elementos já calculados, e


podemos identificar possíveis erros, imprecisões, ajustes necessários, e como a
estrutura irá se comportar, podemos também ajustar os elementos para que eles se
tornem os mais econômicos possíveis, sempre respeitando os critérios de segurança.
Sempre que algum elemento apresenta algum problema de dimensionamento, o
programa indica qual está com o problema, suas causas e possíveis soluções.
Exemplo de viga que precisou ser alterada em nosso projeto, nesse caso a Viga
V06, destacada em vermelho na listagem de nossas vigas. Clicando em cada viga
temos as informações de Carga, Barra, Seção, Nó, Vão, Cisalhamento, Envoltória e
Abertura. Além dos gráficos de esforços solicitantes nos elementos.

Figura 20 - Janela de visualização das vigas. (FONTE: Eberick V8,2014).

Nesse caso a nossa viga estava apresentando o erro D16:


59

Figura 21 - Janela indicativa de erro da viga V6. (FONTE: Eberick V8,2014).

Esse erro foi facilmente corrigido aumentando a seção da viga, em sua base de 12
para 15 cm e recalculando as nossas vigas.

3.2.4 Análise da estrutura;

Para análise da estrutura verificamos as condições de cada elemento e contamos com o


auxílio do pórtico de esforços do modelo elástico, que nos permitem visualizar o
comportamento da estrutura, quanto aos momentos axiais, fletores, torsores, cortantes, e
deslocamentos. Tanto para o dimensionamento quanto para o pórtico, o programa analisa
diversas combinações de esforços, de cargas e ações combinadas.
60

Figura 22 - Pórtico de deslocamentos da estrutura processada. (FONTE: Eberick V8,2014).

Como podemos verificar no modelo de deslocamentos acima, os maiores


deslocamentos estão em vermelho na estrutura. Nesse caso na região onde a viga V06
apoia o pilar P10. Esta situação já estava prevista por nós, uma vez que o pilar P10,
não tem continuidade no térreo, pois temos a garagem.

3.2.5 Detalhamento da estrutura

O software gera todo o detalhamento dos elementos da estrutura , bem como


as pranchas dos mesmos, plantas de formas dos pavimentos, plantas de locação das
fundações, e cortes nos pontos determinados pelo usuário. São detalhadas armaduras
longitudinais, transversais, estribos, ancoragens, de esperas, seções, posições de
armaduras, relatórios de materiais necessários, entre outros. A fim de garantir todos os
padrões de utilização, segurança, estética e construtibilidade, o projeto estrutural
constará de,planta de locação e cargas, plantas de fôrmas, detalhamentos de
armaduras, memorial descritivo, e quantitativo de materiais.
61

Ao total nosso projeto resultou em:

 08 pranchas de detalhamento dos elementos estruturais de todos os pavimentos, com o


resumo de aço.

Exemplo de detalhamento (viga V01):

Figura 23 - Detalhamento da viga V01 da estrutura processada. (FONTE: Eberick


V8,2014).

 05 pranchas de forma;
 01 prancha de planta de locação das fundações;
 01 planta de cargas recebidas por cada pilar;
 03 pranchas de cortes das estruturas.
62

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As atividades desenvolvidas durante o período de estágio contribuíram, para


meu desenvolvimento profissional, de forma que aliaram os conhecimentos adquiridos
em sala de aula, com as rotinas profissionais.
A manipulação do software proporcionou além da praticidade e do alto grau
de detalhamento da estrutura, uma outra visão sobre o projeto estrutural, pois
proporcionou a visão da estrutura e de seu comportamento e de como os elementos
interagem entre si.
O projeto estrutural é parte fundamental para a realização de uma obra, e
quanto maior for o grau de detalhamento e fidelidade às solicitações que a futura
edificação terá que suportar, sua construção terá menos situações imprevistas, maior
segurança e economia, além de que um projeto estrutural de qualidade evita e previne
possíveis patologias.
O software Eberick entre outros nessa área, e em outras, constitui uma
excelente ferramenta, que cada vez mais inevitavelmente influenciam o panorama da
engenharia, otimizam e aumentam a qualidade, produtividade e segurança dos
projetos.
No entanto, também possuem suas devidas limitações, pois se tratam de
uma ferramenta auxiliar, ficando a cargo do engenheiro a interpretação da estrutura, e
as solicitações reais a qual a estrutura será submetida, sempre respeitando as normas
técnicas, adotando critérios de projeto configurados de maneira correta.
Outro fator que deve ser analisado é o grau de dificuldade de execução que
o projeto terá, uma vez que quanto mais simplificado (na medida do possível), menor
será a chance de falhas na execução, maior a produtividade, e menor risco de colapso.
Em fim um projeto estrutural de qualidade com funcionalidade, segurança,
durabilidade, construtibilidade e integração com os demais projetos das edificações.
63

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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