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ISKCON – Soc. Internacional para a Consciência de Kåñëa - Fundador Äcärya A. C.

Bhaktivedanta Swami Prabhupäda 1

O que se espera de uma mulher?1


Como mulheres conscientes de Kåñëa podem servir ao Senhor?

Por Viçäkhä Devé Däsé (ACBSP)


Tradução por Gétämrtä Devé Däsé (HDG)

“Estas mulheres não são mulheres comuns. São pregadoras.


São vaishnavas. Por sua associação, uma pessoa se torna vaishnava”.
(Çréla Prabhupäda, caminhada matinal, 27 de março de 1974)

Çréla Prabhupäda, o maior representante da Índia para o mundo ocidental, não só estabeleceu äçramas e
templos no ocidente, mas toda uma sociedade espiritual. Para fazer isto, ele inspirou tanto mulheres como
homens a se tornarem devotos do Senhor Kåñëa. Ele autorizou as mulheres a viverem em äçramas e a servirem
ao Senhor em uma grande variedade de formas, algumas delas não-convencionais, apesar de exatamente de
acordo com os ensinamentos do Senhor Kåñëa.
Qual é a posição das mulheres na Sociedade Internacional para a Consciência de Kåñëa (ISKCON), a
sociedade que Çréla Prabhupäda fundou? Para responder, vamos, primeiramente, observas os propósitos da
ISKCON. Na visão de seu fundador, os membros dela se dedicam à prática da vida espiritual e à distribuição de
conhecimento e técnicas espirituais para os/as outros/as. Çréla Prabhupäda ensinou que a verdadeira vida
espiritual significa oferecer serviço devocional ao Senhor Supremo, Çré Kåñëa. Serviço devocional implica em
aplicar todos nossos sentidos a serviço do Senhor, o mestre dos sentidos. Este serviço purifica nossos sentidos e
nos liberta das designações materiais. Assim, ao ensinar o serviço devocional, Çréla Prabhupäda mostrou o que
queria de seus/suas seguidores/as – homens, mulheres e crianças –: tornarem-se livres de todas as designações
materiais e recuperar sua identidade original pura.
Outra maneira de compreender a mensagem e a missão de Çréla Prabhupäda é refletir sobre a palavra
sânscrita dharma. Dharma é a função essencial ou natureza de alguma coisa. Uma pessoa pode dizer que o
dharma do fogo é o calor, o dharma da água, liquidez, e o dharma do açúcar, doçura.
Qual o dharma da entidade viva? Prestar serviço. Çréla Prabhupäda escreve:

Nós podemos facilmente ver que toda entidade viva está constantemente empenhada em prestar
serviço a outra entidade viva. Uma entidade viva serve a outras entidades vivas em várias
capacidades. Por fazer isto, ela goza a vida. Os animais inferiores servem aos homens como
servos servem a seus senhores. ... Um amigo serve a outro amigo, a mãe serve ao filho, a esposa
serve ao marido, o marido serve à esposa, e assim por diante. Se nós continuarmos pesquisando
com este espírito, veremos que não há exceções na sociedade das entidades vivas quanto a
atividade de serviço... e, portanto, nós podemos seguramente concluir que este serviço é à
constante companhia da entidade viva e que a prestação de serviço é a eterna religião [dharma] da
entidade viva. (Bhagavad-gétä como ela é, Introdução – grifo da tradutora)

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In: Back to Godhead, mar/abr, 1999.
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No mundo material toda entidade viva habita um corpo constituído por elementos materiais. Cada um de
nós é um ser vivente (alma), agora coberto por um corpo material sutil e grosseiro. Devido à nossa natureza
original, que é espiritual, e nossa cobertura, que é material, cada um de nós tem dois tipos de dharma: dharma
eterno (sanätana), nosso serviço espiritual ao espírito Supremo, ao Senhor Çré Kåñëa; e nosso dharma próprio
(sva), o serviço apropriado para nossa mente, inteligência e sentidos particulares.

O Senhor Kåñëa diz (Bhagavad-gétä 4.13) que as qualidades e atividades de uma pessoa, e não seu
nascimento, determinam seu sva-dharma. De acordo com as qualidades e atividades dos seres vivos, o Senhor
criou quatro tipos de ocupação para o funcionamento regular da sociedade humana: brähmaëas (sacerdotes ou
sacerdotisas eruditos/as, professores/as e conselheiros/as), kñatriyas (líderes governamentais e militares), vaiçyas
(fazendeiros/as, homens ou mulheres de negócio e protetores/as das vacas) e os çüdras (trabalhadores/as e
artesões/ãs) (Em nossos tempos confusos, muitas pessoas não se encaixam completamente em uma ocupação,
mas expressam seus talentos em várias áreas).

O Time de Cônjuges

Seja qual for a posição neste sistema social, aqueles/as que preenchem os vários papéis geralmente não o
fazem sozinhos/as, mas juntos/as, em um time de cônjuges. Os homens e as mulheres de naturezas e inclinações
compatíveis se casam e um/a auxilia o/a outro/a e assumem como principal responsabilidade a casa e os/as
filhos/as. Çréla Prabhupäda escreve “Um/a cônjuge não deve apenas ser igual ao seu/sua companheiro/a em
idade, caráter e qualidades, mas deve ser útil para ele/a em seus deveres de casa” (Çrémad Bhägavatam 3.22.11,
Significado). E o Çrémad Bhägavatam (10.60.15) declara que “O casamento e a amizade são apropriados entre
duas pessoas que são iguais em termos de condição material financeira, nascimento, influência, aparência física e
a capacidade de obter boa progênie, mas nunca entre alguém superior e outro inferior”. Então, o/a cônjuge de
um/a brähmana é como um/a pai/mãe para os/as alunos/as, a rainha é considerada uma mãe pelos cidadãos/ãs, as
mulheres agricultoras são especialistas em usar o leite e outros produtos das vacas e da terra, e assim por diante.
Desta forma, os/as cônjuges estão completamente ocupados/as e, numa sociedade composta por tais famílias, a
paz, a felicidade, a completude e o espírito cooperativo prevalecerão.
Ainda assim, nosso sva-dharma não estará completo a menos que também vinculado ao sanätana-
dharma. “As atividades ocupacionais que uma pessoa faz de acordo com sua própria posição são tão somente
trabalho inútil se elas não causam atração pela mensagem da Suprema Personalidade de Deus” (Çrémad
Bhägavatam 1.2.8). Explicando este verso, Çréla Prabhupäda escreve:

O eu [a alma] está além do corpo grosseiro e da mente sutil. Ele é o princípio ativo potente do
corpo e da mente. Sem saber das necessidades da alma dormente, alguém não pode ser feliz
simplesmente com a imitação do corpo e da mente. O corpo e a mente são nada mais que
coberturas externas superficiais da alma espiritual. As necessidades da alma espiritual devem ser
satisfeitas. Simplesmente por limpar a gaiola do pássaro, uma pessoa não satisfaz o pássaro.
Deve-se, na verdade, conhecer as necessidades do pássaro em si.
A necessidade da alma espiritual é desejar sair da esfera limitada do cativeiro material e satisfazer
seu desejo por liberdade completa. Ela quer deixar os muros cobertos do universo maior. Ela quer
ver a luz livre e o espírito. Essa completa liberdade é alcançada quando ela encontra o espírito
completo, a Suprema Personalidade de Deus.
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Çréla Prabhupäda fundou a ISKCON para este fim: preparar as pessoas para deixar a esfera limitada do
enredamento material e encontrar o Supremo Senhor. Apesar de estar na ordem de vida renunciada (sannyäsa),
Çréla Prabhupäda arranjou, e algumas vezes conduziu, os casamentos de seus/suas discípulos/as. Ele ocupou
estes/as jovens em uma variedade de serviços de acordo com tanto suas propensões (sva-dharma) como seu
serviço ao Senhor (sanätana-dharma). Sob a direção de Çréla Prabhupäda, ambos devotos e devotas serviram
como artistas, cantores/as, presidentes/as, adoradores/as de Deidades, distribuidores/as de livros, e assim por
diante. Por exemplo, meu esposo, Yaduvara Däsa, e eu, fotógrafo e fotógrafa treinados, servimos na ISKCON
juntos; meu esposo como cineasta, e eu como fotógrafa e técnica de som. Nós, às vezes, filmávamos e
fotografávamos Çréla Prabhupäda, que mais de uma vez comentou: “Cônjuges trabalhando juntos em
consciência de Kåñëa – isto é muito bom”.
Outro exemplo: quando três casais começaram um centro para a consciência de Kåñëa com sucesso em
Londres, Çréla Prabhupäda notou que seu mestre espiritual havia desejado um espaço desse em Londres muitos
anos antes, mas os discípulos sannyäsés não haviam obtido sucesso em estabelecê-lo. Os/As chefes de família
jovens e ocidentais conscientes de Kåñëa de Çréla Prabhupäda haviam sido bem sucedidos/as onde renunciantes
indianos maduros não haviam.
A visão de Çréla Prabhupäda era de seus/suas discípulos/as se casarem e servirem ao Senhor juntos/as
em harmonia. Ele escreve: “Um/a cônjuge é necessária/a para auxiliar no avanço espiritual e material. É dito que
um/a companheiro/a proporciona a realização de todos os desejos na religião, no desenvolvimento econômico e
na gratificação dos sentidos. Se uma pessoa tem um/a bom/boa companheiro/a, deve ser considerado/a o/a mais
afortunado/a das pessoas” (Çrémad Bhägavatam 3.21.15, Significado). Çréla Prabhupäda queria ver casais
conscientes de Krishna de semelhantes inclinações e disposições felizes oferecendo seus serviços ao Senhor,
tornando seus lares propícios para a vida espiritual, para a criação de seus/suas filhos/as como devotos e devotas
e para fazer avanço espiritual sólido e gradual.

Serviço com Proteção

Enquanto este ideal é um tanto atrativo para a maioria das pessoas, também levanta questionamentos. O
que, se houver algo, pode uma mulher fazer além de ajudar ao seu esposo, além de seu serviço doméstico 2 e de
seus deveres sagrados como mãe? E quanto às mulheres não-casadas, viúvas, casadas sem filhos/as, ou casadas
com filhos/as crescidos/as? Seus serviços para com os/as filhos/as são não-existentes ou mínimos e seus serviços
no lar também mínimos.
Em resposta, o primeiro ponto é que as mulheres devem ser protegidas. Çréla Prabhupäda criticava o
assim chamado movimento para a liberação da mulher, o qual encoraja as mulheres a se tornarem desprotegidas
e, assim, disponíveis para serem exploradas por homens inescrupulosos. Çréla Prabhupäda observou como a
progênie indesejada de tais combinações desafortunadas são um embaraço para o governo, que é obrigado a
manter tantas mães sem cônjuges e crianças sem pais. Na cultura que Çréla Prabhupäda introduziu, um/a jovem é
treinado/a para ser uma pessoa responsável e de primeira classe. Então, se casa com um/a jovem compatível e
fiel. Em tal cultura, as mulheres são protegidas e os/as filhos/as crescem em um lar pacífico, estável com
ambos/as os/as pais/mães.
Ainda assim, é certamente possível que uma mulher seja protegida e, ao mesmo tempo, sirva ao Senhor
de acordo com sua habilidade única. Çréla Prabhupäda encorajou e às vezes insistiu para que suas discípulas
liderassem kértanas, falassem em público e distribuíssem seus livros. E, enquanto Çréla Prabhupäda desaprovava
que as mulheres liderassem um país, ele não via nenhum problema em mulheres serem líderes dentro de sua
sociedade espiritual. Por exemplo, na segunda metade dos anos 60, quando seu movimento ainda era um tanto

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Podemos entender serviço doméstico, aqui, como toda administração do lar, incluindo a economia e gerência de bens.
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jovem, ele colocou uma de suas jovens discípulas, Yaduräné Devé Däsé, no controle de todos os homens e
mulheres artistas criando pinturas para ilustrar seus livros.
Um pouco mais tarde, na primavera de 1970, quando Çréla Prabhupäda estava formando o GBC
(Governing Body Comission) como o braço gerencial da ISKCON, incluiu mulheres na lista de discípulos/as que
estava considerando para as posições.
Quando perguntado se uma mulher poderia se tornar presidente de templo (Chicago, 05 de julho de
1975), Çréla Prabhupäda respondeu, “Sim, por que não?” e , então, explicou que uma mulher deve permanecer
dependente de seu/sua pai/mãe de primeira classe, de um/a parceiro/a de primeira classe ou de seu/sua filho/a de
primeira classe. (Na análise final, apenas o Supremo Senhor, Çré Kåñëa, é independente, mas a cultura védica
especificamente instrui que as mulheres devem permanecer dependentes de sua relação familiar.)
Aqui, Çréla Prabhupäda afirma que uma mulher pode ser presidente de templo, mas ele também diz que
ela deve também ser dependente. Isto é uma contradição? Para obter algum vislumbre sobre isso, nos voltemos à
conversa entre Vallabha Bhatta, Advaita Äcärya e o Senhor Caitanya Mahäprabhu: um dia Vallabha Bhatta
disse a Advaita Äcärya, “Toda entidade viva é feminina [prakåti] e considera Kåñëa seu esposo [pati]. É o dever
de uma esposa casta, devotada a seu esposo, não pronunciar o nome de seu esposo, mas todos vocês cantam o
nome de Kåñëa. Como isto pode ser chamado de princípio religioso?” Advaita Äcärya respondeu, “A sua frente
está o Senhor Caitanya Mahäprabhu, a personificação dos princípios religiosos. Você deve perguntar-Lhe, pois,
ele lhe dará a resposta apropriada”. Ouvindo isto, o Senhor Caitanya Mahäprabhu disse, “Meu querido Vallabha
Bhatta, você não conhece os princípios religiosos. Na verdade, o primeiro dever de uma mulher casta é seguir a
instrução de seu esposo. A ordem de Kåñëa é cantar Seu nome incessantemente. Portanto, aquela que é casta e
leal ao esposo Kåñëa deve cantar o nome do Senhor, pois, ela não pode negar sua instrução” (Caitanya-
caritämåta, Antya-lélä 7.103-7).
Semelhantemente, sob a orientação de seu/sua mestre/a espiritual, uma mulher casta, consciente de
Kåñëa, incentivada por seu/sua pai/mãe, cônjuge ou filho/a conscientes de Kåñëa deve prestar qualquer serviço
ao qual ela seja qualificada a fazer, seja como mãe, cozinheira, presidente de templo, GBC ou mestre espiritual.
Em uma carta a Çélävaté Devé (14 de junho de 1969), Çréla Prabhupäda escreveu: “Agora, se você puder
induzir todas as mulheres de Los Angeles a colocar um altar em seus lares e ajudar seus/suas cônjuges a terem
uma vida familiar feliz em consciência de Kåñëa, isso será um grande serviço para você. (...) Caitanya
Mahäprabhu disse que qualquer pessoa que conheça a ciência de Kåñëa deve ser aceita como mestre espiritual,
independentemente de qualquer chamada qualificações, tais como ser rico/a ou pobre/a, homem ou mulher,
brähmana ou çüdra”.
Este mesmo ponto foi confirmado novamente, anos depois (18 de junho de 1976), quando o Prof.
O’Connell da Universidade de Toronto perguntou a Çréla Prabhupäda: “É possível, Swamiji, para uma mulher
ser um guru na linha de sucessão discipular?”.
Çréla Prabhupäda respondeu: “Sim. Jähnavä Devé foi a esposa de Nityānanda. Ela se tornou. [Jähnavä
Devé foi uma mestre espiritual iniciadora que teve muitos discípulos homens.] Se ela é apta a chegar à mais
elevada perfeição da vida, por que não seria possível que ela se tornasse guru? Mas não muitas. Na verdade,
alguém que tenha atingido a perfeição, ela pode se tornar um guru. Mas, homem ou mulher, a menos que tenha
alcançado a perfeição... Yei krishna tattva-vettā, sei guru haya [Caitanya-caritämåta, Madhya 8.128]. A
qualificação do/a guru é que deva ser um/a completo/a conhecedor/a da ciência de Kåñëa. Então, pode se tornar
um/a guru. Yei krishna tattva-vettā, sei guru haya. No mundo material, há alguma proibição de que uma mulher
seja uma professora? Se for qualificada, pode se tornar professora. O que há de errado nisso? Ela deve ser
qualificada. Esta é a posição. Assim, semelhantemente, se uma mulher compreende a consciência de Kåñëa
perfeitamente, pode se tornar guru”.
Em círculos [grupos] espirituais o sexo de uma pessoa não é uma desqualificação.
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Já que ser dependente e ser uma líder não são necessariamente contraditórios, então, ser protegida e ser
uma líder também não são contraditórios. Uma mulher pode ser protegida (como todas as mulheres devem ser no
decorrer de toda sua vida) e, ainda assim, ser uma líder também. Nas palavras de Çréla Prabhupäda, “A criança
deve ser cuidada. Isto é bom. Semelhantemente, uma mulher também. Uma mulher idosa, como eu – eu sou
sempre cuidado... Isto é civilização”.
Apesar de ser um vaishnava de primeira classe, Çréla Prabhupäda, aqui, humildemente se identifica com
um “senhor idoso”. E, uma vez que idosos/as são um dos cinco grupos que a sociedade deve proteger (os outros
quatro sendo as vacas, as mulheres, as crianças e os/as brähmanas), Çréla Prabhupäda se vê como protegido.
Ainda assim, ele foi um líder incomparável.
No Movimento Hare Kåñëa, Çréla Prabhupäda ensinou a ver todas as mulheres, com exceção das
esposas, respeitosamente como “mães”, e a ver todos os homens, excerto seus esposos, respeitosamente como
“filhos”. Como o dever do/a filho/a é proteger sua mãe, então, um dos deveres dos/as seguidores/as de Çréla
Prabhupäda é proteger as mulheres de Çréla Prabhupäda. Uma devota líder é protegida por seu/sua cônjuge e
por seus/suas “filhos/as”.

A Plataforma da Equanimidade

Portanto, na sociedade espiritual do Senhor e para o Seu prazer, uma mulher faz qualquer que seja o
serviço apropriado para ela. Enquanto este princípio possa parecer direto e claro, para algumas pessoas é um
ponto de grande controvérsia. Acreditam que o nascimento de uma mulher a impossibilita de fazer certos
serviços para o Senhor, mesmo que ela seja qualificada. Às vezes, tal modo de pensar é fundamentado
culturalmente. Por exemplo, tradicionalmente, na Índia, as mulheres não fazem alguns serviços para as Deidades
no templo – um padrão que Çréla Prabhupäda respeitava lá. Mas, frequentemente, o pensamento se origina no
ego masculino, o qual Çréla Prabhupäda identificava como “o humor de sempre querer estar em posição
superior”(Çrémad Bhägavatam, 9.3.10, Significado). Para operar com sucesso em um difícil contexto [ambiente],
uma mulher líder espiritual deve ser astuta, honesta, sensível, de coração mole, de pensamento claro e fixa em
consciência de Kåñëa, se vendo como a serva de todos/as. Sua graça salvadora é sua atitude natural e humilde de
serviço, assim como sua contribuição graciosa e urgentemente necessária para a sociedade de Çréla Prabhupäda.
Çréla Prabhupäda fundou a ISKCON para que os/as devotos e devotas pudessem satisfazer ao Supremo
Senhor, Çré Kåñëa através do serviço a Ele com devoção. O Senhor fica satisfeito com todo serviço que lhe é
sinceramente rendido; todos seus servos e servas são iguais. Çréla Prabhupäda explica: “Portanto, na plataforma
de bhakti, consciência de Krishna, não há tal distinção: ‘Aqui está um/a americano/a, aqui está um/a indiano/a,
aqui está um/a africano/a, aqui está este/a e aquele/a’. Não. Todos/as são conscientes de Kåñëa. Então, na
verdade, se nós queremos igualdade, irmandade, consequentemente, nós devemos vir à consciência de Kåñëa.
Este é o propósito do Movimento para a Consciência de Kåñëa. E, na verdade, isso está se tornando um fato.
Estes jovens e jovens não acham que são americanos/as ou europeus/europeias ou canadenses ou australianos/as
ou indianos/as. São iguais. Assim, se você quer igualdade, irmandade, amizade, amor e perfeição, a solução para
todos os problemas – econômicos, políticos, sociais, religiosos –, então, venha à consciência de Krishna. Venha
a esta plataforma. Consequentemente, todas as suas ambições serão realizadas e você alcançará a perfeição”
(Aula da Bhagavad-gétä 13.4).
Sejamos iluminados pela perspectiva que Çréla Prabhupäda revela nesta conversa:

Çréla Prabhupäda: Na plataforma espiritual não há tal distinção – homem, mulher, negro/a, branco/a, grande ou
pequeno/a. Não. Todos/as são almas espirituais. Panditah sama-darshinah. Vidya-vinaya-sampanne brahmane
gavi hastini shuni caiva shva-pake ca panditah. Alguém que seja realmente instruído é sama-darshinah, não faz
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nenhuma distinção. Mas, no que se refere ao nosso corpo material [até onde ele importa], deve haver alguma
distinção para manter a sociedade em ordem.
Mulher: As mulheres podem se tornar panditas, então?
Çréla Prabhupäda: Ah, sim. Te ’pi yanti param gatim. Não apenas se tornar – ela pode alcançar a perfeição. Não
há restrição. Krishna disse.
Mulher: O senhor tem panditas em seu movimento ocidental?
Çréla Prabhupäda: Há tantas mulheres, jovens ocidentais na nossa sociedade. Elas estão cantando, dançando,
absorvendo a consciência de Krishna. É claro que, porque superficialmente, corporalmente, há alguma distinção,
nós mantemos as mulheres separadas dos homens; e isto é tudo. Do contrário, os direitos são os mesmos” (18 de
junho de 1976, Toronto).

Para ajudá-los/as a se manterem fixos/as na meta da vida – prestar serviço puro e ininterrupto a Kåñëa –
homens e mulheres não devem se misturar (a não ser que se casem), mas têm os mesmos direitos. Qual é o
direito mais importante? O direito – o privilégio – de servir ao Senhor de acordo com sua propensão [inclinação,
natureza], de acordo com o desejo de seu coração. Em última análise, o real dever ocupacional, dharma, das
mulheres é o dharma de todas as entidades vivas: servir a Krishna eternamente. Uma mulher servindo ao Senhor
sincera e seriamente, de acordo com qualquer que seja a capacidade por ela escolhida, deve ser honrada e
incentivada. Em seu significado ao Çrémad Bhägavatam 7.5.12, Çréla Prabhupäda escreve: “Todos[as] devem ser
permitidos a prestar serviço ao Senhor no melhor de sua habilidade e todos[as] devem apreciar o serviço dos[as]
outros[as]. Tais são as atividades de Vaikuntha [o mundo espiritual]. Uma vez que todos[as] são servos e servas,
todos[as] estão na mesma plataforma e são autorizados[as] a servir ao Senhor de acordo com suas habilidades”.

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