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Coodenação
CAIO PAIVA
COMENTÁRIOS À LEI DE
EXECUÇÃO PENAL
3ª edição
Revista, ampliada e com jurisprudência atualizada
até abril de 2021
1
VOLUME
2021
• Direitos exclusivos para o Brasil na língua portuguesa
Copyright © 2021 by EDITORA CEI.
www.editoracei.com
• Diagramação: Walter Santos
• Data de fechamento:
À Iza. Ao Francisco. À Maria.
NOTA DO COORDENADOR
Caio Paiva
Defensor Público Federal
Especialista em Ciências Criminais
Autor de obras jurídicas
Nota do Autor à 1ª Edição
Essa segunda edição dos Comentários à Lei de Execução Penal foi atualizada
com as modificações das Leis 13.679/2018 (progressão especial de regime) e
13.964/2019 (Lei “Anticrime”), sistematizando, em tabelas, os novos parâmetros
estabelecidos – incluindo alterações no Código Penal e outras leis que repercutem
na execução da pena – e se posicionando sobre as lacunas abertas.
O texto foi também revisado e ampliado, com a inserção de novos tópicos
sobre a aplicação da Súmula Vinculante 56-STF, sobre sistema disciplinar, direitos
das pessoas presas, entre outros temas, e atualizado com as novas súmulas e
posicionamentos jurisprudenciais.
Diante da baixa densidade e compreensão confusa que se tem do princípio
da legalidade na execução penal, a orientação político-criminal dos comentários
continua sendo a de reconhecimento crítico do aspecto constitutivo dos espaços
de discricionariedade judicial e administrativa-disciplinar, mas com a defesa de
sua disputa e limitação constante pela linguagem dos direitos.
Registro o agradecimento à Editora CEI e aos colegas defensoras e defensores
públicos de todo o país que atuam na execução penal e que viabilizam a atualização
desse texto trazendo a público comentários, críticas, decisões, debates e casos
concretos, fazendo-o na pessoa do amigo Júlio Cesar Duailibe Salem Filho, com
quem coordeno, nessa data, o Núcleo de Política Criminal e Execução Penal da
Defensoria Pública do Estado do Paraná. Agradeço também a Luis Renan Coletti
pelo auxílio imprescindível na pesquisa e acompanhamento dos tópicos mais
relevantes da matéria.
Esta terceira edição dos Comentários à Lei de Execução Penal traz ao menos
59 itens atualizados ou incluídos. As atualizações abrangem jurisprudência
atualizada até o mês de abril de 2021, em diversos temas, novas súmulas, novas
resoluções do Conselho Nacional de Justiça e a atualização do texto da LEP por
conta da derrubada dos vetos à Lei 13.964/19 (incluindo análise conjunta com
Rodrigo Duque Estrada Roig sobre o requisito subjetivo da progressão de regime).
Dentre as novidades, o texto analisa debates e consequências jurídicas
da pandemia do novo Coronavírus na execução penal, tais como a progressão
antecipada de regime, a remição ficta e os efeitos da suspensão da fiscalização de
penas em regime aberto e penas restritivas de direito.
Entre os comentários recém incluídos destaca-se os temas do direito
à literatura no cárcere, direito de frequência a culto religioso no regime se
miaberto harmonizado, distinção entre regalias e direitos, controle judicial
nos procedimentos administrativo-disciplinares, importante posicionamento
contrário à atribuição de natureza administrativa às decisões correcionais das
Varas de Corregedoria dos Presídios, numerus clausus e sistema socioeducativo, a
“cifra oculta” da superlotação carcerária e a ilegalidade da submissão do paciente
com medida de segurança de internação ao sistema disciplinar.
CAPÍTULO II – Da Assistência
SEÇÃO I – Disposições Gerais.................................................................................................................... 56
Art. 10........................................................................................................................................................................ 56
10.1 Obrigação do Estado de prestar assistência ao preso, ao internado e ao egresso...... 56
10.2 Judicialização e inaplicabilidade do princípio da reserva do possível............................. 57
Art. 11........................................................................................................................................................................ 58
11.1 Modalidades de assistência.............................................................................................................. 58
11.2 Violação dos deveres de assistência e danos morais.............................................................. 58
Art. 117...................................................................................................................................................................244
117.1 Possibilidade de custódia em residência domiciliar para beneficiário de regime
aberto......................................................................................................................................................244
117.2 Posição jurisprudencial consolidada pela ampliação das hipóteses de prisão
domiciliar...............................................................................................................................................244
117.3 Prisão domiciliar e prisão especial...............................................................................................244
117.4 Substituição da prisão preventiva pela prisão domiciliar...................................................245
117.5 Descumprimento das condições da prisão domiciliar não configura crime de
desobediência.....................................................................................................................................245
Art. 118...................................................................................................................................................................246
118.1 Considerações gerais sobre a regressão de regime..............................................................246
118.2 Regressão de regime por causa da prática de fato definido como crime doloso
ou falta grave........................................................................................................................................246
118.3 Regressão de regime por conta de condenação por crime anterior e
incompatibilidade da pena unificada......................................................................................... 247
118.4 Regressão de regime por frustração dos fins da execução, no caso de condenado
em regime aberto............................................................................................................................... 247
118.5 Inadimplemento da pena de multa.............................................................................................248
118.6 Regressão e regime inicial...............................................................................................................248
118.7 Regressão cautelar.............................................................................................................................248
118.8 Regressão não é efeito automático ou necessário da falta grave....................................249
Art. 119...................................................................................................................................................................249
119.1 Possibilidade de normas locais complementares sobre o regime aberto....................250
Art. 124...................................................................................................................................................................257
124.1 Prazo da saída temporária...............................................................................................................258
124.2 Condições da saída temporária.....................................................................................................258
124.3 Ausência de previsão de interrupção ou suspensão da pena...........................................258
Art. 125...................................................................................................................................................................259
125.1 Revogação da saída temporária....................................................................................................259
SEÇÃO IV – Da Remição...............................................................................................................................260
Art. 126...................................................................................................................................................................260
126.1 Considerações gerais sobre a remição....................................................................................... 261
126.2 Remição pelo trabalho..................................................................................................................... 261
126.3 Remição pelo estudo e pela leitura ............................................................................................262
126.4 Remição e preso provisório ...........................................................................................................266
126.5 Remição por trabalho executado antes do início da execução da pena.......................266
126.6 Novas modalidades de remição e as práticas sociais educativas.....................................266
126.7 Remição ficta e a pandemia do novo Coronavírus................................................................267
126.8 Penas ilícitas: remição ficta ou compensação penal decorrente de condições
degradantes de prisão......................................................................................................................268
126.9 Remição por trabalho no regime semiaberto harmonizado cumprido em prisão
domiciliar e/ou monitoração eletrônica....................................................................................270
126.10 Possibilidade de arredondamento para cima dos dias remidos.......................................270
Art. 127 .................................................................................................................................................................. 271
127.1 Perda de dias remidos como sanção........................................................................................... 271
127.2 Debate sobre a constitucionalidade da perda dos dias remidos.....................................272
127.3 Necessidade de fundamentação da decisão............................................................................272
127.4 Limite temporal da possibilidade de perda de dias remidos.............................................273
127.5 Inaplicabilidade para o liberado condicional que comete novo delito.........................273
Art. 128...................................................................................................................................................................273
128.1 Cômputo do tempo remido como pena cumprida............................................................... 274
128.2 Período de trabalho ou estudo anterior à data-base para direitos da execução....... 274
Art. 141...................................................................................................................................................................289
141.1 Consequências da revogação do livramento condicional motivada por infração
penal cometida antes do período de prova.............................................................................290
Art. 142...................................................................................................................................................................290
142.1 Consequência da revogação do livramento condicional motivada por infração
penal cometida durante o período de prova...........................................................................290
142.2 Cassação do livramento em segunda instância é equivalente a “revogação
por outro motivo”?.............................................................................................................................291
Art. 143...................................................................................................................................................................291
143.1 Requerimento de revogação do livramento condicional...................................................291
Art. 144...................................................................................................................................................................292
144.1 Modificação das condições do livramento condicional.......................................................292
Art. 145...................................................................................................................................................................292
145.1 Suspensão do livramento condicional e prorrogação do período de prova...............292
Art. 146...................................................................................................................................................................293
146.1 Extinção da punibilidade pela expiração do prazo do livramento condicional.........293
Art. 146-B.............................................................................................................................................................294
146-B.1 Considerações gerais sobre a monitoração eletrônica .......................................................294
Art. 146-C.............................................................................................................................................................295
146-C.1 Cuidados e deveres do condenado com o equipamento eletrônico ............................296
146-C.2 Monitoração eletrônica e sistema disciplinar..........................................................................296
146-C.3 Consequências previstas para o descumprimento dos deveres relativos
à monitoração eletrônica ...............................................................................................................296
Art. 146-D.............................................................................................................................................................297
146-D.1 Revogação da monitoração eletrônica .....................................................................................297
Art. 158...................................................................................................................................................................309
158.1 Condições da suspensão..................................................................................................................309
Art. 159................................................................................................................................................................... 310
159.1 Suspensão condicional da pena concedida por Tribunal.................................................... 310
Art. 160....................................................................................................................................................................311
160.1 Advertência ao condenado.............................................................................................................311
Art. 161....................................................................................................................................................................311
161.1 Não comparecimento na audiência admonitória...................................................................311
Art. 162....................................................................................................................................................................311
162.1 Revogação da suspensão condicional da pena.......................................................................311
162.2 Prorrogação do período de prova ............................................................................................... 312
162.3 Sursis e prescrição da pretensão executória ........................................................................... 313
162.4 Expiração do período de prova e extinção da punibilidade.............................................. 313
Art. 163................................................................................................................................................................... 313
163.1 Registro da suspensão condicional da pena............................................................................ 314
TÍTULO I
Do Objeto e da Aplicação da
Lei de Execução Penal
37
Art. 1º ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
que se dará seu reingresso em liberdade. Tal nada mais é do que decorrência da
própria divergência de finalidades da pena no momento da persecução criminal
e no momento da execução. Não é despiciendo lembrar que a Lei de Execução
Penal foi estatuída inicialmente pela Lei nº 7.210/84, uma lei, portanto, elaborada
conjuntamente à Lei nº. 7.209/84, a qual realizou a reforma da Parte Geral do
Código Penal. Ora, o mesmo legislador e comissão científica contribuíram em
conjunto para ambas as leis, as quais, entretanto, possuem disposições díspares
para as finalidades da pena: a parte geral do Código Penal, em seu artigo 59,
permite a adoção das finalidades retributivas e preventivas e, em decorrência das
circunstâncias em tal artigo elencadas, bem como da observação de diversos outros
artigos do diploma, tem-se claro que a prevenção não se esgota na modalidade
especial positiva. Por sua vez, como fixa o art. 1º da LEP, a única finalidade
possível no momento da execução é a prevenção especial positiva, de modo que
a reprovação do fato já foi dada pela maior pena fixada em concreto. Admitir que
as mesmas circunstâncias já utilizadas para exasperar a pena imposta voltem a
assombrar o indivíduo que possui comportamento exemplar durante a execução,
além de negar e confundir a finalidade da pena na execução penal com a finalidade
da pena no momento da fixação judicial, constitui inegável bis in idem.
39
Art. 2º ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
O art. 2º deve ser lido em conjunto com o art. 65 da LEP, na medida em que
tratam, respectivamente, da jurisdição e da competência em matéria execucional.
Prevalece na doutrina e jurisprudência a posição em prol da natureza mista,
híbrida ou complexa (jurisdicional e administrativa) da execução penal, desde
a entrada em vigor da LEP em 19841. A posição que visualiza o exercício da
função jurisdicional somente no início ou no encerramento da execução da
Vide o teor das Súmulas 39 e ss. do encontro “Mesas de Processo Penal” realizado no primeiro
1
semestre de 1985; cfr. GRINOVER, Ada Pellegrini; BUSANA, Dante (Coord.). Execução Penal:
mesas de processo penal, doutrina, jurisprudência e súmulas. São Paulo: Max Limonad, 1987.
40
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 2º
2
No Brasil, nesse sentido: GRINOVER, Ada Pellegrini; BUSANA, Dante (Coord.). Execução Penal,
op.cit., p. 91 e ss. E também: GRINOVER, Ada Pellegrini. Eficácia e autoridade da sentença penal. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 1978.
41
Art. 2º ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
No que tange aos presos provisórios, a LEP é aplicável no que for cabível.
Não havendo nenhuma condenação, ainda assim a pessoa presa deve respeitar
os deveres e ter respeitados os direitos previstos na lei, podendo trabalhar e
estudar. Ela pode inclusive vir a sofrer sanções administrativas caso pratique falta
disciplinar. Contudo, é inadmissível projetar consequências para o futuro processo
judicial de execução (por exemplo, a perda de dias remidos ou a interrupção da
data-base), esgotando-se eventuais sanções no aspecto meramente administrativo.
Entende-se por preso provisório a pessoa mantida em custódia por força de
prisão cautelar (preventiva ou temporária), não se podendo confundir tal situação
com aquela referente à execução provisória da pena do réu preso preventivamente
que vem a ser condenado em primeiro grau e recorre da sentença. Havendo a
expedição de guia de recolhimento provisória, não há lógica alguma em subsistir
a prisão cautelar, sendo o próprio mandado de prisão transferido ao juízo de
execução penal. Por isso mesmo, será possível a progressão de regime e eventual
acesso a outros direitos da execução. Sobre o tema da execução provisória da pena
pro reo, v. comentários ao art. 105 e seguintes.
42
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 3º
43
Art. 3º ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
A própria Constituição determina, em seu art. 15, III, a suspensão dos direitos
políticos no caso de “condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem
seus efeitos”. Há movimentos políticos pela alteração da regra (uma tentativa, por
exemplo, foi a PEC nº. 65/2003, arquivada).
Sobre a aplicação da suspensão dos direitos políticos para condenações a
pena restritiva de direitos, o STF apreciou o tema no RE 601.182/MG (Tema 370),
decidindo, por maioria, pela fixação da tese: “A suspensão de direitos políticos
prevista no art. 15, inc. III, da Constituição Federal aplica-se no caso de substituição
da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos”.
muitas vezes segue sem conseguir regularizar título de eleitor e demais docu
mentos, inclusive o Cadastro de Pessoa Física (CPF), por causa do não pagamento
da pena de multa.
Em 19 de fevereiro de 2018, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) manteve
entendimento definido no PA nº. 936-31/MS, no sentido de que “a pendência de
pagamento de pena de multa, ou sua cominação isolada, tem o condão de manter ou ensejar
a suspensão dos direitos políticos prevista no art. 15, inciso III, da Constituição Federal”
(TSE, Processo Administrativo nº. 0604343-88.2017.6.00.0000-Brasília/DF, Rel. Min.
Gilmar Mendes), indeferindo pedido do Colégio de Corregedores Eleitorais pela
revisão da posição.
Atenção, porém: da leitura atenta do acórdão mencionado, vê-se que o
TSE apenas não quis permitir interpretação de que poderia ele se sobrepor à
competência do juízo penal para declaração da extinção da punibilidade. Mas
havendo declaração de extinção da punibilidade, ela deve sim alcançar a pena
de multa pendente, para todos os fins. Destaca-se o seguinte trecho da mesma
decisão: “não é o caso de alterar o entendimento esposado por esta Corte, mas de orientar
os Tribunais Regionais Eleitorais, por meio da Corregedoria-Geral Eleitoral, para que
exijam, tão somente, a comunicação da extinção da punibilidade (mesmo nos casos em
que a pena de multa é a única aplicada), sem juízo acerca da decisão”. A conclusão do
TSE, portanto, é que “a comunicação de extinção da punibilidade encaminhada pela
Justiça Comum é suficiente para o cumprimento do disposto na decisão prolatada no PA
nº. 936-31/ MS, não cabendo à Justiça Eleitoral analisar o acerto ou o desacerto da decisão
do órgão de origem”.
Em suma, tendo havido a declaração da extinção de punibilidade pelo juízo
penal, o respectivo Tribunal Regional Eleitoral deve imediatamente proceder à
regularização dos direitos políticos suspensos.
Ocorre que, após o julgamento da ADI 3.150/DF pelo STF, o STJ reviu enten
dimento anterior e afirmou que “o inadimplemento da pena de multa obsta a
extinção da punibilidade do apenado” (STJ, AgRg no REsp 1.850.903/SP, 5ª T.,
j. 28/04/2020).
Caso o juízo penal não declare a punibilidade extinta por conta da pendência
do pagamento da pena pecuniária, uma das opções é pedir o indulto da pena
de multa, se devidamente preenchidos os requisitos. Até dezembro de 2015, os
decretos presidenciais de indulto coletivo vinham contemplando a hipótese:
por exemplo, indultando pessoas “condenadas a pena de multa, ainda que não
quitada, independentemente da fase executória ou do juízo em que se encontre, aplicada
cumulativamente com pena privativa de liberdade cumprida até 25 de dezembro de
2015, desde que não supere o valor mínimo para inscrição de débitos na Dívida Ativa da
45
Art. 4º ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
União, estabelecido em ato do Ministro de Estado da Fazenda, e que não tenha capacidade
econômica de quitá-la” (art. 1º, XI, Decreto 8.615/2015).
Independentemente do cabimento de indulto, é muito frequente que ocorra
a prescrição em cinco anos, considerando que as causas de interrupção são
exclusivamente aquelas previstas no Código Tributário Nacional (art. 174, caput
e parágrafo único, CTN), não havendo interrupção por conta do cumprimento
da pena (art. 117, V, CP). O pedido de reconhecimento da prescrição deve ser
endereçado ao juízo criminal.
46
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 4º
4.4 APACs
47
Art. 4º ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
48
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 5º
TÍTULO II
Do Condenado e do Internado
CAPÍTULO I
Da Classificação
Conceito tão antigo quanto a pena de prisão, mas sempre apresentado como
proposta inovadora, a proposta é de viabilizar o projeto de “reforma moral” do
condenado através da elaboração de um programa individualizado (art. 5º, XLVI,
CF), para o qual é fundamental a classificação por “perfil”, ou, nos termos da lei,
“segundo os seus antecedentes e personalidade”.
Os artigos seguintes descrevem os lineamentos da análise da personalidade
por meio de equipe técnica e do “exame criminológico” previsto no art. 8º.
Na prática, todavia, sabe-se bem que se trata de “letra morta”: a preocupação
da autoridade penitenciária é com a manutenção da ordem e, portanto, com a
preservação da segurança dos detentos e funcionários. A única classificação
efetivamente existente é aquela segundo os riscos eventualmente produzidos pela
colocação do preso nessa ou naquela galeria, cubículo, unidade, etc. Presos com
acusações por crimes sexuais, por exemplo, costumam ser isolados dos demais
por conta do risco real de serem agredidos ou feitos reféns no primeiro motim.
Presos que participam de facções criminosas organizadas, de outro lado, são em
regra agrupados conforme o grupo a que pertencem.
49
Art. 6º ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
50
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 8º
51
Art. 9º ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2016/04/
3
52
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 9º-A
53
Art. 9º-A ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
possa ser contraditado pela defesa. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 4º O condenado pelos crimes previstos no caput deste artigo que
não tiver sido submetido à identificação do perfil genético por ocasião
do ingresso no estabelecimento prisional deverá ser submetido ao
procedimento durante o cumprimento da pena. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
§ 5º A amostra biológica coletada só poderá ser utilizada para o único e
exclusivo fim de permitir a identificação pelo perfil genético, não estando
autorizadas as práticas de fenotipagem genética ou de busca familiar.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 6º Uma vez identificado o perfil genético, a amostra biológica recolhida
nos termos do caput deste artigo deverá ser correta e imediatamente
descartada, de maneira a impedir a sua utilização para qualquer outro
fim. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 7º A coleta da amostra biológica e a elaboração do respectivo laudo
serão realizadas por perito oficial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 8º Constitui falta grave a recusa do condenado em submeter-se ao
procedimento de identificação do perfil genético. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
54
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 9º-A
55
Art. 10 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
por crimes, de traçar o respectivo perfil genético, de armazenar os perfis em bancos de dados
e de fazer uso dessas informações são objeto de discussão nos diversos sistemas jurídicos.
Possível violação a direitos da personalidade e da prerrogativa de não se autoincriminar
– art. 1º, III, art. 5º, X, LIV e LXIII, da CF. 3. Tem repercussão geral a alegação de
inconstitucionalidade do art. 9-A da Lei 7.210/84, introduzido pela Lei 12.654/12, que prevê
a identificação e o armazenamento de perfis genéticos de condenados por crimes violentos
ou por crimes hediondos. 4. Repercussão geral em recurso extraordinário reconhecida”.
CAPÍTULO II
Da Assistência
SEÇÃO I
Disposições Gerais
A LEP define obrigações de fazer do Estado para com pessoas que estão sob
sua custódia, e também para o egresso, com objetivo de “prevenir o crime e orientar
o retorno à convivência em sociedade”.
56
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 10
57
Art. 11 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
58
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 12
SEÇÃO II
Da Assistência Material
4
ONU/Alto Comisionado de las Naciones Unidas para los Derechos Humanos. Personas privadas de
libertad: jurisprudencia e doctrina. Bogotà: 2006, p. 165-170.
59
Art. 12 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
SEÇÃO III
Da Assistência à Saúde
62
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 14
Doenças de pele como escabiose, por exemplo, que geram forte coceira, em
ambientes pouco higiênicos podem ser prenúncio de infecções graves.
do regime em que se encontre. Aplicável nesse caso, por analogia, o art. 374, I,
do Código de Processo Civil, no sentido de se considerar a precariedade da
assistência à saúde no sistema prisional brasileiro como fato notório e que não
depende de prova. Não há sentido em se diligenciar à própria unidade prisional
questionando se ela tem condições de oferecer tratamentos caros e complexos a
doenças graves e que requerem atenção permanente às condições da pessoa presa.
Não há sentido em ignorar diagnósticos graves em prol de opiniões lacônicas e
em tom defensivo no sentido de que “é possível” realizar o tratamento dentro do
cárcere, quando se sabe que não é.
5
World Health Organization e International Association for Suicide Prevention. Preventing suicide
in jails and prisons. Genebra: WHO Document Production Services, 2007. Disponível em: http://
www.who.int/mental_health/prevention/suicide/resource_jails_prisons.pdf.
64
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 14
and-general-comments-2009-PDHJTimor-Leste-portugues.pdf, p. 159.
Sobre, v. PAIVA, Caio; HEEMANN, Thimotie. Jurisprudência Internacional de Direitos Humanos. 2.
7
65
Art. 14 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
67
Art. 15 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
SEÇÃO IV
Da Assistência Jurídica
68
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 15
e internado detém, é evidente que é destinada a todos, e não apenas àqueles “sem
recursos financeiros para constituir advogado”. A existência de processos de
execução penal sem defesa técnica habilitada é uma violação inadmissível deste
princípio, sendo obrigação do juízo de execução intimar a Defensoria Pública,
especialmente se não houver advogado constituído, tão logo receba a guia de
recolhimento.
Caso se diferencie assistência jurídica do direito geral à ampla defesa, ela
será compreendida como a prestação de assistência jurídica integral e gratuita
aos hipossuficientes e vulneráveis, em consonância com o art. 5º, LXXIV, da CF:
“o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos”.
69
Art. 16 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
8
Sobre a expressão, v. MAIA, Maurílio Casas. “Custos Vulnerabilis Constitucional: O Estado
Defensor entre o REsp 1.192.577-RS e a PEC 4/14”. Revista Jurídica Consulex, Brasília, p. 55-
57, 1º jun. 2014; ROCHA, Jorge Bheron, GONÇALVES FILHO, Edilson Santana. “STF admite
legitimidade da Defensoria para intervir como custos vulnerabilis”. Consultor Jurídico, 4 abr. 2018,
disponível em: https://www.conjur.com.br/2018-abr-04/legitimidade-defensoria-intervir-custos-
vulnerabilis.
70
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 16
PAIVA, Caio. Prática Penal para Defensoria Pública. São Paulo: Gen Forense, 2016, p. 323-325.
9
10
PAIVA, Caio. Prática Penal para Defensoria Pública. São Paulo: Gen Forense, 2016, p. 327.
71
Art. 17 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
SEÇÃO V
Da Assistência Educacional
73
Art. 19 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
A LEP também exige que as unidades penais contem com ensino profissional,
em nível de iniciação ou de aperfeiçoamento técnico.
O parágrafo único é desnecessário e pode dar ensejo a interpretações
discriminatórias, sendo recomendável sua revogação.
74
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 21
11
Por exemplo, pesquisa realizada no âmbito do Mestrado em Letras da Universidade de Brasília:
“70% dos presos do DF leem mais de dois livros por mês”. Disponível em: https:// www.conjur.com.
br/2013-abr-07/70-presos-distrito-federal-leem-dois-livros-mes.
75
Art. 21-A ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
12
CANDIDO, Antônio. “O direito à literatura”. In: Vários Escritos. 5ª ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre
Azul, 2011, p. 171-193.
76
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 22
SEÇÃO VI
Da Assistência Social
com criatividade, projetos que visem minimizar os danos dessa situação. Destaca-
se, por exemplo, projetos como o de “visitas virtuais” através da Internet, entre
tantos outros.
Lamentável quando a assistência social se reduz a um papel burocrático
de administração das credenciais de visitantes ou das visitas suspensas a título
de sanção disciplinar; ou ainda à mera elaboração de laudos e pareceres, muitas
vezes contrários aos interesses do assistido.
Além dos setores de assistência social dentro das unidades prisionais,
também prestam o serviço, aos egressos, os patronatos (art. 78, LEP) e, embora não
seja exatamente sua atribuição, os Conselhos da Comunidade (art. 80 e 81, LEP).
78
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 24
SEÇÃO VII
Da Assistência Religiosa
Art. 24 A assistência religiosa, com liberdade de culto, será prestada aos
presos e aos internados, permitindo-se-lhes a participação nos serviços
organizados no estabelecimento penal, bem como a posse de livros de
instrução religiosa.
§ 1º No estabelecimento haverá local apropriado para os cultos religiosos.
§ 2º Nenhum preso ou internado poderá ser obrigado a participar de
atividade religiosa.
SEÇÃO VIII
Da Assistência ao Egresso
Artigo a ser lido em conjunto com o artigo 27, abaixo transcrito. O egresso
tem direito a obter orientação e apoio para minimizar os danos decorrentes da
experiência de privação de liberdade, principalmente as prováveis dificuldades
para obtenção de ocupação lícita. Há previsão de assistência moral e material,
esta última concretizada na oferta de alojamento e alimentação, se necessário.
80
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 26
81
Art. 28 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
CAPÍTULO III
Do Trabalho
SEÇÃO I
Disposições Gerais
82
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 29
83
Art. 29 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
13
Na doutrina trabalhista, v. COUTINHO, Aldacy Rachid. “Trabalho e Pena”. Revista da Faculdade
de Direito da UFPR, 32, p. 16; ainda, pela inconstitucionalidade, v. SANTOS, Juarez Cirino dos.
Direito Penal: Parte Geral. 3. ed. Curitiba: ICPC/Lumen Juris, 2008, p. 531;
84
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 30
lavrado pelo Min. Edson Fachin. O preso não pode deixar de ser considerado
trabalhador, na medida em que exerce atividade produtiva, inexistindo autori
zação constitucional para a diferenciação, seja esta considerada política pública ou
não. Seria equivocado dizer, por fim, que com a derrubada do art. 29 não haveria
fundamento legal para a remuneração do preso, porque ele estaria no art. 41, II,
da LEP, com a garantia de isonomia pela própria Constituição.
85
Art. 31 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
SEÇÃO II
Do Trabalho Interno
86
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 32
mais sentido, neste caso, a não aplicação do regime da CLT (Consolidação das
Leis do Trabalho), e sim as regras da própria LEP. É o que ocorre quando a
subordinação se dá à própria administração penitenciária. A competência para
julgar demanda referente à remuneração ou a conflito trabalhista entre preso e
Estado será, aqui, do próprio juízo de execução penal (STJ, CC 92.851/MS, Rel.
Min. Jorge Mussi, j. 13/08/2008).
Embora limitada pela lei (art. 32, §1°), a atividade de artesanato deve ser
expandida e incentivada, inclusive se admitindo a remição da pena, mormente
considerando a escassez da oferta de oportunidades de trabalho penitenciário em
relação à demanda. Foi esse, inclusive, o entendimento do STJ no REsp 1.720.785/
RO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, 5ª T., j. 12/03/2018.
87
Art. 33 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
Art. 33 A jornada normal de trabalho não será inferior a 6 (seis) nem
superior a 8 (oito) horas, com descanso nos domingos e feriados.
Parágrafo único. Poderá ser atribuído horário especial de trabalho aos
presos designados para os serviços de conservação e manutenção do
estabelecimento penal.
A jornada de trabalho não pode ser inferior a seis horas nem superior a
oito horas, com descanso nos domingos e feriados. Se o serviço é de conserva
ção e manutenção do estabelecimento, podem ser atribuídos horários especiais.
Se extrapolado o limite, será considerado um dia de trabalho a cada seis horas
extras14 (STJ, REsp 106.493-4/RS, Rel. Min. Og Fernandes, j. 11/12/2009). Se a
jornada inferior a seis horas foi determinação da direção do presídio, sem qualquer
indisciplina, subsiste o direito à remição, com base nos princípios da segurança
jurídica e da proteção da confiança (STF, RHC 136.509, Rel. Min. Dias Toffoli, 2ª T.,
j. 04/04/2017; STJ, REsp 1.721.257/MG, 5ª T., Rel. Min. Jorge Mussi, j. 05/06/2018).
Por inteligência do próprio art. 33, parágrafo único, da LEP, é possível que
também haja trabalho aos domingos e feriados, em seus termos. De todo modo, se
a direção do estabelecimento atestar o trabalho em domingos e feriados, subsiste
o direito à remição (STJ, HC 346.948/RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,
5ª T., j. 21/06/2016).
14
Errata: retificamos equívoco das edições anteriores que afirmava haver remição de um dia de
pena para cada seis horas extras trabalhadas.
88
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 34
É possível que haja exploração da mão de obra do preso por parte de empresa
pública ou fundação, bem como por parte da iniciativa privada, mediante convênio
com a administração pública. Caso a organização e gerência do trabalho interno
seja realizada por fundação ou empresa pública, ou por empresa conveniada,
caberá à entidade respectiva a remuneração adequada do preso.
15
Sobre o tema, v. COUTINHO, Aldacy Rachid. “Trabalho e Pena”. Revista da Faculdade de Direito
da UFPR, 32, 1999, p. 7-23.
89
Art. 35 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
SEÇÃO III
Do Trabalho Externo
90
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 36
91
Art. 37 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
92
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 37
Como anotado acima, é comum que o pedido seja deferido pelo diretor do
estabelecimento, mas inviabilizado pela ausência de escolta policial. É o caso de se
buscar outras formas de monitoramento e evitação de fuga, como as tornozeleiras
eletrônicas, e não simplesmente de se cancelar, a priori, a própria possibilidade
do trabalho externo por conta de um fator externo e alheio ao comportamento
do preso.
93
Art. 37 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
94
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 38
CAPÍTULO IV
Dos Deveres, dos Direitos e da Disciplina
SEÇÃO I
Dos Deveres
95
Art. 39 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
96
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 39
97
Art. 40 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
Por fim, a pessoa presa tem o dever de conservação de seus objetos de uso
pessoal, responsabilizando-se por danos ou por sua perda, salvo quando causados
por terceiros.
SEÇÃO II
Dos Direitos
98
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 40
99
Art. 40 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
O uso de armas não letais, como sprays de pimenta e uso de gás lacrimogêneo,
carece de regulamentação sobre as hipóteses de seu cabimento. A sua utilização
abusiva – por exemplo, em detentos algemados ou que estão dentro de suas
celas – produz instabilidade e pode configurar ilícito penal. A Lei 13.060, de
22 de dezembro de 2014, determina a priorização do uso de “instrumentos de
menor potencial ofensivo pelos agentes de segurança pública”, desde que não
haja risco à integridade dos policiais, exigindo respeito à legalidade, necessidade,
razoabilidade e proporcionalidade. A lei carece ainda de regulamentação que
classifique e discipline a utilização dos instrumentos ditos não letais.
Há diversos precedentes na Comissão e na Corte Interamericana de Direitos
Humanos sobre o tema dos limites ao uso da força para controle de motins: o
Estado do Peru, por exemplo, foi condenado pela Corte nos casos Neira Alegría et al
vs. Peru (1985), Presídio Miguel Castro (1992) e Durand y Ugarte vs. Peru (2000) pelo
uso excessivo e desproporcional da força para o controle de motins e rebeliões16.
O tema apareceu, no Brasil, no Caso Carandiru, quando cento e onze presos, que
não portavam arma de fogo, foram mortos na ação de contenção de rebelião
na unidade prisional. O caso tramita na Comissão Interamericana de Direitos
Humano, tendo sido expedidas recomendações ao Estado brasileiro.
100
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 40
de liberdade a ser chamada pelo seu nome social, de acordo com o seu gênero
(art. 2º); b) o registro de admissão no estabelecimento prisional deverá conter o
nome social da pessoa presa (art. 2º, parágrafo único); c) “às travestis e aos gays
privados de liberdade em unidades prisionais masculinas, considerando a sua
segurança e especial vulnerabilidade, deverão ser oferecidos espaços de vivência
específicos”, sem que isso caracterize aplicação de medida disciplinar (art. 3º);
d) garantia do direito à visita íntima (art. 6º); e) garantia da manutenção de
tratamento hormonal e acompanhamento de saúde específico, se for o caso (art. 7º);
f) mais complexa, previsão de que “as pessoas transexuais masculinas e femininas
devem ser encaminhadas para as unidades prisionais femininas” (art. 4º).
Sobre esse ponto, em 16 de fevereiro de 2018, o Supremo Tribunal Federal, por
decisão monocrática, concedeu habeas corpus de ofício para que o juízo colocasse
os pacientes, ambos transexuais, “em estabelecimento prisional compatível com as
respectivas orientações sexuais” (STF, HC 152.491/ SP, Rel. Min. Roberto Barroso,
j. 16.02.2018), adotando por fundamento a Resolução Conjunta nº. 1/2014, do
Conselho Nacional de Combate à Discriminação, e a Resolução SAP nº. 11/2014,
do Estado de São Paulo.
Na mesma linha, em 19 de março de 2021, concedeu liminar na ADPF 527
“para outorgar às transexuais e travestis com identidade de gênero feminina o direito de
opção por cumprir pena: (i) em estabecimento prisional feminino; ou (ii) em estabelecimento
prisional masculino, porém em área reservada, que garanta a sua segurança”.
Similarmente, e citando os Princípios da Yogyakarta, o STJ concedeu liminar
em habeas corpus determinando a transferência de pessoa travesti para espaço
próprio ou, não havendo, para a ala feminina de unidade prisional de regime
semiaberto (STJ, HC 497.226/RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, liminar de
13.03.2019). Nesse caso, porém, a pessoa manifestou posteriormente interesse
em permanecer em cela masculina, levando a Defensoria Pública a desistir do
habeas corpus.
A questão é complexa e é sempre importante averiguar, de fato, qual é
a vontade das pessoas diretamente envolvidas e as condições de recepção na
unidade feminina. Nessa linha, a Resolução nº. 3, de 7 de junho de 2018, do
Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), prevê que
“pessoas privadas de liberdade em situação de maior vulnerabilidade, como LGBT, devem
ter sua orientação sexual ou identidade de gênero respeitadas, sendo encaminhadas a
presídios e celas de acordo com estas ou serem separadas de todos os que possam representar
ameaça a fim de garantir sua integridade” (art. 5º, §1º).
A importante Resolução 348/2020, do Conselho Nacional de Justiça, esta
beleceu diretrizes e procedimentos a serem observados pelo Poder Judiciário “com
103
Art. 41 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
16
PAIVA, Caio; HEEMANN, Thimotie. Jurisprudência Internacional de Direitos Humanos. 2. ed. Belo
Horizonte: Editora CEI, 2017, p. 348-349.
104
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 41
Não se pode falar do art. 41 da LEP como um “rol taxativo”, e isso por
conta do próprio art. 3º da LEP e art. 38 do CP que garantem todos os direitos não
atingidos pela sentença condenatória e a tutela de sua integridade física e moral.
Os referidos dispositivos constituem o parâmetro para a interpretação, no caso
concreto, da possibilidade de suspensão ou restrição de direitos por parte do
diretor, permitida pelo art. 41, parágrafo único, LEP.
105
Art. 41 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
liberados após a colocação em liberdade, seguindo o art. 29, §2º, da LEP. O preso
em livramento condicional faz jus à liberação do pecúlio.
Admite-se, excepcionalmente, a liberação antecipada do pecúlio, se
demonstrada a urgência e a necessidade, o que abrange, por exemplo, despesas
com saúde e alimentação de dependentes.
O direito à honra tem base constitucional (art. 5º, X, CF) e não é diretamente
atingido pela privação de liberdade, tanto no caso de condenados como de presos
provisórios. É ilegal e causa de danos morais, nesse sentido, a prática recorrente
de exploração midiática e abusiva, não autorizada, da imagem de pessoas sob
custódia do Estado em programas de televisão, jornais ou redes sociais.
Situação distinta, ressalva-se, é aquela referente à divulgação de imagens de
pessoas foragidas e procuradas pelos órgãos de segurança.
Em ação civil pública movida pela Defensoria Pública do Estado de Minas
Gerais (numeração única: 1088188-85.2018.8.13.0000/TJMG), o Tribunal de Jus
tiça estadual concedeu liminar, em 2018, exigindo fundamentação por escrito
e individual para cada preso provisório que fosse apresentado, pela Polícia
Civil, a meio de comunicação. A decisão visou, em seus termos, “assegurar que
a divulgação da imagem e voz dos presos seja realizada de forma excepcional,
cautelosa e motivada quando o caso concreto demandar a divulgação para
melhor administração da justiça, a potencialização dos recursos da investigação, a
obtenção de novas denúncias, a participação da sociedade na apuração do delito,
109
Art. 41 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
A Corte já havia afirmado, no Caso Norín Catrimán y otros vs Chile, com Sentença
em 29.05.2014, que a separação injustificada de pessoas privadas de liberdade e
suas famílias viola o art. 17.1 da Convenção.
A jurisprudência da Corte Europeia de Direitos Humanos vai no mesmo
sentido: no Caso Laduna vs. Eslovaquia, Sentença de 13.12.2011, restrições ao direito
de visita na prisão foram consideradas violação do direito ao respeito pela vida
privada e familiar e à proibição de discriminação (art. 8º e 14º da Convenção
Europeia de Direitos Humanos).
Não há vedação para que a visita seja realizada na modalidade virtual, por
meio de computadores preparados para esse fim (web-visitas), ou convertida em
ligação telefônica, modalidade que foi impulsionada, de modo dramático, pela
pandemia do novo Coronavírus nos anos de 2020 e 2021. Deve ser garantida,
porém, a privacidade da pessoa presa no contato com seu familiar, sendo ilegal
a permanência de funcionário no transcorrer da web-visita.
A lei autoriza a hipótese expressamente somente para o RDD e quando o
preso não recebeu visita social por 6 (seis) meses (art. 52, § 7º, LEP), mas violaria
o princípio da proporcionalidade abrir tal possibilidade ao RDD, onde o rigor é
maior, e negá-la a todos os demais que não se encontram sob regime disciplinar
diferenciado. Há especial relevância na viabilização de visitas virtuais onde a
frequência de visitantes é mais baixa, por exemplo nas unidades femininas ou
estabelecimentos prisionais em localidades de difícil acesso.
As visitas de crianças são permitidas, com o escopo de proteção e manutenção
do vínculo afetivo com o pai, mãe ou irmãos presos. Nesse sentido, inclusive, o art.
19, §4º do Estatuto da Criança e do Adolescente, alterado pela Lei 12.962, de 8 de
abril de 2014, dispondo que: “será garantida a convivência da criança e do adolescente
com a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio de visitas periódicas promovidas pelo
responsável ou, nas hipóteses de acolhimento institucional, pela entidade responsável,
independentemente de autorização judicial”. Vale observar, ainda, que “a condenação
criminal do pai ou da mãe não implicará a destituição do poder familiar, exceto na hipótese
de condenação por crime doloso, sujeito à pena de reclusão, contra o próprio filho ou filha”
(art. 23, §2º, ECA).
De acordo com a posição majoritária, o meio correto para garantia do direito
de visita é o mandado de segurança, alegando-se que “o habeas corpus não é o meio
adequado para buscar-se o reconhecimento do direito a visitas íntimas” (STF, HC 138.286,
Rel. Min. Marco Aurélio, j. 05/12/2017), e sim o mandado de segurança.
Em importante decisão, porém, reconheceu o STF o cabimento de Habeas
Corpus para garantir o direito de visita dos filhos e enteados de preso, não sendo
111
Art. 41 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
112
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 41
114
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 41
A lei não veda o contato da pessoa presa com o mundo exterior, mas a
restringe dentro de determinados parâmetros. Trata-se de dispositivo que, com
17
https://www.unodc.org/documents/ropan/TechnicalConsultativeOpinions2013/Opinion_5/
Opinion_Consultiva_005-2013.pdf
115
Art. 41 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
116
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 41
118
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 44
SEÇÃO III
Da Disciplina
SUBSEÇÃO I
Disposições Gerais
119
Art. 45 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
Art. 45 Não haverá falta nem sanção disciplinar sem expressa e anterior
previsão legal ou regulamentar.
§ 1º As sanções não poderão colocar em perigo a integridade física e
moral do condenado.
§ 2º É vedado o emprego de cela escura.
§ 3º São vedadas as sanções coletivas.
A Constituição veda penas cruéis (art. 5º, XLVII, e, CR) e garante aos presos
“respeito à integridade física e moral” (art. 5º, XLIX, CR). Tais parâmetros, somados
ao princípio do non bis in idem, constituem o ponto de partida para o tema das
sanções disciplinares. Ao menos três princípios fundamentais relativos ao sistema
disciplinar podem ser diretamente extraídos deste dispositivo.
120
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 45
18
ROIG, Rodrigo Duque Estrada. “Ensaio sobre uma execução penal mais racional e redutora de danos”.
Revista da Faculdade de Direito da UERJ, v. 1, n. 18, Rio de Janeiro: 2010.
122
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 46
123
Art. 47 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
124
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 49
SUBSEÇÃO II
Das Faltas Disciplinares
125
Art. 50 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
19
ROIG, Rodrigo Duque Estrada. “Ensaio sobre uma execução penal mais racional e redutora de danos”.
Revista da Faculdade de Direito da UERJ, v. 1, n. 18, Rio de Janeiro: 2010.
126
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 50
127
Art. 50 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
128
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 50
129
Art. 50 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
50.8 Falta grave do inciso VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer
aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação
com outros presos ou com o ambiente externo
20
Sobre o tema, v. GIAMBERARDINO, André. “Gestão de ilegalismos e o teatro da disciplina:
os casos de falta grave por posse, utilização ou fornecimento de celular em uma unidade
prisional de Curitiba/PR no ano de 2017”. Revista de Estudos Empíricos em Direito, vol. 6, n. 2, 2019,
pp. 58-77).
131
Art. 51 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
Art. 51 Comete falta grave o condenado à pena restritiva de direitos que:
- descumprir, injustificadamente, a restrição imposta;
- retardar, injustificadamente, o cumprimento da obrigação imposta;
- inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei
132
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 52
Art. 52 A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave
e, quando ocasionar subversão da ordem ou disciplina internas, sujeitará
o preso provisório, ou condenado, nacional ou estrangeiro, sem prejuízo
da sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as seguintes
características: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - duração máxima de até 2 (dois) anos, sem prejuízo de repetição da
sanção por nova falta grave de mesma espécie; (Redação dada pela Lei
nº 13.964, de 2019)
II - recolhimento em cela individual; (Redação dada pela Lei nº 13.964,
de 2019)
III - visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez, a serem realizadas
em instalações equipadas para impedir o contato físico e a passagem
de objetos, por pessoa da família ou, no caso de terceiro, autorizado
judicialmente, com duração de 2 (duas) horas; (Redação dada pela Lei
nº 13.964, de 2019)
IV - direito do preso à saída da cela por 2 (duas) horas diárias para
banho de sol, em grupos de até 4 (quatro) presos, desde que não haja
contato com presos do mesmo grupo criminoso; (Redação dada pela Lei
nº 13.964, de 2019)
V - entrevistas sempre monitoradas, exceto aquelas com seu defensor,
em instalações equipadas para impedir o contato físico e a passagem de
133
Art. 52 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
§ 6º A visita de que trata o inciso III do caput deste artigo será gravada
em sistema de áudio ou de áudio e vídeo e, com autorização judicial,
fiscalizada por agente penitenciário. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 7º Após os primeiros 6 (seis) meses de regime disciplinar diferenciado,
o preso que não receber a visita de que trata o inciso III do caput deste
artigo poderá, após prévio agendamento, ter contato telefônico, que
será gravado, com uma pessoa da família, 2 (duas) vezes por mês e por
10 (dez) minutos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
O dispositivo legal tipifica uma nova falta grave – prática de fato previsto
como crime doloso – sem qualquer relação necessária com o Regime Disciplinar
Diferenciado (RDD) e, em seguida, prevê três hipóteses de cabimento do RDD.
Quanto à previsão da prática de crime doloso como falta grave (art. 52,
LEP), há entendimento sumulado do STJ no sentido de não se exigir o trânsito
em julgado “no processo penal instaurado para apuração do fato” (Súmula 526/STJ).
Uma interpretação lógica a contrario sensu da própria Súmula permite se aferir
que, então, ao menos o processo criminal instaurado, ou seja, com recebimento da
denúncia ou queixa, é imprescindível para imputação da falta. O Tribunal firmou
tese segundo a qual a decisão de imposição da falta grave será desconstituída
“diante das hipóteses de arquivamento de inquérito policial ou de posterior
absolvição na esfera penal, por inexistência do fato ou negativa de autoria, tendo
em vista a atipicidade da conduta” (por exemplo, v. STJ, HC 524.396/SP, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, 5ª T., j. 15/10/2019); HC 462.463RS, Rel. Min. Felix
Fischer, 5ª T., j. 13/12/2018).
Trata-se de hipótese de falta grave que viola o princípio da taxatividade – uma
espécie de “norma disciplinar em branco” – e causa inúmeros problemas de ordem
prática em sua aplicação, sobretudo porque inexiste dispositivo na lei penal ou
processual penal determinando que eventual absolvição ou anulação do processo
de conhecimento (pelo novo delito) sejam comunicados ao juízo de execução,
para a correspondente anulação da falta grave já aplicada. É recomendável que
o juízo de execução, ao analisar a falta, ao menos determine a juntada de certidão
atualizada sobre o estado do respectivo processo de conhecimento.
A questão nunca foi pacífica no Supremo Tribunal Federal. Por algumas
ocasiões, ficou vencido o Ministro Marco Aurélio, sustentando a necessidade de
trânsito em julgado (STF, HC 110.881/MT, 1ª T., Rel. acórdão Min. Rosa Weber,
j. 20.11.2012; STF, EP 16/DF AgReg-Terceiro, Pleno, Rel. Min. Roberto Barroso,
135
Art. 52 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
j. 1.07.2016). O tema teve repercussão geral reconhecida pelo STF no RE nº. 776.823/
RS, julgado em dezembro de 2020, fixando a seguinte tese: “o reconhecimento de
falta grave consistente na prática de fato definido como crime doloso no curso da execução
penal dispensa o trânsito em julgado da condenação criminal no juízo do conhecimento,
desde que a apuração do ilícito disciplinar ocorra com observância do devido processo
legal, do contraditório e da ampla defesa, podendo a instrução em sede executiva ser
suprida por sentença criminal condenatória que verse sobre a materialidade, a autoria e
as circunstâncias do crime correspondente à falta grave”.
52.2 Posse de droga ilícita para uso pessoal e infrações de menor potencial
ofensivo como falta grave
Considerar a posse de droga ilícita para uso pessoal tipificada pelo art. 28
da Lei 11.343/06 (Lei de Drogas) como falta grave viola os princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade, de acordo com tese defendida pela De
fensoria Pública. Embora se trate, tecnicamente, de crime doloso, não se pode
ignorar a peculiaridade de se tratar de um tipo penal ontologicamente menos
grave que qualquer contravenção penal, na medida em que não comina pena
privativa de liberdade. Ocorre que a prática de contravenções penais não configura
falta grave. Como justificar, assim, que a prática de conduta menos grave seja
administrativamente sancionada de modo mais rigoroso?
Embora não seja a posição do STJ (por exemplo: AgRg no HC 547.354/DF, 5ª
T. j. 06/02/2020), o próprio Tribunal, com precisamente o mesmo raciocínio, afastou
a possibilidade de o art. 28 da Lei 11.343/2006 gerar reincidência (por exemplo:
STJ, HC 550.775/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, j. 06/02/2020) e entendeu como
imprescindível a confecção de laudo toxicológico para comprovar a materialidade
da infração disciplinar e a natureza da substância (STJ, AgRg no HC 547354/DF,
5ª T. j. 06/02/2020; HC 546.287/SP,, 5ª T., j. 17/12/2019).
No mesmo sentido, é descabido e desproporcional servir como falta grave
uma conduta que é tipificada como infração de menor potencial ofensivo e acaba
arquivada em sede de transação penal (art. 76, Lei 9.099/95), sem a produção de
qualquer efeito penal salvo a impossibilidade de nova transação penal no prazo
de cinco anos.
137
Art. 52 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
SUBSEÇÃO III
Das Sanções e das Recompensas
139
Art. 53 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
140
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 54
Art. 54 As sanções dos incisos I a IV do art. 53 serão aplicadas por ato
motivado do diretor do estabelecimento e a do inciso V, por prévio e
fundamentado despacho do juiz competente. (Redação dada pela Lei
nº 10.792, de 2003)
§ 1º A autorização para a inclusão do preso em regime disciplinar
dependerá de requerimento circunstanciado elaborado pelo diretor do
estabelecimento ou outra autoridade administrativa. (Incluído pela Lei
nº 10.792, de 2003)
§ 2º A decisão judicial sobre inclusão de preso em regime disciplinar será
precedida de manifestação do Ministério Público e da defesa e prolatada
no prazo máximo de quinze dias. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)
A maior parte das sanções disciplinares são aplicadas por ato administrativo
do diretor; apenas a inclusão no RDD exige decisão judicial.
Tal regra dificulta o controle da legalidade de eventuais abusos cometidos
na aplicação das faltas, pois até o juiz de execução vir a afastar a falta, as sanções
administrativas (isolamento, suspensão de visitas, etc.) já terão sido integral
mente cumpridas. Faltas leves e médias aplicadas arbitrariamente têm um con
trole judicial ainda mais difícil, mas cabe a impetração de mandado de segurança
ou mesmo habeas corpus no juízo de execução.
142
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 56
143
Art. 57 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
SUBSEÇÃO IV
Da Aplicação das Sanções
144
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 58
SUBSEÇÃO V
Do Procedimento Disciplinar
147
Art. 59 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
148
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 59
150
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 60
151
Art. 61 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
TÍTULO III
Dos Órgãos da Execução Penal
CAPÍTULO I
Disposições Gerais
CAPÍTULO II
Do Conselho Nacional de Política Criminal
e Penitenciária
152
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 63
CAPÍTULO III
Do Juízo da Execução
O art. 65 deve ser lido em conjunto com o art. 2º da LEP, na medida em que
tratam, respectivamente, da competência e da jurisdição em matéria execucional.
Também tratando do assunto, o art. 668 do Código de Processo Penal: “Art. 668.
A execução, onde não houver juiz especial, incumbirá ao juiz da sentença, ou, se a decisão
for do Tribunal do Júri, ao seu presidente. Parágrafo único. Se a decisão for de tribunal
superior, nos casos de sua competência originária, caberá ao respectivo presidente prover-
lhe a execução”.
O princípio do juiz natural (art. 5º, LIII e XXXVII, CR), segundo o qual
ninguém é processado ou sentenciado senão pela autoridade competente, tem
aplicação controversa na execução penal. A própria regra constante do art. 65 dá
margem a interpretações diversas, inclusive quanto à constitucionalidade formal
da delegação da matéria a lei estadual.
Ao lado de vertente minoritária que preconiza o local da condenação como
critério de determinação do juízo de execução competente, o entendimento
dominante afirma ser competente o juízo de execução da comarca da sede do
estabelecimento carcerário no qual está recolhido o condenado. Se este for
transferido, modifica-se também o juízo de execução competente (salvo no caso
de transferência de preso provisório sem sentença condenatória, pois neste caso
continua competente o juiz do processo de conhecimento).
Foi esse, inclusive, o critério adotado pela legislação acerca da transferência
e inclusão de presos em estabelecimentos de segurança máxima, segundo a qual a
competência do juízo de execução será “do juízo federal da seção ou subseção judiciária
em que estiver localizado o estabelecimento penal federal de segurança máxima ao qual
for recolhido o preso” (art. 2º, Lei 11.671/08), mesmo se este tiver sido condenado
pela justiça estadual.
A Lei 13.964/2019 acrescentou, ainda, parágrafo único ao mesmo art. 2º,
dispondo que: “O juízo federal de execução penal será competente para as ações de
155
Art. 65 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
natureza penal que tenham por objeto fatos ou incidentes relacionados à execução da pena
ou infrações penais ocorridas no estabelecimento penal federal”.
De acordo com a Súmula 192/STJ, “Compete ao Juízo das Execuções Penais do
Estado a execução das penas impostas a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou
Eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos à administração estadual”. Como
se vê, os critérios material, com base em quem administra o estabelecimento, e
territorial, com base no local de execução da pena, determinam a competência
também em relação aos condenados pela Justiça Federal ou pelas Justiças Militar
e Eleitoral.
Para condenados com prerrogativa de foro, é competente o Tribunal
correspondente ao foro privilegiado (art. 668, parágrafo único, CPP), havendo
possibilidade de delegação da fiscalização.
156
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 66
157
Art. 66 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
21
Sobre o tema e sua crítica, na linha aqui defendida, v. CACICEDO, Patrick. “O controle judicial
da execução penal no Brasil: ambiguidades e contradições de uma relação perversa”. Revista
Brasileira de Direito Processual Penal, vol. 4, n. 1, Porto Alegre: 2018, p. 427-429.
159
Art. 67 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
CAPÍTULO IV
Do Ministério Público
160
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 68
CAPÍTULO V
Do Conselho Penitenciário
decreto presidencial, o que já não vem ocorrendo nas últimas edições. O rol
de atribuições é exemplificativo e abrange a prerrogativa de inspeção nos
estabelecimentos e serviços penais, bem como a supervisão dos patronatos.
Muitas vezes há também o acompanhamento e supervisão do funcionamento
dos Conselhos da Comunidade.
CAPÍTULO VI
SEÇÃO I
Do Departamento Penitenciário Nacional
163
Art. 72 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
164
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 72
165
Art. 72 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
166
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 73
SEÇÃO II
Do Departamento Penitenciário Local
167
Art. 74 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
168
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 75
SEÇÃO III
Da Direção e do Pessoal dos Estabelecimentos Penais
170
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 78
CAPÍTULO VII
Do Patronato
171
Art. 80 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
CAPÍTULO VIII
Do Conselho da Comunidade
172
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 81-A
CAPÍTULO IX
DA DEFENSORIA PÚBLICA
INCLUÍDO PELA LEI Nº 12.313, DE 2010
173
Art. 81-B ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
175
Art. 81-B ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
22
Sobre, v. PAIVA, Caio. Prática Penal para Defensoria Pública, p. 332-338.
176
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 82
TÍTULO IV
Dos Estabelecimentos Penais
CAPÍTULO I
Disposições Gerais
177
Art. 83 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
178
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 83-A
179
Art. 83-B ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
180
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 84
23
V. texto que abre o debate no Brasil sobre o assunto: ROIG, Rodrigo Duque Estrada. “Um princípio
para a execução penal: numerus clausus”. Revista Liberdades, n. 15, São Paulo: IBCCRIM, 2014,
p. 104-120.
182
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 85
(iii) o cumprimento de penas restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado que progride
ao regime aberto. Até que sejam estruturadas as medidas alternativas propostas, poderá
ser deferida a prisão domiciliar ao sentenciado”. (STF, RE 641320, Rel. Min. Gilmar
Mendes, Tribunal Pleno, julgamento em 11.5.2016, DJe de 8.8.2016).
somados à vedação constitucional de penas cruéis (art. 5º, XVII, e, CF), são
inteiramente aplicáveis às condições estruturais do sistema penitenciário
brasileiro. A rigor, no Brasil sequer está claro qual seria o juízo competente para
esse tipo de decisão, ou seja, para concretização do necessário controle judicial
da política pública prisional. Aparentemente, ainda se entende que apenas o juiz
que decretou a prisão é que poderia decidir pela soltura, reduzindo a análise da
legalidade da prisão às condições em abstrato de sua decretação. Fica excluído
do conceito de legalidade, por consequência, a análise das condições materiais de
custódia, tratadas como matéria meramente administrativa e não sujeita a controle
judicial. Uma posição insustentável, mas o que explica que estabelecimentos
interditados por decisão judicial (em ações civis públicas, por exemplo) continuem
custodiando pessoas presas sem que isso seja uma violação ao art. 5º, LXV, da
Constituição (“a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária”)?
“adequado” fica a cargo da autoridade jurisdicional estadual. Vale notar que essa
o conteúdo dessa súmula é destinado precipuamente a orientar o Judiciário local,
não apenas o Poder Executivo.
E se o Juízo ou Tribunal estadual “delegar” mais uma vez tal análise para
a autoridade administrativa? Em importante decisão, o STF deferiu liminar em
decisão monocrática e determinou a prisão domiciliar em situação de ausência
de vagas em estabelecimento adequado para o regime semiaberto: “(...) Em cog
nição sumária, há indícios de violação ao enunciado da súmula vinculante 56
quando o Juízo deixa de analisar pedido de condenado ao cumprimento da pena
em regime semiaberto para que seja colocado em prisão domiciliar, em razão
da ausência de vagas no regime adequado. (...) a meu ver, caberia à autoridade
reclamada apreciar o pedido de colocação em prisão domiciliar enquanto não
houvesse vaga no estabelecimento adequado ao cumprimento da pena em regime
semiaberto. Não pode o magistrado se negar a decidir questão cuja não apreciação
implica constrangimento ilegal, ao fundamento de que tal análise caberia a
órgão administrativo. Ao quedar-se inerte, a autoridade reclamada permite que
o reclamante cumpra pena em regime mais gravoso do que o determinado na
sentença, o que é vedado pela súmula vinculante n. 56” (STF, Recl. 32.055/SP, Rel.
Min. Roberto Barroso, j. 02/10/2018).
Também julgando procedente a Reclamação e determinando a colocação
imediata em estabelecimento adequado diverso do regime fechado, há outras
decisões do STF. Por exemplo: “(...) julgo procedente a reclamação, para determinar
que o juízo reclamado encaminhe a reclamante para o regime de cumprimento de
pena adequado, diverso do regime fechado, ou aplique medidas alternativas, nos
termos do que foi decidido no RE 641.320/RS por esse Supremo Tribunal Federal”
(STF, Rcl. 27.463, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 03/04/2019).
O Superior Tribunal de Justiça, por sua vez, firmou tese em sede de recurso
repetitivo no seguinte sentido: “A inexistência de estabelecimento penal adequado
ao regime prisional determinado para o cumprimento da pena não autoriza a
concessão imediata do benefício da prisão domiciliar, porquanto, nos termos
da Súmula Vinculante n° 56, é imprescindível que a adoção de tal medida seja
precedida das providências estabelecidas no julgamento do RE n° 641.320/RS, quais
sejam: (i) saída antecipada de outro sentenciado no regime com falta de vagas,
abrindo-se, assim, vagas para os reeducandos que acabaram de progredir; (ii) a
liberdade eletronicamente monitorada ao sentenciado que sai antecipadamente
ou é posto em prisão domiciliar por falta de vagas; e (iii) cumprimento de penas
restritivas de direitos e/ou estudo aos sentenciados em regime aberto” (STJ, REsp
1.710.674/MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, j. 22/08/2018).
185
Art. 85 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
186
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 85
188
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 87
CAPÍTULO II
Da Penitenciária
189
Art. 89 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
A decisão deve ser orientada pelo melhor interesse da criança, nos termos
do Estatuto da Criança e do Adolescente e da Lei 13.257/2016, a qual dispõe sobre
políticas públicas para a primeira infância. É importante sempre lembrar que
a condição de presa da genitora não justifica, por si só, a destituição do poder
familiar e o encaminhamento da criança para adoção, mormente se entre elas
houver vínculo afetivo.
CAPÍTULO III
Da Colônia Agrícola, Industrial ou Similar
CAPÍTULO IV
Da Casa do Albergado
192
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 95
Art. 95 Em cada região haverá, pelo menos, uma Casa do Albergado, a
qual deverá conter, além dos aposentos para acomodar os presos, local
adequado para cursos e palestras.
Parágrafo único. O estabelecimento terá instalações para os serviços de
fiscalização e orientação dos condenados.
CAPÍTULO V
Do Centro de Observação
CAPÍTULO VI
Do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico
CAPÍTULO VII
Da Cadeia Pública
Art. 103 Cada comarca terá, pelo menos 1 (uma) cadeia pública a
fim de resguardar o interesse da Administração da Justiça Criminal e a
permanência do preso em local próximo ao seu meio social e familiar.
195
Art. 104 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
196
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 105
TÍTULO V
Da Execução das Penas em Espécie
CAPÍTULO I
Das Penas Privativas de Liberdade
SEÇÃO I
Disposições Gerais
197
Art. 105 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
198
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 105
Não confundir a execução provisória pro reo com o debate totalmente distinto
referente à antecipação da execução da pena do condenado (que está solto) após
condenação por colegiado em segunda instância. Embora o próprio STF utilize
o termo “execução provisória” para se referir a essa segunda possibilidade, é
preciso cuidado para que não haja confusão entre duas discussões diferentes e
com objetivos distintos.
A antecipação do início da execução da pena de réu solto havia sido possi
bilitada por entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF, HC 126.292/SP e
152.752/PR; STF, ADC’s nº. 43 e 44, com indeferimento da medida cautelar em
05/10/2016), o qual fixou a seguinte tese: “A execução provisória de acórdão penal
condenatório proferido em grau de apelação, ainda que sujeito a recurso especial
ou extraordinário, não compromete o princípio constitucional da presunção de
inocência afirmado pelo artigo 5º, inciso LVII da Constituição Federal”.
O mesmo entendimento embasou a execução provisória de pena restritiva
de direito após condenação em segunda instância (STF, RE 1.161.548, Rel. Min.
Edson Fachin, j. 14/02/2019).
Importante observar que se entendia necessário o esgotamento de todos
os recursos cabíveis à decisão colegiada do Tribunal regional ou estadual,
como embargos de declaração ou infringentes, para que possa, se for o caso, ser
expedido mandado de prisão: “Na espécie, todavia, embora eventuais recursos especial e
extraordinário não sejam dotados de efeito suspensivo, a jurisdição das instâncias ordinárias
ainda não se encerrou. Contra o julgamento do recurso de apelação foi oposto, no caso,
embargos declaratórios com efeitos infringentes que, segundo andamento processual obtido
no endereço eletrônico do Tribunal de origem, pende de julgamento. Desse modo, diante da
ausência de exaurimento no julgamento nas instâncias ordinárias, revela-se prematuro o
início da execução provisória da pena” (STJ, HC 406.015/SP, 5ª T., Rel. Min. Reynaldo
Soares da Fonseca, j. 22.08.2017).
Porém, em novembro de 2019, o STF julgou procedente a Ação Declaratória
de Constitucionalidade nº. 43/44 “para assentar a constitucionalidade do art. 283
do Código de Processo Penal”, voltando a entender inconstitucional a execução
provisória antes do trânsito em julgado, salvo se com prisão cautelar em vigor e
com a finalidade de possibilitar o adimplemento de direitos da execução penal.
Desde então, cresce o debate sobre propostas de alteração legislativa e até de
emenda constitucional com o objetivo de novamente autorizar o início da execução
da pena após julgamento do recurso de apelação. É indubitável que o tema do início
da execução de pena privativa de liberdade constitui matéria de direito material,
199
Art. 105 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
Porém, o tema carece de maior reflexão. O fato de o STF ter julgado consti
tucional o art. 33, § 4º, do CP não guarda qualquer relação com o debate em
questão: se o requisito pode ou não ser exigido por ocasião da execução provisória
pro reo da pena, a qual não deve ser confundida com a execução antecipada contra
o réu (vide acima itens 105.2 e 105.3).
A execução provisória da pena privativa de liberdade é um instituto criado
para garantir os direitos da execução, nos casos de prisão preventiva vigente.
Partindo desta constatação, uma interpretação lógica e sistemática da impossi
bilidade pacífica de execução provisória das penas restritivas de direito (Súmula
643/STJ) recomenda a exigência do requisito da reparação do dano ou devolução
do produto do crime somente por ocasião do trânsito em julgado. Ele pode ser
cobrado, sem maiores dificuldades operacionais, enquanto o condenado cumpre
pena em regime semiaberto, não sendo necessário aguardar a próxima progressão.
201
Art. 107 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
202
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 109
SEÇÃO II
Dos Regimes
203
Art. 110 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea”), não
servindo para tanto a opinião sobre a gravidade em abstrato do crime em questão
(Súmula 718/STF: “A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não
constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido
segundo a pena aplicada”). O mais importante é que, se foi fixada a pena-base no
mínimo legal, é incabível a fixação de regime inicial mais gravoso que o previsto
(Súmula 440/STJ: “Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de
regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base
apenas na gravidade abstrata do delito”).
Nota-se que a lei não esclarece a situação do reincidente condenado a uma
pena igual ou menor que 4 anos: neste caso, entendimento sumulado do STJ
permite a adoção do regime semiaberto, quando favoráveis as circunstâncias
judiciais, assumindo a mesma lógica de coerência para com a pena-base (Súmula
269/STJ: “É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados
a pena igual ou inferior a 4 (quatro) anos se favoráveis as circunstâncias judiciais”).
No mesmo sentido, é desproporcional colocar no regime fechado sentenciado
reincidente, condenado a duas penas inferiores a 4 (quatro) anos, mas que
somam menos de 8 (oito) anos, ambas em regime inicial semiaberto. Correto
seria, no momento de soma/unificação, a manutenção do regime semiaberto, pois
compatível com as disposições do Código Penal.
206
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 111
207
Art. 111 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
208
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 111
24
Nesse sentido, ROIG, Rodrigo Duque Estrada. Execução Penal, p. 317.
209
Art. 111 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
210
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 111
212
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 112
214
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 112
215
Art. 112 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
Crime Hediondo ou
Equiparado – Primário – 1/6 40% ou 2/5 40% ou 2/5
Sem resultado morte
Crime Hediondo ou
Equiparado – Primário – 1/6 40% ou 2/5 50% ou ½
Com resultado morte
Crime Hediondo ou
Equiparado – Reincidente
1/6 60% ou 3/5 60% ou 3/5
específico – Sem resultado
morte
Crime Hediondo ou
Equiparado – Reincidente
1/6 60% ou 3/5 70%
específico – Com resultado
morte
217
Art. 112 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
25
ROIG, Rodrigo Duque Estrada. Execução Penal, p. 317.
26
ROIG, Rodrigo Duque Estrada. Execução Penal, p. 331.
218
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 112
Nas quatro vezes em que o art. 112 se refere à reincidência, ele utiliza
claramente noções de reincidência específica, ou seja, a reiteração da mesma
categoria de crime ali referida. No inciso II, estabelece a fração de 20% para o
reincidente “em crime cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça”. No
inciso IV, estabelece a fração de 30% para o reincidente “em crime cometido com
violência à pessoa ou grave ameaça”. No inciso VII, estabelece a fração de 60%
para o reincidente “na prática de crime hediondo ou equiparado”, sem resultado
morte. No inciso VIII, por fim, estabelece a fração de 70% para o reincidente “em
crime hediondo ou equiparado com resultado morte”.
O problema está nas situações em que a pessoa seja reincidente genérica,
e não específica. Naturalmente, a incidência de diferentes frações demanda o
cálculo discriminado e um requisito misto. Porém, não há frações previstas para
tais casos. Por exemplo: se a pessoa tem duas condenações, a primeira por furto,
como réu primário, e a segunda por qualquer uma das situações acima referidas
(um roubo simples, um tráfico de drogas, um homicídio, etc), como reincidente,
é incontroverso que a primeira pena terá a fração de 16% (inciso I), mas não há
fração prevista no art. 112 para a segunda condenação.
219
Art. 112 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
27
Relatório Temático sobre Mulheres Privadas de Liberdade - Junho de 2017, Infopen Mulheres,
divulgado em 27 de novembro de 2019, referente a dados de junho de 2017. MINISTÉRIO DA
JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA. RELATÓRIO TEMÁTICO SOBRE MULHERES PRIVADAS
DE LIBERDADE – JUNHO DE 2017. Disponível em: < http://depen.gov.br/DEPEN/depen/
sisdepen/infopen-mulheres/copy_of_Infopenmulheresjunho2017.pdf >.
221
Art. 112 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
haver interpretação extensiva em prejuízo do réu. (...). “(STJ, HC 539.119/SP, Rel. Min.
Jorge Mussi, j. 05/12/2019).
Por fim, dispõe o art. 112, § 4º que “o cometimento de novo crime doloso
ou falta grave implicará a revogação do benefício previsto no § 3º deste artigo”.
Não há impedimento legal à reiteração do pedido de progressão especial após
a reabilitação da falta grave e recuperação do bom comportamento, desde que
preenchidos os demais requisitos.
É ainda possível, em tese, que haja concurso formal próprio entre crime
comum e crime hediondo. De acordo com a regra do art. 70, do CP, aplica-se
apenas a pena mais grave, aumentada de um sexto até a metade.
Embora somente o resultado final seja informado no processo de execução,
será necessário olhar cuidadosamente a sentença condenatória e proceder ao
cálculo discriminado, pois não é correto que a fração maior (2/5 ou 3/5) incida
224
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 112
225
Art. 112 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
(por exemplo, o preso já progrediu ao semiaberto, mas pede a remição por período
trabalhado na unidade de regime fechado, antes da progressão). Nesse caso, não
havendo previsão legal expressa, deve prevalecer o entendimento mais benéfico
à pessoa presa, qual seja, a aplicação do art. 128 e o cômputo do tempo remido
como pena cumprida, como se o período de trabalho ou estudo tivesse ocorrido
já em regime semiaberto. Alternativamente, pode-se ainda contabilizar o tempo
remido deduzindo da pena total, para que a remição efetivamente contribua para
a aproximação do alcance do direito a nova progressão.
28
Sobre, v. CACICEDO, Patrick. “A natureza declaratória da decisão de progressão de regime: notas sobre
o julgamento do HC 115.254 no Supremo Tribunal Federal”. Revista Brasileira de Ciências Criminais,
v. 124, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, p. 357-368.
227
Art. 112 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
228
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 112
229
Art. 112 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
230
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 112
Dispõe o art. 4º, §5º, da Lei 12.850/2013: “Se a colaboração for posterior à sentença,
a pena poderá ser reduzida até a metade ou será admitida a progressão de regime ainda
que ausentes os requisitos objetivos”. Portanto, admite-se a redução de metade de
pena ou a progressão de regime imediata, independentemente do cumprimento
de frações da pena, para o condenado que, após a sentença, realiza acordos de
colaboração premiada. Para colaborações premiadas anteriores à sentença, o
art. 4º, caput, da mesma Lei, prevê a redução da pena em até 2/3 (dois terços)
e a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos.
O perdão judicial também pode ser concedido, a qualquer tempo, conforme
“a relevância da colaboração prestada” (art. 4º, §2º, Lei 12.850/2013).
29
ROIG, Rodrigo Duque Estrada; GIAMBERARDINO, André. “Análise e consequências da derru
bada do veto ao artigo 112, §7º, da LEP”. Revista Consultor Jurídico, 30 de abril de 2021. Disponível
em: https://www.conjur.com.br/2021-abr-30/opiniao-analise-derrubada-veto-artigo-112-lep.
232
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 112
234
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 112
Portanto, para essa tese, a data da nova progressão após a interrupção do prazo
por falta grave não pode ser posterior a um ano da data anteriormente prevista
para progressão.
Pode ocorrer de a pessoa estar presa por conta de uma prisão preventiva
ou temporária, relativa a um processo criminal em curso ou que se arrasta
na Justiça, e preencher os requisitos para progredir de regime no processo de
execução. Não se pode confundir deferimento com aperfeiçoamento da decisão.
A existência de mandado de prisão por conta de decisão em outro processo
obsta o aperfeiçoamento da decisão concessiva da progressão de regime, mas
não seu deferimento – salvo, claro, se o juízo de execução entender que o crime
ali investigado é falta grave a comprometer o requisito disciplinar. Não havendo
tal conclusão, porém, a progressão de regime deve ser deferida, inclusive com
alteração da data-base para que já se inicie o cumprimento da fração para a
próxima progressão, ao regime aberto. Afinal, a prisão cautelar, por definição,
pode cessar a qualquer momento, e se isso ocorrer a situação já estará regularizada
no âmbito da execução.
Mas atenção: se a pessoa vier a ser condenada neste processo de conhecimento
no qual havia prisão preventiva, e com a soma/unificação das penas ela deixar
de ter direito imediato à progressão, a decisão concessiva anterior (que nunca
chegou a se aperfeiçoar) deverá ser considerada sem efeitos, retornando a data-
base àquela da última prisão.
O raciocínio acima não se aplica aos casos em que a prisão cautelar foi
decretada no mesmo processo que acaba de ganhar sentença condenatória,
sendo iniciada a execução provisória da pena. Se houve a expedição de guia de
235
Art. 112 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
Evidente que não, na medida em que não há previsão legal que estabeleça
o pagamento da pena de multa como requisito da progressão de regime.
Os conceitos de reparação do dano e o de devolução do produto do crime tratados
acima são muito distintos da pena de multa que é aplicada cumulativamente à
pena privativa de liberdade. Em debate sobre o art. 33, § 4º, do CP, porém, o STF
inovou e firmou tese no sentido de que “O inadimplemento deliberado da pena de multa
cumulativamente aplicada ao sentenciado impede a progressão no regime prisional. Essa
regra somente é excepcionada pela comprovação da absoluta impossibilidade econômica do
apenado em pagar o valor, ainda que parceladamente” e que “A jurisprudência do STF
demonstraria que a análise dos requisitos necessários para progressão não se restringiria
ao art. 112 da LEP, pois outros elementos deveriam ser considerados pelo julgador para
individualizar a pena” (STF, EP 12 ProgReg-AgR/DF, Rel. Min. Roberto Barroso,
j. 08/04/2015). Quais seriam esses outros requisitos além dos previstos em Lei?
A plena incidência do princípio da legalidade estrita à execução penal não é
compatível com grau tamanho intenso de ativismo judicial – in malam partem – e
produz enorme insegurança jurídica.
236
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 112
O art. 2º, § 9º, da Lei 12.850/2013, incluído pela Lei 13.964/2019, passou a
vedar a progressão de regime, o livramento condicional “ou outros benefícios
prisionais” se houver elementos probatórios de manutenção de vínculo associativo
com organização criminosa, desde que a vinculação tenha sido expressamente
reconhecida em sentença. Assim dispõe o texto legal: “O condenado expressamente
em sentença por integrar organização criminosa ou por crime praticado por meio de
organização criminosa não poderá progredir de regime de cumprimento de pena ou obter
livramento condicional ou outros benefícios prisionais se houver elementos probatórios
que indiquem a manutenção do vínculo associativo”.
A lei não explica a natureza ou como se produziriam os “elementos proba
tórios” indicativos da “manutenção do vínculo associativo”. Obviamente só há
natureza de prova se houver contraditório e autorização judicial, com respeito ao
procedimento legal, nos casos de utilização de “informantes” ou interceptações
telefônicas. O problema é dispor de um parâmetro tão genérico e flexível com
uma consequência tão radical, como a suspensão da possibilidade de progressão
de regime, de livramento condicional e de todos os “benefícios prisionais”.
Trata-se de vedação genérica e inconstitucional por violação tanto ao
princípio da individualização como, sobretudo, da proporcionalidade. Não há o
que justifique permitir que um condenado por crime gravíssimo possa ter direito
à progressão de regime e seu colega de cela, condenado por crimes mais leves,
não possa, apenas porque se lhe atribui a imputação de vínculo associativo com
organização criminosa.
Vale observar, por fim, que não há vinculação necessária entre a condição de
“mula”, ou seja, função de transporte da droga ilícita, e o pertencimento a orga
nização criminosa, sendo possível inclusive o reconhecimento de tráfico privile
giado (STF, 131.795/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 03/05/2016; STJ, HC 387.077/SP,
Rel. Min. Ribeiro Dantas, j. 06/04/2017).
238
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 113
239
Art. 114 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
240
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 115
242
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 116
243
Art. 117 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
Além desses casos, tem-se ainda a Lei nº 5.256, de 6 de abril de 1967, que
regulamenta a prisão especial e admite a prisão domiciliar do réu ou acusado
244
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 117
245
Art. 118 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
118.2 Regressão de regime por causa da prática de fato definido como crime
doloso ou falta grave
247
Art. 118 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
condicional (vide art. 26, II, LEP), no qual não se admite o cometimento de faltas
disciplinares.
249
Art. 120 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
SEÇÃO III
Das Autorizações de Saída
SUBSEÇÃO I
Da Permissão de Saída
250
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 121
251
Art. 122 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
SUBSEÇÃO II
Da Saída Temporária
254
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 123
255
Art. 123 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
256
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 124
possibilidade de fixação de calendário anual de saídas temporárias por ato judicial único,
observadas as hipóteses de revogação automática do art. 125 da LEP. Segunda tese:
O calendário prévio das saídas temporárias deverá ser fixado, obrigatoriamente, pelo Juízo
das Execuções, não se lhe permitindo delegar à autoridade prisional a escolha das datas
específicas nas quais o apenado irá usufruir os benefícios. Inteligência da Súmula n. 520 do
STJ. Terceira tese: Respeitado o limite anual de 35 dias, estabelecido pelo art. 124 da LEP,
é cabível a concessão de maior número de autorizações de curta duração. Quarta tese: As
autorizações de saída temporária para visita à família e para participação em atividades
que concorram para o retorno ao convívio social, se limitadas a cinco vezes durante o ano,
deverão observar o prazo mínimo de 45 dias de intervalo entre uma e outra. Na hipótese
de maior número de saídas temporárias de curta duração, já intercaladas durante os doze
meses do ano e muitas vezes sem pernoite, não se exige o intervalo previsto no art. 124,
§ 3°, da LEP (...)” (STJ, REsp, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, 3ª Seção, j. 14/09/2016).
Art. 124 A autorização será concedida por prazo não superior a 7 (sete)
dias, podendo ser renovada por mais 4 (quatro) vezes durante o ano.
§ 1º Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao beneficiário as
seguintes condições, entre outras que entender compatíveis com as
circunstâncias do caso e a situação pessoal do condenado: (Incluído pela
Lei nº 12.258, de 2010)
I - fornecimento do endereço onde reside a família a ser visitada ou onde
poderá ser encontrado durante o gozo do benefício; (Incluído pela Lei
nº 12.258, de 2010)
II - recolhimento à residência visitada, no período noturno; (Incluído pela
Lei nº 12.258, de 2010)
III - proibição de frequentar bares, casas noturnas e estabelecimentos
congêneres. (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
§ 3º Quando se tratar de frequência a curso profissionalizante, de ins
trução de ensino médio ou superior, o tempo de saída será o necessário
para o cumprimento das atividades discentes. (Renumerado do parágrafo
único pela Lei nº 12.258, de 2010)
§ 3º Nos demais casos, as autorizações de saída somente poderão ser
concedidas com prazo mínimo de 45 (quarenta e cinco) dias de intervalo
entre uma e outra. (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
257
Art. 124 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
258
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 125
30
ROIG, Rodrigo Duque Estrada. Execução Penal, p. 380.
259
Art. 126 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
SEÇÃO IV
Da Remição
260
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 126
De acordo com o art. 126, II, da LEP, o condenado soma 1 (um) dia de pena
cumprida para cada 3 (três) dias de trabalho, o que é possível somente quando
em regime fechado ou semiaberto. Não há remição pelo trabalho, portanto, para
condenados em regime aberto, em livramento condicional, em prisão domiciliar ou
cumprindo pena restritiva de direitos, regra sujeita a críticas de base constitucional
e principiológica.
A regulamentação do trabalho carcerário ou realizado fora do estabeleci
mento penal estabelece uma jornada entre seis e oito horas, com descanso em
domingos e feriados (art. 33, LEP), exigindo-se a habitualidade, estabilidade e
continuidade do serviço prestado. Se extrapolado o limite, será considerado um
dia de trabalho a cada seis horas extras (STJ, REsp 106.493-4/ RS, Rel. Min. Og
Fernandes, j. 11/12/2009).
Pela mesma lógica, também os períodos trabalhados com período inferior
a 6 horas devem ser computados e contabilizados para fins de remição (STJ, HC
664.330/MG, Rel. Min. Reynaldo da Fonseca, j. 05/05/2021).
Exige-se a comprovação documental da carga horária de trabalho realizado,
assim como o registro preciso dos dias trabalhados, excluindo-se os dias de
descanso e quando a atividade laborativa for inferior a seis horas. No entanto, se a
jornada inferior a seis horas foi determinação da direção do presídio, sem qualquer
indisciplina, subsiste o direito à remição, com base nos princípios da segurança
jurídica e da proteção da confiança (STF, RHC 136.509, Rel. Min. Dias Toffoli,
261
Art. 126 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
2ª T., j. 04/04/2017; STF, HC 143.324/ MG, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 04/05/2017; STJ,
REsp 1.721.257/MG, 5ª T., Rel. Min. Jorge Mussi, j. 05/06/2018).
É possível que haja horário especial de trabalho aos designados para serviços
de conservação e manutenção e, enfim, também possível se afigura o trabalho
em domingos e feriados, por inteligência do próprio art. 33, parágrafo único, da
LEP. Se a direção do estabelecimento atestar o trabalho em domingos e feriados,
não há dúvida sobre o direito à remição (STJ, HC 346.948/RS, Rel. Min. Reynaldo
Soares da Fonseca, 5ª T., j. 21/06/2016).
É possível a cumulação da remição pelo trabalho e pelo estudo, conforme
expressamente previsto pelo art. 126, § 3º, LEP, devendo as horas estabelecidas
para cada atividade serem compatibilizadas. Sobre o tema, entendeu o STF que
a pessoa presa tem direito à remição da pena por trabalho e estudo realizados
concomitantemente, desde que dentro dos limites diários de jornada de trabalho
e de frequência escolar, individualmente considerados (STF, RHC 187.940, 2ª T.,
j. 05/03/2021).
Importante, ainda, atentar à regra do art. 126, § 4º, segundo o qual “o preso
impossibilitado, por acidente, de prosseguir no trabalho ou nos estudos, continuará a
beneficiar-se com a remição”. Deve-se compensar 1 (um) dia de pena remida para cada
3 (três) dias de paralisação diretamente ligada ao acidente ocorrido. Ocorrendo a
verificação técnica da recuperação do condenado, evidentemente cessará a remição
por dias parados e deverá ocorrer o retorno ao trabalho.
Na medida em que a lei não distingue a natureza do trabalho, contam
para a remição tanto trabalho interno como externo, seja ele manual, agrícola,
industrial ou artesanal. A remição por atividade laborativa extramuros é admitida
expressamente pela Súmula 562 do STJ: “É possível a remição de parte do tempo de
execução da pena quando o condenado, em regime fechado ou semiaberto, desempenha
atividade laborativa, ainda que extramuros”.
A jurisprudência do STJ admite a remição por trabalho para o preso
que exerce função de “representante de galeria”, desde que a atividade seja
formalmente reconhecida pela direção do estabelecimento penal (STJ, AgRg no
HC 515.431/RS, 6ª T., j. 19/09/2019; REsp 1.804.266/RS, 6ª T., j. 11/06/2019; HC
460.630/RS, 6ª T., j. 11/06/2019).
262
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 126
265
Art. 126 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
266
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 126
31
ROIG, Rodrigo Duque Estrada. Execução Penal, p. 393.
267
Art. 126 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
268
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 126
O tema tem grande densidade teórica por meio da categoria de penas ilícitas
do ponto de vista qualitativo32, ensejando direito à indenização pelo Estado porque
há excesso em relação à pena fixada na sentença condenatória. O tempo linear
passa a ser tratado como tempo vivencial, produzindo outros parâmetros para
aferição do cumprimento da pena. Trata-se de um dos principais debates – quiçá
o principal – dentre os temas contemporâneos e avançados de execução penal, e
que por ora não comporta aprofundamento neste volume.
A Corte Interamericana de Direitos Humanos determinou, em Medida
Provisória constante de Resolução de 22/11/2018, o cômputo de remição ficta
por pena cumprida nas condições degradantes no Instituto Penal Plácido de
Sá Carvalho (IPPSC), no Complexo Penitenciário de Bangu, no Rio de Janeiro:
“O Estado deverá arbitrar os meios para que, no prazo de seis meses a contar da presente
decisão, se compute em dobro cada dia de privação de liberdade cumprido no IPPSC,
para todas as pessoas ali alojadas, que não sejam acusadas de crimes contra a vida ou a
integridade física, ou de crimes sexuais”.
O STJ corroborou o entendimento e concedeu ordem neste sentido: “vale
asseverar que, por princípio interpretativo das convenções sobre direitos
humanos, o Estado-parte da CIDH pode ampliar a proteção dos direitos humanos,
por meio do princípio pro personae, interpretando a sentença da Corte IDH
da maneira mais favorável possível aquele que vê seus direitos violados. No
mesmo diapasão, as autoridades públicas, judiciárias inclusive, devem exercer o
controle de convencionalidade, observando os efeitos das disposições do diploma
internacional e adequando sua estrutura interna para garantir o cumprimento
total de suas obrigações frente à comunidade internacional, uma vez que os países
signatários são guardiões da tutela dos direitos humanos, devendo empregar a
interpretação mais favorável a indivíduo. Logo, os juízes nacionais devem agir
como juízes interamericanos e estabelecer o diálogo entre o direito interno e o
direito internacional dos direitos humanos, até mesmo para diminuir violações
e abreviar as demandas internacionais. É com tal espírito hermenêutico que se
dessume que, na hipótese, a melhor interpretação a ser dada, é pela aplicação a
Resolução da Corte Interamericana de Direitos Humanos, de 22 de novembro de
2018 a todo o período em que o recorrente cumpriu pena no IPPSC“ (STJ, RHC
136.961/RJ, j. 28/04/2021).
32
VACANI, Pablo. La cantidad de pena en el tempo de prisión: sistema de la medida cualitativa. Buenos
Aires: AdHoc, 2015.
269
Art. 126 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
Art. 127 Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um
terço) do tempo remido, observado o disposto no art. 57, recomeçando
a contagem a partir da data da infração disciplinar. (Redação dada pela
Lei nº 12.433, de 2011)
271
Art. 127 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
Com a Lei 12.433/11, que retroage e alcança todos os condenados que tiveram
a perda integral dos dias remidos em momento anterior, o art. 127 passou a
prever que, em caso de falta grave, o juiz poderá decretar a perda apenas de até
um terço (1/3) dos dias remidos, observando o art. 57 da LEP, o qual determina
que “na aplicação das sanções disciplinares, levar-se-ão em conta a natureza, os motivos,
as circunstâncias e as consequências do fato, bem como a pessoa do faltoso e seu tempo de
prisão”. A contagem recomeça a partir da data da infração disciplinar.
Como se vê, a decretação da perda dos dias remidos não é vinculada, mas
uma faculdade do magistrado, o qual tem obrigação de motivar a decisão segundo
os critérios do art. 57 da própria LEP. No caso de sua aplicação, estabelece-se o
limite máximo de um terço (1/3) dos dias remidos, devendo a perda ser em menor
monta se assim indicarem as circunstâncias do caso concreto. Segundo o STJ,
“caracteriza coação ilegal a decretação da perda dos dias remidos na fração máxima de 1/3
sem fundamentação concreta” (STJ, HC 282.265/RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, 6ª
T., j. 22/04/2014). Por outro lado, o STJ admite que “falta de natureza especialmente
grave” fundamente a perda dos dias remidos na fração legal máxima de 1/3 (STJ,
AgRg no HC 550.207/SP, 5ª T., j. 18/02/2020).
272
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 128
Art. 128 O tempo remido será computado como pena cumprida, para
todos os efeitos. (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011)
273
Art. 128 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
274
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 129
275
Art. 131 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
SEÇÃO V
Do Livramento Condicional
nesse sentido, pela não recepção do texto legal, neste ponto, pela Constituição
de 1988.
De acordo com o Código Penal, a pessoa deve cumprir (I) mais de um terço
da pena, caso não seja reincidente em crime doloso e apresente bons antecedentes
(art. 83, I, CP); (II) mais de metade da pena, se reincidente em crime doloso (art.
83, II, CP); (III) mais de dois terços da pena, se a condenação tiver sido por crime
hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico
de pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes
dessa natureza (art. 83, V, CP).
O crime de associação para o tráfico (art. 35, Lei 11.343/2006), embora
não seja equiparado a hediondo, tem requisito específico de 2/3 (dois terços)
da pena previsto no art. 44, parágrafo único, da mesma Lei. Prevalece no STJ o
entendimento pela aplicação da fração, com base no princípio da especialidade
(STJ, HC 526.196/RS, Rel. Leopoldo de Arruda Raposo, j. 12/11/2019).
Descabido e ilegal, porém, pretender aplicar a fração de 2/3 (dois terços) ao
tráfico privilegiado, ou seja, quando há incidência da minorante prevista no art.
33, § 4º, da Lei 11.343/2006. O art. 44 da Lei de Drogas, que estabelece a fração
mais gravosa, menciona expressamente apenas o caput e o § 1º do art. 33. O tráfico
privilegiado não tem natureza de crime equiparado a hediondo, como assentado
pelo STF no HC 118.533/MS, julgado em 23/06/2016 e que tratava de um pedido
de livramento condicional, e agora pelo disposto pelo art. 112, § 5º da LEP.
O primário de maus antecedentes deve cumprir mais de um terço da pena,
enquadrando-se no inciso I do art. 83 do CP, pois incabível interpretação analógica
em outro sentido (STJ, HC 102.278/RJ, 6ª T., Rel. Min. Jane Silva, j. 03.04.2008; STJ,
HC 26.140/RJ, 6ª T., Rel. Min. Paulo Medina, j. 18.11.2003)
A aferição da periculosidade que precede a definição do quantum de pena
cumprida exigida deve ter um critério objetivo, assim como no sursis, na medida
em que haverá reincidência tão-somente se a pena referente à condenação
277
Art. 131 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
por fato cometido nos termos da definição legal de reincidência não tiver sido
cumprida há mais de cinco anos (art. 64, I, CP). Em relação ao conceito de bons e
maus antecedentes, há que se resolver a tensão inafastável para com o princípio
da presunção de inocência. O STJ já se manifestou sobre o tema afirmando que
o livramento condicional não pode ser negado apenas com base nos “maus
antecedentes”, mormente se a circunstância já foi sopesada na aplicação da pena
(STJ, HC 57.300/SP, 5ª T., Rel. Min. Gilson Dipp, j. 05.12.2006).
Assim como na progressão de regime, quando houver cumulação de crime
comum e hediondo, tem-se o chamado requisito temporal misto. Nesses casos,
deve-se realizar o cálculo diferenciado ou discriminado, tomando-se as penas
separadamente.
No caso de condenação superveniente em razão do cometimento de novo
crime, as penas são somadas (art. 84, CP), mantendo-se a data-base na primeira
prisão (salvo se o novo crime tiver sido cometido durante o período de prova,
pois nesse caso se aplica o art. 88 do CP). Mas se tratando de crime anterior ao
livramento, a unificação das penas, no que toca ao livramento, não tem o condão
de alterar a data-base deste último.
Não há relação entre a data-base da progressão de regime e aquela do
livramento condicional. Havendo progressão de regime, a fração exigida para
o livramento condicional continua sendo calculada com base no total da pena
aplicada, mantendo-se a data-base na primeira prisão. E havendo livramento
condicional, não deve ser interrompida a data-base para progressão. Embora se
trate de prática corriqueira, é equivocada a interrupção da contagem do requisito
objetivo da progressão de regime porque o preso saiu em livramento condicional,
justamente porque o livramento, nos moldes atuais, não constitui etapa do sistema
progressivo, tratando-se de direitos independentes entre si.
Em nenhuma hipótese, portanto, a não ser que haja novo crime durante o
período de prova, reinicia-se a contagem do requisito temporal para o livramento
condicional. O cometimento de falta grave não enseja a interrupção, nos termos da
Súmula 441 do STJ; e a superveniência de nova condenação, com a consequente
unificação das penas, também não pode permitir a interrupção, o que violaria
gravemente a literalidade da lei penal (art. 84, CP).
“salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo” (art. 83, IV, CP). Há forte movimento,
todavia, no sentido de entender que a Lei 10.792/03 teria derrogado este dispo
sitivo, passando a exigir somente o “bom comportamento”.
Há base legal com potencial, nesse ponto, para a valoração da construção
de práticas de mediação e justiça restaurativa, com a participação da vítima, no
âmbito da execução penal, indo-se além da concepção meramente pecuniária do
conceito de reparação, a qual pode ser simbólica e dialogicamente construída.
281
Art. 132 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
283
Art. 133 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
284
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 136
285
Art. 138 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
33
ROIG, Rodrigo Duque Estrada. Execução Penal, p. 405.
286
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 139
A lei prevê tanto a observação cautelar, ou seja, não ostensiva, das atividades
do condenado, como a prestação de assistência ao egresso, por meio do serviço
social, patronato ou Conselho da Comunidade.
287
Art. 140 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
289
Art. 142 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
290
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 143
291
Art. 144 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
Art. 145 Praticada pelo liberado outra infração penal, o Juiz poderá
ordenar a sua prisão, ouvidos o Conselho Penitenciário e o Ministério
Público, suspendendo o curso do livramento condicional, cuja revogação,
entretanto, ficará dependendo da decisão final.
34
ROIG, Rodrigo Duque Estrada. Execução Penal, p. 428.
292
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 146
293
Art. 146-A ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
da pena que já se operou (nesse sentido: STJ, HC 149.527, 5 T., Rel. Min. Arnaldo
Lima, j. 23.3.2010).
O STJ editou súmula sobre a matéria: “A ausência de suspensão ou revogação
do livramento condicional antes do término do período de prova enseja a ex
tinção da punibilidade pelo integral cumprimento da pena”. (Súmula 617, DJe
01/10/2018).
Seção VI
Da Monitoração Eletrônica
(Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
294
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 146-C
Art. 146-C O condenado será instruído acerca dos cuidados que deverá
adotar com o equipamento eletrônico e dos seguintes deveres: (Incluído
pela Lei nº 12.258, de 2010)
I - receber visitas do servidor responsável pela monitoração eletrônica,
responder aos seus contatos e cumprir suas orientações; (Incluído pela
Lei nº 12.258, de 2010)
II - abster-se de remover, de violar, de modificar, de danificar de qualquer
forma o dispositivo de monitoração eletrônica ou de permitir que outrem
o faça; (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
III - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
Parágrafo único. A violação comprovada dos deveres previstos neste
artigo poderá acarretar, a critério do juiz da execução, ouvidos o Ministério
Público e a defesa: (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
I - a regressão do regime; (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
II - a revogação da autorização de saída temporária; (Incluído pela Lei
nº 12.258, de 2010)
III - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
IV - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
V - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
VI - a revogação da prisão domiciliar; (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
VII - advertência, por escrito, para todos os casos em que o juiz da
execução decida não aplicar alguma das medidas previstas nos incisos
de I a VI deste parágrafo. (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
295
Art. 146-C ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
Ainda que não se trate de falta grave, porém, podem acarretar a regressão
de regime e a revogação da saída temporária, a revogação da prisão domiciliar
ou a advertência por escrito.
O procedimento para regressão de regime por conta de violação de deveres
da monitoração eletrônica exige comprovação da violação e oitiva de Ministério
Público e Defesa, não admitindo a lei a regressão cautelar neste caso, sendo esta
a melhor interpretação do parágrafo único.
É inadmissível a regressão de regime por conta de descarregamento des
contínuo da bateria, por períodos curtos de tempo, pois a situação não configura
296
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 146-D
CAPÍTULO II
Das Penas Restritivas de Direitos
SEÇÃO I
Disposições Gerais
298
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 147
Nos termos do art. 44, § 2º do Código Penal, ainda, o quantum de pena apli
cada determina o âmbito de possibilidades de substituição: apenas multa ou
apenas uma pena restritiva de direitos, se a condenação não ultrapassa um ano;
e uma pena restritiva de direitos e multa, ou duas penas restritivas de direito,
caso a pena aplicada seja superior a uma ano.
A LEP não trata da prestação pecuniária, modalidade de PRD regulada pelo
art. 45, §§ 1º e 2º, do CP, com caráter reparatório e não se confundindo com a pena
de multa. A medida consiste em pagamento em dinheiro – ou prestação de outra
natureza, se houver a concordância do beneficiário – à vítima, seus dependentes
ou entidade pública ou privada com destinação social. Conforme estabelece o texto
legal, a importância paga, em valor fixado pelo juiz entre 1 (um) e 360 (trezentos
e sessenta) salários mínimos, será deduzida de eventual montante decorrente de
condenação em fsede cível tendo o mesmo beneficiário. Vale insistir no ponto de
que a prestação pecuniária é plenamente compatível com a privação de liberdade.
Deve ser permitido o cumprimento simultâneo, não cabendo a conversão desta
em pena privativa de liberdade no procedimento de unificação.
300
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 148
A LEP também não trata da perda de bens e valores, prevista no art. 45,
§ 3º, do CP. Trata-se da destinação de “bens e valores” do condenado ao Fundo
Penitenciário Nacional (salvo legislação especial), nos limites do prejuízo causado
ou benefícios obtidos pelo agente, ou por terceiro, com a prática do crime.
SEÇÃO II
Da Prestação de Serviços à Comunidade
302
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 150
SEÇÃO III
Da Limitação de Fim de Semana
303
Art. 152 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
A Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha) inseriu dispositivo (art. 152, parágrafo
único, LEP) segundo o qual o juiz poderá determinar o comparecimento obriga
tório do condenado a programas específicos de recuperação nos casos de violência
doméstica contra a mulher.
SEÇÃO IV
Da Interdição Temporária de Direitos
Deve ser lido em conjunto ao art. 47 do Código Penal, que prevê quatro
modalidades de interdição temporária do exercício de direitos por parte do
condenado, sendo
(a) “proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem
como de mandato eletivo” – neste caso, a autoridade deve determinar
o cumprimento em até 24 horas após recebimento do ofício com a
comunicação;
(b) “proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam
de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público”;
(c) “suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo”,
observando-se que nesses dois últimos casos o juízo de execução
determinará a apreensão dos respectivos documentos (art. 154, §2º,
LEP);
(d) “proibição de frequentar determinados lugares” e,
(e) inserido pela Lei 12.550/2011, a “proibição de inscrever-se em concurso,
avaliação ou exame públicos”.
CAPÍTULO III
Da Suspensão Condicional
a suspensão condicional, resta excluída (art. 77, II, CP) a aplicação da suspensão
condicional da pena ao condenado cuja pena aplicada seja passível de substituição
por pena restritiva de direitos (art. 44, CP).
(b) Pena privativa de liberdade aplicada. O quantum temporal de pena privativa
de liberdade aplicada exigida para a concessão do sursis, e o prazo do “período de
prova”, podem variar de acordo com características do autor. Ressalva-se que a
distinção entre sursis simples/comum e especial leva em conta apenas as modalidades
de cumprimento, sem alterar o requisito temporal a partir da pena aplicada.
A mudança ocorre quando a suspensão condicional da pena assume como critérios
a idade do condenado ou razões de saúde, quando o sursis será chamado etário
ou humanitário. Logo, especificamente acerca do requisito temporal exigido para
a concessão do sursis, considera-se que tanto no caso do sursis simples/comum ou
especial (sobre a distinção entre eles, v. ponto infra e art. 78, § 2º, CP), exige-se
uma pena privativa de liberdade aplicada não superior a dois anos. O benefício
não cabe quando se trata de penas restritivas de direito ou penas de multa
(art. 80, CP). O prazo do “período de prova” poderá variar entre dois e quatro
anos (art. 77, CP). No caso do sursis etário, aplicável a condenados idosos – mais de
70 anos de idade na data de publicação da sentença ou acórdão –, e humanitário, por
razões de saúde, o requisito temporal se alarga a uma pena aplicada não superior
a quatro anos. O prazo do “período de prova”, por sua vez, poderá variar entre
quatro e seis anos (art. 77, § 2º, CP). Há, ainda, previsão específica para os crimes
ambientais (art. 16, Lei 9.605/98), para os quais há possibilidade de sursis quando
a pena aplicada não ultrapassa três anos.
(c) Que o condenado não seja reincidente em crime doloso, excetuando-se eventual
condenação a pena de multa (art. 77, I, CP). A aferição do status de reincidente deve
ser feita objetivamente, com base no critério da existência de sentença condenatória
transitada em julgado, aplicando pena privativa de liberdade, observando-
se o prazo de cinco anos contado a partir de seu integral cumprimento ou da
cerimônia de livramento condicional (art. 64, I, CP). Se houve concessão de sursis
na condenação anterior, o termo inicial de contagem do referido prazo de cinco
anos é a data da audiência admonitória. Inquéritos e processos em andamento,
ou mesmo sentenças condenatórias não transitadas em julgado, não podem ser
equiparadas a reincidência.
(d) Que “a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do
agente”, além dos “motivos e circunstâncias”, sejam favoráveis (art. 77, II, CP). Trata-se
do único requisito com elementos propriamente subjetivos, suficiente para inserir
a decisão pela concessão ou não do sursis dentro do espaço de discricionariedade
307
Art. 157 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
308
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 158
As condições são as regras fixadas para cumprimento pelo sujeito ao qual foi
concedida a suspensão condicional da pena. Constituem o conteúdo do tratamento
alternativo que substitui a execução da condenação à privação da liberdade e
podem ser modificadas a qualquer tempo pelo juiz, inclusive de ofício (art. 158,
§ 2º, LEP), mas sempre ouvido o condenado.
309
Art. 159 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
A lei prevê algumas condições obrigatórias (art. 78, CP) e abre espaço para
que o juiz fixe outras que considerar necessário (art. 79, CP). Tratam-se, res
pectivamente, das condições legais e judiciais.
Também as condições são critérios de classificação das modalidades de
suspensão condicional da pena. No sursis simples ou comum, são desde logo
aplicadas as condições legais determinando que o condenado, no primeiro ano,
preste serviços à comunidade ou sofra limitação de fim-de-semana.
A exigência, porém, pode ser substituída se o apenado já houver reparado o
dano (sendo possível fazê-lo) e se as circunstâncias o forem “inteiramente favo
ráveis” (art. 78, § 2º, CP). Neste caso – trata-se do sursis especial –, a substituição
implicará na aplicação cumulativa de condições limitativas da liberdade de
locomoção, quais sejam: (a) proibição de frequentar determinados lugares; (b)
proibição de se ausentar da comarca onde reside sem autorização judicial; e (c)
comparecimento mensal em juízo para prestar conta das próprias atividades.
Em relação à determinação das condições judiciais, importa que exista um
controle de razoabilidade com parâmetros no próprio ordenamento constitucional.
Por exemplo, as condições não podem, em si, constituírem uma nova modalidade
de sanção ou ultrapassar a restrição de direitos realizada na sentença condenatória.
310
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 160
Art. 161 Se, intimado pessoalmente ou por edital com prazo de 20 (vinte)
dias, o réu não comparecer injustificadamente à audiência admonitória,
a suspensão ficará sem efeito e será executada imediatamente a pena.
311
Art. 162 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
312
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 163
prova sem revogação, a posição mais democrática é aquela que reconhece como
irreversível a extinção da punibilidade. Mesmo sendo a prorrogação automática,
não dependendo de decisão judicial, também assim é a extinção da pena privativa
de liberdade com a expiração do prazo sem revogação (art. 82, CP). Todavia,
há precedentes dos tribunais superiores considerando que o descumprimento
de condição imposta durante o período de prova pode dar ensejo à revogação,
mesmo após a expiração do prazo do período de prova.
Caso transcorra o período de prova e o prazo expire sem que tenha havido
revogação, é declarada extinta a punibilidade (art. 82, CP). A lei brasileira optou,
como se vê, pelo critério da ausência de revogação para se definir o significado de
“êxito positivo” do período de prova. Convém assinalar que existem orientações
diversas em outros ordenamentos, em prol de um critério mais explicitamente
subjetivo, segundo o qual o “êxito positivo” do sursis deve decorrer de uma
valoração do juízo de execução acerca da reeducação do réu, independentemente
do decurso do prazo sem revogação.
313
Art. 164 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
CAPÍTULO IV
Da Pena de Multa
A pena de multa é prevista pelo Código Penal como terceira opção san
cionatória aos imputáveis, ao lado das penas privativas de liberdade e penas
restritivas de direito. O dispositivo prevê o procedimento para sua cobrança, com
citação do condenado em autos apartados para pagamento da multa em 10 dias,
após extração da certidão da sentença condenatória com trânsito em julgado.
314
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 164
Nessa esteira, não podem haver consequências penais por conta de eventual
inadimplência quanto à pena de multa. Em julgamento de Recurso Repetitivo
(STJ, REsp 1.519.777/SP, 3ª Seção, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, j. 26/08/2015), o
Superior Tribunal de Justiça firmou a tese de que “Nos casos em que haja condenação
a pena privativa de liberdade e multa, extinta a primeira (ou de eventual restritiva de
direitos que a substituir), em razão de seu integral cumprimento, deve ser reconhecida a
extinção da punibilidade, mesmo sem o efetivo pagamento da sanção pecuniária”.
315
Art. 165 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
Art. 169 Até o término do prazo a que se refere o artigo 164 desta
Lei, poderá o condenado requerer ao Juiz o pagamento da multa em
prestações mensais, iguais e sucessivas.
§ 1° O Juiz, antes de decidir, poderá determinar diligências para verificar
a real situação econômica do condenado e, ouvido o Ministério Público,
fixará o número de prestações.
§ 2º Se o condenado for impontual ou se melhorar de situação econômica,
o Juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, revogará o
benefício executando-se a multa, na forma prevista neste Capítulo, ou
prosseguindo-se na execução já iniciada.
317
Art. 170 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
318
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 171
TÍTULO VI
Da Execução das Medidas de Segurança
CAPÍTULO I
Disposições Gerais
319
Art. 172 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
O Caso Ximenes Lopes vs. Brasil foi a primeira condenação do Brasil na Corte
Interamericana de Direitos Humanos, em 2006, e o primeiro caso envolvendo
violação de direitos de pessoa com deficiência mental; na ocasião, a Corte definiu
a “sujeição” como “qualquer ação que interfira na capacidade de um paciente
de tomar decisões ou que restrinja sua liberdade de movimento”, podendo ser
empregada somente como último recurso e com finalidade protetiva35.
35
Sobre, PAIVA, Caio; HEEMANN, Thimotie. Jurisprudência Internacional de Direitos Humanos. 2. ed.
Belo Horizonte: Editora CEI, 2017, p. 312-315.
320
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 172
e não asilar (art. 4º, § 3º , Lei 10.216/2001). Proibida a internação sem a expedição
de guia pela autoridade judiciária.
não seja proibido. De qualquer modo, ele só pode ser determinado por profissional
da medicina e desde que seja a última alternativa, acompanhado de diagnóstico
clínico, posterior a tentativas de resolução da situação por outros meios como,
por exemplo, o uso de antipsicóticos por via oral. É pacífico, no debate técnico da
área da saúde mental, que o uso de contenção por isolamento desacompanhado
de outras medidas e de acompanhamento médico cria riscos enormes à saúde
do paciente.
O artigo traz todos os elementos que deem constar da guia emitida pela
autoridade judiciária. É fundamental que constem informações sobre eventual
período de prisão cautelar ou mesmo internação provisória, pois o período deverá
ser detraído do prazo mínimo para realização do primeiro exame de cessação de
periculosidade (art. 42, CP) e do prazo máximo de internação (S. 527/STJ).
322
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 174
CAPÍTULO II
Da Cessação da Periculosidade
323
Art. 175 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
325
Art. 179 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
326
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 180
TÍTULO VII
Dos Incidentes de Execução
CAPÍTULO I
Das Conversões
327
Art. 181 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
328
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 182
329
Art. 183 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
330
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 184
CAPÍTULO II
Do Excesso ou Desvio
Art. 185 Haverá excesso ou desvio de execução sempre que algum ato
for praticado além dos limites fixados na sentença, em normas legais ou
regulamentares.
CAPÍTULO III
Da Anistia e do Indulto
332
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 188
333
Art. 190 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
334
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 192
36
ROIG, Rodrigo Duque Estrada. Execução Penal, p. 493 e ss.
37
Nesse sentido: MORAES, Railda Saraiva de. O poder de graça. Rio de Janeiro: Forense, 1979.
335
Art. 192 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
336
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 192
338
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 192
339
Art. 193 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
sendo este, porém, um óbice definitivo, mesmo porque a concessão não afasta o
cabimento de revisão criminal. Todavia, o art. 11, II, do Decreto nº. 9.246/2017,
que previa indulto na pendência de recurso da acusação, foi considerado
inconstitucional em decisão monocrática do Ministro Roberto Barroso, em 12 de
março de 2018, no bojo da ADI nº. 5.874.
341
Art. 194 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
TÍTULO VIII
Do Procedimento Judicial
sobre qual fração incidir sobre o quantum de pena, sobre a data-base fixada para a
progressão de regime e o livramento condicional, entre inúmeros outros aspectos.
Não à toa, os pedidos de retificação de relatório ou atestado de penas são os mais
importantes novos incidentes da execução penal, muitas vezes preliminares para
que se possa ter reconhecido pelo sistema eletrônico o adimplemento do requisito
objetivo dos direitos da execução.
343
Art. 197 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
dessa liberação, são viabilizados e produzidos em tempo real, poupando tempo, além de
recursos materiais e humanos. Havendo impugnação, a questão é decidida pelo juízo. Não
havendo, a secretaria checa os dados e, confirmando-os, toma as medidas necessárias para
que haja a concessão do benefício, no exato dia em que o sentenciado faz jus ao direito,
sem atrasos”.38
Art. 197 Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de agravo,
sem efeito suspensivo.
38
Disponível em: http://www.premioinnovare.com.br/media/imprensa/4/download/pdf.
344
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 197
345
Art. 197 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
347
Art. 198 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
TÍTULO IX
Das Disposições Finais e Transitórias
348
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 200
por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de
responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão
ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado”.
Art. 200 O condenado por crime político não está obrigado ao trabalho.
Crimes políticos não têm, a rigor, uma definição estrita pela Constituição,
subentendendo-se serem aqueles previstos na Lei 7.170/83 (crimes contra a
segurança nacional), com disposições específicas na legislação penal.
349
Art. 201 ANDRÉ RI BEI R O GI AMBERARDI NO
350
CO M E N TÁ R I O S À L EI D E EXECUÇ ÃO PENAL Art. 204
§ 3º O prazo a que se refere o caput deste artigo poderá ser ampliado, por
ato do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, mediante
justificada solicitação, instruída com os projetos de reforma ou de
construção de estabelecimentos.
§ 4º O descumprimento injustificado dos deveres estabelecidos para as
Unidades Federativas implicará na suspensão de qualquer ajuda finan
ceira a elas destinada pela União, para atender às despesas de execução
das penas e medidas de segurança.
Art. 204 Esta Lei entra em vigor concomitantemente com a lei de reforma
da Parte Geral do Código Penal, revogadas as disposições em contrário,
especialmente a Lei nº 3.274, de 2 de outubro de 1957.
351