A errância e o nomadismo, sob suas diversas modulações, tornam-se um fato cada vez mais
evidente. (2011, p.15)
O nomadismo pode ser considerado como uma expressão da exigência de que se tornou
ponde discussão. A preocupação com uma vida marcada pelo qualitativo, o desejo de quebrar
o enclausuramento e o compromisso de residência próprios da modernidade são como
momentos de uma nova busca do Graal, representado outra vez simultaneamente a dinâmica
do exílio e a da reintegração. (2011, p. 16)
Será que o drama contemporâneo não vem do fato de que o desejo de errância tende a
ressurgir como substituição, ou contra o compromisso de residência que prevaleceu durante
toda a modernidade? (2011, p. 22)
É claramente uma mudança de tom, da aspiração a um “outro lugar” que não chega para
satisfazer as questões habituais, ou as respostas convencionais que estamos habituados. É o
novo espirito do tempo, esse ambiente imperceptível que pode nos incitar a ver na errância,
ou nomadismo, um valor social e muitos títulos exemplar. (2011, p. 28)
Pode-se dizer que o homem pós-moderno está impregnado disso. A fim de domesticar o
termo, foi possível falar e mobilidade. Essa mobilidade é feita das migrações diárias: as do
trabalho ou as do consumo. São também as migrações sazonais: do turismos e das viagens,
sobre as quais é possível prever um importante desenvolvimento. É ainda a mobilidade social
ou os deslocamentos maciços de populações induzidas pelas disparidades econômicas. (2011,
p. 29)
Pode ser compreendida como a modulação contemporânea desse desejo do outro lugar que,
regularmente, invade as massas e os indivíduos. (2011, p. 29)
O desejo de errância é um dos pólos essenciais de qualquer estrutura social. (2011, p. 32)
A errância pode ser considerada um constante antropológica que, sempre e mais uma vez, não
para de penetrar em cada individuo e no corpo social em seu conjunto. (2011, p.34)
É o símbolo de uma busca sem fim, a procura de si no quadro de uma comunidade humana, na
qual os valores espirituais são a consequência da aventura coletiva. (2011, p. 42)
Um corpo social, qualquer que seja, guarda a memória de sua errância original. (2011, p. 53)
A nostalgia do outro lugar engendra a errância que, por sua vez, favorece um ato fundador.
(2011, p. 54)
Numerosas são as ocasiões de todo tipo em que se “soltam as amarras”, em que a pessoa se
exila ou foge a fim de restituir o sabor àquilo que sob pesados golpes da rotina, perdeu-o
quase que totalmente. (2011, p. 77)
Assim, para a pessoa, o fato de que ela não se resume a uma simples identidade, mas que
desempenha papeis diversos através de identificações múltiplas. (2011, p. 78)
Eis precisamente o problema que a errância traz consigo: a fuga é necessária, ela exprime uma
nostalgia, ela lembra a fundação. Mas, porque tem um sentido, é preciso que essa fuga se
opere a partir de alguma coisa estável. (2011, p. 79)
É uma marca do sentido trágico da existência: nada se resolve numa superação sintética, tudo
é vivido em tensão, na incompletude permanente. (2011, p.79)
Em cada um desses casos, o território individualista se torna uma prisão. Em lugar de servir de
base para uma possível partida torna-se lugar fechamento. (2011, p.82)
Em seu sentido mais forte, esse espaço urbano, síntese da cidade, resumo do mundo, é um
perfeito cadinho: lugar onde se cria raiz e a partir do qual a pessoa cresce e se evade. Lugar
onde se expressa a empatia em relação aos outros, lugar de onde se escapa, imaginariamente,
para atingir a alteridade absoluta. (2011, p. 89)
Os problemas da alma são eternos e, afinal, poucas coisas são novas sob o sol. No assunto em
questão, trata-se da necessidade que a alma tem, para se realizar, de se afastar daquilo que é
excessivamente familiar, de fugir, de empreender novas aventuras, de explorar orientes novos.
(2011, p. 159)
O errante carrega consigo muitos sonhos complexos. Sonhos, sobretudo, de que ele não
abdicou. Sonhos que continuam a animar sua vida e que, justamente, o mantêm no caminho.
(2011, p. 166)
Errância mística, naquilo que e leva a não ser coisa alguma, a se perder numa espécie de nada
sem opinião particular sobre as pessoas e os acontecimentos. (2011, p. 170)
A nova aventura existencial mostra que os sentidos e a paixão também têm seu lugar.
Igualmente. (2011, p.176)