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Notas de aula
Autor:
Cláudio Saccomori Jr.
27 de janeiro de 2021
Sumário
1 Anéis 1
1.1 Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Domínio de integridade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3 Propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.4 Subanel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.5 Corpo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.6 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2 Ideais 12
2.1 Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.2 Geradores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.3 Ideal primo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.4 Ideal máximo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.5 Anel quociente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.6 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3 Homomorfismo 24
3.1 Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
3.2 Propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.3 Primeiro teorema do homomorfismo . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.4 Corpo de frações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.5 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
4 Polinômios 35
4.1 Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
4.2 Polinômios sobre um domínio . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
4.3 Polinômios sobre um corpo e mdc . . . . . . . . . . . . . . . . 40
4.4 Polinômios irredutíveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
4.5 Lema de Gauss . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
4.6 Critérios de irredutibilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
4.7 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
ii
SUMÁRIO iii
5 Corpos 50
5.1 Extensão de corpos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
5.2 Construção de corpos finitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
5.3 Corpo algebricamente fechado . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
5.4 Característica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
5.5 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
A Lema de Zorn 57
A.1 Relação de ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
A.2 Lema de Zorn e ideais máximos . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Bibliografia 59
Índice 60
Capítulo 1
Anéis
1.1 Definição
Seja A um conjunto não vazio munido de duas operações:
+:A×A → A ·:A×A → A
e .
(a, b) 7→ a + b (a, b) 7→ a · b
A4) a + b = b + a, ∀a, b ∈ A;
1
2 CAPÍTULO 1. ANÉIS
uma anel, seria necessário construírmos os números reais, usando, por exem-
plo, cortes de Dedekind ou classes de equivalência de sequências de Cauchy.
Assim, fugindo da proposta deste curso. De agora em diante, assumiremos
como verdade, todas as propriedades aritméticas dos números inteiros e dos
números reais.
ā +Zn b̄ = a +Z b e ā ·Zn b̄ = a ·Z b.
Exemplo 1.1.6. O anel das matrizes M2 (R) não é comutativo. Para provar
que A7 não se verifica, basta exibirmos a, b ∈ M2 (R), tais que ab 6= ba. Tome,
por exemplo,
1 0 0 1
" # " #
a= e b= .
0 0 0 0
Um anel com identidade é um anel que satisfaz
A8) existe 1 ∈ A, tal que 1 6= 0 e 1 · a = a · 1 = a, ∀a ∈ A.
Se A é um anel com identidade, então, de maneira análoga à demonstra-
ção da proposição 1.1.2, é de fácil verificação que existe apenas um elemento
satisfazendo A8. Tal elemento é chamado de identidade de A e será repre-
sentado por 1.
Exemplo 1.1.7. Os anéis Z, R, Zn e M2 (R) são todos com identidade. Note
que
1 0
" #
1Zn = 1̄ e 1M2 (R) = .
0 1
Exemplo 1.1.8. Seja P = 2Z o conjunto dos inteiros pares. Então P é
um anel comutativo sem identidade, pois não existe número par α, tal que
α · p = p · α = p, para todo p ∈ P .
f +g :R → R f ·g :R → R
e .
x → f (x) + g(x) x → f (x) · g(x)
1
o elemento b, tal que ab = 0, pode ser diferente do elemento c, tal que ca = 0.
4 CAPÍTULO 1. ANÉIS
0, se x < 0 x, se x < 0
( (
f (x) = e g(x) = .
x, se x ≥ 0 0, se x ≥ 0
1.3 Propriedades
Proposição 1.3.1 (Unicidade do inverso aditivo). Sejam A um anel e a ∈ A.
Então existe um único elemento b ∈ A, tal que a + b = 0.
Demonstração. A existência de um elemento b ∈ A, tal que a + b = 0, é
garantida pela definição de anel. Agora, suponha que c ∈ A também satisfaça
a + c = 0. Assim,
b = 0 + b = (c + a) + b = c + (a + b) = c + 0 = c.
i) an+m = an · am ;
O que, por indução, prova (i). Quanto a (ii), ainda fixado n ∈ N∗ , é imediato
que (an )1 = an . Supondo que (an )m = anm , para algum m ∈ N∗ , temos
0 1 0
0 0 0
1.4 Subanel
Sejam (A, +, ·) um anel e B ⊂ A. Se (B, +, ·) é um anel, então dizemos que
B é um subanel de A. Neste caso, denotamos B ≤ A. Note que para ser
subanel, as operações em B são as mesmas que em A.
Comecemos observando que 0B = 0A . De fato, fixado b ∈ B, temos que
b + 0B = b. Por outro lado, b também pertence a A. Logo, b + 0A = b. Assim,
b + 0A = b + 0 B e
0A = 0A + 0A = −b + b + 0A = −b + b + 0B = 0A + 0B = 0B .
i) 0 ∈ B;
ii) Se x, y ∈ B, então x − y ∈ B;
iii) Se x, y ∈ B, então xy ∈ B.
x − y = na − nb = n(a − b) ∈ nZ.
Além disso, xy = nanb = n(anb) ∈ nZ. Assim, pela proposição 1.4.3, temos
que nZ ≤ Z.
a 0
( ! )
B= : a ∈ R ⊂ M2 (R).
0 0
Note que 0M2 (R) = 00
00
∈ B. Além disso, se x = α0
00
ey= β0
00
, então
α−β 0 αβ 0
! !
x−y = ∈B e xy = ∈ B.
0 0 0 0
Pela proposição 1.4.3, B é um subanel de M2 (R). Vale observar que 10
00
é
a identidade de B que é diferente da identidade de M2 (R).
1.5 Corpo
Dados um anel A com identidade e a ∈ A, dizemos que a é invertível em A,
se existe b ∈ A, tal que ab = ba = 1.
1.6 Exercícios
1.1. Seja n ∈ N, n ≥ 2. Sabendo que Z e R são anéis, prove que Zn e Mn (R)
são anéis com suas operações canônicas de soma e produto. Além disso,
prove que Mn (R) não é comutativo.
1.4. Seja A um anel com identidade. Prove que (−1)a = −a, para todo
a ∈ A. Em particular, (−1)(−1) = 1.
i=1 i
√ √
1.14. Dado p ∈ N um número primo, definimos Q[ p] = {a+b p : a, b ∈ Q}.
√
Prove que Q[ p] é um subcorpo de R. √
a−b p
Dica: Se a, b ∈ Q não são ambos nulos, analise o número a2 −b2 p .
1.15. Seja D um domínio.
a) Fixado d ∈ D, d 6= 0, prove que é injetiva a função
ϕ:D → D
;
a 7→ ad
(a1 + b1 i + c1 j + d1 k) + (a2 + b2 i + c2 j + d2 k)
= (a1 + a2 ) + (b1 + b2 )i + (c1 + c2 )j + (d1 + d2 )k.
Além disso, o produto de números reais é o produto canônico e, para i, j e
k, temos a seguinte tabela:
· i j k
i −1 k −j
j −k −1 i
k j −i −1
Impondo a distributividade em H,
(a1 + b1 i + c1 j + d1 k) · (a2 + b2 i + c2 j + d2 k) =
(a1 a2 − b1 b2 − c1 c2 − d1 d2 ) + (a1 b2 + b1 a2 + c1 d2 − d1 c2 )i+
+ (a1 c2 + c1 a2 + d1 b2 − b1 d2 )j + (a1 d2 + d1 a2 + b1 c2 − c1 b2 )k.
Prove que
i) H é um anel com identidade;
ii) H não é comutativo;
iii) todo elemento não nulo de H possui inverso multiplicativo.
Como H possui todas as propriedades de um corpo com exceção da comuta-
tividade, dizemos que H é um corpo não comutativo.
Capítulo 2
Ideais
2.1 Definição
Sejam A um anel e I um subanel de A. Dizemos que I é um ideal à esquerda
de A se:
a · i ∈ I, ∀a ∈ A, ∀i ∈ I.
Analogamente, dizemos que I é um ideal à direita se:
i · a ∈ I, ∀a ∈ A, ∀i ∈ I.
a · i, i · a ∈ I, ∀a ∈ A, ∀i ∈ I. (2.1)
Vale observar que em um anel comutativo estas três condições são equivalen-
tes.
12
2.1. DEFINIÇÃO 13
0A ∈ Ib . (2.2)
f, g ∈ Ib ⇒ f − g ∈ Ib . (2.3)
a = a · 1 ∈ I.
1 0 0 1 0 0 0 0
! ! ! !
e11 = , e12 = , e21 = e e22 = .
0 0 0 0 1 0 0 1
14 CAPÍTULO 2. IDEAIS
aαβ 0 0 0
! !
= e1α · a · eβ1 ∈ I e = e2α · a · eβ2 ∈ I.
0 0 0 aαβ
Logo,
aαβ 0 aαβ 0 0 0
! ! !
= + ∈ I.
0 aαβ 0 0 0 aαβ
Finalmente,
1 0 a−1 0 aαβ 0
! ! !
1A = = αβ
· ∈ I.
0 1 0 a−1
αβ 0 aαβ
2.2 Geradores
Sejam A um anel e x1 , x2 , . . . , xn ∈ A. Seja ainda
I = {a1 x1 + a2 x2 + · · · + an xn | a1 , a2 , . . . , an ∈ A}.
{x1 a1 + x2 a2 + · · · + xn an | a1 , a2 , . . . , an ∈ A}.
2.2. GERADORES 15
0 = 0x + 0 ∈ J.
16 CAPÍTULO 2. IDEAIS
j − i = (a − b)x + (m − n) ∈ J.
Além disso,
αj = (αa)x + αm ∈ J,
pois αm ∈ M . O que conclui a demonstração.
a, b ∈ A, tal que ab ∈ p ⇒ a ∈ p ou b ∈ p.
J ideal de A, com m ⊂ J ⊂ A ⇒ J = m ou J = A.
h = f − g ∈ Ib ,
g = f − h ∈ J.
1A = gs ∈ J.
(i) K é um corpo;
x ≡ x mod I.
y ≡ x mod I.
x ≡ z mod I.
y ∈ x̄ ⇐⇒ y−x∈I
⇐⇒ y − x = i, para algum i ∈ I
⇐⇒ y = x + i, para algum i ∈ I
⇐⇒ y ∈ x + I.
x ≡ y mod I ⇐⇒ x̄ = ȳ.
i) x + y ≡ a + b mod I;
ii) xy ≡ ab mod I.
(x + y) − (a + b) = (x − a) + (y − b) ∈ I.
xy − ab = xy − xb + xb − ab = x(y − b) + (x − a)b ∈ I,
i) x + y = a + b;
ii) xy = ab.
A4) ā + b̄ = a + b = b + a = b̄ + ā;
2.6 Exercícios
2.1. Em M2 (R), tome
a 0
(" # ) (" # )
a b
I= : a, c ∈ R e J= : a, b ∈ R .
c 0 0 0
a) I + J = {i + j | i ∈ I, j ∈ J} é um ideal de A;
2.6. EXERCÍCIOS 23
b) IJ = {a1 b1 + · · · + an bn | n ∈ N, ai ∈ I, bi ∈ J, i = 1, . . . , n} é ideal de A.
i) Prove que Ω 6= ∅;
iii) Pelo lema de Zorn, tome p elemento máximo em (Ω, ) e conclua que se
x 6∈ p, então p + hxi 6∈ Ω.
x ∼ y ⇐⇒ x̄ = ȳ.
2.8. Dado o anel A = 2Z, determine um ideal I de A, tal que A/I possui
divisores de zero. Prove suas afirmações.
Capítulo 3
Homomorfismo
3.1 Definição
Sejam A e B anéis. Dizemos que uma função ϕ : A → B é um homomorfismo
de anéis se:
x+y 0 x 0 y 0
" # " # " #
i) f (x + y) = = + = f (x) + f (y);
0 0 0 0 0 0
xy 0 x 0 y 0
" # " # " #
ii) f (xy) = = · = f (x)f (y).
0 0 0 0 0 0
24
3.2. PROPRIEDADES 25
3.2 Propriedades
Proposição 3.2.1. Se ϕ : A → B é um homomorfismo de anéis, então:
i) ϕ(0A ) = 0B ;
ii) ϕ(−a) = −ϕ(a), ∀a ∈ A.
Demonstração. Como ϕ(0) = ϕ(0 + 0) = ϕ(0) + ϕ(0), então
0 = ϕ(0) − ϕ(0) = ϕ(0) + ϕ(0) − ϕ(0) = ϕ(0) + 0 = ϕ(0).
Além disso, se a ∈ A, então 0 = ϕ(0) = ϕ(a + (−a)) = ϕ(a) + ϕ(−a). Logo,
ϕ(−a) é o inverso aditivo de ϕ(a). Ou seja, ϕ(−a) = −ϕ(a).
Segue da proposição acima que, se ϕ : A → B é um homomorfismo, então
ϕ(x − y) = ϕ(x + (−y)) = ϕ(x) + ϕ(−y) = ϕ(x) − ϕ(y), ∀x, y ∈ A.
Proposição 3.2.2. Se ϕ : A → B é um homomorfismo de anéis, então
Im ϕ = {ϕ(a) | a ∈ A}
é um subanel de B.
Demonstração. Pela proposição 3.2.1,
0 = ϕ(0) ∈ Im ϕ.
Agora, se b1 , b2 ∈ Im ϕ, então existem a1 , a2 ∈ A, tais que ϕ(a1 ) = b1 e
ϕ(a2 ) = b2 . Logo,
b1 − b2 = ϕ(a1 ) − ϕ(a2 ) = ϕ(a1 − a2 ) ∈ Im ϕ.
Além disso, b1 b2 = ϕ(a1 )ϕ(a2 ) = ϕ(a1 a2 ) ∈ Im ϕ. Aplicando a proposição
1.4.3, temos que Im ϕ ≤ B.
26 CAPÍTULO 3. HOMOMORFISMO
0A ∈ ker ϕ.
x − y ∈ ker ϕ.
ax, xa ∈ ker ϕ.
π : Z → Zn
.
x 7→ x̄
A/ ker ϕ ' Im ϕ.
28 CAPÍTULO 3. HOMOMORFISMO
Analogamente,
rbn ≡ r mod m.
sam ≡ s mod n.
3.4. CORPO DE FRAÇÕES 29
Assim,
ϕ(z) = ϕ(sam + rbn) = (sam + rbn, sam + rbn) = (rbn, sam) = (r̄, s̄).
ϕ:A → R
.
f 7→ f (0)
Se f, g ∈ A, então
Analogamente,
F(R)/I ' Im ϕ = R.
generalizar essa situação para anéis. Será que todo anel está contido em um
corpo? Nesse nível de generalidade, a resposta é não. Por exemplo, se o anel
possui divisores de zero, então o corpo no qual ele estaria contido também
possuiria divisores de zero. Além disso, o anel deve ser comutativo, pois seus
elementos serão elementos do corpo que os contêm. Veremos que no caso em
que o anel é um domínio, então a resposta à nossa pergunta é afirmativa.
Ao longo desta seção D denota um domínio fixado. Seja D∗ = D \ {0}.
Em
D × D∗ = {(a, b) | a, b ∈ D, b 6= 0},
definimos a seguinte relação:
(a, b) ∼ (e, f ).
ac · βδ = aβ · cδ = bα · dγ = bd · αγ.
a c a−c f a c ac f
− = ∈D e · = ∈ D.
1 1 1 1 1 1
Assim, D
f é um subanel de Frac(D). Agora, tomando
ϕ:D → Df
,
a 7→ a/1
3.5 Exercícios
3.1. Sejam ϕ : A → B e Ψ : B → C homomorfismo de anéis. Prove que
Ψ ◦ ϕ é um homomorfimos de anéis.
3.2. Seja Ψ : Z3 → Z12 dada por Ψ(x̄) = 4x. Prove que Ψ é um homomor-
fismo injetivo de anéis.
3.3. Seja ϕ : A → B um isomorfismo de anéis. Sendo ϕ uma bijeção, admite
uma função inversa Ψ : B → A. Prove que Ψ é um isomorfismo de anéis.
3.4. Sejam A um anel com identidade, B um domínio e ϕ : A → B um
homomorfismo de anéis. Prove que ϕ é o homomorfismo nulo ou ϕ(1A ) = 1B .
Prove ainda que, se A é um corpo, então ϕ é nulo ou é injetivo.
3.5. Sejam A um anel e I um ideal de A. Prove que
π : A → A/I
a 7→ ā
iii) Prove que ker ϕ é um ideal primo de Z[x] que não é máximo.
Prove que
ii) A função
ϕ:A → S
a 7→ (0, a),
é um homomorfismo injetivo de anéis.
iii) Conclua que A ' Im ϕ e, portanto, A pode ser visto como um subanel
do anel com identidade S.
6 KO
ϕ
Ψ
D / Frac(D)
ι
Capítulo 4
Polinômios
4.1 Definição
Seja A um anel comutativo. Um polinômio sobre A na indeterminada x é
uma expressão formal:
p = a0 + a1 x + · · · + ak xk + . . . ,
i=0
35
36 CAPÍTULO 4. POLINÔMIOS
i
• p·q = ci xi , onde ci = ak bi−k .
P X
k=0
ii) pq 6= 0;
Como, por hipótese, p + q não é nulo, então podemos calcular seu grau e, por
(4.1) e (4.2),
X
deg(p + q) = deg (ai + bi )xi ≤ max{deg p, deg q}.
4.2. POLINÔMIOS SOBRE UM DOMÍNIO 37
i = deg p + deg q,
temos ci = k=0 ak bi−k onde, se k > deg p, então ak bi−k = 0, pois ak = 0.
Pi
deg f ≥ deg g = m.
f1 = −ab−1 xn−m g + f.
(q1 − q2 )g = r2 − r1 . (4.3)
p = q · (x − α) + r,
0 = p(α) = q(α) · (α − α) + r0 = r0 .
p = q ⇐⇒ p(d) = q(d), ∀d ∈ D.
ii) d divide pi , ∀i = 1, . . . , n;
J = {a1 p1 + · · · + an pn | a1 , . . . , an ∈ K[x]}.
Como d = d·1 ∈ J, então (i) é imediato. Quanto a (ii), fixado i ∈ {1, . . . , n},
temos que pi = pi ·1 ∈ J = d·K[x]. Assim, existe gi ∈ K[x], tal que pi = d·gi .
4.3. POLINÔMIOS SOBRE UM CORPO E MDC 41
Portanto, f |d.
Nas condições do teorema anterior, d é chamado de máximo divisor co-
mum de p1 , . . . , pn . No caso dos números inteiros Z, o mdc é único. No
entanto, no caso de anéis de polinômios K[x], precisamos do conceito de
polinômios associados para obtermos a unicidade do mdc.
Sejam p, q ∈ K[x]. Dizemos que p é associado a q, se existe u ∈ K ∗ , tal
que p = uq. Neste caso, denotamos p ∼ q. Verifiquemos que ∼ é uma relação
de equivalência em K[x].
i) Se p ∈ K[x], então p = 1 · p e p ∼ p;
p ∼ q ⇐⇒ p|q e q|p.
p = g · h, com g, h ∈ K[x] =⇒ g = a ∈ K ∗ ou h = b ∈ K ∗ .
Nosso próximo objetivo é mostrar que todo polinômio não constante sobre
um corpo se fatora como um produto de irredutíveis. Além disso, sob certos
critérios, essa decomposição é única.
g = p1 · · · pr e h = pr+1 · · · ps .
f = p1 · · · ps = uq1 · · · qs .
Sn = {σ : X → X | σ é bijeção}.
f = upα1 1 · · · pαnn ,
f = up1 · · · pk = vq1 · · · qs ,
cont(f ) = mdc{a0 , . . . , an }.
Se cont(f ) = 1, dizemos que f é primitivo.
Teorema 4.5.1 (Lema de Gauss). Se f, g ∈ Z[x] são polinômios primitivos,
então f g também é primitivo.
Demonstração. Considere f = ni=0 ai xi e g = m j=0 bj x . Dado um número
j
P P
Dessa forma,
ac ac cont(f )
f = GH = · gh = · · gh = g · (cont(f ) · h).
bd bd cont(f )
i) p - an ;
ii) p | a0 , . . . , an−1 ;
4.6. CRITÉRIOS DE IRREDUTIBILIDADE 47
iii) p2 - a0 ,
então f é irredutível sobre Q.
Demonstração. Pelo corolário 4.5.2, é suficiente provarmos que f não se fa-
tora em Z[x] como um produto dois polinômios de graus estritamente meno-
res que n.
Suponha, por absurdo, que f = g · h, com g, h ∈ Z[x], onde deg g = r < n
e deg h = s < n. Digamos g = ri=0 bi xi e h = si=0 ci xi . Como p | a0 e
P P
4.7 Exercícios
4.1. Se A é um anel comutativo, prove, como afirmado na seção 4.1, que
(A[x], +, ·) é um anel comutativo.
4.2. Sejam p ∈ N um número primo e f = xp − x ∈ Zp [x]. Prove que
f (α) = 0, ∀α ∈ Zp . Além disso, se g ∈ Zp [x] é o polinômio nulo, explique
porque f 6= g.
4.3. Sejam A = ab
cd
∈ M2 (R) e
J = {2p + xq : p, q ∈ Z[x]}.
Prove que J não é principal. Compare este resultado com o teorema 4.3.1.
Dica: Suponha, por absurdo, que J = hf i e conclua que f = 1.
4.6. Seja F ∈ Q[x]. Prove que existem a, b ∈ Z, com mdc{a, b} = 1 e um
a
polinômio f ∈ Z[x] primitivo, tais que F = · f .
b
4.7. Sejam f, g ∈ Z[x]. Prove, usando o lema de Gauss, que
ηa : K[x] → K[x]
f (x) 7→ f (x + a)
(x + 1)p−1 + (x + 1)p−2 + · · · + (x + 1) + 1
é irredutível sobre Q;
Φp = xp−1 + xp−2 + · · · + x + 1
é irredutível sobre Q.
Corpos
50
5.1. EXTENSÃO DE CORPOS 51
0 = f (α) = g(α)h(α),
Ψ : K[x] → L
.
p 7→ p(α)
Então
i) Im Ψ = K[α] e K ⊂ K[α] ⊂ L;
p= (x − k) + 1 ∈ K[x].
Y
k∈K
p = u(x − α1 ) . . . (x − αn ),
onde u ∈ K ∗ .
5.4 Característica
Sejam A um anel, a ∈ A e n ∈ N∗ . Se n = 1, defina n · a = a. Por indução,
para n ≥ 2, defina n · a = (n − 1) · a + a. Assim,
n·a=a
|
+ ·{z
· · + a} .
n−vezes
i) Se n · 1 6= 0, ∀n ∈ N∗ , então char(A) = 0;
n·a=a
|
+ ·{z
· · + a} = a(1| + ·{z
· · + 1}) = a(n · 1) = a0 = 0.
n−vezes n−vezes
5.5 Exercícios
5.1. Dado α ∈ L uma extensão do corpo K, prove que K[α] ≤ L e conclua
que K[α] é um domínio.
5.2. Sabendo que π é transcendente sobre Q, prove que os anéis Q[π] e Q[x]
são isomorfos.
i) exatamente 27 elementos;
iii) identificando Zp com sua imagem Φ(Zp ), prove que K é um espaço ve-
torial sobre Zp . Conclua que K possui exatamente pn elementos onde
n = dimZp (K). O subcorpo Φ(Zp ) é chamado de corpo primo de K.
Lema de Zorn
57
58 APÊNDICE A. LEMA DE ZORN
Demonstração. Seja
Ω = {I : I é ideal de A, J ⊂ I 6= A}
[2] Elon Lages Lima, curso de análise, oitava ed., Projeto Euclides, vol. 1,
IMPA, Rio de Janeiro, 1976. 8
59
Índice
anéis nilpotente, 6
isomorfos, 24 primo, 43
anel, 1 transcendente, 50
com identidade, 3 endomorfismo, 24
booleano, 10 extensão, 50
comutativo, 2
simples, 13 homomorfismo, 24
subanel, 7 núcleo, 26
automorfismo, 24
ideal, 12
característica, 54 à direita, 12
congruência, 18 à esquerda, 12
classe de equivalência, 19 gerado, 14
conjunto máximo, 17
das partes, 57 próprio, 13
parcialmente ordenado, 57 primo, 16
corpo, 9 principal, 15
algebricamente fechado, 53 trivial, 13
de frações, 31 imagem inversa, 32
não comutativo, 11 inverso
primo, 56 aditivo, 5
subcorpo, 9 multiplicativo, 9
Critério de Eisenstein, 46 isomorfismo, 24
60
ÍNDICE 61
irredutível, 42 associados, 41
mônico, 35 relativamente primos, 42
mínimo, 51 projeção canônica, 32
nulo, 35
primitivo, 45 quatérnios, 11
redutível, 42
polinômios relação de ordem parcial, 57