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1.

Introdução

O processo de ensino e aprendizagem esta presente em todas fase do desenvolvimento do


Homem, algumas teorias interaccionistas, mostram como se desenvolve a aprendizagem do
Homem desde a idade infantil até a adulta, este trabalho visa descrever as principais
implicações educacionais do interaccionismo.
2. Desenvolvimento como fruto da interacção entre o Organismo e o Meio

Segundo os interaccionistas, o desenvolvimento humano não é apenas algo inato, nem apenas
fruto da acção do meio, eles destacam que o organismo e o meio exercem acção recíproca.

Para DAVIS e OLIVEIRA (1994, p. 36) o organismo e o meio influenciam-se um ao outro e essa
interacção acarreta mudanças sobre o indivíduo. A concepção interaccionista de
desenvolvimento apoia-se, portanto, na ideia de interacção entre organismo e meio e vê a
aquisição de conhecimento como um processo construído pelo indivíduo durante toda a sua vida,
não estando pronto ao nascer nem sendo adquirido passivamente graças às pressões do meio.

Essa concepção é secundada por Jean Piaget que sustenta que o desenvolvimento envolve um
processo contínuo de trocas entre o organismo vivo e o meio ambiente.

2.1. Principais conceitos na teoria interacionista de desenvolvimento

Segundo Davis e Oliveira (1994) os conceitos principais desta teoria são:

 Equilíbrio – a concepção de que todo organismo vivo – quer seja uma ameba, um
animal, uma criança – procura manter um estado de equilíbrio ou de adaptação com
seu meio, agindo de forma a superar perturbações na relação que ele estabelece
como o meio;
 Equilibração – que é o processo dinâmico e constante do organismo em busca de
um novo e superior estado de equilíbrio;
Assim, o desenvolvimento cognitivo é resultado de constantes desequilíbrios e
equilibrações, o aparecimento de uma nova possibilidade orgânica no indivíduo ou
a mudança de alguma característica do meio ambiente, por mínima que seja,
provoca a ruptura do estado de repouso – da harmonia entre o organismo e meio –
causando desequilíbrio.
 Assimilação – é mecanismo a partir do qual o organismo – sem alterar suas
estruturas – desenvolve acções destinadas a atribuir significações, a partir da sua
experiência anterior, aos elementos exteriores com os quais interage.
 Acomodação – é o mecanismo através do qual o organismo tenta restabelecer um
equilíbrio superior com o meio ambiente. Neste momento, o organismo é impelido
a se modificar, a se transformar para se ajustar as demandas impostas pelo
ambiente.

3. Implicações educacionais das teorias interaccionista de desenvolvimento

A partir da concepção interaccionista de desenvolvimento surgem teóricos que explicam os


processos educativos a partir de uma relação intrínseca entre o ensino e a aprendizagem, como
unidades indissociáveis.

A aprendizagem é vista, assim, não apenas como uma qualidade inata do aluno e muito menos
como uma operação somente do professor, mas ela é fruto da interacção entre o professor e o
aluno, entre o organismo e o meio, ou mesmo, entre o sujeito e o objecto a ser aprendido.

Neste sentido, os professores valorizam os conhecimentos e as experiências dos alunos, pois eles
têm consciência de que estes sabem algo dos conceitos que vão ser aprendidos. O professor não
se considera um ‘sabe tudo’ e muito menos como o dono do conhecimento. A aprendizagem será
mais significativa.

Vigotsky defende a ideia de contínua interacção entre as mutáveis condições sociais e a base
biológica do comportamento humano. Davis (1990, p. 49), considera a interacção organismo
ambiente e organismo numa adversidade de condições históricos – sociais que a criança vive
onde os factores biológicos só predominam sobre os sociais, apenas no início da vida da criança.
No início da vida a criança carece da solidariedade do adulto para se tornar autónoma e é
justamente essa solidariedade que a criança aprende a construir a aprendizagem que são por elas
internalizadas.

Ao internalizar instruções as crianças modificam suas funções psicológicas: percepção, atenção,


memoria, capacidade para solucionar problemas. A influência social e dos meios de
comunicação em massa, traduzem formas diferentes de organizar, planejar e actuar sobre a
realidade.

O pensamento verbal de Vigotsky equivale ao pensamento abstracto de Piaget: para Vigotsky “


as funções psicológicas especificamente humanas se originam nas suas relações do individuo e
seu contexto cultural e social”.
Desenvolvimento e aprendizagem – Vigotsky considera três teorias no que diz respeito a
relação entre desenvolvimento e aprendizagem, mais, no entanto desconsidera todas elas a
primeira é do processo maturacional, a segunda é do processo comportamental e a terceira é a
dos processos interaccionista independente entre o desenvolvimento e aprendizagem.

 Processo maturacional – o desenvolvimento ocorre antes da aprendizagem criando


condições para que esta ocorra, como desenvolvida por Piaget;
 Processo comportamental – a aprendizagem é desenvolvida, compreendida como
acumulo de respostas compreendidas. Do desenvolvimento, portanto, ocorre
simultaneamente a aprendizagem;
 Processo independente – nesse desenvolvimento e aprendizagem são processos que
integram afectando mutuante: a aprendizagem causa o desenvolvimento e vice-versa.

3.1. Aplicação e implicações da teoria de Vigotsky na educação

Além da enfâse da linguagem para o desenvolvimento do pensamento como faz a escola outro
conceito bastante utilizado e o de solidariedade para a obtenção da autonomia, esse é um
argumento utilizado pela escola para conduzir a aprendizagem em nome da motivação.

A escola também usa a noção de desenvolvimento proximal para organizar o planeamento do


conteúdo a serem trabalhados pelos seus alunos, levando em conta as fases de desenvolvimento
de Piaget, aliadas a noção de pré-requisitos de Vigotsky. A escola tenta na medida que possível,
oferecer um conteúdo ou actividade que seja novo, mas que a criança já domine os esquemas
para aprender, ou para se apropriar dele como diria Vigotsky. Outra noção das suas teorias,
aplicada a educados, é a noção de que a criança constrói a sua aprendizagem na interacção como
meio mediado pela solidariedade e pela comunicação dos mais competentes.

Wallon considera uma complexa dinâmica do desenvolvimento infantil onde pode ser
identificada a existência de etapas diferenciadas por necessidades e por interesses que lhe
garantem coerência e unidade onde uma etapa é básica e necessária para o surgimento da própria.
Este desenvolvimento envolve factores orgânicos e sociais que é a soma da maturidade mais da
aprendizagem social e cultural obedecendo a um ritmo de desenvolvimento não sequencial e não
linear, isto é, descontinuo.
Wallon, considera cinco estágios psicogenéticos, a saber:

 Estágio impulsivo emocional – abrange o primeiro ano de vida, marcado principalmente


por estados inerentes a remoção, propicio para a interacção da criança com o meio e a
realidade exterior, mediada pela afectividade;
 Estágio sensório – motor e projectivo – vai até o terceiro ano. É pertinente dizer que
nesse estagio o interesse da criança se volta para exploração sensório-motor do mundo
físico. “ Outro marco fundamental deste estágio é o desenvolvimento da função simbólica
da linguagem’’, GALVAO (1996, p. 46). Inversamente ao que ocorre no estágio anterior,
neste predomina as relações cognitivas com o meio.
 Estágio de personalismo – é o estágio que abrange a faixa dos 3 anos aos 6 anos de idade,
cuja tarefa central é o processo de formação de personalidade. A formação da consciência
de si, que ocorre por meio das interacções sociais se orienta o interesse da criança para as
pessoas, definindo o retorno da predominância das relações afectivas.
 Estágio categorial – ocorre por volta dos 6 anos quando já consolidada a função
simbólica e diferenciada a personalidade, a criança faz importantes avanços no campo da
inteligência;
 Estágio da adolescência – a crise da puberdade vem romper com a tranquilidade afectiva
que marca o estágio categorial gera necessidade de uma definição dos contornos da
personalidade, o que implica dar novamente sentidas questões pessoais, morais e
existenciais.
3.2. Aplicação e implicações da teoria de Wallon na educação

No que diz respeito a aplicação das teorias de aprendizagem, no sentido de motivar o aluno
aprender, o primeiro aspecto desta teoria considerada pela escola é facto de tanto o factor o
factor afectividade quanto o factor cognição contribuírem igualmente e necessariamente para
a aprendizagem. Antes apenas os factores cognitivos no que diz respeito a aprendizagem.

Outro aspecto é o facto de esta não ser um processo linear e contínuo e que mesmo estando
orientado em fases, a aprendizagem é um processo descontínuo.

A teoria de Wallon, dá margens a acreditar que existem factores em que naturalmente a


pessoa esta mais motiva a aprender determinadas coisas, que em outras fases. Dá margens
ainda a concepção de que mesmo não sendo a fase em que a pessoa esta naturalmente mais
voltada para aprender, o objecto de interesse da pessoa pode ser manipulado para
aprendizagem ou afectado para o interesse visto ser um objecto conhecido.
4. Conclusão

As teorias de desenvolvimento influenciam tanto as políticas vigentes como as abordagens e


praticas pedagógicas vigentes, essas práticas tendem ao desenvolvimento na educação básica e a
educação para o trabalho na Educação de jovens e adultos. Os impactos das teorias do
desenvolvimento e da aprendizagem infantil nãos se aplicam ao ensino e a aprendizagem de
adultos, mas pode restringir as possibilidades de pessoas que tiverem acesso tardio a educação.
5. Referências bibliográficas

DAVIS, C. Psicologia na Educação. São Paulo. Editora Cortez, 1990.

GALVAO, I. Henri Wallon: Uma concepção dialéctica do desenvolvimento infantil. Petrópolis,


Vozes, 1996.

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