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Índice

1. Introdução ........................................................................................................................... 1

1.1. Objectivos do trabalho .................................................................................................... 1

1.1.1. Objectivo geral ........................................................................................................ 1

1.1.2. Objectivos específicos ............................................................................................. 1

1.2. Metodologia do trabalho ................................................................................................. 1

2. Debate conceprual .............................................................................................................. 2

3. Avaliação Neuropsicológica ............................................................................................... 3

3.1. Objectivos da avaliação Neuropsicológica ................................................................. 4

3.2. Métodos e Técnicas de avaliação Neupsicológica ...................................................... 6

3.2.1. Avaliação Neuropsicológica com crianças ................................................................. 6

3.2.1.1. Testes utilizados ................................................................................................... 7

3.3. Avaliação Neuropsicológica em Adultos e Idosos ......................................................... 9

3.4. Demência na avaliação Neuropsicológica .................................................................... 11

4. Conclusão ......................................................................................................................... 13

5. Referências bibliográficas ................................................................................................ 14

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1. Introdução
A psicologia busca lidar com essa nova demanda, contribuindo para a atenção em saúde do
idoso. A avaliação neuropsicológica tem um papel muito importante diante dessa realidade,
fornecendo subsídios para o diagnóstico precoce e promovendo medidas de intervenção que
podem retardar a deterioração cognitiva.

A avaliação neuropsicológica pode ser definida como um exame detalhado e objetivo das
funções cognitivas (processos mentais como memória, atenção, habilidades visuoespaciais,
linguagem, etc), que tem como objetivo identificar as possíveis consequências de doenças,
lesões, disfunções que possam estar relacionadas com o comportamento e o desempenho
cognitivo dos indivíduos. Normalmente, a avaliação érealizada pelo psicólogo utilizando
baterias que envolvem mais de um teste para avaliar cada habilidade.

1.1.Objectivos do trabalho
1.1.1. Objectivo geral

✓ Reflectir sobre a avaliação neuropsicológica do desenvolvimento

1.1.2. Objectivos específicos

✓ Identificar os métodos e as técnicas de avaliação neuropsicológica


✓ Caracterizar a avaliação Neuropsicológica em crianças, adultos e idosos.

1.2.Metodologia do trabalho
A metodologia é um instrumento de diretrizes que orientam a investigação científica, ou seja,
um conjunto de abordagens, técnicas e processos utilizados pela ciência para formular e
resolver problemas de aquisição objectiva do conhecimento de uma maneira sistemática, Gil
(1999). A realização desse trabalho teve como suporte metodológico:a técnica bibliográfica.

a) Técnica bibliográfica

Segundo Gil (1999), esta técnica explica um problema fundamentando-se apenas nas
contribuições secundarias, ou seja, nas informações ou dados extraídos em livros de leitura
corrente de referencias de diversos autores que versam sobre o tema seleccionado para o
estudo.Esta técnica tem a ver com o facto de que para a nossa pesquisa consultamos livros
científicos relacionados com o tema e com as teorias usadas.

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2. Debate conceprual
Neuropsicologia é a ciência dedicada a estudar a expressão comportamental das disfunções
cerebrais, segundo a definição de Muriel D. Lezak. O conceito de Neuropsicologia para Luria
(1981) é a ciência cujo objetivo específico é a investigação do papel dos sistemas cerebrais
individuais nas formas complexas da atividade mental. E para Lezak (apud AMBRÓZIO,
RIECHI 2005, p.3) “Ciência dedicada a estudar a expressão comportamental das disfunções
cerebrais.”

Segundo Malloy-Diniz (2010) A neuropsicológica preocupa-se com a complexa organização


cerebral e suas relações com o comportamento e a cognição, tanto em quadros de doença como
no desenvolvimento normal, e é definida como a ciência aplicada que estuda a expressão
comportamental das disfunções cerebrais.

O neuropsicólogo tem por objectivo principal correlacionar as alterações observadas no


comportamento do paciente com as possíveis áreas cerebrais envolvidas, realizando,
essencialmente um trabalho de investigação clinica que utiliza testes e exercícios
neuropsicológicos. (Malloy-Diniz, 2010).

Segundo Alcantâra e Ferreira (2010) a actuação do neuropsicólogo clínico na avaliação


neuropsicológica é um método de investigações da atenção, percepção, memória, linguagem e
raciocínio (funções cognitivas) e do comportamento, utiliza de técnicas de entrevista e exames
quantitativos e qualititativos. Sendo na abordadagem quantitativa baseado em normas, análises
e estudos de validade, com o método de comparação e padrões para determinar as diferenças
entre o pré e pos tratamento a partir de escalas, média e desvio padrão. Já na abordagem
qualitativa é um complemento da avalição, contribuiu para os dados que não observaveis
através de testes padronizados, para confirmar ou questionar os dados quantitativos.

Assim Luria acreditava que o propósito da Neuropsicologia era:"…generalizar idéias modernas


concernentes à base cerebral do funcionamento complexo da mente humana e discutir os
sistemas do cérebro que participam na construção de percepção e ação, de fala e inteligência,
de movimento e atividade consciente dirigida a metas." ( Luria,1981, p. 4).

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3. Avaliação Neuropsicológica
A avaliação neuropsicológica (ANP) é um proce- dimento de investigação que se utiliza de
entrevistas, observações, provas de rastreio e testes psicométricos para identificar rendimento
cognitivo funcional e investigar a integridade ou comprometimento de uma determinada função
cognitiva.

Em Neuropsicometria: Modelo Clássico e Análise de Rasch, Gauer, Gomes e Haase (2010)


discutem as diferenças entre a psicometria e a avaliação neuropsicoló gica. Os autores
destacam a relação que a psicologia não realiza entre os resultados dos testes com as
características do sistema nervoso do paciente. Por outro lado, a neuropsicologia irá trabalhar
exatamente com essa ligação do funcionamento neuro nal com seus respectivos módulos
cognitivos (GAUER; GOMES; HAASE, 2010, p. 25). Outros autores enfatizam a respeito de
estabelecer essa diferença entre psicometrista e neuropsicólogo, afirmando sua importância:

A psicometria contribuiu largamente para o


desenvolvimento da neuropsicologia, mas é
necessário diferenciar a postura do
neuropsicólogoe do psicometrista. O
neuropsicólogo tem por objetivo principal
correlacionar as alterações observadas no
comportamento do paciente com possíveis áreas
cerebrais envolvidas, realizando, essencialmente
um, trabalho de investigação clinica que utiliza
testes e exercícios neuropsicológicos. O enfoque é
clinico e como tal deve ser entendido. Já o
psicometrista observa atentamente a construção
da metodologia e desenvolvimento dos testes
privilegiando as amostragens e padronizações de
grandes grupos de pessoas normais. (MALLOY-
DINIZ ET AL., 2010, p. 48)
Fica claro então que a avaliação psicométrica não levará em consideração os aspectos
biológicos do funcionamento cerebral. A avaliação neuropsicológica, por sua vez, pode levar
em consideração outros instrumentos para complementar os re sultados e ela irá identificar
onde está o problema no funcionamento cerebral, assim na avaliação neuropsicológica
“diversas tarefas são combinadas ou comparadas no sentido de uma interpretação sobre
relações entre funções psicológicas e substrato neural”.

No exame neurológico a avaliação global visa o funcionamento cerebral, realizando um


comparativo com o funcionamento esperado e buscando possíveis disfunções e suas causas
(atrofias musculares, deficiências na comunicação entre neurônios etc.). Para Lezak (2004) a
avaliação neuropsicológica tem o mesmo objetivo da avaliação neurológica, mas ela não avalia

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as disfunções funcionais por meio da estrutura cerebral, e sim as disfunções funcionais pela
avaliação das respostas do sujeito a determinados testes e escalas que têm em seus resultados
as respostas esperadas para cada um (LEZAK, 2004, p.15).

A neuropsicologia preocupa-se com a complexa organização cerebral e suas relações com o


comportamento e a cognição, tanto em quadros de doenças como no desenvolvimento normal
(MÄDER-JOAQUIM ET AL., 2010, p. 47). Segundo Lezak:

A avaliação neuropsicológica é um
tipo bastante complexa de avaliação
psicológica, porque exige do profissional
não apenas uma sólida fundamentação em
psicologia clínica e familiaridade com a
psicometria, mas também especialização e
treinamento em contextoem que seja
fundamental o conhecimento do sistema
nervoso e de suas patologias.
No processo de avaliação Lezak (2004) explicita em dois tipos de questões, as questões
diagnósticas e as questões descritivas, a primeira busca entender as queixas do paciente e seus
principais sintomas, enquanto a segunda busca entender como esses sintomas tem se
manifestado (LEZAK, 2004, p. 100). De modo geral, a primeira é focada na identificação do
problema e a segunda no desenvolvimento deste. Em neuropsicologia o profissional deverá
estar preparado para entender o comprometimento neurológico e diferenciá-lo de um
comprometimento devido causas emocionais. Nesse sentido, fica claro que uma avaliação
neuropsicológica não irá dar um diagnóstico neurológico, mas contribuir para o processo de
diagnóstico juntamente com outros profissionais (LEZAK, 2004, p. 101).

3.1.Objectivos da avaliação Neuropsicológica


O objectivo da avaliação neuropsicológica consiste em:

i. A quantificação e a qualificação detalhadas de alterações das funções cognitivas,


objetivando diagnóstico ou detecção precoce de sintomas em quadros neurológicos e
transtornos psiquiátricos, tanto em clínica como em pesquisa;
ii. Investigar a natureza e o grau de alterações cognitivas e comportamentais;
iii. Monitorar a evolução de quadros neurológicos e psiquiátricos, tratamentos clínicos,
medicamentosos e cirúrgicos.
iv. Planejar programas de reabilitação voltados para as alterações cognitivas,
comportamentais e de vida diária.

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v. Avaliação com foco para os aspectos legais, gerando informações e documentos sobre
as condições ocupacionais ou incapacidades mentais de pessoas que sofreram algum
dano cerebral ou doença, afetando o sistema nervoso central. (MIOTTO, 2012;
MÄDER-JOAQUIM, 2010).

A avaliação é realizada por meio da aplicação de entrevistas, testes neuropsicológicos


quantitativos e qualitativos das funções cognitivas (atenção, percepção, memória, linguagem e
raciocínio). Alguns métodos já são utilizados há algum tempo, porém outros estão ainda em
construção (MÄDER-JOAQUIM, 2010).

É importante lembrar que a avaliação neuropsicológica não é somente a aplicação, correção e


interpretação de testes de cognição. Ela contribui para o raciocínio, baseado em hipóteses
diagnósticas, possibilita a identificação de maneira pormenorizada o tipo e a extensão da
alteração cognitiva, enfatiza as funções cognitivas preservadas e comprometidas, a presença de
alterações do comportamento e de humor, bem como o impacto destas nas atividades de vida
diária, ocupacional, social e pessoal do indivíduo. A avaliação consiste também investigar as
alterações de humor e do comportamento por meio de escalas. (MIOTTO, 2012).

A avaliação neuropsicológica é indicada em indivíduos com alterações cognitivas devido a


eventos que atingiram primária ou secundariamente o SNC. São os traumatismos
cranioencefálicos (TCEs), tumores cerebrais (TUs), epilepsias, acidentes vasculares
encefálicos (AVEs), demências, desordens tóxicas, doenças endócrinas ou desordens
metabólicas, deficiências vitamínicas e outras desordens (Camargo, Bolognani e Zuccolo,
2008).

A avaliação neuropsicológica também é indicada nas situações em que os recursos cognitivos


e adaptativos não são suficientes para o manejo da vida prática acadêmica, profissional ou
social pela questão dos indivíduos apresentarem a organização de suas funções mentais de
formas diferentes ou discrepantes do que é habitual.

Os portadores do transtorno específico do desenvolvimento, os transtornos globais do


desenvolvimento, o retardo mental e até mesmo quadros de transtornos de personalidade
incluem a categoria dos indivíduos que podem ter benefícios por meio da avaliação e
posteriormente uma reabilitação objetivando uma melhor adaptação social. A dislexia, o
transtorno do déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) e o transtorno afetivo bipolar (TAB)
na infância e adolescência também se beneficiam com a avaliação, pois, a mesma pode fornecer

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subsídios individuais que contribuem para o auxílio do tratamento (CAMARGO,
BOLOGNANI e ZUCCOLO, 2008).

3.2.Métodos e Técnicas de avaliação Neupsicológica

3.2.1. Avaliação Neuropsicológica com crianças


Toda pessoa apresenta características próprias da sua faixa etária – resultantes do processo de
maturação que ocorre de forma holística. Haja vista, que não se ama durece apenas física e
biologicamente, mas do fruto de todos os condicionantes sociais e seus efeitos no psiquismo.
E o cérebro, assim como qualquer outro órgão, respeita esse processo lento e contínuo de
desenvolvimento, ou melhor, de maturação. Portan to, é imprescindível que, em uma
avaliação neuropsicológica considere-se o grau de maturidade do cérebro, que em geral, deve
estar em consonância com a idade.

[...] avaliação em crianças, torna-se importante salientar


algumas questões, entre elas o fato de o desenvolvimento
cerebral ter características próprias a cada faixa etária.
Portanto, dentro desse padrão de funcionamento cerebral, é
importante a elaboração de provas de acordo com o processo
maturacional do cérebro [...]. Diferentemente do adulto, o
cérebro da criança está ainda em desenvolvimento, tendo
características próprias que garantem uma diferenciação e
especificidade de funções. (COSTA ET AL., 2004, p. 112).

Segundo Costa e outros autores (2004), a contribuição da avaliação neuropsicológica na criança


é extensiva ao processo de ensino-aprendizagem, e permite estabelecer algumas relações entre
as funções corticais superiores, como a linguagem, atenção, memória e a aprendizagem
simbólica. O mesmos autores explicam:

O modelo neuropsicológico das dificuldades da


aprendizagem busca reunir uma amostra de funções mentais
superiores envolvidas na aprendizagem simbólica, as quais
estão, obviamente, correlacionadas com a organização
funcional do cérebro. Sem essa condição, a aprendizagem
não se processa normalmente, e, neste caso, podemos nos
deparar com uma disfunção ou lesão cerebral. (COSTA ET
AL., 2004, p. 112).

Sabendo, pois, que a avaliação neuropsicológica é recomendada onde existem dificuldades de


cunho cognitivo ou comportamental de origem neurológica (COSTA ET AL., 2004, p. 112), é

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necessário estabelecer parâmetros técnicos, onde instrumentos como: entrevistas, a observação,
e principalmente os testes psicológicos ajudam identificar problemas presentes na criança, por
exemplo, no que diz respeito a aprendizagem.

3.2.1.1.Testes utilizados
Estão relacionados a seguir alguns testes utilizados na avaliação neuropsicológica,
descrevendo-se, de maneira sucinta, as potencialidades de cada teste ou bateria como
instrumento de ajuda na investigação neuropsicológica.

a) Inteligência

Os testes de inteligência para crianças medem primari amente habilidades essenciais ao


desempenho acadêmico. Entre eles, o de Stanford-Binet foi o primeiro nos Estados Unidos.
Adaptado das escalas originais de Binet-Simon, baseia-se maciçamente no desempenho verbal
e cobre desde os 2 anos até a idade adulta (23 anos), fornecendo uma idade mental e um
quociente de inteligência (QI).

O padrão-ouro internacional para a quantificação das capacidades intelectuais são as escalas


Wechsler de inteligência, subdivididas pela faixa de idade. Essas escalas consistem em uma
série de perguntas e respostas padronizadas que medem o potencial do indivíduo em áreas
intelectuais diferentes, como o nível de informação sobre assuntos gerais, a interação com o
meio ambiente e a capacidade de solucionar problemas cotidianos.

O teste WPPSI5 (do inglês Wechsler Preschool and Primary Scale of Intelligence - Escala de
Inteligência Wechsler para Pré-Escolares e Primário) é uma versão para crianças menores das
escalas Wechsler, permitindo avaliar a inteligência de crianças entre 4 e 6,5 anos. É constituída
por seis subtestes verbais e cinco de natureza manipulativa. Normalmente, a aplicação de cinco
subtestes de cada uma das subescalas (verbal e de execução) é suficiente para uma análise
fidedigna. A escala também permite recolher algumas informações sobre a organização do
comportamento da criança.

b) Memória

Para esta função, são utilizados instrumentos que avaliam a capacidade de aprendizado de
funções de memória, como, por exemplo, o Teste de Aprendizado Auditivo Verbal de Rey
(Rey Auditory Verbal Learning Test - RAVLT) e o Teste de Aprendizado Visual de Desenhos
de Rey (Rey Visual Design Learning Test - RVDLT). Os testes que envolvem aprendizado,
isto é, a repetida exposição ao material a ser recordado, são mais sensíveis para detectar

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prejuízos de memória do que testes apresentados somente uma vez. No teste de Aprendizado
Auditivo Verbal de Rey (Figura 3), lê-se a lista de palavras para o examinando, pausadamente,
cinco vezes consecutivas. Após cada uma das vezes em que são apresentadas as 15 palavras, o
sujeito deve fazer a evocação do material, sem precisar seguir a mesma ordem de apresentação.
O WRAML (do inglês Wide Range Assessment of Memory and Learning Short Form) é um
instrumento psicométrico destinado a avaliar a capacidade de aprender e memorizar ativamente
vários tipos de informação em pacientes na faixa etária de 5 a 17 anos (memória visual,
aprendizado verbal, memória para histórias).

c) Linguagem

Um dos testes mais utilizados para a avaliação da linguagem é o Boston Naming Test, que
utiliza figuras de objetos para avaliar a capacidade de reconhecimento e nomeação. É
empregado em crianças com dificuldades de compreensão ou produção de palavras ou material
verbal escrito. Pode ser usado a partir dos 6 anos de idade. Também são utilizados o Teste de
Fluência verbal (FAS, do inglês Verbal Fluency), testes de compreensão, como o Teste de
Token, compreensão de textos, escrita e leitura.

A avaliação inclui, ainda, os seguintes tópicos: órgãos fonoarticulatórios, hábitos orais e


desenvolvimen to da linguagem. Algumas particularidades precisam ser respeitadas e levadas
em conta quando se avalia uma criança com lesão cerebral. Cabe ao profissional ter clareza dos
propósitos, conhecimentos, habilidade e adequação das técnicas e instrumentos de investigação
a serem utilizados, como também ter conhecimento das possíveis alterações e limitações
decorrentes da lesão cerebral, para que não sejam cometidos equívocos ao concluir-se a
avaliação neuropsicológica.

Em muitas das crianças com lesão cerebral, encontram-se alterados os canais formais de
expressão e comunicação com o meio. Sendo assim, o profissional por vezes precisa criar
estratégias a fim de que a criança possa se comunicar e, então, interagir e melhor entender o
que se passa com ela. Devemos auxiliar a criança a nos mostrar seu potencial e a comunicar-
se utilizando recursos que lhe possibilitem compreender o que está sendo solicitado, a
representar o que compreende e/ou quer realizar (através de gestos, mímicas, fala, expressão
gráfica ou ação)

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O Bayley II1 é um teste destinado à avaliação do desenvolvimento de crianças nas idades de 1
a 42 meses. O teste é dividido em três escalas: motora, mental e de comportamento, com
quociente de desempenho para cada área. As três escalas são consideradas complemen tares,
tendo cada uma sua importância na avaliação da criança. A escala mental avalia aspectos
relacionados com o desenvolvimento cognitivo e com a capacidade de comunicação
(capacidade de discriminar formas, atenção, habilidade motora fina, compreensão de
instruções, nomeação, resolução de problemas e habilidades sociais).

A escala motora avalia o grau de coordenação corporal (aspectos como sentar, levantar,
caminhar, subir e descer escadas) e motricidade fina das mãos e dedos. A escala
comportamental permite avaliar aspectos qualitativos do comportamento da criança durante o
teste, tais como atenção, compreensão de orientações, engajamento frente às tarefas, regulação
emocional, entre outros. O material do teste é atraente e de fácil utilização. Também existe o
Bayley Infant Neurodevelopment Screener BINS, que é uma versão simplificada, usada para
triagem de desenvolvimento em crianças de 3 a 24 meses, assim como o Denver II.2

3.3.Avaliação Neuropsicológica em Adultos e Idosos

Entender o funcionamento cognitivo tornou-se cada vez mais essencial, principalmente por ter
uma sociedade que a população adulta idosa cresce cada vez mais. Sabendo que a avaliação
neuropsicológica norteia dados bem objetivos para uma apre sentação clínica, a compreensão
de diferentes especificidades tornou-se necessidade.

A avaliação neuropsicológica, fundamentada no princípio


de interdependência entre cérebro e comportamento,
examina o indivíduo de forma holística (história pessoal,
familiar, social, médica especificas capacidades
cognitivas, sócio afetivas e funcionais), recomendo a
testes psicometricamente validados e padronizado para o
contexto em que serão utilizados. (Camacho, 2012)

Desta forma, permite discriminar as alterações que estiverem presentes no indivíduo,


identificando aspectos de demências emocionais cognitivos, familiar e social em diferentes
padrões ocorre alterações cognitivas de adultos idosos, e uma das alterações, está na memória

1
Bayley N. Bayley Scales of Infant Development. 2nd ed. San Antonio: Psychological Corporation; 1993
2
Frankenurg WK, et al. Denver II. Denver (CO): Denver Developmental Materials, Inc.; 1996.

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episódica, atenção no processamento e em outras áreas. Segundo Raz (2005 APUD
CAMACHO, 2012) as diferenças relacionadas à idade não são claras e o envelhecimento
cognitivo não pode ser compreendidos, como déficit ou ser usado como critério.

O processo de avaliação é continuo e tem múltiplas interfaces, o desempenho e o resultado vão


depender de um todo e será associado à idade, que sofrem influência de forma direta (RAZ,
2005 APUD CAMACHO, 2012, p. 664). Antes da avaliação neuropsicológica com o paciente
é importante ter uma breve conversa para falar do que se trata a avaliação, por ser ainda um
instrumento pouco conhecido, qualquer resultado que se der a um paciente poderá trazer receio
e qualquer resultado de exame pode causar preocupações e isso pode implicar no
desenvolvimento da avaliação com o psicólogo.

Alguns pacientes demonstraram receio sobre a avaliação neuropsicológica ser dolorosa,


Segundo Ziniel (2008 APUD CAMACHO, 2012) “Muitos se apresentam para avaliação em
jejum, confundindo-a com um exame fisiológico” (ZINIEL, 2008 APUD CAMACHO, 2012
p. 664).

É por este motivo que o paciente deve ser informado sobre como ocorre avalia ção
neuropsicológica, que pode também ser realizada antes da consulta. Estabelecer um rapport,
dar oportunidade ao paciente para ficar mais à vontade com a avaliação e poder compreender
que é simples e para seu próprio benefício. O uso dos instrumentos como os testes
neuropsicológicos é decisivo para avaliação e deve ser flexível, e adequar-se a pessoa
examinada de acordo com sua cultura e história pessoal.

Segundo Camacho (2012, p. 665) “a aplicação de uma prova do domínio socioafetivo como a
Escala de Depressão Geriátrica pode ativar emocionalmente o paciente e enviesar resultados
uma prova de memória imediatamente ulterior”. Por este motivo, é essencial respeitar e utilizar
os instrumentos para avaliação neuropsicológica adequados para cada paciente e ter o domínio
do uso de cada instrumento. Hipóteses serão levantadas na entrevista de forma que será
perceptível o estado emocional e físico do paciente.

Inúmeros fatores influenciam no desempenho cognitivo de cada pessoa, como saúde, genótipo,
variáveis afetivas e outras, e esses são pontos responsáveis pelo declínio que os idosos adultos
experienciam. Com isso, o psicólogo deve se inquietar e levantar inúmeras hipóteses. O último
momento da avaliação, a entrega dos resultados, os relatórios são tão importantes quanto a fase
da entrevista, administração, a escolha dos instrumentos da avaliação.

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No trabalho com adultos idosos o relatório será apresentado, presencialmente, nas sessões será
discutido os pontos fortes, as limitações cognitivas e seu perfil. Neste momento o paciente é
ativo na devolução não será apenas uma entrega de resultados, o paciente fica livre para falar
do processo, e saber como pode aplicar a sua vida os testes aplicados na avaliação
neuropsicológica.

3.4.Demência na avaliação Neuropsicológica

As doenças crônico-degenerativas são as principais causas de mortes em países desenvolvidos,


uma vez que esse número só tem acumulado devido ao aumento da expectativa de vida da
população mundial. Pacientes com suspeita diagnóstica de demência são atendidos com
frequência por profissionais clínicos.

A prevalência de demência duplica a cada cinco anos após, os 60 anos, resultando em um


aumento variável com a idade. Demência pode ser definida como síndrome caracterizada por
declínio de memória associado a déficit de pelo menos outra função cognitiva (linguagem,
gnosias, praxias ou funções executivas) com intensidade suficiente para interferir no
desem penho social ou profissional do indivíduo (CARAMELLI; BARBOSA, 2002, p. 7)

O diagnóstico de demência está relacionado ao episódio do comprometimen to da memória,


ainda que essa função possa estar relacionada às fases iniciais de algumas formas de demência.
O diagnóstico da mesma irá depender da avaliação objetiva do funcionamento cognitivo e do
desempenho em atividades diárias. A avaliação cognitiva pode ser iniciada com testes de
rastreio, e deve ser complementada por testes cognitivos que avalia diferentes elementos do
comportamento cognitivo. Para esse objetivo, podem ser aplicados testes breves, de fácil e
rápida aplicação pelo clínico, como os de memória, os de influência verbal e o desenho do
relógio.

Nos estágios iniciais de demência, a avaliação neuropsicológica detalhada é muito


recomendada. Além disso, ela fornece dados relativos ao perfil das alterações cognitivas,
especialmente para o diagnóstico diferencial de algumas demências. Este diagnóstico
diferencial das diversas demências está baseado na história clínica, no exame neurológico e na
identificação de perfil à avaliação neuropsicológica (CARAMELLI; BARBOSA, 2002)

A avaliação neuropsicológica apropriada à demência é o instrumento de investigação clínica e


de pesquisa que permite verificar componentes: linguagem e memória quanto subcomponente

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de linguagem na organização do córtex cerebral. Esse tipo de avaliação auxilia no diagnóstico
diferencial das queixas mnêmicas/cognitivas, já que examina o funcionamento neurológico,
visando corroborar e detalhar a repercussão das lesões e disfunções relacionadas ao
comportamento e cognição.

A avaliação pode ser composta por testes, de forma geral, testes psicométricos e outros que
ajudem o examinando a fazer tarefas que desenvolvam o uso das funções isoladas. A
interpretação dos dados é feita a partir da análise quantitativa, mas principalmente qualitativa
na execução dos testes (CARAMELLI; BARBOSA, 2002).

Os instrumentos neuropsicológicos mais utilizados para o diagnóstico diferen cial relacionado


às queixas de memória do idoso são: Mini-Exame do Estado Mental (MEEM); Escala de
Avaliação Clínica de Demência (Clinical Dementia Rating - CDR); Teste de Aprendizagem
Auditivo Verbal de Rey e Memória Lógica da Bateria Wechsler Revisada (MLWMS-R);
Instrumento de Atividade de vida diária; IQCOPE; B-ADL.

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4. Conclusão

A avaliação neuropsicológica deve ser realizada por um profissional altamente capacitado, ou


seja, que tenha experiência clínica, conhecimento da psicometria, das estruturas cerebrais e seu
funcionamento, do sistema nervoso, patologias etc. O profissional apto a realizar tal avaliação
é neuropsicólogo, que por meio de indícios, como os de encaminhamento, por exemplo, irá
levantar hipóteses, e com o auxílio de instrumentos previamente selecionados e direcionados a
demanda, corroborar e/ ou refutar tais hipóteses, com o intuito de obter dados mais fidedignos
para o diagnóstico

A avaliação neuropsicológica não se limita ao que se abordou neste estudo, pelo contrário, a
temática é tão ampla, quanto complexa e necessária, e mais pesquisas devem ser exploradas
para novas publicações do assunto. Portanto, o neuropsicólogo escolhe seus instrumentos
baseado na sua experiência e treinamento específico, mas deve ter consciência de que os testes
não são absolutos. A interpretação dos resultados exige conhecimento de aspectos cognitivos
e afetivos, assim como de fatores que possam interferir em uma tarefa.

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5. Referências bibliográficas
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