INTRODUÇÃO
O módulo da carga elétrica de um próton é igual à carga do elétron, são diferentes apenas em
polaridade (sinal), sendo a menor quantidade de carga possível de se encontrar na natureza,
por isso, essa carga é denominado de carga elétrica elementar.
A carga elétrica elementar tem seu valor igual a:
Desta forma, conhecendo-se a quantidade de prótons ou elétrons que um corpo qualquer tem
em excesso, pode-se calcular o valor da carga elétrica deste corpo:
Q = ±e × n [C] (1.2)
Solução:
Um corpo que tem carga elétrica nula possui a mesma quantidade de prótons e elétrons. Se o
corpo perdeu 5 elétrons, significa que agora ele possui 5 prótons a mais do que a quantidade
de elétrons. Sendo assim, aplica-se a equação (1.2), escolhendo o sinal positivo (pois trata-se
de prótons em excesso) e fazendo n = 5:
ELÉTRONS LIVRES
Como dito anteriormente, os elétrons orbitam o núcleo atômico. Acontece que os elétrons
mais afastados podem ganhar energia do meio externo e desprender-se do átomo de origem,
passando-se chamar elétrons livres. E são os elétrons livres que constituem a famosa
corrente elétrica. Materiais condutores possuem grande quantidade de elétrons livres.
POTENCIAL ELÉTRICO
Uma carga elétrica gera em seu redor um campo elétrico. Dá-se o nome de potencial elétrico
a medida associada ao nível de energia potencial de um ponto de um campo elétrico.
Colocando uma carga de prova q em um ponto P de um campo elétrico, essa carga adquire
uma energia devido ao potencial elétrico deste ponto. A unidade de medida do potencial
elétrico é o volt (V). Apresenta-se na Figura 1.2 uma carga elétrica e o seu potencial elétrico.
CORRENTE ELÉTRICA
Podemos associar a corrente elétrica com o fluxo de água numa mangueira cheia, com a
torneira sendo o interruptor e a ponta sendo a lâmpada. Assim que abrimos a torneira
(ligamos o interruptor), a água sai do outro lado (a luz acende). A corrente elétrica existe em
duas formas: a corrente contínua e alternada.
CORRENTE CONTÍNUA
São considerados circuitos de baixa potência ou baixa tensão, aqueles com tensão até 1000
Volts em corrente alternada ou até 1500 Volts em corrente contínua.
Circuito elétrico é um caminho fechado que pode ser percorrido por uma corrente elétrica,
sendo formado por uma fonte de alimentação, um condutor em circuito fechado e um
elemento capaz de utilizar a energia produzida pelo gerador.
Fonte de alimentação
Na entrada do circuito precisamos ter algo que forneça energia, isto é, que realize trabalho
sobre as cargas que vão se mover pelos componentes do circuito.
A energia que vai realizar trabalho pode ser química, como nas baterias e células de
combustíveis. Pode ser energia mecânica, como nos geradores. Temos as termopilhas, com
diferenças de potencial sendo geradas a partir de diferenças de temperatura. E vale citar as
cada vez mais populares células solares.
Condutores elétricos
Os condutores elétricos podem ser fios ou cabos, feitos de cobre ou alumínio e possuindo um
revestimento isolante. Os fios são feitos de um único e espesso filamento, e por isso são
rígidos. Os cabos são feitos por diversos filamentos finos, o que lhes dá maleabilidade e
facilita sua passagem pela estrutura dos aviões ou colocação dentro dos eletrodutos. Os
condutores elétricos geralmente possuem um revestimento isolante, sendo que os materiais
mais usados são o policloreto de vinila (PVC), o teflon e a borracha.
A seção, ou a “espessura” de um fio ou de um cabo condutor, depende da quantidade de
eletricidade que este terá que suportar. Tal como um cano de água terá maior diâmetro (ou
ter maior seção) se por ele tiver que passar mais água, assim também terá um fio ou cabo
condutor que terá maior secção se por este tiver que passar uma maior quantidade de
eletricidade. O revestimento terá que ter um isolamento com mais espessura se nele estiver
presente uma tensão ou voltagem de maior valor.
No condutor elétrico, os elétrons se deslocam do polo negativo para o polo positivo (sentido
real), ocorrendo nesse deslocamento perda de energia elétrica devido as colisões dos
elétrons com os átomos dos materiais. A essa dificuldade de deslocamento dos elétrons no
condutor, chamamos de resistência, e essa propriedade dos materiais chamamos de
resistividade.
A equação para a resistividade (ρ) é :
ρ = R.S / L (1.4)
σ = 1/ρ (1.5)
Os materiais são classificados como condutores quando a sua condutividade é maior que
104/Ω.m, semicondutores se sua condutividade estiver no intervalo entre 10-10/Ω.m e
104/Ω.m e isolantes se sua condutividade for menor que 10-9/Ω.m.
Os metais geralmente possuem ótima condutividade, na faixa de 107/Ω.m. Estes são os mais
utilizados para as linhas de transmissão de energia elétrica, pois propiciam um menor
desperdício. Devido a sua alta condutividade, há menos perdas por aquecimento da rede
elétrica. A prata é ótimo condutor, mas o cobre é o mais aplicado pela melhor relação
custo/benefício.
Tabela 1.1: Condutividade e resistividade de alguns materiais na temperatura de 20ºC.
Condutividade Resistividade
Material
(Ω.m)-1 (Ω.m)
Prata 6,29 x107 1,59 x10-8
Cobre 5,81 x107 1,72 x10-8
Ouro 4,10 x107 2,44 x10-8
Alumínio 3,55 x107 2,82 x10-8
Níquel 1,43 x107 6,99 x10-8
Latão 1,25 x107 0,80 x10-7
Ferro 1,00 x107 1,00 x10-7
Platina 0,91 x107 1,10 x10-7
Aço carbono 0,60 x107 1,67 x10-7
Aço inoxidável 0,20 x107 5,00 x10-7
Mercúrio 0,10 x107 9,80 x10-7
Carbono 2,90 x104 3,50 x10-5
Silício 1,56 x10-3 6,40 x102
PET 1,00 x10-9 1,00 x109
Vidro 1,00 x10-14 1,00 x1014
Teflon 1,00 x10-23 1,00 x1023
Resistência
Para que haja fluxo de cargas elétricas são necessários dois ingredientes básicos: uma
diferença de potencial e um meio por onde as cargas elétricas devem circular. Para uma dada
voltagem, o fluxo de cargas dependerá da resistência do meio por onde essas cargas deverão
passar. Quanto maior a resistência, menor o fluxo de cargas para uma dada diferença de
potencial.
O símbolo que utilizamos para indicar a resistência de um material é a letra R e a unidade de
resistência elétrica é o ohm (Ω).
EXEMPLO 1.2:
Determine a intensidade de corrente do circuito da figura 1.6, sabendo-se que sua fonte é de
12 V e a resistência é de 250 ohms.
Solução:
Dados V=12V e R=240 Ω.
Da equação 1.6, temos:
R = V/i => i = V/R = 12/240 = 0,5 A i = 0,05 A
EXEMPLO 1.3:
Sabendo-se que ao aplicarmos a um resistor uma tensão de 36V, circula uma corrente igual a
20 μA, determine a sua resistência.
Solução:
Dados V=36V e i= 20 μA.
Da equação 1.6, temos:
R = V/i = 36 / (20 x 10-6) = 1,8 x 106 Ω R = 1,8 x 106 Ω
EXEMPLO 1.4:
Calcule a potência elétrica consumida pelo resistor do Exemplo 1.2.
Solução:
Dados V=12V e R=240 Ω.
Usando a equação (1.9):
P = 122 / 240 = 0,6W P = 0,6 watts
Associação de Resistores
Em muitos circuitos elétricos é necessário fazer a associação de resistores, podendo ser feita
essas associações de três maneiras:
associação em série;
associação em paralelo;
associação mista, combinando-se os dois anteriores.
Série - sua característica básica é proporcionar um único caminho à corrente elétrica, ou seja,
a corrente que passa por um resistor será a mesma em todos os outros. Como conseqüência
de tal característica, tem-se a divisão de tensão no circuito, com cada resistor possuindo o
seu valor de tensão e a soma destes valores é igual a tensão da fonte. O valor da resistência
da associação desses resistores é chamada de Resistência Equivalente (Req).
Temos então:
V = R1 . i + R2 . i + R3 . i
V = Req . i
Substituindo:
Req.i = R1 . i + R2 . i + R3 . i => Req = R1 + R2 + R3 (1.10)
Neste caso, a Resistência Equivalente é a simples soma das resistências presentes no
circuito em série.
Paralelo - possui como característica básica o fato da tensão sobre cada resistor ser a
mesma, igual à da fonte, com isso a corrente em cada resistor dependerá apenas de sua
resistência, e a corrente total será igual a soma de todas as correntes. A corrente
proveniente da fonte é dividida em várias partes, tantas quantos forem os resistores
ligados.
V = Req .i = R1 .i1 = R2 . i2 = R3 . i3
i1 = V/R1 ; i2 = V/R2 ; i3 = V/R3
i = V/Req ; i = i1 +i2 + i3
V/Req = V/R1 + V/R2 + V/R3
V/Req = V/R1 + V/R2 + V/R3 => 1/Req = 1/R1 + 1/R2 +1/R3 (1.11)
Rserie = R1 + R2
1/Rparalelo = 1/R3 + 1/R4+ 1/R5
Req = Rserie + Rparalelo
Na associação mista, a Resistência Equivalente será igual soma dos resistores em série com
o resultado dos resistores em paralelo.
EXEMPLO 1.5:
Calcule a resistência equivalente da associação mista da Figura 1.8, sabendo-se que:
R1=100Ω ; R2=200Ω ; R3=40Ω ; R4=20Ω e R5=30Ω.
Solução:
Rserie = R1 + R2 = 100 + 200 = 300 Ω
1/Rparalelo = 1/40 + 1/20 + 1/30 = 3/120 + 6/120 + 4/120 = 13/120 Ω
Rparalelo = 120/13 = 9,23 Ω
Req = 300 + 9,23 => Req = 309,23 Ω
Capacitores
A propriedade que estes dispositivos têm de armazenar energia elétrica sob a forma de um
campo eletrostático é chamada de capacitância (C), que é a quantidade de carga elétrica que
um capacitor é capaz de armazenar. A capacitância é medida em Farad, cuja abreviação é o
F. A Capacitância é determinada pelas dimensões das placas, diretamente proporcional à
área (quanto mais carga, mais intenso o campo elétrico) e inversamente proporcional à
espessura do dielétrico.
C = Q/V (1.12)
onde:
Indutores
V = L x Δi (1.13)
onde:
Comutadores
São também chamados de chaves, interruptores, relés ou switches e servem para ligar ou
desligar um circuito ou fazer a interligação entre circuitos diferentes. Existem comutadores
manuais e elétricos (remotos), sendo que devem ser dimensionados conforme a tensão e a
corrente de trabalho.
Notas:
• Na aviação, os interruptores de duas posições, "liga/desliga", devem ser instalados de
modo que a posição "liga" seja alcançada movimentando-se a alavanca para cima ou
para frente.
• Quando o interruptor controlar partes móveis do avião, tais como trem de pouso ou
flapes, a alavanca deve se mover no mesmo sentido que o desejado.
• A operação acidental de um interruptor pode ser evitada instalando-se uma guarda
adequada sobre o mesmo.
Dispositivos de segurança
Os circuitos elétricos devem ser protegidos com disjuntores ou fusíveis localizados, tão
próximos quanto possível, da fonte de alimentação elétrica. O disjuntor ou fusível deve abrir o
circuito antes do condutor sobreaquecer, o que poderia ocasionar danos à instalação ou até
incêndio. Por isto, a característica corrente/tempo do dispositivo de proteção deve estar
abaixo daquela do condutor associado.
Assim, a espira é ajustada para girar num campo magnético e quando o plano da espira
estiver em paralelo com as linhas de força magnética, a voltagem induzida na espira faz com
que a corrente circule. A voltagem induzida nesta posição é máxima, visto que os fios estão
cortando as linhas de força em ângulos retos, e estão, ainda, cortando mais linhas de força
por segundo do que em qualquer outra posição relativa ao campo magnético.
À medida que a espira se aproxima da posição vertical mostrada (Figura 1.15), a voltagem
induzida diminui, pois ambos os lados da espira (“A” e “B”) estão aproximadamente em
paralelo com as linhas de força, e a razão de corte é reduzida.
Quando a espira estiver na vertical, as linhas de força não serão cortadas, visto que os fios
estão se movimentando momentaneamente em paralelo com as linhas de força magnética (e
não há voltagem induzida).
Enquanto continuar a rotação da espira, o número de linhas de força cortadas aumentará até
que a espira tenha girado outros 90º para um plano horizontal. Nesta posição, o número de
linhas de força cortadas e a voltagem induzida, mais uma vez são máximas. O sentido do
corte, entretanto, está em sentido oposto, assim, a voltagem induzida é invertida.
Observando-se o gráfico obtido neste ciclo, notamos que os valores da voltagem são
positivos e depois negativos, por isso esta corrente gerada é chamada de alternada.
Para utilizar esta corrente alternada gerada, cada lado da espira é ligado a um anel coletor,
sendo que os dois anéis giram juntamente com as espiras. Sobre as espiras encontram-se as
escovas fixas, geralmente feitas de carvão e que são ligadas em série à carga.
Para transformar esta corrente alternada gerada em contínua, temos de usar apenas um anel
coletor partido ao meio. Cada semi-anel, chamado de segmento coletor, é isolado, sendo
ligado a cada uma das extremidades das espiras. Através de duas escovas fixas
posicionadas a 180º, a corrente gerada passa a alimentar a carga, apenas com a voltagem
positiva.
A geração da voltagem nas posições “A”, “B” e “C” é igual no gerador CA elementar, mas na
posição “D” a ação do coletor inverte a corrente no circuito externo, e o segundo semiciclo
tem a mesma forma de onda do primeiro. Esse processo de comutação é chamado de
retificação, porque transforma a voltagem CA em voltagem CC.
No momento em que cada escova estiver em contato com os dois segmentos do coletor
(posições “A”, “C” e “E”) é produzido um curto-circuito contínuo. Se fosse gerada corrente na
espira neste instante, essa seria muita alta, causando um centelhamento e danificando o
coletor. Por esta razão, as escovas devem ser instaladas na posição exata, onde o curto-
circuito ocorrerá quando a Força Eletromotriz (FEM) gerada for zero (plano neutro).
Figura 1.16: Gerador elementar de corrente contínua (CC)
A voltagem gerada pelo gerador DC básico varia de zero para o seu máximo, duas vezes
para cada volta da espira, sendo chamada de ondulação (ripple). Esta ondulação pode ser
reduzida usando-se mais espiras ou bobinas.
Quanto maior for o número de espiras, as variações entre os valores máximo e mínimo de
voltagem serão reduzidas e a voltagem de saída do gerador se aproxima de um valor estável
em corrente contínua (Figura 1.17).
A voltagem induzida numa espira com apenas uma volta é pequena. Aumentando o número
de espiras não aumenta o valor máximo da voltagem gerada, mas aumentando o número de
voltas em cada espira aumentará este valor máximo.
Se a corrente for retirada da espira pelos segmentos coletores, ela será uma corrente
contínua, e o gerador é denominado de gerador CC.
Figura 1.17: Gerador CC com várias espiras
Tem duas funções: ela completa o circuito magnético entre os pólos, e atua como um suporte
mecânico para as outras partes do gerador. A carcaça tem propriedades magnéticas elevadas
e, junto com as peças polares, forma a parte principal do circuito magnético.
Os pólos do campo são aparafusados no interior da carcaça, e formam um núcleo pelo qual
os enrolamentos da bobina do campo são efetuados. A carcaça completa, incluindo as peças
polares, é fabricada de ferro magnético de alta qualidade ou folha de aço.
Um gerador CC usa eletroímãs ao invés de ímãs permanentes, porque possuem uma
intensidade magnética superior.
As bobinas de campo são constituídas de diversas voltas de fio isolado, e são enroladas para
se amoldarem ao núcleo de ferro do pólo ao qual ela está fixada.
A corrente de excitação, que é usada para produzir o campo magnético e que flui através das
bobinas de campo, é obtida de uma fonte externa, de outro gerador ou da bateria.
A maioria das bobinas de campo são ligadas de maneira que os pólos mostrem polaridade
alternada sempre existirá um número par de pólos em qualquer gerador (N + S).
Induzido
Coletores
O coletor está instalado na extremidade do induzido e consiste de segmentos uniformes de
cobre estirado, isolados por folhas finas de mica.
A parte alta de cada segmento é chamada espelho, e os fios das bobinas do induzido são
soldados aos espelhos.
As escovas são sobrepostas na superfície do coletor, formando contato elétrico entre as
bobinas do coletor e o circuito externo.
Um fio flexível trançado, de cobre, geralmente chamado de “rabicho”, liga cada escova ao
circuito externo. As escovas são ajustáveis e são mantidas no lugar por ação de suportes
com molas, isolados da carcaça, podendo deslizar livremente para cima e para baixo para
acompanhar qualquer anormalidade na superfície do coletor.
O material das escovas deve possibilitar que o atrito entre o coletor e a escova seja pequeno
para evitar desgaste excessivo, por isso, o material mais usado pelas escovas é o carvão de
boa qualidade, que deve ser macio para evitar o desgaste do coletor e, ainda, resistente o
bastante para fornecer à escova uma duração maior.
A superfície do coletor é altamente polida para reduzir o atrito e limpa, sem óleo ou graxa
para não aumentar a resistência elétrica.
Tipos de geradores CC
Os geradores CC podem ser de três tipos:
Série.
Paralelo.
Série-paralelo ou misto.
Gerador CC com excitação em série
O enrolamento do campo de um gerador em série é ligado em série com o circuito externo,
chamado de carga e as bobinas de campo são compostas de poucas voltas de fio grosso.
A intensidade do campo magnético depende muito mais do fluxo de corrente do que do
número de voltas da bobina.
Quando a carga aumenta, a voltagem também aumenta e quando a carga é reduzida, a
voltagem também é reduzida. A voltagem de saída de um gerador enrolado em série pode ser
controlada por um reostato, em paralelo com os enrolamentos do campo.
Como o gerador em série tem má regulagem da voltagem, ele não deve ser usado como
gerador de aeronaves.
Especificações do gerador
Um gerador é classificado pela sua potência de saída, através da corrente (A) na sua
voltagem especificada ou nominal (V), sendo a potência indicada, em watts ou VA, gravada
na placa de identificação fixada ao mesmo.
A rotação dos geradores também está gravada na placa de identificação, podendo ser horária
(Clockwise-CW) ou anti-horária (Counterclockwise-CCW), observando-se da extremidade de
acionamento. A rotação também pode estar marcada por uma seta na capa da placa do
alojamento da escova.
A velocidade do motor da aeronave varia da RPM de marcha-lenta até a RPM de decolagem,
entretanto, durante a maior parte de um vôo, ele está em velocidade de cruzeiro constante. A
transmissão do gerador é geralmente acionada para girar o gerador entre 11/8 (1,125) e 1 ½
(1,5) vezes a velocidade do eixo de manivelas do motor alternativo.
A maioria dos geradores de aeronave tem uma velocidade na qual começam a produzir sua
voltagem normal, conhecida como “COMING-IN”, esta velocidade é de 1.500 RPM.
Figura 1.24: Placa de identificação do gerador
Alternador
Um gerador que produz corrente alternada é chamado de gerador CA (Corrente Alternada) ou
então de alternador.
Gerador conectado à CC. Este tipo de alternador usa CC da bateria para excitação,
sendo o alternador auto-excitado posteriormente. Uma variação consiste em um
gerador CC fixado no mesmo eixo do gerador CA.
Outro método de classificação é pelo tipo de estator e rotor. Temos então dois tipos de
alternadores utilizados: o tipo induzido rotativo e o tipo campo rotativo.
Alternador monofásico
Possui um estator com quatro peças polares espaçadas igualmente ao redor da carcaça do
estator, constituído de vários enrolamentos em série, formando um circuito único no qual é
gerada uma voltagem de saída.
O rotor possui quatro polos, adjacentes de polaridade oposta, e, à medida que o rotor gira, as
voltagens CA são induzidas nos enrolamentos do estator.
Todos os quatro grupos de bobina de estator são ligados em série, de modo que as voltagens
induzidas em cada enrolamento sejam adicionadas para fornecer uma voltagem total, que é
quatro vezes a voltagem em qualquer enrolamento.
Alternador bifásico
Num alternador bifásico existem dois enrolamentos monofásicos espaçados fisicamente, de
tal modo, que a voltagem CA induzida em um deles está defasada de 90º em relação à
voltagem induzida no outro.
Os enrolamentos estão separados eletricamente um do outro.
Quando um enrolamento está sendo cortado por um fluxo máximo, o outro não está sendo
cortado por nenhum fluxo, estabelecendo assim, uma relação de 90º entre as duas fases.
Figura 1.27: Alternador bifásico
Alternador trifásico
Um circuito trifásico ou polifásico é empregado na maioria dos alternadores das aeronaves.
As três voltagens estão espaçadas de 120º, e são similares às voltagens que seriam geradas
por três alternadores monofásicos, cujas voltagens estão defasadas de 120º, sendo as três
fases são independentes uma da outra.
Quando um enrolamento está sendo cortado por um fluxo máximo, o outro não está sendo
cortado por nenhum fluxo.
O alternador trifásico permite ligação com a carga de duas maneiras:
• Ligação em “Y” ou Estrela
• Ligação em Delta ou Triângulo
Em vez do alternador trifásico possuir 6 fios, um dos fios de cada fase pode ser ligado
para formar uma junção comum, sendo,então, a ligação do estator chamada de ligação
em “Y” ou estrela. O fio comum pode é chamado de fio neutro.
Cada carga é ligada através de duas fases em série, sendo assim, RAB é ligada através
das fases “A” e “B” em série: RAC é ligada através das fases “A” e “C” em série e RBC é
ligado através das fases “B” e “C” em série.
Portanto, a voltagem através de cada carga é maior do que a voltagem através de uma
fase única, ou seja, a voltagem total, ou voltagem de linha, através de qualquer das duas
fases é a soma vetorial das voltagens de fase individual.
Em condições equilibradas, a voltagem de linha é 1,73 vezes a voltagem de fase.
Visto que existe somente um caminho de corrente no fio da linha, e à fase na qual ele está
ligado, a corrente de linha é igual à corrente de fase.
Na ligação Delta ou Triângulo, o estator trifásico pode ser ligado também de modo que as
fases sejam ligadas de extremidades a extremidades.
Numa ligação “delta”, as voltagens são iguais às voltagens de fase; as correntes da linha são
iguais à soma vetorial das correntes de fase; e a corrente da linha é igual a 1,73 vezes a
corrente de fase, quando as cargas estão equilibradas.
Para cargas iguais (igual Kw de saída), a ligação “delta” fornece corrente de linha maior em
um valor de voltagem de linha igual à voltagem de fase; e a ligação “Y” fornece uma voltagem
de linha maior em um valor de corrente de linha igual à corrente de fase.
Unidade alternadora-retificadora
Um tipo de alternador usado no sistema elétrico de muitos aviões com peso inferior a 12.500
libras (5.700 Kgf) é chamado de gerador CC, mas na realidade é uma unidade alternadora-
retificadora, sendo uma unidade auto-excitada, mas não contém ímã permanente.
A excitação para a partida é obtida da bateria e, imediatamente após a partida, a unidade é
auto-excitada.
Geralmente o alternador está acoplado diretamente ao motor do avião, por meio de um
acoplamento de acionamento flexível (correia).
A saída da seção alternadora da unidade é uma corrente alternada trifásica, proveniente de
um sistema trifásico, de ligação delta, incorporando um retificador trifásico de onda completa.
Esta unidade opera com uma velocidade média de 2.100 a 9.000 RPM com voltagem de
saída CC de 26 a 29 Volts e cerca de 125 Amperes.
Introdução
Em 1800, o físico italiano Alessandro Volta criou a primeira pilha elétrica que passou a ser
chamada de pilha de Volta, pilha Galvânica ou pilha voltaica.
Ele colocou um disco de cobre por cima de um disco de feltro embebido em uma solução de
ácido sulfúrico e, por último, um disco de zinco; e assim sucessivamente, empilhando essas
séries até formar uma grande coluna. O cobre, o feltro e o zinco tinham um furo no meio e
eram enfiados numa haste horizontal, sendo assim conectados por um fio condutor. Esse
experimento causou reviravoltas no mundo científico e a partir daí todos os aparelhos que
produziam eletricidade a partir de processos químicos (ou seja, que produziam energia
química em energia elétrica) passaram a ser chamados de celas voltaicas, pilhas galvânicas
ou, simplesmente, pilhas.
Figura 1.31: Pilha de Alessandro Volta
Primários são caracterizados por possuírem ação química irreversível, isto é, uma
vez descarregadas, tornam-se imprestáveis, não permitem recarga. Comumente são
chamados de pilhas.
Secundários são caracterizados por possuírem ação química reversível, isto é, uma
vez descarregadas, podem ser novamente recarregados. Comumente são chamados de
baterias.
As baterias podem ser de diversos tipos, sendo que as mais empregadas nas aeronaves são:
Chumbo-ácida
Níquel-cádmio
Íon-lítio
Bateria chumbo-ácida
A bateria chumbo-ácida é constituída de placas de chumbo (negativas), placas de peróxido de
chumbo (positivas) e um eletrólito composto de 25% de ácido sulfúrico (H2SO4) e 75% de
água destilada (H2O). Quando a bateria está carregada a densidade do eletrólito é de 1,275 a
1,300g/cm3.
Se a descarga for continuada, os materiais ativos, tanto nas placas positivas como nas
negativas, tornam-se inertes, e desta forma, a bateria estará completamente descarregada.
Quando a bateria é novamente carregada, o ácido existente nas placas, sob a forma de
sulfato de chumbo, transforma-se novamente em ácido sulfúrico e, misturando-se com a
solução fraca, aumenta, o seu grau de concentração. Ao mesmo tempo, as placas são
reintegradas no seu estado primitivo.
Quando todo o ácido estiver fora das placas, a bateria está completamente carregada;
portanto, a densidade do eletrólito é um indício do estado de carga de uma bateria e a
capacidade de uma bateria depende da quantidade do material disponível para a reação
química. A bateria chumbo-ácida é formada por células que produzem cerca de 2,0 Volts,
cada uma.
As células são formadas por placas, isolantes, terminais, caixa, plugs e eletrólito. Cada placa
consiste de uma armação chamada grade, feita de chumbo e antimônio, no qual o material
ativo (chumbo esponjoso ou peróxido de chumbo) é fixado.
As placas negativas e positivas são montadas, de forma que cada placa positiva fique entre
duas placas negativas. Entre as placas existem separadores porosos (isolantes) que evitam o
contato entre as placas negativas e positivas, que significaria curto-circuito na célula.
Os separadores têm frisos verticais no lado, faceando a placa positiva, que permitem o
eletrólito de circular livremente em torno das placas e também possibilitam sedimentos
descerem para o fundo da célula.
Cada célula é selada com um revestimento de borracha dura, com terminais colocados na
parte superior, e suspiros (plugs) destinados a evitar derramamento do eletrólito. Removendo-
se os plugs, tem-se acesso para teste da densidade do eletrólito e para que se adicione água,
se necessário.
Figura 1.32: Bateria chumbo-ácida
Em vôo nivelado, o peso de chumbo permite ventilação dos gases através de um pequeno
furo e, em vôo de dorso, este orifício é fechado pelo peso do chumbo.
As células individuais de uma bateria são conectadas em série por meio de barras e esse
conjunto completo é embutido numa caixa resistente ao ácido, que serve como protetor
elétrico e proteção mecânica.
A caixa da bateria possui uma tampa superior para evitar curtos e conter os gases corrosivos,
possuindo um conector (nipple) para um tubo de ventilação em cada extremidade.
Assim, o fluxo de ar é dirigido para o alojamento da bateria, onde os gases são recolhidos no
reservatório, e expelidos sem danos à aeronave.
A ligação elétrica é feita conectando-se os cabos (+/-) nos terminais da bateria e em seguida
deve-se apertar as porcas e aplicar o torque especificado pelo fabricante.
ATENÇÃO:
É necessário extremo cuidado ao realizar o teste com densímetro em baterias ácidas,
porque o eletrólito (ácido sulfúrico) pode queimar roupas, e também a pele. No caso do
contato da pele com a solução é necessário lavar o local com bastante água, e aplicar
bicarbonato de sódio.
Remover a bateria, desconectando-se primeiro o cabo de massa (-), para evitar curtos.
A condição de carga da bateria deve ser verificada pela densidade do eletrólito, através de
um densímetro, que consiste em um pequeno tubo de vidro (flutuador) mais pesado na
extremidade inferior, que flutua na posição vertical dentro de uma pipeta com maior diâmetro.
Dentro do flutuador existe uma escala na faixa de 1,100 a 1,300. Enche-se o densímetro com
o eletrólito e lê-se na escala do flutuador a densidade, que para carga total deve ser de 1,300
e 1,100 para a bateria totalmente descarregada.
As leituras do densímetro devem ser realizadas sempre antes da adição de água destilada,
nunca depois, porque a água adicionada não se mistura imediatamente com o eletrólito,
causando assim uma leitura falsa.
O eletrólito é composto de 25% de ácido sulfúrico (H2SO4) e 75% de água destilada (H2O).
Ações para prolongar a vida das baterias:
Desligar todos equipamentos elétricos ao dar partida nos motores.
Evitar deixar equipamentos operando sem o funcionamento do motor, APU ou fonte
externa.
Se a aeronave for ficar inoperante por mais de 7 dias, desconectar o cabo negativo da
bateria e se exceder 21 dias, remover a bateria e a cada 21 dias carregá-la.
Manter sempre o nível do eletrólito acima das placas e, se necessário, completar
somente com água destilada.
Evitar sobrecarga porque provoca excesso de sulfatação, e carga e descarga muito
rápidas resultando em superaquecimento das placas causando desprendimento do
material ativo.
Evitar armazenar as baterias descarregas ou com baixa carga para não danificá-las
permanentemente.
Figura 1.34: Verificação de densidade do eletrólito
A bateria deve ser recarregada pela aplicação de corrente contínua (ou pulsante
unidirecional) através da bateria, na direção oposta a de descarga.
A tensão usada precisa ser superior a da bateria sem carga, por causa de sua resistência
interna (V = I.R). Por exemplo, no caso de uma bateria de 12 elementos (células),
completamente carregada, com aproximadamente 26.4 Volts (12 x 2.2 Volts), são necessários
28 Volts para carregá-la.
As baterias são carregadas tanto pelo método de corrente-constante quanto pelo de
voltagem-constante.
Um gerador ajustado com voltagem constante força a corrente através da bateria, a corrente
inicial do processo é alta, mas diminui 1 A, quando a bateria está completamente carregada.
O método de voltagem constante requer menos tempo e supervisão do que o método de
corrente constante.
No método de corrente-constante, a corrente se mantém quase constante durante o processo
completo de recarga. Esse método exige um tempo maior para carregar completamente a
bateria, e necessita de acompanhamento para evitar sobrecarga, à medida que o processo
avança para o final.
Quando uma bateria está sendo carregada, é produzida uma certa quantidade de hidrogênio
e oxigênio e, como se trata de uma combinação de gases explosiva deve-se adotar medidas
de prevenção contra ignição desta mistura.
As tampas de ventilação devem ser afrouxadas e conservadas no lugar, evitar chamas,
centelhas e outros pontos de ignição nas proximidades.
Antes de se conectar e desconectar uma bateria, em carga, desligar sempre a energia, por
meio de uma chave remota.
A corrente de carga pode ser regulada com diversos níveis até um máximo de 6 amperes.
As baterias podem ser carregadas com a carga lenta (2 a 4 A) ou carga rápida (4 a 6 A) .
Na aeronave, a bateria de acumuladores é carregada por corrente contínua do sistema do
gerador. Esse método corresponde ao de voltagem-constante, já que a voltagem de gerador é
mantida constante pelo regulador de voltagem.
A evaporação da água faz necessária a complementação periódica com água pura. Para
evitar isso, sugiram na década de 1970 as primeiras células seladas, que dispõem também de
um composto catalítico que produz água se houver formação de hidrogênio e oxigênio
durante o processo de carga. Assim a bateria selada não requer manutenção, segundo o
fabricante a água da bateria dura por toda a vida útil sem a necessidade de recarga, esta vida
útil normalmente chega a 3 anos se a bateria for bem cuidada.
Bateria de níquel-cádmio
Essas baterias são formadas por células que possuem placas positivas e negativas,
separadores, eletrólito, suspiros e uma caixa. As placas positivas são feitas de uma chapa
porosa, sobre a qual é depositado hidróxido de níquel. Essa chapa porosa é obtida pela fusão
de pequenos grãos de níquel, formando uma fina malha (tela). Uma barra de níquel é então
soldada no canto de cada placa, que passa a formar um conjunto com as barras soldadas em
terminais apropriados.
As placas negativas são feitas de chapas semelhantes, sobre a qual é depositado hidróxido
de cádmio.
As placas são separadas uma das outras por uma faixa contínua de plástico poroso.
O eletrólito usado nas baterias de Ni-Cd é uma solução de 30% de hidróxido de potássio
(KOH) em água destilada, com peso específico entre 1,240 e 1,300 à temperatura ambiente.
Como nenhuma mudança considerável ocorre no eletrólito durante a descarga, não é possível
determinar as condições de carga da bateria pela densidade do eletrólito.
O manuseio das baterias Ni-Cd deve possuir local e ferramentas separadas das baterias
chumbo-ácidas porque seu eletrólito é quimicamente incompatível com o ácido sulfúrico
usado nas baterias ácidas.
O eletrólito (hidróxido de potássio) utilizado nas baterias Ni-Cd é extremamente corrosivo,
sendo necessário usar óculos de proteção, luvas e avental de borracha para manipular e
trabalhar nessas baterias.
Adequados meios de lavagem são necessários para ocaso de o eletrólito atingir à pele ou
roupas. Tal exposição requer imediato enxaguamento com água ou vinagre, suco de limão ou
solução de ácido bórico.
Quando o hidróxido de potássio e a água estiverem sendo misturados, o hidróxido deve ser
adicionado lentamente à água e nunca vice-versa.
Violento centelhamento pode ocorrer, se for usada escova de cerdas metálicas para limpeza
da bateria.
Os plugues de ventilação(tampas) devem ser mantidos fechados durante o processo de
limpeza, e jamais devem ser usadas substâncias como ácidos, solventes ou soluções
químicas.
Quando o carbonato de potássio se forma sobre uma bateria, pode indicar que esteja
sobrecarregada porque o regulador está desajustado.
Nunca adicionar água à bateria antes de três ou quatro horas após estar completamente
carregada e, quando necessário, usar apenas água destilada ou desmineralizada.
Não é possível determinar o estado de carga da bateria com o densímetro, pois o eletrólito
não reage quimicamente com as placas.
A carga também não pode ser determinada através da tensão, porque ela permanece
constante durante 90% do ciclo de descarga.
Periodicamente (p.ex. mensal), verificar o nível do eletrólito e completar com água (destilada
ou desmineralizada) se necessário.
A intervalos regulares, durante as revisões de 25 ou 50 horas, a bateria deve ser removida da
aeronave para teste de bancada.
Em baterias completamente descarregadas, algumas células podem atingir potencial zero e
carga invertida, afetando a bateria de tal modo que ela não mantenha a capacidade total de
carga. Nesses casos, essas baterias devem ser descarregadas e cada célula colocada em
curto-circuito, a fim de obter balanceamento de zero potencial, antes de recarregar a bateria
(equalização).
Recarga das baterias Ni-Cd
A carga pode ser realizada tanto pelo método da corrente-constante quanto da tensão
constante, e para melhores resultados, a temperatura ambiente deve estar entre +5ºC até
+45ºC.
A tensão mínima usada precisa ser superior a 1,5 V por célula Por exemplo, no caso de uma
bateria de 20 células, são necessários pelo menos 30 V para carregá-la.
Verifique a tensão das células ao iniciar a carga, se qualquer célula tiver um aumento súbito
de tensão para acima de 1,5 V, acrescente 5 cm3 de água destilada ou desmineralizada
nessa célula.
Durante os últimos 15-30 minutos da sobrecarga, ajuste o nível do eletrólito, acrescentando a
água.
Para carga com tensão constante, manter a tensão constante até que a corrente de carga
diminua para 3 ampères ou menos, assegurando-se de que a temperatura da célula não
ultrapasse 37,7ºC.
Para carga com corrente constante, começar e continuar até que a tensão atinja o potencial
desejado, então, reduzir o nível de corrente até 4 A, continuando a carga até que a bateria
atinja a temperatura de 37,7ºC, e a tensão comece a declinar.
ATENÇÃO:
Não faça recarga com tensão constante se a tensão estiver
abaixo de 1,0 V por célula, com circuito aberto.
Bateria de Íon-Lítio
O lítio é o mais leve de todos os metais, tem o maior potencial eletroquímico e fornece a
maior energia específica por peso.
A instabilidade inerente do metal de lítio, em especial durante o carregamento, dirigiu a
pesquisa para uma solução não-metálica usando ions de lítio, e, em 1991, a Sony
comercializou a primeira bateria de ion-Li, tornando-se hoje a bateria mais promissora e com
o mais rápido crescimento no mercado.
Embora com menor energia específica que o metal-lítio, a bateria de ion-Li é segura, desde
que os limites de tensão e correntes sejam respeitados.
Os três componentes básicos de uma célula de Ion-Li são os eletrodos positivo, negativo e o
eletrólito.
A bateria de ion-lítio original da Sony usava o ânodo (eletrodo negativo) de coque, que é um
derivado do carvão, e, a partir de 1997, a maioria dos fabricantes, incluindo a Sony, passaram
a usar o grafite para atingir uma curva de descarga mais plana.
O eletrodo positivo (poroso) é um óxido de metal, tais como óxido de cobalto e lítio, ou óxido
de manganês e lítio, ou Óxido de cobalto-manganês-níquel-lítio, ou fosfato de ferro-lítio.
O eletrólito, não aquoso, é um sal de lítio num solvente orgânico (mistura de carbonatos
orgânicos, tais como carbonato de etileno ou carbonato de dietilo contendo complexos de ions
de lítio).
Um separador de polietileno poroso e permeável (30 a 50%) é utilizado para isolar as placas
positivas das negativas, funcionando como fusível quando a temperatura atingir 130ºC.
Quando a célula de Íon-Lítio está descarregando, os íon positivos de lítio movimentam-se do
eletrodo negativo (ânodo) e entram no eletrodo positivo (cátodo), fornecendo-se assim, um
excesso de elétrons ao eletrodo negativo.
Quando a célula está carregando, ocorre o inverso.
As reações químicas que ocorrem são:
ATENÇÃO:
Não seguir as limitações de corrente e tensão durante a recarga pode
resultar em explosão.
Durante a carga, uma fonte de energia elétrica externa (carregador) aplica-se uma sobre-
tensão (tensão mais elevada do que a bateria produz, da mesma polaridade), obrigando a
corrente de carga a fluir no interior da bateria do eletrodo positivo para o negativo, ou seja, no
sentido inverso de uma corrente de descarga.
Os íons de lítio (Li+), em seguida, irão migrar do eletrodo positivo para o negativo, onde eles
se tornam incorporados no eletrodo de material poroso.
O procedimentos de carregamento completo para as baterias de íon de lítio deve ser
realizado em 4 etapas:
Corrente constante (CC)
Tensão constante (CV)
Descanso ( 0 A)
Complemento de tensão (CC)
Durante a fase de corrente constante, o carregador aplica uma corrente constante para a
bateria a uma tensão com crescimento constante, até que o limite de tensão por célula seja
atingido ( entre 4,2 V a 4,3 V).
A corrente aplicada deve ser de 0,5 a 0,8C, onde C é a capacidade da bateria em Ah.
Exemplo: Em uma bateria de 40Ah, ao aplicar uma corrente de carga de 0,5C = 20A, esta
fase deve durar cerca de 2 horas.
Durante a fase de tensão constante, o carregador aplica uma tensão igual à tensão máxima
de cada célula multiplicado pelo número de células em série na bateria.
Terminar a fase de tensão constante quando a corrente atingir o valor de 3% da corrente
inicial dessa fase.
Deixar a bateria descansar, sem carga por 1-2 horas, e medir a tensão.
Caso haja queda na tensão, aplique novamente uma carga de corrente constante por mais 1
hora.
Observações:
A 4ª etapa da recarga é opcional, uma vez que não é necessário carregar totalmente
as baterias de Íon-Li, pois não possuem o efeito de memória.
O aquecimento de 5ºC das baterias durante a recarga é normal, mas não deve atingir
10ºC para não danificá-las.
A taxa de carga superior a 0,8C até 1,0C pode reduzir a vida da bateria, não sendo
recomendável pelos fabricantes.
Nunca utilizar uma taxa de carga superior a 1,0C, pois pode causar explosão das
células.
As baterias de Íon-Li devem ser carregadas na temperatura de 0 a 45 ºC, nunca
abaixo de 0ºC.
Devido a seus componentes tóxicos, as pilhas podem também afetar a qualidade do produto
obtido na compostagem de lixo orgânico.
Além disso, sua queima em incineradores também não consiste em uma boa prática, pois
seus resíduos tóxicos permanecem nas cinzas e parte deles pode volatilizar, contaminando a
atmosfera.
Os componentes tóxicos encontrados nas pilhas são: cádmio, chumbo e mercúrio. Todos
afetam o sistema nervoso central, o fígado, os rins e os pulmões, pois eles são
bioacumulativos.
"As pilhas e baterias que contenham em suas composições chumbo, cádmio, mercúrio e
seus compostos, necessário ao funcionamento de quaisquer tipos de aparelhos, veículos
ou sistemas, móveis ou fixos, bem como os produtos eletroeletrônicos que os contenham
integrados em sua estrutura de forma não substituível, após seu esgotamento energético,
serão entregues pelos usuários aos estabelecimentos que as comercializam ou à rede de
assistência técnica autorizada pelas respectivas indústrias, para repasse aos fabricantes
ou importadores, para que estes adotem diretamente, ou por meio de terceiros, os
procedimentos de reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final ambientalmente
adequado".
1.5- TRANSFORMADORES DE CORRENTE ALTERNADA
Um transformador modifica o nível de tensão ou corrente, aumentando-a ou diminuindo-a
como necessário. Ele consiste em duas bobinas eletricamente independentes, que são
dispostas de tal forma que o campo magnético em torno de uma das bobinas atravessa
também a outra bobina. Quando uma tensão alternada é aplicada na bobina primária, o
campo magnético variável formado em torno dela cria uma tensão alternada na bobina
secundária por indução.
Um transformador também pode ser usado com corrente contínua pulsativa, mas corrente
contínua pura não pode ser usada, já que apenas a corrente variável cria o campo magnético
variável, que é a base do processo de indução.
Um transformador consiste de três partes básicas, conforme figura 1.37, que são o núcleo de
ferro magnético, a bobina primária e a bobina secundária.
Eles podem aumentar ou diminuir a tensão, conforme a proporção de espiras entre a bobina
primária e secundária.
V1 / V2 = N1 / N2 V2 = V1 x N2 / N1 (1.14)
Exemplo 1.6:
Um transformador possui 100 espiras na bobina primária e 20 espiras na bobina secundária.
Se alimentarmos esse transformador com uma corrente alternada de 110 V, qual será a
tensão de saída ?
Solução:
V2 = V1 x N2 / N1 = 110 x 20 / 100 = 110 / 5 V2 = 22 VCA
gerador e prover uma corrente no secundário, proporcional à corrente de linha, para circuito
de proteção e dispositivos de controle.
transformadores devem ser instalados com o lado “H1” na direção do gerador, no circuito,
mantendo a polaridade apropriada.
O secundário do transformador não pode jamais ficar aberto quando o sistema estiver
funcionando, caso contrário, isto provocaria altas voltagens perigosas e poderia superaquecer
o transformador. Portanto, as conexões de saída do transformador precisam estar sempre
conectadas com uma ponte (jumper) quando o transformador não estiver sendo usado, mas
permanece no sistema.
É impossível construir um transformador com 100% de eficiência, porque não são todas as
linhas de força do primário que conseguem cortar a bobina do secundário. Uma certa
quantidade de fluxo magnético vaza do circuito magnético, causando uma perda de potência
no swcundário.
rendimento “”.
Solução:
P1 = V1 x i1 = 220 x 5 = 1100 watts
1.5- INVERSORES
O inversor é usado em alguns sistemas do avião com a finalidade de transformar uma
parte da força CC em CA. Esta CA é usada principalmente nos instrumentos, rádios, radar,
iluminação e outros acessórios.
Os inversores são construídos para fornecer uma corrente de 400 Hz, mas alguns são
projetados para fornecer mais do que uma tensão, por exemplo, 26 VCA num enrolamento e
115 VCA num outro.
Há dois tipos básicos de inversores: o rotativo e o estático e ambos podem ser monofásico ou
polifásico.
O inversor polifásico é mais leve para a mesma potência nominal que o monofásico, mas
existem complicações na distribuição da potência polifásica em manter as
cargas equilibradas.
Inversores rotativos
Há diversos tamanhos, tipos e configurações de inversores rotativos. Esses inversores
são essencialmente geradores CA e motores CC numa única carcaça. O motor CC faz girar a
armadura de campo do gerador CA, induzindo a voltagem CA no estator do gerador, sem
utilizar escovas. Podem ou não possuir ímãs permanentes.
Inversores estáticos
Os inversores estáticos utilizam semi-condutores e por isso são conhecidos como inversores
do estado sólido.
Este tipo de equipamento possui algumas vantagens em relação aos inversores rotativos:
Chaves de acionamento
São dispositivos manuais que permitem energizar ou desenergizar equipamentos, através do
fechamento ou abertura de circuitos elétricos. Por serem de acionamento manual, não
permitem o comando remoto. As chaves podem ser dos tipos:
NA Normalmente Aberta (NO Normally Opened).
NF Normalmente Fechada (NC Normally Closed).
L-D Liga ou Desliga (On-Off) permanece na posição Aberta ou Fechada.
As chaves NA são mantidas na posição aberta por ação de mola, mudando para a posição
fechada manualmente. Ao cessar o esforço manual, ela retorna para a posição aberta. Já as
chaves NF funcionam de modo invertido. As chaves L-D se mantém na posição comandada,
só alterando após nova atuação manual.
Entre as principais chaves de acionamento, temos as botoeiras, chaves de partida, seletores
e chaves de fim de curso.
Contatores
Pode-se considerar os contatores como um tipo de relé, pois o principio de
funcionamento é similar. O contator é um elemento eletro-mecânico de comando a
distância, com uma única posição de repouso e sem travamento. O contator consiste
basicamente de um núcleo magnético excitado por uma bobina. Uma parte do núcleo
magnético é móvel, e é atraído por forças de ação magnética quando a bobina é
percorrida por corrente e cria um fluxo magnético. Quando não circula corrente pela
bobina de excitação essa parte do núcleo é repelida por ação de molas. Contatos
elétricos são distribuídos solidariamente a esta parte móvel do núcleo, constituindo
um conjunto de contatos móveis. Solidário a carcaça do contator existe um
conjunto de contatos fixos. Cada jogo de contatos fixos e móveis podem ser do tipo
Normalmente aberto (NA), ou normalmente fechados (NF).
Relés
Os relés são os elementos fundamentais de manobra remota de cargas elétricas, pois
permitem a combinação de lógicas no comando, bem como a separação dos circuitos de
potência e comando. Os mais simples constituem-se de uma carcaça com cinco
terminais. Uma característica importante dos relés, é que a tensão nos terminais (1) e (2)
pode ser 5 VCC, 12 VCC ou 24 VCC, enquanto simultaneamente os terminais (3), (4) e (5)
podem trabalhar com 110 VCA ou 220 VCA. Ou seja, não há contato físico entre os terminais
de acionamento e os de trabalho.
Figura 1.42: Relés
A diferença básica entre os relés e contatores é que o contator tem a função de chaveamento
de cargas importantes, já os relés são destinados à multiplicação de sinais e outras funções
específicas, tais como atuação por sinal de temperatura, pressão, luz, vibração, tempo e
outras .
Os condutores elétricos podem ser fios ou cabos, feitos de cobre ou alumínio e possuindo um
revestimento isolante. Os fios são feitos de um único e espesso filamento, e por isso são
rígidos. Já os cabos são feitos por diversos filamentos finos, o que lhes dá maleabilidade e
facilita sua passagem pela estrutura dos aviões ou colocação dentro dos eletrodutos .
O fio é fabricado em bitola de acordo com o modelo padrão especificado pelo AWG (American
Wire Gage), ou usando o padrão métrico SI (Sistema Internacional) adotado pela ABNT.
Na tabela AWG, os diâmetros dos fios tornam-se menores à medida em que os números do
calibre tornam-se maiores.
A maior bitola do fio mostrado na tabela AWG é o número 0000, e a menor é o número 44.
Bitolas maiores e menores são fabricadas, mas não são comumente usadas.
Para se verificar a bitola de um fio, basta medir o diâmetro do condutor, sem o isolante
usando um micrômetro ou paquímetro.
Podem ser usados calibres (ou gabaritos) de fios, variando em bitola do 0 até o número 36.
O fio desencapado a ser medido é colocado na menor fenda possível. O número do calibre,
correspondente à fenda, indica a bitola do fio.
Para se calcular o diâmetro do fio (sólido) na tabela AWG, basta usar a fórmula:
Para o dimensionamento de cabos na tabela AWG, deve-se entrar com a área da seção do
condutor, em mm2, deste modo não existe diferenciação entre fios (único filamento) e cabos
(dois ou mais filamentos).
A norma NBR 5410/1997 da ABNT “Instalações elétricas de baixa tensão” possui uma tabela
onde se entra com a área da seção do condutor em mm2.
Quanto maior o diâmetro do condutor, menor será a resistência R e maior será a corrente que
ele poderá conduzir sem causar o superaquecimento.Quanto maior o comprimento do
condutor, maior será sua resistência R.
A resistência dos metais aumente proporcionalmente ao aumento de temperatura, por isso
deve-se usar a tabela 1.3 com temperaturas de no máximo 30ºC, sendo que para
temperaturas superiores, a tabela deverá ser recalculada.
A prata é o melhor condutor, mas o alto custo impede sua utilização. Apesar de possuir menor
condutibilidade que o cobre, o ouro é empregado em contatos onde não se pode ter oxidação.
Por isso, os dois condutores mais comumente usados são o cobre e o alumínio.
O cobre possui maior condutibilidade, é mais dúctil (pode ser estirado), possui relativamente
alta resistência à tração e pode ser facilmente soldado. Ele é mais caro e pesado do que o
alumínio. O alumínio possui apenas cerca de 60% da condutibilidade do cobre, também é
usado extensivamente. Sua leveza torna possível vãos extensos sendo empregado em barras
para correntes elevadas pois dissipam bem o calor gerado (maior superfície).
O dimensionamento dos condutores deve atender simultaneamente aos dois critérios técnicos
abaixo:
Critério 1: A bitola deve ser suficiente para evitar superaquecimento do cabo durante o
transporte da corrente requerida.
Determinar a bitola através da corrente exigida pela carga:
P = V x I => I = P / V ,
Onde P => Potência em Watts, V => Tensão em Volts e I => Corrente em Amperes.
Após obter a corrente do circuito, entrar na tabela AWG para obter a bitola requerida, sempre
arredondando para a bitola superior (menor o nº da bitola, maior o diâmetro).
Critério 2: A bitola do fio deve ser suficiente para evitar queda de voltagem excessiva,
enquanto estiver conduzindo a corrente requerida na distância necessária.
Para uso aeronáutico, deve-se atender a queda de tensão máxima permitida (V) no circuito:
Para uso contínuo (crítico), a queda máxima permitida é de 3,6 %.
Para uso intermitente (menos de 50 % de utilização) é de 7%.
OBS.: Utilizar operação contínua, quando o tipo de operação não for informado.
Exemplo 1.8:
Escolha, usando a tabela AWG, qual o condutor ideal para alimentar uma carga intermitente
de 500 Watts, distante 30m da fonte de 14 VDC, considerando a temperatura ambiente de
20ºC.
Solução:
Critério 1:
P = V x I = 500 Watts
I = P / V = 500 / 14 = 35,71 A
Entrando na tabela AWG com esta corrente, encontramos que a bitola do fio deve ser # 6.
Critério 2:
Temos de verificar a queda de voltagem permissível para carga intermitente:
V= 7%.V = 0,07x14= 0,98 =1 V
Assim, R = V / I = 1 / 35,71 = 0,028 Ohms
Para L=30 m = 0,030 km de fio, R / L = 0,028/ 0,030 = 0,93 Ohms/km.
Voltando à tabela AWG, a bitola deve ser # 4 ( R/L = 0,80 ) por ser menor que a resistência
requerida. Com a bitola # 5, a resistência R/L seria 1,01 Ohms/km, maior, causando queda de
tensão superior a 1 Volt.
Conclusão:
O fio # 4 atende aos dois critérios simultaneamente, por isso será utilizado o fio # 4.
Já o fio # 6 não atende ao Critério 2.
Exemplo 1.9:
A FAB precisa instalar uma câmara frigorífica no compartimento de carga de um EMB-110
Bandeirante, cujo consumo é de 1.200 Watts. Sabendo-se que será alimentado pela barra da
bateria de 28VDC e que o ponto de instalação da câmara fica a 15 m da barra da bateria,
indique o fio AWG que deverá ser empregado. Considerar a temperatura ambiente de 20ºC.
Solução:
Critério 1:
P = V x I = 1200 Watts
I = P / V = 1200 / 28 = 42,86 A
Entrando na tabela AWG com esta corrente, encontramos que a bitola do fio deve ser # 5
(valor mais próximo acima).
Critério 2:
Voltando à tabela AWG, a bitola deve ser # 6 ( valor mais próximo acima).
Conclusão:
Como o fio # 6 não atende ao critério 1, devemos utilizar o fio # 5 por atender aos 2 critérios
simultaneamente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS