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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ

CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

ISABELA EVELYN SANTIAGO PINTO

JULIA HELOISA COLETA DE ALMEIDA


RÁYCILA ROCHA SOUZA
SABRINA DUTRA LEITE

ATIVIDADE DE ESTUDO PROGRAMADA PRIMEIRO BIMESTRE

MARINGÁ
2021
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), os limites da velhice são


definidos, cronologicamente, em que se inicia aos 65 anos nos países
desenvolvidos, e aos 60 nos países em desenvolvimento. Dessa forma, no Brasil,
o envelhecer chamou a atenção dos profissionais da saúde e estudiosos,
principalmente dos geriatras e da gerontologia no século XIX e XX, com o interesse
em estudar as mudanças corporais na velhice e a institucionalização da
aposentadoria, em que os idosos se tornam mais presentes nos contextos em
sociedade, buscando melhor qualidade de vida, atenção, cuidado, entre outras
questões, o que diverge dos idosos em outros contextos e épocas, com isso o
processo do envelhecimento é um processo biopsicossocial, sendo preciso olhar
para a individualidade do modo de existir de cada idoso, levando em consideração
o histórico, cultural e social do idoso. Ser idoso é uma experiência única para cada
um.

De acordo com BRASIL. LEI Nº 10.741, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003 Art. 3o É


obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar
ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania,
à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741compilado.htm>,

O envelhecimento humano é um processo natural em que todos estamos sujeitos


a passar, acontecendo de forma gradativa e contínua, no que se refere ao âmbito
biológico, verifica-se que os sistemas orgânicos, tanto em relação a estrutura,
quanto em relação a função, começam aos poucos a não corresponder mais com
o resultado esperado, a dependência física começa a se apresentar gradativamente
em alguns casos, a senilidade começa a se tornar comum, trazendo traços típicos
da velhice como rugas, elasticidade e viço da pele, cabelos brancos, diminuição na
percepção dos sentidos, distúrbios no sistema respiratório e circulatório, cansaço
mental, perda do vigor físico, da agilidade, da mobilidade das articulações e
coordenação motora, déficits cognitivos nas áreas da memória, na linguagem, na
atenção, nas habilidades visuo-construtivas, perda neuronal, as doenças, entre
outros. (REIS,2011; TEIXEIRA e NERI, 2008).

Na atualidade no processo do envelhecimento, o idoso tem buscado cada vez mais


uma qualidade de vida, que de acordo com a OMS (Organização Mundial da
Saúde) qualidade de vida é “a percepção do indivíduo de sua posição na vida no
contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive, e em relação aos seus
objetivos, expectativas, padrões, e preocupações” (WHO,2002), a velhice é a
relação de vários fatores construídos ao longo da existência. O envelhecimento
ativo é visto com um olhar otimista sobre a expectativa de vida saudável e qualidade
de vida na velhice, a velhice é o ciclo vital considerado mais longo, sendo assim, a
capacidade funcional é reduzida com o passar do tempo, gerando no idoso uma
angústia e preocupação, em vista disso, o idoso precisa ser estimulado a ser
independente, e ser ajudado a prevenir as incapacidades.

Quando o assunto é velhice, é criado vários embates culturais, sociais e biológicos,


com o avanço da medicina no século XIX, permitiu olhar para a velhice afastando
do conceito que ser idoso, é ser doente, há certo preconceito sobre a velhice em
que os idosos são vistos como doentes, dependentes, sem capacidade, muitas
vezes mesmo sem estarem comprometidos cognitivamente e fisicamente, os
idosos sentem que precisam agir de forma incapaz e sem esperança, deixar os
sonhos e desejos escondidos, como se na velhice fosse proibido colocar em prática
as vontades mesmo com capacidade para realizar.

Lilian J.Martin, é considerada pioneira em psicoterapia geriátrica, a busca por


psicoterapia por idosos nos últimos anos tem sido grande, não só para ajudar a
lidar com as perdas funcionais ou a morte, mas ajudar a enxergar as
potencialidades presente em cada idoso, na busca de ajustes criativos funcionais,
a luta contra algumas crenças introjetadas sobre o envelhecimento é presente,
muitas vezes os idosos mesmo sem estarem comprometidos cognitivamente e
fisicamente, sentem que precisa agir como "inútil', e doente, pois é considerado o
padrão de envelhecimento para a sociedade, como se o tempo para realizar
sonhos, e viver a vida intensamente, tenha acabado. A Gestalt-terapia, tem a
função de trazer consciência as necessidades e possibilidades desse idoso, para
que possam satisfazer essas necessidades de forma funcional, permitindo que o
idoso recorde suas histórias no aqui-agora, revivendo tudo com uma carga
energética, pois “esquecer” o passado, dificulta para o idoso encontrar recursos
próprios para lidar com questões angustiantes na velhice, como a morte.

Atualmente o mundo se encontra em um momento delicado de pandemia por conta


do coronavírus (COVID-19), que é uma doença causada por uma infecção que
provoca sintomas físicos e até mesmo problemas relacionados ao sistema
respiratório. É uma doença de alta contagiosidade, sendo necessário o isolamento
social para o controle e não aumento da disseminação do vírus, na qual os idosos
fazem parte de um grupo com alto risco de contágio, pois, são pessoas mais
vulneráveis à doença e também a recuperação após ser infectado, principalmente
aqueles que possuem doenças crônicas.

Durante esta pandemia, o mundo adotou medidas preventivas como o isolamento


e o distanciamento social, acarretando em interrupção de trabalhos, atividades e
até mesmo no convívio social, gerando um sofrimento maior aos idosos por serem
a faixa etária que mais são vulneráveis à doença, impedindo então de realizarem
as atividades comuns e também a relação com familiares e amigos.

As ações voltadas para a proteção à pessoa idosa durante a pandemia, foram


estratégias de isolamento em massa dessa faixa etária, porém, devemos ressaltar
que nem todos os idosos possuem a flexibilidade financeira e emocional de manter-
se isolado socialmente, já outros não possuem acesso às informações sobre o risco
da doença, e até mesmo possui idosos com problemas relacionados à saúde
mental, onde não conseguem seguir as orientações para lidar frente a doença.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), devemos considerar que


além do risco da infecção pela doença neste momento de pandemia, também há o
risco de outras doenças relacionadas frente toda a situação, sendo um conjunto de
fatores que a maioria das mortes responde por Doenças Crônicas Não
Transmissíveis e por outra parte por fração da carga de doenças por estas
enfermidades, como o tabagismo, uso abusivo de álcool e drogas, a falta de
atividades físicas e alimentação não saudável, causando mudanças metabólicas e
maior risco a doença.
Possíveis doenças causadas por conta do isolamento: Infecções geradas pelo
estresse que diminui a produção de defesa do organismo, doenças cardíacas,
acidentes vasculares e depressão que tem como sintomas dor no corpo, insônia ou
sonolência, confusão mental, acessos de raiva, palpitações, compulsões como
comer exageradamente ou lavar as mãos em excesso, pensamentos negativos,
medo excessivo, retraimento, depressão, ansiedade excessiva, falar sobre morte,
ideação suicida, agitação psicomotora, entre outros sintomas. Dessa forma o
isolamento pode prejudicar a saúde mental, física, e intensificar problemas pré-
existentes dos idosos.

Analisando isso, um dos estados que mais foi percebido no idoso, é o estado
depressivo por conta de alguns fatores, como a solidão, não poder visitar quem
ama, o medo da morte, sentimento de incapacidade, pois em contexto anterior a
pandemia, a solidão já era uma questão extremamente difícil para alguns idosos
passarem, e durante a pandemia e o isolamento por conta da COVID-19, ficou mais
difícil se ajustar criativamente neste momento, a depressão é a queixa mais
presente sobre o idoso, sendo possível identificar essa questão através das
doenças psicossomáticas, da mudança de humor, pseudodemência, distúrbio de
comportamento, alcoolismo tardio, entre outras questões, então o idoso é
encontrado enlutado, fraco e sem esperança por tantas perdas que passou durante
a vida, de acordo com a OPAS (Organização Pan-Americana da saúde) em janeiro
de 2021, a porcentagem de idosos mortos apenas no Brasil aumentou para 74,2%,
sendo assim muitos idosos que conseguiram se proteger durante a pandemia,
receberam notícias de outros amigos idosos que não resistiram à doença,
causando certa angústia e tristeza nos idosos.

Ao falarmos de depressão devemos levar em consideração o suicídio durante essa


fase da vida, principalmente em um momento de pandemia, e com isso eles podem
apresentar maneiras diferentes do que as pessoas estão acostumadas a ouvir,
como negar alimentar-se ou recusar remédios obrigatórios, de acordo com Sistema
de Informações sobre Mortalidade (SIM), são 98.646 óbitos por suicídio, sendo a
ocorrência maior em idosos com mais de 70 anos, com risco maior no sexo
masculino, com 8,6 mortes para cada 100 mil habitantes (2018). Entre as mulheres,
a faixa etária mais prevalente foi entre 60 - 69 anos, com 3,6/100 mil habitantes, a
Secretaria do Estado e da Saúde (2020, p.2), divulgou um boletim que diz “ Às
condições que podem deflagrar uma “solidão crônica” como aposentadoria, viuvez,
dificuldades motoras, doenças crônicas limitantes, perda da visão ou da audição,
etc, somados ao isolamento social obrigatório, com impossibilidade de manterem
passeios, viagens, atividades físicas em grupo, oficinas de trabalhos manuais, entre
outros, trazem impactos importantes na saúde emocional da pessoa idosa.”
<Microsoft Word - BOLETIM_IDOSO_SETEMBRO_2020 (saude.go.gov.br)>

Depressão sob o olhar gestáltico

A depressão é avaliada pela OMS como uma das doenças mais representativas do
mundo contemporâneo. A depressão interfere nas relações pessoais, sociais e
produtivas do indivíduo, porém por conta de algumas crenças e
vergonha/preconceitos sobre a doença o processo de reconhecimento do
transtorno fica afetado.

A depressão está ligada a fatores temperamentais, e é baseada em fatores


genéticos, fisiológicos e psicossociais. Em relação à síndrome, cada indivíduo tem
sintomas diferentes e vão senti-las de forma diferente. Depressão pode ser um
termo utilizado para designar um estado de tristeza, sintoma ou até mesmo uma
síndrome, segundo Porto (1999) a depressão como sintoma pode-se manifestar em
vários quadros clínicos, por exemplo o transtorno de estresse pós-traumático. Já
na síndrome, ela inclui alterações no humor e também alterações cognitivas,
psicomotoras e vegetativas. Ela como doença, que pode ser dividida entre:
episódios depressivos graves, moderados e leve.

Apesar de comum, existem vários tipos de depressão, os sinais e sintomas variam


em números, momentos de aparecimentos, gravidade e persistência. Ela pode ser
dividida em episódios depressivos leves, moderados, graves, transtorno depressivo
recorrente, depressão catatônica, depressão crônica e depressão pós-parto.

A Gestalt-terapia é uma abordagem que tem suas raízes existenciais e


fenomenológicas, orientada para o insight que busca a tomada de consciência. Ela
entende a depressão como uma emoção vivenciada por todas as pessoas em
algum momento em sua vida, já o transtorno depressivo é visto como uma
configuração em que o ajustamento criativo está comprometido, é uma alteração
psíquica e orgânica, com consequentes alterações na maneira de valorizar a
realidade e a vida.

A depressão agride o indivíduo em sua totalidade de ser, onde os seus contatos


com o meio ficam comprometidos, seu ajustamento criativo fica cristalizado, a vida
perde o sentido e o corpo e a mente adoecem. A Gestalt busca mostrar para o
cliente a compreensão da totalidade das circunstâncias na qual está inserida.

Para ter um funcionamento saudável é preciso ter a possibilidade de awareness e


de contato, que são condições necessárias para a fluidez na formação de gestalten
e para conseguir fechá-la e dessa forma conseguir se autorregular. Pacientes
depressivos a auto-regulação encontram-se desajustados.

É preciso trabalhar nessas pessoas a unidade e a desunidade dessas estruturas,


na qual estão comprometidas por ajustamentos incoerentes.

Depressão segundo o DSM-5

Para ser diagnosticado com transtorno depressivo maior, os sintomas que a pessoa
possui devem causar um sofrimento clinicamente significativo, causando prejuízos
em sua vida social, profissional, entre outros. Devem ser manifestados cinto ou
mais sintomas durante duas semanas, apresentando diferença no funcionamento
anterior que o indivíduo apresentava e também os sintomas não podem ser
causados por substâncias ou outra condição médica para ser diagnosticado.

Sintomas da depressão: Humor deprimido na maior parte do dia e praticamente


todos os dias, diminuição do interesse e prazer em todas ou praticamente todas as
atividades que o sujeito realiza durante o dia, perda ou ganho de peso, sentimentos
de inutilidade e culpa, diminuição da capacidade de pensar e se concentrar,
pensamentos de morte e fadiga ou perca de energia.

Gravidades da depressão: Leve, moderada, grave, com características psicóticas,


em remissão parcial, em remissão completa e não especificado.
2. REFERÊNCIAS

BOTELHO, Jorgete de Almeida. Gestalt-terapia: Modalidades de intervenção


clinica (O trabalho com idosos em Gestalt-terapia). 04. São Paulo: Summus,
2016.
SANTOS, Nivia Moura. Ajustamentos Criativos no Processo do
Envelhecimento na Contemporaneidade. Psicologia.PT, Salvador-BA, p.
(0125), Junho,2017.
Fernandes-Eloi, J., &. Lourenço, J.R.C. (2019). Suicídio na Velhice – Um Estudo
de Revisão Integrativa da Literatura. Rev.CES Psico, 12(1), 80-95
Etapechusk, Jessica & Fernandes, L.R.S (2017). Depressão Sob o Olhar
Gestaltico. Psicologia.PT, Salvador-BA, Fevereiro, 2018
https://www.saude.go.gov.br/files/boletins/informativos/saude-
idoso/BOLETIM_IDOSO_SETEMBRO_2020.pdf
http://editora.universidadedevassouras.edu.br/index.php/RM/article/view/98
Referência rápida aos critérios diagnósticos do DSM-5. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2014. p. 94-96.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741compilado.htm

BERRI, Bruna. A esperança como ajustamento criativo: reflexões dos


processos de saúde, doença e morte em gestalt terapia. Rev. abordagem
gestalt., Goiânia , v. 26, n. 3, p. 351-360, dez. 2020 . Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-
68672020000300011&lng=pt&nrm=iso>. acessos
em 13 abr. 2021. http://dx.doi.org/10.18065/2020v26n3.10.

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