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O que a Igreja Católica afirma sobre o inferno?

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July 26, 2019

Um estado de autoexclusão definitiva da comunhão com Deus e com os bem-


aventurados. Essa é a definição de inferno que o Catecismo da Igreja Católica apresenta
no número 1033. Tratar sobre alguns assuntos pode gerar as mais variadas reações no
interior de cada pessoa, assim é o tema sobre o inferno.

Algumas pessoas não gostam de falar de inferno por medo, por desacreditar, por
desconhecer ou até mesmo por pensar na possibilidade de ir para lá. Porém, a Igreja
nunca deixou de ter frente aos olhos e de exortar os seus fiéis sobre a doutrina do
inferno.

Foto ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

Na própria Bíblia, nas palavras de Jesus, encontram-se várias passagens em que o


Senhor faz alusão ao inferno, e múltiplos adjetivos são dados para essa realidade, tais
como: “Geena”, “Fogo que não se apaga”, “Fogo eterno” e “fornalha ardente”. No
Evangelho de Mateus 13,41, quando Jesus vai falar sobre a parábola do Joio, Ele afirma:
“Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles colherão do seu reino tudo o que
causa escândalo, e os que cometem iniquidade. E lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali
haverá pranto e ranger de dentes”. O Senhor Jesus deixou bem claro, em muitos
momentos, que essa é uma condição de afastamento, distanciamento, cheio de
sofrimentos reservado para aqueles que realizaram escândalos e viveram na iniquidade.

O ensino da Igreja sobre o inferno


Quando a Igreja trata sobre o inferno, ela, como Mãe, quer chamar os seus filhos à
responsabilidade que devem ter em relação a sua liberdade, dom dado por Deus. Cada
pessoa deve cuidar para não transformar tal dom em motivo de perdição, mas o usar em
função do seu destino eterno na bem-aventurança.
Realiza-se também um apelo à conversão, adesão à vida nova encontrada não no
afastamento, mas na proximidade de Cristo. O Catecismo ainda nos alerta que, como
não sabemos nem o dia nem a hora, vigiemos para não sermos pegos de surpresa,
equiparados a servos maus e preguiçosos para os quais estão destinados ao fogo eterno
(cf. CIC 1036).

A soma de uma aversão livre e voluntária a Deus, fruto da adesão ao pecado grave e
nesta escolha permanecer até o fim da vida resulta na pena eterna do inferno. É o
pecado grave que é a causa do afastamento definitivo de Deus. Com essa afirmação, a
Igreja deixa claro que Deus não destina ninguém para o castigo eterno, mas pelo
contrário, ela dá ao seu povo os meios capazes de leva-los aos céu, a Igreja dispõe dos
Sacramentos, principalmente do sacramento da reconciliação.

Cristo e o Inferno
Encontra-se no Credo que é professado solenemente que Cristo foi crucificado, morto e
sepultado, desceu aos infernos e ressuscitou ao terceiro dia. A tradição da Igreja reza
que, naquele dia, um grande silêncio reinou sobre a terra devido à ausência de Cristo.
A firmação “Jesus desceu à mansão dos mortos” quer expressar que Jesus, realmente,
morreu, e por sua morte venceu a morte e o Diabo, o dominador da morte. A tradição da
Igreja reza ainda que, na descida à mansão dos mortos, Cristo primeiro procurou Adão, o
nosso primeiro pai, a ovelha perdida. Deus vai em busca de Adão e Eva que estavam
mortos, perdidos pelo pecado. Esse é o primeiro sinal de que o desejo de Deus é que
ninguém fique preso a morte, mas seja resgatado do pecado por Cristo.

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É quase que impossível pensar em inferno e não imaginar o mistério do juízo final. O
teólogo Hans Urs von Balthasar, apresenta, em seu tratado sobre o inferno, que a
responsabilidade é individual de cada pessoa, frente ao tribunal de Deus. Porém,
ele ainda traz a novidade do Novo Testamento que está apresentado nos
evangelhos: “Quem não está comigo, está contra mim” (cf. Lc 11,23); “Se alguém se
envergonhar de mim e das minhas palavras nesta geração adúltera e pecadora, o Filho
do homem se envergonhará dele quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos”
(cf. Mc 8,38).

Ainda no Evangelho de São João, a divisão entre Cristo, que é luz, e a sua separação, que
é trevas, ou seja, a negação de Cristo. Contudo, a solução para esse cisma está no amor,
sim no mandamento do amor: amar a Deus obre todas as coisas e ao próximo como a ti
mesmo. Somente o amor é digno de fé, já dizia von Balthasar, ele nos livra da
condenação ao inferno e, ao mesmo tempo, de fazermos de Deus um mentiroso.
O que esperar?
Finalizo este artigo com o desejo de expor ainda inúmeras coisas, mas deixo a reflexão:
“O que podemos esperar?”. No tratado de von Balthasar, encontra-se uma afirmação que
“a virtude da esperança leva consigo a própria certeza”. É por isso que cada cristão deve
ter a certeza de que vem com a esperança, pois a esperança cristã não está em coisas
ou situações, mas na pessoa de Cristo, que foi até a mansão dos mortos para dar-nos a
vida.

São Boaventura nos deixa um valioso ensinamento, não algo vago ou jogado ao vento,
mas baseado em uma vida reta, e anos de luta pela santidade: “Ainda não sei ao certo se
terei amor até o final, mas uma coisa eu sei: que o amor e os méritos que presumo ter
me conduzirão com toda segurança a vida eterna”.

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