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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA
DISCIPLINA: QUÍMICA ORGÂNICA PARA O ENSINO MÉDIO
PROFESSORA: ROCHANE VILLARIM DE ALMEIDA
ALUNA: CECÍLIA ELISA DE SOUSA MUNIZ

ANÁLISE DO LIVRO DIDÁTICO DE QUÍMICA ORGÂNICA

1) Identificação do Livro Didático:


a) Autora: Martha Reis Marques da Fonseca.
b) Ano de publicação e edição: 2017.

2) Escolha um conteúdo específico do Livro e Analise:


a) A maneira como os conteúdos são introduzidos e desenvolvidos:
Funções orgânicas: Álcool
Os conteúdos geralmente são introduzidos sempre através de algum texto que
relaciona o cotidiano dos alunos provocando a conscientização dos alunos para um problema
social, causado pela dependência de substâncias químicas, a exemplo do álcool. Os conteúdos
são desenvolvidos sob a forma de tópicos com uma fragmentação do tema álcoois em
nomenclatura, propriedades e aplicações. Entre um conteúdo e outro é sempre abordado temas
de sociedade e saúde, contextualizando o conteúdo com a vivência prática, incentivando o
aluno a perceber a inserção do tema em sua vida cotidiana, estimulando o pensamento crítico
e reflexivo acerca do conteúdo abordado.

b) Se há retomada de conhecimentos prévios (Se sim, informar quais e de que forma):


Há sim a retomada de conteúdos abordados anteriormente com a finalidade de
complementar e amparar o conteúdo que está sendo estudado no momento.
Os conteúdos de retomados foram: forças de interações intermoleculares, propriedades
físicas da matéria (que inclui as temperaturas de ebulição e fusão, densidade, solubilidade,
reatividade). A todo instante a autora faz ligações entre os conteúdos abordados anteriormente
com as novas informações, dando ênfase ao fato de uma informação depender da outra para
auxiliar na compreensão do assunto trabalhado.
c) O desenvolvimento do conteúdo apresenta coerência com os exercícios de atividades?
Sim, as questões são contextualizadas com a realidade prática, assim como o conteúdo
é trabalhado, valorizando o aprendizado sem incentivar a memorização dos conteúdos,
facilitando a visualização de como o tema atua na sociedade.

d) Há incentivo à interação professor-aluno e/ou aluno-aluno nas atividades? (dê


exemplo):
A autora traz alguns textos que proporciona o debate na sala de aula, incentivando
assim a relação entre os alunos e professor, a exemplo de um texto que trata sobre os efeitos
causados por drogas lícitas e ilícitas ao organismo humano, o mesmo associa os conteúdos
trabalhados em sala de aula com a realidade social de muitos alunos, isso proporciona ao
professor conhecer um pouco mais sobre realidade em que esse aluno vive e assim contribuir
ao menos um pouco para conscientização dos mesmos. Entretanto essas atividade não são de
cunho prático, no livro não há sugestões de atividades que possam ser desenvolvidas em
laboratório, por exemplo.

e) Há sugestões de emprego de recursos didáticos? (Quais?)


Sugere-se a utilização de modelo de bolas e varetas das moléculas, o que facilita a
visualização do aluno sobre como as moléculas estão dispostas no espaço.

f) Há algum tipo de contextualização com práticas sociais e/ou outro campo do saber?
Existe alguns textos que abordam assuntos de impacto social, como efeitos de uso
abusivo de drogas, exemplificado com relatos reais, como o caso da morte de um estudante
devido ao uso exagerado de bebida alcoólica. Traz alguns assuntos polêmicos como a mídia
que incentiva o consumo de álcool devido as propagadas em horários em que um maior
número de pessoas assiste TV. Por muitas vezes o livro faz campanha de prevenção ao
consumo e venda de bebidas alcoólicas e outras drogas.
O livro também contextualiza o conteúdo com aplicações na vida cotidiana, como o
uso medicinal de algumas substâncias, a utilização desses componentes em alguns
cosméticos, seus efeitos na alimentação quando utilizado como conservantes.

3) Análise as características do livro quanto:

a) A linguagem (A linguagem é clara? É adequada ao perfil dos alunos?)


O livro apresenta textos de fácil compreensão, com abordagem objetiva e clara,
facilitando a leitura por parte dos alunos. Há a presença de caixas de diálogos esclarecendo
algumas definições e fazendo algumas observações a respeito de informações presentes no
texto, facilitando o entendimento de alguns termos técnicos.

b) A diagramação (encadernação, visual, fotografias, esquemas, gráficos etc).


O livro apresenta boa diagramação, encadernação bem alinhada, possibilitando a
leitura de todas as informações. As fotografias são de boa resolução, mas em alguns casos são
colocadas no meio do texto, quebrando a sequência de leitura, o que particularmente no meu
ponto de vista atrapalha o raciocínio lógico e consequentemente a compreensão.
No texto informações mais importantes são enfatizadas através de mudanças na
coloração das letras, chamando a atenção do aluno para a determinada informação. Nos
gráficos e esquemas que apresentam estruturas moleculares, os grupos funcionais apresentam
coloração diferenciada do restante da estrutura, levando o aluno a compreender que existem
inúmeras estruturas químicas, cada uma com suas características específicas.

c) As experimentações e o tipo de abordagem (existência e viabilidade)


O capítulo analisado não apresenta sugestão de experimentos relacionados ao tema
abordado.

d) Adequação ao CBC/PCN/Vestibulares:
O conteúdo é trabalhado de forma contextualizada, utilizando-se de temas transversais
que facilita a compreensão do conteúdo por parte do aluno, visto que a autora sempre busca
materializar esse conteúdo químico no cotidiano desse estudante.
Algumas das questões, abordadas ao final dos conteúdos, foram retiradas de algumas
provas de vestibulares anteriores, com a finalidade do professor já trabalhar com questões
similares as que eles encontraram futuramente quando também forem prestar vestibular/enem.

e) Textos / Abordagem (estão vinculadas ao desenvolvimento de competências e de


habilidades)
Há sempre uma perspectiva de como os temas estão dispostos no cotidiano, o que
desenvolve as competências do aluno para perceberem como a química está presente em
atividades simples realizadas por eles no dia-a-dia, evidenciando a presença das substâncias
químicas seja na comida, na bebida, nos materiais de higiene pessoal e etc.
f) Exercícios (quantidade e qualidade; atividades destinadas à memorização dos
conteúdos?)
A quantidade de exercícios é suficiente para aplicação da teoria abordada, podemos
observar questões mais elaboradas utilizando-se de termos e aplicações cotidianas, como
também a relação entre os conceitos da química com outras áreas como saúde, indústria,
tecnológica, petroquímica, entre outras. Instigando o desenvolvimento crítico e percepção dos
alunos.

g) Aspectos históricos da construção do conhecimento químico.


Não há uma contextualização histórica de como o conhecimento químico foi
construído ao longo do tempo, nem referente aos avanços e modificações ao longo do
desenvolvimento dos conceitos abordados. Não havendo citações de cientistas que
contribuíram para o desenvolvimento das definições que conhecemos hoje.

h) Conteúdo químico (precisão e atualização):


O conteúdo apresenta as informações necessárias para a construção do conhecimento
dos temas abordados, sendo precisos nas informações evidenciadas e bastante atualizadas,
estando de acordo com as atuais informações definidas pela IUPAC.

i) Contextualização (CTS)
A autora neste livro buscar a todo momento contextualizar o conteúdo de química com
alguma problemática social, o que auxilia na formação crítica do cidadão perante a sociedade.
Os textos são bastante voltados para a formação de ser humano mais consciente em
relação a sua atuação ética perante a sociedade, minimizando consequências negativas devido
a escolhas inconsequentes e impensadas. O que evidencia a forte atuação social dos textos de
apoio abordados.
Entretanto ao se tratar de tecnologia a autora apesar de trazer alguns exemplos de
aplicações industriais no conteúdo escolhido, função orgânica álcool, a mesma não trata do
processo industrial de obtenção do álcool, das etapas que isso envolve, as consequências para
o meio ambiente dentre outros pontos.
É bem verdade que o tempo que o professor tem em sala de aula para trabalhar os
conteúdos de químicas as vezes nem é suficiente para trabalhar tudo que a autora propõe,
portanto deve-se levar em consideração que a mesma propõe apenas o que acredita ser
possível trabalhar em sala de aula.

4) Análise comparativa de duas edições de um livro didático

Na análise do conteúdo de “Álcoois” no livro de Martha Reis da Fonseca nas edições


de 2013 e 2017 nota-se abordagens com perspectivas metodológicas distintas desde a maneira
como os fundamentos teóricos são desenvolvidos até a abrangência do conteúdo direcionada a
partir do enfoque CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade).
As edições 2013 e 2017 abordam de modo semelhante o conteúdo utilizando os três
momentos pedagógicos: na problematização inicial ambas as edições trazem um texto voltado
para o tema das drogas na perspectiva multidisciplinar; posteriormente, na etapa de
organização do conhecimento contempla informações técnicas mas com resgate do contexto
social e tecnológico, por fim, apresentam exercícios que favorecem a aplicação dos
conhecimentos.
Na perspectiva de retomada dos conhecimentos prévios, as edições de 2013 e 2017
apresentam o conteúdo com clareza e atividades para exercitar os conhecimentos adquiridos,
ressaltando a conexão com a realidade do aluno, principalmente com a área da saúde no
conteúdo da função orgânica álcool. Percebe-se que apesar de algumas diferenças entre as
edições há nas duas uma relação notável entre os fundamentos teóricos e os exercícios
propostos pelo livro.
As edições 2013 e 2017 já trazem em seu conteúdo uma abordagem significativa do
enfoque CTS, estas estimulam a interação professor-aluno e aluno-aluno a partir de textos que
debatem temas transversais ao estudo das Funções Oxigenadas, especificamente os Álcoois, o
que não é evidenciado em edições anteriores da mesma autora.
Quanto ao processo de ensino e aprendizagem, as edições analisadas não apresentam
sugestão de recursos didáticos, mesmo com a presença de contextualização no decorrer do
conteúdo, o que poderia influenciar na construção de aulas mais dinâmicas, como a
experimentação ao final do capítulo ou até mesmo jogos lúdicos, estimulando o senso
investigativo do aluno.
Em ambas as edições os textos são de fácil compreensão, com uma linguagem clara e
objetiva, além disso nos dois livros existem caixas de diálogos que trazem informações
adicionais. Uma das mudanças mais perceptíveis entre as edições de 2013 e de 2017, é que a
primeira apresenta melhor aspecto visual, devido as imagens e caixas de diálogos estarem
recuados às margens da página de forma bem alinhada e organizada, que na segunda edição
por muitas vezes veem no meio do texto, interrompendo a sequência da leitura e
consequentemente da compreensão do texto.
A relação dos conteúdos com o PCN e Vestibulares, as edições de 2013 e 2017
apresentam questões oriundas de vestibulares/enem dos anos anteriores que já trabalham a
interdisciplinaridade além da temática social/ambiental em seu contexto. Também traz textos
de apoio que trabalham com o tema inserindo a química no dia a dia.
As edições de 2013 e 2017 trabalha melhor o enfoque CTS demonstram ter uma
preocupação maior com o desenvolvimento social do aluno, conscientizando-os quanto a sua
atuação ética perante a sociedade em que vive, tendo uma preocupação ambiental e também
quanto a saúde. Porém há uma necessidade de se desenvolver uma abordagem mais
tecnológica, volta para as necessidades do desenvolvimento da ciência para a resolução de
problemas da sociedade, estimulando o aluno a ter senso de investigação científica, sendo
capazes de discutir resultados.
Percebe-se que as diferenças encontradas nas edições 2013 e 2017 são mínimas,
principalmente no que se refere ao método de abordagem dos conteúdos de química em geral,
ambas já trazem o enfoque CTS e a preocupação coma formação cidadã do aluno. As
diferenças encontradas em ambas referem-se a atualização das questões na última edição e a
organização estrutural do texto e das figuras, que na edição de 2017 as figuras surgem no
meio do texto comprometendo a organização e sequência da leitura, ressaltando que este é um
ponto de vista pessoal, que pode ser meramente insignificante para outros.
As diferenças mais significativas podem ser observadas ao avaliarmos as edições
anteriores de Marta Reis, a de 2007 por exemplo, que apesar de ser a mais próxima as duas
aqui avaliadas, já apresenta significativas diferenças, principalmente no que se refere ao
método de como o conteúdo é abordado. Na edição de 2007 os conteúdos não são trabalhados
utilizando o enfoque CTS, a relação aluno-aluno-professor não é tão cultivada quanto nas
duas mais recentes, além disso a contextualização com a realidade do aluno não é ponto de
partida para o ensino de química.

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