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29 de maio de 2012
Nosso objetivo é marcar o aniversário de 10 anos da reorganização do “Centro APTA Citros Sylvio
Moreira”, renovando e mantendo a tradição da Estação Experimental de Limeira, e os 80 anos do início dos
trabalhos do engenheiro agrônomo Sylvio Moreira, neste caso, na direção dos trabalhos da instituição.
Utilizando-se da legislação estadual disponível no sítio da Assembleia Legislativa, iremos citar os diplomas
legais mais importantes, relacionados à história do CCSM desde seu estabelecimento.
Ficou consagrado o ano de 1928 como o início das atividades da Estação Experimental de Limeira, criada
pelo Secretário de Agricultura do Estado, que depois se tornaria Interventor Federal, Fernando Costa,
atendendo ao apelo de Navarro de Andrade, criador dos hortos florestais e introdutor da cultura do eucalipto,
reconhecido especialmente em Rio Claro.
Mesmo assim, o Decreto nº 4919, de 3 de março de 1931, que levou a assinatura do então Secretário da
Agricultura, Navarro de Andrade, criou um Serviço de Citricultura, com o objetivo de fazer as experiências
necessárias à determinação das melhores variedades de laranjas, estudar e aconselhar aos citricultores os
processos e meios mais convenientes para a formação dos pomares, estudar e indicar os melhores meios para
o beneficiamento, acondicionamento e transporte das laranjas destinadas á exportação, fiscalizar os pomares
e a exportação das laranjas, expedir “certificado de exportação”, fazer o registro dos exportadores, a
avaliação das safras e o levantamento estatístico anual da produção, fiscalizar os “packing-houses” e
promover a organização de cooperativas de produtores de laranjas, subordinando as estações existentes
(Campinas, Limeira e Sorocaba) a esta repartição.
Em seguida, foi emitido o Decreto nº 5.150, de 6 de agosto de 1931, desapropriando uma área de terras de 29
alqueires para “instalação da Sub-Estação Experimental de Citricultura” de Limeira. Em nossa opinião, o
início dos trabalhos na área se dá neste momento, cuja comemoração do 80º aniversário poderia ter se dado
ano passado. Segundo a revista “Informativo Coopercitrus”, o trabalho do Engº Sylvio Moreira, na estação
experimental, durou de 1932 a 1940, o que justifica rememorarmos, agora, os 80 anos do início de sua ação
em favor da citricultura.
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Texto publicado em “Citros” considerou “o período de 1930 a 1939” a primeira fase áurea da citricultura e, o
reflexo deste progresso pode ser visto na emissão, em 1934, do Decreto nº 6.820, de 29 de novembro de
1934, que autorizou o Governo do Estado a adquirir, para o desenvolvimento dos serviços da Estação
Experimental de Limeira, de João Antonio Denadai, de uma gleba de terras com benfeitorias, tendo área de
187.356 m2.
Em 1944, durante o governo do interventor Fernando Costa, foi emitido o Decreto-Lei nº 14.053, de 23 de
junho, que declarou de utilidade pública, mediante desapropriação, uma área de terreno, situada no
município de Limeira, necessária à ampliação da Estação Experimental, composta de glebas de propriedade
de José Paiola, com áreas de 470.200 m² e 44.340 m2, além de uma gleba de terras pertencente a Luiz
Maroneze, com 398.000 m2.
Neste período, sucedendo a Sylvio Moreira, assumiu a direção “Antônio José Rodrigues Filho,
cooperativista, engenheiro-agrônomo, agricultor e professor, que dirigiu a estação entre 1941 e 1946”, pai do
ex-Ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, que nasceu e foi registrado em Cordeirópolis, tendo
merecido, por isso, o título de “Cidadão Emérito” em 2005, por iniciativa dos então vereadores Josué
Picolini, Sérgio Balthazar, Fátima Celin e David Bertanha.
Segundo a revista agropecuária da Coopercitrus, “Antonio Rodrigues Filho (…) dinamizou os estudos sobre
a tristeza, doença que ern 1940 dizimara toda a coleção de plantas cítricas da estação, (…) dando condições a
que Sylvio Moreira, com o resultado de suas pesquisas, literalmente reerguesse a citricultura brasileira a
partir da década de 50 e passasse a ser chamado (…) de “pai da citricultura brasileira”.
O mesmo texto publicado em “Citros” aponta que, a partir de 1960, “o núcleo principal da produção cítrica
deslocou-se (…) para Bebedouro” mas, mesmo assim, “as pesquisas em realização no Instituto Agronômico
(…) deram a esta antiga instituição renome proeminente na citricultura mundial” e “a repercussão deste
sucesso espalhou-se por todos os países citrícolas, cujos governos passaram a solicitar a colaboração” dos
pesquisadores para o desenvolvimento da citricultura.
Uma hora o plantio, outra, a colheita. A partir da década de 1970, a legislação estadual registra duas
homenagens envolvendo o Centro de Citricultura. Pela Lei nº 1.147, de 4 de novembro de 1976, a então
“Estação Experimental de Limeira”, mesmo que situada no Município de Cordeirópolis a partir de 1º de
janeiro de 1949, é denominada “Mário da Silva Bocaiuva”, por iniciativa do então deputado Antonio Carlos
Mesquita, que homenagearia um pesquisador, nascido em Limeira em 9 de setembro de 1911, um dos
pioneiros na extração do óleo de laranja, falecido em 18 de dezembro de 1974, em sua propriedade agrícola,
na cidade de Leme.
Parece que a homenagem não foi disseminada, ignorada ou simplesmente esquecida. Em 1987, pelo Decreto
n° 26.950, de 8 de abril, assinado pelo então Governador do Estado, Orestes Quércia, e referendado pelo
então Secretário de Governo, Antonio Carlos Mesquita, a mesma Estação Experimental foi denominada de
“Sylvio Moreira”.
Em 1993, pelo Decreto nº 36.510, de 24 de fevereiro, do então Governador do Estado, Luiz Antonio Fleury
Filho, foi criado o “Centro de Citricultura”, com a finalidade de desenvolver estudos e pesquisas em
melhoramento genético das plantas cítricas, criar, aperfeiçoar e adaptar técnicas e métodos para a melhoria
da produtividade e qualidade, multiplicar e fornecer material genético básico e promover treinamento e
difusão de tecnologia, extinguindo, ao mesmo tempo, a “Seção de Citricultura” e a “Estação Experimental
Sylvio Moreira” do Instituto Agronômico.
Em virtude desta extinção, a Lei nº 8.574, de 18 de março de 1994, oriunda de projeto do então deputado
Mattos Silveira, recuperou a homenagem ao “Pai da Citricultura Brasileira”, nascido em 17 de fevereiro de
1900 e falecido há 16 anos, no dia 26 de maio de 1986, denominando novamente o Centro de Citricultura de
“Sylvio Moreira”.
Recentemente, foi expedida a Lei n. 14.564, de 3 de outubro de 2011, que denominou “Victória Rossetti” o
Centro de Convenções da Citricultura, situado nesta instituição. A denominação homenageia uma pessoa
profundamente ligada às pesquisas das doenças que atingem as plantas cítricas, onde Veridiana Victória
Rossetti desempenhou papel da maior importância em boa parte desses trabalhos. Veridiana Victória Rossetti
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nasceu em Santa Cruz das Palmeiras, em 15 de outubro de 1917, filha de imigrantes italianos, tendo sido
criada na fazenda Paramirim, adquirida por seu pai, em Iracemápolis, então distrito do município de Limeira.
Foi a primeira engenheira agrônoma formada pela Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz da
Universidade de São Paulo, em 1937. Em 1940, ingressou como estagiária no Instituto Biológico, onde
desenvolveria toda a sua carreira. Dedicou toda a vida à pesquisa das doenças dos citros. Capacitou-se nas
técnicas de diagnóstico de vírus transmissores por enxertia, pesquisou sobre a leprose dos citros, sobre o
cancro cítrico e sobre a clorose variegada dos citros, aposentou em 1987 e, mesmo depois de aposentada
continuou suas pesquisas junto ao instituto, falecendo em 26 de dezembro de 2010.
Por nossa sugestão, dirigida à Chefe de Gabinete da Prefeitura Municipal de Cordeirópolis, Maria Antonia
Zaia Spinelli, foi encaminhado ao deputado Alex Manente, que assumiu a vaga do deputado Davi Zaia
(PPS), quando nomeado Secretário de Estado na pasta do Trabalho, o projeto da homenagem, que foi
aprovado pelos deputados e sancionado pelo Governador Geraldo Alckmin.
Bibliografia:
DONADIO et al. Centros de origem, distribuição geográfica das plantas cítricas e histórico da citricultura
no Brasil in MATTOS Jr., Dirceu de et al. Citros. Campinas, IAC/Fundag, 2005, p. 1-18.
Paulo César Tamiazo é bacharel e licenciado em História pela Unicamp (1996), realizando pesquisas
de recuperação da história local desde 1993, além de funcionário público da Câmara Municipal de
Cordeirópolis desde 1997.
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