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AVALIANDO A GRAVIDADE DE SUAS AÇÕES E PESANDO SUA RESPONSABILIDADE

Podemos sentir vergonha ou culpa por grandes ou pequenas ações. Como você compararia a gravidade
dessas três ações por parte de Tânia?

1. Tânia estava cansada no fim do dia. Seu telefone tocou e ela decidiu não atendê-lo porque não queria falar
com ninguém. Ela ouviu a voz de sua mãe na secretária eletrônica di- zendo: “Tânia, você está aí? Quero
contar sobre minhas férias”. Tânia não atendeu o telefone.
2. . Depois que a mãe de Tânia deixou sua mensagem, o telefone tocou novamente. Quando Tânia ouviu a voz
de sua melhor amiga na secretária eletrônica, pegou o telefone e conversou com ela por 10 minutos.
3. No dia seguinte, Tânia disse à mãe que não estava em casa quando ela ligou na noite anterior.

As três experiências de Tânia descrevem eventos relativamente pequenos. No entanto, muitas pessoas
julgariam a gravidade desses eventos de forma diferente. Em qual desses três eventos você provavelmente
se sentiria culpado? Por quê?

Sua avaliação da gravidade de uma ação ou um pensamento depende de suas regras (os pressupostos) e de
seus valores. Muitas pessoas dizem que se sentiriam mais culpadas por mentir à mãe (item 3) do que por
não atender o telefone (item 1). Algumas pessoas podem se sentir igualmente culpadas em todos os três
exemplos. Culpa e vergonha frequentes significam que você está vivendo sua vida de uma forma que viola
seus princípios (p. ex., ter um caso quando acredita no casamento monógamo) ou que está julgando ações
muito pequenas como graves. Perguntas formuladas para mudar suas regras e perspectivas podem ajudá-
lo a avaliar a gravidade de suas ações.

Pergunte a si mesmo: “Qual a importância que isto vai ter daqui a cinco anos?”. Ter um caso com certeza
continuará parecendo uma grande violação de uma relação monógama daqui a cinco anos. Chegar tarde em
casa para o jantar por três noites seguidas não parecerá importante daqui a cinco anos, mesmo que esse
seja um evento estressante para você e sua parceira agora. Portanto, uma culpa persistente a respeito de
um caso extraconjugal faria mais sentido do que uma culpa persistente por chegar tarde em casa para o
jantar. Essas perguntas encorajam você a olhar para a situação a partir de diferentes perspectivas. Isso é
muito útil se você tende a sentir culpa ou vergonha em muitas situações.

Vítor completou uma torta de responsabilidades quando se sentiu culpado por gritar com sua esposa depois
que ela reclamou sobre as contas do cartão de crédito vencidas. Essa foi uma violação séria de sua promessa
a Júlia de que não a atacaria quando estivesse com raiva. Embora não tivesse agredido nem empurrado
Júlia, ele a intimidou fisicamente ao parar de pé muito perto dela e gritar em frente a seu rosto. Como você
pode ver, Vítor chegou a conclusão de que ele era o principal responsável por sua explosão de raiva. Embora
Júlia, suas dívidas e as horas extras no trabalho tenham contribuído para a raiva de Vítor, ele achou que
poderia ter lidado com a situação de forma menos intimidadora. Logo, Vítor decidiu que faria reparações
para compensar Júlia pelo que ele havia feito. Esse incidente também confirmou para Vítor que ele precisava
mudar seus pressupostos que ativavam suas respostas de raiva.

Se você prejudicou ou magoou alguém, é importante reparar suas ações. Procurar reparar o dano que
causou é um componente importante no restabelecimento de si mesmo e da relação. Fazer reparações
envolve reconhecer o que fez, ser suficientemente corajoso para encarar a pessoa que você magoou, pedir
perdão e determinar o que pode fazer para reparar o dano que causou.

Foque em seu trabalho de reparação, não o perdão que a outra pessoa possa lhe dar. Você pode pedir que
alguém o perdoe “com o tempo”, mas isso não é garantia de que a pessoa irá fazê-lo, especialmente se a
magoou profundamente e por muitas vezes. No entanto, fazer reparações ajuda você a se sentir melhor,
sobretudo quando está realmente arrependido, faz alguma mudança em seu comportamento para tentar
ser uma pessoa melhor e se esforça para fazer reparações a alguém que prejudicou. As tentativas de ser
uma pessoa melhor o aproximam de uma ação que esteja mais de acordo com seus valores, e isso irá ajudá-
lo a se sentir bem em relação a si mesmo.

GREENBERGER, Dennis; PADESKY, Christine A. A mente vencendo o humor: mude como você se sente, mudando o modo
como você pensa. Artmed Editora, 2016.

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