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ARTE E DO DESIGN
PROFESSORES
Dra. Paula Piva Linke
Me. Ana Paula Furlan
Esp. Dênis Martins de Oliveira
Esp. Vanessa Barbosa dos Santos
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
NEAD
Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4
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História da Arte e do Design. Paula Piva Linke; Ana Paula Furlan; Dênis
Martins de Oliveira; Vanessa Barbosa dos Santos.
Maringá - PR.:UniCesumar, 2017. Reimpresso em 2019.
182 p.
“Graduação em Design - EaD”.
1. História. 2. Arte. 3. Design. 4. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-459-0442-7
CDD - 22ª Ed. 701.1
Impresso por: CIP - NBR 12899 - AACR/2
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integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- Para continuar relevante, a instituição de educação
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com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. do conhecimento, formando profissionais cidadãos
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iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível e construção do conhecimento deve ser apenas
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
autores
UNIDADE I UNIDADE IV
DOS PRIMÓRDIOS À O DESIGN
ARTE CLÁSSICA 118 O Design e sua Origem
14 A Origem Da Arte: Primeiras Manifestações 123 Movimentos Importantes para o Design
22 A Arte Egípcia 128 O Design pelo Mundo
26 Creta e Grécia
34 A Arte Romana UNIDADE V
ÁREAS DO DESIGN
UNIDADE II 150 Design de Interiores
DA IDADE MÉDIA 153 Design de Moda
AO SÉCULO XVIII
158 Design Efêmero
50 Idade Média
160 Design Gráfico
56 Renascimento
164 Design de Produto
64 Barroco e Rococó
165 Design Digital
UNIDADE III
ARTE
NO SÉCULO XIX E XX
86 Impressionismo e Pós-Impressionismo
92 Arte Moderna
100 Arte Pós-Moderna
DOS PRIMÓRDIOS À ARTE CLÁSSICA
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• A origem da arte: primeiras manifestações
• A arte egípcia
• Creta e Grécia
• A arte romana
Objetivos de Aprendizagem
• Descrever o conceito de arte e explicar como ela se
desenvolveu na Pré-História e na Mesopotâmia.
• Apresentar as principais características da arte no Egito
Antigo.
• Explicitar as principais características da arte em Creta e na
Grécia.
• Apresentar a Arte Romana e sua transição para o
Cristianismo.
unidade
I
INTRODUÇÃO
A Origem da Arte:
Primeiras Manifestações
Olá caro(a) aluno(a), vamos iniciar nossos estudos tos, com os mais variados usos. Esses objetos foram
procurando entender o que é arte e como ela se criados por diversas civilizações ao longo do tempo
manifesta. Santos (2005) afirma que, desde os pri- e têm não somente uma valor funcional, mas estético
mórdios tempos, o homem esteve envolvido com o também, pois é da natureza humana desenvolver o
fazer, mas o fazer referente à produção de objetos e belo nos objetos mais corriqueiros (SANTOS, 2012).
conhecimento. Ao longo da história, esses objetos produzidos
Desde a Pré-História, o homem, ao aprender a pelas diversas civilizações foram estudados com o
confeccionar objetos, os utilizou como ferramentas intuito de decifrar como viviam os diferentes povos,
para auxiliá-lo nas mais diversas atividades, desde as e por apresentar particularidades que expressam a
domésticas até as relacionadas ao trabalho. Assim, cultura daquele povo, tais objetos passaram a ser re-
foram desenvolvidos uma grande variedade de obje- conhecidos como objetos de arte.
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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
No entanto, caro(a) aluno (a), a arte está relacionada foi possível até mesmo compreender como viviam
a produção cotidiana de uma determinada socie- os povos pré-históricos, os ancestrais do homem, e
dade, assim como templos, casas e palácios relacio- como se deu o processo civilizatório.
nados a personalidades importantes e aos objetos As primeiras manifestações artísticas se deram
construídos para contemplação, como por exemplo, ainda na pré-história. Vou usar a expressar arte para
os quadros. me referir a produção de objetos, artefatos, arquite-
Além disso, Santos (2012) chama atenção, ainda, tura e outras formas de expressão humana que pos-
para a temporalidade. Muitos dos objetos que per- sibilitam contar nossa história e são representativos
meiam os museus têm séculos de história e represen- de uma determinada civilização.
tam a forma como viviam determinadas sociedades. Veremos, a seguir, como se deu as expressões ar-
Compreender o valor desses objetos, muitas vezes, é tísticas na Pré-História e, em seguida, na civilização
uma tarefa difícil, pois tendemos a olhar com estra- mesopotâmica.
nheza aquilo que não nos é familiar, ou seja, avalia-
mos a arte com os olhos do presente, sem procurar PRÉ-HISTÓRIA
entender a importância dela para quem a produziu.
Assim sendo, ao observar uma obra de arte ou De acordo com Santos (2005), a Pré-História marca
mesmo durante a leitura deste livro, busque entender a o surgimento da civilização humana, onde não havia
arte como uma manifestação cultural de um determi- escrita e os objetos descobertos por escavações au-
nado período histórico e de uma civilização, compre- xiliam a contar a história de como viviam os povos
endendo os valores estéticos e as regras que a orientam. primitivos.
Contudo, você deve estar se perguntando: como
se deu o entendimento sobre a arte ou mesmo como Como a duração da pré-história foi muito longa,
os historiadores a dividiram em três períodos:
se conhece a história e os objetos de arte produzidos
Paleolítico inferior (cerca de 500.000 a.C), Pa-
por civilizações que desapareceram há milhares de leolítico superior (30.000 a.C) e Neolítico (por
anos? A resposta para essa pergunta não é simples, volta de 10.000 a.C) (SANTOS, 2005, p. 11).
mas graças a permanência de resquícios de civiliza-
ções que permaneceram, mesmo com o passar do Devido a extensão desse período e ao objetivo do li-
tempo, e ao trabalho de arqueólogos, antropólogos vro que é estudar a História da Arte, vamos nos ater
e historiadores é que foi possível entender a arte das a dois períodos específicos ao Paleolítico superior e
diversas civilizações que habitaram a terra (SAN- ao Neolítico, períodos que marcam os primeiros re-
TOS, 2012). gistros das manifestações artísticas do homem.
Os trabalhos de escavação de sítios arqueológi- De acordo com Santos (2012), as primeira mani-
cos, catalogação e pesquisa dos mais variados artefa- festação artísticas referentes ao Paleolítico superior
tos históricos permitem entender como viviam tais eram muitos simples. Sua maioria é encontrada em
civilizações e como se expressavam culturalmente, cavernas, pois, naquele momento, o homem ainda
produzindo arte. era nômade e habitava cavernas, locais que serviram
Graças aos estudos de diferentes pesquisadores, de base para suas manifestações.
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Figura 7 - Zigurate e jardins suspensos nos palácios Figura 8 - Escultura e pintura em baixo relevo
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A Arte Egípcia
O Egito se desenvolveu às margens do rio Nilo. A cultura, assim como o próprio império e sua
Inicialmente, as tribos nômades se fixaram às política, é fortemente influenciada pela religião. O
margens do rio para obtenção de água e aprende- Faraó é considerado chefe político e religioso, re-
ram a agricultura, que se mostrou bastante van- presentante de deus entre os homens. Assim sendo,
tajosa devido às cheias do rio que inundava as toda a produção cultural e social desse povo está
terras das margens e as fertilizava, deixando uma atrelada às crenças religiosas (SANTOS, 2005).
grande quantidade de húmus quando a água re- Havia uma grande preocupação com a vida ter-
tornava ao seu volume original (STRICKLAND; rena, a qual não só era garantida por meio de diver-
BOSWELL, 2014). sos rituais e oferendas, mas também com a passagem
Janson H. e Janson A. (1996) ressaltam que a so- para a morte e a vida após a morte, a qual exigia uma
ciedade egípcia iniciou-se como império por volta de morada para a alma e o corpo após a morte, assim
3.000 a.C, quando houve a unificação do alto e do bai- como a conservação do corpo para que se pudes-
xo Egito por meio do Faraó Menés, que deu origem a se retornar a vida após o julgamento de Osíris, deus
primeira das 30 dinastias que reinaram no Egito. responsável por julgar os mortos (SANTOS, 2012).
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Devido a essas crenças, muitos conhecimentos fo- do Egito, como afirma Santos (2005). Observe um
ram desenvolvidos de forma avançada no Egito, como exemplo dessa pirâmide na Figura 10.
a medicina e o embalsamamento para a conservação
do corpo; a arquitetura por meio de grandes monu-
mentos; e grandes obras de engenharia, como canais
de irrigação e palácios. A arte, assim como a forma de
se viver no Egito, também se voltava à religião.
O conhecimento que se tem da cultura e da for-
ma de vida dos egípcios se deve ao fato de que eles
desenvolveram um sistema de escrita organizado.
A escrita hieroglífica era formada pela combinação
dos hieróglifos - são pequenas figuras que possuíam
significado próprio e que, agrupadas, proporciona-
vam a construção da escrita, como afirma Janson H.
e Janson A. (1996). Veja um exemplo na Figura 9.
Os egípcios deixaram registros detalhados de
sua forma de vida, organização social e crenças por Figura 9 - Escrita egípcia por meio de hieróglifos
meio de sua escrita, o que nos possibilita entender
como viviam.
Além da escrita, também desenvolveram a ar-
quitetura por meio de monumentos mortuários,
como as pirâmides do egito, que são os túmulos que
deveriam abrigar o corpo e a alma do Faraó após a
morte. As pirâmides se desenvolveram de diferentes
formas ao longo da história do Egito, assim como a
arte. Com mais de 3 mil anos de história, dividiu-se a
história do Egito em Antigo Império (2.700 — 2200
a.C.), Médio Império (2.033 — 1.710 a.C.) e Novo
Império (1559 — 1.069 a.C.) (SANTOS, 2005).
No Antigo Império, iniciou-se a construção das
pirâmides. É nesse momento que se iniciam as cons-
truções monumentais, a primeira delas foi a pirâ-
mide de Djoser, construída pelo arquiteto Imotep, Figura 10 - Pirâmide de Djoser
sendo a primeira das obras de grandes proporções
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REFLITA
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A intenção dessa forma de pintura era que o ob- sibilitou rever alguns padrões estéticos, como ocorre
servador entendesse imediatamente que se tratava no caso da pintura, onde se ousou representar mo-
de uma mera representação. Observe um exemplo vimento e figuras mais elaboradas; contudo, devido
na Figura 12. às disputas de poder e retomada do poder por parte
Em se tratando da escultura, cabe ressaltar ain- dos sacerdotes, fez com que a pintura voltasse a lei da
da que havia uma grande preocupação em repre- frontalidade.
sentar os indivíduos em seus mínimos detalhes, Os autores destacam, ainda, o desenvolvimen-
desde a fisionomia do rosto ao formato do corpo. to de objetos fúnebres, objetos que eram colocados
De acordo com Santos (2005), a escultura foi a ma- na câmara do faraó, tais como urnas, vasos, mobília,
nifestação artística que possuiu maior representa- jóias, carroças, dentre outros objetos. Destaca-se en-
tividade, pois ganhou as mais belas representações tre esses objetos o sarcófago, uma urna mortuária que
do Antigo Império. guardava o corpo mumificado do faraó (GOMBRI-
O Médio Império trouxe pouca representativi- CH; CABRAL, 1999). Observe um exemplo de sarcó-
dade a arte, continuou com a pintura e escultura em fago na Figura 13.
baixo relevo; no entanto, a escultura tradicional mu- Os egípcios dominaram o trabalho com metais
dou drasticamente, pois nesse período havia uma e pedras preciosas, assim uma grande parte dos
preocupação em representar um ideal e não mais o objetos, inclusive o sarcófago, eram feitos de outro
indivíduo em sua aparência real. Assim, a escultura maciço e adornados com pedras preciosas (SAN-
tornou-se apenas decorativa e apresenta os sobera- TOS, 2012).
nos e deuses com uma aparência eleita como perfei- Contudo, apesar dessa vasta riqueza, assim
ta (JANSON, H.; JANSON, A., 1996). como qualquer império, o Egito teve suas crises e
Os autores prossegue afirmando que o Novo Im- passou por diversas invasões, o que provocou mu-
pério trouxe grandes transformações a arte, princi- danças significativas em sua cultura e arte, modifi-
palmente no que se refere a construção de grandes cando o estilo de vida desse povo. O império entrou
monumentos e as modificações na estrutura da pin- em decadência após ser invadido por diversos po-
tura (JANSON, H.; JANSON, A., 1996). vos, como gregos e romanos.
Gombrich e Cabral (1999) destacam que os Fa-
raós diminuíram o poder dos sacerdotes, o que pos-
REFLITA
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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
Creta e Grécia
Assim como se desenvolveu o Egito às margens do Essa civilização existiu por volta de 2.600 a 1.460
rio Nilo, muitas outras civilizações se desenvolve- a.C, sendo extinta devido às invasões de outros po-
ram e se destacaram, deixando vestígios que nos vos. No que se refere à arquitetura, ela era bastante
permitem entender sua história. Uma das civiliza- complexa para a época, sendo o Palácio de Cnossos
ções que se desenvolveu no que seria hoje atuais seu maior exemplar.
ilhas gregas, foi a civilização de Creta, ou civilização
Minóica (SANTOS, 2012). Cnossos destaca-se como sítio arqueológico
mais importante de Creta. As escavações reali-
Janson H. e Janson A. (1996) apontam que essa ci-
zadas entre 1900 e 1935 por sir Arthur Evans
vilização apresenta uma história bem peculiar. Pouco se na região, revelam afrescos, belos e delicados
sabe ainda sobre seu estilo de vida e cultura, pois sua es- recipientes pintados e estatuetas de mármore e
crita ainda não foi decifrada. Além disso, Santos (2005) fiança. Todas essas descobertas proporcionaram
destaca que são poucos os resquícios de monumentos e informações importantes sobre a indumentária
e a Arte cretense (COSGRAVE, 2012, p. 33).
objetos produzidos por tal cultura que permaneceu, já
que seus monumentos eram, em sua maioria, feitos de Observe, caro(a) aluno(a), o palácio de Cnossos na
tijolos de barro, não resistindo à passagem do tempo. Figura 14.
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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
A pintura seguia alguns padrões. Ela tinha influên- Dentre os povos da Antiguidade, os gregos foram os
cia egípcia, pois aplicava alguns dos princípios da lei que mais tiveram liberdade artística, não se subme-
da frontalidade, a diferença aqui é que havia mais tendo a sacerdotes ou reis autoritários, mas sim prio-
dinamicidade e cor nos afrescos. As cores mais uti- rizado a criação e a valorização da estética, buscan-
lizadas eram o vermelho, azul e branco, assim como do sempre produzir o belo (SANTOS, 2005).
tons de ocre, azul e marrom (SANTOS, 2005). A civilização grega se desenvolveu por volta do
Além da pintura havia um intenso trabalho com século XII a.C, quando os diversos povos que viviam
metais e cerâmica. E, em termos de metais, havia na região começaram a intensificar o comércio entre
larga fabricação de joias e pequenos adereços, assim si e fortalecer suas fronteiras formando as cidades
como pequenas estátuas de bronze e ferro (COS- estados ou as Pólis. Contudo, é somente a partir do
GRAVE, 2012). Já a escultura se desenvolveu em pe- século VII a.C que essas cidades se fortalecem e,
quenos exemplares decorativos, e havia uma grande devido ao comércio com outros povos, acabam por
representação de mulheres. Essa civilização ainda é incorporar certas influências e adaptá-las à sua cul-
um mistério, mas podemos observar seu desenvolvi- tura, nascendo assim uma identidade cultural entre
mento pelos afrescos e pintura. as cidades, formando a civilização grega (SANTOS,
A Grécia, assim como o Egito, é uma civilização 2012).
que deixou muitos vestígios para estudos e desen- A arte grega passou por três momentos distintos:
volveu-se de forma bastante ampla nas artes, princi- Período Arcaico (800 a 500 a.C), Período Clássico
palmente na escultura e na arquitetura. (500 a 336 a.C) e Período Helenístico (336 a 146 a.C).
Janson H. e Janson A. (1996) afirmam que cada um
desses períodos apresenta características marcantes
SAIBA MAIS em termos de desenvolvimento artístico. Vejamos
cada um deles.
A Grécia possuía abundância e variedade de No Período Clássico (500 a 336 a.C) se desta-
materiais para utilização em diversas áreas, ca a arquitetura e a escultura e também a pintura.
como a arquitetura e escultura. Dentre esses No que se refere à arquitetura, cabe destacar que os
materiais destacam-se a madeira, as pedras
calcárias e o mármore. gregos tinham uma preocupação maior com obras
monumentais dedicadas aos deuses ou ao estado,
O mármore foi um dos materiais mais utili-
zados, sendo empregado em grandes cons- ficando as moradias em segundo plano (GOMBRI-
truções públicas e templos, assim como em CH, 1999).
decoração de interiores. Contudo, é na escul- A base das construções gregas se dá por meio
tura grega que esse material possibilitou a
elaboração de estátuas detalhadas em termos das colunas, que é o suporte para qualquer tipo de
de anatomia e vestuário, visto que possibilita- construção. As colunas são compostas por três par-
va entalhar com detalhes rugas, expressões tes: base, fuste e capitel.
faciais, dobras de roupas e tecidos.
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• Fuste: o corpo alongado vertical da coluna, palmente por meio do modelo do capitel que pode
que determina a altura da construção. Ge-
ser no estilo Dórico, Jônico e Coríntio. Veja como
ralmente, tem a forma cilíndrica.
• Capitel: é a parte superior da coluna, cuja ca- Trindade (2007) descreve cada uma delas e observe
racterística decorativa é a mais evidente nas o exemplo na figura seguinte:
ordens gregas (TRINDADE, 2007, p. 37). • Ordem Dórica: simples e maciça.
• Ordem Jônica: mais detalhada e com mais
As colunas não servem apenas como sustentação, leveza.
mas também como elementos decorativos, princi- • Ordem Coríntia: carregada de detalhes, mais
ornamentada e detalhada do que a Jônica.
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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
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DESIGN
Figura 18 - Parthenon
senvolveu-se, na Grécia, os gêneros de comédia e homem era o centro da representação, havendo uma
tragédia. preocupação muito grande com a perfeição estética
Ainda nesse período, a arquitetura era voltada na construção da pintura e também da escultura.
para obras públicas e monumentais que passaram É nesse período que a escultura se desenvolve
a receber ornamentos cada vez mais sofisticados, buscando movimento, leveza e estética, assim os ar-
como as esculturas. tistas estudam a forma do corpo, posições, músculos
A escultura e a pintura, como afirma Janson H. e e materiais que possibilitem compor as novas estátu-
Janson A. (1996), eram antropocêntricas, ou seja, o as. Inicialmente, o material utilizado era o mármore,
contudo, devido a sua fragilidade, em muitos casos
REFLITA era substituído pelo bronze (SANTOS, 2005).
Nesse período, a preocupação era que a escul-
O teatro tem sua origem na Grécia Antiga, tura apresentasse movimento e perfeição estética.
tendo como destaque, principalmente, os A obra deveria ser bela de todos os ângulos, sendo
gêneros de tragédia e comédia. as estátuas, exemplificadas na Figura 19, os maiores
exemplares desse período.
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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
Na pintura, houve inversão nas cores, pois antes domínio de Alexandre, O Grande, que conquistou
elas eram representadas em preto e, nesse período, muitas terras e disseminou a cultura grega que aca-
passaram a ser representadas em tons claros, crian- bou por ser influenciada por outros elementos cul-
do maior contraste cromático e movimento. Obser- turais também (TRINDADE, 2007).
ve a diferença na Figura 20. Esse é o momento em que o escultor tem maior
Ao inverter as cores proporciona-se maior har- liberdade de expressão e veremos a temática feminina
monia e movimento, assim como leveza ao trabalho entrando com força na escultura. Mulheres seminuas
de pintura em cerâmicas. ou nuas aparecem com frequência; além disso, a dra-
O período Helenístico (336 a 146 a.C) marca maticidade é incorporada à escultura (SANTOS, 2012).
uma fase onde as culturas grega e oriental se fun- Em se tratando da escultura, a intenção era
diram, dando origem ao mundo Helenístico sob proporcionar ao observador inquietação, seja pela
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DESIGN
beleza ou pela dramaticidade da obra. A expressão No que se refere à escultura, ela se volta para
corporal e mesmo facial era trabalhada em detalhes a moradia, que passa a ganhar atenção com co-
para expressar vida e provocar emoções. lunas, murais e ambientes suntuosos. Os teatros
Os maiores exemplares desse período foram Vênus também se modificam, aproximando mais o pú-
de Milo e Vitória (Nike) de Samotrácia. A primeira re- blico dos atores.
presenta a deusa Vênus seminua, com corpo delineado Após esse período, a cultura grega começa a en-
apresentando sensualidade. A segunda é uma estátua trar em decadência devido às invasões e influências
que representa a vitória de uma batalha militar; a es- de outros povos. Contudo, ela influenciou profun-
tátua foi colocada na proa de um navio. Essa obra traz damente outra civilização, Roma, que aprimorou
movimento devido as asas simbolizando a vitória e ao muito do que se desenvolveu na Grécia.
drapeado, que parece se esvoaçar com o vento.
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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
A Arte Romana
A formação de Roma envolve uma série de lendas e Em se tratando da arquitetura, dos etruscos, os
mitos sobre dois irmãos alimentados por uma loba, romanos aprenderam a projetar a abóbada, compos-
contudo, apesar desses mitos, se sabe que essa civi- ta por várias pedras, formando um espaço côncavo,
lização teve origem por volta dos anos de 700 a.C e onde as pedras se apoiavam umas sobre as outras,
sofreu fortes influências dos etruscos e gregos que dispensando o uso exagerado de colunas como fa-
habitavam a região da Itália, dando origem aos ro- ziam os gregos (SANTOS, 2012).
manos (SANTOS, 2005). A autora prossegue afirmando que dos gregos
Gombrich e Cabral (1999) ressaltam que os ro- os romanos utilizaram as colunas, não apenas como
manos construíram sua cultura com bases etruscas sustentação, mas como elementos decorativo que
e gregas para, então desenvolver um estilo próprio. compunham a estrutura de templos e prédios públi-
Janson H. e Janson A. (1996) destacam que, devido cos (SANTOS, 2012).
a essas influências, a arquitetura romana desenvol- Devido a essas duas influências, a arquitetura ro-
veu-se de forma distinta e promoveu inovações no mana tornou-se mais ampla, com grandes espaços
mundo antigo. internos, que possibilitam a circulação de pessoas e
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proporcionam a sensação de amplidão. O referido O maior exemplo desse tipo de arquitetura é o tem-
autor destaca que por volta do século I d.C, os roma- plo chamado de Panteão, projetado para reunir uma
nos possuíam um estilo próprio. grande variedade de deuses, possibilitando que uma
No que se refere a construção de templo, os ro- quantidade opulenta da população pudesse se reu-
manos valorizavam o espaço interno por meio das nir para o culto. Observe esse templo na Figura 21.
abóbadas e apreciavam também as colunas que eram Os romanos também desenvolveram diferentes
utilizadas nas fachadas frontais e mesmo como ele- aspectos na arquitetura do teatro. Muito apreciado-
mentos decorativo na parte interna, sem a função de res de diversos espetáculos, assim como as lutas en-
sustentação. tre gladiadores, os romanos desenvolveram diversos
Além disso, Trindade (2007) destaca que os teatros e anfiteatros. Ao dominar a arquitetura base-
templos eram construídos em planos mais elevados, ada em arcos, os romanos aprenderam a distribuir o
sendo acessados por meio de escadarias que davam peso e dar maior sustentação à construção, podendo
acesso a uma fachada frontal, bem diferente das la- fazê-la em qualquer espaço com proporções gigan-
terais do templo, aspecto bem divergente dos gregos. tescas (TRINDADE, 2007).
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SAIBA MAIS
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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
No que se refere à escultura, os romanos eram desenvolveu muito como elemento decorativo de pai-
grandes admiradores da escultura grega e aprende- néis e paredes, ou seja, a escultura mural, como afirmam
ram muito ao observar e estudar tal estilo; contudo, Gombrich e Cabral (1999). A escultura mural relatava
os romanos apresentavam uma preocupação mais grandes feitos de generais, imperadores e batalhas. Esse
realista, ou seja, buscavam retratar os indivíduos tipo de escultura era comum em palácios, templo, obras
com todos o seus traços, inclusive imperfeições, bem públicas e mesmo no interior de algumas casas.
diferente do ideal de beleza grega (SANTOS, 2012). As esculturas romanas eram muito detalhadas
Portanto, as estátuas romanas apresentam-se e expressivas, assim como sua arquitetura. Após o
de forma a colocar os traços étnicos no indivíduo, século I d.C., Roma começou a sofrer invasões cons-
de acordo com suas imperfeições; o mesmo se valia tantes e, por volta do século V, foi completamente
para o vestuário, que expressava movimento e acom- invadida pelos povos bárbaros, marcando a queda
panhava o corpo. As poses buscavam imponência e do império e o início da Idade Média.
respeito, retratando perfeitamente a anatomia do Caro(a) aluno(a), espero que tenha apreciado a
corpo, como afirma Santos (2005). leitura referente ao início da arte e como ela se de-
Além das estátuas, a escultura romana também se senvolveu nas civilizações antigas. Até breve.
38
considerações finais
Caro(a) aluno(a), entender o que é arte e como ela se manifesta não é algo simples. Lem-
bre-se que a arte está relacionada aos objetos que o ser humano produz e que são represen-
tativos de uma determinada cultura, seja pelo seu valor histórico ou pela raridade.
Portanto, podemos entender que, em sua maioria, a produção humana está ligada à
arte. Desde a Pré-História até os dias atuais, o homem produz objetos para contar sua
história, seja com utensílios ou para simples contemplação; são esses objetos que nos per-
mitem entender como viviam os povos da Antiguidade.
A arte da Pré-História estava mais associada às pinturas rupestres; no entanto, com
o desenvolvimento das civilizações, a arte se desenvolveu de forma diferenciada em cada
uma delas.
As civilizações que se desenvolveram à margem dos rios Tigre e Eufrates deram origem
a Mesopotâmia, que trouxeram elementos importantes para a urbanização, assim como
jardins suspensos.
Os egípcios, por exemplo, têm em sua arte uma forte influência religiosa voltada para
a vida após a morte. O conhecimento dessa cultura se deu devido ao sistema de escrita
detalhado, que possibilitou entender como viviam.
Já os gregos se inspiraram nos egípcios, mas aprimoraram a arte se desenvolvendo
muito na escultura e arquitetura. Na escultura, usaram as colunas como suporte para seus
templos, assim como elementos decorativos, havendo uma proporção com a naturalidade
da obra, assim como a estética.
Os romanos tiveram influência grega e também etrusca e inovaram na arquitetura por
meio dos arcos e abóbadas, criando o Panteão e o Coliseu. Na escultura, se preocuparam
com a expressão da realidade, retratando os indivíduos como eram, com suas imperfeições
e características particulares.
O que podemos perceber, caros(as) alunos(as), é que a arte assume características úni-
cas para cada período histórico e para cada civilização. Espero que tenham apreciado a
leitura. Até breve!
39
atividades de estudo
1. Os objetos fazem parte do cotidiano e muitos deles expressam a arte devido ao seus
valor histórico e de raridade. Por que os homens criam objetos? Explique.
4. O Egito foi uma das civilizações mais avançadas e produziu grandes monumentos
artísticos. Referente à arte egípcia, leia as alternativas e marque V para verdadeiro e
F para falso.
( ). Desenvolveram um sistema de escrita organizado, a escrita hieroglífica, formada pela
combinação dos hieróglifos, pequenas figuras que possuíam significado próprio.
( ). Desenvolveram a arquitetura por meio de monumentos mortuários, como as pirâmi-
des do Egito, que são túmulos que deveriam abrigar o corpo e a alma do Faraó após
a sua morte.
40
atividades de estudo
5. Creta foi uma civilização que se desenvolveu em uma das diversas ilhas gregas, apre-
sentando várias particularidades referentes à arte. Leia as alternativas abaixo e
marque a opção incorreta referente à arte cretense.
a. Cnossos destaca-se como sítio arqueológico mais importante de Creta.
b. A arquitetura era bela, mas pouco desenvolvida.
c. A pintura era empregada como decoração em grandes afrescos e murais decorati-
vos.
d. O trabalho com metais e cerâmicas era bem desenvolvido.
e. Nenhuma das opções anteriores está correta.
7. Roma sofreu duas grandes influências na construção de sua arte. Que influências
foram essas? Marque a opção correta.
a. Etrusca e grega.
b. Cretense e grega.
c. Egípcia e etrusca.
d. Egípcia e grega.
e. Nenhuma das opções anteriores está correta.
41
LEITURA
COMPLEMENTAR
Origem da arte
O mundo da arte pode ser observado, compreendido e apreciado. É através do conheci-
mento que o ser humano desenvolve sua imaginação e criação adquirindo conhecimento,
modificando sua realidade, aprendendo a conviver com seus semelhantes e respeitando
as diferenças.
A arte é quase tão antiga quanto o homem, pois ela é uma forma de trabalho, e o traba-
lho é uma propriedade do homem. Entre suas características, pode ser definida como um
processo de atividades deliberadas para adaptar as substâncias naturais as vontades hu-
manas; é a relação de conexão entre o homem e a natureza, comum em todas as formas
sociais.
O homem executa seu trabalho através da transformação da natureza. A arte, como um
trabalho mágico do homem, é utilizada como uma tentativa de transformação da natureza,
que sonha em modificar os objetos, dar uma nova forma à sociedade. Trata-se de externar
uma imaginação do que significa a realidade, portanto, o homem é considerado, por princí-
pio, um mágico, pois é capaz de transformar a realidade através da arte.
Para executar suas atividades, o homem, através das artes, como por exemplo, as pinturas
em paredes, gerou conhecimento e criou ferramentas para atender seus interesses. O ho-
mem cria a arte como uma forma para sobreviver no meio, expressar o que pensa, divulgar
suas crenças (ou a de outros), para estimular e distrair a si mesmo e aos outros, para explo-
rar novas formas de olhar e interpretar objetos e cenas.
Para que a arte exista é necessário a existência de três elementos: o artista, o observador e
a obra de arte. O artista é aquele que tem o conhecimento concreto, abstrato e individual
sobre determinado assunto, que se estressa e transmite esse conhecimento através de um
objeto artístico (pintura, escultura, dentre outros) que represente suas ideias. O segundo, o
observador, é aquele que faz parte do público que observa a obra para chegar ao caminho
de mundo que ela contém. Ainda terá que ter algum conhecimento de história e história da
arte para poder entender o contexto de tal arte. O terceiro, a obra de arte, é a criação do
objeto artístico que vai até o entendimento do observador, pois todas as artes têm um fim
em si, ou seja, uma tradução.
Fonte: Ferreira e Oliveira ([2017], on-line)3
42
DESIGN
História da arte
Maria das Graças Vieira Proença dos Santos
Editora: Ática
Sinopse: poucas obras conseguem, como esta, apresentar de
maneira tão abrangente e tão didática toda a história da arte
ocidental. Da Pré-História ao Pós-Moderno, desfilam por suas
páginas as obras mais significativas da produção cultural do
Ocidente. O texto do livro - conciso e agradável - é apoiado por
mais de 350 reproduções, além de numerosos esquemas. Uma leitura utilíssima para estu-
dantes e para o público em geral.
43
referências
COLI, J. O que é Arte. 15. ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1995.
COSGRAVE, B. História da indumentária e da moda: Da antiguidade aos dias atu-
ais. Barcelona: GG moda, 2012.
GOMBRICH, E. H.; CABRAL, Á. A história da arte. 16. ed. Rio de Janeiro: LTC,
1999.
JANSON, H. W.; JANSON, A. F. Iniciação a história da arte. 2. ed. São Paulo: Mar-
tins Fontes, 1996.
SANTOS, M. G. V. P. História da arte. 16. ed. São Paulo: Ática, 2005.
______. História da arte. 17. ed. São Paulo: Ática, 2012.
STRICKLAND, C.; BOSWELL, J. Arte comentada: da pré-história ao pós-moderno.
15. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2014.
TREVISAN, A. Como apreciar a arte; do saber ao sabor: uma síntese possível. Porto
Alegre: Mercado Aberto, 1990.
TRINDADE, S. História da Arte. Bahia: Faculdade de Tecnologia e Ciências, 2007.
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <http://historia-da-arte.info/o-que-e-arte.html>. Acesso em: 02 ago. 2017.
2
Em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Kouros>. Acesso em: 02 ago. 2017.
3
Em: <https://www2.ufersa.edu.br/portal/view/uploads/setores/241/texto%205.
pdf>. Acesso em: 25 set. 2017.
44
gabarito
1. O homem cria objetos não apenas para se servir utilitariamente, mas também
para expressar seus sentimentos diante da vida e, mais ainda, para expressar
sua visão do momento histórico em que vive.
2. c)
3. d)
4. d)
5. b)
7. a)
45
DA IDADE MÉDIA AO SÉCULO XVIII
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Idade Média
• Renascimento
• Barroco e Rococó
Objetivos de Aprendizagem
• Descrever a arte na sociedade bizantina e na Idade Média.
• Caracterizar as mudanças sociais e artísticas que
ocorreram entre os séculos XIV e XVI.
• Apresentar e caracterizar o Barroco e o Rococó.
unidade
II
INTRODUÇÃO
Idade Média
A Idade Média foi um período que durou mil anos, maioria, eram apenas pequenas pinturas realizadas
aproximadamente entre o século V e o século XIV. nas catacumbas com adorno ao túmulo dos católicos.
Nesse período, se desenvolveram manifestações artís- Para Santos (2012), essa arte era ainda muito pri-
ticas condizentes com o modo de vida da população. mitiva e feita pela população, não havendo artistas.
Santos (2005) destaca que a Idade Média tem Contudo, com o fim das perseguições e com o Império
uma forte influência cristã na arte, isso se deve ao Romano se tornando cristão, essa arte foi desenvolvida
fato de que a Igreja Católica adquiriu alto poder po- em pequenas estátuas e as pinturas se tornaram mais
lítico e espiritual, influenciando a arte. elaboradas. Entretanto, devido a invasão dos povos
A arte cristã se iniciou muito antes da Idade Mé- bárbaros, a população europeia que vivia nas cidades
dia, por volta do séculos III e IV, momento em que os foi aos poucos migrando para grandes propriedades
cristãos ainda eram perseguidos pelo Império Roma- de terras, vivendo sob a proteção de um lorde, assim, a
no. Gombrich e Cabral (1999) ressaltam que, devido a vida na cidade deu lugar a vida no campo.
essas perseguições, as manifestações artísticas, em sua Contudo, Janson H. e Janson A. (1996) desta-
50
DESIGN
cam que houve uma parte do Império Romano que tetura dessa civilização é a Basílica de Santa Sofia.
sobreviveu, na cidade de Constantinopla, e formou Além da arquitetura, desenvolveu-se a pintura,
um pequeno império, que permaneceu até o século os mosaicos e a pintura de ícones, como destaca
XV, quando foi invadida. Trindade (2007). Esses elementos eram muito utili-
Nessa sociedade, a arte adquiriu características zados na decoração de interiores.
específicas, visto que o imperador era também um Na pintura foi utilizada a frontalidade, que con-
representante de deus na terra, tornando as obras sistia em desenhar as figuras sempre na posição
públicas monumentais, assim como as basílicas. frontal, como sinônimo de imponência e superio-
Gombrich e Cabral (1999) ressaltam que a arqui- ridade, respeitando também a visão do observador,
tetura seguiu algumas influências romanas, com colu- que poderia contemplar a figura em sua vista mais
nas, arcos e abóbadas, mas a estrutura foi melhorada de expressiva. Trindade (2007) acrescenta, ainda, que a
forma a se tornar mais resistente e proporcionar maior posição dos pés, mãos, dobras das roupas e demais
suporte aos monumentos. O maior exemplar de arqui- detalhes foram cuidadosamente estudados.
51
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
Cabe destacar, ainda, que os imperadores eram cebia uma camada de tinta à base de ouro e a figura
representados quase como santos, e a própria figu- de santos era pintada sobre essa base dourada, sendo
ra de Jesus era representada como imperador, ou os detalhes de bordados e rendas feitos por uma fer-
seja, aproximava-se a figura terrena e divina (STRI- ramenta que retirava uma camada de tinta, deixan-
CKLAND; BOSWELL, 2014). do a mostra o fundo dourado (SANTOS, 2012).
Os mosaicos seguiram basicamente as mesmas Enquanto isso, no restante da Europa, até o sécu-
regras da pintura, mas ao invés de tinta usavam-se lo X, apenas alguns povos bárbaros se dedicavam à
pedras preciosas para representar cenas bíblicas, produção de pequenos objetos decorativos e de ouri-
personalidades importantes e demais elementos que vesaria, visto que a outra parte da população vivia no
faziam parte da cultura bizantina. campo e pouco se dedicou a esse ofício. O pouco que
A pintura de ícones nos quadros seria a repre- se produzia vinha dos conventos, contudo, por volta
sentação dos ancestrais. Tais pinturas eram realiza- do século XVIII e IX, o Império Carolíngio, sobre o
das sobre placas de metal ou couro. Esse material re- governo de Carlos Magno, desenvolveu no palácio do
imperador uma escola voltada à produção artística, na
qual eram produzidos pequenas esculturas, pinturas
e objetos voltados à decoração e ao cristianismo, mas
após a morte do imperador essa iniciativa desapareceu.
Entre os séculos XI e XII desenvolveu-se o estilo
românico, que se fortaleceu, principalmente, na ar-
quitetura. O grande avanço desse estilo se deu por
meio da invenção da abóbada de berço e abóbada de
aresta. As principais características desse estilo são:
a utilização de abóbodas; pilares maciços; paredes
Figura 2: - Mosaico da civilização bizantina
espessas, para dar sustentação; e aberturas estreitas,
como janelas (SANTOS, 2005).
As paredes espessas e os pilares davam susten-
tação às abóbadas que ainda apresentavam proble-
mas em sua estrutura, pois exigiam grandes colunas
e uma boa base para sustentação, fazendo com que
o ambiente fosse mais pesado e com pouca ilumina-
ção, como afirma Trindade (2007).
As igrejas românicas eram consideradas “for-
talezas de Deus” devido ao seu tamanho e solidez.
Nesse período, a arte é uma extensão do serviço di-
vino, como destaca Santos (2005), visto que toda a
produção era voltada às questões religiosas.
Figura 3 - Mosteiro de Saint-Pierre — arquitetura românica
Contudo, é nos séculos XII, XIII e XIV que a
52
DESIGN
REFLITA
53
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
A escultura e os vitrais também foram muito utiliza- A arquitetura desse estilo se desenvolveu basicamen-
dos, porém como elementos complementares à arqui- te em igrejas, contudo, começou a ser aplicada em
tetura, ou seja, como elementos decorativos embuti- algumas moradias de nobres ou ricos comerciantes,
dos na estrutura das catedrais e demais monumentos. ou mesmo em prédios públicos, mas sua maior ex-
No que se refere aos vitrais, eles não são apenas ele- pressão encontra-se nas temáticas religiosas.
mentos decorativos, mas também são compostos por No que se refere à pintura, houve uma preocu-
imagens bíblicas, com o intuito de catequizar, possi- pação com o realismo, sendo a temática religiosa
bilitar a iluminação e adornar as igrejas. a mais explorada. “As figuras representadas eram
Read (1983) destaca que os temas voltados ao pouco volumosas, cobertas por muita roupa, com o
louvor eram muito comuns nos vitrais e as cores olhar voltado para cima, em direção ao plano celes-
eram sempre variadas, sendo o azul e o vermelho as te” (TRINDADE, 2007, p. 54).
mais comuns. O estilo de pintura que se desenvolveu, embora
preocupado com o naturalismo, ainda era bastante
rígido e engessado, não havia perspectiva nas obras
ou movimento, por isso, as figuras formavam obras
estáticas e sólidas. Contudo, conforme se aproxima-
va do período do Renascimento, no final do século
XVI, as obras foram se tornando mais complexas.
SAIBA MAIS
54
DESIGN
Os pintores desse período que mais se destacaram Juntamente com todas essas mudanças na arte, vem
foram Giotto di Bondone (1267-1337) e Jan van também as mudanças na forma de vida. Com a retoma-
Eyck (1309-1441). Para Trindade (2007), Giotto da da vida nas cidades, surge uma nova classe social: a
“estava em busca do humano, almejava dar um burguesia, que é composta pelos comerciantes.
caráter humano às figuras que representava, um Muitos desses comerciantes enriqueceram e pas-
prenúncio do humanismo renascentista” (TRIN- saram a consumir obras de arte em larga escala, pa-
DADE, 2007, p. 54), enquanto que Van Eyck trocinando pintores e incentivando estudos e diversos
trabalhos voltados à escultura, pintura e arquitetura.
procurava registrar na pintura os aspectos da Portanto, a partir da retomada da vida nas cida-
vida urbana e da sociedade de sua época. Em
des e do fortalecimento do comércio, veremos tam-
suas pinturas evidencia-se um cuidado com a
perspectiva, objetivando mostrar os detalhes e bém um renascimento nas artes e na ciência. Tema
as paisagens (TRINDADE, 2007, p. 54). do nosso próximo tópico.
Figura 6 - Quadro central do políptico. Retábulo do Cordeiro — Adoração do Cordeiro Mútico (1426- 1432), de Jan Van Eyck
55
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
Renascimento
O Renascimento marca um período histórico de mento caracteriza a passagem da Idade Média para
grande desenvolvimento artístico, filosófico e cien- a Idade Moderna.
tífico. Esse desenvolvimento que ocorreu entre os Cabe destacar ainda que houve um grande flo-
séculos XIV e XVI marca uma busca intensa pelos rescimento da arte, ou seja, devido ao retorno da
conhecimentos greco-romanos, assim como um in- vida na corte, nas cidades e ao fortalecimento dos
tenso desenvolvimento que superou a herança da reis, havia um terreno propício para a arquitetura
Grécia e de Roma (SANTOS, 2012). e pintura, que foram largamente patrocinadas por
Janson (1996) afirma que nesse momento a burgueses enriquecidos e nobres ansiosos para de-
filosofia moral do homem se deslocou da religião monstrar seu poder e status (BAUMGART, 1999).
para o homem, ou seja, surgiu o humanismo (an- Assim sendo, o Renascimento movimentou,
tropocentrismo), onde o homem é o centro do consideravelmente, o mercado pela diversificação
universo. Para o autor, essa mudança de pensa- dos produtos de consumo na Europa, a partir do sé-
56
DESIGN
culo XV. Alguns europeus, enriquecidos com o co- O Renascimento se estendeu do século XIV ao XVI,
mércio nesta época, melhorando suas condições fi- e depois deu origem ao Maneirismo, que foram di-
nanceiras, posteriormente, passaram a ter condições ferentes interpretações do Renascimento ocorridas
para investir em obras de arte de escultores, pintores em cada país, dando origem, em seguida, ao Barro-
e arquitetos (CHENEY, 1995). co. Devido ao extenso período de tempo em ascen-
Esses artistas tinham apoio financeiro dos gover- são, o Renascimento é dividido em fases: Trecento,
nantes europeus e também do clero, assim como de Quattrocento e Cinquecento. Vejamos as caracterís-
nobres e burgueses. Essa ajuda, que era conhecida na tica de cada uma delas.
época como mecenato, vinha dos mecenas — gover- - Trecento: aconteceu no século XlV e foi um
nantes e burgueses — e algumas famílias favorecidas período de mudança da cultura medieval para a
financeiramente, chamadas de Nobres. Eles favoreciam cultura renascentista. Mesclava sentimentos, carac-
os artistas, pois encomendavam a eles pinturas de re- terísticas físicas e comportamentos da vida humana
tratos e esculturas possibilitando um amplo campo de com a religiosidade. O dialeto toscano, oriundo da
trabalho (GOMBRICH; CABRAL, 1999). língua italiana, estava presente nas obras literárias,
Cabe destacar que o Renascimento cultural reve- assim como o humanismo; houve um resgate da cul-
lou-se primeiro na região italiana de Toscana, mais tura greco-romana, visível na literatura renascentis-
precisamente nas cidades de Florença e Siena, mas ta (JANSON; LEAL, 2001).
logo se estendeu para o restante da Península Itálica - Quattrocento: aconteceu no século XV. Nesse
e, finalmente, alargou-se para quase todos os países período, era possível perceber fortemente aspectos
da Europa Ocidental. Cosgrave nos fala: da cultura greco-romana e do paganismo, caracte-
rizado pela mitologia e personagens da literatura
O Renascimento foi difundido pela Europa clássica; acontecia o mecenato; as artes plásticas
oriental, mas os principais encontravam-se nos
utilizavam-se dos métodos de pintura a óleo; houve
estados ricos da Itália central e setentrional, em
particular, Florença, Roma e Veneza e em Fran- a quebra de aspectos das artes plásticas e literatura
dles, que se tornou um importante centro para da Idade Média, e a arquitetura vivenciou o apogeu;
o comércio e as artes (COSGRAVE, 2012, p. pinturas e esculturas apresentavam perfeição esté-
117). tica, com uma mistura do moderno com o clássico
(JANSON; LEAL, 2001).
REFLITA
- Cinquecento: aconteceu no século XVI. Nesse
período, houve uma conciliação de temas profanos
Durante o Renascimento o comércio se de- com temas religiosos; houve a compleição do huma-
senvolveu na Península Itálica. As cidades
de Veneza, Gênova e Florença assistiram um nismo na literatura, também na pintura e escultura;
expressivo movimento artístico e, por essa ra- houve também a expansão do Renascimento à ou-
zão, a Itália passou a ser considerada o berço tros países da Europa: Holanda, Espanha, Portugal,
do Renascimento.
França e Alemanha (JANSON; LEAL, 2001).
(Horst Woldemar Janson) Durante o Renascimento, que apresenta essas fa-
ses distintas, houve uma preocupação muito grande
57
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
com a educação, ou seja, um indivíduo bem educa- Fiore —, o Hospital dos Inocentes e a Capela Pazzi”
do e formado deveria dominar diferentes conheci- (SANTOS, 2005, p. 79). Observe a igreja de Santa
mentos e isso foi expandido para a arte, o que possi- Maria del Fiore a seguir.
bilitou desenvolver obras que se destacaram devido
à perfeição e às técnicas utilizadas em sua execução
(STRICKLAND; BOSWELL, 2014).
SAIBA MAIS
58
DESIGN
Michelangelo trabalha suas esculturas com vi- ele se destaca ao trabalhar de maneira significativa a
gor, estudando atentamente o corpo humano. Ele expressão facial de suas estátuas, não apenas a pose,
explora o equilíbrio dos membros, dos músculos, mas o rosto revela sentimento. Essa é uma das gran-
das veias e estuda as poses com cuidado. Contudo, des contribuições de Michelangelo.
59
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
60
DESIGN
61
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
• Leonardo da Vinci: foi muito mais do que Estes são os pintores que mais se destacaram na Itá-
um simples pintor, estudou anatomia, urba- lia. Cabe destacar ainda que o Renascimento se es-
nismo e ciência de uma forma geral. Na pin-
palhou para outros países, assumindo características
tura, se destacou por seus trabalhos com do-
mínio das técnicas de luz e sombras, dando variadas. Após o renascimento surge um movimen-
dramaticidade e leveza aos temas que pintou. to chamado Maneirismo. Para Trindade:
• Michelangelo: Michelangelo também traba-
lhou na pintura de forma a expressar a per- O termo Maneirista foi usado por Vasari para
feição do corpo, seus movimentos, músculos designar a maneira individual do trabalho ar-
e suavidade na composição. tístico. Bellori e Malvasia, no século XVII, liga-
ram esse conceito a um estilo afetado e trivial
• Rafael: representou de forma exemplar os da arte, uma ruptura do classicismo renascen-
ideais clássicos de harmonia e regularidade tista. Para alguns historiadores da arte, o Ma-
das formas e cores. Trabalhava com o equilí- neirismo é o declínio do Renascimento ou a
brio e a simetria para proporcionar regulari- transição entre o Renascimento e o Barroco e,
dade, ou seja, ordem e segurança. para outros, é um estilo artístico (TRINDADE,
2007, p. 60).
62
DESIGN
Caro(a) aluno(a), o Maneirismo faz parte de um em seguida, do Rococó. Após compreender como se
momento de transição, marcando o fim do Renas- expressava a arte no Renascimento, veremos, enfim,
cimento e posteriormente a ascensão do Barroco e, o Barroco e o Rococó.
Figura 14 - A Virgem dos Rochedos — Leonardo Da Vinci Figura 16 - A Escola de Atenas — Rafael
Fonte: Santos (2005, p. 88). Fonte: Santos (2005, p. 90).
63
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
Barroco e Rococó
Caro(a) aluno(a), para darmos continuidade à Histó- to do Barroco é marcado por uma série de conflitos,
ria da Arte, veremos, neste tópico, o estilo Barroco e mais especificamente religiosos, pois a Igreja Católica
também o Rococó. Iniciemos pelo Barroco. De acor- passava por uma reforma com o intuito de restaurar a
do com Trindade (2007), esse movimento se desen- espiritualidade e combater a corrupção dentro da Igre-
volveu na europa entre os anos de 1600 e aproxima- ja. Portanto, há uma série de conflitos e o homem se
damente 1730, ou seja, entre os séculos XVII e XVIII. sente dividido entre o terreno e o espiritual.
“O significado do termo barroco é irregular, grotesco, Além disso, Janson e Leal (2001) destacam que
deriva da palavra portuguesa que designava uma pé- nesse período houve o fortalecimento dos Estados
rola de formato irregular” (TRINDADE, 2007, p. 62). Absolutistas, ou seja, dos reinos, do poder dos Reis
Assim como definição do termo que se refere a irre- e a estruturação de uma cultura e língua para cada
gularidades, o próprio movimento carrega consigo uma país europeu. Assim sendo, o Barroco encontra um
série de inquietações que irão se manifestar na arte. terreno propício para se propagar, sendo patrocina-
Santos (2012) ressalta que o momento de surgimen- do pela Igreja e também pelos nobres e reis que de-
64
DESIGN
sejavam expor seu poder e riqueza por meio da arte, Em outras palavras, evidencia-se no Barroco a dra-
seja na arquitetura, pintura ou escultura. maticidade e a capacidade de expressão das obras de
De acordo com Santos (2005, p. 103), o Barroco arte. Vejamos então como esse movimento se mani-
festou na arquitetura, escultura e pintura.
originou-se na Itália, mas não tardou a irradiar- Em termos gerais, a arquitetura barroca deixa
-se por outros países da Europa e a chegar tam-
de lado o racionalismo do Renascimento e trabalha
bém ao continente americano, trazido pelos
colonizadores portugueses e espanhóis. com os exageros, o luxo e as curvas, havendo uma
valorização dos efeitos decorativo. Isso também é
A autora prossegue afirmando que, ao se difun- válido para os arredores dos monumentos, pois os
dir em diversos países, esse estilo adquiriu diferentes jardins, praças e demais ambientes externos são
características, pois foi influenciado pela cultura de considerados como elementos integrantes da arqui-
cada país. Contudo, existem várias características tetura. Cabe salientar que a arquitetura barroca se
comuns que precisam ser destacadas, são elas: voltou para a construção de palácios e igrejas, como
destacam Gombrich e Cabral (1999).
[...] as obras barrocas romperam o equilíbrio en- Um dos maiores exemplos da arquitetura barro-
tre o sentimento e a razão ou entre a arte e a ciên-
ca é o Palácio de Versalhes, construído sobre o rei-
cia, que os artistas renascentistas procuram rea-
lizar de forma muito consciente; na arte barroca, nado de Luís XIV.
predominam as emoções e não o racionalismo
da arte renascentista (SANTOS, 2005, p. 103).
65
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
Cabe destacar que o Barroco não preocupava-se A intenção do interior era expor a beleza da de-
apenas com a parte externa e a grandiosidade das coração e deixar o observador perplexo pela gran-
construções, mas também com o interior, que deve- diosidade dos detalhes compostos pela fusão entre a
ria ser ricamente trabalhado por meio da escultura pintura, arquitetura e escultura. Observe um exem-
e pintura. Os interiores da arquitetura barroca têm plo na Figura 19.
como característica a sobrecarga de elementos deco- A intenção do interior era expor a beleza da de-
rativos, uso exagerado da cor dourada, uso de tons coração e deixar o observador perplexo pela gran-
escuros e a pintura e a escultura se fundem com a diosidade dos detalhes compostos pela fusão entre a
arquitetura. Observe na figura a seguir o interior do pintura, arquitetura e escultura. Observe um exem-
Palácio de Versalhes, que serve como exemplo para plo na figura a seguir.
a explicitação.
Em relação à escultura, Santos (2005) afirma que:
66
DESIGN
SAIBA MAIS
Santos (2005, p. 104) destaca que a pintura tem algu- Existem vários pintores representativos desse movi-
mas característica específicas, tais como: mento, mas merece destaque Caravaggio. Janson e
• O primeiro é a disposição dos elementos dos Leal (2001) afirmam que o pintor buscava seus mo-
quadros, que sempre forma uma composição delos entre o povo, inovando ao retratar cenas que
em diagonal. envolviam o cotidiano e não apenas a aristocracia.
• As cenas representadas envolvem-se em Ele revolucionou a pintura por trabalhar de forma
acentuado contraste de claro-escuro, o que
inovadora a técnica de luz e sombra, não apenas
intensifica a expressão de sentimentos.
como incidência de luz solar, mas como elemento
• A pintura barroca é realista, mas a realidade
que lhe serve de ponto de partida não é só a que amplia a dramaticidade da pintura.
vida de reis e rainhas de cortes luxuosas, mas
também a do povo simples.
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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
68
DESIGN
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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
No que se refere à escultura, destaca-se o fato de que Contudo, Santos (2005, p. 121) enfatiza que o es-
o Rococó inovou ao produzir estátuas decorativas de tilo Rococó substituiu os
porcelana em tamanhos variados, mas em sua maio-
ria eram pequenas peças decorativas para ambientes volumes que indicam o vigor e a energia bar-
rocos por linhas suaves e graciosas. A escultu-
internos, como salas de músicas. Gombrich e Cabral
ra, que se torna intimista, geralmente procura
(1999) destacam que essas peças eram muito apre- retratar as pessoas mais importantes da época.
ciadas devido ao seu pequeno tamanho, podendo
ser colocadas em qualquer ambiente, como escritó- Percebe-se, portanto, que a arte Rococó busca
rios, salas de música ou leitura. retratar o cotidiano dos aristocratas, ou seja, é uma
arte voltada à satisfação das classes mais abastadas.
Uma das obras mais famosas é a estátua de Voltaire,
produzida por Houdon.
Em se tratando da pintura, Trindade (2007) des-
taca que há grandes diferenças em relação ao bar-
roco. Veja a seguir as principais características do
rococó descritas por Santos (2005);
• desenvolvia temas mundanos, ambientados em
parques e jardins ou em interiores luxuosos.
• As personagens não são mais de inspiração po-
pular, e sim membros de uma aristocracia ociosa
que vive seus últimos tempos de fausto antes da
Revolução Francesa.
• Desaparecem os contrastes radicais de claro-escu-
ro e passam a predominar as tonalidades claras e
luminosas.
• A técnica do pastel passa a ser bastante utilizada,
pois ela permite a produção de “certos efeitos de
delicadeza e leveza dos tecidos, maciez da pele fe-
minina, sedosidade dos cabelos, luzes e brilhos”
(SANTOS, 2005, p. 119).
70
DESIGN
71
considerações finais
Caro(a) aluno(a), nesta unidade, você teve contato com a arte que se desenvolveu
desde a Idade Média até o século XVIII, ou seja, Renascimento, Barroco e Rococó.
Cabe destacar aqui que, em cada um desses momentos históricos que deram ori-
gem às diversas manifestações artísticas, percebe-se um processo de rompimento
com os padrões anteriores, assim como uma preocupação com a estética que foi se
desenvolvendo de diferentes formas, em cada um dos estilos estudados, manifestan-
do-se na arquitetura, escultura, pintura e decoração.
Na Idade Média, vemos o surgimento de uma arte cristã que já se manifestava no
Império Romano e que amadurece ao longo do período medieval, com uma temática
voltada à valorização da Igreja Católica. A arquitetura nesse período, assim como
a pintura, se voltavam para a construção e decoração de Igrejas. Vemos, portanto,
nesse período, os estilos românico e gótico que antecedem o Renascimento.
Com o fim da Idade Média, vemos a arte mudando de feições, não apenas as ques-
tões religiosas são o centro da arte, mas a vida nas cidades, assim como a vida de
personalidades marcantes. O mecenato se desenvolve, proporcionando aos artistas a
possibilidade de explorar a arte graças ao patrocínio de burgueses, nobres e reis. De-
vido a esse fato, veremos um grande desenvolvimento da arte em todos os sentidos.
Após o Renascimento, vemos o Barroco e, em seguida, o Rococó. O Barroco se
opõe à racionalidade da arte renascentista e busca explorar a dramaticidade e o sen-
timento tanto na arquitetura quanto na pintura e escultura. Já o Rococó surge após
o Barroco com outros valores estéticos, voltados a vida fútil da sociedade aristocrata.
A arte desse movimento era mais leve e delicada em relação ao Barroco, tendo como
função proporcionar prazer por meio da suavidade e delicadeza.
Vemos, portanto, caro(a) aluno(a), que a arte expressa o estilo de vida de cada
sociedade, os anseios e acontecimentos históricos que influenciam a vida cotidiana.
72
atividades de estudo
1. A arte cristã surgiu muito antes da Idade Média. Referente a essa arte, leia as
afirmativas e marque a alternativa correta.
I. A arte cristã surgiu no momento em que os cristãos ainda eram perseguidos
pelo Império Romano.
II. As manifestações de arte eram realizadas em igrejas e túmulos.
III. As manifestações artísticas, em sua maioria, eram pequenas pinturas realiza-
das em catacumbas, com adorno ao túmulo dos católicos.
IV. Esse tipo de arte era aceito pelos romanos, que também eram católicos, não
havendo perseguição.
73
atividades de estudo
74
atividades de estudo
6. A arte Rococó foi feita para uma determinada classe social, a aristocracia. Que
valores refletia a arte Rococó?
75
LEITURA
COMPLEMENTAR
Como sugestão para leitura complementar e para que você, caro(a) aluno(a), vislumbre
mais uma das vertentes onde a arte se manifesta, apresento-lhe este artigo que narra uma
reflexão acerca do conteúdo Arte e Moda, assim você pode conhecer um pouco mais sobre
a sinergia que acontece entre essas duas áreas.
Resumo
A Roupa de Artista, como linguagem artística, pode estabelecer interessantes conexões
entre a moda e a arte. Apresentamos aqui uma breve reflexão em que buscamos compre-
ender de que forma a arte se apropria da roupa como objeto expressivo e como linguagem,
e que tipos de diálogos podem ser estabelecidos pela arte por meio da Roupa de Artista.
Palavras-chave: Roupa de artista. Arte. Moda. Linguagens artísticas.
[...]
Muito se discute a respeito do que pode ser classificado como arte. Desde muito cedo, a
estética e a filosofia da arte se ocupam dessa questão. Com os alargamentos sofridos pela
arte, e com suas transversalidades, muitas confusões surgiram no momento em que obje-
tos de uso cotidiano adentraram as portas dos museus e ali se instalaram. Danto (2010, p.
42, grifo do autor) chega a indagar-se: “afinal, que tipo de predicado é “uma obra de arte?”.
Afirmar, hoje, que um objeto é ou não uma obra de arte acaba se tornando um verdadeiro
desafio, em um momento em que uma infinidade de coisas podem ser chamadas de arte.
Archer (2001, IX) sugere que, “quanto mais olhamos, menos certeza podemos ter quanto
àquilo que, afinal, permite que as obras sejam qualificadas como “arte”, pelo menos de um
ponto de vista tradicional”. Enquanto alguns estudiosos continuam defendendo o caráter
essencialmente espiritual e não utilitário da obra de arte, outros, como Danto e Ostrower,
buscam revisar as teorias da arte, a fim de adequá-las à nova realidade:
76
LEITURA
COMPLEMENTAR
Para ser arte, tem que ser linguagem. Qualquer ato pode ser
significativo. Por exemplo, uma bofetada. Mas não precisa ter
significado artístico. Para tanto, o conteúdo do ato teria que ser
objetivado através de formas de linguagem, e comunicado, atra-
vés dessas mesmas formas (OSTROWER, 1999, p. 76).
Inserir a moda, ou mais especificamente a roupa, como linguagem artística, nos coloca
diante do desafio de buscar seu espaço na arte. Mendonça (2006, p. 11, grifo do autor)
comenta que “a criação do vestuário é forçosamente arte visual aplicada e, portanto, con-
figura uma linguagem artística”. Se considerarmos as ideias de Ostrower (1999, p. 197)
quando afirma que “o que determina o caráter artístico de uma imagem é a expressividade
das formas de linguagem”, então estaremos mais perto de encontrar nosso denominador
comum entre a arte e a moda.
77
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
Maria Antonieta
Idalberto Chiavenato, Arão Sapiro
Ano: 2005
Sinopse: a princesa austríaca Maria Antonieta (Kirsten Dunst) é en-
viada ainda adolescente à França para se casar com o príncipe Luis
XVI (Jason Schwartzman), como parte de um acordo entre os países.
Na corte de Versalles, ela é envolvida em rígidas regras de etique-
ta, ferrenhas disputas familiares e fofocas insuportáveis, mundo
em que nunca se sentiu confortável. Praticamente exilada, decide criar um universo à parte
dentro daquela corte, no qual pode se divertir e aproveitar sua juventude. Só que, fora das
paredes do palácio, a revolução não pode mais esperar para explodir.
Comentário: excelente estudo sobre arquitetura, arte, pintura e indumentária da época,
além de uma visão única sobre a corte, bem como seus costumes.
78
DESIGN
Como vimos nesta unidade, há uma continuidade das manifestações artísticas desde a re-
nascença até a atualidade e, por isso, prosseguimos também com o documentário. Assista a
continuidade de História da Arte — Das Origens ao Legado Grego (PARTE II).
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=UkD-CgyXYIM>.
79
referências
80
gabarito
1. b
2. c
4. b
5. c
6. A arte do Rococó refletia, portanto, os valores de uma sociedade fútil que bus-
cava nas obras de arte algo que lhe desse prazer e a levasse a esquecer seus
problemas reais. Os assuntos explorados pelos artistas deveriam ser as cenas
graciosas, realizadas de tal forma que refletissem uma sensualidade sutil.
81
ARTE NO SÉCULO XIX E XX
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Impressionismo e Pós-impressionismo
• Arte Moderna
• Arte Pós-moderna
Objetivos de Aprendizagem
• Apresentar as características do Impressionismo e Pós-
impressionismo, que deram espaço a Arte Moderna.
• Apresentar os movimentos que fazem parte da Arte
Moderna e seus artistas.
• Apresentar os movimentos que fazem parte da arte Pós-
moderna e seus artistas.
unidade
III
INTRODUÇÃO
Impressionismo e
Pós-Impressionismo
Caro(a) aluno(a), após o Rococó, temos ainda mo- arte, por meio do Impressionismo, movimento que
vimentos artísticos que se desenvolveram nos sécu- se inicia no final do século XIX e vai influenciar
los XVIII e XIX e que vão preparar as bases para o drasticamente o século XX.
Impressionismo. Estamos falando dos estilos Neo- Além do Impressionismo, veremos também o
clássico, Romantismo e Realismo. Todos esses mo- Pós-impressionismo, para então entender como se
vimentos ocorreram em um curto espaço de tempo, desenvolveu a Arte Moderna e também a Pós-mo-
em média um século, ou pouco menos de 100 anos. derna, ou seja, como os padrões artísticos se altera-
Contudo, como afirma Trindade (2007), é a partir ram mais drasticamente no século XX, como desta-
do século XX que veremos uma ruptura maior na ca Trindade (2007).
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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
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mento em si, cujos temas envolvem bailarinas e ca- de que o Pós-impressionismo foi uma continuida-
valos. Veja uma de suas obras na Figura 3. de do Impressionismo, como o objetivo de romper
Apesar de o Impressionismo ter se desenvolvido barreiras e levar o movimento a um outro patamar.
de forma mais intensa na pintura, há que se desta- Podemos citar como representantes desse movi-
car o trabalho de Auguste Rodin (1840-1917), que mento Paul Cézanne (1839-1906), Vicent Van Gogh
se volta para a escultura. O artista obtém excelentes (1853-1890) e Eugène-Henri-Paul Gauguin (1848-
resultados buscando capturar, de forma tridimen- 1903).
sional, um determinado movimento humano. Trin- Para Janson e Leal (2001), muitos pintores que
dade (2007) afirma que sua obra mais significativa se destacaram no Pós-impressionismo foram tam-
foi a escultura “O beijo” (Figura 4). bém precursores do Cubismo, pois já buscavam uma
Os pinotes citados até o momento trouxeram simplificação baseada em formas geométricas, como
novos olhares para a arte, mas este era apenas o é o caso de Paul Cézanne, que tem a natureza morta
começo. Entre os anos de 1886 e aproximadamente como um de seus temas prediletos. Esse pintor tra-
1908, quando se dá o surgimento do Cubismo, vere- balha com volume e cores essenciais, ressaltando os
mos um novo momento do Impressionismo, ou seja contornos em preto.
o Pós-impressionismo (SANTOS, 2012).
Para Gombrich e Cabral (1999), esse movimen-
to chamado de pós-impressionista foi uma busca de
inovação na arte percorrida por artistas que busca-
vam novas formas de expressão.
Assim sendo, Janson e Leal (2001) afirmam que
essa expressão pós-impressionista:
89
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
Já Vicent Van Gogh desenvolveu um aspecto bas- perspectiva e o volume são descartados” (TRINDA-
tante particular na pintura relacionado a cor. Para DE, 2007, p. 72).
Gombrich e Cabral (1999), esse pintor desenvolve Vê-se, portanto, que esse pintor realizava seus tra-
na cor uma estrutura conturbada e emocional. Em balhos de forma simplificada sem, no entanto, deixar
suas obras, as cores primárias são predominante- a expressividade e o trabalho com a cor tornar suas
mente fortes, especialmente o amarelo. As cores peças irrelevantes, pelo contrário, a harmonia entre a
permanecem sobre as formas, sendo trabalhadas composição, as cores e os traços é fundamental.
por meio de pinceladas pequenas e dinâmicas que, No Pós-impressionismo, vimos que todos os
unidas, compõem a cena. pintores estão em fase de experimentação e que a
Eugène-Henri-Paul Gauguin realizou um traba- forma e a cor são os temas centrais, ora priorizando
lho sobre a inspiração do romantismo. Inicialmen- um, ora o outro (SANTOS, 2005).
te, buscou paisagens campestres se concentrando A partir do Pós-expressionismo, veremos uma
no Taiti. Sua obra preocupa-se com a cor: “forte e série de movimentos artísticos que se desdobram
vibrante é a essência de sua obra. Suas formas são e vão dar início ao que se chama de arte moderna,
simples, sintéticas, estáticas, suas cores chapadas, a tema de nosso próximo tópico.
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SAIBA MAIS
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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
Arte Moderna
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de todos os lados, simultaneamente. Levada Seu primeiro quadro cubista foi Les Demoiselles
às últimas consequências, essa tendência che- d’Avignon, de 1907, que pode ser observado na
gou a uma fragmentação tão grande dos se-
Figura 9.
res, que tornou impossível o reconhecimen-
to de qualquer figura nas pinturas cubistas Observa-se que a obra é composta por diver-
(SANTOS, 2005, p. 154). sas faces geométricas e que não possui formas mais
• Cubismo Sintético. Basicamente, essa ten- definidas, imitando uma imagem de caleidoscópio
dência procurou tornar as figuras novamente ou um espelho quebrado. A desconstrução real da
reconhecíveis. Mas, apesar de ter havido uma figura e sua construção por meio dessas formas ge-
certa recuperação da imagem real dos obje- ométricas, assim como o jogo de tons claros e es-
tos, isso não significou o retorno a um trata- curos, ainda permite observar profundidade e tri-
mento realista do tema. O Cubismo Sintético
dimensionalidade.
foi chamado também de Colagem porque
introduziu letras, palavras, números, pedaços Depois do Cubismo, temos ainda o Futurismo
de madeira, vidro, metal e até objetos inteiros (1909-1914), movimento dirigido para o futuro,
nas pinturas (SANTOS, 2005, p. 155). cravando o aniquilamento da arte anterior, impres-
SAIBA MAIS
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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
Figura 10 - O Grito
Fonte: Santos (2005, p. 152).
96
DESIGN
sionista, naturalista. Cultuava a mudança, a inven- Observamos que cada um desses movimentos têm
ção, a velocidade, a produção e a máquina. Esse suas inquietações e que elas se ampliam com o pas-
movimento artístico e literário nasceu na Itália, em sar do anos. Assim como o Expressionismo demons-
1909, tendo como objetivo trava inquietação por meio dos sentimento, o Dada-
ísmo (1916-1921), que nasceu durante a 1º Guerra
representar a realidade em movimento, o mo- Mundial (1914-1918), é fruto da falta de sentido que
mento em ação, colocando o espectador no
se abateu na Europa nesse período. Eles vão de en-
centro da obra. Era uma influência da nova
sociedade do automóvel, da velocidade (TRIN- contro aos princípios construtivos da antiga ordem,
DADE, 2007, p. 74). baseada no racionalismo e na lógica.
Assim, eles adotam a desordem, o caos, a incoe-
Outro movimento que veio a trazer grandes rom- rência, o absurdo, o ilógico. Seu objetivo era chocar,
pimentos foi o Expressionismo (1905-1930). Esse foi um movimento literário e artístico de amplitude
movimento artístico é marcado pela insatisfação, por internacional, que cultuava, basicamente, o desejo de
um desespero, por uma angústia perante a realidade revolucionar ideias tradicionais (TRINDADE, 2007).
que é transmitida às telas por meio de formas e cores Contudo, é no Surrealismo (1924 - ) que veremos
fortes que causam grande impacto ao observador. uma ruptura bastante forte e o nascimento de uma
O Expressionismo carregava consigo a essência arte com o intuito de buscar novos caminhos sob a
de uma sociedade que entrava em uma crise exis- influência do Dadaísmo. Além dessa influência, ve-
tencial, onde a tecnologia e a barbárie começavam remos a desconstrução cubista e o expressionismo se
a aparecer. Para Santos (2005, p. 152), esse movi- aliando para dar origem a algo novo (AGRA, 2004).
mento “procurou expressar as emoções humanas e Cabe destacar ainda que o Surrealismo é muito mais
interpretar as angústias que caracterizam psicologi- complexo e carrega consigo outras influências que
camente o homem do início do século XX”. não somente a artística, mas sim aquelas que vêm dos
O movimento traz a tona reflexões existenciais e o estudos dos sonhos, de Freud, da psiquiatria que co-
lado obscuro do ser humano, o egoísmo, a individuali- meça a se desenvolver no período. Portanto, o Surre-
dade e arrogância, que são traduzidos em cores, linhas alismo carrega consigo essa influência do sonho, do
e formas que expressam nitidamente esses elementos. surreal, do inconsciente, como destaca Agra (2004).
O precursor do movimento foi o pintor Edvard Para os surrealistas, as obras de arte assumem
Munch, que em sua famosa obra “O Grito” conse- características distintas. Santos (2005) enumera al-
guiu expressar uma profunda angústia e desespero. guns prontos importante, vejamos:
Isso se deu por meio da utilização de pinceladas • A obra de arte não é o resultado de mani-
festações racionais e lógicas do consciente;
curvas e distorção dos objetos por meio delas; assim
como o contraste em cores frias e quentes e a expres- • As obras de arte são as manifestações do
subconsciente, absurdas e ilógicas, como as
são contida na figura humana representada na tela
imagens dos sonhos e das alucinações, que
criam um cenário de completo desespero e angústia. produzem as criações artísticas mais inte-
Observe, caro(a) aluno(a), na Figura 10. ressantes;
97
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
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REFLITA
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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
Arte Pós-Moderna
A Segunda Guerra Mundial trouxe mudanças sig- sumo e formas de expressão. Nesse momento, a arte
nificativas ao estilo de vida da sociedade, e com elas passa por novas experimentações, adquirindo novas
ocorreram uma série de questionamentos e uma configurações (SANTAELLA, 1994). Portanto, o
vida voltada ao consumo, à produção, ao progresso
e tudo que adivinha com eles. [...] pós-moderno não é apenas uma outra pa-
lavra para a descrição de um estilo particular.
Os bens de consumo passaram a ser produzidos
É também um conceito periódico cuja função
levando em consideração o design; a estética e a arte é relacionar a emergência de novos caracteres
também passaram por essas influências ao se torna- formais na cultura com a emergência de um
rem mais abertas às novas configurações que envol- novo tipo de vida social e uma nova ordem eco-
viam a mídia e o consumo. nômica – ou seja, aquilo que é sempre eufemis-
ticamente chamado de modernização, socieda-
Assim, a arte Pós-moderna, ou Contemporânea,
de pós-industrial ou de consumo, sociedade das
vem dessa junção entre arte e industrialização, con-
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101
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
SAIBA MAIS
Fonte: as autoras.
Figura 14 - Obras de Romero Britto
102
DESIGN
As obras de Romero Britto são apenas um exemplo A arte contemporânea é composta por artistas
do que se pode encontrar enquanto arte contempo- reconhecidos e também por artistas anônimos que
rânea. Santos (2005) afirma que com o desenvolvi- colorem muros, paredes ou espaços com diversas
mento das tecnologias, veremos o cinema enquanto composições, dando origem ao grafite de rua.
expressão de arte; a fotografia crítica, às instalações Portanto, caro(a) aluno(a), conceituar e enten-
onde o público interfere nas obras; a arte performá- der essa arte que nos rodeia vai muito mais além
tica, a arte que vem das ruas, como o grafite. do que simplesmente reconhecer grandes pintores,
Para Santos (2005), a arte que se desenvolveu a mas, acima de tudo, é necessário entender que ela
partir da Segunda Guerra Mundial aos dias de hoje assume diferentes configurações estéticas e que vai
corresponde a uma ampla variedade de manifesta- muito além da escultura, pintura e arquitetura. Ela
ções, onde tecnologias, materiais e técnicas se com- perpassa o industrial, o artesanal, o conceitual e o
binam para dar vida a novas formas de expressão, reprodutível. Espero que tenha apreciado a leitura
nos mais variados ambientes. e até breve.
103
considerações finais
Caro(a) aluno(a), chegamos ao fim de nossos estudos sobre a história da arte. Nesta
unidade, você percebeu que há uma grande variedade de formas de expressão ligadas
à arte do século XX.
Isso se deve ao fato de que houve um grande processo de desenvolvimento tecno-
lógico que acabou por influenciar a vida cotidiana e também a arte. Aliás, em termos
de arte, você deve ter percebido que muitos movimentos se desenvolveram simulta-
neamente, ou seja, no mesmo período histórico ou sem grandes rupturas temporais.
O Impressionismo e o Pós-impressionismo são dois movimentos que trouxeram
grandes rupturas e novos olhares sobre a arte, abrindo caminho para a experimen-
tação e novas possibilidades de interferência sobre as obras, como no caso do Cubis-
mo, que acrescentou colagens em algumas obras.
A arte moderna é marcada por uma série de movimentos que passam a questio-
nar padrões estéticos e o estilo da sociedade e, ao mesmo tempo, refletem os avanços
dela. No caso do Surrealismo, vemos a psiquiatria influenciando a arte e isso irá
acontecer de forma ainda mais intensa na arte Pós-moderna, onde a tecnologia e
o consumo vão transformar meros objetos em expressão de arte, como é o caso do
rosto de Marilyn Monroe, que faz parte do Pop-Art.
Temos, ainda, o exemplo do pintor Romero Britto, que trabalha suas obras com
elementos cotidianos acrescentando traços de ilustração gráfica e um carácter lúdico
sobre a influência da Pop-Art.
Portanto, podemos dizer que no século XX não falamos em arte, mas expressões
artísticas em movimentos e estilos que coexistem e se desenvolvem em diferentes
momentos. Podemos citar como exemplo o grafite de rua, o cinema e as instalações
como expressão da arte contemporânea, ou seja, uma arte plural que se manifesta de
formas variadas.
Espero que essa leitura sobre a história da arte o ajude a entender um pouco
mais sobre como utilizamos materiais, formas, cores e texturas para expressar nossos
ideais e valores contemporâneos.
104
atividades de estudo
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atividades de estudo
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atividades de estudo
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LEITURA
COMPLEMENTAR
108
LEITURA
COMPLEMENTAR
res da atualidade estão se atendo a esse fenômeno de consumo e linguagem. Com o am-
paro teórico da literatura especializada e também de relatos colhidos em revistas de moda,
este artigo procura responder a algumas dessas indagações: de que forma a moda e a arte
conceitual se relacionam? Existe um paralelo possível entre essas formas de linguagem?
Afinal, qual é o propósito das coleções conceituais? Para dissertar sobre esse assunto tor-
na-se necessário, primeiramente, verificar o que é a arte conceitual e o que ela representou
em termos de mudança da linguagem no campo das artes. Após essa explanação, o texto
procura tratar de moda conceitual, e para isso utiliza três estilistas conceituados: o inglês
Alexander McQueen e os brasileiros Alexandre Herchcovitch e Jum Nakao.
109
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
Sede de viver
Ano: 1956
Sinopse: o filme conta a vida de um dos maiores gênios de todos
os tempos da pintura, Vincent Van Gogh. Famoso artista dividido
entre a prodigiosa inspiração do seu gênio e a angustiante escuri-
dão de uma mente atormentada.
O vídeo apresenta em detalhes como se deu o surgimento da Arte Moderna e seu contexto
histórico em sua relação com a Arte Contemporânea.
Acesse o link disponível em: <http://https://www.youtube.com/watch?v=c7WAbSnINuQ>.
110
referências
AGRA, L. História da arte do Século XX: ideias e movimentos. São Paulo: Anhembi
Morumbi, 2004.
DEMPSEY, A.; MOURA, C. E. M. Estilos, escolas e movimentos: guia enciclopédico
da arte moderna. São Paulo: Cosac Naify, 2005.
GOMBRICH, E. H.; CABRAL, Á. A história da arte. 16. ed. Rio de Janeiro: LTC,
1999.
JANSON, H. W.; LEAL, M. B. História geral da arte: renascimento e barroco. 2. ed.
São Paulo: Martins Fontes, 2001.
RUIZ, J. M. M. A arte e a moda conceitual: uma reflexão epistimologica. Rev. Cesu-
mar Ciências humanas e ciências aplicadas. On-line, v. 12, N. 1, 2007. Disponível em:
Acesso em: 26 set. 2017.
SANTAELLA, L. Pós-moderno & semiótica. In: CHALLUB, S. (org.). Pós-moderno
&: semiótica, cultura, psicanálise, literatura, artes plásticas. Rio de Janeiro: Imago,
1994.
SANTOS, M. G. V. P. História da arte. 16. ed. São Paulo: Ática, 2005.
______. História da arte. 17. ed. São Paulo: Ática, 2012.
STRICKLAND, C.; BOSWELL, J. Arte comentada: da pré-história ao pós-moderno.
15. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2014.
TRINDADE, S. História da Arte. Bahia: Faculdade de Tecnologia e Ciências, 2007.
REFERÊNCIA ON-LINE
1
Em: em: <https://alistadelucas.wordpress.com/2012/02/04/as-15-melhores-obras-
-de-salvador-dali/>. Acesso em: 29 jul. 2017.
111
gabarito
1. C.
2. B.
3. D.
4. A.
5. B.
6. Em suas obras, Romero Britto, muitas vezes, trabalha com formas básicas e
objetos cotidianos que, ao terem seus traços alterados pelas inserções de li-
nhas, cores e estampas, adquirem um aspecto mais expressivo e, ao mesmo
tempo, lúdico.
Romero Britto desenvolve sua arte sobre a influência do Pop-Art, acrescen-
tando caracteres estilísticos das histórias em quadrinhos assim como da arte
gráfica. Seu estilo é carregado com formas e cores fortes.
112
UNIDADE
IV
O DESIGN
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• O design e sua origem
• Movimentos importantes para o design
• O Design pelo mundo
Objetivos de Aprendizagem
• Apresentar o conceito de design e seu surgimento.
• Apresentar os movimentos mais importantes para o design
como: Arts e Crafts e Bauhaus.
• Apresentar como o design se manifestou em alguns
países, inclusive no Brasil.
unidade
IV
INTRODUÇÃO
Olá, caro(a) aluno(a)! Seja bem-vindo(a) a quarta Unidade do livro sobre His-
tória da Arte e do Design. Após você conhecer mais sobre a História da Arte
e como ela se manifestou por meio do desenvolvimento das civilizações, nesta
unidade, vamos entender a palavra Design em nosso meio, como ela está presen-
te em nossa vida diariamente, qual o significado da palavra, onde e quando ela
surgiu e como foi o início de sua influência em nosso mundo.
Depois, vamos conhecer o princípio de sua história, quais eram os aconteci-
mentos que o permeavam, os processos de transformação, algumas de suas ca-
raterísticas e relações com o Design e conhecer sobre a história da Revolução
Industrial.
É importante lembrar que o Design não caminha sozinho, não são os pro-
cessos e as teorias somente que fazem ele funcionar, e sim o desenvolvimento e
comportamento humano, os acontecimentos da sociedade, os movimentos his-
tóricos, as descobertas e as inovações, as oposições e apoios de determinados
conceitos e assuntos. Todo esse mover, que faz o mundo caminhar cada dia, é que
transformam o Design no que estudamos e vivenciamos hoje. Portanto, veremos
os dois movimentos que mais o influenciaram: Arts e Crafts e Bauhaus.
Também vamos compreender a forma de atuação do Design nos principais
países em que ele atua e perceber que existem correlações entre eles, mesmo
quando falamos de sociedades diferentes. Conheceremos os autores principais
nesses países, suas características e ideais seguidos.
E, por último, veremos como o Design chegou ao Brasil, quais eram as prin-
cipais características no início, percebendo essa correlação entre os países, as in-
fluência do desenvolvimento da História da Arte ao surgimento do Design em
nosso país, e conheceremos como nossa profissão tem se desenvolvido em nosso
próprio país.
Esteja preparado e aguce a vontade de ler e aprender sobre esses tópicos. Es-
peramos que seja um tempo produtivo e de grande aprendizado.
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
do da palavra Design?
A palavra em si não existe no contexto da língua Contudo, a origem mais remota da palavra está no la-
portuguesa, porém, como o inglês é uma língua con- tim designare, verbo que abrange ambos os sentidos,
siderada universal, e estamos habituados a conviver o de designar e o de desenhar (CARDOSO, 2008).
118
DESIGN
Em 1958, a palavra Design foi mencionada pela pri- que é a Revolução Industrial, entre os séculos XVIII
meira vez no “Oxford Dictionary”, descrita como: e XIX, a qual veremos no próximo capítulo desta
• Um plano desenvolvido pelo homem ou um unidade.
esquema que possa ser realizado É aqui que vemos o Design se inserindo na so-
• O primeiro projeto gráfico de uma obra de ciedade como parte da história política, social, eco-
arte ou nômica e cultural, mostrando a necessidade de uma
• Um objeto das artes aplicadas ou que seja útil nova forma de agir e pensar em relação ao funcio-
para a construção de outras obras (BURDEK;
namento e desenvolvimento do dia a dia do homem.
CAMP, 2006, p. 15).
Para finalizar o estudo da palavra e do significa-
A palavra Design é dotada de vários significados, do do Design, vamos entender o que o Internacional
como planejar, designar, desenhar e formar. E é den- Design Center, de Berlim, em 1979, por ocasião de
tro desse conflito de significados que o Design surge uma de suas exposições, descreveu sobre o Design:
para ir além do que a arte já sugeria ao homem. • Bom design não se limita a uma técnica de
Vamos pensar em uma obra de arte, por exem- empacotamento. Ele precisa expressar as par-
plo, criada por Van Gogh, que pintava seus quadros ticularidades de cada produto por meio de
uma configuração própria;
com uma intenção de forma, cores e luz, para chegar
• Ele deve tornar visível a função do produto,
em um resultado final de uma imagem de girassó-
seu manejo, para ensejar uma clara leitura do
is. Se ele quisesse vender quadros de girassóis, será usuário;
que conseguiria pintar todos eles exatamente iguais?
• Bom design deve tornar transparente o esta-
(AZEVEDO, 2014). Seria praticamente impossível, do mais atual do desenvolvimento da técnica;
uma vez que, a cada quadro que ele pintasse, a mis- • Ele não deve se ater apenas ao produto em si,
tura da tinta poderia sofrer alterações, a influência mas deve responder a questões do meio am-
da luz e temperatura seriam diferentes, até sua mão biente, da economia de energia, da reutiliza-
poderia fazer traços diferentes. De alguma forma, ção, de duração e ergonomia;
esses quadros teriam detalhes únicos, e é aí que o • O bom design deve fazer relação do homem e
trabalho do Design entra para agir de forma dife- do objeto o ponto de partida da configuração,
especialmente nos aspectos da medicina do
rente, por meio dos mecanismos, do planejamento e
trabalho e da percepção (BURDEK; CAMP,
dos princípios envolvidos, o projeto de uma imagem
2006, p. 15).
ou objeto seriam sempre o mesmo.
É a partir desse trabalho do artista ou artesão, Podemos concluir que a palavra Design surgiu da
e do desenvolvimento humano e da sociedade, que necessidade de elaboração de projetos, para a pro-
surge a necessidade de processos mais práticos, em dução em série de objetos por meios mecânicos
que os projetos são feitos a partir de esboços, mode- (CARDOSO, 2008, p. 21). Devido ao crescimento
los e planos que sugerem a ideia de uma produção da população mundial, o desenvolvimento de tec-
em massa (CARDOSO, 2008). nologias e a expansão das cidades, uma fabricação
Podemos dizer que o Design surgiu a partir de apenas artesanal dos produtos não sanaria as neces-
um momento muito importante em nossa história, sidades de todos em um tempo hábil.
119
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
Segundo Cardoso (2008), o design é fruto de três trias e uma longa jornada até que você possa tomar
grandes processos históricos entre os séculos XIX e seu cafezinho. Antigamente, nada disso existia e o
XX. O primeiro é a industrialização, que trabalha a café era consumido por quem plantava e colhia em
reorganização de fabricação e distribuição de bens sua própria terra de vivência. Como nosso mundo
devido ao crescimento de produtos e consumidores. mudou, nada disso seria capaz de acontecer se não
O segundo é a urbanização moderna, onde a popu- existisse o Design.
lação passa a se aglomerar nas metrópoles. E o ter- Vamos começar pela Revolução Industrial, que
ceiro, é a globalização, que faz as redes de comércio ocorreu entre os séculos XVIII e XIX, na Europa,
crescerem, transporte, comunicação e sistemas de que foi o processo de modificação da fabricação de
funcionamento para todo esse crescimento. produtos que gerou transformação do dia a dia do
Podemos pensar em como o Design contribuiu homem. Diferente do processo do artesão, que fa-
para viabilizar as mudanças em nossa sociedade no bricava e vendia diretamente o seu produto, a indus-
exemplo que Cardoso (2008) explicou sobre o café: trialização começou a criar sistemas de produção,
Existe um desafio por trás de uma simples xícara de em que esses produtos eram feitos em massa para
café que você toma. Depois de plantado, colhido e atender a demanda da população.
ensacado, o café precisa ser transportado, secado,
torrado, moído e passar por processos industriais
antes de ser embalado e vendido a você. Essa cadeia
de produção e distribuição exige processos de trans-
porte, engenharia, identidade visual dos rótulos e
embalagens, marketing, desenvolvimento das indús-
SAIBA MAIS
120
DESIGN
Os produtos primários da agricultura eram comer- Esse processo de industrialização, para Cardoso
cializados em várias partes do mundo para obter (2008), fazia com que a grande quantidade de traba-
lucro por meio da troca desses produtos e, a partir lhadores fosse cortada se existisse profissionais mais
daí, desenvolver a mecanização do trabalho, já que capacitados, no caso, o Designer, para desenvolver
as inovações tecnológicas começaram a surgir no fi- processos de produção mais eficientes e sem a ne-
nal do século XVIII, fazendo com que esse ciclo de cessidade de tanta mão de obra. Porém, não era tão
comercialização pudesse ser mais rápido (CARDO- fácil assim fazer isso em todas as fábricas, e o fato da
SO, 2008). mecanização crescer, tornou mais fácil o início da
Segundo Cardoso (2008), os principais produ- pirataria dos produtos. Foi assim que surgiu a ne-
tos desenvolvidos eram considerados artigos de cessidade de sigilo entre os profissionais que traba-
luxo, utilizados, claro, pela sociedade nobre, em que lhavam em determinado projeto. Entre os anos de
o sistema mais completo de produção de artigos de 1830 e 1860 começaram a surgir os sistemas de leis e
luxo foi desenvolvido na França, por Luís XIV e seu patentes para valorizar o trabalho do designer.
superintendente Jean-Baptiste Colbert, produzindo No século XIX, essa industrialização acarretou
móveis, vidros e tapeçarias para o rei. E essa ideia foi em um crescimento urbano muito grande e rápido.
passada para os outros países, que começaram a de- Foram surgindo as metrópoles, bairros residenciais
senvolver suas manufaturas, baseadas nos produtos e industriais, redes de transporte e comunicação vi-
que possuíam em abundância em suas terras ou nas sual. As pessoas começavam a conviver mais tempo
terras que dominavam em outras regiões. entre si, já que faziam os trajetos para o trabalho,
Cardoso (2008) diz que esse processo na orga- ficavam horas trabalhando juntos e obtendo essas
nização industrial passou por quatro fases: a esca- experiências urbanas. E o trabalho assalariado co-
la de produção que aumentou significativamente, meçou a aumentar o número de pessoas que podiam
atendendo mercados distantes; as fábricas e oficinas consumir algo além das necessidades primárias.
crescendo em tamanho, equipamento e número de Uma curiosidade apresentada por Cardoso
trabalhadores; a produção feita de forma mais seria- (2008) é de que entre as mercadorias mais consumi-
da e técnica para que um determinado produto fos- das depois dos produtos primários estão os impres-
se cada vez mais parecido na produção em massa; e sos, que trouxeram uma explosão de alfabetização
a divisão de tarefas e funções para execução de um das pessoas e uma necessidade de se ter algo para
projeto. fazer nos momentos em que eles não trabalhavam.
O que podemos refletir é que, a princípio, diría- Foi assim que surgiu o conceito de lazer popular e
mos que a Revolução Industrial foi muito mais um a necessidade de se criar espaços compostos de mu-
processo de desenvolvimento tecnológico e de má- seus, teatros, locais de exposição, parques e jardins.
quinas do que outra coisa. No entanto, se pensar- Toda essa transformação da sociedade trouxe a
mos melhor, veremos que foi mais uma mudança na necessidade de criação e organização das informações
organização de trabalho, de produção e distribuição e sinalização das ruas, cidades e locais de convivência
devido às transformações sociais que a sociedade es- pública. Surge, então, o crescimento dos impressos, da
tava sofrendo. comunicação e da informação por meio da imagem.
121
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
O Design, aqui, passa a ir além das paredes no- e artistas da época também diziam que essa indus-
bres e reais, de se alimentar de objetos de luxo para trialização era uma ameaça às tradições e causavam
alcançar o público urbano, principalmente devi- exploração aos trabalhadores.
do às necessidades de organização desses espaços. Surge a proposta de fazer o uso do Design como
Assim, o Design teve o seu papel nessa reconfigu- agente de transformação (CARDOSO, 2008, p. 76),
ração da vida social, contribuindo para projetar sendo uma necessidade de cuidado com os excessos
a cultura material e visual da época (CARDOSO, e com uma perda dos padrões morais da sociedade.
2008, p. 73).
É interessante observarmos que o papel do De- Derivando de Ruskin a ideia de que qualidade
do objeto fabricado deveria refletir tanto a uni-
sign começa a se expandir em várias áreas relacio-
dade de projeto e execução quando o bem-estar
nadas ao dia a dia do homem, como no transporte, do trabalhador (CARDOSO, 2008, p. 79).
na moradia, no lazer, nas roupas que usa, na higie-
ne, saúde e informação. Pense, então, que as diver- O Design entra em um processo de transforma-
sas áreas do Design, como gráfico, de produto e de ção em todo o funcionamento urbano, industrial, do
moda começam a se desenvolver nessa época. trabalhador e do homem em si. Seus processos vi-
É claro que, para uma revolução dessa propor- sam a praticidade, agilidade, comércio e bem-estar,
ção, não seriam todos que ficariam felizes com es- tanto do trabalhador quanto do consumidor final.
sas transformações. Uma reforma de cunho social Agora que você já entendeu o que é e como sur-
atinge principalmente a aristocracia e a igreja que, giu o Design, vejamos, a seguir, quais movimentos o
na época, dominavam o “sistema”. E os pensadores influenciaram.
122
DESIGN
Movimentos Importantes
para o Design
Olá caro(a) aluno(a), existem diversos movimentos lhos com uma estética mais detalhada, vemos que
que influenciaram o Design, como o Neogótico ou uma sequência de um novo movimento com enor-
Revivalismo Gótico, Arts e Crafts, Bauhaus, Moder- me repercussão mundial entre o final do século XIX
nismo e Pós-modernismo. Dentre esses movimen- e o início do século XX surge. Conhecido como Arts
tos destacam-se o Arts e Crafts e o Bauhaus como and Crafts (Artes e Ofícios), foi um dos movimentos
os mais significativos para o Design. Vejamos, então, históricos mais importantes do Design. A partir da
como foram esses dois movimentos. década de 1880, surgiu, na Grã-Bretanha, diversas
organizações dedicadas a projetar e produzir artefa-
O ARTS & CRAFTS tos de forma artesanal ou semi-industrial.
Após o Revivalismo Gótico, com o trabalho de Mor- A filosofia do movimento Arts and Crafts gira-
va em torno da repercussão dos valores produ-
ris voltado à editoração e à procura por criar traba-
123
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
tivos tradicionais defendidos por Ruskin... Os se torna um dos principais responsáveis pela implan-
integrantes do movimento buscavam promover tação da arquitetura moderna nos Estados Unidos.
maior integração entre projeto e execução, re-
Algumas sociedades e associações fundadas nes-
lação mais igualitária e democrática entre os
trabalhadores envolvidos na produção, e ma- sa época foram: a Century Guild, Art Worker’s Guild,
nutenção de padrões elevados em termos da Guilda dos Trabalhadores de Arte (1884), a Guild
qualidade de materiais e de acabamento (CAR- and School of Handicraft e a Arts and Crafts Exhibi-
DOSO, 2008, p. 83).
tion Society, exposição quadrienal de móveis, tape-
çaria, estofados e mobiliário, realizada em Londres,
Os ideais repercutidos desse movimento ficaram em 1888.
conhecidos como craftmanship, palavra inglesa que Já no Brasil, as preocupações com relação ao in-
expressava ideias de grande acabamento artesanal e dustrialismo eram quase nulas, porém a filosofia do
profundo conhecimento do ofício. movimento Arts & Crafts trouxe uma reflexão base-
Logo, esses ideais foram se espalhando para ou- ada nas deficiências da sociedade imperial, na falta
tros países europeus e para os Estados Unidos, exer- de mão de obra qualificada, já que a maioria eram
cendo influência sobre o surgimento dos primeiros escravos. Por isso, por volta de 1850, surgiram ini-
movimentos modernistas. Segundo Cardoso (2008), ciativas de promover a formação técnica e artística
temos o exemplo de Frank Lloyd Wright, que utiliza do trabalhador brasileiro. Cardoso (2008) diz que,
interpretações inovadoras dos princípios de Ruskin e em 1855, uma reforma feita por Araújo Porto-Ale-
Morris, com gosto simples, naturalista e artesanal, e gre, diretor da Academia Imperial de Belas Artes,
passou a ministrar um curso para alunos artífices,
que ensinava o desenho industrial.
Assim, começaram a surgir escolas de artes e
ofícios no Brasil, como o Liceu de Artes e Ofícios
SAIBA MAIS
124
DESIGN
125
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
126
DESIGN
de Moholy-Nagy e Meyer, ou da fase final sob tografia. O fundamento principal era que essas ofici-
Mies van der Rohe, em que o ensino da arquite- nas sempre ensinassem sobre os princípios da forma
tura passou a ser privilegiado quase que exclu-
e da cor.
sivamente (CARDOSO, 2008, p. 133).
É possível percebermos que a escola da Bauhaus
A ideia de se aliar a estética à variedade de materiais deixou o legado do funcionalismo, em que a forma
produzia objetos cuja funcionalidade aparente ga- ideal de um objeto é determinada pela sua função,
nhava irreverência na estética e um ar de inovação. trazendo, muitas vezes, fórmulas prontas, em que
Não se trata de um objeto de arte, mas sim de um alguns nem mesmo sabiam o porquê de as usarem
objeto funcional com valor de arte, como mostra a e quais as razões de elas existirem. Claro, isso tam-
Figura 4, que traz uma cadeira. bém resultou na produção em massa dos processos
O design na Bauhaus sempre foi pensado como industriais, mesmo que a maioria dos alunos fossem
uma ação construtiva, como atividade unificada e artistas e artesãos.
global e refletindo em muitos aspectos humanos. Por fim, as crises de teorias que cada um impu-
Por isso existiam aulas e oficinas de várias discipli- nha na escola, as crises sociais e políticas, o Nazis-
nas, como cerâmica, metal, tecelagem, mobiliários, mo e a Segunda Guerra Mundial fizeram com que
vitrais, pintura mural, pintura de cavalete, escultu- a escola fosse fechada em 1933. Contudo, mesmo
ra e talha, encadernação, impressão gráfica, teatro, fechada, transmitiu seus ideais para o modernismo
arquitetura, design de interiores, publicidade e fo- do Design e a expansão dele na sociedade.
127
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
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DESIGN
GRÃ-BRETANHA
Caro(a) aluno(a), neste livro já estudamos o concei- Para você se situar geograficamente, a Grã-Bretanha
to da palavra Design e suas funções, como ele surgiu representa uma das muitas ilhas britânicas da Euro-
no mundo, em que contexto histórico foi inserido e pa e, nela, está incluso: Escócia, Inglaterra e País de
as transformações que gerou nas sociedades. O que Gales.
você vai ver neste capítulo é a forma como o Design
se comportou em alguns países mais relevantes, já Costuma-se chamar a Grã-Bretanha como ter-
ra mãe do design, já que lá se iniciou no século
que, como vimos, o Design não é apenas uma for-
18 a industrialização, que foi decisiva para o de-
ma de criar e produzir algo, mas se relaciona com senvolvimento do design industrial (BURDEK;
o comportamento do homem, a sociedade que está CAMP, 2006, p. 73).
inserido, a história, a cultura, a política, a economia
e tudo que envolve o funcionamento de um deter- Depois da invenção da máquina à vapor, em 1765,
minado local. pelo escocês James Watt, o período de industrializa-
ção cresceu muito rápido. As máquinas começaram
a ser desenvolvidas para influenciar no transporte,
no trabalho, nos materiais e na vida das pessoas.
129
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
Os mais significativos representantes do design bri- Já após a Segunda Guerra Mundial, o que cresceu na
tânico para Nikolaus Pevsner (1957) eram: John região foram as empresas automobilísticas, uma vez
Ruskin, William Morris, Christopher Dresser, Char- que as inovações tecnológicas começaram a se jun-
les Rennie Mackintosh, Walter Crane e C. R. Ashbee. tar às tradições do design. Podemos citar a Jaguar,
Em 1915, foi até criada a Design and Industries Mini Cooper, Rover, entre outras.
Association (Associação do Design e da Indústria), Nos anos de 1960, vemos que a cultura pop bri-
que visava uma transformação no modo de pensar tânica influenciou muito o design, a propaganda, a
design e indústria. arte, a música, a fotografia, a moda, o artesanato e a
Depois da Primeira Guerra Mundial, os desig- arquitetura de interiores. Foi uma época de mudan-
ners se voltaram para a tradição artesanal, proje- ça de estilo de vida, principalmente do jovem lu-
tando móveis, vidros e têxteis, como um exemplo, a tando contra o conservadorismo. Bandas, como os
Wegdwood, que até hoje é uma das maiores empre- Beatles, Rolling Stones e Pink Floyd representavam
sas do mundo na indústria de cerâmica, porcelana e esse estilo dos jovens. Esse fenômeno estético cul-
vidro (BURDEK; CAMP, 2006). Outro exemplo foi tural atingia ramos como o da arquitetura, em que
Douglas Scott, que trabalhou para a London Trans- o grupo Archigram, por exemplo, desempenhou
port e projetou o legendário ônibus de dois andares o papel de movimento de vanguarda (BURDEK;
(Double-Decker) em 1946. CAMP, 2006).
A produção dos objetos para o Design de inte-
riores cresceu muito por meio de Sir Terence Con-
ram, que criou a rede de lojas Habitat, em 1964, com
uma moderna cultura de massa e uma conscienti-
zação progressista do design. Temos exemplos de
grandes escritórios de Design, conhecidos até hoje
como FITCH, IDEO e Pentagram.
Quando os anos 1980 chegaram, as instituições
britânicas começaram a investir pesado no ensino
e, assim, todas as áreas do Design vão tomando
proporções ainda maiores na sociedade: design de
moda, design corporativo, design visual e o design
digital. Estudiosos calculam que, no início do século
XXI, cerca de 10% do PIB da Grã-Bretanha seriam
produzidos pelo design e seus serviços (BURDEK;
CAMP, 2006, p. 83).
130
DESIGN
131
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
132
DESIGN
A Figura 7 apresenta uma das obras de Gaudi. A URSS também contribuiu para o desenvolvimento
do Design por meio da Vanguarda Soviética. Foi um
Nos anos 1980, a Espanha tinha forte influência do movimento que teve início no começo deste século e
design italiano, com um movimento de vanguarda e tinha relação com uma reformulação da estética do
característica neomodernas. Contudo, é importan- design. É importante sabermos que esse movimento
te saber que a época que o Design realmente estou- de vanguarda queria entender a forma de um ponto
133
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
de vista tal que permitisse levar os objetos ao povo alguns dos pontos que influenciaram a expressão do
(AZEVEDO, 2014). Design (BURDEK; CAMP, 2006, p. 177).
A preocupação dos artistas e designers, nessa Os Estados Unidos foi um país que difundiu
época, era reforçar uma profunda mudança social, o design orientado para o sucesso, o domínio do
para que o povo fosse o maior beneficiado nas ações produto-cultural. Alguns dos principais imigran-
da arte e do design. Ao mesmo tempo que esse movi- tes que vieram para o país foram Herbert Bayer,
mento acontecia na União Soviética, sofria influên- Walter Gropius e Ludwig Mies van der Rohe. Eles
cias do Manifesto Futurista da Europa, que mostrava trouxeram algumas tendências funcionalistas da
que não era possível descartar a máquina, mas que Bauhaus.
o homem tinha que compreender as mudanças que A produção em massa do século XX foi bem
ela traria, além de desenvolver a coletividade urbana desenvolvida nos EUA por causa da mecanização
e não ter medo do futuro. É aí que o movimento da e automação. Diferente de um aspecto só funcio-
vanguarda entra, colocando o Design como inter- nalista, os Estados Unidos reconheceu o incenti-
mediário do homem e da máquina. vo à venda de um bom design (BURDEK; CAMP,
A palavra de ordem era construir (AZEVEDO, 2006).
2014, p. 27). Foi a partir desse lema que surgiu o Surge, então, a década do Streamline, derivado
Construtivismo na Rússia, mas essa reformulação es- de princípios aerodinâmicos, símbolo da mobilida-
tética foi derrubada na década de 1930, quando Sta- de da sociedade americana. O que os designers que-
lin assumiu o poder e trouxe de volta a arte tradicio- riam era tornar seus produtos irresistíveis, de acordo
nal figurativa, conhecida como Realismo Socialista. com o desejo do usuário. A pesquisa de novos ma-
Depois do Socialismo veio o Comunismo, e as teriais e tecnologias cresceu e muitos profissionais e
mudanças de estrutura da sociedade e economia empresas começaram a surgir.
também geraram mudanças no Design. Aos poucos, Os anos 1960 foi um período de conflito pelos
o Design foi entrando no mercado competitivo, mas movimentos de crítica social e econômica, relacio-
mesmo assim passou por muitas crises relacionadas nadas ao consumo excessivo. Contudo, não impediu
às condições de trabalho. que os EUA chegassem aos anos 1980 como um país
de enorme influência global no aspecto do design.
ESTADOS UNIDOS Podemos citar como exemplo empresas atualmen-
te conhecidas, como Ford, Harley Davidson, Apple,
Vemos que, a partir do século XVIII, muitos imi- IBM, Microsoft, Xerox, Nike e Tupperware, que sur-
grantes foram para a América do Norte, levando giram nessa época.
junto suas influências culturais, técnicas e econô- E, para finalizar, podemos citar como uma re-
micas, tornando-se um público tolerante à diversi- gião de extrema importância mundial para o De-
dade de mídias e estilos. Puritanismo e cultura pop, sign, o Vale do Silício, localizado na Califórnia, que
espírito inovador e obsessão econômica, presença é considerado o centro mundial do Design. Um
hegemônica e preservação de culturas regionais são centro cheio de grandes nomes e empresas relacio-
134
DESIGN
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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
136
DESIGN
começamos a enxergar o Design no Brasil como algo Campana, que têm feito um trabalho de mobiliário
além de processos, forma ou estilo e movimento cul- baseado no artesanato e projeto peculiar, com mate-
tural. Design é projetar para o desenvolvimento de riais geralmente descartados ou improváveis.
uma sociedade que tenta sempre melhorar em suas Espero que você tenha apreciado a leitura e com-
questões políticas, sociais, econômicas, ambientais, preendido a importância do design, os movimentos
com uma procura maior por sustentabilidade devi- que mais o influenciaram e como ele se desenvolveu
do ao crescimento exorbitante das tecnologias e des- pelo mundo.
truição de matéria-prima e meio ambiente.
Segundo Burdek e Camp (2006), os pontos fortes
das atividades de Design no Brasil são a indústria do
mobiliário, com bastante exportação, e, desde os anos
1980, o que vem crescendo é a indústria da compu-
tação e das telecomunicações. O design no Brasil é
uma atividade relativamente nova e ainda tem muitos
campos a explorar em relação a outros países.
E, para finalizar, podemos citar como autores
principais do desenvolvimento do Design no Brasil
Alexandre Wollner, que criou a Escola Superior de
Desenho Industrial (ESDI), no Rio de Janeiro, no
início dos anos 1960, baseado na escola de Ulm, que
ele cursou na Alemanha; Sérgio Rodrigues, um ar-
quiteto que se especializou em design de mobiliário
e que criou a empresa OCA, inclusive, ganhou um
prêmio com a criação da poltrona Mole no Con-
curso Internacional de Design de Móveis de Cantu,
na Itália (BURDEK; CAMP, 2006).Também temos
Lina Bo Bardi, que criou o estúdio Palma, em São
Paulo, em 1948, executando projetos das primeiras
cadeiras dobráveis para serem empilhadas, por meio
da ideia “do it yourself ” (faça você mesmo); Oscar
Niemeyer, arquiteto que projetou Brasília, em 1957,
transpirando pela primeira vez o design brasileiro
no âmbito internacional, trabalhando sempre com
linhas orgânicas e construções esculturais de con-
creto (AZEVEDO, 2014). E, atualmente, os irmãos
137
considerações finais
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atividades de estudo
139
atividades de estudo
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LEITURA
COMPLEMENTAR
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LEITURA
COMPLEMENTAR
especificamente coreana, nem a H&M de sueca ou a Embraer de brasileira). Por outro lado,
e esta é a segunda estratégia, isso não exclui a existência de traços culturais distintivos que
possam ser apropriados como território de posicionamento. Um bom exemplo é o das
marcas de moda cariocas, que têm tido sucesso comunicando em condensado a ideia de
um estilo de vida jovem e descolado, associado à praia e ao verão. Tal estratégia também é
marcante no trabalho de designers mais autorais. Finalmente, uma terceira via, mais recen-
te, surge cruzando identidades e dando origem a linguagens que desafiam as classificações
tradicionais. É o caso da Shang Xia, nova marca de luxo que se originou da parceria entre a
francesa Hermès e a estilista chinesa Jiang Qiong Er. O resultado é um híbrido de elegância
minimalista europeia com estética orientalizante.
Para concluir, cito um trecho do capítulo novo que escrevi para o relançamento em e-book
do meu livro “Universo da Moda”, e que vem bem a calhar: “Querer a todo custo emitir
sinais de ‘identidade brasileira’ pode ser tão desastroso quanto o esforço para ser engra-
çado. É grande o risco de que o resultado seja o oposto daquilo que se pretendia: o ser
vira parecer, a piada perde a graça. Em pleno século XXI, a brasilidade não deve ser tratada
como um fim a ser alcançado em si mesmo, mas como um meio de dizer outras coisas, de
contar outras histórias, muito mais relevantes para o consumidor do que a reafirmação de
uma identidade nacional”.
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DESIGN
Arquitetura e Design
Adélia Borges
Editora: Editora Viana e Mosley
Ano: 2003
Sinopse: dia 22 de setembro de 2007, o arquiteto e designer Sér-
gio Rodrigues comemora 80 anos e, para homenageá-lo, a editora
Viana & Mosley está publicando uma reedição comemorativa do
livro “Sergio Rodrigues”, com texto de Adélia Borges. Nesta nova edição acrescida, convi-
damos também alguns designers e arquitetos para escreverem frases em homenagem ao
Sérgio Rodrigues. Como parte da coleção Arquitetura e Design, este livro é uma introdução
à obra do designer Sergio Rodrigues, com 44 imagens e um texto de autoria da jornalista
Adélia Borges.
Alexandre Wollner, um dos pioneiros do Design no Brasil, fala sobre suas experiências de
trabalho pessoais, os conhecimentos adquiridos na escola de Ulm, na Alemanha, e como ele
enxerga a evolução do Design em nosso país.
Acesse o link disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=s7LOZLMRRO0>.
143
referências
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <https://ericreber.wordpress.com/2009/04/13/the-arts-and-crafts-movemen-
t/#jp-carousel-124>. Acesso em: 02 ago. 2017.
2
Em: <http://mundodasmarcas.blogspot.com.br/2006/07/giorgio-armani-o-em-
prio-da-moda.html>. Acesso em: 02 ago. 2017.
3
Em: <www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/tesesabertas/0510309_07_cap_02.pdf>.
Acesso em: 27 set. 2017.
4
Em: <http://www.abcdesign.com.br/deve-ser-meio-nao-fim/>. Acesso em: 27 set.
2017.
144
gabarito
1. d.
2. b.
3. a.
4. a.
5. A Bauhaus passou por fases bastante distintas, sob três diretores (Gropius,
Hannes Meyer e Mies van der Rohe), em três diferentes cidades (Weimar, Des-
sau e Berlim). Sempre sendo dominada por um ideário socialista, por isso essa
constante mudança devido a fatores políticos.
Por fim, as crises de teorias que cada um impunha na escola, as crises sociais
e políticas, o Nazismo e a Segunda Guerra Mundial fizeram com que a escola
fosse fechada em 1933. Contudo, mesmo fechada, transmitiu seus ideais para
o modernismo do Design e a expansão dele na sociedade.
145
ÁREAS DO DESIGN
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Design de interiores
• Design de moda
• Design efêmero
• Design gráfico
• Design de produto
• Design digital
Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer a área de atuação em interiores, os processos e as ferramentas de trabalho
e os projetos desenvolvidos por um profissional da área.
• Entender os projetos de Design Efêmero, quais são as áreas de atuação, os principais
conhecimentos necessários e exemplos de projetos.
• Conhecer sobre a profissão do design em Moda e as principais áreas de atuação no
mercado de trabalho.
• Descobrir o objetivo desta área profissional, quais os ramos de criação e trabalho, as
ferramentas utilizadas e os tipos de projeto a serem executados pela profissão.
• Compreender as atuações de um designer de produto, as fases de criação e
desenvolvimento e seu posicionamento no mercado.
• Entender os processos de transformação das tecnologias, e os processos da evolução
do design para o mundo de hoje e sua atuação no mundo digital.
unidade
V
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a),
Seja bem-vindo(a) à última unidade deste livro, na qual você pode-
rá aprender mais sobre a História da Arte e do design, seus principais
estilos, as épocas mais marcantes, seus significados, autores e obras en-
volvidas.
Em nosso dia a dia, podemos perceber que o Design está inserido em
praticamente todas as nossas ações, em tudo que temos em nossa volta.
Desde a casa em que moramos, o tênis que usamos, a escova de dente, a
marca do leite que tomamos no café da manhã, o ônibus que pegamos
para ir pro trabalho, a xícara do café, as redes sociais que acessamos e até
o cartaz do show que queremos ir. Tudo no mundo, hoje, se interliga por
meio do design e, para que isso chegue até nós, os profissionais precisam
estudar e desenvolver seus conhecimentos teóricos e práticos para chega-
rem a um resultado que se adeque às necessidades e desejos do público
final.
Nesta unidade, vamos conhecer mais sobre as áreas que um profis-
sional de Design pode atuar e quando elas começaram a ganhar força no
mercado e na sociedade. Quais são os tipos de trabalho que o profissional
de design pode desenvolver, quais as ferramentas que você deve conhecer
e as ramificações dentro de uma área.
Dentro dessas áreas que se manifestam o Design, vamos conhecer: o
Design de interiores, o Design Gráfico, o Design de Moda, o Design de
Produto e o Design Digital.
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
DESIGN DE
INTERIORES
O Design de interiores é uma área que vem crescendo O que, anteriormente, era denominado como de-
cada dia mais no mercado do Design. O que antes era coração de interiores, em que se faziam pequenas
apenas um ramo desenvolvido por arquitetos que cria- transformações com objetos, iluminação e materiais,
vam mobiliário ou projetavam alguns espaços internos, hoje, é estudado como a ciência de projetar os espa-
baseados em suas construções, ou até mesmo artistas ços baseados no comportamento das pessoas, para
que se interessavam devido a uma aptidão específica, criar algo relacionado à funcionalidade e à necessi-
hoje, se tornou uma profissão de renome e que exige dade dessas pessoas.
estudos específicos para projeção de interiores.
150
DESIGN
PROJETOS RESIDENCIAIS
A área mais conhecida para projetos de interior é a
área de projetos habitacionais; para isso, é necessário
um briefing baseado em seu cliente. É preciso que o
Design estude a fundo seus hábitos, suas preferências,
suas necessidades e, a partir daí, comece a desenvol-
ver o projeto do espaço, a distribuição e a criação de
mobiliário, a escolha de cores e materiais, o estilo, o
revestimento e o acabamento, a iluminação, que esta-
beleçam relação com o briefing feito no início.
PROJETOS COMERCIAIS
Os projetos comerciais não são muito diferentes de
projetos residenciais, pois o desenvolvimento da
ideia, os briefings e os conhecimentos para o desen-
volvimento do projeto são os mesmos. Porém, em
projetos comerciais, tem-se um diferencial, pois não
haverão pessoas habitando o local; entretanto, há,
além do dono do estabelecimento, o consumidor que
vai usufruir do espaço em um determinado tempo.
É necessário, então, um conhecimento do perfil do
cliente, para que ajude na criação do projeto.
151
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
PAISAGISMO MOBILIÁRIO
Uma outra área em que o Designer de Interiores Para finalizar as área de interiores, temos, aqui, os
pode atuar é a de paisagismo. Tanto em áreas ex- projetos de mobiliário, que podem ser projetados
ternas quanto internas, públicas ou privadas, o pai- para um espaço completo, conhecidos como móveis
sagismo vem obtendo uma exigência ainda maior planejados, podendo ser um mobiliário específico,
daqueles que procuram o projeto de um designer. É como as cadeiras, por exemplo. Existem profissionais
importante saber sobre paisagem, cidade, história, que trabalham so-
espécies e plantas e suas relações com o local do pro- mente nessa área
jeto, empreendedorismo, sustentabilidade, urbanis- e cabe dizer que,
mo e processos de instalação. para criação de
mobiliário, é im-
ILUMINAÇÃO portante saber sobre
A área de iluminação é um outro setor em ascensão no o Design em geral,
Design de Interiores, que exige alguns conhecimen- história, contex-
tos técnicos e tecnológicos mais aguçados. Cálculo e to e conceito de
softwares serão muito utilizados, também, conheci- criação, prática
mentos sobre conforto ambiental, iluminação natural de projeto e desen-
e artificial, luminárias, projetos cenográficos, de lazer, volvimento de pro-
obras públicas e saúde. Há, ainda, os conhecimentos duto; veremos mais a
sobre sustentabilidade, já que estamos falando de pro- seguir sobre o Design
jeto que consome energia, gestão e instalação. de Produto.
152
DESIGN
DESIGN DE
MODA
Por que o homem se veste? A esta pergunta tão
essencial, foram muitas as tentativas de respos-
tas, mas estas sempre estiveram repertoriadas em
torno de três aspectos fundamentais: pudor, pro-
teção e ornamentação. Pudor para esconder sua
nudez, proteção contra as intempéries e adorno
para se fazer notar (CIDREIRA, 2005, p. 39).
153
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
DESIGN E CRIAÇÃO
Nessa área, o designer pode trabalhar como estilista,
a tão conhecida e cobiçada área da Moda, desenvol-
ver produtos, acessórios ou superfícies relacionados
à Moda, ser ilustrador ou joalheiro. Para trabalhar
com a área de criação, é necessário desenvolver habi-
lidades de criatividade, processos criativos, conhecer
sobre a história do Design, cores, materiais, indús-
O conceito de “estar na moda” se auto-explica e
se confunde. Tratar de moda implica lidar com tria e produção, além de estar sempre conectado às
elementos os mais complexos, especialmente transformações do mundo e da sociedade, cultura,
quando combinados. Entrando nesse assunto, economia, política e meio-ambiente.
tangemos valores como imagem, auto-imagem,
auto-estima, política, sexo...estética, padrões de
beleza e inovações tecnológicas, além de um ca-
leidoscópio de outros temas: desde condições cli-
máticas, bailes, festas, restaurantes ou uniformes
até cores (e a ausência delas), modelos, top mo-
dels, supermodels ou gente “normal”, mídia, foto-
grafia de moda, moda de rua, tribos (e a ausência
delas); música e diversão, mas também crise e
recessão, criatividade e talento. Dinheiro tam-
bém. E vaidade, competitividade, ego, modismos
e atemporalidades, história e futuro, excessos, ra-
dicalismos e básicos (PALMONIO, 2003, p. 8-9).
154
DESIGN
CONSULTORIA
Essa é uma área que não trabalha diretamente com
a criação, e sim com o usuário dos produtos finais
da Moda. Podendo ser personal stylist, consultor
de Moda, consultor de imagem, personal shopper,
agente de modelo e colorista.
Para trabalhar com consultoria, é necessário um
ótimo relacionamento interpessoal, conhecimento
de comportamento humano e estilos, já que, mais do
que escolher uma roupa considerada da moda atual,
é importante conhecer o cliente de maneira pessoal,
sua história, sua forma de pensar, o contexto em que
está inserido, para guiá-lo a uma melhor forma de se
comportar no seu dia a dia.
155
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
CONFECÇÃO MARKETING
Esse é o setor em que se coloca “a mão na massa”. Nessa área, pode-se trabalhar como produtor de
O profissional pode trabalhar como modelista, cos- moda, de desfile, fotógrafo, cabelo e maquiagem. São
turar, ser desenhista técnico, pilotista, tecnólogo de áreas do marketing da moda, em que o profissional
vestuário e gerente de produção. Quando uma co- trabalha para entregar, da melhor forma possível, um
leção é desenvolvida, por exemplo, após passar pela novo produto da Moda. Um lançamento de marca,
etapa de pesquisa e criação, ela vai ser executada e é uma nova coleção, uma nova tendência e/ou conceito.
aqui que entra o trabalho desses profissionais.
PESQUISA
ADMINISTRATIVA Na área de pesquisa, pode-se trabalhar como coo-
O setor administrativo é o responsável pela parte lhunting, curador de moda, historiador e professor
racional e comercial do Design de Moda. O são áreas relacionadas à pesquisa de moda, em que
empresário, administrador, gerente de moda e de todas as outras áreas são necessárias para o estudo, o
produto vai gerenciar e administrar a relação do conhecimento e o ensino. Além de saber do passado
produto com o mercado, conforme as transformações da Moda, é importante saber dos movimentos atuais
desse mercado, de uma marca ou uma empresa. Nessa e das possíveis transformações da Moda em si, da
área, é necessário desenvolver um conhecimento de sociedade como um todo e das influências que uma
marketing, administração e economia. tem sobre a outra.
156
DESIGN
É interessante conhecermos as áreas de atuação de dos a ver em desfiles famosos. Vai muito além disso
um Designer de Moda, para quebrarmos o paradig- e existe um contexto de pesquisa, desenvolvimento e
ma de que a Moda está relacionada somente ao esti- conhecimento muito importante dentro do Design
lista e todo aquele glamour que estamos acostuma- da Moda em nossa sociedade.
157
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
DESIGN
EFÊMERO
Os projetos efêmeros são aqueles que são transitó- rotina. Isto é, os projetos efêmeros são espaços que
rios e passageiros, que crescem no mercado de forma não estavam ali ontem e, talvez, não estejam amanhã,
explosiva no século XXI. Esse tipo de projeto tem- mas que bem projetados ficarão marcados na memó-
porário pode ser executado por profissionais da área ria daqueles que o viram.
de Design de Interiores, utilizando-se dos mesmos
princípios e processos de projeto e execução, inclu- PROJETO DE STAND
sive, essa área foi incluída em algumas matrizes de Começamos com projetos de vitrine, que são os
ensino do curso, por se tratar de uma área em grande projetos feitos em lojas comerciais, para divulgar
crescimento no mercado e com possibilidades muito o lançamento de novas coleções, novos produtos e
interessantes de atuação e criação. marcas, eventos, estações e promoções. São peque-
Como o nosso mundo caminha em constante nos cenários montados na entrada da loja e, para de-
mudança e inovação, cada dia mais rápido, os proje- senvolvê-los, é importante pensar no projeto de for-
tos efêmeros têm sido muito valorizados, pois são de ma a agregar ao produto em destaque os materiais,
forma intensa e, em prática, projetados, trazendo o as texturas, a iluminação, os objetos e os possíveis
olhar das pessoas pra algo que sai da monotonia, da manequins.
158
DESIGN
159
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
DESIGNGRÁFICO
O Design gráfico é a mais universal de todas realiza diversas funções, como classificar e diferen-
as artes. Está em toda parte, explicando, deco- ciar, informar, atuar em nossas emoções e dar for-
rando, identificando - impondo significado ao
ma aos nossos sentimentos em relação a tudo que
mundo. Está nas ruas, em tudo que lemos, sobre
os nossos corpos. Interagimos com o design da nos cerca. Nosso mundo, hoje, não vive mais sem o
sinalização de trânsito, da publicidade, das re- Design gráfico, pois, sem ele, nosso contato, nossas
vistas, dos maços de cigarro, dos medicamentos, informações voltariam a ser escassas e não sobrevi-
do logo da nossa camiseta, da etiqueta de ins-
truções de lavagem da nossa jaqueta (NEWA- veríamos, nossa comunicação seria difícil como an-
RK; FURMANKIEWICZ, 2009, p. 6). tigamente e, devido ao crescimento populacional e
ao desenvolvimento tecnológico e industrial, a falta
Segundo Newark e Furmankiewicz (2009), o design do Design gráfico seria inviável.
160
DESIGN
161
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
IDENTIDADE VISUAL
A área de identidade visual se inicia no desenvol-
vimento da marca, com a criação de logotipo, tipo-
grafia, símbolo e até o nome do produto ou serviço;
para isso, é necessário todo conhecimento teórico de
Design, mais o briefing do cliente e a pesquisa do
mercado em que essa marca vai atuar.
A partir daí, segue, também, o desenvolvimen-
to da identidade visual, que vai desenvolver os ele-
mentos corporativos, todos os materiais utilizados
na empresa, sinalização, ambientação e divulgação,
tudo de acordo com a marca criada.
EMBALAGENS
“Criar embalagens é contar histórias em uma área com-
ILUSTRAÇÃO pacta” (NEWARK; FURMANKIEWICZ, 2009, p. 130).
A ilustração é a parte do Design mais conectada à Arte, As embalagens devem caracterizar
na qual ele consegue imprimir valores autorais e sua o produto e diferenciá-lo
identidade em uma imagem feita, na maioria das ve- dos concorrentes, porém,
zes, à mão. Hoje, possuímos vários materiais para de- ainda é uma área que ten-
senvolver uma ilustração, desde tinta, lápis, nanquim, ta quebrar o paradigma do
até softwares. As ilustrações podem ser utilizadas tan- conservadorismo do design.
to para a divulgação de algo, como para ambientação O mercado de embala-
de um espaço, exposição ou expressão pessoal. gens é muito amplo e, em-
bora não existam muitos
FOTOGRAFIA escritórios que trabalham
Newark e Furmankiewicz (2009) afirmam que é co- com isso, as próprias fábri-
mum dizer que a invenção da fotografia revolucio- cas, indústrias e empresas,
nou a Arte. Foi uma transformação da expressão da contratam profissionais
imagem por meio de meios mecânicos, trazendo o para desenvolver em suas
Design para outro reino. embalagens. O profissional
E, para atuar no ramo da fotografia, é necessá- de designer de produto pos-
rio conhecer as ferramentas de uso, processos de sui essa habilidade e conhe-
impressão e revelação, iluminação, película de filme, cimento para desenvolver
estilos de fotografia e edição. projetos de embalagens.
162
DESIGN
EDITORAÇÃO
A área de editoração pode trabalhar com li-
vros, revistas e jornais e é um mercado am-
plo tanto para trabalhos impressos quanto
para trabalhos na web. É uma área que exi-
ge conhecimento de diagramação, tipografia,
cores, papéis e, também, o profissional deve
estar antenado aos assuntos relacionados ao
material a ser editado.
SINALIZAÇÃO
O design de sinalização trabalha mais do que
nenhum outro a função do projeto, pois precisa
sinalizar tanto locais que você procura, como si-
nalizar situações de alerta e aviso. Nesse sentido,
é importante saber que o trabalho com tipografia,
símbolo e cores sempre vão seguir uma certa legis-
lação que atenda a um certo grupo de usuários. As
sinalizações podem ser feitas em empresas priva-
das, ambientes públicos, trânsito, eventos especiais,
ou qualquer espaço que necessite de informação de
orientação ao público que ali transita.
163
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
DESIGN DE
PRODUTO
É especialmente um campo de atuação que en-
volve a concepção, a elaboração, o desenvolvi-
mento do projeto e a fabricação do produto, de
configuração física predominantemente tridi-
mensional (GOMES FILHO, 2006, p. 27).
164
DESIGN
Design digital
O Design digital vai tratar de todas as áreas que en- SAIBA MAIS
volvem projetos com softwares, sendo online ou of-
fline. O importante é que, por meio desses projetos,
Em se tratando de Design Digital, a Pixar é con-
vai se estabelecer interação com o público que utili- siderada a maior empresa de animação do
zará o resultado final do produto. mundo. Foi comprada por Steve Jobs em 1986,
antes era chamada Lucasfilm, e foi renomeada
Nessa área, a informática entra como ferramen-
para Pixar, que era uma junção das palavras
ta principal dos projetos de Design Digital, já que Pixar e Art. A primeira animação criada foi Toy
as mídias digitais fazem parte da nossa vida quase Story, em 1995, e hoje possui um acervo de
muitas animações conhecidas. Vale a pena
como o ar que respiramos.
conhecer mais sobre o trabalho desse grande
É possível desenvolver interfaces empresa- estúdio de Design de animação.
riais, aplicativos, jogos, animação, vídeos, ensino Para saber mais sobre a Pixar, acesse o link
a distância, videogames e sites. Pode-se, então, disponível em: <http://mundodasmarcas.blo-
trabalhar em empresas de mídias digitais, escritó- gspot.com.br/2006/05/pixar-studios-good-s-
teve-jobs.html>.
rios de Design, agências de publicidade, produto-
ra de cinema e animação, televisão e provedores Fonte: a autora.
de internet.
165
considerações finais
Caro(a) aluno(a),
Nesta unidade, conhecemos sobre as áreas de atuação do Designer como
profissional, quais suas definições e ramificações possíveis de trabalho dentro da
área.
Percebemos que, dentro das áreas de Design gráfico, de produtos, de inte-
riores, de moda, efêmero e digital existem muitas opções de trabalho para se de-
senvolver. É claro que, inicialmente, é necessário estudar o Design em geral, seu
conceito e história, de onde veio, qual seu objetivo e qual caminho tem traçado
ao longo de nossa história. Também é importante desenvolver habilidades e se
aprofundar em estudos específicos para melhorar seu conhecimento e descobrir
qual área você se identifica como profissional.
Lembre-se, também, de que Design vai além de conhecimento prático e te-
órico da área que você escolheu, mas é importante perceber o mundo em sua
volta, estar atento aos acontecimentos da sociedade, se relacionar e conhecer as
pessoas, ler, pesquisar, descobrir sobre cultura, arte, história, lugares etc, porque
Design é criar e projetar a partir do mundo em que vivemos.
166
atividades de estudo
167
LEITURA
COMPLEMENTAR
168
LEITURA
COMPLEMENTAR
Vamos nos remeter a alguns importantes autores que trazem essa discussão à tona e
evidenciam as relações entre arte e design.
Segundo o filósofo Vilém Flusser (1999), o design e a arte são derivados da arte e da
ciência e este “cruzamento fertilizado” leva à complementação criativa dessas duas áreas;
enquanto o designer Bruno Munari (1993), no final dos anos de 1980, relacionava tanto a
arte quanto o design como ofícios. Neste sentido, acreditava-se que o design deveria ser
remetido à ideia de arte, em que o designer restabelecia o contato entre a arte e o públi-
co, entre a arte viva e o seu destinatário/observador/usuário. Uma arte integrada à vida,
rompendo com a separação de coisas belas para admirar (por exemplo: uma pintura)
e coisas feias (por exemplo: um eletrodoméstico) para utilizar. Podemos perceber que
para Munari, a arte e a estética são importantes e devem estar presentes nos objetos e
produtos de design. Não é a arte destinada à contemplação pura, a fruição estética, mas
sim a arte para o cotidiano, para o uso nos atos da vida, onde produtos são desenvolvi-
dos com finalidades específicas e geram prazer na utilização, povoando o nosso univer-
so material, distantes e além do supérfluo (que Munari denomina de acaso ou capricho).
Partindo desse princípio, para Munari, o designer é, também, um artista, artista do nosso
tempo, pois deve enfrentar e resolver as necessidades e exigências da sociedade com
humildade e competência. Isso é possível quando o designer conhece o seu ofício, as téc-
nicas e os meios mais adequados para resolver qualquer problema de design com total
independência de qualquer preconceito estilístico. Portanto, para Bruno Munari (1993), o
designer é o profissional capaz de encontrar as soluções para os problemas estéticos co-
letivos e o usuário, quando utiliza um objeto ou um produto projetado por um verdadeiro
designer, tem consciência da presença de um artista que trabalhou para ele, melhorando
as condições da vida humana e favorecendo a relação com o mundo da estética.
O arquiteto e crítico de arte Giulio Carlo Argan (2000) também se refere aos designers
como artistas com conhecimento da esfera produtiva que atuam em equipe e lidam
com produções de caráter cíclico. Para o autor, a arte está no design desde a tarefa cria-
tiva até a determinação de um ritmo estético e econômico dos atos da vida cotidiana.
169
LEITURA
COMPLEMENTAR
Segundo o que vimos e de acordo com os autores apresentados, a questão da arte pre-
sente no design não é apenas um ato de criação, mas uma arte destinada à sociedade,
na construção da cultura material de uma sociedade em uma determinada época.
Gillo Dorfles (1998), em seu texto As oscilações do gosto, trata o design como um campo
que dialoga com a arte, especialmente, pela questão do valor estético e compara o
design a um ‘tipo de arte popular’, pois acredita que o objeto criado em série equivale a
alguns objetos artesanais.
Para Alexandre Wollner (1998, p. 224), o designer é a evolução do artesão e do artista.
Vejamos, a seguir, esta definição.
[...] o artista sofre uma metamorfose evolutiva que parte do artesão essencialmen-
te inspirado e intuitivo, passando gradativamente a integrar a tecnologia (gráfica,
tipográfica) e a ciência (gestalt, semiótica), nos sistemas das redes de comunicação
e, hoje, a estruturar e organizar todo um sistema de informações, via multimídia.
O artista desenvolve um equilíbrio entre a sua inspiração/ intuição e o seu conhe-
cimento técnico-científico. Esses suportes são necessários para a sua criatividade.
Ainda segundo Wollner (1998), ao longo da história da arte, o artista passa a ser soli-
citado para a elaboração de produtos, tais como cartazes, jornais, revistas, integrando
conhecimentos que se estabelecem além do universo das artes e dos ofícios e exem-
plifica dizendo que nos anos pós-guerra, especificamente, na década de 50, na Europa,
surge a denominação programador visual, que pode ser definida como o artista com o
treinamento de designer, um planejador dos meios de comunicação visual, com forma-
ção altamente técnica, científica e social – econômica – política.
Podemos, assim, perceber que a relação arte e design é explicada por vários autores a
partir de comparações entre o papel do artista e o do designer, bem como com o papel e a
função da arte e do design, onde o designer é visto como um profissional que associa arte,
técnica, tecnologia, planejamento e conhecimento para as esferas culturais e produtivas.
O designer é, também, considerado um artista contemporâneo, onde suas produções -
objetos da cultura material e imaterial - são importantes e presentes na vida cotidiana
do ser humano.
O design é visto como o cruzamento, a relação entre arte e ciência; a partir da integra-
ção das artes e ofícios e também como arte popular no sentido da arte prática presente
no cotidiano destinada ao homem na sociedade da cultura material e imaterial.
170
LEITURA
COMPLEMENTAR
Essas questões são polêmicas no meio do design profissional, tanto que percebemos
que muitos autores não as enfrentam profundamente. No máximo, as discussões a
esse respeito, quando aceitas, resumem-se a pequenas comparações, chegando-se ao
absurdo de estabelecer que a maioria dos profissionais não têm condições de dominar
a matéria dessa discussão. Então, a saída mais simples e prática é dizer que design não
é arte e ponto final.
Entretanto, falta a reflexão e a discussão mais profunda das relações e inter-relações
estabelecidas entre o universo da arte e o do design. Muitos artistas são designers e
muito designers são artistas ou transitam entre essas duas áreas, a da Arte e do Design,
e praticam as experimentações típicas da atividade artística. Há, portanto, estreitas re-
lações entre esses universos de limites tênues.
Agnaldo Farias (1999) em seu texto Design é Arte? publicado na revista da ADG (Asso-
ciação dos Designers Gráficos/Brasil) exemplifica muito bem essa relação, observando
que: “a sedimentação do ‘mito da objetividade’ e das poéticas racionalistas que atraves-
sam a arquitetura e artes gráficas como o sol por uma vidraça...”. O autor argumenta
dizendo que essa atitude sedimentada e estabelecida nega a discussão e a abertura
para novas posições estéticas. Ao se estabelecer uma análise mais profunda, sem ran-
ços tradicionalistas, podemos perceber que o design gráfico contemporâneo se abre a
experimentações de toda a natureza, em poéticas densas e ruidosas.
Farias comenta acerca dos trabalhos de dois designers brasileiros: Rico Lins e Gringo
Cárdia e também aos estrangeiros: Tibor Calman e David Carson, que são profissionais
de grande relevância no campo do design, mas que estabelecem uma relação evidente
de seus trabalhos com as artes visuais, “chamando a atenção às propostas que, a des-
peito do imperativo de legibilidade tão cara aos racionalistas, rondavam perigosamente
a incompreensão, o que não as impedia de serem absorvidas e mesmo estimuladas
pelo mercado” (FARIAS, 1999, p. 27-28).
Como vimos, o design estabelece relações com a arte ora mais distantes e ora próxi-
mas, mas a discussão nessa área profissional sempre remete ao fato de que, na con-
temporaneidade, apesar do design pertencer à esfera produtiva, ainda guarda relação
e interface com a arte (VILLAS BOAS, 1998).
Farias, que nos lembra que, tendo em vista o avanço da produção cultural, cada área do
conhecimento humano deve ser aberta a debates e exemplifica:
171
LEITURA
COMPLEMENTAR
172
LEITURA
COMPLEMENTAR
faz a partir dela; antes da tecnologia ser aplicada, é preciso ter um projeto, que se
estabelece a partir das questões de criação, de pesquisa e de conceituação e, também,
por meio da tecnologia. Isto é, antes da tecnologia ser aplicada, empregada, deve existir
um projeto com conceito e propostas, indicando a aplicação, a sistematização e a utili-
zação da tecnologia.
Podemos afirmar, então, que o design tem uma estreita relação com a tecnologia, sen-
do esta um dos pilares do design e podemos dizer o mesmo com relação à arte. Não há
como se desenvolver um projeto sem a tecnologia e, também, sem os procedimentos
de criação, invenção e de inovação que advém da arte. É importante lembrar que um
projeto não é apenas e tão somente a tecnologia, ou puro tecnicismo ou pura arte
contemplativa ou vivencial (como as instalações e sites especificos da arte contempo-
rânea), mas sim a integração da tecnologia e da arte que dão sustentação aos aspectos
culturais, estéticos, funcionais e de linguagem do projeto que serão refletidas no pro-
duto que foi desenvolvido.
Sobre isso, e respondendo às definições que apontam o design como tecnologia, a de-
signer Escorel (2000, p. 63) questiona esse fato, argumentando que essa definição lhe
parece como uma tentativa não somente de apaziguar “[...] uma ansiedade classifica-
tória, mas também como se a tecnologia pudesse ser vista como um terreno defendido,
imune aos riscos representados pela intuição, pelo aleatório, pelo arbitrário” . A autora
ainda aborda e completa dizendo que se esse aspecto fosse tomado como único, o de-
sign, assim como qualquer outra atividade, poderia se inserir apenas em uma ‘unidade
tecnológica’.
A autora, ainda relaciona designer com design como sendo
A autora destaca, ainda, que, sendo o design uma linguagem, as renovações tecno-
lógicas não bastam “(...) para que uma linguagem alargue seus limites. É necessário,
também, que sua cota de informação não seja dissolvida, pois não há criatividade que
resista ao temor do novo, ao compromisso com o já feito e experimentado” (ESCOREL,
2000, p. 68).
173
LEITURA
COMPLEMENTAR
Sem o projeto não há como o design estabelecer uma relação com a tecnologia e com a
arte, a não ser como um exercício aleatório repleto de puro tecnicismo ou do livre fazer
criativo. Por consequência, a tecnologia - que é de suma importância, pois todo o projeto
para se materializar, para tomar forma, necessita do emprego da tecnologia - estabele-
ce estreita relação com o design, mas não o define completamente. A tecnologia, assim
como a arte, estabelece relações com o campo do design e essas áreas são encontradas
no universo e nas definições do design. Flusser (1999) nos lembra que a palavra grega
“techne significa ‘arte’ está relacionada a tekton, um ‘carpinteiro’. A ideia básica aqui é
que a madeira (hyle em grego) é um material sem forma ao qual o artista, o técnico, dá a
forma, fazendo com que ela apareça em primeiro lugar. “A objeção básica de Platão à arte
e à tecnologia era que elas traíam e distorciam formas teoricamente inteligíveis (‘ideias’)
quando transferiam isso para dentro do mundo material” (FLUSSER, 1999, p. 17).
Podemos observar que há certas palavras e definições que sempre estão presentes na
pesquisa de uma definição de design. O autor diz, ainda, que essa situação se deve ao
fato de essas palavras estarem ligadas a esse campo e também ligadas umas às outras,
configurando um campo comum de conhecimentos e de ações.
As palavras design, máquina, tecnologia e arte estão relacionadas uma com as outras,
um termo é impensável sem os outros, e todos eles derivam da mesma visão existen-
cial do mundo. Entretanto, essa ligação interna tem sido negada por séculos
Pelo menos desde a Renascença, a cultura burguesa moderna fez uma divisão
entre o mundo das artes e o da tecnologia e máquinas; assim a cultura dividiu-se
em dois ramos exclusivos: um científico, quantificável e ‘duro’, o outro estético,
avaliável e ‘flexível’. Essa divisão infeliz começou a tornar-se irreversível no final do
século dezenove. Na lacuna, a palavra design formou uma ponte entre os dois, ela
pôde fazer isso porque expressa a ligação interna entre arte e tecnologia (FLUS-
SER, 1999, p. 17).
E o mesmo ocorre quando se fala de beleza, de estética e de senso estético. Por exem-
plo, Bruno Munari (1993) se refere à beleza no campo do design como beleza aplicada
à técnica e à tecnologia, e não como beleza entendida no sentido abstrato do termo.
174
LEITURA
COMPLEMENTAR
Para ele, a beleza presente no campo do design contém uma coerência formal. Assim,
o autor expõe sua crença de como a beleza deve ocorrer em um projeto, o sentido
estético associado ou talvez subordinado à forma e à função de determinado produto.
O design é o campo, é a área por excelência que surge e atua a partir da relação com a
tecnologia. Devemos lembrar que foram as mudanças que ocorreram no processo de
industrialização que incentivaram as mudanças tecnológicas no momento em que o
design foi impulsionado e desenvolvido, sendo apontado, também, como o momento
de seu surgimento por muitos autores. Giulio Carlo Argan, em um artigo de sua autoria,
escrito em 1961 e publicado em 2000, diz que:
O homem moderno, o homem das grandes cidades, não identifica seu ambiente
com a natureza, mas com o mundo das coisas artificiais, feitas pelo homem para
o homem mediante uma tecnologia da qual sente orgulho como de uma criação
própria: ele quer, portanto, inserir o objeto no contexto de um mundo não natural,
mas social (ARGAN, 2000, p.127).
O ICSID – International Council of Societies of Industrial Design foi fundado em 1957 e seu
primeiro congresso ocorreu em 1959, em Estocolmo. O ICSID mantém suas atividades
até os dias atuais.
Em 1957, a definição do design foi realizada por essa instituição e ratificada em 1959,
tendo sido utilizada durante doze anos. A definição dizia que
[...] um designer industrial é uma pessoa que se qualifica por sua formação, seus
conhecimentos técnicos, sua experiência e sua sensibilidade visual para a tarefa de
determinar os materiais, as estruturas, os mecanismos, a forma, o tratamento de su-
perfície e a decoração dos produtos fabricados em série, por meio de procedimen-
tos industriais. Segundo as circunstâncias, o designer poderá se ocupar de um ou de
todos estes aspectos. Pode se ocupar também dos problemas relativos à embalagem,
à publicidade, as exposições e ao marketing, e no caso das soluções destes problemas,
além disto de um conhecimento técnico e de uma experiência técnica, requerendo
também uma capacidade de valorização (apreciação) visual” (BONSIEPE, 1978, p. 20).
A definição, a seguir, foi revista e substituída por uma proposta de Tomás Maldonado
e foi utilizada até os anos 70:
175
LEITURA
COMPLEMENTAR
[...] uma atividade no extenso campo da inovação tecnológica. Uma disciplina en-
volvida nos processos de desenvolvimento de produtos, estando ligada a questões
de uso, função, produção, mercado, utilidade e qualidade formal ou estética de
produtos industriais, com a ressalva de que a definição de design se daria de acor-
do com o contexto específico de cada nação (NIEMEYER, 1997, p. 24).
Atualmente, o ICSID (on-line apud MOURA, 2005, p. 11) assim define o design:
[...] o design é uma atividade criativa cujo alvo é o de estabelecer as qualidades mul-
tifacetadas dos objetos, dos processos, dos serviços e dos seus sistemas de vida em
ciclos completos. Conseqüentemente, o design é o fator central da humanização e
da inovação das tecnologias e o fator crucial da troca cultural e econômica.
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LEITURA
COMPLEMENTAR
A definição não tem como propósito apresentar conclusões definitivas, mas sim de
apontar temáticas presentes no universo do design como questões a serem ampliadas,
desenvolvidas, discutidas. Questões que devem ser analisadas, observadas por meio
das interfaces que essas áreas – design, arte e tecnologia - estabelecem, modificam e
constroem, como o design contemporâneo. Fica aqui o convite para a análise da arte e
da tecnologia e suas consequências para a cultura e para a sociedade contemporânea
por meio da vivência do design.
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LEITURA
COMPLEMENTAR
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DESIGN
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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
Inspirado nos figurinos de filmes famosos de Hollywood, o portal M de Mulher resolveu recriar
a história da moda por meio do cinema. O resultado é uma lista de 10 filmes super bacanas que
retratam a cena cultural de cada geração, começando pelo século XX até os dias atuais.
Disponível em: <https://www.silviadoring.com.br/a-historia-da-moda-atraves-do-cinema/>. Aces-
so em: 30 dez. 2015.
Conheça um pouco do trabalho do escritório Liquens, que trabalha com conceito, arquitetura
e design, principalmente os projetos efêmeros.
Disponível em: <http://www.liquens.com.br>. Acesso em: 30 dez. 2015.
Conheca um site sobre Design de embalagens muito criativo para você se inspirar e conhecer.
Disponível em: <http://www.thedieline.com>. Acesso em: 30 dez.2015.
Você pode conhecer um pouco mais sobre intervenções urbanas no documentário feito pelo
canal Futura, com o título “Intervenções artísticas urbanas” no canal do Youtube.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=WcPDyajKnok>. Acesso em: 30 dez. 2015.
180
referências
BROOKE, G.; STONE, S. O que é design de interiores? São Paulo: Senac, 2014.
CARDOSO, R. Uma introdução à história do design. São Paulo: Edgard Blücher,
2004.
CIDREIRA, R. P. Os sentidos da moda: vestuário, comunicação e cultura. São Paulo:
Annablume, 2005.
GOMES FILHO, J. Design do objeto – bases conceituais. São Paulo: Escrituras, 2006.
MATHARU, G. O que é design de moda? Porto Alegre: Bookman, 2011.
NEWARK, Q.; FURMANKIEWICZ, E. O que é design gráfico. Porto Alegre:
Bookman, 2009.
PALOMINO, É. A moda. São Paulo: Publifolha, 2003. (Folha Explica).
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <http://meiguiceaparte.com/faculdade-de-moda-mercado-de-trabalho-em-
-quais-areas-posso-atuar/>.
2
Em: <https://i.pinimg.com/originals/db/39/9d/db399d685100a-
41849246ab0e9881841.jpg>. Acesso em: 27 set. 2017.
3
Em: <https://papodehomem.com.br/25-intervencoes-urbanas-de-cair-o-queixo/>.
Acesso em: 27 set. 2017.
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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
conclusão geral
Prezado(a) aluno(a) do curso de Tecnologia em De- Você, como um(a) profissional do Designer, seja
sign, estamos finalizando o livro de História da Arte de Moda ou de Design de Interiores, deverá carregar
e do Design e estamos felizes que você chegou ao fim consigo o conceito de sua profissão, o que ela signi-
desta etapa. Esperamos que a análise da evolução fica e como atua em nossa sociedade, principalmen-
histórica do ser humano e as manifestações artísti- te porque aqueles que não estão inseridos em nosso
ca vivenciadas, sofridas e manifestadas por ele sirva meio profissional confundem muito sobre o real sig-
para que você entenda a essência criativa do ser hu- nificado do Design, sabendo também dos principais
mano e como isso se manifestará na própria realiza- movimentos do Design, de como ele se comportou
ção do seu trabalho. pelos diversos países e também aqui no Brasil. Não
Que você carregue consigo um pouco da história se esqueça de que essa história sempre irá influenciar
dessas manifestações artísticas, das suas caracterís- características, movimentos, conceitos e tudo o que
ticas, dos autores que contribuíram para evolução e permeia o Design.
transformação desses movimentos e das influências Esteja sempre atento às opções e novidades de
trazidas para nosso mundo e para a sociedade até atuação, aos ramos de trabalho e como você poderá
aqui. Que o conceito sobre arte e design estejam in- aperfeiçoar sua profissão e seu conhecimento, para
trínsecos em sua mente, para exercer suas habilida- que o Design influencie sempre, da melhor forma
des com mais excelência. possível, o mundo em que vivemos.
Lembre-se do conteúdo da história antiga, de Desejamos que você, caro(a) aluno(a), tenha
suas expressões e reflexões entre os povos, quais aprendido com este livro e que ele seja uma ponte
eram as formas de expressão artística, a influência para o sucesso em sua carreira, pois acreditamos que
na arquitetura, na burguesia e na sociedade. É im- os conteúdos aqui apresentados farão parte do seu
portante saber que as questões sociais serão sempre processo de conhecimento e dos passos para uma ex-
um dos principais motivos dessas transformações e celente profissão. Parabéns!
evoluções.
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