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RESUMO BASEADO NAS LEITURAS DOS LIVROS: CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL (FLÁVIO MARTINS, 2019); MANUAL DE

DIREITO CONSTITUCIONAL (NATHÁLIA MASSON, 2019) E CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL (ANA PAULA DE BARCELOS, 2018).

NOMENCLATURA
Título II “Direitos e Garantias Fundamentais”
ANO NOMENCLATURA
1824 “Garantias dos Direitos Civis e Políticos”
1891 “Declaração de Direitos”
“Declaração de Direitos” com acréscimo do capítulo “Dos Direitos e das Garantias
1934
Individuais”
1937, 1946 Declaração de Direitos” com acréscimo do capítulo “Dos Direitos e das Garantias
e 1967 Individuais”
1988 “Direitos e Garantias Fundamentais”
1
Flávio Martins (2019) destaca que ao adotar tal expressão o Brasil seguiu uma tendência
mundial, em que outros Estados estavam seguindo.
CONCEITO
Ana Paula de Barcelos2 (2018) destaca que os direitos fundamentais designam um conjunto de
direitos que a ordem jurídica reconhece/consagra com base na CONSTITUIÇÃO.
Flávio Martins pontua que os Direitos Fundamentais são normas que possuem um conteúdo
declaratório, previstos na Constituição.
TOPOGRAFIA
Inicialmente a Organização do Estado vinha após o Título I “Dos princípios fundamentais”, na
Constituição de 88 “Os direitos e garantias fundamentais” passa a ser o Título II, e assim é possível
perceber uma mudança do constituinte originário que define a pessoa humana como o centro de suas
preocupações, e dispensa a organização do Estado como centro.
A maior preocupação do Estado deve ser com o bem estar social, por isso é chamada de
“Constituição Cidadã”. Já que nas constituições anteriores o que era visto a incapacidade do Estado em
impedir a violência institucionalizada ou a não proteção do indivíduo.
DIREITOS FUNDAMENTAIS X DIREITOS HUMANOS X DIREITOS DO HOMEM
Direitos humanos → são direitos previstos em tratados e outros documentos INTERNACIONAIS,
mesmo que não estejam incorporados ao ordenamento jurídico de um país. Possuem BAIXA densidade
normativa.
Direitos fundamentais → são aqueles direitos reconhecidos pelo ordenamento jurídico interno
de um Estado, possuem ALTA densidade normativa.
Direitos do Homem → possui um caráter mais histórico (jusfilosófico) não possui densidade
normativa.

1
MARTINS, Flávio. Curso de Direito Constitucional. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
2
BARCELLOS, Ana Paula de. Curso de Direito Constitucional. Rio de Janeiro, 2018.
Todos pretendem assegurar e promover a dignidade da pessoa humana. (finalidade)
DIREITOS X GARANTIAS
Direito fundamental = normas de conteúdo declaratório. Ex.: Direito à vida, à saúde, etc.
Garantia fundamental = são normas de conteúdo assecuratório. É destinado a
garantir/assegurar os direitos previamente tutelados. (MARTINS, 2019) Ex.: habeas corpus, sigilo de
fonte, etc.
FUNDAMENTALIDADE
Os direitos fundamentais não são apenas aqueles expressos na Constituição, mas também
aqueles decorrentes dos princípios adotados pela Constituição (possível observar na Jurisprudência do
STF), como também dos tratados internacionais celebrados pelo Brasil.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Idade Antiga: não havia uma constituição que garantisse um rol de direitos fundamentais, havia
leis esparsas que regulavam alguns direitos, como o Código de Hamurabi (MESOPOTÂMIA), Lei das XII
Tábuas (ROMA), entre outros, por conseguinte, Ingo Wolfgang Sarlet destaca que “De modo especial, os
valores da dignidade da pessoa humana, da liberdade e da igualdade dos homens encontram suas raízes
na filosofia clássica, especialmente no pensamento greco-romano e na tradição judaico-cristã.
Saliente-se, aqui, a circunstância de que a democracia ateniense constituía um modelo político
fundado na figura do homem livre e dotado de individualidade”.
Idade Média: o marco teórico dos direitos fundamentais foi o fortalecimento do
jusnaturalismo, “existem direitos naturais que servem de base e fundamento ao direito positivo e que
não podem por este ser contrariados (MARTINS, 2019). O direito natural está em uma posição superior
ao direito positivo, já que é visto como uma norma advinda da vontade de Deus. Outro ponto
importante é a Carta Magna de 1215 que passa a ser a fonte normativa de vários direitos
fundamentais, como por exemplo o nascimento, mesmo que remotamente do habeas corpus (direito à
liberdade de locomoção) esses direitos eram direcionados a minoria populacional, como os barões.
Idade Moderna: contexto da Revolução Gloriosa com a substituição dos Stuart, católicos, por
Guilherme, protestante, durante essa revolução é possível perceber a ascensão de leis que visavam
limitar os poderes do soberano, no fim da Idade Moderna, nasce o Constitucionalismo moderno, e essas
primeiras constituições não visavam uma proteção aos direitos fundamentais, na França as mudanças
surgem com a promulgação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Na Constituição
francesa, no art 1º afirma que “os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais
só podem fundamentar-se na utilidade comum”.
Idade Contemporânea: nascimento do neoconstitucionalismo, alguns aspectos se destacam
como: 1 - a utilização dos princípios para a identificação dos direitos fundamentais, logo os direitos
que estão além da constituição podem ser considerados fundamentais. (ex. direito a busca pela
felicidade); 2 - intérprete deve dar a cada norma constitucional a maior eficácia possível, por
conseguinte, um dispositivo constitucional não pode ser desprovido de eficácia, tendo em vista a força
normativa da constituição; 3 - O transconstitucionalismo que seria um intercâmbio entre o direito
constitucional interno e o direito internacional; 4 - Uma maior utilização dos tratados internacionais
sobre direitos humanos, nesse sentindo os países escolhem como esses tratados serão disponibilizados
em seus ordenamentos jurídicos; 5 – a busca pelo cumprimento de um mínimo existencial, no Brasil o
STF destacou que o “Estado deve garantir gratuita e imediatamente a medicação e o tratamento dos
portadores de enfermidade graves’; e 6 – relatividade dos direitos fundamentais, os direitos não são
absolutos,
CARACTERÍSTICAS

Existe um núcleo mínimo de direitos que deve


UNIVERSALIDADE estar presente e todo lugar e para todas as
pessoas.
os direitos surgem em situações de necessidade,
HISTORICIDADE não surgem de uma vez só, é uma construção
histórica.
os direitos formam um sistema harmônico,
coerente e indissociável, logo é impossível a sua
INDIVISIBILIDADE
fragmentação, seja na tarefa de interpretação
como nos casos concretos.
não podem ser alienados, não são disponíveis, não
prescrevem, é excluída qualquer possibilidade de
IMPRESCRIBILIDADE/INALIENABILIDADE
sua disposição, seja ela material (destruição
física) ou jurídica (renúncia).
quando ocorrer o choque entre direitos, deve ser
RELATIVIDADE considerado que nenhum direito é absoluto, logo
são relativos.
impossibilidade de desrespeito aos direitos
INVIOLABILIDADE
fundamentais.
não devem ser interpretados isoladamente, mas
COMPLEMENTARIDADE
sim de forma conjunta, pois são um sistema uno.
a atuação dos Poderes Públicos deve ser pautada
EFETIVIDADE
na efetividade dos direitos e garantias.
possuem ligações com a finalidade de intensificar
INTERDEPENDÊNCIA
a proteção visada pelo catálogo de direitos.

GERAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS


O jurista francês Karel Vasak foi o primeiro a falar de uma teoria das gerações. Todavia, deve
ser compreendida o termo geração não como algo que seja superado, mas sim uma evolução.
PRIMEIRA
São aqueles que consagram meios de defesa da liberdade do indivíduo.
GERAÇÃO
SEGUNDA Considerados como direitos econômicos, sociais e culturais, são os direitos do bem-
GERAÇÃO estar, são os meios materiais imprescindíveis para a efetivação dos direitos individuais.
Surge num dualismo social, entre as nações desenvolvidas e subdesenvolvidas (final no
séc. XX). São os direitos de fraternidade ou solidariedade, direitos ao desenvolvimento,
TERCEIRA
progresso, um meio ambiente equilibrado, etc. São direitos que não se ocupam da
GERAÇÃO
proteção a interesses individuais, são direitos atribuídos genericamente a todos as
formações sociais.
São direitos metaindividuais, pois pertencem a uma coletividade.
São considerados os direitos à democracia, à informação e ao pluralismo, sendo
QUARTA requisitos para a concretização de uma sociedade aberta no futuro.
GERAÇÃO NOBERTO BOBBIO → acredita que sejam direitos relacionados a pesquisa biológica que
permitirá a manipulação do patrimônio genético dos indivíduos.
QUINTA
GERAÇÃO
O direito à paz, sendo esta o papel central de supremo direito da humanidade.
(Paulo
Bonavides)

TITULARES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS


1 – Brasileiros e estrangeiros: (art, 5º, caput), os brasileiros natos e naturalizados serão
considerados titulares. Estrangeiros residentes no Brasil também serão considerados titulares, ao
observar o art. 95 da Lei nº 6.815/80. E os estrangeiros não residentes no país? Para o STF todos que
estão no Brasil serão titulares de direitos fundamentais (princípio da universalidade), algumas
ressalvas poderão ser feitas.
2 – Pessoas jurídicas: Elas podem ser titulares de determinados direitos fundamentais, pois há
uma extensão (compatibilidade) de diretos a essas pessoas, logo, somente estes direitos compatíveis
poderão ser considerados fundamentais as pessoas jurídicas, como por exemplo: direito a informação,
direito a propriedade, etc. Existem direitos que são exclusivos a pessoas jurídicas, como proteção as
criações industriais (art. 5º, XXIX, CF)
DIREITOS FUNDAMENTAIS COMO CLÁUSULAS PÉTREAS
Os direitos e as garantias previstas na Constituição são considerados cláusulas pétreas. Art. 60, §4º, IV
“são consideradas cláusulas pétreas os direitos e as garantias individuais”. Os direitos e garantias
individuais não estão contidos apenas no art.5º da CF, mas em todo o texto normativo.
Os direitos sociais são cláusulas pétreas? (3 teorias)
1 – TEORIA RESTRITIVA → Somente os direitos e garantias notadamente individuais seriam
considerados cláusulas pétreas;
2 – TEORIA EXTENSIVA → todo e qualquer direito ou garantia fundamental seria uma clausula
pétrea.
3 – TEORIAS INTERMEDIÁRIAS → além dos direitos e garantias individuais, outros direitos
também seriam considerados cláusulas pétreas, devendo obedecer a alguns critérios.
A doutrina brasileira se filia a teoria da extensiva, logo os direitos sociais são considerados cláusulas
pétreas.
STATUS – GEORG JELLINEK
Para Georg Jellinek os direitos fundamentais podem ser classificados em status, mais
especificamente quatro.
1 – status negativo: o Estado não pode interferir na esfera de atuação do indivíduo, que pode
ser repelido em qualquer caso de interferência estatal. (tal liberdade não é absoluta) Pode se destacar
os direitos de cunho defensivo, ou de primeira geração.
2 – status positivo: o Estado tem uma obrigação de fazer/dar/prestar estatal, ou seja, seriam
os direitos de segunda geração (saúde, por exemplo)
3 – status ativo: relação do indivíduo perante o ente estatal, o indivíduo pode interferir nas
decisões políticas do Estado. (ex: os direitos políticos)
4 – status passivo: subordinação ao Estado do indivíduo, logo são os deveres. O indivíduo seria
titular de deveres fundamentais.
LIMITAÇÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
1 – Limitações internas: Para Canotilho são aqueles presentes na própria Constituição e
impostos por outros direitos fundamentais, por exemplo: a liberdade de pensamento está limitada pelo
direito a honra.
2 – Limitações externas: São limites impostos por outros direitos constitucionais ou leis
infraconstitucionais.
DIMENSÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS3
1- DIMENSÃO SUBJETIVA: A primeira dimensão é a subjetiva (ou seja, relativa aos sujeitos). É a
dimensão mais conhecida, que você já aprendeu. É aquela que diz respeito aos direitos de proteção
(negativos) e de exigência de prestação (positivos) por parte do indivíduo em face do poder
público (perspectiva subjetiva).
2 – DIMENSÃO OBJETIVA: Estabelecem diretrizes para a atuação dos poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário e para as relações entre particulares. Para a doutrina, trata-se da eficácia
irradiante dos direitos fundamentais.
APLICABILIDADE DAS NORMAS DEFINIDORAS DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
Possuem aplicação imediata, porém não é uma regra absoluta, já que existem normas que
necessitam de mediação legislativa para possuírem uma plena efetividade.
REGRA → aplicabilidade imediata
EXCEÇÃO → direitos desprovidos de capacidade de produção de efeitos imediatos.
EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTIAS
Possuem aplicação imediata. Possuem algumas teorias:
1 – Eficácia indireta ou mediata dos direitos fundamentais: os direitos fundamentais são aplicados nas
relações privadas por meio de lei infraconstitucional.
2 – Eficácia direta ou imediata dos direitos fundamentais na esfera privada: os direitos fundamentais
são aplicados diretamente às relações privadas, sem a necessidade de uma lei infraconstitucional.
3 - Eficácia vertical dos Direitos Fundamentais: a eficácia vertical é a aplicação dos direitos
fundamentais nas relações particular-Estado;
4 – Eficácia horizontal dos Direitos Fundamentais: é a aplicação dos direitos fundamentais às relações
entre particulares.
CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS4
DIREITOS DOS
DIREITOS INDIVIDUAIS E DIREITOS DIREITOS DE
DIREITOS POLÍTICOS PARTIDOS
COLETIVOS SOCIAIS NACIONALIDADE
POLÍTICOS
São aqueles destinados à Tem por finalidade Direito básico Conferem ao indivíduo os Organização do
proteção não só dos a melhoria das que capacitará o atributos de cidadania e instrumento
indivíduos, mas também condições de vida indivíduo a exigir permitem que seja exercido necessário para
dos diferentes grupos dos proteção do de forma livre e concretizar o
sociais. Estão vinculados hipossuficientes, Estado, além do consciente os atos que sistema

3
https://www.pontodosconcursos.com.br/artigo/10237/frederico-dias/dimensao-objetiva-dos-direitos-fundamentais
4
MASSON, Nathalia, Manual de Direito Constitucional, 7 ed. Salvador: Juspodivm, 2019.
ao conceito de PESSOA com foco na cumprimento de compõem o direito de representativo
HUMANA e sua igualdade social. alguns deveres. participação nos negócios
PERSONALIDADE. políticos do Estado.

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