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E-BOOK

Neuranatomia
Aplicada ao Movimento Humano

Autores:Bruno Cavitchoni
Luciano Hoefling
Ramiro Inchauspe
NEUROANATOMIA APLICADA AO MOVIMENTO
HUMANO
Guia de Bolso para consulta rápida

Bruno Cavitchoni & colaboradores

Porto Alegre/RS - Brasil


2020

Grupo Educacional FisioWork


Prefácio

O entendimento da neuroanatomia e suas correlações com o movimento humano é essencial para qualquer
profissional que trabalhe com a saúde física. Este entendimento abre portas para melhores planejamentos de
programas de prevenção e reabilitação de lesões, assim como para a melhora do treino esportivo e/ou recreativo
do indivíduo.

Neste ebook, são abordados conceitos de neuroanatomia clínica, relacionados com a prática cinesioterapêutica.
Sumário

INTRODUÇÃO………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………...5
SISTEMA NERVOSO SOMÁTICO…….………………………………………………………………………………………………………………………………………………...6
NEUROANATOMIA.………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………..10
CONTROLE DO MOVIMENTO HUMANO.…………………………………………………………………………………………………………………………………………..13
TRONCO ENCEFÁLICO.……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………..14
CEREBELO………………..……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………..16
DIENCÉFALO…………....……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………..17
TELENCÉFALO……….....……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………..18
MEDULA………………......……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………..20
INTRODUÇÃO
Neuroanatomia é a área da anatomia humana que estuda o sistema
nervoso. O sistema nervoso é dividido em somático e autônomo. O
sistema somático é o responsável pelas órgãos sensitivos e motores do
nosso corpo, e é dividido em sistema nervoso central (SNC) e sistema
nervoso periférico (SNP). O sistema nervoso autônomo é responsável
pela manutenção da homeostase e pelas reações do nosso corpo, sendo
dividido em sistema nervoso autônomo simpático e sistema nervoso
autônomo parassimpático. Para o estudo do movimento humano, é de
extrema importância a compreensão do sistema nervoso somático,
principalmente de algumas estruturas do SNC, sendo o foco deste e-book.
SISTEMA NERVOSO SOMÁTICO

O sistema nervoso somático é composto por fibras aferentes e eferentes. As fibras aferentes são responsáveis por levar informações
sensitivas ao córtex cerebral, atuando diretamente nos receptores do corpo humano. As fibras eferentes são responsáveis por levar
informações motoras do córtex ao músculo alvo.
As vias aferentes são responsáveis por enviar o estímulo da periferia ao
SNC. Os nervos sensitivos, levam os impulsos nervosos aos gânglios,
localizados próximos ao corno posterior da medula, onde fazem sinapse
com neurônios da medula espinhal, que levarão o impulso nervoso ao
córtex cerebral, no giro pós-central, para que ocorra o processamento e
interpretação do impulso.
As vias eferentes são responsáveis por enviar o estímulo do SNC à
periferia. O neurônio motor superior leva o impulso nervoso do córtex
cerebral, no giro pré-central, até a medula, onde faz a sinapse com o
neurônio motor inferior, que une-se a outros neurônios, formando nervos
periféricos, que levarão os impulsos nervosos até os músculos.
Sistema nervoso somático periférico Sistema nervoso autônomo
NEUROANATOMIA DO MOVIMENTO HUMANO

O movimento humano é executado pelos músculos, que


movimentam as articulações através de suas inserções ósseas.
Porém, a gênese do movimento humano está no SNC, mais
precisamente no córtex cerebral, parte importante do telencéfalo.
O lobo parietal é o responsável pelo processamento dos sentidos e
sensação. Nele encontra-se o giro pós-central, responsável pelo
processamento da intenção do movimento, através de sinais vindo
dos receptores do corpo humano.
O lobo frontal é o responsável pelas decisões estratégicas e pelo
movimento. Nele encontra-se o giro pré-central, responsável pela
emissão dos impulsos

Amarelo: Giro pré-central


Azul: Giro pós-central
Todo movimento surge a partir de um estímulo aferente, através de uma
sensação, captada pelos nossos receptores, ligados aos sentidos (tato,
visão, audição, gustação e olfato), e levada ao córtex cerebral, onde são
processadas e transformadas em impulsos nervosos para o movimento
de determinados grupos musculares. Esses movimentos podem ser
voluntários, que vão até o córtex cerebral, onde ocorre o planejamento e
controle do movimento; e reflexos, geralmente oriundos de estímulos
nocivos, que antes de chegar ao córtex cerebral, a medula espinhal envia
uma resposta motora, realizando a contração muscular para proteger o
corpo do estímulo nocivo.
O córtex cerebral é composto por corpos de neurônios,
também chamado de substância cinzenta, onde ocorre a
intenção do movimento. Após o córtex “decidir” o movimento, é
enviado um impulso nervoso através do axônio deste neurônio,
que fica na substância branca, para a medula espinhal, onde
ocorre a sinapse com outro corpo de neurônio, porém agora do Substância branca
SNP, que conduzirá o impulso nervoso até o músculo alvo,
através de seu axônio, fazendo com que o músculo contraia,
Substância cinzenta
afim de realizar o movimento planejado no córtex cerebral.

No encéfalo, a substância cinzenta encontra-se no córtex, ou na parte


externa, enquanto a substância branca encontra-se na parte interna. Já
na medula espinhal é o contrário: A substância cinzenta encontra-se na
parte mais interna, formando o H medular, enquanto a substância
branca fica nas regiões mais externas.
CONTROLE DO MOVIMENTO HUMANO
O corpo humano é capaz de realizar movimentos extremamente
complexos, e para isso, necessita de diversas estruturas que visam
“calibrar”, ou “refinar” o movimento. Quando temos a intenção de
realizar algum movimento, como por exemplo, beber uma xícara de
café, nosso corpo precisa, primeiramente, reconhecer onde está a
xícara, calcular a distância da nossa mão até ela, planejar o movimento,
selecionar os músculos que serão contraídos e quais serão relaxados
para realizar o movimento, dosar a contração e relaxamento desses
músculos para que o movimento seja harmônico, e somente então
enviar os impulsos necessário para pegar a xícara e beber o café. Tudo
isto ocorre em milissegundos, sendo imperceptível a ocorrência desses
atos, graças às estruturas do SNC que são responsáveis pelo controle do
movimento humano.
A primeira estrutura do SNC a participar do controle do movimento
humano é a medula espinhal, que é a principal via de comunicação
entre o córtex cerebral e a periferia.

Da medula espinhal, o impulso nervoso sobe ao tronco encefálico,


onde começará o processamento do movimento, através de três
importantes estruturas:

● Olivas: Encontradas no bulbo, são responsáveis pela aprendizagem


motora
● Núcleo rubro: Encontrado no mesencéfalo, é a origem de uma das
vias motoras responsáveis pela motricidade distal, o trato
rubroespinhal
● Substância negra: Encontrada no mesencéfalo, é rica em neurônios
dopaminérgicos, agindo diretamente na geração dos movimentos
Substância Devido à função das olivas de aprendizagem motora e sua interligação com as
Núcleo rubro negra
demais estruturas de controle do movimento humano no SNC, é possível a
automatização dos movimentos. Através da automatização dos movimentos,
podemos realiza-los com maior precisão e sem precisar planejá-lo todas as
vezes. A melhor maneira de automatizarmos os movimentos é através da
repetição. Por esse motivo, é comum ver atletas que são referência em sua
modalidade esportiva, como o Michael Phelps, ou o Cristiano Ronaldo,
treinando incansavelmente seus gestos esportivos, pois de tanto repetirem, o
movimento se torna automático, sendo possível melhorá-lo cada vez mais.
Juntamente com o tronco encefálico, o cerebelo é de
extrema importância para o movimento humano. Através de
conexões com as olivas, ele também contribui para a
aprendizagem motora. Também comunica-se com o
córtex cerebral, atuando na manutenção do equilíbrio,
controle do tônus muscular, refinamento e planejamento
dos movimentos voluntários.
Após o impulso passar pelo tronco encefálico e cerebelo, ele chega ao diencéfalo, mais precisamente no tálamo, que faz
conexões com o córtex cerebral, cerebelo e núcleos da base, sendo responsável pela retransmissão e controle de diversos
tipos de funções cognitivas e motoras, além de, através do hipotálamo e subtálamo, contribuir para a motivação e geração do
movimento.
Por último, o impulso chega ao telencéfalo. No telencéfalo é onde o
movimento é “planejado”. O impulso aferente chega ao córtex cerebral,
mais precisamente no giro pós-central, no lobo parietal, onde é
processada a intenção do movimento para, através do giro pré-central,
no lobo frontal, emitir a informação motora necessária para o
movimento. Esta informação vai do córtex cerebral até a medula
espinhal através dos axônios dos neurônios encontrados no córtex,
passando pelos núcleos da base, que são um conjunto de corpos de
neurônios dentro da substância branca do telencéfalo. Os núcleos da
base atuam como circuitos que vão controlar o movimento, fazendo a
comunicação com todas as estruturas mencionadas posteriormente,
tanto nas vias aferentes quanto eferentes.
Vermelho: Putâmen
Verde: Globos pálidos
Amarelo: Cápsula interna
Azul: Núcleo caudado
· Não são visíveis na imagem
o Núcleo claustro
o Cápsula externa
o Cápsula extrema

Para entender o funcionamento dos núcleos da base, pode-se pensar no SNC como
uma fábrica, onde o córtex cerebral é o diretor da empresa, os núcleos da base são os
gerentes e o cerebelo os supervisores de produção. Na fábrica, o diretor decide vender
um produto, e então informa ao gerente, que por sua vez planeja o produto e informa o
supervisor, que coordena sua equipe para que o produto seja produzido de maneira
satisfatória e da melhor maneira possível. No SNC, o córtex emite o sinal do
movimento que deve ser feito, os núcleos da base processam esse movimento e
enviam informações ao cerebelo e às demais estruturas de controle do movimento
para que o tornem harmônico.
A informação motora eferente desce para a medula espinhal, passando
pelo tronco encefálico, onde ocorrerá o cruzamento dos feixes
eferentes, nas pirâmides bulbares, em um ponto chamado decussação
das pirâmides. Os feixes vindos do hemisfério cerebral direito cruzam
para o lado esquerdo da medula, enquanto os feixes vindos do
hemisfério cerebral esquerdo cruzam para o lado direito da medula. Isto
explica porque nosso hemicorpo direito é controlado pelo hemisfério
esquerdo do cérebro, e nosso hemicorpo esquerdo é controlado pelo
hemisfério direito do cérebro.
● Os músculos inervados pelos 12 pares cranianos não realizam o
cruzamento dos seus feixes, pois eles têm sua origem no tronco
encefálico, anterior à decussação das pirâmides.
Olivas
Pirâmides

Decussação das
pirâmides
Músculos esqueléticos inervados por nervos cranianos, como o trapézio e o
esternocleidomastoideo (ECOM), podem apresentar sinais clínicos semelhantes
aos demais músculos com inervação que cruza a decussação, devido suas
características biomecânicas. Por exemplo, por mais que a inervação do ECOM
direito não tenha o cruzamento de suas fibras, como a sua ação é de rotação
contralateral da cabeça, o sinal clínico para uma lesão do nervo acessório (XI)
direito é a incapacidade de rotação da cabeça para a esquerda, semelhante aos
demais sinais clínicos de inervações provenientes do hemisfério cerebral direito.
O sinal eferente percorre a medula espinhal até o ponto onde encontra-se com o neurônio motor inferior, que fará a conexão entre o córtex
cerebral e o órgão alvo. Na medula ocorre a sinapse entre os dois neurônios, e o neurônio motor inferior levará a informação do movimento
ao músculo alvo para realizar o movimento desejado. Este neurônio sai da medula pelo corno anterior, juntando-se a outros neurônios que
possuem a mesma informação e direcionam-se ao mesmo músculo, formando os nervos periféricos.

Corno posterior

Gânglio
posterior

Nervo periférico Corno anterior

Raiz nervosa
Referências
MACHADO, Ângelo. Neuroanatomia Funcional. Rio de Janeiro/São Paulo: Atheneu,
1991.

Bibliográficas MOORE, Keith L.. Anatomia Orientada para a Prática Clínica. 4ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2001.

SOBOTTA, Johannes. Atlas de Anatomia Humana. 21ed. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 2000.
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