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O que é personalidade?

A personalidade trata-se de:

Qualidade ou condição de uma pessoa;


Tudo aquilo que determina a individualidade de uma pessoa moral, segundo a
percepção alheia;
Qualidade essencial e exclusiva de uma pessoa; aquilo que a distingue de todas as
outras; caráter, identidade, originalidade;
Imagem assumida e projetada publicamente por alguém;
Conjunto de predisposições psíquicas que diferenciam uma pessoa e que estabelecem
um padrão de resposta comportamental característica, e de certa forma previsível, que
cada pessoa desenvolve como estilo de vida.
Essa última forma de descrição da personalidade é a forma usada pela Psicologia.

Psicologia, Psicanálise e Personalidade


(PSICOLOGIA)

Psicologia é a ciência que estuda o comportamento humano e seus processos mentais.


Ou seja, a Psicologia estuda o que motiva o comportamento humano – o que o sustenta,
o que o finaliza e seus processos mentais, que passam pela sensaç ão, percepç ão,
inteligência, emoção e aprendizagem.

No final do século XIX, os acadêmicos da época resolveram distanciar a Psicologia da


Filosofia e da Fisiologia, dando origem ao que se chamou de Psicologia Moderna. Os
teóricos objetivavam suas ações na tentativa de construir um corpo teórico consistente,
buscando o reconhecimento, enfim, da Psicologia como ciência. É neste cenário
investigativo que surgiram três correntes teóricas: o Funcionalismo, o Estruturalismo e o
Associacionismo.

No início do século XX, surgiram mais três correntes principais, que, por sua vez,
originaram a diversidade de correntes psicológicas, que conhecemos hoje: Behaviorismo,
Gestaltismo e Psicanálise.

(PSICANÁLISE)

A Psicanálise é uma área de conhecimento bastante complexa e foi fundada por


Sigmund Freud em 1882.

Os modelos de identidade, assim como as divis ões topográficas da mente, foram


identificados e analisados por Freud a partir de sua experiência na clínica. Ao observar
os transtornos psicológicos que muitos indivíduos apresentavam, constatou a existência
de níveis inconscientes em nossa mente. Afirmando n ão haver uma descontinuidade
entre os processos mentais, o autor se dedica a identificar os níveis obscuros da psique
humana. A partir dessas análises ele pode afirmar que a parte de nosso cérebro mais
importante na definição da personalidade não é a consciente, mas a inconsciente.

A psicanálise se interessa principalmente pelo desenvolvimento da psique durante a


infância. Isso porque vê como primordial o papel da família na formaç ão da
personalidade. Devido a essa concepção, defende-se que é a partir do Complexo de
Édipo que se estrutura a psique.
(COMPLEXO DE ÉDIPO: Trata-se de um conjunto de sentimentos hostis e amorosos que
o filho sente em relação à mãe. Seriam desejos que surgem de forma inconsciente
durante a infância. O nome foi inspirado na tragédia grega Édipo Rei, de Sófocles. Nela,
o autor grego conta a história de um filho que matou o pai e casou-se com a m ãe, isso
antes de saber do parentesco entre eles. Quando descobriram ser m ãe e filho já haviam,
inclusive, constituído uma nova família. Com a notícia, a m ãe se suicidou, enquanto
Édipo arranca os próprios olhos. Para tratar do fenômeno de identificaç ão entre filha e
mãe, Freud utilizava o termo Complexo de Édipo feminino. Nesse, a identificaç ão da filha
com a mãe seria tão intensa que a primeira competiria com a segunda pelo amor do pai).

(PERSONALIDADE)

Na concepção psicanalítica, a nossa formação na infância – baseada no Complexo de


Édipo – determina em qual das três estruturas nos encaixamos. E mais: uma vez
determinada a estrutura psíquica de um indivíduo, ela jamais mudará.

Quais são os tipos de estruturas existentes?


Neurose

A Neurose se divide em Neurose de Histeria e Neurose Obsessiva.

Psicose

A psicose se divide em Paranoia, Autismo e Esquizofrenia.


Perversão

A perversão não possui subdivisões. Ela, no entanto, possui várias formas de


manifestação. Uma delas seria o que Freud chama de Fetichismo.

Como saber a diferença entre a normalidade e a doença?


A única diferença, para a psicanálise, estaria no grau. Ou seja, as pessoas têm graus
variados de sintomas ligados à sua estrutura psíquica. Quanto maior o grau, maior o
sofrimento do indivíduo. O sofrimento derivado desses sintomas psíquicos, resultantes
da estrutura mental constituída a partir do Complexo de Édipo, é o que leva à procura
de tratamento psicológico. E por meio desses sintomas é que Freud vê a necessidade de
compreender a formação, a função e a importância do inconsciente.

Mecanismos de defesa atrelados a cada estrutura de personalidade


Cada uma dessas estruturas: neurose, psicose e pervers ão, possui, segundo Freud, um
mecanismo de defesa específico. Esse mecanismo de defesa nada mais é do que uma
forma inconsciente que a mente do indivíduo encontra para lidar com o sofrimento que
advém do Complexo de Édipo.

Neurose
Seu mecanismo de defesa é o recalque ou repress ão.
O conteúdo problemático é mantido em segredo. E não só para os outros, mas para o
próprio indivíduo que sente. O neurótico guarda dentro de si o problema externo. É
disso que se trata o recalque ou repressão.

Portanto, para que alguns conteúdos fiquem recalcados ou reprimidos, a neurose


provoca no indivíduo uma cisão da psique. Tudo o que é doloroso é recaldado e
permanece obscuro, causando sofrimentos que o indivíduo mal pode identificar –
apenas sentir. Por não poder identificá-los a pessoa passa a reclamar de outras coisas, de
sintomas que sente (e não da causa).

No caso da Neurose de Histeria, o indivíduo permanece dando voltas em torno de um


mesmo problema insolúvel. É como se a pessoa nunca conseguisse encontrar a
verdadeira causa de sua frustração/insatisfação, por isso as constantes reclamaç ões. É
possível identificar ainda uma busca constante por um objeto ou uma relaç ão idealizada,
na qual o indivíduo deposita aquela frustraç ão recalcada. Isso, logicamente, leva a mais
frustrações/insatisfações.

Na Neurose Obsessiva o indivíduo permanece também dando voltas em torno dos


mesmos problemas. Nesse caso, no entanto, existe uma forte tendência em organizar
tudo ao seu redor. Essa necessidade de organizaç ão externa seria um mecanismo para
evitar pensar nos problemas reais recalcados em seu interior.

Psicose
O mecanismo de defesa dessa estrutura é conhecido como foraclus ão ou forclus ão.

O psicótico encontraria fora de si tudo que exclui de dentro. Nesse sentido, ele incluiria
para fora os elementos que poderiam ser internos. O problema para o psicótico está
sempre no outro, no externo, mas nunca em si.

Outra característica da Psicose é que, diferente do que acontece com indivíduos com
outras estruturas mentais, a própria pessoa acaba revelando, ainda que de forma
distorcida, os seus sintomas e distúrbios.

Na Paranoia trata-se do outro que o persegue. O sujeito sente-se perseguido, vigiado e


até mesmo atacado pelo outro.

No Autismo, trata-se do outro que quase não existe. Isola-se do outro e foge-se da
convivência e comunicação com o outro.

Já na Esquizofrenia, o outro pode aparecer de inúmeras formas. O outro é o surto, um


estranho, um monstro ou qualquer outra coisa. No caso da esquizofrenia, o que fica
mais evidente é a dissociação psíquica.

Perversão
O mecanismo de defesa específico da perversão é a denegação.

Freud coloca que muitos indivíduos que faziam análise com ele apresentavam fetiches
como algo que os traria apenas prazer, algo até mesmo louvável. Esses indivíduos nunca
o procuravam para falar desse fetichismo, ele aprecia apenas como uma descoberta
subsidiária. Assim se dá a denegação: a recusa em reconhecer um fato, um problema,
um sintoma, uma dor.

Conclusão
O artigo mostra que todo sujeito irá fazer parte de uma dessas estruturas de
personalidade. Saber a estrutura do sujeito facilita ao psicólogo o direcionamento do
atendimento psicoterápico com seu paciente. N ão será fácil descobrir qual é a sua
estrutura por meio somente deste artigo, é essencial o processo psicoterápico. Além
disso, só o fato de saber em qual estrutura faz parte n ão irá fazer você se curar de
alguma condição que causa sofrimento, mas lendo essas informaç ões e percebendo que
o grau dos sintomas está mais para alto do que baixo, podemos verificar a maior
necessidade de atendimento psicológico.

Referências
EQUIPE PSICANÁLISE CLÍNICA. Personalidade para a Psicanálise: Uma Teoria. Disponível
em: https://www.psicanaliseclinica.com/personalidade-para-a-psicanalise/. Acesso em:
10 mar. 2021.

EQUIPE PSICANÁLISE CLÍNICA. Psicose, Neurose e Pervers ão: Estruturas Psicanalíticas.


Disponível em: https://www.psicanaliseclinica.com/personalidade-para-a-psicanalise/.
Acesso em: 10 mar. 2021.

ESCOLA, Equipe Brasil. O que é Psicologia. Brasil Escola. Disponível em:


https://brasilescola.uol.com.br/psicologia/o-que-e-psicologia.htm. Acesso em: 10 mar.
2021.

MICHAELLIS. Significado de personalidade. Dicionário Online. Disponível em:


https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-
brasileiro/personalidade. Acesso em: 10 mar. 2021.

Autora

Kelly Justino Zago, CRP 06/143194, psicóloga, especialista no tratamento dos


transtornos de ansiedade e síndrome do pânico, em psicanálise e terapia cognitivo
comportamental e adepta à prática Mindfulness.

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