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UNIVERSIDADE FEDERAL DE

SÃO JOÃO DEL-REI

ELETRÔNICA DE POTÊNCIA

CONVERSORES CC-CC

Professor Eduardo Moreira Vicente


Sumário
Sumário
1. Conversor Buck-Boost

2. Conversor Cúk

3. Conversor SEPIC

4. Conversor Zeta

5. Outros conversores

6. Exemplos

2
Conversor Buck-Boost
O circuito chopper Buck-Boost CC-CC combina os conceitos
dos choppers step-up e step-down. A tensão de saída pode ser mais
alta, igual ou menor do que a tensão de entrada. Porém, ocorre a
inversão da polaridade na tensão de saída. A configuração do circuito
é mostrada na Figura 8.15a. O interruptor pode ser qualquer
dispositivo de comutação controlado, como um transistor de potência,
um tiristor GTO ou um IGBT.

Fig. 8.15 – Chopper CC Buck-Boost. 3


Conversor Buck-Boost
Quando S estiver ligado, o diodo D ficará inversamente
polarizado e iD será nula. O circuito pode ser simplificado, como
mostra a Figura 8.15b.

A tensão no indutor é igual à tensão de entrada, e a


corrente no indutor iL aumenta de modo linear com o tempo.

Fig. 8.15 – Chopper CC Buck-Boost; b) circuito equivalente com o interruptor ligado. 4


Conversor Buck-Boost
Quando S estiver desligado, a fonte será desconectada. A
corrente no indutor não poderá variar de imediato; logo, polarizará o
diodo diretamente e fornecerá um caminho para a corrente na carga.

A tensão de saída se tornará igual à tensão no indutor. O


circuito pode ser simplificado, como mostra a Figura 8.15c. As formas
de onda de tensão e de corrente são apresentadas na Figura 8.16.

Fig. 8.15 – Chopper CC Buck-Boost; c) circuito equivalente com o interruptor desligado. 5


Conversor Buck-Boost

Fig. 8.16 – Formas de onda de


tensão e de corrente para um
chopper Buck-Boost.

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Conversor Buck-Boost
Através do equacionamento das correntes na carga e na
fonte, é possível obter a tensão na carga:

O que nos leva a 3 possíveis análises:

 d = 0,5 – tensão de saída igual à tensão de entrada;


 d > 0,5 – tensão de saída será maior do que a de entrada e o
circuito operará no modo step-up;
 d < 0,5 – tensão de saída será menor do que a de entrada e o
circuito atuará como um chopper step-down.

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Conversor Buck-Boost
O gráfico que relaciona a tensão de saída em função da
razão cíclica d é mostrado na Figura 8.16b.

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7,5

Vo'/Vi 5

2,5

0
0 0,25 0,5 0,75 1
D
Fig. 8.16b – Ganho estático do conversor Buck-Boost.

8
Conversor Buck-Boost
Já em relação à corrente, é possível relacionar as
correntes de entrada e saída através de:
𝐼𝑜 . 𝑑
𝐼𝑖 =
1−𝑑

De forma análoga aos demais conversores, é possível


obter as relações de corrente máxima e mínima, bem como o
valor de pico-a-pico:
1 𝑇
𝐼𝑚𝑎𝑥 = 𝑉𝑖 . 𝑑 2
+
𝑅 1−𝑑 2𝐿
1 𝑇
𝐼𝑚𝑖𝑛 = 𝑉𝑖 . 𝑑 2

𝑅 1−𝑑 2𝐿

𝑉𝑖 . 𝑑. 𝑇
𝐼𝑝−𝑝 = 𝐼𝑚𝑎𝑥 − 𝐼𝑚𝑖𝑛 =
𝐿
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Conversor Buck-Boost
Já em relação à corrente, é possível relacionar as
correntes de entrada e saída através de:
𝐼𝑜 . 𝑑
𝐼𝑖 =
1−𝑑

De forma análoga aos demais conversores, é possível


obter as relações de corrente máxima e mínima, bem como o
valor de pico-a-pico:
1 𝑇
𝐼𝑚𝑎𝑥 = 𝑉𝑖 . 𝑑 2
+
𝑅 1−𝑑 2𝐿
1 𝑇
𝐼𝑚𝑖𝑛 = 𝑉𝑖 . 𝑑 2

𝑅 1−𝑑 2𝐿

𝑉𝑖 . 𝑑. 𝑇
𝐼𝑝−𝑝 = 𝐼𝑚𝑎𝑥 − 𝐼𝑚𝑖𝑛 =
𝐿
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Conversor Buck-Boost
Com o intuito de determinar o valor mínimo para a
indutância, de forma a manter o conversor operando no modo
de condução contínua, estabelece-se o valor de Imin = 0 na
equação anterior, que resulta em:

1 𝑇
𝐼𝑚𝑖𝑛 = 0 = 𝑉𝑖 . 𝑑 2

𝑅 1−𝑑 2𝐿

1 𝑇
2
=
𝑅 1−𝑑 2𝐿

obtendo o valor de Lmin:


𝑇𝑅 1 − 𝑑 2
𝐿𝑚𝑖𝑛 =
2

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Conversor Buck-Boost
Quando o transistor do circuito do conversor Buck-Boost
está conduzindo, o capacitor de filtro fornece a corrente de carga
por t1=TON. A corrente média de descarga do capacitor é Ic=Io e o
ripple de tensão do capacitor é:

Que resulta em:


𝐼𝑜 𝑉𝑜
∆𝑉𝑐 =
𝑉𝑜 − 𝑉𝑖 𝑓𝐶

ou então:
𝐼𝑜 𝑑
∆𝑉𝑐 =
𝑓𝐶
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Exemplo
Ex. 9.12) O chopper Buck-Boost mostrado abaixo fornece potência para uma
carga com resistência de 1,5 Ω e indutância de 0,8 mH. A fonte de tensão CC é
de 50 V e a tensão na carga, de -75 V. Se o tempo no estado ligado for de
1,5ms, determine:
1 𝑇
𝐼𝑚𝑎𝑥 = 𝑉𝑖 . 𝑑 +
𝑅 1−𝑑 2 2𝐿
1 𝑇
𝐼𝑚𝑖𝑛 = 𝑉𝑖 . 𝑑 2

𝑅 1−𝑑 2𝐿

𝑉𝑖 . 𝑑. 𝑇
a) a frequência de comutação do chopper; 𝐼𝑝−𝑝 = 𝐼𝑚𝑎𝑥 − 𝐼𝑚𝑖𝑛 =
b) Imax; 𝐿
c) Imin;
d) o valor médio da corrente de entrada;
e) o valor médio da corrente no diodo;
f) a ondulação pico-a-pico da corrente; 2
g) a indutância mínima requerida para 𝑇𝑅 1 − 𝑑
𝐿𝑚𝑖𝑛 =
operação com corrente contínua. 2
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Exemplo
Ex. 9.6) O regulador Buck-Boost da figura a seguir, tem uma tensão de entrada
de Vi = 12 V. O ciclo de trabalho é d = 0,25 e a frequência de comutação é de
25 kHz. A indutância L = 150 μH e a capacitância C = 220 μF. A corrente média
na carga é Io = 1,25 A. Determine:

a) A tensão média de saída;


b) ∆VC; 𝐼𝑜 𝑑
c) A corrente de pico-a-pico; ∆𝑉𝑐 =
𝑓𝐶
d) A corrente máxima do transistor.

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Conversor Cúk
O arranjo do circuito do regulador Cúk utilizando um TBJ
de potência é mostrado na Figura 8.17a. Similar ao regulador
Buck-Boost, o regulador Cúk fornece uma tensão de saída que é
menor ou maior que a tensão de entrada, com polaridade da
tensão de saída oposta à da tensão de entrada.

Fig. 8.17a – Regulador Cúk.

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Conversor Cúk
Antes de avaliar o funcionamento do conversor, é visto o
detalhe de carregamento do capacitor C1. Imaginando o
momento inicial do circuito, no instante que o transistor Q1
estiver fechado, o indutor é carregado pela fonte, como mostra
a Figura 8.17b.

Fig. 8.17b – Regulador Cúk, momento inicial 1.

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Conversor Cúk
Em seguida, com o indutor carregado, o transistor Q1
deixa de conduzir e a tensão armazenada no indutor se soma à
da fonte, carregando C1 com a polaridade vista na Figura 8.17c e
o diodo Dm fica polarizado diretamente. Nesse instante, ainda
não existe carga em L2 e C2 e, consequentemente, na carga.

Fig. 8.17c – Regulador Cúk, momento inicial 2.

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Conversor Cúk
Após a carga do capacitor, o circuito entra no modo 1 de
operação. O modo 1 inicia-se quando o transistor Q1 conduz, em
t=0. a corrente através do indutor L1 cresce. Ao mesmo tempo, a
tensão do capacitor C1 (que em regime se encontra carregado)
polariza reversamente o diodo Dm e o desliga. O capacitor C1
descarrega sua energia sobre o circuito formado por C1, C2,
carga e L2. Esse modo é visto na Figura 8.17d.

Fig. 8.17d – Regulador Cúk, operação com o interruptor fechado. 18


Conversor Cúk
O modo 2 inicia-se quando o transistor Q1 é desligado
em t = t1. O capacitor C1 é carregado a partir da alimentação de
entrada e a energia armazenada no indutor L2 é transferida para
a carga. O diodo Dm e o transistor Q1 fornecem uma ação de
chaveamento síncrona. O capacitor C1 é o meio de transferência
de energia da fonte para a carga. As formas de onda do circuito
são mostradas na Figura 8.18.

Fig. 8.17e – Regulador Cúk, operação com o interruptor aberto. 19


Conversor Cúk

Fig. 8.18 – Formas de onda


para o regulador Cúk.

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Conversor Cúk
A ondulação de corrente no indutor 1 pode ser obtida
através de:
𝑉𝑖 . 𝑇𝑂𝑁
∆𝐼1 =
𝐿1

A tensão média do capacitor C1 será:

𝑉𝑖 𝑉𝑜
𝑉𝑐1 = =
1−𝑑 𝑑

Já a ondulação de corrente no indutor 2:

𝑉𝑜 . 𝑇𝑂𝐹𝐹
∆𝐼2 =
𝐿2

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Conversor Cúk
Finalmente, a tensão média de saída é expressa como:

𝑑
𝑉𝑜 = − 𝑉𝑖
1−𝑑

O mesmo aplica-se para a corrente:

𝐼𝑜 . 𝑑
𝐼𝑖 =
1−𝑑

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Conversor Cúk
A ondulação de tensão nos capacitores C1 e C2 será:

𝐼𝑖 1 − 𝑑
∆𝑉𝑐1 =
𝑓. 𝐶1

𝑉𝑜 1 − 𝑑 𝑉𝑖 . 𝑑
∆𝑉𝑐2 = 2
=
8. 𝐶2 . 𝐿2 . 𝑓 8. 𝐶2 . 𝐿2 . 𝑓 2

O regulador Cúk baseia-se na transferência de energia


do capacitor. Como resultado, a corrente de entrada é
contínua. O circuito tem baixas perdas de chaveamento e
eficiência elevada.
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Exemplo
Ex. 9.7) O conversor Cúk da figura abaixo, tem uma tensão de entrada de
Vi = 12 V. O ciclo de trabalho é d = 0,25 e a frequência de comutação é de
25 kHz. A indutância de filtro é L2 = 150 μH e a capacitância de filtro
C2 = 220 μF. A capacitância de transferência de energia é C1 = 200 μF e a
indutância, L1 = 180 μH. A corrente média da carga é Io = 1,25 A. Determine:
𝑑
𝑉𝑜 = − 𝑉𝑖
1−𝑑
𝑉𝑖 . 𝑇𝑂𝑁
∆𝐼1 =
𝐿1
a) A tensão média de saída; 𝑉𝑜 . 𝑇𝑂𝐹𝐹
b) A corrente média de entrada; ∆𝐼2 =
c) A ondulação de corrente no indutor L1; 𝐿2
d) A ondulação de tensão do capacitor C1; 𝐼𝑖 1 − 𝑑
∆𝑉𝑐1 =
e) A ondulação de corrente no indutor L2; 𝑓. 𝐶1
f) A ondulação de tensão do capacitor C2.
𝑉𝑖 . 𝑑
∆𝑉𝑐2 =
8. 𝐶2 . 𝐿2 .24𝑓 2
Conversor SEPIC
O conversor SEPIC (Single-Ended Primary Inductance Converter)
também possui uma característica de transferência do tipo abaixadora-
elevadora de tensão.
Diferentemente do conversor Cúk, a corrente de saída é pulsada
(isto é, descontínua, assumindo valores nulos). Os interruptores ficam sujeitos
a uma tensão que é a soma das tensões de entrada e de saída e a
transferência de energia da entrada para a saída ocorre através do capacitor.
Diferentemente dos conversores Buck-Boost e Cúk, a tensão de
saída possui a mesma polaridade da tensão de entrada.

Fig. 8.19 – Conversor SEPIC.


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Conversor SEPIC
Na primeira etapa, o interruptor conduz e o diodo
permanece bloqueado. O indutor L1 armazena energia a partir
da fonte de entrada. As correntes em L1 e L2 crescem
linearmente. Ambos os capacitores se descarregam, sendo que
Co alimenta o estágio de saída e o diodo permanece bloqueado.

Fig. 8.20 – Conversor SEPIC: a) 1ª etapa de funcionamento.

26
Conversor SEPIC
Na segunda etapa, o diodo passa a conduzir.

Ambos os indutores fornecem energia para a carga. Os


capacitores C1 e Co são carregados.

Fig. 8.20 – Conversor SEPIC: b) 2ª etapa de funcionamento.

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Conversor Zeta
O conversor Zeta também possui uma característica abaixadora-
elevadora de tensão. Na verdade, a diferença entre este conversor e as
topologias Cuk e SEPIC reside apenas na posição relativa dos componentes.

A corrente de entrada é descontínua e a corrente de saída é


continua. A transferência de energia ocorre através do capacitor. Assim como
no conversor SEPIC, as tensões de entrada e de saída possuem a mesma
polaridade.

Fig. 8.21 – Conversor Zeta.


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Conversor Zeta
Na primeira etapa, o interruptor conduz e o diodo
permanece bloqueado. A corrente em ambos os indutores, L1 e
L2, crescem linearmente. Os capacitores C1 e Co são
descarregados.

Fig. 8.22 – Conversor Zeta: a) 1ª etapa de funcionamento.

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Conversor Zeta
Na segunda etapa, o diodo passa a conduzir. O indutor
L1 descarrega sua energia, carregando C1. Por sua vez, o indutor
L2 alimenta o estágio de saída.

Fig. 8.22 – Conversor Zeta: b) 2ª etapa de funcionamento.

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Outros conversores
Existem ainda inúmeras topologias de conversores,
inclusive isolados, dentre as quais podemos citar: Flyback,
Forward, Half Bridge, Full Bridge, Push-Pull, etc.

Fig. 8.23 – Outros tipos de conversores CC-CC.


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Bibliografia
1. Ashfaq Ahmed, Eletrônica de Potência, Prentice Hall, 1ª
edição, 2000. – Capítulo 9

2. Muhammad H. Rashid, Eletrônica de Potência: Circuitos,


Dispositivos e Aplicações, Prentice Hall, 2ª edição, 1999. –
Capítulo 9

3. http://aneste.org/instituto-de-eletrnica-de-potncia.html

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SÃO JOÃO DEL-REI

ELETRÔNICA DE POTÊNCIA

CONVERSORES CC-CC

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