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1
Sumário
NOSSA HISTÓRIA ...................................................................................................... 3
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 4
..................................................................................................................................... 4
2. SOCIEDADE E AMBIENTE ................................................................................ 6
3. DANO AMBIENTAL ........................................................................................... 8
4. ASPECTOS CONCEITUAIS E LEGAIS DA PERÍCIA AMBIENTAL .............. 10
4.1. ATIVIDADE PERICIAL ................................................................................. 10
4.2. PAPEL DO PERITO E ASSISTENTES TÉCNICOS ....................................... 14
4.3. QUESITOS: ELABORAÇÃO E RESPOSTAS ................................................ 18
5. PERÍCIA AMBIENTAL ..................................................................................... 20
6. CARACTERÍSTICAS ATUAIS DA PERÍCIA AMBIENTAL ........................... 23
7. IMPORTÂNCIA DA PERÍCIA AMBIENTAL NO CONTEXTO DA AÇÃO
CIVIL PÚBLICA........................................................................................................ 25
8. TIPOS DE PERÍCIA AMBIENTAL ................................................................... 26
9. ETAPAS DA PERÍCIA AMBIENTAL ............................................................... 27
10. LAUDO PERICIAL ......................................................................................... 28
Figura 10: Laudo Pericial. ........................................................................................... 28
11. ROTEIRO DE LAUDO PERICIAL ................................................................. 31
12. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................ 32
13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 33
2
NOSSA HISTÓRIA
3
1. INTRODUÇÃO
Figura 1: Coleta de amostra em campo.
Fonte: https://agropos.com.br/pericia-ambiental/
4
exposição de conceitos, procedimentos na construção de um laudo pericial e as
tendências para essa atividade, colocam-na como fundamental na gestão do
meio ambiente, isto porque, permite a elucidação de diversos crimes ambientais
a partir de um enfoque multidisciplinar.
O ambiente como bem a ser protegido judicialmente, caracteriza-se por
estar protegido por normas jurídicas, onde estas visam disciplinar a relação da
sociedade com a natureza, objetivando garantir o direito a toda sociedade de um
meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e as futuras gera-
ções, segundo o que preconiza a Constituição Federal de 1988. Portanto, a exis-
tência de um arcabouço legal que protege todos esses recursos (solo, ar, flora,
fauna, patrimônio histórico, água) reflete diretamente na vida de toda sociedade,
gerando conflitos de ordem econômica, social e cultural, ou seja, conflitos ambi-
entais. Estes guardam particularidades na sua ocorrência, bem como no seu tra-
tamento de acordo com o perfil cultural de cada sociedade.
Por isso é primordial a existência de uma legislação do meio ambiente
(nível federal, estadual e municipal), pois esta extrapola os limites territoriais,
assim como os danos ambientais. Problemas como ocupação irregular de mar-
gens de rios e encostas, despejo de resíduos sólidos em locais inadequados;
desmatamento e suas conseqüências como erosão dos solos, assoreamento,
enchentes e inundações; construção em áreas de preservação; são alguns dos
exemplos de atividades humanas que se realizadas de forma imprudente, oca-
sionam prejuízos a toda sociedade.
Dessa forma, a gama de danos ambientais que poderão ocorrer, sujeitam
os profissionais envolvidos na atividade de perícia na área ambiental uma cons-
tante relação multi e interdisciplinar no interesse em conseguir laudos conclusi-
vos condizentes com a problemática.
5
2. SOCIEDADE E AMBIENTE
Figura 2: Sociedade e ambiente.
Fonte: https://www.sumarequalifica.com.br/cursos-de-extensao/188-sociedade-e-meio-
ambiente.html
O termo sociedade remete a existência de um agrupamento de seres que
vivem de forma agregada. É certo que o termo não se restringe apenas ao uso
da sociedade humana, podendo ser aplicado a outros seres vivos (plantas e ani-
mais, por exemplo). Contudo, a relação entre sociedade humana e o meio am-
biente pode ser considerada como a de maior complexidade, isto porque, as
ações do homem na Terra e suas repercussões no ambiente têm apresentado
uma variação na escala temporal, bem como em relação a regiões e culturas
(DREW, 1995).
O relacionamento da sociedade com a natureza faz parte da base do pro-
cesso de desenvolvimento e mudanças das sociedades humanas. Por isso de
uma forma ou de outra, o homem continua sempre a aumentar a sua interferên-
cia sobre o ambiente (BASTOS & FREITAS, 1998).
O tema abordado exige uma breve discussão a respeito do conceito de
meio ambiente, pois ao tratar de atividade pericial aplicada ao meio ambiente,
necessário que o profissional tenha de forma clara os meios ou ambientes que
6
precisam ser levados em consideração no momento da construção e finalização
de um laudo pericial ambiental. Oportuno iniciar o confronto de entendimentos
pela transcrição das considerações de Édis Milaré, que diz:
A palavra ambiente indica o lugar, o sítio, o recinto, o espaço que envolve os seres vivos
ou as coisas. Redundante, portanto, a expressão meio ambiente, uma vez que o ambiente já
inclui a noção de meio. De qualquer forma, trata-se de expressão consagrada na Língua Portu-
guesa, pacificamente utilizada pela doutrina, lei e jurisprudência de nosso país, que, amiúde,
falam em meio ambiente, em vez de ambiente apenas.
Em sentindo estrito, o meio ambiente nada mais é do que a expressão do patrimônio
natural e suas relações com o ser vivo. Todavia, sua disciplina jurídica comporta um conceito
mais amplo, abrangente de toda a natureza original e artificial, bem como os bens culturais cor-
relatos, de molde a possibilitar o seguinte detalhamento: meio ambiente natural (constituído pelo
solo, pela água, pelo ar atmosférico, pela flora, pela fauna), meio ambiente cultural (integrado
pelo patrimônio arqueológico, artístico, histórico, paisagístico, turístico) e meio ambiente artificial
(formado pelas edificações, equipamentos urbanos, comunitários, enfim, todos os assentamen-
tos de reflexos urbanísticos). (ÉDIS MILARÉ apud CONSTANTINO, 2002, p.19)
7
histórico, turístico, arqueológico e espeleológico) e por fim um ambiente artificial,
ou seja, aquele caracterizado por um espaço urbano construído (ruas, praças,
áreas verdes, edificações).
Entende-se que inicialmente, o perito ambiental necessita compreender a
compartimentação do ambiente e ao mesmo tempo buscar o entendimento da
integração, ou seja, de que esses ambientes encontram-se diferenciados pelas
suas características e dinâmica próprias, mas que estabelecem relação entre si,
influenciando e sendo influenciados. Portanto, o profissional precisa de um olhar
holístico a fim de facilitar os procedimentos para construção do laudo pericial.
3. DANO AMBIENTAL
Figura 3: Dano ambiental.
Fonte: https://aempreendedora.com.br/o-dano-ambiental-e-a-responsabilidade-objetiva/
8
dessa temática, mas também adquire novas abordagens em outras áreas cien-
tíficas, afim de uma perspectiva de maior integração para o estudo dos proble-
mas ambientais. A compreensão do mesmo deve partir do entendimento de que
não existe por si só, ou seja, só podem ser entendidos diante de uma realidade
previamente estabelecida.
Para Milaré (2001) um dano ambiental nada mais é do que uma ação que
ocasione a lesão ou dilapidação dos recursos naturais, acarretando em um qua-
dro de degradação (alteração adversa) da qualidade de vida e do equilíbrio eco-
lógico.
Já Maria Isabel de Matos Rocha (2000, p. 130), define como dano ambi-
ental “a lesão ou ameaça de lesão ao patrimônio ambiental, levada a cabo por
atividades, condutas ou até uso nocivo da propriedade”. Portanto, havendo uma
lesão a um bem ambiental, resultante de atividade praticada por qualquer pes-
soa, seja esta física ou jurídica, pública ou privada, que seja responsável por
este dano, em caráter direto ou indireto, não somente há caracterização do
mesmo, como ainda há a identificação daquele que deve arcar com o dever de
indenizar. E complementa Antunes (2000), que a efetivação do dano ambiental
para ser caracterizado, não tem necessidade de que a sua base esteja presente,
no agente causador, o elemento psicológico. Daí ser a prática do dano ambiental
submetida às normas da responsabilidade objetiva.
Da análise da legislação brasileira, o dano ambiental deve ser compre-
endido, segundo José Ruben Morato Leite, como “toda lesão intolerável cau-
sado por qualquer ação humana (culposa ou não) ao meio ambiente, direta-
mente como macrobem de interesse da coletividade, em uma concepção tota-
lizante, e indiretamente, a terceiros, tendo em vista interesses próprios e indi-
vidualizáveis e que refletem no macrobem”.
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4. ASPECTOS CONCEITUAIS E LEGAIS DA PERÍCIA
AMBIENTAL
Fonte: https://www.fragmaq.com.br/blog/entenda-o-que-e-pericia-ambiental-e-quando-
atividade-e-aplicada/
10
A partir do século IX a própria Igreja Católica começou a incentivar o trabalho de técnicos
nos processos, havendo referências específicas aos “árbitros” nas Ordenações Afonsinas (séc.
XV) e nas Manoelinas (séc. XVI). No Brasil colônia, nas Ordenações Filipinas, há referência clara
aos peritos, inclusive com regulamentação sobre as perícias.
Posteriormente, no século XIX, com o Código Comercial, tivemos mais
ampla referência às perícias. Em 1939, com o surgimento do Código de Pro-
cesso Civil, as perícias receberam tratamento mais detalhado. (ABUNAHMAN,
2006, p. 299)
Assim, partindo do breve histórico até aqui exposto, inevitável o questio-
namento do que se entende atualmente por perícia. Ou seja, como se dá a ela-
boração dessa prova e a que se destina ou se aplica os resultados obtidos a
partir dos conhecimentos especializados.
O artigo 420 do Código de Processo Civil Brasileiro destaca a prova peri-
cial como sendo um exame, vistoria ou avaliação, sendo necessária nos casos
em que o juiz deferir a perícia, ou seja, quando a prova do fato depender de
conhecimento especial de técnico; sendo a verificação praticável; e se outras
provas produzidas não forem suficientes para esclarecer a situação.
Por isso Abunahman (2006) conceitua as três espécies de “provas espe-
cíficas”:
Exame: é a inspeção sobre as coisas, pessoas ou documentos, para ve-
rificação de qualquer fato ou circunstância que tenha interesse para a so-
lução do litígio;
11
esclarecer dúvidas quanto a fatos. Daí chamar-se perícia, em alusão à qualifica-
ção e aptidão do sujeito a quem tais exames são confiados. Tal é uma prova
real, porque incide sobre fontes passivas, as quais figuram como mero objeto de
exame sem participar das atividades de extração de informes.
Já Nunes (1994) apud Araújo (1998), diz que a perícia é:
Exame realizado por técnico, ou pessoa de comprovada aptidão e idoneidade
profissional, para verificar e esclarecer um fato, ou estado ou a estimação da
coisa que é objeto de litígio ou processo, que com um deles tenha relação ou
dependência, a fim de concretizar uma prova ou oferecer o elemento de que
necessita a Justiça para poder julgar. No crime, a perícia obedece às normas
estabelecidas pelo Código de Processo Penal (arts. 158 e seguintes), devendo
ser efetuada o mais breve possível, antes que desapareçam os vestígios. No
cível compreende a vistoria, a avaliação, o arbitramento, obedecendo às normas
procedimentais do Código de Processo Civil [...] (ARAÚJO, 1998, p. 174)
Portanto, a atividade pericial parte da idéia de que toda ação humana deixa
marcas ou vestígios, sendo assim, o profissional imbuído de realizar uma perícia
necessita analisar e/ou sintetizar esses vestígios para obter a prova material da
existência do dano. Tal dano independe do tipo, como bem explica Araújo
(2008):
O Código de Processo Civil (CPC) regulamenta, de forma genérica, os pro-
cedimentos relativos à Prova Pericial, sem especificar modalidades. As diversas
modalidades de perícia – grafológica, contábil, médica, veterinária, de engenha-
ria, ambiental etc. – se definem pelas especificidades do objeto a ser periciado
e pela área do conhecimento que se fundamentam, incluindo a legislação espe-
cífica pertinente, em complemento às normas do CPC. (ARAÚJO, 2008, p.116)
As provas periciais no sistema processual brasileiro têm o Código de Pro-
cesso Civil como seu marco regulamentador, especialmente os artigos 145, em
seus §§ 1º e 2º; 147 e 420 a 439. A instituição desse instrumento ganha respaldo
também com o dever de recuperar e/ou indenizar os danos causados pelo polui-
dor e ao predador constante no artigo 4º, inciso VII da Lei que instituiu a Política
Nacional de Meio Ambiente. Tal dispositivo deu ao Ministério Público poderes
para ajuizar ação de responsabilidade civil por danos ambientais, que anos de-
pois veio a ser fortalecida com a Lei nº 7.347/1985, pois a mesma permite a ação
civil pública por danos diversos, entre esses ao meio ambiente.
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Por isso, a prova pericial constitui-se em um meio de demonstrar a verdade,
podendo em alguns casos ser diretamente a própria verdade. Em se querendo
demonstrar a verdade, Abunahman (2006) esclarece que é a pesquisa da ver-
dade, caso contrário a verdade é simplesmente o resultado da pesquisa. Então,
a perícia não constitui resultados absolutos, mas sim de cunho relativo, que é
utilizado nas fases do processo afim de comprovação. Porém, vale esclarecer
que a perícia não constitui a única prova do processo, podendo ser utilizada con-
sorciada a outros meios utilizados nos autos. Reside aí a importância da perícia,
já que as provas é que definem os fatos e sendo assim, existe a necessidade de
apurar o mais próximo da verdade os fatos reclamados pelas partes, a fim de
que no final do processo sejam garantidos os direitos de cada um.
Pode-se resumir nas palavras de Almeida et. al. as considerações sobre pe-
rícia:
Em todas as áreas técnico-científicas do setor humano, sobre as quais o co-
nhecimento jurídico do magistrado não é suficiente para emitir opinião técnica a
respeito, faz-se necessária uma perícia para apurar circunstâncias e/ou causas
relativas a fatos reais, com vistas ao esclarecimento da verdade.
A perícia surge normalmente em decorrência de uma demanda, por iniciativa
de uma das partes interessadas em busca de provas de atos e fatos por ela
levantados para fundamentar um direito pleiteado. A perícia pode ainda surgir
por iniciativa do juiz, para o conhecimento e esclarecimento de atos e fatos. (AL-
MEIDA et. al. , 2000, p. 7)
O Código de Processo Civil Brasileiro expõe alguns dispositivos sobre a
prova pericial:
Art. 130. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as
provas necessárias à instrução do processo, indeferindo as diligências inúteis ou
meramente protelatórias.
(...)
Art. 332. Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que
não especificados neste Código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em
que se funda a ação ou a defesa.
(...)
Art. 420. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação.
Parágrafo único. O juiz indeferirá a perícia quando:
13
I - a prova do fato não depender do conhecimento especial de técnico;
II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas;
III - a verificação for impraticável.
(...)
Art. 427. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na
contestação, apresentarem sobre as questões de fato pareceres técnicos ou do-
cumentos elucidativos que considerar suficientes. (CÓDIGO DE PROCESSO CI-
VIL, 1973)
Fonte: https://adv-adrianasecundo.webnode.com/products/pericia-ambiental/
14
CAPÍTULO II DOS DEVERES DAS PARTES E DOS SEUS PROCURADORES
Seção III Das Despesas e das Multas
Art. 33. Cada parte pagará a remuneração do assistente técnico que houver in-
dicado; a do perito será paga pela parte que houver requerido o exame, ou pelo
autor, quando requerido por ambas as partes ou determinado de ofício pelo juiz.
(...)
CAPÍTULO V
DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA
Art. 139. São auxiliares do juízo, além de outros, cujas atribuições são determi-
nadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão, o oficial de justiça, o
perito, o depositário, o administrador e o intérprete.
(...)
Seção II
Do Perito
Art. 145. Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou cientí-
fico, o juiz será assistido por perito, segundo o disposto no art. 421.
§ 1o Os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível universitário, devi-
damente inscritos no órgão de classe competente, respeitado o disposto no Ca-
pítulo Vl, seção Vll, deste Código.
§ 2o Os peritos comprovarão sua especialidade na matéria sobre que deverão
opinar, mediante certidão do órgão profissional em que estiverem inscritos.
§ 3o Nas localidades onde não houver profissionais qualificados que preencham
os requisitos dos parágrafos anteriores, a indicação dos peritos será de livre es-
colha do juiz.
Art. 146. O perito tem o dever de cumprir o ofício, no prazo que Ihe assina a lei,
empregando toda a sua diligência; pode, todavia, escusar-se do encargo ale-
gando motivo legítimo.
Parágrafo único. A escusa será apresentada dentro de 5 (cinco) dias, contados
da intimação ou do impedimento superveniente, sob pena de se reputar renun-
ciado o direito a alegá-la (art. 423).
Art. 147. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas, res-
ponderá pelos prejuízos que causar à parte, ficará inabilitado, por 2 (dois) anos,
a funcionar em outras perícias e incorrerá na sanção que a lei penal estabelecer.
15
(...)
Art. 422. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que Ihe foi cometido,
independentemente de termo de compromisso.
(...)
Art. 423. O perito pode escusar-se (art. 146), ou ser recusado por impedimento
ou suspeição (art. 138, III); ao aceitar a escusa ou julgar procedente a impugna-
ção, o juiz nomeará novo perito.
Art. 424. O perito pode ser substituído quando:
I - carecer de conhecimento técnico ou científico;
II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que Ihe foi assi-
nado.
Parágrafo único. No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a ocorrência à
corporação profissional respectiva, podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada
tendo em vista o valor da causa e o possível prejuízo decorrente do atraso no
processo.
16
Não se considerar versado na matéria para a qual foi designado a perícia;
17
4.3. QUESITOS: ELABORAÇÃO E RESPOSTAS
18
Na maioria das vezes os quesitos são formulados pelos advogados das
partes, sendo que o mais indicado seria que o fizessem sob a orientação de seus
respectivos assistentes técnicos, se estes tiverem sido indicados, pois as argüi-
ções devem ser pertinentes à matéria em causa, envolvendo questões técnicas
a serem elucidadas pelo perito e pelo assistente técnico da parte contrária. (ARA-
ÚJO, 1998, p. 184)
Vale acrescentar que de acordo com o artigo 426 do CPC, pode o juiz ou
promotor de justiça também formular quesitos. Em alguns casos, as partes op-
tam, por um motivo ou outro, em não apresentar quesitos ao perito. Nesse caso,
o perito pode requerer ao juiz que intime as partes para que apresentem quesitos
ou optem em seguir a elaboração e conclusão do laudo sem os quesitos obriga-
toriamente. Os quesitos podem ser:
Seção VII
Da Prova Pericial
Art. 425. Poderão as partes apresentar, durante a diligência, quesitos suplemen-
tares. Da juntada dos quesitos aos autos dará o escrivão ciência à parte contrá-
ria.
Art. 426. Compete ao juiz:
I - indeferir quesitos impertinentes;
II - formular os que entender necessários ao esclarecimento da causa.
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5. PERÍCIA AMBIENTAL
Figura 6: Perícia Ambiental.
Fonte: https://ibracam.com.br/blog/o-que-e-pericia-ambiental
20
Fonte: https://ibracam.com.br/blog/o-que-e-pericia-ambiental
Para atuar como perito ambiental, o profissional deve ser registrado e ins-
crito no fórum da região onde deseja atuar e a escolha do profissional para de-
terminado processo de perícia é feita pelo juiz responsável pelo caso. Atual-
mente, a graduação mais indicada para a profissão é a engenharia ambiental,
por abordar as competências técnicas e a legislação ambiental, mas existem
também diversos cursos técnicos e de capacitação para aqueles que desejam
se especializar e trabalhar na área. Não deixando de lado, é claro, o profissional
devidamente qualificado e registrado no conselho de sua profissão que já tenha
experiência prévia com perícia ambiental
21
A perícia tem evoluído bastante do Brasil por conta do aprimoramento da
legislação e maior rigidez nas leis no que diz respeito a conservação ambiental.
Por conta da necessidade de controle das atividades humanas sobre os recursos
naturais, os peritos se tornam parte fundamental do processo de construção de
um país mais sustentável e protegido.
22
respeito de avanços necessários na elaboração de critérios metodológicos a se-
rem utilizados nesse tipo de perícia, e lembrando que o seu caráter multidiscipli-
nar não havia sido observado pelas normas jurídicas até aquele momento.
Com isso, observa-se o caráter recente das atividades periciais ligadas
ao meio ambiente, estando presente em diversas áreas do conhecimento, pois
tem a multidisciplinaridade como princípio básico, exigindo não só especialistas
das ciências ambientais, como também profissionais que desenvolvam contribui-
ções nos avanços dos aspectos teóricos-jurídicos, metodológicos e técnicos.
A perícia ambiental se faz necessária toda vez que for preciso verificar e
comprovar a ocorrência ou ameaça da ocorrência de eventos denunciados nos
autos de um processo judicial (MAURO, 1997). Assim, não bastam informações
e certidões para a elucidação da lide, pois em alguns casos, será necessária
averiguar a existência de um dano e as conseqüências negativas que o mesmo
está provocando ao meio ambiente e essa elucidação correta só é possível a
partir do trabalho de profissionais qualificados na área específica.
23
Fonte: https://cursosabeline.com.br/curso/gratis/pericia-ambiental
Prática multidisciplinar
24
estético, histórico, turístico e paisagístico. São partes legitimas para propor a
Ação Civil Pública, segundo a Lei nº 7.347/85:
25
se impossível a reconstituição, a indenização em dinheiro equivalente ao preju-
ízo constatado, a ser revertida a um fundo para recuperação dos bens lesados.
(ARAÚJO, 2008, p. 116)
Conclui-se que a perícia ambiental é regida pelo Código de Processo Civil
(como demais modalidades de perícia), tendo a mesma prática forense, porém
atendendo aos preceitos de demandas específicas da legislação ambiental.
Fonte: https://ibracam.com.br/blog/o-que-e-pericia-ambiental
Muito se fala hoje em perícia, parece que para tudo existe um perito, de
fato, a perícia está presente em todas as áreas do conhecimento, desde siste-
mas de informação, economia, na área criminal e claro, ambiental.
26
9. ETAPAS DA PERÍCIA AMBIENTAL
27
10. LAUDO PERICIAL
Fonte: http://www.cetecambiental.eco.br/laudo-de-pericia-ambiental/
28
Deve ser evitada a reprodução quase literal das questões levantadas na
etapa inicial e na contestação, pois corre-se o risco de cair em dissertações pro-
lixas, com assuntos irrelevantes para a perícia.
O laudo deve ser inteligível, elaborado com clareza, abrangente e em es-
tilo simples. Não deve conter omissões ou apresentar obscuridade.
Refutam-se termos essencialmente técnicos, onde seu entendimento acarrete
novas abordagens, resultando, mais uma vez, na indesejável prolixidade. Deve-
mos lembrar que o laudo se destina, em última análise, à leitura de juízes e ad-
vogados, desconhecedores da matéria da perícia. (ALMEIDA et. al., 2000, p. 41)
O autor chama atenção para que seja feita uma elaboração bem feita não
só dos aspectos de conhecimento técnico e científico do perito, mas acima de
tudo, que estas informações possam ser passadas de modo mais claro possível,
a fim de que venham a contribuir para elucidação do caso e resulte em benefícios
sociais.
Para que os laudos periciais consigam alcançar tais anseios, deve o pro-
fissional buscar fundamentar da melhor maneira o caso, a partir do procedimento
empírico, pesquisas, informações colhidas, normas técnicas pertinentes, opera-
ções etc. Só dessa forma, o laudo terá credibilidade resultante das respostas e
não da subjetividade do perito. Como de suma importância no início da elabora-
ção do laudo, deve o profissional buscar o conteúdo dos próprios autos. E para
reforçar e consolidar o laudo:
O laudo deve ser instruído com documentos, plantas, croquis, fotografias,
pesquisas, orçamentos ou quaisquer outras peças elucidativas e/ou complemen-
tares. Entretanto, até porque lhe dará maior fundamentação ao laudo, o perito
deve instruí-lo com fotografias, plantas, pesquisas etc. A prática demonstra que
a melhor exposição é em forma de anexos, deixando o corpo do laudo apenas
para o texto específico. (ALMEIDA et. al., 2000, p. 42)
Por isso, o enriquecimento com informações comprovadas e bem estru-
turadas permite dá ao laudo maior credibilidade perante todos os participantes
do processo. Depois de atender aos mandamentos de elaboração, deve o perito
atentar para o prazo de entrega. Após a entrega o Juiz determina que as partes
pronunciem-se sobre o laudo. Podendo daí resultar em três situações: laudo sa-
tisfaz, laudo necessita de complementações ou esclarecimentos, o laudo não
satisfaz.
29
A importância em se atender a todos esses aspectos, além de outros ine-
rentes a perícia ambiental, é tornar os laudos os mais confiáveis possíveis, pos-
sibilitando garantir uma efetiva aplicação de punição, restrição e esclarecimentos
aos problemas ambientais diversos, como bem lembra Mauro (1997, p.47):
Destaca-se entre estes trabalhos, a elaboração de laudos periciais de
agressão ao meio ambiente, que podem funcionar como instrumentos de ação e
de complementação às demandas populares na defesa do meio ambiente e da
qualidade de vida. Estes apresentam-se como instrumentos com elevado poten-
cial educativo e de construção da cidadania, devendo ser apropriados individual
e coletivamente por todos os que lutam pelo estabelecimento de novas relações
sociedade/natureza” (MAURO, 1997, p.47)
Situações assim são reforçadas quando se remete ao fato do desrespeito
a legislação, podendo se constatar que as autoridades judiciais são mais sensí-
veis em agir contra as contravenções e crimes tradicionais do que aos da esfera
ambiental, ou seja, a ausência ou maior compreensão da funcionalidade da na-
tureza e seus reflexos negativos para a sociedade de um modo geral.
Por fim, cabe expor alguns dos vários exemplos de aplicação da perícia
ambiental. Mauro (1997) em sua obra “Laudos periciais em depredações ambi-
entais”, apresenta vários casos de laudos periciais na área de meio ambiente:
30
Laudos Periciais em Áreas de Mineração e Pedreiras (Impactos na região
de instalação das pedreiras);
01 – Preâmbulo;
02 – Histórico (histórico do caso);
03 – Objetivos da Perícia;
04 – Dos documentos dos autos (documentos sobre o caso que foram analisa-
dos e anexados);
05 – Da data e hora da vistoria;
06 – Do auxílio à perícia;
07 – Do material utilizado;
08 – Do material apreendido constante dos autos – se houver;
09 – Da legislação em vigor (referenciar apenas);
10 – Da metodologia utilizada na perícia;
11 – Do local (Exame) Localização da área (mapa, coordenadas, situação legal
– pública, privada – destinação, utilização atual, etc);
12 – Da constatação (Diagnóstico do caso);
13 – De outros elementos – informações adicionais, depoimentos, etc);
14 – Das medidas mitigadoras – ações para minimizar os impactos no local;
15 – Da conclusão;
16 – Do encerramento. Anexos (plantas, desenhos, fotografias, e outras quais-
quer peças).
31
12. CONSIDERAÇÕES FINAIS
32
13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Josimar Ribeiro de; OLIVEIRA, Simone Gomes de; PANNO, Márcia.
Perícia Ambiental. Rio de Janeiro: Thex, 2000.
ARAÚJO, Lílian Alves de. Perícia Ambiental em Ações Civis Públicas.In: CU-
NHA, Sandra Baptista; GUERRA, Antônio José Teixeira (organizadores). Avali-
ação e perícia ambiental. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
ARAÚJO, Lílian Alves de. Perícia Ambiental. In: A Questão Ambiental: diferen-
tes abordagens. Sandra Batista Cunha; Antonio José Teixeira Guerra. (Orgs.).
4º Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008. p.107-151.
BASTOS, Anna Christinna Saramago & FREITAS, Antonio Carlos de. Agentes
e Processos de Interferência, degradação e dano ambiental. In: CUNHA,
Sandra Baptista; GUERRA, Antônio José Teixeira (organizadores). Avaliação e
perícia ambiental. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
33
BRASIL. Código de Processo Civi, 11/01/73. Disponível em: < http://www.pla-
nalto.gov.br >
ROCHA, Maria Isabel de Matos. Reparação dos danos ambientais. In: BENJA-
MIN, Antonio Herman; MILARÉ, Edis (Coord.). Revista de direito ambiental
n. 19. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000. p. 130-156.
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Sites:
https://pevermelhoambiental.com.br/blog/pericia-ambiental-o-que-e-para-que-
serve-quem-pode-faze-la-EYG0872/
https://adv-adrianasecundo.webnode.com/products/pericia-ambiental/
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