Estudar a estrutura das palavras é estudar os elementos que formam a palavra, denominados de
morfemas. São os seguintes os morfemas da Língua Portuguesa.
Radical
O que contém o sentido básico do vocábulo. Aquilo que permanecer intacto, quando a palavra for
modificada.
Vogal Temática
Cant: radical
A: vogal temática
R: desinência de infinitivo.
A junção do radical cant- com a desinência –r no português é impossível, é a vogal temática “a” que torna
possível essa ligação.
• Vogais temáticas nominais: São -a, -e, e -o, quando átonas finais, como em mesa, artista, busca,
perda, escola, triste, base, combate. Nesses casos, não poderíamos pensar que essas terminações são
desinências indicadoras de gênero, pois a mesa, escola, por exemplo, não sofrem esse tipo de flexão. É a
essas vogais temáticas que se liga a desinência indicadora de plural: mesa-s, escola-s, perda-s. Os
nomes terminados em vogais tônicas (sofá, café, cipó, caqui, por exemplo) não apresentam vogal temática
- Vogais temáticas verbais: são –a, -e e –i, essas caracterizam três grupos de verbos denominados
conjugações. Os verbos cuja vogal temática é –a pertencem à primeira conjugação; aqueles cuja vogal
temática é –e pertencem à segunda conjugação e por fim aqueles que tem vogal temática –i pertencem à
terceira conjugação.
Primeira conjugação Segunda conjugação Terceira conjugação
Am-a-va beb-e-ssem fug-i-rem
Atac-a-va estabelec-e-sse imped-i-sse
Tema
É a junção do radical com a vogal temática. Se não existir a vogal temática, o tema e o radical
serão o mesmo elemento; o mesmo acontecerá, quando o radical for terminado em vogal. Por exemplo,
em se tratando de verbo, o tema sempre será a soma do radical com a vogal temática - estuda, come,
parti; em se tratando de substantivos e adjetivos, nem sempre isso acontecerá.
No substantivo pasta, past é o radical, a, a vogal temática, e pasta o tema; já na palavra leal, o
radical e o tema são o mesmo elemento - leal, pois não há vogal temática.
Desinências
Desinências nominais
Desinências nominais são morfemas que, quando juntos a algumas palavras, especialmente
substantivos e adjetivos, indicam sua flexão em gênero (masculino e feminino) e em número (singular e
plural).
Exemplos:
Atenção!
Existem palavras invariáveis que não se flexionam, não admitindo desinências de gênero e número.
Exemplos:
Palavras que não aceitam desinência nominal de gênero: cama, papel, janela, hotel,…
Palavras que não aceitam desinência nominal de número: pires, lápis, ônibus, vírus,…
Desinências verbais
Desinências verbais são morfemas que, quando juntos aos verbos, indicam sua flexão em número
(singular e plural), em pessoa (1.ª, 2.ª ou 3.ª pessoa gramatical), em modo (indicativo, subjuntivo e
imperativo) e tempo (passado, presente e futuro). São as terminações que os verbos assumem quando
conjugados. Dividem-se em desinência número pessoal, desinência modo temporal e desinência verbo
nominal.
Desinência número pessoal: indica o número e a pessoa a qual se refere a ação verbal.
Exemplos:
-o: desinência número pessoal indicativa da 1.ª pessoa do singular: eu canto, eu amo, eu vendo,
eu prendo, eu parto, eu abro,…
-s: desinência número pessoal indicativa da 2.ª pessoa do singular: tu cantas, tu amas, tu vendes,
tu prendes, tu partes, tu abres,…
-mos: desinência número pessoal indicativa da 1.ª pessoa do plural: nós cantamos, nós amamos,
nós vendemos, nós prendemos, nós partimos, nós abrimos,…
-m: desinência número pessoal indicativa da 3.ª pessoa do plural: eles cantam, eles amam, eles
vendem, eles prendem, eles partem, eles abrem,…
Desinência modo temporal: indica em que modo e em que tempo ocorre a ação verbal.
Exemplos:
-va: desinência modo temporal indicativa do pretérito imperfeito do indicativo (1.ª conjugação): eu
cantava, tu cantavas, ele cantava,…
-ia: desinência modo temporal indicativa do pretérito imperfeito do indicativo (2.ª e 3.ª
conjugações): eu vendia, tu vendias, ele vendia,…
-ra: desinência modo temporal indicativa do pretérito mais-que-perfeito do indicativo: eu brincara, tu
brincaras, ele brincara,…
-ria: desinência modo temporal indicativa do futuro do pretérito do indicativo: eu partiria, tu partirias,
ele partiria,…
-sse: desinência modo temporal indicativa do pretérito imperfeito do subjuntivo: se eu abrisse, se tu
abrisses, se ele abrisse,…
Desinência verbo nominal: indica as formas nominais dos verbos, ou seja, o infinitivo, o gerúndio e o
particípio.
Exemplos:
Afixos
São elementos que se juntam a radicais para formar novas palavras. São eles:
Prefixo: É o afixo que aparece antes do radical. Por exemplo: destampar, incapaz, amoral.
Sufixo: É o afixo que aparece depois do radical, do tema ou do infinitivo. Por exemplo: pensamento,
acusação, felizmente.
São vogais e consoantes que surgem entre dois morfemas, para tornar mais fácil e agradável a
pronúncia de certas palavras. Por exemplo: flor e s, bambuzal, gasômetro, canais.
Neologismo
Derivação
Processo de formar palavras no qual a nova palavra é derivada de outra, chamada de primitiva. Os
processos de derivação são:
Derivação Prefixal
A derivação prefixal é um processo de formar palavras no qual um prefixo ou mais são acrescentados à
palavra primitiva.
Derivação Sufixal
A derivação sufixal é um processo de formar palavras no qual um sufixo ou mais são acrescentados à
palavra primitiva.
Derivação Parassintética
A derivação parassintética ocorre quando um prefixo e um sufixo são acrescentados à palavra primitiva de
forma dependente, ou seja, os dois afixos não podem se separar, devendo ser usados ao mesmo tempo,
pois sem um deles a palavra não se reveste de nenhum significado.
Ex.: anoitecer (a- prefixo e -ecer - sufixo), neste caso, não existem as palavras anoite e noitecer, pois os
afixos não podem se separar.
Desigualdade
Expropriar
Atenção!
É impossível fazer o mesmo com palavras formadas por parassíntese: não se pode dizer que
expropriar provém de "propriar" ou de "expróprio", pois tais palavras não existem. Logo,
expropriar provém diretamente de próprio, pelo acréscimo concomitante de prefixo e sufixo.
Derivação Regressiva
Analisando:
A chamada Derivação Regressiva ocorre quando uma palavra é formada não por acréscimo, mas
por redução.
Exemplos:
Analisando o exemplo acima: os substantivos "compra" e "beijo" indicam ações, logo, são palavras
derivadas.
Por derivação regressiva, formam-se basicamente substantivos a partir de verbos. Note que, na linguagem
popular, são frequentes os exemplos de palavras formadas por derivação regressiva.
Veja estas:
o portuga (de português)
o boteco (de botequim)
o comuna (de comunista)
E mais:
agito (de agitar)
amasso (de amassar)
chego (de chegar)
Derivação Imprópria
A derivação imprópria, mudança de classe ou conversão ocorre quando a palavra, pertencente a uma
classe, é usada como fazendo parte de outra.
Exemplos:
coelho - substantivo comum, usado como substantivo próprio - Daniel Coelho da Silva.
verde, geralmente usado como adjetivo - Comprei uma camisa verde-, é usado como substantivo: O verde
do parque comoveu a todos.
Composição
Existem dois tipos de composição: a composição por justaposição e a composição por aglutinação.
O processo linguístico de composição é o processo através do qual ocorre a formação de novas palavras
a partir de duas ou mais palavras simples ou radicais. As novas palavras formadas são compostas e
possuem significado próprio.
Na composição por aglutinação ocorre a fusão de duas ou mais palavras ou radicais, havendo alteração
de um desses elementos formadores. Assim, além da alteração no significado, os elementos formadores
perdem sua identidade ortográfica e fonológica, havendo troca ou supressão de fonemas e apenas um
acento tônico na nova palavra composta.
Muitas palavras compostas por justaposição são ligadas através do hífen. Contudo, o hífen é apenas uma
convenção ortográfica, uma vez que os compostos por justaposição podem ser escritos unidos ou sem o
hífen.
amor-perfeito;
arco-íris;
beija-flor;
bem-me-quer;
cachorro-quente;
cavalo-marinho;
couve-flor;
guarda-roupa;
guarda-chuva;
peixe-espada;
roda-viva;
saca-rolhas;
segunda-feira;
água-de-colônia:
chapéu de chuva;
cor-de-rosa;
fim de semana;
pé-de-meia;
pé de moleque;
girassol;
madrepérola;
malmequer;
mandachuva;
paraquedas;
passatempo;
pontapé;
vaivém;
varapau.
Hibridismo
É a formação de novas palavras a partir da união de radicais de idiomas diferentes. Por exemplo:
automóvel, sociologia, sambódromo, burocracia.
Onomatopéia
Abreviação Vocabular
Consiste na eliminação de um segmento da palavra, a fim de se obter uma forma mais curta.
Por exemplo: de extraordinário forma-se extra; de telefone, fone; de fotografia, foto; de cinematografia,
cinema ou cine.
Siglas
As siglas são formadas pela combinação das letras iniciais de uma sequência de palavras que constitui um
nome.
Por exemplo: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística); IPTU (Imposto Predial, Territorial e
Urbano).
Neologismo semântico
Forma-se uma palavra por neologismo semântico, quando se dá um novo significado, somado ao que já
existe. Por exemplo, a palavra legal significa dentro da lei; a esse significado somamos outro: pessoa boa,
pessoa legal.
Empréstimo linguístico
É o aportuguesamento de palavras estrangeiras; se a grafia da palavra não se modifica, ela deve ser
escrita entre aspas. Por exemplo: estresse, estande, futebol, bife, "show", xampu, "shopping center".
Prefixos
Os prefixos são morfemas que se colocam antes dos radicais basicamente a fim de modificar-lhes o
sentido; raramente esses morfemas produzem mudança de classe gramatical.
Os prefixos ocorrentes em palavras portuguesas se originam do latim e do grego, línguas em que
funcionavam como preposições ou advérbios, logo, como vocábulos autônomos. Alguns prefixos foram
pouco ou nada produtivos em português. Outros, por sua vez, tiveram grande utilidade na formação de
novas palavras. Veja os exemplos:
a- , contra- , des- , em- (ou en-) , es- , entre- re- , sub- , super- , anti-
prosélito, prosódia
benefício, bendito
en-, em-, in- : Movimento para dentro, passagem para um estado ou forma, revestimento. Exemplos:
internacional, interplanetário
justapor, justalinear
so-, sob-, sub-, su- : Movimento de baixo para cima, inferioridade. Exemplos:
supercílio, supérfluo
trans-, tras-, tres-, tra- : Movimento para além, movimento através. Exemplos:
PREFIXOS PREFIXOS
SIGNIFICADO EXEMPLOS
GREGOS LATINOS
a, an des, in privação, negação anarquia, desigual, inativo
anti contra oposição, ação contrária antibiótico, contraditório
anfi ambi duplicidade, de um e outro lado, anfiteatro, ambivalente
em torno
apo ab afastamento, separação apogeu, abstrair
di bi(s) duplicidade dissílabo, bicampeão
dia, meta trans movimento através diálogo, transmitir
e(n)(m) i(n)(m)(r) movimento para dentro encéfalo, ingerir, irromper
endo intra movimento para dentro, posição endovenoso, intramuscular
interior
e(c)(x) e(s)(x) movimento para fora, mudança êxodo, excêntrico, estender
de estado
epi, super, hiper supra posição superior, excesso epílogo, supervisão, hipérbole,
supradito
eu bene excelência, perfeição, bondade eufemismo, benéfico
hemi semi divisão em duas partes hemisfério, semicírculo
hipo sub posição inferior hipodérmico, submarino
para ad proximidade, adjunção paralelo, adjacência
peri circum em torno de periferia, circunferência
cata de movimento para baixo catavento, derrubar
si(n)(m) cum simultaneidade, companhia sinfonia, silogeu, cúmplice
EXERCÍCIOS
1- Os elementos mórficos sublinhados estão corretamente classificados nos parênteses, exceto em:
d) deslealdade (sufixo);
a) automóvel;
b) sociologia;
c) alcoômetro;
d) burocracia;
e) biblioteca.
3-(AL) Tendo em vista a estrutura das palavras, o elemento sublinhado está incorretamente classificado
nos parênteses em:
c) perdeu (tema);
4- O processo de formação da palavra sublinhada está incorretamente indicado nos parênteses em:
a) Só não foi necessário o ataque porque a vitória estava garantida. (derivação parassintética);
5- Tendo em vista o processo de formação de palavra, todos os vocábulos abaixo são parassintéticos,
exceto:
a) entardecer;
b) despedaçar;
c) emudecer;
d) esfarelar;
e) negociar.
a) pernalta;
b) passatempo;
c) pontiagudo;
d) vidraceiro;
e) anoitecer.
a) esburacar;
b) pontiagudo;
c) rouparia;
d) ilegível;
e) dissílabo.
a) CHEG - radical;
b) A - vogal temática;
c) CHEGA - tema;
9- O elemento mórfico sublinhado não é desinência de gênero, que marca o feminino, em:
a) tristonha;
b) mestra;
c) telefonema;
d) perdedoras;
e) loba.
10- A afirmativa a respeito do processo de formação de palavras não está correta em:
c) O amanhã não pode ver ninguém bem. - a palavra sublinhada surgiu por derivação imprópria;
a) parassíntese;
b) sufixação;
c) prefixação;
d) aglutinação;
e) justaposição.
13- O processo de formação das palavras grifadas não está corretamente indicado em:
a) As grandes decisões saem do Planalto. (composição por justaposição);
15- Apenas um dos itens abaixo contém palavra que não é formada por prefixação. Assinale-o:
a) anômalo e analfabeto;
b) átono e acéfalo;
c) ateu e anarquia;
d) anônimo e anêmico;
e) anidro e alma.
18- Com relação ao seguinte poema, é CORRETO afirmar que: Neologismo "Beijo pouco, falo menos
ainda. / Mas invento palavras / Que traduzem a ternura mais funda / E mais cotidiana. / Inventei, por
exemplo, o verbo teadorar. / Intransitivo: / Teadoro, Teodora." (Manuel Bandeira)
a) o verbo "teadorar" e o substantivo próprio "Teodora" são palavras cognatas, pois possuem o mesmo
radical;
b) as classes das palavras que compõem a estrutura do vocábulo "teadorar" são pronome e verbo;
d) a vogal temática dos verbos "beijo", "falo", "invento" e "teadoro" é a mesma, ou seja, "o".
Respostas
1- C 2- E 3- C 4- A 5- E
6- E 7- B 8- D 9- C 10- B