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Aula

5 – Sistemas de Classificação Mineral


Rogério Guitarrari Azzone
Introdução ao Tema

A Classificação dos Minerais
Classes Minerais
A Classe dos Silicatos
Subclasses dos Silicatos
“Hierarquias” do Reino Mineral
ROCHAS

DEFINIÇÕES

MINERAIS NOMENCLATURA

ESTRUTURA

IDENTIFICAÇÃO:
PROP. FÍSICAS

CLASSIFICAÇÃO GÊNESE
Classificação de Minerais
—  O desejo de classificar - posicionar objetos ou pessoas
em determinados grupos –parece ser uma característica
humana instintiva
—  Sistemas de classificação:
—  produto da mente humana
—  limites arbitrários
—  “ordenar e simplificar”
Classificação de Minerais
—  “A scientific classification is a distillation of our
knowledge concerning the nature of the objects under
consideration.”
Frank C. Hawthorne



—  Logo.....
—  quanto mais profundo o conhecimento que temos sobre
determinado tema, mais efetiva a classificação...
Primeiros Tratados Sobre Minerais
~1100 AC Índia Vedas
~700 AC China Compilações de Minerais
~300 AC Índia Descrição de Minerais
384-322 AC Grécia Aristóteles – Meterologica
370-287 AC Grécia Teophrastus – On Stones
23-79 AD Roma Plínio – Historia Naturalis
8º século AD Pérsia Jabir ibn Hayyan
9º século AD Arábia Al Khindi
980-1037 AD Pérsia Avicenna ibn Sina
1540 AD Itália Biringuccio – Pirotecnia
1556 AD Alemanha Agricola – De Re Metallica

Avanços Iniciais na Física dos Minerais
Lucretius 99-55 AC Hipótese atômica
Simetria de floco de neve:
J. Keppler 1611 AD empacotamento compacto de esferas de
gelo
Hipótese de Steno, constância dos
N. Steno 1669 AD
ângulos interfaciais de quartzo
Última importante classificação com
A. Werner 1750-1817 AD
base em propriedades física dos minerais
~300 minerais – importante L. Romé de l’Isle 1736-1790 AD Lei da constância dos ângulos interfaciais
para padronização de Idéias sobre cela unitária e simetria
descrição e nomenclatura R.J. Hauy 1743-1822 AD
translacional
mineral
C. Weiss 1815 AD Eixos cristalográficos, eixos de simetria
F. Mohs 1825 AD Escala de dureza de Mohs
J. Hessel 1830 AD Derivação das 32 classes cristalinas
A. Bravais 1848 AD Derivação dos 14 retículos espaciais
E.S. Fedorov Derivação dos 230 grupos espaciais,
A. Schoenflies 1880-1890 AD empacotamento compacto, proposta e
W. Barlow estrutura cristalina da halita

A Química dos Minerais
—  1758 – Axel Fredrik Cronstedt –
classificação híbrida baseada em critérios
químicos e físicos

—  Jon Jacob Berzelius (1779-1849)


—  Desenvolvimento de classificação
mineral (1814) baseada nos
elementos mais eletronegativos,
dividindo-s em classes, como
óxidos, haletos, fosfatos, sulfatos e
silicatos
Química e Mineralogia
A Classificação Mineral
—  1837 – Marco na Mineralogia
Primeira Edição de System of Mineralogy
James Dwight Dana (1813-1895)

—  4a Edição – 1854
Classificação utilizando as bases da química
“moderna” de Berzelius
Século XX – A Estrutura Interna
—  1912 – Max Von Laue, Walter Friedrich e
Paul Knipping
—  Minerais capazes de difratar raios X

—  W.L. Bragg e W.H. Bragg (1913)


—  Experimento mostrou:
—  que Raios X apresentavam um comportamento como onda;
—  que os cristais possuem um arranjo periódico
—  primeira determinação experimental do arranjo atômico dos
minerais

—  1935 – A estrutura da maioria dos minerais conhecidos já


havia sido determinada
Século XX – A Estrutura Interna
—  Proceedings of the Royal Society of
London. Series A, Containing Papers of a
Mathematical and Physical Character, Vol.
89, No. 610 (Sep. 22, 1913), pp. 248-277
Estrutura Interna e Classificação
—  Linus Pauling
—  Famosas Regras de Pauling (1929), um dos pilares da
cristaloquímica

J. Am. Chem. Soc. 51 (April 1929): 1010-1026


Estrutura Interna e Classificação

—  1937 – W.L. Bragg


—  classificação estrutural dos
minerais da classe dos silicatos
—  forma de polimerização dos
tetraedros de Sílica
—  interpretação mais completa
de:
—  propriedades físicas
—  química dos minerais (soluções
sólidas complexas)
Classificação de Minerais
—  Indicadora de nosso conhecimento fundamental da
Mineralogia:

—  Primeiro, desenvolvimento da classificação física;

—  Segundo, o desenvolvimento da classificação química;

—  Terceiro, (a partir do século XX) o desenvolvimento


da componente estrutural na classificação de
minerais.
A Classificação dos Minerais
—  Critérios químicos:
—  Minerais divididos em CLASSES de acordo com o ÂNION ou o

RADICAL ANIÔNICO dominante, mais os elementos nativos.

—  Por quê?

—  Minerais com o mesmo ânion ou radical aniônico


dominante possuem, sem equívocos, muitas semelhanças
nítidas e marcantes (muito mais em relação aos minerais
com o mesmo cátion dominante)
—  Minerais relacionados pela dominância de determinado
ânion tendem a ocorrer associados e/ou em ambientes
geológicos semelhantes
—  Sistema concordante com a prática química usual de
nomenclatura e classificação de compostos inorgânicos
As Classes Minerais
Ânion ou Ânion ou
Classe Mineral Classe Mineral
Grupo Aniônico Grupo Aniônico
Elementos Nativos -- Carbonatos [CO3]2-

Óxidos O2- Nitratos [NO3]-

Hidróxidos OH- Boratos [BO3], [BO4]

Haletos Cl- , Br- , F- Cromatos [CrO4]2-

Sulfetos S2- Tungstatos [WO4]2-

Arsenetos As Molibdatos [MO4]2-

Antimonetos Sb Fosfatos [PO4]3-

Selenetos Se Arseniatos [AsO4]3-

Teluretos Te Vanadatos [VO4]3-

Sulfatos [SO4]2- SILICATOS [SiO4]4-



As Classes Minerais
Nº aproximado
Grupo Exemplos
de espécies
Elementos Nativos ~ 100 minerais Diamante C, Ouro Au
Sulfetos ~ 600 minerais Pirita FeS2
Hematita Fe2O3,
Óxidos e Hidróxidos ~ 500 minerais
Gibbsita Al(OH)3
Haletos ~ 150 minerais Halita NaCl, Fluorita CaF2
Carbonatos 280 minerais Calcita CaCO3
Sulfatos ~300 minerais Barita BaSO4
Fosfatos ~500 minerais Apatita Ca5(PO4)3OH
SILICATOS ~1300 minerais Quartzo SiO2
As Classes Minerais - Exemplos diamante (C)

ELEMENTOS NATIVOS
Enxofre (S)

Ouro (Au)

Cu, Alaska (3 toneladas)


As Classes Minerais - Exemplos Magnetita – Fe3O4

ÓXIDOS

Ânion O2- combinado com 1 ou mais metais


óxidos simples e múltiplos (e hidróxidos)
X2O
XO
X2O3 (grupo da hematita)
XY2O4 (grupo do espinélio)
XO2 (grupo do rutilo)

hematita (Fe2O3)
As Classes Minerais - Exemplos

HALETOS

halita (NaCl) fluorita (CaF2)


As Classes Minerais - Exemplos calcita (CaCO3)

CARBONATOS Grupo aniônico (CO3)2-

CaCO3 SrCO3 BaCO3 PbCO3


aragonita strontianita witherita cerussita
As Classes Minerais - Exemplos

FOSFATOS
Radical aniônico (PO4)3-

Apatite Ca5(PO4)3(OH,F,Cl) Monazita (Ce,La,Nd,Th)PO4


As Classes Minerais - Exemplos

SULFETOS SULFATOS
Radical aniônico (SO4)2-
pirita (FeS2) Anidros
grupo da barita (BaSO4)
Hidratados
grupo da gipsita
(CaSO4.2H2O)
gipsita
(CaSO4.2H2O)
galena (PbS)

barita (BaSO4)
A Classe dos Silicatos
—  Unidade fundamental tetraédros de [SiO4]4-.
—  Unidade fundamental é capaz de polimerização.
—  As diferentes combinações do tetraédros de SiO4 formam as diferentes subclasses de silicatos
A Classificação dos Minerais
—  Critérios “estruturais”:

—  De acordo também com a estrutura interna

—  SILICATOS – classe mais importante e abundante

—  Divisão em SUBCLASSES parcialmente na composição química


mas principalmente em termos da ESTRUTURA INTERNA

—  Estrutura interna de cada subclasse de silicatos diz respeito ao


MODO DE POLIMERIZAÇÃO dos tetraedros de [SiO4]4-

Fórmula Geral dos Silicatos
Xm Yn (Zp Oq) Wr
X cátios grande com pequena valência (K+, Na+, Ca2+)
coordenação 8-12 (K+) ou 6-8 (Na+, Ca2+)
Y cátions médios de valência 2 ou 4
(Mn2+, Fe2+, Mg2+, Fe3+, Ti4+, Al3+)
coordenação 6
Z cátions pequenos com carga elevada (Al3+, Si4+)
coordenação 4
O oxigênio
W ânions (Cl-, F-, OH-)
Polimerização de Silicatos
—  Valência eletrostática =
carga do íon/número de
coordenação
—  As cargas que ligam o cátion
central aos ânions vizinhos é a
metade da carga dos ânions.
—  Os ânions podem se ligar a
outros poliedros de
coordenação idênticos,
formando cadeias
polimerizadas.
Subclasses dos Silicatos
Número de O2-
Razão Z:O Configuração
SUBCLASSE SILICÁTICA compartilhado por Terminologia Equivalente
(Z= Si4+ ou Al3+) Estrutural
tetraedro
Tetraedro
ORTOSSILICATOS 0 1:4 NESOSSILICATOS
Isolados
Tetraedros
DISSILICATOS 1 2:7 SOROSSILICATOS
Duplos
Anéis de
SILICATOS EM ANÉIS 2 1:3 CICLOSSILICATOS
Tetraedros
Cadeia de
SILICATOS EM CADEIA INOSSILICATOS
Tetraedros
SIMPLES 2 1:3
DUPLA 2 ou 3 4:11
SILICATOS EM Camadas de
3 2:5 FILOSSILICATOS
CAMADAS Tetraedros
Redes de
SILICATOS EM REDE 4 1:2 TECTOSSILICATOS
Tetraedros
Subclasses dos Silicatos
Nesossilicatos Sorossilicatos Ciclossilicatos

Inossilicatos Inossilicatos
Cadeia Tectossilicatos
Cadeia
Simples Dupla
Número de O2-
Razão Z:O Configuração
SUBCLASSE SILICÁTICA compartilhado por Terminologia Equivalente
(Z= Si4+ ou Al3+) Estrutural
tetraedro
Tetraedro
ORTOSSILICATOS 0 1:4 NESOSSILICATOS
Isolados

Nesossilicatos
—  Olivina
(Mg, Fe)2SiO4
Número de O2-
Razão Z:O Configuração
SUBCLASSE SILICÁTICA compartilhado por Terminologia Equivalente
(Z= Si4+ ou Al3+) Estrutural
tetraedro
Tetraedros
DISSILICATOS 1 2:7 SOROSSILICATOS
Duplos

Sorossilicatos
—  Epídoto
Ca2Al2(FeO)(SiO4)(Si2O7)(OH)
(epidoto é um misto de tetraedros
isolados e ligados dois a dois)
Número de O2-
Razão Z:O Configuração
SUBCLASSE SILICÁTICA compartilhado por Terminologia Equivalente
(Z= Si4+ ou Al3+) Estrutural
tetraedro

Anéis de
SILICATOS EM ANÉIS 2 1:3 CICLOSSILICATOS
Tetraedros

Ciclossilicatos —  Berilo
Be3Al2Si6O18
Número de O2-
Razão Z:O Configuração
SUBCLASSE SILICÁTICA compartilhado por Terminologia Equivalente
(Z= Si4+ ou Al3+) Estrutural
tetraedro

Anéis de
SILICATOS EM ANÉIS 2 1:3 CICLOSSILICATOS
Tetraedros

Ciclossilicatos
—  Turmalina Na(Mg,Fe,Li,Al)3Al6(Si6O18)(BO3)3(O,OH,F)4

Visão de Topo Visão Lateral


Número de O2-
Razão Z:O Configuração
SUBCLASSE SILICÁTICA compartilhado por Terminologia Equivalente
(Z= Si4+ ou Al3+) Estrutural
tetraedro
Cadeia de
SILICATOS EM CADEIA INOSSILICATOS
Tetraedros
SIMPLES 2 1:3

Inossilicatos – Cadeia Simples


Grupo dos Piroxênios
Enstatita MgSiO3
Ferrosilita FeSiO3
Augita (Ca,Na)(Mg,Fe,Al)(Si,Al)2O6
Diopsídio CaMgSi206
Número de O2-
Razão Z:O Configuração
SUBCLASSE SILICÁTICA compartilhado por Terminologia Equivalente
(Z= Si4+ ou Al3+) Estrutural
tetraedro
Cadeia de
SILICATOS EM CADEIA INOSSILICATOS
Tetraedros
DUPLA 2 ou 3 4:11

Inossilicatos – Cadeia Dupla


Grupo dos Anfibólios
Hornblenda (Ca,Na)2-3(Mg,Al,Fe)5Si6(Si,Al)2O22(OH)2
Tremolita Ca2Mg5Si8O22(OH)2
Actinolita Ca2(Mg,Fe)5Si6(Si,Al)2O22(OH)2
Número de O2-
Razão Z:O Configuração
SUBCLASSE SILICÁTICA compartilhado por Terminologia Equivalente
(Z= Si4+ ou Al3+) Estrutural
tetraedro
SILICATOS EM Camadas de
3 2:5 FILOSSILICATOS
CAMADAS Tetraedros

K(Al)2(AlSi3O10)(OH)2 – Muscovita
Filossilicatos
Grupo dos Micas

K(Mg,Fe)3(AlSi3O10)(OH)2 - Biotita
Número de O2-
Razão Z:O Configuração
SUBCLASSE SILICÁTICA compartilhado por Terminologia Equivalente
(Z= Si4+ ou Al3+) Estrutural
tetraedro
Redes de
SILICATOS EM REDE 4 1:2 TECTOSSILICATOS
Tetraedros

Tectossilicatos
—  Silicatos totalmente polimerizados
—  Si:O = 1:2
—  Tectossilicatos são os mais
abundantes minerais da crosta
terrestre
—  Grupo dos Feldspatos: ~51%
—  Plagioclásio ~ 39%
—  Ortoclásio ~ 12%
—  Quartzo ~ 12%
Tectossilicatos – SiO2 (polimorfos)
Tectossilicatos – Feldspatos
—  Ocorrem em rochas ígneas,
metamórficas e sedimentares.
—  Unidade fundamental [(Si,Al)O4]x-.
—  Substituição Si4+ - Al3+.
—  O excesso de carga exige a presença
de cátions adicionais para
neutralizá-lo.
—  KAlSi3O8
—  NaAlSi3O8
—  CaAl2Si2O8
Tectossilicatos – Feldspatos
—  As estruturas similares significam que a composição é
relacionada:
oSi4O8 Ca[Al2Si2]O8

OBS: Ao lembrar que 4 x SiO2 forma o anel básico da estrutura dos feldspatos,
você já está a meio caminho de saber tudo sobre a fórmula de qualquer
Tectossilicatos – Feldspatos
—  Os feldspatos possuem soluções sólidas do tipo substitucional.
K+ = Na+ (simples) Na+ + Si4+ = Ca2+ + Al3+ (acoplada)
—  A grande maioria dos feldspatos podem ser expressos pelos termos
do sistema
—  Ortoclásio (Or) KAlSi3O8
—  Albita (Ab) NaAlSi3O8
—  Anortita (An) CaAl2Si2O8
“Hierarquias” do Reino Mineral
—  REINO MINERAL
—  CLASSE MINERAL
(Óxidos, Sulfatos, Silicatos)
—  SUBCLASSE MINERAL
(Nesossilicato, Inossilicato, Tectossilicato)
—  GRUPO MINERAL

(Grupo dos Piroxênios, dos Anfibólios, das Micas)


—  ESPÉCIE MINERAL

(Diopsídio, Hornblenda, Biotita, Ortoclásio)


Podem estar relacionadas entre si por Soluções Sólidas,
formando SÉRIES de mesma estrutura e diferente composição
—  Variedade Mineral
Variações químicas pouco expressivas de determinadas espécies

GÊNESE
DEFINIÇÕES Localidades
Pessoas
MINERAIS NOMENCLATURA Prop. Físicas

Comp. Química
PROP. FÍSICAS

Interação com a Luz


ESTRUTURA
Prop. Magnéticas, Elétricas,
Dens. Relativa
Isomorfismo
Modo de Quebra ou de
Deformação
Polimorfismo
Modo de Cristalização
Solução Sólida

CLASSES:
Ânion ou Radical Aniônico
CLASSIFICAÇÃO dominante
SILICATOS - SUBCLASSES: Estrutura –
Modo de Polimerização de
Tetraédros
REFERÊNCIAS

TEIXEIRA, W., FAIRCHILD, T., TOLEDO, M.C.M. & TAIOLI, F. (2009) Decifrando
a Terra. 2º Edição, São Paulo, SP: Companhia Editora Nacional. 623 p.
HAWTHORNE, F.C. (1993) Minerals, mineralogy and mineralogists: Past, present
and future. Can. Mineralogist, 31:253-296.
HAZEN, R.M. (1984) Mineralogy: A Historical Review. J. Geosci. Education,
32:288-298.
KLEIN, C. & HURLBUT, C.S.Jr. (1993) Manual of Mineralogy (after J.D.Dana). 21ª
Edição Revisada, Nova Iorque: Jonh Wiley & Sons, Inc. 681p.
NESSE, W.D. (2000) Introduction to Mineralogy. Oxford: Oxford University Press,
442p.

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