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CAMPANHA NACIONAL DE ESCOLAS DA COMUNIDADE

FACULDADE CENECISTA DE RIO DAS OSTRAS


BIOMEDICINA

REVISÃO SOBRE O USO DA HIDROXICLOROQUINA, CLOROQUINA, AZITROMICINA E


CORTICÓIDES E SEUS EFEITOS NO TRATAMENTO DA COVID- 19

LORRAINNE MATTOS BARCELOS


HELEN DA SILVA GONÇALVES QUINTANILHA

Rio das Ostras


2020
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REVISÃO SOBRE O USO DA HIDROXICLOROQUINA, CLOROQUINA, AZITROMICINA E


CORTICÓIDES E SEUS EFEITOS NO TRATAMENTO DA COVID- 19

Helen da Silva Gonçalves Quintanilha


Acadêmica de Biomedicina, Faculdade CNEC Rio das Ostras, helensg_21@hotmail.com
Lorrainne Mattos Barcelos
Acadêmica de Biomedicina, Faculdade CNEC Rio das Ostras,lorraiinemattos78@gmail.com
Orientador: Luiz Maurício Braga de Paula
Biólogo e Biomédico, UFRJ e CNEC Rio das Ostras,luizmauricio@ufrj.br

Resumo:Uma nova doença emerge no final de dezembro de 2019na província deWuhan, na China, causando milhares
de mortes após se alastrar por todo o mundo.Em março de 2020, foi decretado quadro pandêmico e, desde então,
medidas sanitárias foram inseridas no dia a dia da população mundial por não se ter ideia de como combater tal
patógeno. Por se tratar de um tipo de vírus da família dos coronas, denominado SarsCov-2, muitos fármacos já
utilizados para outros tipos de doenças, estão sendo testados diariamente na busca por algumque contenha com
êxitosua virulência. O objetivodestapesquisabibliográficafoidemonstraras evidênciaspublicadas, até a data de
pesquisa, acerca dos estudosexperimentais e ensaiosclínicos que utilizaramosfármacosCloroquina, Hidróxicloroquina,
Azitromicina e Corticóidescomoproposta de tratamento para a doençapelo novo coronavírus.
Palavras-chave:Covid-19, SarsCov-2, Tratamento farmacológico, Antiinflamatórios.

Abstract:A new disease emerges in late December 2019 in China's Wuhan province, causingthousandsof deaths
afterspreadingacrossthe world. In March 2020, a pandemicsituationwasdeclaredand, sincethen,
sanitarymeasureshavebeeninserted in thedailylifeofthe world populationbecausetheyhave no
ideahowtocombatsuch a pathogen. Because it is a typeofvirus in the corona family, called SarsCov-2,
manydrugsalreadyused for othertypesofdiseases are beingtesteddaily for anythatsuccessfullycontaintheirvirulence.
The objectiveofthisbibliographicresearchwastodemonstratethepublishedevidence, untiltheresearch date, aboutthe
experimental studiesandclinicaltrialsthatusedthedrugsChloroquine, Hydroxychloroquine, AzithromycinandCorticoids
as a treatmentproposal for thediseasebythe new coronavirus.
Keywords:Covid-19, SarsCov-2, Pharmacologicaltreatment, Anti-inflammatories.
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INTRODUÇÃO

Em dezembro de 2019, em Wuhan, na China, surge um surto de pneumonia por síndrome


respiratória aguda grave, causado por um novo subtipo de coronavírus. A doença, então
conhecida como COVID-19, se espalhou rapidamente para outros continentes, atingindo mais de
180 países no início de março de 2020. A este respeito, a Organização Mundial da Saúde (OMS)
proclamou a Pandemia da COVID-19 (OMS, 2020).
Por meio do grande esforço de especialistas médicos e pesquisadores dos países afetados, o
conhecimento sobre a contaminação, prevenção, evolução e tratamento de doenças está sendo
estabelecido diariamente. O aumento do número de casos de sintomas elevados, a necessidade
de tratamento hospitalar e de salas de terapia intensiva (UTIs), a alta mortalidade e desigualdade
do sistema médico global estão associadas à igualdade econômica, técnica e social (OMS, 2020).
Inicialmente, o ritmo de crescimento e as estratégias para lidar com a COVID-19 em diferentes
momentos, ajudam as autoridades de saúde a agir, sejam elas positivas ou não, com experiências
contextuais de coleta de conhecimento. Como resultado, a infecção pelo Sars-Cov-2 continua a
gerar desafios globais de saúde pública (OMS, 2020).
Segundo o Boletim Epidemiológico-COE COVID-19 de 21 de fevereiro de 2020, as ações de
controle de doenças dessa magnitude ultrapassam em muito o SUS e requerem participação
social. Isso se deve ao amplo apoio aos pilares de manutenção da transmissão da COVID-19, como
ritmos sociais, medidas de higiene e modos respiratórios. Infelizmente, o desequilíbrio na direção
do afastamento contribui para mudanças no estilo de vida, economia e estratégias de
sobrevivência de países já em crise política, de emprego e renda em posição incerta quanto à
capacidade de controle do governo brasileiro.
O objetivo geral deste estudo foi conceituar e definir a doença causada pelo Sars-CoV-2. Já o
objetivo específico foi explorar a eficácia e efetividade dos fármacosCloroquina, Hidróxicloroquina,
Azitromicina e Corticóides que foram ou estão sendo utilizados contra a doença. Para tal, realizou-
se uma revisão bibliográfica e sistemática desenvolvida a partir de materiais publicados em livros,
revistas, jornais e redes eletrônicas, ou seja, materiais acessíveis ao público em geral.

MATERIAIS E MÉTODOS

As ciências são caracterizadas pela utilização de métodos científicos, porém, “nem todos os ramos
de estudo que empregam estes métodos são ciências”, ou seja, não é exclusividade da ciência a
utilização dos métodos. No entanto, não se pode fazer ciência sem o “emprego de métodos
científicos” (LAKATOS; MARCONI, 2017, p. 40).
Nesse sentido, a metodologia serve para indicar o passo a passo de uma pesquisa científica.
Portanto, diante do que foi exposto, o presente, trabalho tem como meta analisar a produção
bibliográfica a respeito de quatro fármacos que estão sendo utilizados no tratamento da Covid-19.
Quanto à finalidade trata-se de uma pesquisa básica que segundo Prodanov e Freitas (2013, p. 52
e 52) “objetiva gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática
prevista. Envolve verdades e interesses universais”. Quanto aos seus objetivos trata-se de uma
pesquisa exploratória. “Quando a pesquisa se encontra na fase preliminar”, sua finalidade é
“proporcionar mais informações sobre o assunto”, ou seja, possibilita “sua definição e seu
delineamento”, isso quer dizer que fica muito mais fácil delimitar o tema da pesquisa; fixar os
objetivos; formular as hipóteses ou até mesmo “descobrir um novo tipo de enfoque para o
assunto”.
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Quanto aos procedimentos técnicos adotados para esta pesquisa, trata-se de uma pesquisa
bibliográfica, que, segundo Lakatos e Marconi (2017, p. 33) é considerado um tipo específico de
produção científica: “feita com base em textos, como em livros, artigos científicos, ensaios críticos,
dicionários, enciclopédias, jornais, revistas, resenhas, resumos”. Sendo que, atualmente é
predominante o entendimento de que, artigos científicos “constituem o foco primeiro dos
pesquisadores” uma vez que, “é neles que se pode encontrar conhecimento científico atualizado”.
Quanto à natureza trata-se de uma pesquisa qualitativa, pois seu foco é analisar e interpretar os
documentos recuperados e que segundo Prodanov e Freitas (2013, p. 70) os dados coletados
nesse tipo de pesquisa são descritivos, que retrata o maior “número possível de elementos
existentes na realidade estudada”. Já na análise dos dados coletados “não há preocupação em
comprovar hipóteses previamente estabelecidas, porém essas não eliminam a existência de um
quadro teórico que direcione a coleta, a análise e interpretação dos dados”.
Depois da delimitação do tema de pesquisa realizou-se uma busca detalhada de todo material
disponível com os seguintes termos: Covid-19; Tratamento para Covid-19; SarsCov-2; Azitromicina
para Covid-19; Hidroxicloroquina e Cloroquina para Covid-19; Corticóide para Covid-19. Para a
seleção dos documentos recuperados foram listados os seguintes critérios de inclusão:
● Artigos publicados em Língua Portuguesa e Inglesa.
●Artigos publicados na íntegra que abordassem a temática referente à revisão de
literatura;
A coleta de dados foi realizada de forma automática para buscar artigos científicos, teses,
dissertações e outros títulos, onde foi verificada a relevância das obras em relação à temática
abordada no estudo, nas seguintes bases de dados: BRAPCI (Base de Dados em Ciência da
Informação), SCIELO (ScientificElectronic Library Online), LILACS (Literatura Latino Americana e do
Caribe em Ciências da Saúde), PubMed e a BDTD (Biblioteca Digital de Teses e Dissertações).
Após a identificação, realizou-se a seleção dos estudos primários, em consonância com a questão
norteadora do estudo. Portanto, foram selecionados para a pesquisa os artigos dos quais mais se
aproximavam do assunto a ser discutido. Outros documentos foram revisados manualmente, tais
como livros e revistas sobre área de pesquisa abordada para identificar estudos relevantes.

REFERENCIAL TEÓRICO
1. CONCEITO E DEFINIÇÃO

Um vírus, de maneira geral, é considerado o menor microrganismo existente, podendo ter de 10 a


300 nm, sendo observado somente através da microscopia eletrônica, são parasitas obrigatórios,
ou seja, não tem aparatos enzimáticos suficientes para se replicar sem a ajuda de uma célula
hospedeira, podendo ser ela animais, vegetais ou microrganismos, causando assim muitos danos a
mesma. Os vírus podem ser constituídos de RNA ou DNA, é constituído pelo cerne onde se
encontra o genoma, associado a uma capa proteica denominada capsídeo que assim formam o
nucleocapsídeo, sendo o ácido nucleico responsável pelas informações genéticas e pela
capacidade de gerar uma resposta imunológica inflamatória. Os vírus geralmente infectam a via
respiratória ou gastrointestinal e através da replicação viral no interior da célula hospedeira é que
ocorrem as etapas de adsorção, penetração, desnudamento, transcrição e tradução (síntese),
maturação e liberação (Fiocruz, et al., 2009).
A família de vírus Coronaviridae pertencentes a ordem Nidovirales, é responsável por causar uma
variedade de doenças em humanos e animais. Tais vírus foram isolados em 1937 e descritos em
1965, são conhecidos por causar doenças respiratórias graves. Já se tem relatados 7 tipos de
coronavírus, são eles: os Alpha coronavírus HCoV-229E e alfa coronavírus HCoV-NL63, beta
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coronavírus HCoV-OC43 e beta coronavírus HCoV-HKU1, SARS-CoV (causador da síndrome


respiratória aguda grave ou SARS), MERS-CoV (causador da síndrome respiratória do Oriente
Médio ou MERS) e SARS CoV-2, causador da doença em questão COVID-19 (RODRIGUES; CARINA;
et al., 2020).
Dois coronavírus já foram responsáveis por evidências de surtos na China levando a morte de mais
de 1.398 pessoas e infectando 9.824, conhecidos como SARS (síndrome respiratória aguda grave)
que ocorreu em novembro de 2002, foi relatado o primeiro caso em Foshan, China e foi
espalhando-se até Hong Kong e de lá para o Vietnã, Canadá e outros países, encerrando o surto
em 2003-2004, mas não é descartado que ele pode vir a causar surtos novamente. Em junho de
2012 um homem foi morto na Arábia Saudita pelo novo coronavírus denominado de MERS
(síndrome respiratória oriental), e começou a se espalhar para países fora da Arábia Saudita,
resultado de uma transmissão nosocomial, com pouca diferença da nova COVID-19, que é
amplamente espalhado na comunidade. Evidências mostraram que o vírus Sars-Cov e o Sars-Cov-2
compartilham do mesmo sítio de ligação da célula hospedeira, a enzima conversora de
angiotensina (ACE2), que é uma enzima encontrada na membrana plasmática de vários tecidos
humanos, principalmente das vias respiratórias superiores, coração, rim e trato gastrointestinal
(DE WIT, et al., 2016).
As partículas virais do coronavírus são esféricas, com cerca de 125 nm de diâmetro e cobertas por
um envelope de fosfolipídios. O genoma de RNA de fita simples com sentido positivo contém 26-
32 quilobases e se liga a proteínas para formar nucleocapsídeos. As partículas apresentam
saliências que emanam do envelope em forma de picos formados pela proteína S (proteína do
ouvido) trimérica. Essas saliências produzem a aparência de uma coroa e, portanto, são chamadas
de coronavírus. A proteína S está envolvida na ligação do vírus à célula hospedeira, na fusão entre
a membrana do vírus e a membrana celular e no processo de internalização pelo qual o vírus entra
no citoplasma. Os coronavírus HKU1, NL63, OC43 e 229E estão associados a distúrbios
ligeiramente sintomáticos. Em 31 de dezembro de 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS)
relatou vários casos de pneumonia em Wuhan, província de Hubei, República Popular da China.
Esta era uma nova cepa (tipo) de coronavírus que não havia sido identificada anteriormente em
humanos. Na semana seguinte, em 7 de janeiro de 2020, as autoridades chinesas confirmaram
que haviam identificado um novo tipo de vírus corona (OPAS / OMS, 2020).
COVID-19 foi caracterizado pela OMS como uma pandemia que se refere à distribuição geográfica
da doença e não à sua gravidade. Esta designação agora reconhece que A COVID-19 está
ocorrendo em vários países e regiões ao redor do mundo. COVID-19 é considerada uma infecção
causada pelo novo vírus corona e os sintomas mais comuns são febres, fadiga e tosse seca. Alguns
pacientes podem sentir dor no corpo, congestão nasal, secreção nasal, dor de garganta ou
diarreia. Esses sintomas são geralmente leves e começam gradualmente. Algumas pessoas estão
infectadas, mas não apresentam sintomas e se sentem bem (OPAS / OMS, 2020).
COVID-19 é uma doença causada pelo coronavírus SARS-CoV-2 e apresenta um quadro clínico de
infecções assintomáticas à doenças respiratórias graves. Segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS), a maioria (cerca de 80%) dos pacientes com COVID-19 pode ser assintomática, e cerca de
20% dos casos recebem atendimento hospitalar devido à dificuldade para respirar e cerca de 5%
desses casos podem necessitar de suporte ventilatório para o tratamento da insuficiência
respiratória (OPAS / OMS, 2020).

2. CICLO DE INFECÇÃO E REPLICAÇÃO


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O Ciclo de infecção e replicação do SAR-COV-2 inicia-se pela ligação à glicoproteína viral ao


receptor da célula-alvo, com posterior endocitose viral e a formação do fagossoma celular, com
consequente internalização do vírus. Esse processo direciona o vírus para o compartimento
lisossômico, em que o baixo pH, juntamente com a ação das enzimas promove o desnudamento
da partícula viral, liberando o ácido nucleico infeccioso e, em vários casos, as enzimas necessárias
para a replicação viral. O material genético (RNA) é, então, replicado, levando à síntese de
estruturas virais, tais como capsídeo, envelope e demais proteínas, principalmente glicoproteínas
no complexo de Golgi celular. O vírus, nesse momento, é montado e é liberado da célula
hospedeira por exocitose (KRAMER, et al., 2020).

3.FORMAS DE TRANSMISSÃO E PROPAGAÇÃO

Até onde se sabe, a principal forma de transmissão ocorre em indivíduos sintomáticos. Conforme
relatado na China, Cingapura e Alemanha, alguns pacientes com COVID-19 podem espalhar o vírus
24-48 horas antes do início dos sintomas e 3-4 semanas após o início dos sintomas. Portanto, a
OMS sugeriu que os pacientes não seriam liberados do isolamento até que dois testes negativos
(com pelo menos 24 horas de intervalo) tivessem sido realizados. Se o teste não fosse possível,
recomendou-se que o paciente permanecesse isolado por mais 2 semanas após o término dos
sintomas. Isso ocorre porque o vírus pode continuar a se espalhar. Uma das formas de contágio do
coronavírus é por meio do contato com objetos ou superfícies contaminadas. Segundo a New
EnglandJournalOf Medicine, CDC e Universidade LA, o vírus permanece estável por 72 horas em
ácido inoxidável, em plástico por 72 horas, em papelão por 24 horas, cobre por 4 horas e
aerossolizada (material líquido ou solução aplicada, dispersos ou transformados na forma de
aerossóis/poeira) de 40 min a 2h e 30 min (TEIXEIRA, et al., 2020).

4.FORMAS DE PREVENÇÃO

Segundo dados da Capes (2020), a principal medida recomendada para prevenir a transmissão é
lavar as mãos frequentemente com água e sabão. Na ausência de água e sabão, usar um
desinfetante para as mãos à base de álcool para evitar tocar os olhos, nariz e boca com as mãos
sujas, evitar contato próximo com pessoas doentes, evitar aglomeração e manter limpo e
desinfetado objetos e superfícies.
Segundo informações do Ministério da Saúde, as medidas preventivas seguem assim:
• Lavar as mãos com água e sabão ou desinfetantes à base de álcool;
• Manter uma distância de pelo menos 1 metro entre você e a pessoa que tosse ou espirra;
• Evitar tocar nos olhos, nariz ou boca;
• Certificar de que as pessoas ao seu redor estão mantendo uma boa higiene pessoal;
• Procurar atendimento médico se tiver febre, tosse ou dificuldade para respirar.
• Pessoas doentes devem adiar ou evitar viagens para áreas afetadas pelo vírus corona
(OMS, 2020).

5. DIAGNÓSTICO

Segundo o Ministério da Saúde (2020), o diagnóstico da COVID-19 deve ser feito basicamente por
um profissional médico que deve avaliar a existência de critérios clínicos, tais como:
• Pessoas com doença respiratória aguda caracterizada por sensação febril ou febre. Pode
ou não estar presente no momento do exame (pode ser relatado a um profissional médico) e pode
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ser acompanhado por tosse, dor de garganta, secreção nasal e dificuldade para respirarsão
chamados de pacientes com síndrome gripal;
• Pessoas com dificuldade respiratória, compressões torácicas persistentes, saturação de
oxigênio do ar ambiente inferior a 95%, lábios e rosto azuladossão chamados de pacientes com
síndrome respiratória aguda grave.
Se o paciente apresentar tais sintomas, um profissional médico pode solicitar um exame clínico,
como, por exemplo:
• Biologia molecular (rt-PCR em tempo real) que diagnostica COVID-19, influenza ou a
presença de vírus de sintomas respiratórios (VSR);
• Imunológico (teste rápido, imunoensaio, quimiluminescência) para detectar a presença
de anticorpos em amostras coletadas 7 dias após o início dos sintomas.

DISCUSSÃO

1. INDÚSTRIA FARMACÊUTICA

A indústria farmacêutica brasileira nasceu e se desenvolveu entre 1890 e 1950. Portanto, mais
tarde do que se observava nos países europeus, avanços significativos já eram feitos nesse
segmento no século XIX. Os primeiros desenvolvimentos da indústria farmacêutica brasileira “têm
fortes laços com órgãos públicos de saúde, práticas de higiene para prevenir e erradicar doenças
infecciosas, especialmente instituições de pesquisa básica e aplicada” (RIBEIRO, 2000, p.34).
Segundo Ribeiro (2000), o Brasil desempenhou um papel importante no início do desenvolvimento
da indústria farmacêutica, incentivando e fornecendo recursos para alguns dos primeiros
laboratórios farmacêuticos. Ele também contribuiu com a formação dos primeiros cientistas
brasileiros que mais tarde se tornaram responsáveis pelo desenvolvimento da saúde pública, soro,
vacinas e produção de medicamentos por empresas pioneiras.
Com o crescimento da produção de café a oeste de São Paulo, chegaram muitos imigrantes,
garantindo mão de obra barata. Devido à falta de higiene em portos, prédios e pousadas, tornou-
se necessária a adoção de medidas contra doenças e infecciosos. A grande variedade de produtos
químicos usados nas lavouras, como sulfato de cobre, cloreto de cálcio e ácido sulfúrico, ainda
eram importados de países como Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos (GONÇALVES, 2014).
Um pequeno complexo industrial brasileiro emergente começou a produzir anilina vegetal
mínima, óleos, ceras e medicamentos naturais após a descoberta e uso industrial da síntese
orgânica na Europa. A produção de produtos minerais começou mais tarde, influenciada pela
complexidade técnica e pela necessidade de utilização de matérias-primas importadas como
enxofre, nitratos e compostos de cloro. Com os avanços da epidemiologia, os cientistas
descobriram que a transmissão da doença ocorre por vias muito mais complexas do que se
pensava anteriormente.
No final da década de 1920, o Instituto Vacinogênico e o Butantã eram responsáveis pela
produção dos produtos biológicos em São Paulo. O primeiro focou na produção de vacinas contra
varíola e o segundo na produção de vacinas contra pragas. Depois, com o advento da obra de Vital
Brasil, começou-se a produção de soro para picadas de cobra, aranha e escorpião.
Diversas empresas brasileiras têm obtido sucesso na produção de fármacos para o mercado
interno e para exportação. Para Ribeiro, apud Gambeta (1982) atribuiu esse sucesso à "instalação"
da época. Isso ocorre porque as práticas atualmente consideradas comuns, como segredos
corporativos e proteção sob a lei de patentes, não eram comuns. Avanços em farmacologia são
incluídos em revistas de domínio público.
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Os representantes do setor farmacêutico brasileiro passaram por mudanças radicais desde a


década de 1950. A adoção de medidas e planos de desenvolvimento a partir da gestão e da era
militar do presidente Juscelino Kubitschek abriu as portas para o setor com empresas de capital.
No exterior, tínhamos mais know-how e recursos financeiros, e conseguimos eliminar grande
parte da competição com os laboratórios nacionais.
Segundo Silva (2002), a década de 1980 foi marcada como um período de estagnação econômica e
inflação descontrolada. O investimento produtivo era modesto, em grande parte devido às opções
da maioria das empresas que favoreciam os lucros obtidos com o investimento financeiro. Entre
1980 e 2000, as empresas estatais começaram a enfrentar outros tipos de dificuldades.
● controle de preços do governo;
● lei de patentes reforçando os monopólios;
● dificuldade de acesso à mídia;
● dificuldades advindas de questões culturais brasileiras, como o baixo prestígio dado
aos produtos nacionais em comparação com os importados;
● ausência de políticas industriais de longo prazo, que poderiam permitir os
investimentos em melhoria e dinamização do setor;
● aumento do grau de exigência na concessão de registros de novos medicamentos
por parte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
Hoje, uma das maiores demandas da indústria nacional é o desenvolvimento de políticas que
permitam e estimulem o setor privado nacional a investir na produção de fármacos.

2. PRODUTO FARMACÊUTICO

A origem do medicamento está relacionada ao investimento em atividades de pesquisa


conduzidas em laboratório com o objetivo de sintetizar novas moléculas que serão transformadas
no produto final comercializável no futuro e garantir os benefícios econômicos desejados.
Para que um novo medicamento seja desenvolvido, o processo de pesquisa e aprovação pelo
órgão regulador competente seguirá uma longa trajetória, incluindo inicialmente extração
molecular, etapas farmacológicas, toxicológicas e de segurança até a aprovação final. Os
medicamentos podem ser divididos em quatro categorias principais (CAMPOS et al., 2001):
• Novas moléculas - geralmente produtos químicos de alto valor agregado, como
resultado de grandes laboratórios que investem em atividades de pesquisa e desenvolvimento.
São também conhecidos como princípios ativos, as matérias-primas envolvidas na ação
terapêutica.
• Produtos com receita médica - o marketing é regulamentado por lei e os escritórios de
vendas só podem fazê-lo mediante a apresentação de uma receita. Eles podem ser subdivididos
em produtos de marca - se o laboratório de produção for patenteado - e produtos semelhantes
que têm propriedades terapêuticas semelhantes aos produtos de marca. Produtos semelhantes
geralmente são compostos dos mesmos princípios ativos e sua comercialização só é possível após
o vencimento da patente do medicamento de marca. Visualmente, ambas as embalagens de
produtos semelhantes aos produtos de marca contêm faixas horizontais vermelhas ou pretas, que
representam cerca de 50% de todos os medicamentos comercializados (ABIFARMA, 2000);
• Produtos OTC (over-the-counter) - A tradução literal da expressão OTC é “em cima do
balcão”. Na verdade, isso representa toda a classe de medicamentos que podem ser vendidos sem
receita médica. No Brasil, esses produtos são regulamentados pelo Decreto 2/95 e listam 19
categorias de tratamentos que podem ser comercializados. Analgésicos, vitaminas, antioxidantes,
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sabonetes medicamentosos e produtos que reduzem os sintomas da gripe e do resfriado são


alguns exemplos de produtos OTC.
• Produtos Genéricos - São produtos sem marca, identificados pelo nome da substância ou
princípio ativoe sua disponibilidade só é concedida após o vencimento da patente do
medicamento de referência ou marca. Segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA), as vendas de genéricos passaram de uma média de 2 milhões para 5 milhões de
unidades por mês (2001). Uma grande vantagem do mercado de medicamentos genéricos é o
potencial de democratizar as políticas públicas de saúde, administrar melhor as flutuações de
preços e, com isso, oferecer ao país um tratamento nacional mais barato. (CAMPOS et al, 2001;
ABIFARMA, 2000).

3. SETOR INDUSTRIAL FARMACÊUTICO

Hoje, a indústria farmacêutica é formada por centenas de empresas, sendo 17% estrangeiras e
83% nacionais. Concentram-se principalmente no Sudeste e geram empregos diretos e indiretos.
Ressalta-se que é um setor caracterizado pela diversificação de mercado (CAMPOS et al., 2001).
Com o advento do controle de preços implementado pelo governo em 2002 e 2003, a indústria
farmacêutica foi incapaz de repassar para seus clientes parte do aumento principalmente
associado aos custos de insumos. Ressalta-se que a produção farmacêutica ocupa posição
fundamental no processo de acumulação de capital internacional e é um dos setores industriais
mais rentáveis (CAMPOS et al., 2001).
Segundo Fiori (2014), esse setor foi historicamente monopolizado, com seu núcleo em alguns
países centrais do sistema capitalista interestadual, explicando as relações hierárquicas entre os
diversos estados que o compõem.
As maiores indústrias farmacêuticas mundiais estão localizadas em alguns países como Estados
Unidos, Alemanha, Suíça, França e Reino Unido, onde estão em curso grandes processos de
investimento em P&D (ACHILLADELIS), o que é fundamental para este setor (ANTONAKIS, 2001).
Soma-se a isso o fato de que aí também se concentram os resultados do processo de acumulação
de capital do setor, visto que a sede corporativa e os processos de pesquisa e inovação estão
localizados nesses poucos países.

4. FARMACOLOGIA PARA A COVID-19

Diante de tantos obstáculos para que um fármaco chegue as prateleiras das drogarias, podemos
chegar a um cenário como o que temos hoje: milhares de óbitos causados por um microrganismo
invisível, que até alguns meses atrás, era desconhecido. Porém, já se tem muitos estudos que
podem, ou não, comprovar a eficácia de alguns fármacos.
A seguir, falaremos de quatro destes fármacos que atualmente estão sendo utilizados contra as
manifestações da Covid-19 por já terem passado pelos trâmites legais, porém, para outras
doenças.

4.1. CLOROQUINA/HIDROXICLOROQUINA

A Cloroquina é uma 9-aminoquinolina que logo na sequência foi sintetizado seu hidroxi-análogo
(hidroxicloroquina) como uma alternativa complementar para o tratamento de doenças
autoimunes sistêmicas. Estudos demonstram a eficácia do fármaco no tratamento no Lúpus
eritematoso sistêmico, artrite reumatoide, síndrome de Sjögren, síndrome antifosfolipídica, entre
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outras doenças sistêmicas. Levando em consideração que a hidroxicloroquina é metabolizada no


fígado e excretada pelo rim e pela sua meia-vida que é de 30 a 50 dias e para começar a ver os
seus efeitos no organismo com a ação anti-inflamatória leva em média de 4 a 6 semanas,
recomenda-se que a dose para uso não ultrapasse 6,5 mg/kg/dia, tendo como referência o peso
do paciente devido ao seu efeito adverso que causa a retinopatia. Contra a COVID-19, Seu
potencial de ação se dá principalmente por agir na imunidade inata, interferindo na glicosilaçãodo
expressor ACE2 o que impede a interação com o SarCov-2 e ainda ageatravés de várias vias
inflamatórias ainda não muito definidas, bloqueando a ação dos linfócitos T e inibindo a ativação
de alguns TLRs especificamente os TLR 3,7,8 e 9 (KRAMER et al., 2020; ERKAN, D. et al., 2018).
Muitas informações começaram a ser amplamente distribuída nas redes sociais, apesar das frágeis
evidências científicas da eficácia da cloroquina/hidroxicloroquina na luta contra a infecção
humana pelo novo coronavírus (2019-nCoV). As esperanças geradas por esse movimento levaram
inúmeras pessoas às farmácias em busca de possíveis tratamentos e prevenções para o Covid-19,
causando uma carência desses medicamentos no mercado e até mesmo a necessidade deles. Com
isso, pacientes em tratamento de outras doenças crônicas, como lúpus e artrite reumatoide
ficaram prejudicados. Diante desse acontecimento, no dia 20 de março de 2020 a Anvisa anunciou
a Resolução 351 (ANVISA, 2020) que inclui cloroquinas e hidroxicloroquinas, anteriormente
vendidas facilmente em farmácias, na Lista C1 (lista de outras substâncias sujeitas a controle
especial e destinadas a hospitais). Apenas três dias depois, a ANVISA anunciou uma nova
resolução nº 354. Isso traz duas alterações à resolução anterior para promover a produção e o
consumo dessas substâncias em um sistema médico único (ANVISA, 2020).
Em Manaus, um estudo foi conduzido com 81 participantes que foram divididos em dois grupos.
No primeiro grupo, foi dada uma dose alta da substância administrada por via oral (600 mg duas
vezes ao dia por 10 dias) e o segundo grupo foi dada uma dose baixa (450 mg duas vezes ao dia
por 5 dias, apenas no primeiro dia). A mortalidade foi maior em ambos os grupos, mas
ligeiramente maior no grupo de dose mais alta (17% vs. 13,5%) (COLLUCCI, 2020). Após a
publicação desses resultados preliminares, o pesquisador da Fiocruz-AM Marcus Lacerda, médico
infectologista da Fundação de Medicina Tropical e pesquisador da Fiocruz-AM, sofreu ameaça de
morte. Ele e outros pesquisadores foram chamados de irresponsáveis e acusados de usar "cobaias
humanas" em suas pesquisas. A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) e a Polícia
Civil investigam a ameaça (NUNES, 2020). Ressalta-se que o estudo foi realizado com protocolo
considerado seguro. A dose foi inferior à recomendada de 25 mg/kg, dentro da faixa terapêutica e
o tempo de administração foi inferior a 20 dias (SUÁREZ-MUTIS; MARTÍNEZ-ESPINOSA; OSORIO-
DE-CASTRO, 2020).
Os resultados preliminares do estudo também foram observados no estudo chinês citado e, como
elesforam publicados recentemente (FRELLICK, 2020), a cloroquina e a hidróxicloroquina não
foram eficazes contra a forma grave de Covid-19 com pneumonia.Não houve toxicidade dos dois
medicamentos, efeitos adversos em vários órgãos e tecidos e nenhum benefício óbvio.
A hidroxicloroquina e a cloroquina são formulações diferentes de tratamento, mas tomam a
cloroquina como base. Embora seus benefícios clínicos sejam semelhantes, a hidroxicloroquina é
considerada um pouco mais segura e tem menos efeitos colaterais, razão pela qual mais pesquisas
se concentram nela. A droga é usada para tratar doenças autoimunes como lúpus, artrite
reumatoide e até malária porque tem efeitos imunomoduladores e é um uso controlado que
aumenta a resposta imunológica a microrganismos específicos. No combate a COVID-19, o papel
da hidroxicloroquina é controlar a infecção, diminuindo a replicação do vírus, porém, em vários
países como aqui no Brasil e nos EUA, tiveram seu uso descontinuado por falta de provas sobre
sua real ação.
11

4.2 AZITROMICINA

A azitromicina é um antibiótico macrolídeo e já vem mostrando resultados contra o vírus da Zika


reduzindo substancialmente a infecção do vírus nas células, reduzindo também as concentrações
de 10 a 20 vezes abaixo da toxicidade pela metade. De acordo com estudos feitos com ela para o
tratamento e investigação das suas atividades antivirais em células epiteliais de fibrose cística das
vias aéreas, obteve-se resultados reduzindo a replicação do Rinovírus em 7 vezes nas células
brônquicas sem induzir a morte celular e aumentou os níveis de receptores das células de
reconhecimento padrão (HAACK; ARAGÃO; NOVAES; 2016; CUGOLA, 2018).
Estão sendo realizados vários testes in vitro com a azitromicina, em um deles se obteve resultados
em 50% da atividade antiviral, descartando somente a H1N1 Influenza, obtendo um resultado de
2,12 (EC90: 8,65 µM) após um período de incubação de 72 horas pós infecção com uma proporção
de vírions infecciosos para as células em cultura (multiplicidade de infecção; MOI) de 0,002.
(TOURET, et al., 2020)
Segundo o Ministério da Saúde(2020) foram ampliadas as orientações em relação a combinação
da azitromicina e a cloroquina, sendo recomendada para gestantes, crianças e adolescentes que
estão fazendo parte do grupo de risco. Sendo indicado somente para casos leves, moderados e
graves com rigorosa prescrição médica e no caso de menores de idade, autorização dos pais. Os
critérios para realização das doses combinadas de cloroquina/hidroxicloroquina com a
azitromicina vale somente para pessoas com fatores de risco como: diabetes, hipertensão arterial,
obesidade e asma, não tendo somente os critérios clínicos da fase inicial da doença como descarte
de um exame laboratorial mais aprofundado. Acredita-se que a Azitromicina age aumentando o ph
dos lisossomos e endossomos das células, o que consequentemente diminui a replicação viral e
ainda é capaz de inibir a ligação da proteína Spike do SarCov-2 e a proteína receptora ECA2
(enzima conversora de angiotensina-2) impedindo a entrada do vírus nas células. Os efeitos
adversos que o uso da cloroquina combinada com a azitromicina é o que traz uma grande
preocupação para as pesquisas, devido a sua reação de indução da frequência cardíaca e
mortalidade cardiovascular, possivelmente por conta dos efeitos sinérgicos que exercem no
comprimento do intervalo QT (OMS, 2020; Lana, 2020).
O estudo mais recente onde foi realizada a eficácia da cloroquina combinada com a azitromicina
contendo 1438 pacientes confirmados via PCR concluiu que: “Nos modelos de risco relativo
(HazardRatio ou HR) ajustados, em comparação com os pacientes que não receberam nenhum
medicamento, não foram notadas diferenças significativas na mortalidade dos pacientes que
receberam hidroxicloroquina e azitromicina, combinadas ou como monoterapia em comparação
com o grupo controle” (ROSENBERG, Eli S. et al., 2020).

4.3 CORTICÓIDES

Os corticóides tem ação de inativação dos genes inflamatórios, tais como os codificadores de
quimiocinas, das citocinas e enzimas inflamatóriasque resultam na inibição da transcrição de
fatores pró-inflamatórios culminando assim, num abrandamento de toda resposta inflamatória do
paciente (CAMPOS, 2020).
Por serem fármacos com propriedades anti-inflamatórias e imunossupressoras, os
corticoesteróides são indicados para o tratamento de diversas patologias, tais como doenças
reumatológicas, autoimunes, respiratórias e no processo de transplantação de órgãos (PATRÍCIO,
2006).
12

De 12 a 27, logo no primeiro mês de pandemia oficial, em Michigan, 213 pacientes adultos com
COVID-19 moderado a grave foram incluídosem um pré teste onde foram separados em dois
grupos: para 81 (38%) um protocolo foi implementado usando metilprednisolona precoce, de
curta duração, 0,5 a 1 mg / kg / dia dividida em 2 doses intravenosas por 3 dias e para os outros
132 (62%)do outro grupo foi utilizado o tratamento padrão (SOC). Para a conclusão, foi analisadoo
escalonamento de cuidados da enfermaria para a UTI, nova necessidade de ventilação mecânica e
mortalidade.O desfecho composto ocorreu a uma taxa significativamente menor no grupo de
corticosteroides iniciais (34,9% vs. 54,3%, p = 0,005). Obteve-se uma redução significativa no
tempo médio de internação também no grupo de corticosteroide precoce (8 vs. 5 dias, p <0,001),
ou seja, um curto curso inicial de metilprednisolona em pacientes com COVID-19 moderado a
grave reduziu o aumento do atendimento e melhorou os resultados clínicos (FADELet al., 2020).
Segundo o que foi concluído por um estudo realizado no Canadá e publicado online em 30 de
julho de 2020, os glicocorticoides reduzem a mortalidade (diferença de risco 31 a menos por 1000
pacientes, intervalo de credibilidade de 95% menos 55 a 5, certeza moderada), a ventilação
mecânica (28 a menos por 1000 pacientes, 45 a menos a 9 a menos, certeza moderada) e a
duração da hospitalização (diferença média -1,0 dia, -1,4 a -0,6 dias certeza moderada) em
pacientes com COVID-19 se for comparado com tratamentos padrões. Para a realização de tal
estatística, foram utilizados 35 estudos com 16.588 pacientes e vinte e sete ensaios clínicos
randomizados (SIEMIENIUK, et al., 2020).
Um dos grupos RECOVERY, após realizar um estudo clínico controlado e aberto comparando uma
gama de tratamentos possíveis em pacientes que foram internados com COVID-19, concluiu que o
uso de dexametasona resultou em uma taxa de mortalidade menor em 28 dias entre aqueles que
estavam recebendo ventilação mecânica invasiva ou oxigênio isolado na randomização, mas não
entre aqueles que não receberam suporte respiratório. Para esse estudo, foram observados 2.104
pacientes que receberam 6mg de dexametasona por dia e 4321 receberam os cuidados
habituais. De uma forma geral, 482 pacientes (22,9%) no grupo de dexametasona e 1110
pacientes (25,7%) no grupo de tratamento habitualvieram a óbito dentro de 28 dias após a
randomização (razão da taxa ajustada por idade, 0,83; intervalo de confiança de 95% [IC], 0,75 a
0,93 ; P <0,001). Já no grupo de pacientes tratados com a dexametasona, a incidência de morte foi
menor entre os pacientes que receberam ventilação mecânica invasiva (29,3% vs. 41,4%; taxa de
razão, 0,64; IC 95%, 0,51 a 0,81) e entre aqueles que receberam oxigênio sem ventilação mecânica
invasiva (23,3% vs. 26,2%; relação de taxa, 0,82; IC de 95%, 0,72 a 0,94), mas não foi menor entre
aqueles que não estavam recebendo suporte respiratório na randomização (17,8% vs. 14,0%;
razão de taxas, 1,19; IC de 95%, 0,91 a 1,55)(RECOVERY CollaborativeGroupet al., 2020).
Já para YANG (2020), segundo o que foi concluído em sua revisão sistemática e de meta análise, o
uso de corticosteroides está associado ao aumento da mortalidade em pacientes com pneumonia
por coronavírus. Para tal conclusão, foram analisados 15 estudos, resultando num total de 5.270
pacientes. O resultado indicou que os pacientes críticos eram mais propensos a necessitar de
terapia com corticosteroides (razão de risco [RR] = 1,56, intervalo de confiança de 95% [IC] = 1,28-
1,90, P <0,001). Entretanto, o tratamento com corticosteroides foi associado a maior mortalidade
(RR = 2,11, IC 95% = 1,13-3,94, P = 0,019), maior tempo de internação (diferença média ponderada
[WMD] = 6,31, IC 95% = 5,26-7,37, P <0,001), uma maior taxa de infecção bacteriana (RR = 2,08, IC
95% = 1,54-2,81, P <0,001) e hipocalemia (RR = 2,21, IC 95% = 1,07-4,55, P = 0,032), mas não
hiperglicemia (RR = 1,37, 95% CI = 0,68-2,76, P = 0,376) ou hipocalcemia (RR = 1,35, IC 95% = 0,77-
2,37, P = 0,302).
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CONCLUSÃO

Muitosestudos foram realizados em tempo recorde por causa da letalidade da COVID-19 e muitos
outros estão em fase de conclusão neste exato momento.A busca por uma solução, seja ela
profilática ou medicamentosa, está em ritmo frenético, porém, como se trata de vidas individuais,
os obstáculos são inúmeros e imprevisíveis, dando assim uma sensação de impossibilidade de
acerto.
Conforme mostramos aqui, os resultados preliminares de alguns ensaios clínicosutilizando os
fármacos queescolhemos abordar, não foram satisfatórios devido a incompatibilidade entre um
resultado e outro. Porém, mesmo sendo um enorme desafio,osesforços que
estãosendoaplicadosnosestudosclínicosatuaisirãocontribuirnaidentificação de dados relacionados
à eficácia, segurança e dosagensdessesfármacos para que
promovamimpactosignificativonaredução da morbimortalidade dos pacientes. Portanto,as
estratégias preventivas conduzidas pelos órgãos estaduais e municipais de vigilância sanitária,
ainda devem ser adotadas por toda a população, já que soluções técnicas como novas vacinas não
são esperadas para o ano corrente. Concluímos então, que mais estudos sobre o tema são
extremamente necessários, portantoo famoso ditado “Prevenir é melhor do que remediar” nunca
esteve tão certo e que essa prevenção deverá continuar no distanciamento social, nas práticas
sanitárias, na proteção da face (mucosa) e na educação da população para que a transmissão
dessa doença venha a diminuir.
14

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