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Matéria:

Teologia Sistemática
Elementar

Básico em Teologia
1

Nosso conteúdo
O conteúdo de nossos cursos foi pesquisado e adaptado à realidade de nossos
alunos. A nossa fonte bibliográfica tem como origem as melhores editoras
Evangélicas do Brasil.

Toda nossa grade Curricular é fruto dos árduos trabalhos de pesquisas, leituras,
digitalização, digitação, editoração e consulta teológica do irmão e evangelista Jair
Alves de Sousa.

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Sumário 3
Introdução ............................................................................................................................................... 4

Lição 1 - O QUE É TEOLOGIA ................................................................................................................... 5

Lição 2 - O TEÓLOGO ............................................................................................................................... 9

Lição 3 - AS FONTES DA TEOLOGIA ....................................................................................................... 10

Lição 4 - POR QUER DEVEMOS ESTUDAR TEOLOGIA ............................................................................ 11

Lição 5 - REQUISITOS PARA O ESTUDO DA TEOLOGIA .......................................................................... 13

Lição 6 - DIVISÕES DA TEOLOGIA .......................................................................................................... 15

Lição 7 - SISTEMAS TEOLÓGICOS .......................................................................................................... 21

Lição 8 - DEFINIÇÕES DE PALAVRAS TEOLÓGICAS ................................................................................ 29

Lição 9 - RAMOS DO CONHECIMENTO HUMANO, AUXILIARES NO ESTUDO DE TEOLOGIA ................. 31

Lição 10 - RAZÕES PARA ESTUDAR TEOLOGIA ...................................................................................... 32

Lição 11 - COMO SE DESENVOLVEU A TEOLOGIA CRISTÃ ..................................................................... 34

Lição 12 – COMO DESEMPENHAR A TAREFA DE ARTICULAR A TEOLOGIA? ................ 37

Lição 13 - A DOUTRINA E A COSMOVISÃO CRISTÃ .................................................................. 41

Conclusão .............................................................................................................................................. 46

Fonte Bibliográfica ................................................................................................................................ 50

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Introdução 4

Teologia (lit. theos, ―Deus‖, e logos, ―razão‖ ou ―discurso‖) é um discurso racional a


respeito de Deus. A teologia trata da verdade. Isso significa, em primeiro lugar, uma
explicação fiel e precisa do conteúdo da fé cristã — assim, ser fiel à substância da
fé. Significa, em segundo lugar, por causa da convicção de que a fé cristã é a
verdade acerca de Deus, do homem, da salvação etc., que a teologia se preocupa
em ser mais que exata: preocupa-se com a verdade enquanto conformidade com a
realidade última.

O centro da teologia é Deus. Embora a teologia trate de todo o campo da verdade


cristã, o ponto focal é Deus: sua relação com o Universo e o homem.

Teologia Sistemática, é a tentativa de construir um corpo consistente e


compreensível a partir do conjunto completo da revelação de Deus, seja ela a
revelação especial (bíblica) ou geral (natural).

Os objetivos principais desta Teologia Sistemática Elementar é definir e apresentar


os vários ramos da teologia Cristã.

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Lição 1 - O QUE É TEOLOGIA 5

Embora a palavra ―teologia‖ seja empregada às vezes em escritos dogmáticos para


designar um simples departamento da ciência que trata da natureza e atributos
divinos, o uso prevalecente, desde Abelardo (1079-1142 A.D.), que intitulou seu
tratado geral ―Theologia Christiana‖, o qual abrange sob este termo todo o acervo da
doutrina cristã. Por isso, a teologia trata, não só de Deus, mas das relações entre
Deus e o universo, motivo por que falamos da Criação, da Providência e da
Redenção.

Na filosofia, a teologia é um dos três ramos principais de estudo. Os outros são a


antropologia (o estudo do homem) e a cosmologia (o estudo do Universo).

A palavra teologia não ocorre nas escrituras, contudo a ideia está presente nela.
Assim bem como as palavras Trindade e Bíblia não ocorrem.

Ora se fôssemos crer somente em palavras que aparecem na bíblia, não


aceitaríamos o Milênio, nem Ascensão, e nem mesmo a Bíblia, porque estas
palavras não aparecem na Bíblia.

No uso grego secular, teologia significava as discussões dos filósofos a respeito


de questões divinas.

Platão chamava as histórias dos poetas a respeito de Deus de ―Teologias‖.


Foi ele o primeiro a usar este termo, Teologia.

Aristóteles ensinava que havia três ciências: A física: que estudava a natureza –
A Matemática que estudava os números e as quantidades e a Teologia que
estudava Deus.

SUAS DEFINIÇÕES

a) O termo teologia vem do grego theós ―Deus‖, e logos, ―estudo‖, ―discurso‖,


―raciocínio‖. Assim, essa palavra indica o estudo das coisas relativas a Deus, à
sua natureza, obras e relações com os homens, etc.

b) ―A teologia, definida com simplicidade, é o estudo de Deus e do seu


relacionamento com tudo quanto Ele criou‖ (Prof. Vicente Paula Leite).

c) ―Um corpo de doutrinas acerca de Deus, incluindo seus atributos e


relações com os homens; especialmente, aquele corpo de doutrinas
estabelecido por alguma igreja ou grupo religioso em particular‖.

d) É aquela ciência que trata da existência, do caráter, e dos atributos de


Deus.

No sentido mais amplo teologia trata-se das doutrinas cristãs que se referem às
relações que Deus mantém com o Universo, homem e a Bíblia. No uso moderno,

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o termo veio a indicar certo número de disciplinas inter-relacionadas, como a
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teologia sistemática, a teologia bíblica, a teologia moral, etc.
A mãe da Teologia é a Bíblia, pois todas as verdades teológicas são extraídas
deste livro (a bíblia).

A teologia está presente no dia-a-dia dos crentes, pois aquilo que pensamos a
respeito de Deus é teologia. Aquilo que falamos sobre Deus é teologia. Aquilo
que fazemos em nome de Deus também se constitui na nossa teologia (Gerson
Correia).
De que se trata a teologia? De Deus e tudo o que se refere a ele, isto é, o
mundo universo: a criação, a Salvação e tudo o mais.
A teologia é um resumo e explicação do conteúdo das revelações que Deus faz
de si mesmo.
―Deus revela a verdade em diversas esferas: na natureza universal, na
constituição da humanidade, na história da nossa raça, nas Escrituras Sagradas,
mas, acima de tudo, na Pessoa de Jesus Cristo, nosso Senhor‖.

FRASES DE TEÓLOGOS

Um bom teólogo não é um dicionário ambulante. Porém, é um bibliotecário,


isto é, tem uma biblioteca que é sua fonte de pesquisas e a mantém
organizado (JAS).

"Se você acredita no que lhe agrada nos evangelhos e rejeita o que não gosta,
não é nos evangelhos que você crê, mas em você (Teólogo Agostinho)‖.

―Qualquer ensinamento que não se enquadre nas Escrituras deve ser rejeitado,
mesmo que faça chover milagres todos os dias (Martinho Lutero)‖.

GRANDES NOMES DA TEOLOGIA

 No Oriente, além de Irineu e Orígenes, outros nomes importantes de homens


que escreveram obras teológicas são Atanásio (escola de Antioquia), os dois
capadócios e, então, João Damasceno (já no século VIII d.C.).

 No Ocidente, os grandes nomes da teologia foram Agostinho, Anselmo e


Tomás de Aquino.

 A Reforma Protestante renovou uma teologia mais bibliocêntrica, tendo


repelido um uso excessivo do raciocínio filosófico, com todas as suas
influências obscurecedoras. Lutero e Calvino foram grandes mentes
teológicas.

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Observação.
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Apesar de que todos esses foram filósofos, tendo atuado como tais, a Bíblia, ainda
assim, para eles era a principal fonte da teologia. A filosofia foi usada por eles como
criada da teologia, principalmente como modo de expressão, ou então para exame
de pontos de vista alternativos.

VERDADEIRA TEOLOGIA

1) A VERDADEIRA TEOLOGIA TEM QUE SER BIBLICA.

A verdadeira teologia, a teologia dita ―ortodoxa‖ (palavra grega que significa ―de
opinião correta‖, ―doutrina correta‖) é, antes de tudo, um estudo racional,
ordenado e organizado que parte da revelação divina, ou seja, que tem seu
ponto de partida na Bíblia Sagrada.

Um estudo teológico consistente não questiona a Bíblia, não procura julgá-la,


censurá-la ou autenticá-la, como se o homem pudesse se fazer juiz de Deus,
mas, sim, entendê-la em toda a sua profundidade; essa é a verdadeira teologia,
e não essa falsa teologia que os liberais andam pregando por seus seminários
que são mais formação de mente cauterizada.

2) SE A TEOLOGIA NÃO FOR BIBLICA NÃO É TEOLOGIA.

A verdadeira teologia, diante de aparentes contradições, de textos difíceis de


entender (II Pe 3.16), esclarece o povo de Deus, ordenando, sistematizando e
entendendo os devidos pensamentos.

A verdadeira teologia, como parte das Escrituras Sagradas, não deixa de


reconhecer que a Bíblia Sagrada é inerrante, ou seja, não apresenta erros nem
contradições, pois é a Palavra de Deus.

A verdadeira teologia, em momento algum, questiona a origem divina das


Escrituras. A Bíblia é a Palavra de Deus e os homens que a escreveram,
fizeram-no por intermédio da inspiração do Espírito Santo (II Pe 1.21).

3) A CIENCIA E A FILOSOFIA.

A verdadeira teologia não pode temer as ciências e a filosofia; A verdadeira


teologia não se opõe à ciência, converge com ela. Quem se opõe à verdadeira
teologia não é a ciência, mas a falsa ciência (I Tm 6.20). A verdadeira teologia
não se opõe à filosofia, mas sim as filosofias, que não são firmadas na verdade,
é que são opostas à verdadeira teologia (Cl. 3.8).

4) TEOLOGIA QUE DESTRÓI A FÉ NÃO É TEOLOGIA.

Não quero estudar uma teologia para destruição da fé, quero sim uma teologia
que fortifica mais a minha fé. Portanto, teologia que destrói a fé não é uma
verdadeira teologia.

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A FINALIDADE DA TEOLOGIA
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Ela existe para que possamos melhor conhecer, obedecer, e amor a Deus.

O conhecimento teológico é necessário aos cristãos por três motivos


supremos:

1. Para conhecer a revelação do caráter de Deus.


2. Para repudiar energicamente as falsas doutrinas.
3. Para apresentar claramente a mensagem da salvação
O diretor da Faculdade Teológica Batista do Rio de Janeiro, Israel Belo de Azevedo,
explica que pode se estudar Teologia e não ser um pastor, mas não se deve ser um
pastor sem estudar Teologia.
A teologia tem o objetivo de fornecer a relação sistematizada de informações
extraídas da Bíblia.
A verdade deve sempre ser tratada com um raciocínio coordenado para produzirmos
respostas claras e inteligíveis, porque crer é também pensar. A teologia trabalha
com a sistematização da revelação registrada: a Escritura Sagrada.

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Lição 2 - O TEÓLOGO 9

DEFINIÇÕES:

1. O teólogo é aquele que estuda teologia;


2. Pessoa que sabe teologia, que escreve sobre esta ciência;
3. Perito em teologia;
4. Especialista nas coisas de Deus.
O teólogo precisa evitar a tentação de dar às suas próprias especulações a
autoridade da Bíblia.
O profissional com formação Superior em Teologia (o Bacharel) terá os seguintes
desafios profissionais:
- Administrar, planejar, organizar e controlar o funcionamento das instituições sob
sua responsabilidade, visando fomentar o conhecimento teológico que auxilie os
membros da comunidade no exercício dos seus direitos fundamentais e civis.

- Orientar as famílias no contexto da valorização e da dignidade humana e da


solidariedade social.

- Incentivar os jovens e adolescentes na busca de formação intelectual, técnica e


tecnológica.

- Cooperar com as autoridades constituídas nas atividades que visem à erradicação


da pobreza e miséria em busca do desenvolvimento social nacional.

ÁS ÁREAS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO TEÓLOGO

- Desenvolver atividades práticas pertinentes ao campo teológico, e tarefas teóricas


da pesquisa científica teológica, social e do fato religioso;

- Praticar a docência, tanto para o nível público como para o privado, caso possua a
respectiva Habilitação Pedagógica;

- Praticar a crítica teológica em conformidade com a rigorosa técnica da Exegese e


da Hermenêutica;

- Cooperar com os órgãos públicos na tarefa de prestação de cidadania e de bem-


estar para as comunidades;

- Assessorar ONGs ou Instituições Eclesiásticas em atividades sócio espirituais.

Atualmente, tanto em instituições públicas como privadas, têm sido cada vez mais
constantes as solicitações de Teólogos em conselhos e grupos de pesquisas e
trabalho, para reflexão de temas de atualidade e auxílio na busca de soluções
alternativas para os graves problemas sociais da Humanidade.

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Lição 3 - AS FONTES DA TEOLOGIA 10

AS PRINCIPAIS FONTES DA TEOLOGIA SÃO:

1. A bíblia.
A teologia tem como fonte primária a Bíblia Sagrada. Isso por que somente a
Palavra de Deus é inspirada, além de ser indispensável para nos tornar perfeitos
e preparados para toda boa obra.

“Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para


redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus
seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra (1Tm 3.16,17)”.

A teologia, portanto, encara a própria Escritura como sua principal fonte de


material e seu padrão final de apelo.

2. A Consciência.
Ela é a voz secreta que o Senhor colocou na alma, e está sempre a aprovar-nos
ou a reprovar-nos. Aos romanos Paulo discorreu acerca da função da
consciência:

“13 Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que
praticam a lei hão de ser justificados.
14 Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas
que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei;
15 Os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando
juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer
defendendo-os;
16 No dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo,
segundo o meu evangelho (Rm 2.13-16)”.

3. A Natureza.
A natureza é tida como uma das fontes da teologia por ela ter uma linguagem
eloquente. Vejamos a sua linguagem.

“Desde o princípio da criação, as qualidades invisíveis de Deus, tanto o seu


poder eterno como a sua natureza divina, são claramente percebidas pelas
coisas que Ele fez. Portanto os homens não têm qualquer desculpa (Rm 1.20,
BFL)”.

“OS céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas
mãos”. Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a
outra noite (Sl 19.1,2).

4. A Experiência.
O cristianismo não é teórico; é antes de tudo experimental. Todos os santos
(Abraão, Moisés, Paulo, e tantos outros) tiveram experiência com o Senhor, e
sobre ela se assentaram as bases de sua teologia.
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Lição 4 - POR QUER DEVEMOS ESTUDAR 11

TEOLOGIA
As verdades teológicas são extraídas da Santa Bíblia. ―Fazer teologia‖, não é
inventar teorias a respeito de Deus e de Suas obras, nem mesmo ―descobrir‖ a
Deus, mas conhecer e compreender a revelação que Ele próprio deu de Si.

Por isso, qualquer estudo de Deus que não tiver a Sua revelação como base, meio e
princípio regulador não é ―teologia‖, devidamente entendida.

Teologia é o conjunto de verdades extraídas dos ensinos bíblicos a respeito de Deus


e de Sua obra.

Estudar teologia é estudar a bíblia de forma organizada. Temos muitos motivos


para estudar a bíblia:

1. Ela é o único manual do crente para vida cristã;


O crente foi salvo para servir ao Senhor (Ef 2.10; I Pe 2.9). Desta forma, sendo a
Bíblia o manual de Deus para as nossas vidas é indispensável que aquele que o
serve a conheça muito bem (2 Tm 2.15);

2. Ela alimenta nossa alma (Jr 15.16; Mt 4:4; I Pe 2.2);


Não há dúvida que a Palavra de Deus traz nutrição e crescimento espiritual;

3. Ela é o instrumento que o Espírito Santo usa (Ef 6.17). Se conhecermos bem a
palavra de Deus, na hora que precisarmos o Espírito de Deus nos instrui segundo a
palavra de Deus que habita em nosso coração e mente;

4. Ela enriquece espiritualmente a vida cristã (Salmo 119.72);

5. É dever dos seguidores de Cristo Crescer na graça e conhecimento (2Pe 3.18).


Como crescer no conhecimento de Cristo sem estudar a bíblia?

6. Jesus nós convidou a apreender Dele (Mt 11.29). Só podemos aprender de Jesus,
de forma clara e verdadeira a través das palavras escritas no Santo livro – a bíblia
sagrada.

7. Ela nos dar direção (Sl 119.105);

8. Ela ordena a nossa vida (Sl 119.133).

O crente que não gosta de Estudar a Teologia Cristã é certamente alguém que não
gosta de conhecer a Deus e a sua Palavra ou é no mínimo um ignorante, pois
desconhece o verdadeiro significado do temo teologia.

QUAL DEVE SER O PERFIL DO CRENTE QUE ESTUDOU TEOLOGIA?

O verdadeiro perfil de quem estudou e REALMENTE aprendeu teologia é o seguinte:

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1) Não aceita de imediato tudo que escuta, antes, porém, ele verifica se o que ele
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ouviu é de fato verdadeiro ou tem apenas meia verdade;
2) Não se deixa ser enganado pelas falsas doutrinas;
3) É mais seletivo.
Não gosta perder o seu tempo com os chavões e mensagens sem fundamentos
bíblicos;
4) Ama mais a Deus;
5) É um defensor da Palavra e Deus;
6) É preparado para responder perguntas sobre a sua fé;
7) Sabe diferenciar o crente preguiçoso do crente dedicado.
O preguiçoso é superficial. Já o crente dedicado tem mais conteúdo bíblico;
8) Não sabe tudo, mas está sempre conhecendo e prosseguindo em conhecer o seu
Deus;
9) Procura crescer na vida cristã de forma equilibrada.
Ou seja, está buscando o crescimento na seguinte ordem: Crescer na graça e
conhecimento;
10) É humilde e não pensa ser o dono da verdade.

O verdadeiro teólogo tem este perfil. Um teólogo sem o perfil a cima citado é
qualquer coisa, menos um teólogo de verdade.

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Lição 5 - REQUISITOS PARA O ESTUDO DA 13

TEOLOGIA

1. Uma mente disciplinada


Só essa mente pode, com paciência, coletar os fatos, sustentar em suas mãos
muitos fatos de uma vez, inferir através de contínua reflexão seus princípios que
estabelecem conexão, suspender um julgamento final até que suas conclusões
sejam verificadas pela Escritura e pela experiência.
Os mestres e alunos podem dividir-se em duas classes:
1) Os que já conhecem o suficiente; 2) os que querem aprender mais do que
conhecem agora.
O lema da Escola de Winchester na Inglaterra: ―Disceaut discede‖ [N.T.: Estuda ou
retira-te].
2. Um hábito mental intuitivo
O teólogo deve ter insight (N.T.: discernimento), assim como entendimento. Ele deve
acostumar-se a ponderar os fatos espirituais bem como os sensoriais e materiais; a
ver estas coisas em suas relações interiores como também em suas formas
exteriores; acalentar confiança na realidade e unidade da verdade.
3. Conhecimento das ciências física, mental e moral
O método para conceber e expressar a verdade da Escritura é assim afetado por
nossas noções elementares de tais ciências e as armas com as quais a Teologia é
atacada e defendida são tão frequentemente tiradas dos arsenais que o estudante
não pode permitir-se ignorá-las.
4. Conhecimento das línguas originais da Bíblia
Isto é necessário para capacitar-nos não só a determinar o sentido dos termos
fundamentais da Escritura, tais como, santidade, pecado, propiciação, justificação,
mas, também, a interpretar declarações da doutrina através das suas conexões com
o contexto.
Emerson dizia que o homem que lê um livro numa língua estrangeira, quando pode
ler numa boa tradução, é um tolo.
―Ser um teólogo competente é, de fato, ser um erudito".
5. Afeição santa para com Deus
Só o coração renovado pode adequadamente sentir sua necessidade da revelação
divina ou entender tal revelação quando concedida.
SI. 25.14 - ―O segredo do Senhor é para os que o temem‖;

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Rm. 12.2 - ―para que experimenteis qual seja... a vontade de Deus‖; SI. 36.1 - ―A
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prevaricação do ímpio fala no íntimo do seu coração‖. ―Não é o cérebro, mas o
coração que chega ao altíssimo‖.
6. A influência iluminadora do Espírito Santo
Como somente o Espírito sonda as coisas de Deus, só ele pode iluminar nossas
mentes para apreendê-las.
1 Co. 2.11,12 - ―ninguém sabe as coisas de Deus senão o Espírito de Deus. Mas ...
foi-nos dado o espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer‖.
―Para o estudante não há nenhum caminho privilegiado que conduz à verdade; o
único é o mesmo do inculto; é o da regeneração e da gradual iluminação através do
Espírito Santo; sem ele, a teologia não só é uma pedra fria, como um perigoso
veneno‖.
O Espírito Santo nos capacita a penetrar no sentido das revelações de Cristo tanto
na Escritura como na natureza; a interpretar uma através da outra; e assim elaborar
as demonstrações e aplicações originais da verdade; Mt. 13.52 - ―Por isso, todo
escriba instruído acerca do Reino dos céus é semelhante a um pai de família que
tira do seu tesouro coisas novas e velhas‖.

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Lição 6 - DIVISÕES DA TEOLOGIA 15
1- Teologia Exegética
2- Teologia Histórica
Principais divisões da 3- Teologia Bíblica
Teologia 4- Teologia Sistemática
5- Teologia Dogmática
6- Teologia prática

Teologia Exegética

Exegética vem da palavra grega que significa extrair. Esta teologia procura descobrir
o verdadeiro significado das Escrituras. Teologia exegética é a área da Teologia
cristã que procura estudar e interpretar os livros sagrados.

Teologia Histórica

Envolve o Estudo da História da Igreja e o desenvolvimento da interpretação


doutrinária. A Teologia Histórica é o estudo das doutrinas e como elas se
desenvolveram através dos séculos da igreja cristã.

A Teologia Histórica traça o desenvolvimento das doutrinas bíblicas


desde o tempo dos apóstolos até os nossos dias e dá conta dos resultados deste
desenvolvimento na vida da igreja.

O desenvolvimento doutrinário é o progressivo desenvolvimento e absorção que a


igreja assume da verdade explicita e implicitamente contida na Escritura.

Ao explicar a forma da fé cristã nas declarações doutrinárias, a Teologia Histórica é


chamada História da Doutrina. Ao descrever o resultado e acompanhamento das
mudanças exteriores e interiores na vida da igreja, a Teologia Histórica é chamada
História da Igreja.

Teologia Bíblica

Traça o progresso da verdade através dos diversos livros da Bíblia e descreve a


maneira de cada escritor em apresentar as doutrinas mais importantes.

Teologia Bíblica é estudar certo livro (ou livros) da Bíblia e enfatizar os diferentes
aspectos da Teologia que ele focaliza. Por exemplo, o Evangelho de João é muito
Cristológico, pois focaliza muito na divindade de Cristo (João 1.1, 14; 8.58; 10.30;
20.28).

A Teologia Bíblica tem como alvo ordenar e classificar os fatos da revelação


limitando-se às Escrituras quanto ao seu material e tratando a doutrina só na medida
em que ela se desenvolveu até o fim da era apostólica.

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A Teologia Bíblica ainda divide-se em:
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 Teologia Bíblica do Antigo Testamento. Nesta parte, os teólogos bíblicos dão
especial ênfase às profecias e indícios revelados no Antigo Testamento
relativos à vinda e missão de Jesus Cristo, o Messias;
 Teologia Bíblica do Novo Testamento.

Teologia Sistemática

Teologia sistemática é uma disciplina que aborda temas teológicos, um por um (por
exemplo, Deus, o pecado, a Humanidade) e tenta resumir todo o ensinamento
bíblico sobre cada assunto particular.

Às vezes chamada de teologia construtiva ou até mesmo a teologia dogmática, o


objetivo é apresentar os principais temas (ou seja, doutrinas) da fé cristã por um
panorama organizado.

A Teologia Sistemática depende das pesquisas e dos resultados das outras áreas e
sua metodologia requer a capacidade de aproveitá-los.

A Teologia Sistemática deve dar uma exposição coerente: A tarefa da Teologia


Sistemática é fazer um sistema.

A Teologia Sistemática toma o material fornecido pelas Teologias Bíblica e Histórica


e, com este material, busca edificar um todo orgânico e consistente do nosso
conhecimento de Deus e de suas relações com o universo, quer este conhecimento
seja originariamente derivado da natureza, quer das Escrituras.

A Teologia Sistemática trata das doutrinas da Bíblia através do exame do que a


Bíblia inteira diz sobre aquela doutrina e a comunicação de suas conclusões.
Também, a Teologia Sistemática mostra como as doutrinas da Bíblia se relacionam
logicamente.

A Teologia Sistemática tenta ser compreensiva, mas não vai além do que está dito
na Bíblia.
A Teologia Sistemática tenta evitar a especulação, a não ser que o teólogo admita
que ele esteja fazendo especulação.

A teologia sistemática é aquela onde seus estudos são agrupados em tópicos de


acordo com um sistema definido, como, por exemplo:

1) Teologia Própria é o estudo de Deus o Pai.


2) Cristologia é o estudo de Deus o Filho, o Senhor Jesus Cristo.
3) Pneumatologia é o estudo do Espírito Santo.
4) Bibliologia é o estudo da Bíblia.
5) Soteriologia é o estudo da salvação.
6) Eclesiologia é o estudo da igreja.
7) Escatologia é o estudo do fim dos tempos.

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8) Angelologia é o estudo dos anjos.
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9) Antropologia Cristã é o estudo da humanidade.
10) Hamartiologia é o estudo do pecado.

Todas essas matérias da teologia sistemática fazem parte do curso básico em


teologia da Escola Bíblica ECB.

Há alguns aspectos importantes sobre a teologia sistemática:

A Teologia Sistemática deve dar uma exposição coerente: A tarefa da Teologia


Sistemática é fazer um sistema.

A Teologia Sistemática trata das doutrinas da Bíblia através do exame do que a


Bíblia inteira diz sobre aquela doutrina e a comunicação de suas conclusões.

Também, a Teologia Sistemática mostra como as doutrinas da Bíblia se relacionam


logicamente.

A teologia sistemática é apenas uma divisão dentro do campo maior da teologia, que
também inclui a teologia histórica, a teologia bíblica e exegética, e a teologia prática.

Teologia Dogmática

Deve-se distinguir a Teologia Sistemática da Teologia Dogmática. No emprego


estrito, Teologia Dogmática é a sistematização das doutrinas expressas nos
símbolos da igreja, associando a sua base às Escrituras e à apresentação, até onde
possível, da sua necessidade racional.

A Teologia Dogmática tem dois princípios:


1) A autoridade absoluta dos credos, nas decisões da igreja;

2) A aplicação de tais credos da lógica formal com o propósito de demonstrar sua


verdade, visando ao entendimento. Na Igreja Católica Romana, a autoridade
decisiva não se encontra na Escritura, mas na igreja e no dogma dado por ela.
Contrariamente,
o princípio protestante é que a Escritura decide e é ela que julga o dogma.

A Teologia Dogmática é um estudo das doutrinas de certos grupos cristãos que


possuem doutrinas sistematizadas, por exemplo, a Teologia Calvinista e
Dispensacional.
Teologia prática
Teologia prática é a parte da Teologia que estuda a catequese, o governo e as
ações de santificação ou de outra natureza da Igreja no mundo. Estuda também o
modo como a Igreja comunica a sua fé e as suas verdades. Teologia Prática é um
sistema de verdades considerado como um meio de renovar e santificar o homem.
Esta teologia cristã pode ser dividida em:

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"Teologia litúrgica" ou "Teologia da Liturgia", que estuda os múltiplos ritos ou atos
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de adoração e culto da Igreja nas suas mais diferentes expressões - sacramentos
(que também é tratada pela Teologia sacramental), orações, missa, etc. -, incluindo,
no caso católico, os de piedade popular - devoções, dias santos, etc..
"Teologia de Direito Canónico", que "expõe os mandamentos dados por Nosso
Senhor Jesus Cristo à Igreja, enquanto sociedade hierarquizada e o poder da Igreja
de legislar" (direito canónico).
"Teologia Pastoral", que cuida da aplicação prática dos ensinamentos teológicos à
ação ou pastoral da Igreja e à vida quotidiana de cada crente, incluindo a sua
formação.
"Teologia espiritual" (O caminho espiritual da Igreja, a Tradição, a Sagrada
Escritura são as fontes principais da teologia espiritual), que estuda a caminhada de
configuração da personalidade humana até esta atingir a santidade e,
inclusivamente, a perfeição.
Esta teologia engloba:
A teologia ascética, que tem por objeto próprio a teoria e a prática da perfeição
cristã até aos umbrais da contemplação infusa,
E a teologia mística, que tem por objeto a teoria e a prática da vida contemplativa.
Notas.
1. A teologia litúrgica relaciona-se por vezes à teologia pastoral.
2. A Teologia de Direito Canónico está mais relacionada com a Igreja Católica,
que é uma das Igrejas cristãs mais hierarquizadas.
3. A Teologia espiritual está por vezes associada à teologia especulativa e até à
teologia sistemática.
Teologia Moral é uma disciplina e um campo de conhecimento da Teologia que se
dedica ao estudo e à pesquisa do comportamento humano em relação a princípios
morais e ético-religiosos. O vocábulo moral provém do latim mosmoris, que
inicialmente significava costume, evoluindo depois para uma significação equivalente
ao grego ethos.
Na teologia cristã, a teologia moral ocupa-se do estudo sistemático dos princípios
ético-morais subjacentes à doutrina e às verdades reveladas por Deus, bem como à
sua aplicação posterior à vida quotidiana do cristão e da Igreja. Esta teologia está,
em parte, englobada pela teologia sistemática. Mas, apesar disso, muitas vezes ela
também está associada à teologia prática.
Os cristãos acreditam que o Evangelho e as verdades e doutrinas reveladas,
estudadas pela teologia dogmática, estão essencialmente ligadas a uma ética e
conduta moral, algo que eles têm que cumprir e obedecer para serem salvos.
Teologia Natural é uma parte da filosofia da religião que lida com as tentativas de
se provar a existência de Deus e outros atributos divinos puramente filosóficos, isto
é, sem recurso a quaisquer revelações especiais ou sobrenaturais. (O outro lado
deste esforço é por vezes chamado como "Ateísmo natural", em que filósofos ateus

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tentam provar que Deus não existe, ou tentam refutar as provas dos filósofos
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teístas.) A expressão "teologia natural" (theologia naturalis) Sobrevive em citações
de Varrão, por Agostinho de Hipona, com base na tradição estoica.
Teologia liberal (ou liberalismo teológico) foi um movimento teológico cuja produção
se deu entre o final do século XVIII e o início do século XX. Relativizando a
autoridade da Bíblia, o liberalismo teológico estabeleceu uma mescla da doutrina
bíblica com a filosofia e as ciências da religião. Ainda hoje, um autor que não
reconhece a autoridade final da Bíblia em termos de fé e doutrina é denominado,
pelo protestantismo ortodoxo, de "teólogo liberal".
Teologia da prosperidade, também conhecida como confissão positiva, palavra da
fé, movimento da fé e evangelho da saúde e da prosperidade, é um movimento
religioso surgido nas primeiras décadas do século XX nos Estados Unidos da
América. Sua doutrina afirma, a partir da interpretação de alguns textos bíblicos
como Gênesis 17.7, Marcos 11.23-24 e Lucas 11.9-10, que os que são
verdadeiramente fiéis a Deus devem desfrutar de uma excelente situação na área
financeira, na saúde, etc.
Teologia da Libertação é uma corrente teológica que engloba diversas teologias
cristãs desenvolvidas no Terceiro Mundo (países em desenvolvimento e
subdesenvolvidos) ou nas periferias pobres do Primeiro Mundo (países
desenvolvidos) a partir dos anos 70 do século XX, baseadas na opção preferencial
pelos pobres contra a pobreza e pela sua libertação. Desenvolveu-se inicialmente na
América Latina.
Estas teologias utilizam como ponto de partida de sua reflexão a situação de
pobreza e exclusão social à luz da fé cristã. Esta situação é interpretada como
produto de estruturas econômicas e sociais injustas, influenciada pela visão das
ciências sociais, sobretudo a teoria da dependência na América Latina, que possui
inspiração marxista.
Teologia Reformada - A palavra ‗Reformada‖ é aqui empregada no sentido técnico,
designando aquela fase da nova teologia que se originou na Suíça.
O reformador suíço Zwínglio (1484-1531), diferindo de Lutero quanto à Ceia do
Senhor e quanto à Escritura, mais do que Lutero era chamado pelo nome de teólogo
sistemático. Alguns dos seus escritos podem ser considerados o começo da teologia
reformada. Mas coube a João Calvino (1509-1564), após a morte de Zwínglio, pôr
em ordem os princípios daquela teologia em forma sistemática.
A teologia reformada tinha como alvo edificar uma nova igreja, afirmando que o que
não deriva da Bíblia é contra ela. Dava ênfase ao princípio formal da Reforma: a
autoridade única da Escritura.
TEOLOGIA CONTEMPORÂNEA
A Teologia Contemporânea é a teologia do Século XX. Em sentido real, nasceu em
1919. Seu iniciador foi um jovem pastor, Karl Barth (1886-1968). É ele um novo pivô
teológico na história, o anúncio de uma nova era teológica, considerando como
marca o seu Comentário da Carta de Paulo aos Romanos, em 1919.
Em termos concretos, a Teologia Contemporânea trata do estudo acerca da teologia
mais particularmente do Século XX. Esse século esteve comprometido com uma
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pluralidade de ―teologias‖, de caminhos e de muitas reflexões sobre o mundo, sobre
20
Deus e o homem.
A TEOLOGIA CATÓLICA VERSOS A TEOLOGIA PROTESTANTE
A Teologia Católica, por sua vez, corresponde às teologias moral (orienta o
comportamento humano em relação aos princípios religiosos).
A Teologia Protestante enfatiza o retorno às origens e à reinterpretação das
Escrituras, tendo Cristo como única perspectiva. Seus temas principais são: somente
a Escritura, somente Cristo, somente a fé, somente a graça.

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Lição 7 - SISTEMAS TEOLÓGICOS 21

Conheceremos nesta oportunidade oito sistemas teológicos distintos.


1. Teologia Católica Romana Tradicional
Natureza da Teologia.
A teologia está evoluindo constantemente no seu entendimento da fé cristã. O
princípio inaciano da acomodação e o princípio do desenvolvimento, proposto por J.
H. Newman, refletem a natureza mutável da teologia católica romana. O elemento
de mudança do catolicismo deve-se primordialmente à posição de autoridade
conferida ao ensino da igreja.
Revelação.
A Bíblia, incluindo os apócrifos, é reconhecida como a fonte autorizada de revelação,
juntamente com a tradição e o ensino da igreja. O papa também faz
pronunciamentos investidos de autoridade ex cathedra (da cadeira) sobre questões
de doutrina e moral. Esses pronunciamentos são isentos de erro. A igreja é a mãe,
guardiã e intérprete do cânon.
Muitos estudiosos católicos romanos posteriores ao Concílio Vaticano II afastaram-
se do ensino tradicional da igreja nessa área, abraçaram as perspectivas da alta
crítica acerca das Escrituras e rejeitaram a infalibilidade papal.
Salvação.
A graça salvadora é comunicada mediante os sete sacramentos, que são meios de
graça. O Batismo, a Confirmação (ou Crisma) e a Eucaristia referem-se à iniciação
na igreja. A Penitência (ou Confissão) e a Unção estão relacionadas com a cura. O
Matrimônio e as Ordens são sacramentos de compromisso e vocação.
A igreja ministra os sacramentos por meio do sacerdócio ordenado e
hierarquicamente organizado. Segundo a concepção tradicional, não havia salvação
fora da igreja, mas o ensino recente tem reconhecido que a graça pode ser recebida
fora da igreja.
No sacramento da Eucaristia, o pão e o vinho tornam-se literalmente o corpo e o
sangue de Cristo (transubstanciação).
Igreja.
Os quatro atributos essenciais da igreja são unidade, santidade, catolicidade e
apostolicidade. Fundamentalmente, a igreja é a hierarquia ordenada, atingindo o seu
ápice no papa.
A organização está constituída em torno de uma autoridade sacerdotal centralizada,
que teve o seu início com Pedro. A autoridade do sacerdócio é transmitida por meio
da sucessão apostólica na igreja. Os bispos de Roma têm autoridade para avaliar as
conclusões acadêmicas e fazer pronunciamentos e definições conciliares.

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A igreja é a mediadora da presença de Cristo no mundo. Deus usa a igreja como
22
sua agente para levar o mundo em direção ao seu reino.
Maria.
No Concílio de Éfeso (431 d.C.), Maria foi declarada a mãe de Deus assim como a
mãe de Jesus Cristo, no sentido de que o Filho que ela deu à luz era ao mesmo
tempo Deus e homem.
São observadas quatro festas marianas (anunciação, purificação, assunção e o
nascimento de Maria).
Maria ficou isenta do pecado original ou de pecado pessoal em virtude da
intervenção de Deus (a imaculada concepção).
Maria é a misericordiosa mediadora entre o ser humano e Cristo, o Juiz.
2. Teologia Luterana
Teologia.
A teologia estrutura-se em torno das três doutrinas fundamentais da sola scriptura
(somente a Escritura), sola gratia (somente a graça) e sola fide (somente a fé).
Cristo.
Cristo é o centro da Escritura. A sua pessoa e obra, especialmente a sua morte
vicária, são o fundamento da fé cristã e da mensagem da salvação.
Revelação.
Somente a Escritura é a fonte autorizada da teologia e da vida e ensino da igreja. A
Escritura é a própria Palavra de Deus, sendo tão verdadeira e dotada de autoridade
quanto o próprio Deus.
No centro da Escritura estão a pessoa e a obra de Cristo. Assim sendo, o principal
propósito da Escritura é soteriológico - proclamar a mensagem de salvação em
Jesus Cristo. A Palavra, por meio da obra de Cristo, é o modo como Deus efetua a
salvação.
Salvação.
A salvação é somente pela graça mediante a fé. A fonte da salvação é a graça de
Deus manifestada pela obra de Cristo, o fundamento da salvação. O meio de
receber a salvação é somente a fé.
As pessoas em nada contribuem para a sua salvação. Elas estão inteiramente
destituídas de livre-arbítrio com respeito à salvação, e assim Deus é a causa
eficiente da salvação.
O Espírito Santo atua por intermédio da palavra do Evangelho (inclusive o batismo e
a Ceia do Senhor) para trazer salvação.
O Espírito usa o batismo das crianças para produzir nelas a fé e levá-las à salvação.

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A Eucaristia (ou Ceia do Senhor) envolve a presença real de Cristo com o pão e o
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vinho, embora tais elementos permaneçam pão e vinho (consubstanciação).
A teologia da cruz deve ser a marca da verdadeira teologia. Em vez de se
concentrarem nas coisas referentes à natureza invisível e às obras de Deus,
conforme discutidas na teologia natural, que Lutero chama de teologia da glória, os
cristãos devem concentrar-se na humildade de Deus revelada na morte de Cristo na
cruz. Em uma teologia da cruz, os crentes passam a ter o conhecimento de Deus e
também um verdadeiro conhecimento de si mesmos e do seu relacionamento com
Deus.
3. Teologia Reformada.
Teologia.
A teologia reformada fundamenta-se no tema central da soberania de Deus. Toda a
realidade está sob o domínio supremo de Deus.
Deus.
Deus é soberano. Ele é perfeito em todos os aspectos e possui toda justiça e poder.
Ele criou todas as coisas e as sustém. Como o Criador, ele em nenhum sentido é
limitado pela criação.
Revelação.
A teologia reformada baseia-se somente na Escritura (sola scriptura). A Bíblia é a
Palavra de Deus e como tal permanece isenta de erros em todos os aspectos. A
Escritura dirige toda a vida e ensino da igreja. A Bíblia possui autoridade em todas
as áreas que aborda.
Salvação.
Na eternidade passada, Deus escolheu certo número de criaturas caídas para serem
reconciliadas com ele mesmo. No tempo oportuno, Cristo veio para salvar os
escolhidos. O Espírito Santo ilumina os eleitos para que possam crer no Evangelho
e receber a salvação. A salvação pode ser resumida nos Cinco Pontos do
Calvinismo: Depravação Total, Eleição Incondicional, Expiação Limitada, Graça
Irresistível e Perseverança dos Santos (as iniciais em inglês formam a palavra
TULIP).
Igreja.
A igreja é composta dos eleitos de Deus que recebem a salvação. Por meio do pacto
com Deus, eles estão comprometidos a servi-lo no mundo.
O batismo simboliza a entrada na comunidade do pacto tanto para as crianças
quanto para os adultos, embora ambos possam renunciar ao seu batismo.
Quando os crentes participam com fé da Ceia do Senhor, o Espírito Santo atua
neles para torná-los participantes espirituais.
Em geral, os presbíteros eleitos pela igreja ensinam e governam a comunidade local.
A unidade da igreja deve basear-se no consenso doutrinário.
4. Teologia Arminiana
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Teologia.
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A teologia arminiana preocupa-se em preservar a justiça (equanimidade) de Deus.
Como pode um Deus justo considerar as pessoas responsáveis pela obediência a
mandamentos que são incapazes de obedecer? Esta teologia dá ênfase à
presciência divina, à responsabilidade e livre-arbítrio humanos, e à graça
capacitadora universal (graça comum).
Deus.
Deus é soberano, mas resolveu conceder livre-arbítrio aos seres humanos.
Salvação.
Deus predestinou para a salvação aqueles que ele viu de antemão que iriam
arrepender-se e crer (eleição condicional).
Cristo sofreu pelos pecados de toda a humanidade; assim sendo, a expiação é
ilimitada.
A salvação pode ser perdida pelo crente, e por isso a pessoa deve esforçar-se para
não cair e se perder. Cristo não pagou a penalidade dos nossos pecados, pois se o
tivesse feito todos seriam salvos. Antes, Cristo sofreu pelos nossos pecados para
que o Pai pudesse perdoar aqueles que se arrependem e crêem.
A morte de Cristo foi um exemplo da penalidade do pecado e do preço do perdão.
5. Teologia Wesleyana
Teologia.
A teologia wesleyana é essencialmente arminiana, mas tem um senso mais forte da
realidade do pecado e da dependência da graça divina.
Revelação.
A Bíblia é a revelação divina, o padrão supremo para a fé e a prática. Todavia,
existem quatro meios pelos quais a verdade é mediada - a Escritura, a razão, a
tradição e a experiência (o quadrilátero wesleyano). A Escritura possui autoridade
suprema. Depois da Escritura, a experiência continua a ser a melhor evidência do
cristianismo.
Salvação.
A salvação é um processo de graça com três passos: graça preveniente, graça
justificadora e graça santificadora. A graça preveniente é a obra universal do Espírito
entre o nascimento e a salvação de uma pessoa. A graça preveniente impede que
alguém se afaste muito de Deus e capacita a pessoa a responder ao evangelho,
positiva ou negativamente. Para aqueles que recebem o evangelho, a graça
justificadora produz salvação e inicia o processo de santificação.
O crente tem como alvo a obtenção da inteira santificação, que é produzida pelo
Espírito Santo em uma segunda obra da graça. A inteira santificação significa que a
pessoa foi aperfeiçoada em amor. A perfeição não é absoluta, porém relativa e
dinâmica. Quando alguém pode amar sem interesse próprio ou motivos impuros,
então ele ou ela alcançou a perfeição.
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6. Teologia Liberal
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Teologia.
Os teólogos liberais procuram articular o cristianismo em termos da cultura e do
pensamento contemporâneos. Eles buscam preservar a essência do cristianismo em
termos e conceitos modernos.
Deus.
Deus é imanente. Ele habita no mundo e não está acima ou separado dele. Assim,
não existe distinção entre o natural e o sobrenatural.
Trindade.
O Pai não atua sobrenaturalmente, mas por meio da cultura, filosofia, educação e
sociedade. A teologia liberal geralmente é unitária e não trinitária, reconhecendo
somente a divindade cio Pai. Jesus estava ―repleto de Deus‖, mas não era Deus
encarnado. O Espírito não é uma pessoa da Divindade, mas simplesmente a
atividade de Deus no mundo.
Cristo.
Cristo deu à humanidade um exemplo moral. Ele também expressou Deus a nós.
Cristo não morreu para pagar a penalidade dos nossos pecados ou para imputar a
sua justiça aos seres humanos. Ele não era Deus nem salvador, mas simplesmente
o representante de Deus.

Espírito Santo.
O Espírito é a atividade de Deus no mundo, e não uma terceira pessoa da Divindade
igual em essência ao Pai e ao Filho.
Revelação.
A Bíblia é um registro humano falível de experiências e pensamentos religiosos. A
validade histórica do registro bíblico é posta em dúvida. As avaliações científicas
provam que os elementos miraculosos da Bíblia são apenas expressões religiosas.
Salvação.
O ser humano não é pecador por natureza, mas possui um sentimento religioso
universal.
O alvo da salvação não é a conversão pessoal, mas o aperfeiçoamento da
sociedade. Cristo deu o exemplo supremo daquilo que a humanidade se esforça por
alcançar e irá tornar-se um dia. De maneira característica, a teologia liberal tem
negado uniformemente a queda, o pecado original e a natureza substitutiva da
Expiação.
Futuro.
Cristo não irá voltar em pessoa. O reino virá a terra como consequência do
progresso moral universal.

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7. Teologia da Libertação
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Teologia.
A teologia não é vista como um sistema de dogmas e sim como um meio de dar
início a mudanças sociais. Essa noção tem sido chamada ―a libertação da teologia‖
(H. Segundo). Essa teologia surgiu a partir do Vaticano II e das tentativas de
teólogos liberais no sentido de enfrentarem as desigualdades sociais, políticas e
econômicas em face de um cristianismo não mais guiado por uma cosmovisão
bíblica. Boa parte do contexto da teologia da libertação tem sido a América Latina e
essa teologia tornou-se uma resposta à opressão política dos pobres.
Os seus proponentes com frequência têm concepções distintas; na realidade, não
existe uma teologia da libertação ―unificada.‖ Antes, trata-se de diversas
―alternativas‖ estreitamente relacionadas que derivam de raízes comuns. Em vez de
uma teologia clássica interessada em questões teológicas como a natureza de
Deus, o ser humano ou o futuro, a teologia da libertação está interessada neste
mundo e em como podem ocorrer mudanças por meio da ação política. Na América
Latina em especial, teólogos católicos romanos procuraram combinar o cristianismo
e o marxismo.
Deus.
Deus é ativo, colocando-se sempre ao lado dos pobres e oprimidos e contra os
opressores, de modo que não atua de maneira igual para com todos. Os teólogos da
libertação acentuam a sua imanência em detrimento da sua transcendência. Deus é
mutável.
Cristo.
Jesus é visto como um messias do envolvimento político. Ele é Deus entrando na
luta pela justiça ao lado dos pobres e dos oprimidos. Todavia, ele não foi um
salvador no sentido tradicional da palavra. Em vez disso, os teólogos da libertação
defendem uma ideia de ―influência moral‖ no que diz respeito à expiação. Nada se
diz acerca de uma satisfação da ira de Deus contra o ser humano.
Espírito Santo.
A pneumatologia está virtualmente ausente da teologia da libertação. Parece difícil
encontrar um papel para a obra do Espírito Santo nos sistemas políticos centrados
no ser humano.
Revelação.
A Bíblia não é um livro de verdades e normas eternas, mas de registros históricos
específicos (muitas vezes pouco fidedignos). No entanto, muitas passagens são
utilizadas em apoio dessa teologia, especialmente o relato do Êxodo. Os teólogos da
libertação utilizam a ―nova‖ hermenêutica a fim de defenderem as suas posições.
Como a sua teologia se apoia em uma análise marxista e é vista como um modo útil
de criar ações ―apropriadas‖ (ver Salvação), eles dão ênfase primariamente a
normas éticas que alcancem os fins do movimento.
Salvação.

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A salvação é vista como uma transformação social em que se estabelece justiça
27
para os pobres e oprimidos. ―O católico que não é um revolucionário está vivendo
em pecado mortal‖ (C. Torres). Qualquer método para alcançar esse fim é aceitável,
até mesmo à violência e a revolução. Essa concepção tende para o universalismo, e
o evangelismo torna-se simplesmente o esforço de gerar consciência e preparar as
pessoas para a ação política.
Igreja.
A igreja é vista como um instrumento para transformar a sociedade: ―A atividade
pastoral da igreja não é uma conclusão que resulta de premissas teológicas... [ela]
tenta ser parte do processo pelo qual o mundo é transformado‖ (G. Gutiérrez). A
neutralidade política não é uma opção para a igreja.
8. Teologia Dispensacionalista
Descrição.
A teologia dispensacionalista vê o mundo e a história da humanidade como uma
esfera doméstica sobre a qual Deus supervisiona a realização do seu propósito e
vontade.
Essa realização do seu propósito e vontade pode ser vista ao se observarem os
diversos períodos ou estágios das diferentes economias pelas quais Deus lida com a
sua obra e com a humanidade em particular. Esses diversos estágios ou economias
são chamados dispensações. O seu número pode chegar a sete: inocência,
consciência, governo humano, promessa, lei, graça e reino.
O Povo de Deus.
Deus tem dois povos - Israel e a igreja. Israel é um povo terreno e a igreja é o seu
povo celestial.
O Plano de Deus para o seu Povo.
Deus tem dois povos separados, Israel e a igreja, e têm também dois planos
separados para esses dois povos distintos. Ele planeja um reino terreno para Israel.
Esse reino foi adiado até a vinda de Cristo com poder, uma vez que Israel o rejeitou
na sua primeira vinda. Durante a era da igreja Deus está reunindo um povo celestial.
Os dispensacionalistas discordam se os dois povos permanecerão distintos no
estado eterno.
O Plano Divino de Salvação.
Deus tem somente um plano de salvação, embora isso muitas vezes seja mal
compreendido por causa de inexatidões em alguns escritos dispensacionais. Alguns
têm ensinado ou entendido erroneamente que os crentes do Antigo Testamento
foram salvos por obras e sacrifícios. Todavia, a maior parte crê que a salvação
sempre foi pela graça mediante a fé, mas que o conteúdo da fé pode variar até a
plena revelação de Deus em Cristo.
O Lugar do Destino Eterno do Povo de Deus.
Existem divergências entre os dispensacionalistas quanto ao futuro estado de Israel
e da igreja. Muitos creem que a igreja irá sentar-se com Cristo no seu trono na Nova

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Jerusalém durante o milênio quando ele governar as nações, ao passo que Israel
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será a cabeça das nações da terra.
O Nascimento da Igreja.
A igreja nasceu no dia de Pentecoste e não existiu na história até aquele tempo. A
igreja, o corpo de Cristo, não é encontrada no Velho Testamento, e os santos do
Velho Testamento não são parte do corpo de Cristo.
O Propósito da Primeira Vinda de Cristo.
Cristo veio para estabelecer o reino messiânico. Alguns dispensacionalistas crem
que ele deveria ser um reino terreno em cumprimento às promessas do Velho
Testamento feitas a Israel. Se os judeus tivessem aceitado a oferta de Jesus, esse
reino terreno teria sido estabelecido de imediato. Outros dispensacionalistas creem
que Cristo estabeleceu o reino messiânico em alguma forma da qual a igreja
participa, mas que o reino terreno aguarda a segunda vinda de Cristo a terra. Cristo
sempre teve em mente a cruz antes da coroa.
O Cumprimento da Nova Aliança.
Os dispensacionalistas não concordam se somente Israel irá participar da Nova
Aliança, numa época posterior, ou se tanto a igreja como Israel participa
conjuntamente. Alguns dispensacionalistas acreditam que existe só uma nova
aliança com duas aplicações: uma para Israel e outra para a igreja. Outros acreditam
que existem duas novas alianças: uma para Israel e outra para a igreja.
O Problema do Amilenismo e do Pós-Milenismo versus o Pré- Milenismo.
Todos os dispensacionalistas são pré-milenistas, embora não necessariamente pré-
tribulacionistas. Esse tipo de pré-milenista crê que Deus irá voltar-se novamente
para a nação de Israel, à parte de sua obra com a igreja, e que haverá um período
de mil anos em que Cristo reinará no trono de Davi, de acordo com as profecias do
Velho Testamento e em cumprimento das mesmas.
A Segunda Vinda de Cristo.
De acordo com a maioria, primeiro irá ocorrer o Arrebatamento, e então um período
de tribulação, seguido do reino de Cristo durante mil anos, após o qual haverá o
juízo e o estado eterno.

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Lição 8 - DEFINIÇÕES DE PALAVRAS 29

TEOLÓGICAS
Antilegomena. Escritos bíblicos que em certo momento foram questionados.

Apócrifos. Livros supostamente do Antigo Testamento, mas que não possuem


embasamento para comprovar a autenticidade quanto a seu caráter profético.

Cânon. Do grego "kánon", e do hebraico "kaneh", regra; lista autêntica dos livros
considerados como inspirados;

Epístolas. Cartas.

Evangelho. "Boas Novas; O ensinamento, a palavra de Jesus contida no Novo


Testamento.

Homologomena. Livros bíblicos aceitos por todos e que em momento algum foram
questionados.

Paráfrase. Tradução livre ou solta, onde o objetivo é traduzir a ideia e não as


palavras.
Pseudoepígrafos. Falsos escritos. Livros não bíblicos, cujos escritos se
desenvolvem sobre uma base verdadeira, seguindo caminhos fantasiosos;

Sacrilégio. O termo latino de onde se deriva esse vocábulo português é sacrilegus,


―ladrão de templos‖. À raiz desse vocábulo temos sacer, «santo», e legere, «reunir».
Um sacrilégio consiste no ato de violar ou profanar qualquer coisa considerada santa
ou consagrada.

Septuaginta. LXX de Alexandria. Bíblia traduzida para o grego por judeus e gregos
de Alexandria, incluindo os livros apócrifos;
Sinóticos = Síntese. Os três primeiros evangelhos são chamados de evangelhos
sinóticos, pois sintetizam a vida de Jesus.

Teocracia. [Do gr. Theos, Deus + kratia, governo] Governo centrado nas leis de
Deus, e exercido por sacerdotes.

Teodiceia é a parte da Filosofia que pretende demonstrar racionalmente a


existência e os atributos de Deus. Para isso, usa apenas a razão humana, sem
utilizar nenhum registro sagrado. Esse termo vem do grego, theós, ‗deus‖, e dike,
―justiça‖. Aqueles que procuram explicar o problema do mal preservando ainda
assim a ideia de um Deus ortodoxo, expõem teodicéias.

Teofania. A palavra grega é theophania, que deriva de theos (Deus) phanein


(aparecer). A palavra teofania é comumente usada para significar algum tipo de
manifestação divina que não comunica ao homem a real essência de Deus.
Logicamente, é impossível para um homem ter contato direto com a verdadeira
essência divina, pois ele não conseguiria lidar com tal situação e provavelmente não
haveria caminho metafísico para que isso ocorresse: Ninguém jamais viu a Deus. O
Deus (Filho) unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou (João 1.18).

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Teologal. Que pertence à teologia.
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Teologicamente. De modo teológico, segundo os princípios da teologia.

Teológico. Refere-se à teologia.

Teologismo. Abuso da teologia, das discussões teológicas.

Teologização. Discorrer sobre teologia. Refere-se à atividade de pensar e falar a


respeito de Deus.

Teólogo. Pessoa especializada em teologia. Estudante de teologia.

Testamento = Aliança, Pacto, Acordo;

Tetragrama. Esse é o nome que se dá às quatro letras que representam o inefável


nome de Deus, Yahweh, ou seja, YHWH.

Tradução. Transliteração de uma língua para outra.

Variantes. Diferenças encontradas nas diferentes cópias de um mesmo texto,


mediante comparação. Elas atestam o grau de pureza de um escrito.

Versão. Tradução da língua original para outra língua.

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Lição 9 - RAMOS DO CONHECIMENTO 31

HUMANO, AUXILIARES NO ESTUDO DE


TEOLOGIA

1) História Universal – É um ramo essencial a todos os demais ramos da


ciência humana e, em particular, as histórias do Egito, da Babilônia, da Assíria,
da Grécia, de Roma e da Europa medieval e moderna, que são auxiliares
especialmente da ciência teológica.

2) A arqueologia – No seu sentido mais compreensivo, abrange a interpretação


de inscrições. Monumentos, moedas e remanescentes das artes.

3) A etnologia – A ciência das divisões da família humana em raças e nações e


da sua dispersão sobre a face da terra.

4) A filologia comparativa – A ciência que, tomando como ponto de partida os


grupos naturais das línguas humanas, investiga as relações e origens das
línguas e dialetos.

5) A ciência da religião comparativa (religiões comparadas) – O estudo


crítico e a comparação da história, das crenças, do espírito, dos princípios, das
instituições e do caráter prático de todas as religiões étnicas, investigando a luz
que elas lançam sobre:
a) A natureza e a história humana,
b) O governo moral de Deus, e
c) A revelação sobrenatural contida nas Escrituras Sagradas.

6) A filosofia – A base e mestra de todas as ciências meramente humanas.


Abrange a história da origem e do desenvolvimento de todas as diversas
escolas filosófica.

7) A psicologia. Etc.

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Lição 10 - RAZÕES PARA ESTUDAR 32

TEOLOGIA

Palavras como teologia e doutrina têm conotações negativas para muitos


cristãos. Isto é uma grande tragédia, pois acredito firmemente que todo cristão
precisa estudar teologia em algum momento de sua caminhada cristã.

Aqui vão cinco razões de porque você precisa estudar teologia, e possivelmente
algumas delas você não tenha considerado antes.

1. Você já é um teólogo.

Por que você precisa estudar teologia? Porque teologia não é uma coisa que
apenas o professor de teologia tem – todos nós cremos em alguma coisa sobre
Deus e, portanto, somos teólogos à nossa própria maneira. No entanto, o que
precisa ser questionado é se o que você crê é correto, e o estudo da teologia
pode ajudar a responder essa pergunta.

2. Seu amor por Jesus é intrinsicamente ligado com seu conhecimento de


sua Palavra.

Por que você precisa estudar teologia? Porque Jesus disse: ―Se me amais,
guardareis os meus mandamentos‖ (João 14.15). Ouvi alguém dizendo que o
certo cristão pode não ser grande teologicamente, mas estava tudo bem porque
ele realmente amava Jesus. Entretanto, Jesus diz que se nós o amamos,
obedeceremos ao que ele ordena. Como nós podemos obedecê-lo se nós não
vamos à sua Palavra para conhecer corretamente seus mandamentos?

3. Sua doutrina determinará como você vive.

Por que você precisa estudar teologia? Porque o que você acredita (sua
doutrina) determinará como você vive (sua prática). Isto pode ser visto em sua
vida cotidiana. Se você acredita que alguma coisa é venenosa, você
simplesmente não a bebe. Similarmente, suas crenças sobre Deus e sua
Palavra determinam como você vive dia a dia. Por exemplo, se você acredita
que Deus fala somente através de sua Palavra então você a estudará
diligentemente. Entretanto, se você acredita que Deus fala através de
impressões e coisas parecidas, então você procurará por aquela pequena voz
silenciosa. O exemplo acima drasticamente muda como uma pessoa procurará
encontrar a vontade de Deus para sua vida, e ilustra porque você precisa
estudar teologia.

4. Suas afeições determinarão o que você estuda.

Por que você precisa estudar teologia?

Porque onde suas afeições estão colocadas determinará o que você gastará
tempo estudando. Se seu hobby é fotografia você desejará estudar o assunto

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para saber como melhorar suas fotografias e aumentar seu amor e apreciação
33
por esse passatempo. Da mesma forma, se você é cristão e sua afeição
principal está sobre Deus, por que você não desejaria estudar a Palavra para
aumentar seu amor e apreciação por ele e sua Palavra?

5. Sua humildade depende disso.

Por que você precisa estudar teologia? Porque sem estudar teologia, é possível
que você pense muito bem sobre você, mas não bem o bastante de Deus. Se for
verdade que o conhecimento incha (1 Coríntios 8.1), as Escrituras, pelo
contrário, quando corretamente entendidas e aplicadas, darão a você, por
exemplo, o conhecimento da depravação e miserabilidade humana diante de
Deus, e também darão conhecimento da magnificência, santidade, soberania e
graça de Deus, o que somente pode servir para levar um verdadeiro convertido a
ajoelhar-se em humildade.

Possa Deus ser glorificado quando você estudar teologia, com o desejo de saber
mais sobre sua revelação especial ao homem.

MATERIAL BÁSICO PARA O ESTUDANTE DE TEOLOGIA

1. Bíblia (De preferência tenha mais de uma versão. Ex. ARC/ NTLH/ACF/NVI/BV).
Nota.
ARC – Almeida Revista Corrigida
NTLH – Nova Tradução na Linguagem de Hoje
ACF – Almeida Corrigida Fiel
NVI – Nova Versão Internacional
BV – Bíblia Viva

2. Dicionários bíblicos

3. Enciclopédia Bíblica

4. Concordância Bíblica

5. Dicionário da Língua Portuguesa

6. Dicionário Teológico

7. Atlas Bíblico

8. Caderno para apontamentos pessoais

Esta é uma boa lista para quem quer estudar teologia.

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Lição 11 - COMO SE DESENVOLVEU A 34

TEOLOGIA CRISTÃ
A teologia cristã não nasceu nos seminários teológicos. Ela não é fruto de uma
iniciativa que demandava a criação de uma grade curricular em que as disciplinas
eram dispostas por uma didática selecionada de matérias como se vê hoje nos
seminários teológicos. A evolução do pensamento teológico foi marcada por lutas,
tribunais, perseguições e mortes. Muito sangue foi derramado na construção da
teologia cristã.
A opinião de uns e a obstinação de outros, somadas à intransigência dos que
defendiam interesses institucionais, levaram líderes e nações a guerrearem uns
contra os outros. O espírito de amor e de paz tão defendido pelos apóstolos de
Jesus Cristo não demorou a desaparecer após a morte daqueles baluartes da fé. O
apóstolo Paulo estava certo do que aconteceria após sua morte: ―Porque eu sei isto:
que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não
perdoarão o rebanho. E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens que falarão
coisas perversas, para atraírem os discípulos após si‖ (At 20.29,30).
Já nos dias apostólicos, era forte a presença de algumas heresias no seio da Igreja.
Por um lado, Paulo debateu com os judaizantes que queriam manter os crentes
presos às regras e às tradições judaicas, privando-os de desfrutarem da liberdade
que há em Cristo. De outro lado, também debateu com os gnósticos, os quais
misturavam filosofia com a doutrina cristã, confundindo os crentes com suas
heresias absurdas.
Muitas outras questões alheias ao pensamento cristão ainda seriam plantadas pelo
diabo para desviar do seu propósito inicial não apenas algumas pessoas, mas toda a
Igreja de Jesus, transformando-a em uma grande e prostituída instituição. Os líderes
dela já eram chamados de Pais no segundo século. Do segundo ao quarto séculos,
a Igreja foi dando sinais de adoecimento com a semeadura de grande heresias.

II. AS FUNÇÕES DA TEOLOGIA


A teologia possui algumas funções. Entre elas estão a clarificação, a integração, a
correção, a declaração e o desafio.
1. Clarificação
É importante estabelecer com a maior clareza possível o que afirma a comunidade
cristã. Isso serve basicamente para as pessoas da comunidade que precisam ser
instruídas na fé. Muitas vezes há falta de entendimento em várias áreas doutrinárias.
A participação na experiência cristã é, claro, algo imprescindível, mas isso não traz
pleno entendimento de maneira automática. É preciso uma instrução complementar
para que possa ocorrer um esclarecimento cada vez maior da verdade.
A intenção dessa instrução é que o indivíduo cristão se torne ―como obreiro que não
tem do que se envergonhar e que maneja corretamente a palavra da verdade‖ (2Tm
2.15).
2. Integração

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A teologia deve ajudar a juntar tudo, integrando uma verdade com outra. A teologia
35
não trata só de clarificar as doutrinas isoladas, mas também de demonstrar como
elas se encaixam formando um desenho completo.
A integração é importante em tudo o que diz respeito à vida e, decerto, isso é
verdade na área da fé cristã.
3. Correção
A teologia serve como corretivo para desvios da verdade. Ao articular da maneira
mais clara possível as várias verdades da fé cristã, indiretamente, ela procura
remediar desequilíbrios ou erros que possam ter ocorrido. É essencial para a saúde
da fé cristã que seja afastada desses desvios.
Infelizmente, a participação na fé e na experiência cristã não é uma garantia contra a
entrada furtiva de heresias. Aliás, a maior parte das heresias que têm afligido a
igreja tem surgido não de oponentes de fora, mas de equívocos em seu interior. Às
vezes isso se deve à ênfase exagerada em certa doutrina que assim fica inflada de
modo desproporcional à sua devida importância.
4. Declaração
Outra função da teologia é fazer conhecido publicamente o que defende a
comunidade cristã. Dizemos ao mundo: ―Esta é a bandeira sob a qual nos
levantamos; esta é a verdade que proclamamos para que todos ouçam‖.
Paulo escreve: ―A intenção dessa graça era que agora, mediante a igreja, a
multiforme sabedoria de Deus se tornasse conhecida dos poderes e autoridades nas
regiões celestiais‖ (Ef 3.10).
Evidentemente, a igreja declara a sabedoria de Deus na pregação do evangelho;
mas, em particular, é em sua expressão teológica que a multiformidade da verdade
divina é apresentada para os que queiram ouvir.
5. Desafio
A teologia move-se para dentro de áreas do pensamento cristão que muitas vezes
se mostram confusas, até divisivas, procurando descobrir a verdade.
Há diferenças de doutrina dentro de várias comunidades cristãs, chegando com
frequência a separá-las umas das outras. No passado, desenvolveram-se extremos
em questões como a soberania de Deus e a liberdade humana, a divindade e a
humanidade de Jesus e a natureza dos sacramentos. No presente, os extremos são
particularmente evidentes na área da escatologia.
É a tarefa desafiadora da teologia procurar descobrir onde está a verdade e
estabelecê-la de modo claro e coerente. Algumas diferenças podem ser
reconhecidas como questões principalmente de semântica; outras são muito mais
substantivas em caráter. De qualquer modo, a teologia enfrenta esse desafio sempre
presente.
Pela ordem das prioridades, o primeiro alvo da teologia é a própria comunidade
cristã. A clarificação, a integração e a correção já descritas estão obviamente
relacionadas com o benefício e fortalecimento daqueles que participam da fé e da

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experiência cristãs. Entretanto, há a declaração, essa função orientada para o
36
mundo, cuja importância não deve ser menosprezada.
No mínimo, ela representa um tipo de responsabilidade pública, uma razão de ser
para a comunidade cristã.
E isso — quaisquer que sejam os resultados — não deixa de trazer por sua vez
algum benefício para a comunidade cristã. Há valor indubitável, tanto comunal como
pessoal, em tornar pública uma posição.

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Lição 12 – COMO DESEMPENHAR A TAREFA 37

DE ARTICULAR A TEOLOGIA?

I. A DIREÇÃO DO ESPÍRITO SANTO E A CONFIANÇA NA BÍBLIA


1. Buscar a direção do Espírito Santo
É só por meio da orientação contínua do Espírito Santo que se pode realizar o
trabalho teológico. “Quando o Espírito da verdade vier, ele os guiará a toda a
verdade” (Jo 16.13). Essas palavras de Jesus expressam o fato fundamental de que
o Espírito Santo é o guia para toda a verdade. A comunidade cristã, para quem veio
―o Espírito da verdade‖, o Espírito Santo, possui o Guia em seu interior. Esse mesmo
Espírito ―lhes ensinará todas as coisas‖ (Jo 14.26).
O Espírito Santo, além disso, foi prometido não só para estar com os cristãos, mas
também nos cristãos: ―ele vive com vocês e estará em vocês‖ (Jo 14.17). Assim, a
comunidade cristã possui o Guia em seu interior, o Mestre, como uma presença
residente. A questão essencial, portanto, é permitir que a realidade interna, o
Espírito Santo, conduza a toda a verdade. Aprofundando: o fato básico de o Espírito
Santo ser o Espírito da verdade e ser residente significa que a verdade habita dentro
da comunidade cristã.
―Vocês têm uma unção que procede do Santo, e todos vocês têm conhecimento‖
(1J0 2.20).
2. Confiança nas Escrituras
As Escrituras do Antigo Testamento e do Novo Testamento são inspiradas por Deus
e devem receber plena confiança ao se desenvolver a tarefa da teologia. Elas
apresentam em forma escrita a declaração da verdade divina e assim são a fonte e
medida objetiva para todo o trabalho teológico.
As Escrituras em toda a sua extensão proveem os dados materiais para a doutrina
cristã e a subsequente formulação teológica.
As palavras de 2Timóteo 3.16,17 são bem adequadas:
―Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino [doutrina], para a
repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de
Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra‖. De acordo com essa
declaração, a totalidade das Escrituras é ―soprada por Deus‖ (o sentido literal de
―inspirada‖) e, assim , dada diretamente por Deus. Assim , existe na Escritura uma
autoridade que não pertence apensamentos ou palavras humanas, não importa
quanto são guiados pelo Espírito Santo.
A teologia deve voltar-se primeiro para as Escrituras ao cumprir sua tarefa.
3. A inspiração do Antigo e do Novo Testamento
Essa inspiração das Escrituras refere-se a ambos: o AT e o NT. As palavras de
Paulo em 2 Timóteo podem ser consideradas com o referências só ao AT, já que o
NT, obviam ente, ainda não estava completo. Entretanto, que os escritos de Paulo,
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bem como alguns outros, foram desde cedo reconhecidos como Escrituras
38
evidencia-se nas palavras de 2Pedro 3.15,16, que, depois de falar das cartas de
Paulo, faz referência às ―demais Escrituras!
Assim, a questão básica para a teologia é: ―Que diz a Escritura?‖. Pois só ela é a
regra objetiva da verdade cristã.
Devem-se observar mais algumas questões importantes:
1. Há uma grande necessidade de um conhecimento crescente das Escrituras
— de todas elas.
O ideal é que haja um conhecimento instrumental das línguas originais. Uma
tradução interlinear é valiosa, especialmente quando usada em conjunto com
léxicos. Comparar várias versões é também útil na obtenção de uma perspectiva
mais completa.
É importante, além disso, aprender tudo o que for possível acerca do pano de fundo,
composição e formas literárias da Bíblia e, com isso, saber como estudá-la e
compreendê-la melhor. Questões como o contexto histórico e cultural, o propósito de
determinado livro e o estilo da escrita (e.g., história, poesia, parábola, alegoria) são
essenciais para a compreensão a fim de se chegar à devida interpretação. Além
disso, é importante não ler a passagem isolada, mas vê-la em seu contexto mais
amplo e, se o significado não é claro, compará-la com outras passagens que
possam lançar mais luz.
Todo o campo da hermenêutica — a saber, os princípios da interpretação bíblica —
exige compreensão plena para que se realize um trabalho teológico sério.
2. Nunca podemos ir além da Escritura na busca da verdade.
Paulo ordena aos coríntios: ―Aprendais a não ir além do que está escrito [Isto é, a
Escritura]‖ (1 Co 4.6).22 Isso fala contra qualquer fonte extrabíblica como tradição,
visão pessoal ou suposta nova verdade apresentada como algo complementar ou
superior ao que está registrado nas Escrituras Sagradas. A doutrina sadia
estabelecida por um trabalho teológico genuíno não pode depender de outras fontes
primárias que não sejam as Escrituras.
Além disso, precisamos considerar as palavras que alertam contra interpretações
individuais e distorções das Escrituras. Em 2 Pedro, lemos, primeiro, que ―nenhuma
profecia da Escritura provém de interpretação pessoal‖ (1.20). Trata-se de um alerta
urgente contra a falha de não ficar sob a autoridade da Escritura — ainda que se
possa alegar submissão externa — mas submetê-la à própria interpretação.
A verdade, porém, fica severamente ameaçada quando, embora a Escritura seja
respeitada da boca para fora, prevalece a interpretação particular e a Escritura é
esvaziada de seu verdadeiro significado. Um alerta semelhante é dado por Pedro
acerca das cartas de Paulo e ―as demais Escrituras‖ que ―os ignorantes e instáveis
torcem, como também o fazem [...] para a própria destruição deles‖ (2Pe 3.16). A
distorção da Escritura, que tem ocorrido com frequência na história da igreja, é uma
questão ainda mais séria que a interpretação particular, pois toma toda a verdade
divina e a muda.

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3. Não pode haver um entendimento verdadeiro da Escritura sem a iluminação
39
interna do Espírito Santo.
Já que toda a Escritura é ―inspirada por Deus‖, é só quando essa inspiração de
Deus, o Espírito de Deus, move-se sobre as palavras que seu significado pode ser
verdadeiramente compreendido. A resposta a ―Que diz a Escritura?‖ é mais que uma
questão de conhecimento da informação nela contida, mesmo que obtida pela
exegese mais cuidadosa, consciência da situação histórica, apreciação das formas
linguísticas etc. A Escritura só pode ser compreendida em profundidade mediante
iluminação do Espírito Santo.
Sem o Espírito há cegueira na leitura das Escrituras; com o Espírito há iluminação
no entendimento das coisas de Deus.
4. Familiaridade com a história da igreja
Para que a teologia consiga realizar adequadamente seu trabalho, é também
necessária uma familiaridade com a história da igreja. Isso significa que as
afirmações dos concílios da igreja, seus credos e confissões contêm a maneira pela
qual ela tem, em várias épocas, expressado sua doutrina. Os escritos dos pais da
igreja primitiva, de teólogos reconhecidos (os ―doutores‖ da igreja), de comentaristas
bíblicos de renome e, assim, o pensamento cristão ao longo dos séculos — tudo
isso é proveitoso para a teologia.
O período da igreja primitiva com seus escritos pós-apostólicos e patrísticos e
também os concílios ecumênicos representando a igreja inteira são especialmente
importantes. O Credo apostólico o Credo niceno, o Credo de Calcedônia — para
mencionar alguns dos grandes credos universais primitivos — contribuíram muito
para estabelecer o padrão da fé cristã ortodoxa através dos séculos.
5. Consciência do cenário contemporâneo
Quanto mais a teologia é informada daquilo que está ocorrendo na igreja e no
mundo, tanto mais relevante e oportuno será o escrito teológico. Há necessidade,
em primeiro lugar, de conhecer a situação em que se encontra a comunicação.
Vivemos numa era de comunicação multimídia — televisão, rádio, imprensa — , e
isso exige especialização cada vez maior para que a mensagem fique clara.
O homem moderno, tanto dentro como fora da igreja, é tão bombardeado por
informações esparsas, propagandas, conversas de vendedor etc. que não é fácil
refletir sobre a verdade cristã ou tomar tempo para uma reflexão teológica séria.
Além disso, é muito comum os teólogos serem maus comunicadores: a linguagem
deles é de difícil compreensão e raramente têm a brevidade por ponto forte. Há
necessidade de escritos teológicos muito melhores e mais contemporâneos.
O teólogo, sempre que possível, deve expressar conceitos difíceis em linguagem
clara e até permitir que o leitor tenha prazer em compreender o que se diz! Tudo
isso significa tradução com a consequente compreensão.
6. Crescimento na experiência cristã
Por fim, é essencial que haja crescimento contínuo na experiência cristã para que a
teologia desempenhe bem o seu papel. Podemos observar aqui alguns pontos.

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Primeiro: a tarefa da teologia exige que tudo seja feito numa atitude de oração. Só
40
numa atmosfera de comunhão persistente com Deus é realmente possível falar de
Deus e de seus caminhos. A teologia, com certeza, é escrita na terceira pessoa; é
um ―falar acerca de Deus‖. Entretanto, sem um constante ―eu-tu‖, um relacionamento
de oração em segunda pessoa, o trabalho teológico torna-se frio e impessoal. A
oração ―no Espírito‖ é particularmente importante, pois, por ela, como diz Paulo, a
pessoa ―pronuncia mistérios no Espírito‖ (1Co 14.2),31 e esses mistérios,
interpretados pelo Espírito, podem levar a uma compreensão mais profunda das
verdades apresentadas na Escritura.
A vida de oração, constantemente renovada e sempre em busca da face do Senhor,
é fundamental num trabalho teológico significativo.
Segundo: deve haver um senso cada vez mais profundo de reverência. É de Deus
que a teologia fala.
Ele é o assunto do começo ao fim, seja o que for que se possa falar acerca do
Universo e do homem. Esse Deus é aquele que deve ser adorado em santa
disposição, aquele de quem o nome deve ser honrado, aquele cuja própria presença
é um fogo consumidor. A teologia, percebendo que fala daquele diante de quem
toda boca deve primeiro calar-se, só pode exercer sua função num espírito de
reverência contínua.
Terceiro: exige-se uma pureza de coração cada vez maior. Isso é consequência da
palavra anterior sobre reverência, pois o Deus da teologia é Deus santo e justo.
Falar dele e de seus caminhos (e falar a verdade) exige um coração que passa por
purificação constante.
―Bem-aventurados os puros de coração, pois verão a Deus‖ (Mt 5.8) aplica-se com
peso extraordinário ao teólogo. Ora, ele deve ver para escrever, e não se pode ver
com olhos turvos e coração impuro.
Quarto: a teologia deve ser feita num espírito de amor crescente. O Grande
Mandamento, ―Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua
alma e de todo o seu entendimento‖ (Mt 22.37), aplica-se com particular força ao
trabalho da teologia.
Quinto, e da maior importância: todo o trabalho de teologia deve ser feito para a
glória de Deus.
A comunidade cristã precisa pôr diante de si, constantemente, o alvo de glorificar
Deus em todos os empreendimentos teológicos. Nas palavras de Jesus:
―Aquele que busca a glória de quem o enviou [o Pai], este é verdadeiro; não há nada
de falso a seu respeito‖ (Jo 7.18). Mesmo assim, o alvo da comunidade em cada
expressão teológica, tanto de modo coletivo como por meio de seus especialistas,
não deve ser a glória própria, mas dar glória constante a Deus. Nesse espírito, a
teologia pode ser uma testemunha fiel do Deus vivo.
A teologia, é um jeito de amar Deus com a mente, mas deve ser feita no contexto de
um amor total a Deus. A teologia é algo apaixonante: é reflexão nascida da devoção.

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Lição 13 - A DOUTRINA E A COSMOVISÃO 41

CRISTÃ
1. Contexto atual

O mundo de hoje é controlado pelo irracionalismo e pelo anti-intelectualismo. Sem


um padrão absoluto de conhecimento, o homem aceita o relativismo como se fosse
a única coisa razoável. Portanto, ouve-se muito a ideia de que é arrogante dizer que
só existe uma religião verdadeira e só um caminho certo para conhecer a Deus.
Também, há um relativismo prático, o que é expresso através de hedonismo.
Segundo o homem moderno, não há uma lei absoluta e nem um Deus que seja
legislador. O pluralismo é o sumo bem. Portanto, no comportamento do indivíduo
hoje, vale tudo.

Dentro deste mundo de pluralismo, existem muitas cosmovisões que são usadas
para dar sentido ao mundo. Mesmo que ele esteja cativo de uma filosofia irracional,
o ser humano, por natureza, sempre está buscando um jeito para explicar, entender
e dar ordem ao seu mundo da experiência. Todo mundo tem uma filosofia de vida,
uma cosmovisão. Ela pode ser o espiritismo, o Catolicismo, o humanismo ou uma
filosofia eclética que seja uma mistura de várias coisas contraditórias. Essa filosofia
poderia ser chamada de ―uma cosmovisão de self-service‖ porque cada pessoa
entra na fila e pega aquilo que acha que lhe serve por hoje. Amanhã pode ser algo
diferente.

Há algumas pessoas que pensam mais profundamente e tentam construir uma


cosmovisão coerente e que dê respostas às perguntas e problemas da vida. Elas
percebem que a filosofia ―self-service‖ não basta, mas mesmo assim, até os filósofos
profissionais estão ainda chegando à conclusão de que realmente não existe uma
posição racional.

Neste contexto, o crente enfrenta o desafio de alcançar o mundo para Cristo. E o


evangelho é mais do que um tipo de segurança contra incêndio. É uma vida para ser
vivida, e apresenta um Senhor para ser servido. O evangelho exige que as
cosmovisões dos descrentes sejam derrotadas e que a cosmovisão da Bíblia seja
construída em seu lugar.

Cada centímetro da criação pertence a Cristo e isso inclui todos os pensamentos


dos homens. Jesus não aceita nada menos do que submissão total.

A Teologia Sistemática é uma parte essencial da tarefa de construir uma


cosmovisão cristã.

A cosmovisão cristã contém mais do que é normalmente considerado na disciplina


de cosmovisão cristã. A Teologia Sistemática nos ajuda a responder às perguntas
de nossa época, às filosofias do mundo, e aos problemas que o ser humano tem
sempre enfrentado, de maneira plena, racional e adequada para se viver uma vida

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autêntica. Vamos começar nosso estudo da Teologia Sistemática, portanto, com
42
uma definição e um esboço do conceito de cosmovisão.

2. O que significa ―cosmovisão‖?

É uma maneira de ver o mundo! Ela é a interpretação que fazemos da realidade


derradeira.

É o sistema de pressupostos que usamos para organizar e interpretar nossa


experiência da vida. É literalmente nossa visão do cosmos.

Segundo James Sire (The Universe Next Door, IVP) ―uma cosmovisão é um conjunto
de pressuposições (pressupostos que podem ser verdadeiros, verdadeiros em parte,
ou totalmente falsos) que nós abraçamos (conscientemente ou não,
consistentemente ou não) acerca da composição básica do nosso mundo.‖

3. Quatro provas da verdade surgem da estrutura da cosmovisão

3.1. Suficiência dos pressupostos: Qual é o ponto de referência final? Os


pressupostos básicos são suficientes para a interpretação do universo? Prova da
verdade - A cosmovisão que deixa perguntas maiores sem respostas não pode ser
verdadeira.

3.2. Consistência interna: A lei de não-contradição é fundamental. A é igual a A. A


não é igual a não A. Prova da verdade - Aquilo que é uma contradição lógica não
pode ser verdadeira. Uma contradição lógica é a afirmação e a negação de uma
declaração (uma proposição) no mesmo sentido e no mesmo tempo.

3.3. Ajusta-se aos fatos?: Consistência com experiência externa. Prova da verdade
– Aquilo que não concorda com os fatos interpretados corretamente não pode ser
verdadeiro.

3.4. Viabilidade existencial: Quais são as consequências práticas? É possível viver


sem hipocrisia e construir uma civilização nessa cosmovisão? Prova da verdade -
Uma filosofia que não pode ser vivida autenticamente, não pode ser verdadeira.

4. Elementos de uma cosmovisão

4.1. Uma cosmovisão tem quatro partes:

4.1.1. Teoria do conhecimento: epistemologia. Como nós conhecemos o que é


verdadeiro? Razão e lógica (racionalismo), ciência e experiência dos sentidos
(empirismo), intuição (misticismo), não há conhecimento (ceticismo)? Revelação?

4.1.2. Teoria da existência: ontologia. Qual é a natureza do universo? É espiritual


(panteísmo), material (materialismo), ou os dois? Como explicar a unidade e a
diversidade do universo? Qual é a natureza de Deus e do homem?

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4.1.3. Teoria da valor: O que é que eu devo valorizar? O que é o sumo bem? Isso
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inclui a teoria de ação; a ética, e a teoria de beleza; a estética. Como as pessoas
devem se comportar? Como distinguir entre o bem e o mal?

4.1.4. Teoria do fim ou alvo: teleologia. Qual é o fim da vida e da criação? Por que
nós estamos aqui neste universo? O que é a Historia? A historia é cíclica ou vai
numa linha em direção a um fim?

5.2. Fica bem claro que quando respondemos a essas perguntas teremos
proposições. Uma cosmovisão consiste em várias ideias, proposições (ou seja,
doutrinas), que declaram os conceitos chaves do sistema. Para elaborar uma
cosmovisão, é preciso falar em doutrina.

6. Funções da Cosmovisão

Juntos, os pressupostos implícitos em uma cultura oferecem às pessoas uma


maneira mais ou menos coerente de olhar o mundo. A cosmovisão tem várias
funções importantes.

6.1. Primeiro, nossa cosmovisão nos dá fundamentos cognitivos sobre os quais


construir nossos sistemas de explicação, fornecendo justificativa racional para
crença nesses sistemas. Em outras palavras, se aceitarmos nossas hipóteses de
cosmovisão, nossas crenças e explicações fazem sentido. Nós tomamos os
pressupostos como certos e raramente os examinamos. Uma cosmovisão nos
oferece um modelo ou mapa da realidade estruturando nossas percepções da
realidade.

6.2. Segundo, nossa cosmovisão nos dá segurança emocional. Diante de um


mundo perigoso, cheio de forças adversas e incontroláveis crises de seca, doença e
morte, e assoladas pelas ansiedades de um futuro incerto, as pessoas se voltam
para suas crenças culturais mais profundas em busca de conforto emocional e
segurança. Portanto, não é iniciações, casamentos, funerais, celebrações de
colheita e outros rituais que as pessoas utilizam para reconhecer e renovar a ordem
na vida e na natureza.

Uma emoção forte que enfrentamos é o medo da morte. Outra, é o terror da falta de
sentido.

Podemos enfrentar a morte como se fossemos mártires se acreditarmos que há um


objetivo para isto, mas estes significados devem trazer profunda convicção. Nossa
cosmovisão fortalece nossas crenças fundamentais com reforço emocional para que
elas não sejam facilmente destruídas.

6.3. Terceiro, nossa visão de mundo legitima nossas normas culturais mais
profundas utilizadas para avaliar nossas experiências e escolher modos de agir. Ela
nos oferece as ideias de justiça e de pecado e como lidar com ele. Também
funciona como um mapa para dirigir nosso comportamento. Por exemplo, o mapa de
uma cidade não só nos diz o nome das ruas, mas também nos permite escolher o

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caminho que nos leva de nosso quarto de hotel até um restaurante recomendado.
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Semelhantemente, nossa cosmovisão nos dá um mapa da realidade e também
serve como um mapa para dirigir nossas vidas. As cosmovisões servem tanto como
funções preditivas como prescritivas.

6.4. Quarto, nossa cosmovisão integra nossa cultura. Ela organiza nossas idéias,
nossos sentimentos e valores em único planejamento geral. Assim, nos dá uma
visão mais ou menos unificada da realidade, reforçada por emoções e convicções
profundas.

7. O Que é a Cosmovisão Cristã?

Realmente esta pergunta é o assunto desta matéria. A Teologia Sistemática é uma


elaboração da cosmovisão cristã baseada na Bíblia. Nem todos os aspectos da
cosmovisão cristã são desenvolvidos nesta disciplina, mas a essência é. Deve ficar
claro agora que a doutrina é absolutamente essencial na vida do crente para que ele
possa ter uma cosmovisão correta e viver a sua vida de maneira a agradar a Deus.
Por que doutrina é importante?

7.1. Doutrina é importante para salvação: João 8:24 ―Por isso vos disse que
morrereis em vossos pecados; porque, se não crerdes que eu sou, morrereis em
vossos pecados‖.

Portanto, a próprio Jesus disse que salvação depende em ter a doutrina correta.

7.2. A condição da igreja evangélica hoje:

7.2.1. O pressuposto de que o crente leigo não está interessado em teologia é bem
comum entre os pastores. Dizem que é preciso pregar sermões práticos e
pertinentes (como se a teologia da Palavra de Deus não fosse prática ou pertinente)
em vez de sermões de teoria.

Mas toda prática é a prática de alguma teoria, e se você estiver ignorante da teoria,
com certeza a sua prática vai ser errada. No entendimento de Karl Barth, ―Não existe
ser humano que, de forma consciente, inconsciente ou subconsciente – não tenha o
seu Deus ou os seus deuses, como sendo objeto de sua ambição ou de sua
confiança mais sublime, como sendo base de seu comprometimento mais profundo.
Em decorrência deste fato, qualquer ser humano é teólogo. Não há nem religião,
nem filosofia, nem cosmovisão que, seja profunda ou superficial – não se relacione
com alguma divindade, interpretada ou circunscrita desta ou daquela forma, e que,
portanto, não tenha aspectos de teologia.‖

7.2.2. A heresia da cabeça contra o coração. Na psicologia moderna há uma


distinção entre a cabeça e o coração. Dizem que a fé verdadeira é uma coisa do
coração e não apenas a cabeça. Os liberais e até muitos evangélicos acham que a
fé é algo irracional, que é o contrário de conhecimento. A fé é vista como ser
localizada nas emoções. Mas a Bíblia não tem nada disso. Na Bíblia não existe uma
distinção entre a cabeça e o coração. Fé na Bíblia é altamente racional. A fé não é

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alicerçada nas emoções. Na Bíblia, no sentido metafórico, o coração é a sede da
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vida espiritual e intelectual do homem, a natureza íntima da pessoa. Anselmo,
Arcebispo de Cantuária (1033-1109) orou assim: ―Senhor, agradeço-te por me teres
criado segundo a tua imagem, para que te conheça e ame. Mas essa imagem se
acha de tal modo corrompida por pecados, que não consegue cumprir a tarefa para
a qual foi criada, a não ser que tu a renoves e recries através da fé em teu Filho
crucificado, Jesus Cristo. Desejo apenas entender uma pequena parcela de tua
verdade, que meu coração crê e ama. Pois não procuro compreender para poder
crer, antes, creio para poder compreender.‖

O coração é a sede das emoções, seja de alegria (Dt 28.47) ou de dor (Jr 4.19), da
tranquilidade (Pv 14.30) e da raiva (Dt 19.6), etc. É a sede do entendimento e do
conhecimento, das forças e poderes racionais (I Rs 3.12; 4.29), bem como de
fantasias e visões (Jr 14.14). Do outro lado, a estultície (Pv 10.20-21) e os maus
pensamentos, também operam no coração. A vontade tem sua origem no coração,
como também a intenção bem ponderada (I Rs 8.17) e a decisão que está pronta a
ser colocada em vigor (Êx 36.2).

Significa a pessoa em sua totalidade (Sl 22.26,27; 73.26; 84.2,3). É sede da


reverência e da adoração (I Sm 12.24; Jr 32.40). O coração dos fiéis se inclina em
fidelidade à lei de Deus (Is 51.7) e o dos ímpios é endurecido e está longe de Deus
(Is 29.13). É no coração que se realiza a conversão a Deus (Sl 51.10, 17; Jl 2.12). O
coração representa o ego do homem (I Pe 3.4). O pecado marca, domina e estraga
não somente os aspectos físicos do homem natural, não somente seu pensar,
desejar, sentir mas também a fonte dos mesmos, a parte mais íntima da existência
humana, seu coração. Se porém, o coração ficou escravizado pelo pecado, a
totalidade está em escravidão. Os pensamentos maus vêm do coração (Mc 7.21, Mt
15.19), desejos vergonhosos habitam no coração (Rm 1.24), o coração é
desobediente e impenitente (Rm 2.5, II Co 3.14-15), duro e infiel (Hb 3.12),
embotado e escurecido (Rm 1.21, Ef 4.18). Os gentios não podem se desculpar
diante de Deus, porque levam no coração o conhecimento daquilo que é justo e reto
aos Seus olhos (Rm 2.15). Somente Deus pode revelar as coisas escondidas do
coração do homem (I Co 4.5), examiná-las (Rm 8.27) e testá-las (I Te 2.4). É porque
a corrupção brota do coração que Deus começa ali Sua obra de renovação (I Co 2.9,
At 16.14, II Co 4.6). Quando o Espírito faz sua moradia no coração, o homem já não
é escravo do pecado, mas sim, um filho e herdeiro de Deus (Gl 4.6-7).

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Conclusão 46

A grade do curso de teologia da Escola Bíblica ECB, é rica em conteúdo, a fim de


preparar o crente para manejar bem a Bíblia Sagrada. E assim não ser enganado
pelas doutrinas de demônios e nem se deixar influenciar pelas várias doutrinas
heréticas.

―Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se
envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade (2 Tm 2.15)‖.

―MAS o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da
fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios (1 Tm 4.1)‖.

―Não vos deixeis levar em redor por doutrinas várias e estranhas, porque bom é que
o coração se fortifique com graça, e não com alimentos que de nada aproveitaram
aos que a eles se entregaram (Hb 13.9)‖.

Ao concluir o curso teológico da Escola ECB, você obterá:

 Preparo teológico para a vida cristã e ministerial;


 Fundamentos para a realização de um ministério eficaz;
 Ferramentas para ensinar a sã doutrina e combater as heresias;
 Capacitação para pregar e ensinar a Palavra de Deus.

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Anotações. 47

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Anotações. 48

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Anotações. 49

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Fonte Bibliográfica

- ALAN MYATT, PH. D. /FRANKLIN FERREIRA, TH.M. TEOLOGIA SISTEMÁTICA

- AULETE, DICIONÁRIO DIGITAL.

- BFL, BÍBLIA FÁCIL DE LER.

- DICIONÁRIO TEOLÓGICO, CPAD

- H. WAYNE HOUSE. Ed. VIDA. TEOLOGIA CRISTÃ EM QUADRINHO

- HAJA-LUZ. NOAH-INC.NET

- PRMAURICIOBRITO. BLOGSPOT.COM

- TEOLOGIAHOJE.BLOG.COM

- TERESINAGOSPEL.COM. BR

- WWW.GOTQUESTIONS.ORG

- Franklin Ferreira e Alan Myatt, Teologia Sitemática

- GEISLER, Norman, Teologia Sistemática: Introdução à A bíblia, Deus e a Criação.


Ed. CPAD, ano: 2010

- WILLIAMS, J. Rodman Teol. Sist. Uma Perpectiva Pententecostal. Ed. Vida

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