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ISSN 2177-3548

A utilização da terminologia sobre os fatores comuns na análise


comportamental clínica
The use of commom factors terminology by clinical behavior analysis
El uso de la terminología sobre los factores comunes en el análisis
conductista clínico
Tales Alexandre Luiz Fernandes1, Juliana Maria Bubna Popovitz2 e Jocelaine Martins da Silveira3

[1] [2] [3] Universidade Federal do Paraná - UFPR [2] Universidade John Hopkins (USA)| Título abreviado: A Utilização da Terminologia Sobre os Fatores Comuns
na Análise Comportamental Clínica | Endereço para correspondência: Rua Alfredo Buffren, número 50. Segundo andar, sala 215. Departamento de Psicologia.
Praça Santos Andrade. CEP 80060240. Curitiba/PR Email: Tales Alexandre Luiz Fernandes (talesfer@hotmail.com), Juliana Maria Bubna Popovitz (popovitz@
gmail.com) e Jocelaine Martins da Silveira (jocelainesilveira@ufpr.br)

Resumo: A teoria dos fatores comuns sustenta a existência de variáveis comuns responsáveis
pela equivalência dos resultados entre as diversas abordagens de intervenção. A literatura
indica que parte considerável da variação nos resultados de um tratamento pode ser ex-
plicada por fatores ditos fatores comuns ou fatores da relação terapêutica e boa parte deles
são relacionados aos atributos do terapeuta. O movimento dos fatores comuns tomou força
com o advento das proposições rogerianas. Além disso, as críticas à eficácia das psicoterapias
também impulsionaram os estudos sobre os fatores comuns. Recentemente, dados empíricos
chamam a atenção para as características de um terapeuta naturalmente reforçador de me-
lhoras do cliente. O objetivo do presente estudos foi identificar a menção dos fatores comuns
ao longo do tempo pela terapias comportamentais. O método consistiu em conduzir uma
revisão sistemática, verificando a menção de fatores comuns em periódicos representativos da
Análise Comportamental Clínica. Os resultados indicaram que 21 dos 27 artigos selecionados
se referiram à relação terapêutica, havendo um expressivo crescimento de alusões aos termos
com o advento da Análise Comportamental no campo da clínica. Quanto à expressão “fatores
comuns” e correlatas, o número de citações foi baixo. Discute-se a atenção crescente, ao longo
dos anos, por parte da Análise Comportamental Clínica aos aspectos da relação terapêutica.
Palavras-chaves: fatores comuns, terapias comportamentais, relação terapêutica..

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Abstract: The common factors theory claims that there are common variables responsible
for the equivalence of results among several intervention approaches. The literature indicates
that a considerable portion of the variations in the results of a treatment may be explained
by said common factors or therapeutic relationship factors and most of them are related to
therapist’s attributes. The common factors movement became relevant after Rogers preposi-
tions.  Furthermore, the critics to psychotherapy efficacy also boosted the studies on common
factors. More recently, empirical data drew attention to the naturally reinforcing therapist’s
features of client’s improvement. The goal of this study was to identify the common factors
mentions on behavior therapies through time. The method consisted in a systematic review,
which checked the mention of common factors throughout time in relevant Clinical Behavior
Analysis journals. Results show that 21 out of 27 selected papers referred to therapeutic re-
lationship, with a growth after the coming of Clinical Behavior Analysis. Regarding the ex-
pression “common factors” and related words, the number of citations was low. The growing
attention given to the therapeutic relationship by Clinical Behavior Analysis through time is
discussed.
Keywords: Common Factors, Behavior Therapy; Therapeutic Relationship.
Resumen: La teoria de los factores sostiene la existência de variables comunes responsables
por la equivalencia de los resultados entre los diferentes enfoques de intervención. La literatu-
ra indica que parte considerable de la variación em los resultados de um tratamento pude ser
explcicada por factores, dígase factores comunes o factores de la relación terapêutica y buena
parte de ellos son relacionados a los atributos del terapeuta. El movimento de los factores
comunes cobro fuerza com el advenimento de las proposiciones rogerianas. Además de eso,
las críticas a la eficácia de las psicoterapias también impulsaron los estúdios sobre los factores
comunes. Recientemente, datos empíricos llaman la atención para las características de um
terapeuta naturalmente reforzador de mejórías del cliente. El objtivo del presente estúdio es
identificar la mención de dichos factores comunes a lo largo del tempo por las terapias. El mé-
todo consistió em dirigir uma revisión sistemática, verificando la mención de factores comu-
nes en periódicos representativos de Análisis Conductista Clínico. Los resultados indicaron
que 21 de los 27 artículos selecionados se refirieron a la relación terapêutica, habiendo um
crescimento significativo de alusiones a los términos con el advento del Análisis Conductista
em el Campo clínico. Com relación a la expresión de “factores comunes” y relacionados, el
número de citaciones fue bajo. Se discute la atencion creciente, a lo largo e los años por parte
del Analisis Conductual Clinico a los aspectos de la relación.
Palabras-clave: Factores Comunes, Terapias Conductistas, Relacion Terapeutica.

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Diferentes orientações teóricas que fundamen- Segundo Lambert e Barley (2001), as variáveis
tam a psicoterapia, ainda que adotando cons- que influenciam os resultados terapêuticos podem
trutos específicos, indicam um conjunto de fato- ser divididas em: fatores extra-terapêuticos, efeitos
res fundamentais para a promoção da mudança de expectativa, técnicas terapêuticas específicas e fa-
clínica. Recentemente, apoiados na Análise do tores comuns. Consideram-se fatores extra-terapêu-
Comportamento, Tsai, Kohlenberg, Kanter, ticos eventos que se dão fora do contexto terapêuti-
Holman e Loudon (2012) afirmaram que as ca- co. Variáveis de expectativa seriam fatores inerentes
racterísticas de um terapeuta naturalmente refor- à perspectiva do cliente, incluindo o efeito placebo.
çador remetem às três condições necessárias e su- Fatores comuns podem ser entendidas como variá-
ficientes postuladas por Rogers (1957), sugerindo veis que constam na maioria das terapias.
que a empatia, a congruência e a consideração po- Desde a década de 1930, notam-se discussões a
sitiva seriam formas indiretas de promover con- respeito de variáveis semelhantes entre as psicote-
tingências naturalmente reforçadoras no contexto rapias. Rosenzweig (1936) sugeriu que as diferen-
clínico. Afinal, um terapeuta naturalmente refor- tes orientações teóricas na psicoterapia não atingi-
çador tenderia a consequenciar comportamentos- riam os resultados apenas por meio dos princípios
-problema e a reforçar os comportamentos de que adotavam, mas, ao invés disto, haveria fatores
melhora de modo eficaz, virtualmente automático comuns presentes nas diferentes abordagens tera-
(Tsai, Callaghan, & Kohlenberg, 2013; Tsai, Yard, pêuticas e estes sim, é que seriam os responsáveis
& Kohlenberg, 2014). pelo resultado do tratamento. Assim, a noção da
Segundo Braga e Vandenberghe (2006), as déca- existência dos chamados fatores comuns pode ser
das de 1950 e 1960 marcaram o auge de um meca- observada na literatura desde então. Rosenzweig
nicismo na interpretação dos eventos que ocorriam (1936) identificou cinco fatores gerais abordados
no contexto clínico nas terapias comportamentais, por várias escolas de psicoterapia, os quais ajuda-
o que pode ser exemplificado nas propostas de riam a fornecer explicações relacionadas às sub-
Eysenck (1952; 1960) e de Wolpe (1954). Ainda sequentes pesquisas a respeito da equivalência de
segundo Braga e Vandenberghe (2006), as terapias resultados em psicoterapia, a saber: 1) a relação pa-
cognitivo-comportamentais passaram, nos anos ciente-terapeuta; 2) a catarse emocional do pacien-
seguintes, a valorizar, tanto as variáveis específicas te; 3) o impacto da personalidade do terapeuta; 4) a
(ou, as técnicas), quanto as variáveis inespecíficas e ideologia ou teoria que baseia as ações do terapeuta
a relação terapêutica. A Análise Comportamental no desenvolvimento de esquemas de organização
Clínca (Kohlenberg & Tsai, 1987; Kohlenberg, Tsai e reintegração da personalidade do paciente; 5) a
& Dougher, 1993), que surgiu mais recentemente, complexidade dos eventos psicológicos e sua inter-
confere destaque para as subjetividades do cliente dependência em relação aos demais fatores.
e do terapeuta. Neste caso, os fatores inespecíficos Assim, as considerações de Rosenzweig (1936)
do processo terapêutico passaram a receber atenção antecederam pesquisas que objetivaram identifi-
e foram se tornando mais claros para terapeutas e car a equivalência dos resultados entre diferentes
pesquisadores. psicoterapias. Luborsky, Singer, Luborsky (1975)
Por um período, devido à ausência de um mo- e Frank (1961/1973) se utilizaram da máxima de
delo próprio para conceituação e identificação de Rosenzweig, adaptada do livro “Alice no país das
eventos terapêuticos típicos da interação terapeuta/ maravilhas”, de Lewis Caroll, na qual o pássaro
cliente, os terapeutas comportamentais se dedica- Dodô, ao final de uma corrida anuncia “At the last,
ram à comparação dos fatores comuns e de con- the Dodo said, ‘Everybody has won, and all must
dições facilitadoras (tais como a empatia, congru- have prizes” (Rosenzweig, 1936, p. 412). Segundo
ência e a consideração positiva) com as técnicas as pesquisas de Luborsky, Singer, Luborsky (1975)
específicas (como a dessensibilização sistemática), e Frank (1961/1973), todas as psicoterapias apre-
no intuito de verificar quais seriam preponderantes sentavam praticamente os mesmos resultados e este
para proporcionar a mudança clínica (Emmelkamp, efeito ficou conhecido como “efeito Dodô” ou “ve-
1986; Rosenfarb, 1992). redicto Dodô” (Stiles, Shapiro & Elliott, 1986).

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Lambert e Barley (2001), em uma meta-análise o cliente; enquanto que a congruência consiste na
conduzida sobre o tema relação terapêutica e re- posição não-defensiva, genuína e sem fingimentos
sultado das psicoterapias (pesquisas de resultado1), por parte do terapeuta (Lambert & Barley, 2001).
verificaram que os fatores comuns tais como empa- Os fatores destacados por Lambert e Barley
tia, acolhimento2 e relação terapêutica mostraram (2001) que remetem àqueles rogerianos são, en-
maior correlação com os resultados, do que as in- tre outros: a habilidade e a credibilidade do tera-
tervenções específicas. Tais fatores representaram peuta, a compreensão empática, a capacidade de
30% na variação dos resultados, em relação aos engajamento com o cliente no estabelecimento de
15% ligados à técnica terapêutica propriamente dita foco e de atenção à dimensão experiencial/afetiva
e aos 15% ligados à expectativa do cliente (ou, ao da terapia .
efeito placebo). Os 40% restantes estariam ligados a Outra notável contribuição para a teoria dos
fatores externos à psicoterapia, variáveis como a re- fatores comuns, também chamados fatores não-
missão espontânea ou o suporte social. Concluíram -específicos, adveio do trabalho de Bordin (1979)
que, entre os fatores mais associados com a ativida- a respeito da noção de aliança de trabalho (aliança
de do terapeuta, os fatores comuns ou os fatores da terapêutica). O autor chamou atenção para con-
relação cliente-terapeuta seriam os mais significa- dições da relação terapêutica. Conforme sugeriu
tivos na produção de resultados. Bordin: “... a aliança terapêutica entre a pessoa que
Quanto aos fatores da relação cliente-terapeuta, procura mudança e a que se oferece para ser um
Lambert e Barley (2001) consideram difícil diferen- agente de mudança é uma das chaves, se não a cha-
ciar conceitualmente as variáveis do terapeuta (tais ve, para o processo de mudança” (Bordin, 1979, p.
como seus atributos e seu estilo interpessoal), con- 252, tradução livre).
dições facilitadoras (como empatia, acolhimento Segundo Farber (2011), aliado à maior preocu-
e congruência) e aliança terapêutica, uma vez que pação com a relação terapêutica, o tratamento dado
suas definições se sobrepõem e se inter-relacionam ao tema dos fatores comuns teria se intensificado
sem que se excluam mutuamente. a partir da década de 1950, desde a publicação de
Os atributos do terapeuta foram alvo de diver- Rogers (1957), fazendo alusão às condições neces-
sas pesquisas, cujos dados indicam que, em ge- sárias e suficientes para os resultados terapêuticos.
ral, alguns terapeutas são melhores do que outros A partir de então, um conjunto de estudos sobre
quanto à promoção de resultados e que alguns te- fatores comuns passou a considerar a psicoterapia
rapeutas produzem melhores resultados com certos como uma “entidade única” (Frank, 1961/1973), e
tipos de clientes (Lambert & Barley, 2001). Strupp, nota-se o surgimento de pesquisas empíricas so-
Fox e Lessler (1969) demonstraram que os clien- bre a aliança terapêutica (Bordin, 1970; Garfield &
tes creditam os bons resultados a atributos do te- Bergin, 1971).
rapeuta, tais como acolhimento, atenção, interesse, Aparentemente, esta tendência de explorar os
compreensão e respeito. Lambert e Barley (2001) fatores terapêuticos comuns entre as diferentes
identificaram similaridade de certos fatores com as orientações teóricas estendeu-se também ao campo
três condições facilitadoras da mudança terapêutica das terapias comportamentais quando Truax (1966)
propostas por Rogers (1957): compreensão empáti- analisou trechos de gravações de um tratamento
ca, consideração positiva e congruência. bem sucedido conduzido por C. Rogers. O estu-
A compreensão empática diz respeito ao grau do de Truax (1966) visou identificar as condições
de sucesso do terapeuta em comunicar a compre- facilitadoras, por parte do terapeuta, que influen-
ensão percebida a partir da experiência relatada ciariam o comportamento do cliente, no setting te-
pelo cliente; a consideração positiva é a extensão rapêutico. E, ao contrário do que Rogers (1957) de-
por meio da qual o terapeuta demonstra e comuni- fendia em seus debates com Skinner, Truax (1966)
ca, sem juízo de valor, respeito e preocupação com sugeriu que as condições consistiriam em eventos
reforçadores contingentes a verbalizações do cliente
1  Outcome-research, em inglês. descritivas de seus comportamentos considerados
2  Warmth, em inglês. “saudáveis”, “adaptativos” ou “normais”.

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Como foi exposto até o momento, a existência Levantamento de dados


dos chamados fatores comuns e da terminologia Os artigos foram recuperados utilizando-se os me-
a eles relacionada, como “compreensão empáti- canismos de busca virtuais dos próprios sítios dos
ca, consideração positiva e congruência”; “fatores periódicos. Nesses mecanismos um artigo é recu-
não específicos”; “aliança terapêutica”; empatia, perado se o termo da busca consta nos títulos, re-
acolhimento, aceitação incondicional, entre ou- sumos ou palavras-chave. Foram eles:
tras expressões, desenvolveu-se na literatura, pa-
ralelamente, à evolução das publicações na Terapia • Behavior Therapy;
Comportamental. E, há indícios de intersecção des- • The Behavior Analyst;
tes campos ao longo das tendências nas Terapias • Journal of Applied Behavior Analysis;
Comportamentais. Publicações mais recentes na • The Behavior Analyst Today;
Análise Comportamental Clínica admitem a rela- • Journal of Counseling Psychology;
ção com o campo mais amplo dos estudos em psico- • Revista Brasileira de Terapia
terapia que focaram os fatores terapêuticos comuns Comportamental Cognitiva;
(Braga & Vandenberghe, 2006; Tsai, Callaghan, • Revista Brasileira de Análise do
& Kohlenberg, 2013; Tsai, Yard, & Kohlenberg, Comportamento.
2014; Kohlenberg & Tsai, 1987; Kohlenberg, Tsai
& Dougher, 1993), o que traz a questão de como e Foram utilizados nos mecanismos de busca, as
quais registros da terminologia dos fatores comuns expressões e termos apresentados na Tabela 1.
foram ocorrendo na literatura voltada para os prin-
cípios de aprendizagem (Terapias comportamentais Tabela 1
e Análise Comportamental Clínica). Esta questão Expressões utilizadas nos mecanismos de busca dos
periódicos
torna-se ainda mais relevante ao se considerar que
a análise do comportamento (Michael, 2004) e, por
decorrência, a própria Análise Comportamental Em português Em inglês
Clínica, admitem que o refinamento conceitual
“Fatores comuns” “Common factors”
equivalha ao grau de precisão tecnológica (Freitas,
Popovitz & Silveira, 2014). Portanto, a compreen- “Fatores não-específicos” “Nonspecific factors”
são de como os fatores comuns foram sendo regis- “Fatores inespecíficos” “Nonspecific factors”
trados na literatura comportamental pode facilitar Empatia Empathy
a compreensão da ênfase tecnológica na relação Congruência Congruence
terapêutica.
“Consideração positiva” “Positive regard”
O objetivo do presente artigo foi identificar a
Acolhimento Warmth
alusão aos fatores comuns em artigos da Análise
Comportamental Clínica, verificando a menção “Relação terapêutica” “Therapeutic relationship”
dessa terminologia nos artigos publicados em pe- “Aliança terapêutica” “Therapeutic alliance”
riódicos representativos da área e visou também “Interação terapêutica” “Therapeutic interaction”
identificar variações na frequência de emprego de “Aliança de trabalho” “Working alliance”
tais termos ao longo dos anos.
“Relação terapeuta-cliente” “Therapist-client relationship”
“Interação terapeuta-cliente” “Therapist-client interaction”

Método “Aliança terapeuta-cliente” “Therapist-client alliance”


“Relação cliente-terapeuta” “Client-therapist relationship”
O método consistiu em uma revisão sistemática de “Interação cliente-terapeuta” “Client-therapist interaction”
publicações em periódicos nacionais e estrangeiros “Aliança cliente-terapeuta” “Client-therapist alliance”
desde 1976, ano do primeiro artigo recuperado na
“Terapeuta-cliente” “Therapist-client”
busca, até dezembro de 2012.
“Cliente-terapeuta” “Client-therapist”

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Critérios de seleção e de exclusão Tabela 2


Ao colocar as palavras chaves da Tabela 1 nos siste- Relação dos artigos selecionados, por ordem de
publicação e categorização segundo os termos que
mas de busca, 42 textos foram recuperados. Deles, apresentaram.
somente 27 atenderam aos critérios de inclusão –
# Referência FC FI E RT AT RCT Total
que foram: qualquer menção aos fatores comuns, do artigo
empregando qualquer das expressões listadas na 1 Davidson & Denney
X ✓ X X X X 1
Tabela 1 em partes do texto, das palavras-chave, do (1976)
título ou do resumo. Quinze, dos 42 artigos recu- 2 Jeffery & Wing
X X X X X ✓ 1
perados não atenderam os critérios e por isso fo- (1979)

ram excluídos. Alguns dos artigos recuperados não 3 Keijsers, Hoogduin


X X X ✓ X X 1
& Schaap (1994)
apresentaram os termos nem mesmo no corpo do
4 Kohlenberg & Tsai
texto. Os artigos selecionados constam na Tabela (1994)
X X X X X ✓ 1
2 e suas referências podem ser encontradas no 5 Follette, Naugle &
Apêndice. X X X ✓ X ✓ 2
Callaghan (1996)
6 Wilson (1996) X X X ✓ X X 1
Análise de dados 7 Meyer & Donadone
X X X ✓ X X 1
Os artigos selecionados foram organizados de (2002)
acordo com a ordem cronológica de publicação. Já 8 Woody & Adessky
X X X ✓ ✓ X 2
(2002)
a análise quantitativa foi apresentada por meio da
9 Britto, Oliveira &
frequência acumulada de registros da terminologia X X X ✓ X X 1
Sousa (2003)
ligada aos fatores comuns.
10 Sousa (2003) X X X ✓ X X 1
11 Prado & Meyer
X X X ✓ ✓ X 2
(2004)
Resultados 12 Vandenberghe
X X X ✓ X X 1
(2005)
Foram analisados 27 artigos, conforme a Tabela 2, 13 Safer & Hugo
✓ X X ✓ X X 2
(2006)
a qual informa o ano de publicação e os termos que
14 Callaghan & Follette
recuperaram cada artigo. A expressão “fatores co- (2007)
X X X ✓ X X 1
muns” foi cunhada pela primeira vez na literatura 15 Callaghan, Follette,
comportamental em 1976. Então, por um inter- Ruckstuhl & X X X ✓ X ✓ 2
valo de 30 anos, nenhum registro desta expressão Linnerooth (2007).
foi identificado, a qual voltou a ser registrada em 16 Haber & Carmo
X X ✓ X X X 1
(2007)
2006. Seis anos depois, no ano de 2012, a expres-
17 Flückiger, Meyer,
são apareceu seis vezes em função de uma edição Wampold,
especial do periódico Behavior Therapy intitulada Gassmann, X X X ✓ X X 1
“Universal Processes and Common Factors in Couple Messerli-Bürgy &
Munsch (2011)
Therapy and Relationship Education” (processos
18 Gifford, Kohlenberg,
universais e fatores comuns em terapia de casal e
Hayes, Pierson,
educação conjugal). Piasecki, Antonuccio,
X X X ✓ X X 1
& Palm (2011).
19 Virues-Ortega,
Montaño-Fidalgo,
X X X X X ✓ 1
Froján-Parga &
Calero-Elvira (2011)
20 Juliani, Garcia,
Athayde Neto,
X X X ✓ X X 1
Massabki & Arndt
(2011)

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Tabela 2 (continuação) Ainda no tocante à temática da relação tera-


# Referência pêutica, a expressão “relação terapêutica” foi a re-
FC FI E RT AT RCT Total
do artigo gistrada mais vezes (15 vezes), seguida de “alian-
21 Baucom, Porter, ça terapêutica” e de “aliança de trabalho”, ambas
Kirby & Hudepohl ✓ X X X X X 1 registradas duas vezes. O restante das expressões
(2012)
apresentou apenas uma menção, exceto “interação
22 Bodenmann &
Randall (2012).
✓ X X X X X 1 terapêutica”, “interação terapeuta-cliente” e “alian-
23 Davis, Lebow & ça terapeuta-cliente” que não foram registrados nos
✓ X X X X X 1
Sprenkle (2012) artigos examinados.
24 Halford & Snyder
✓ X X X X X 1
De forma geral, não houve um padrão de cres-
(2012) cimento linear no número de ocorrências da ter-
25 Pezzato, Brandão &
X X X ✓ X X 1 minologia dos fatores comuns nas pesquisas sele-
Oshiro (2012)
cionadas. Ao invés disso, como ilustra a Figura 1,
26 Sher (2012) ✓ X X X X X 1
observaram-se períodos significativos de ausência
27 Snyder &
Balderrama-Durbin
de menções nas publicações. Os maiores períodos
✓ X X X X X 1
(2012) sem registros de tais termos se deram entre os anos
1980 e 1993 (13 anos) e entre o ano de 1997 e de
TOTAL 7 1 1 16 2 5 32
2001 (4 anos).
Nota. # = Ordem de publicação. FC = Fatores comuns. FI = As décadas que evidenciaram maior quanti-
fatores inespecíficos ou não-específicos. E = Empatia. RT = dade de menção aos fatores comuns foram as três
Relação terapêutica, aliança terapêutica ou interação tera- últimas (1990, 2000 e 2010), sendo que na década
pêutica. AT = Aliança de trabalho. RCT = Relação terapeuta-
-cliente, interação terapeuta-cliente, aliança terapeuta-cliente, de 1980 não houve publicação a respeito, como se
relação cliente-terapeuta, interação cliente-terapeuta ou alian- pode observar na Figura 2, que indica a frequên-
ça cliente-terapeuta. cia acumulada de vezes em que os termos foram
encontrados. Na década de 1990 verificou-se que
Excetuando-se as vezes em que foram mencionadas por cinco vezes os termos foram observados. Já nos
em 2012, as expressões “fatores comuns”, “fatores ines- anos 2000 ocorreu um expressivo acréscimo em re-
pecíficos” e “fatores não-específicos” ocorreram ape- lação à década precedente, totalizando 14 menções
nas duas vezes nos periódicos da busca durante todo aos termos ligados aos fatores comuns (Figura 2).
o período examinado; uma em 1976 e outra em 2006. Em relação à década de 2010, em apenas três anos
Da mesma forma, as expressões “empatia” e “aliança somaram-se 11 referências à terminologia dos fa-
de trabalho” também foram registrados poucas vezes tores comuns, quatro delas concernentes à relação
no período - uma e duas vezes, respectivamente. terapêutica e o restante3 (seis) aos fatores comuns
O primeiro artigo dos 21 que abordaram a re- propriamente ditos.
lação terapêutica data de 1976. Desde então, houve Além dos seis artigos selecionados relativos aos
uma década sem qualquer publicação com alusão fatores comuns, publicados na ocasião da edição
direta ao tema (anos 1980), como indica a Figura 1. especial da revista Behavior Therapy, em 2012, ou-
Na década de 1990, os termos referentes à relação tros periódicos também discutiram o tema, porém,
terapêutica somaram um total de cinco menções. sem que ele fosse o assunto privilegiado da edição,
No decênio subsequente (anos 2000), as expressões pelo que se pode deduzir com base nos editoriais.
“relação terapêutica”, “aliança terapêutica”, “intera- Foram eles: a) os artigos enumerados no presen-
ção terapêutica”, “relação terapeuta-cliente”, “inte- te estudo com 9 e 10 (Tabela 2), publicados na
ração terapeuta-cliente”, “aliança terapeuta-cliente”, Revista Brasileira de Terapia Comportamental e
“relação cliente-terapeuta”, “interação cliente-tera- Cognitiva, de 2003; b) os artigos enumerados no
peuta” e “aliança cliente-terapeuta” apresentaram o presente estudo como 14 e 15 (Tabela 2), do peri-
dobro de menções em comparação à década ante- ódico The Behavior Analyst Today, de 2007, sendo
rior, totalizando dez; e cinco na década de 2010, até
dezembro de 2012. 3  Todas foram publicadas na mesma edição especial.

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que ambos foram de mesma autoria e trataram do A frequência acumulada de registros dos termos in-
mesmo assunto – G. M. Callaghan e W. C. Follette vestigados no período de 1976 a 2012 indica uma
e a Functional Analytic Psychotherapy Ratting Scale inclinação ascendente de empregos da terminologia
(FAPRS), respectivamente; e c) os artigos enumera- sobre os fatores comuns desde meados da década
dos no presente estudo como nº 17, 18 e 19 (Tabela de 90 até 2012, como indica a Figura 2.
2), da revista Behavior Therapy, de 2011.
Figura 1. Número de vezes em que a terminologia examinada foi observada, em cada
ano no período de 1976 a 2012.

Figura 2. Frequência acumulada de registros de qualquer dos termos nos artigos


examinado no período de 1976 a 2012.

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Discussão não foi suficiente a ponto de produzir pesquisas so-


bre ela, estando o foco ainda mantido nos fatores
Considerando que apenas cinco dos 27 artigos fi- específicos: as técnicas.
zeram referência a mais de um dos termos dentre a Desde a década de 1950, momento em que
terminologia examinada, tendo cada um apresen- Eysenck (1952) sugeriu que as psicoterapias não
tado dois termos somente, conforme se observa na apresentavam eficácia, até a publicação do primeiro
Tabela 2, pode-se deduzir que a terminologia dos artigo selecionado no presente estudo, que data de
fatores comuns não foi expressiva no conjunto mais 1976, não foram encontradas referências aos fatores
geral dos textos de Terapia Comportamental sele- comuns e tampouco à relação terapêutica.
cionados para o presente estudo. O baixo número de vezes em que houve em-
Desde a proposição da teoria dos fatores co- prego das expressões “fatores comuns”, “fatores
muns, por Rosenzweig (1936), quatro décadas pas- inespecíficos” e “fatores não-específicos”, atrelado
saram até que o primeiro trabalho com menção ao grande período de tempo entre a proposição da
a eles fosse publicado em um periódico dentre os teoria dos fatores comuns e a publicação do primei-
ligados às terapias comportamentais aqui exami- ro artigo selecionado que a abordou sugere que os
nados. Esta publicação, de A. M. Davidson e D. R. estudiosos não se preocuparam em aceitar ou refu-
Denney (artigo nº 1 da Tabela 2), ilustra o primeiro tar a noção de que variáveis presentes na interação
rompimento com a concepção técnico-mecanicista terapeuta/cliente poderiam explicar em parte os
de Eysenck (1952), ao concluir que a técnica não resultados do tratamento.
consistiu em um significativo processo de trata- A ausência das palavras “congruência”, “consi-
mento e que, ao invés disso, os fatores não espe- deração positiva” e “acolhimento” também sugere
cíficos produziriam os resultados mais expressivos que não houve interesse por parte da comunidade
de melhora nos participantes de pesquisa em com- que publicou nos periódicos examinados em pes-
paração à técnica. Conforme fora descrita na revi- quisar os fatores comuns. Entretanto, há a possibili-
são de literatura, Emmelkamp (1986) e Rosenfarb dade de os fatores representados por tais termos te-
(1992) afirmaram que a comparação entre técnica e rem sido expressos em linguagem comportamental.
fatores comuns foi típica do período posterior a esta Outra hipótese é a de que aquelas palavras, as-
publicação e que pesquisas como a de Davidson e sim como a palavra “empatia”, estando atreladas à
Denney ainda não demonstravam plena preocupa- Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) de Rogers
ção com as implicações da relação terapêutica nos (1957), tenham sido evitadas por behavioristas – o
processos de mudança clínica. mesmo se aplicaria à expressão oriunda da psico-
As décadas de 1970 e 1980, com forte ênfase dinâmica, “aliança de trabalho”, a qual também foi
das chamadas terapias cognitivo-comportamentais, pouco registrada.
apresentaram apenas um registro de terminologia Supõe-se que isso tenha acontecido por conta
pertinente à relação terapêutica. Segundo Braga do alto grau de especialização das técnicas com-
e Vanderberghe (2006), a relação terapêutica nas portamentais durante o período em que despontou
terapias cognitivo-comportamentais só obteve im- a ênfase nos fatores comuns na América do Norte
portância à medida que facilitou e aprimorou o uso e no qual se popularizou a psicoterapia rogeriana.
das técnicas, o que justifica talvez a baixa frequên- Além disto, no contexto da terapia comportamental
cia dos termos referentes à relação terapêutica no clássica, as psicoterapias nem sequer era vista como
período. objeto de estudo de boa parte dos behavioristas. De
O período correspondente às terapias cogniti- tal modo que uma discussão acerca dos fatores co-
vo-comportamentais pode, ainda, ter apresentado muns não faria sentido.
um número baixo de registro dos termos a respeito Nas décadas de 1990 e de 2000, foi possível
dos fatores comuns pelo fato de tais fatores terem identificar o que Norcross (2002) chamou de “vi-
sido considerados apenas mais uma variável, entre rada relacional”, ao verificar a acentuada aceleração
outras. Ou seja, o interesse na relação terapêutica da curva de frequência acumulada de registros dos
termos ligados aos fatores comuns nos dois decê-

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nios, conforme a Figura 2. Nesse período, 84% das Comportamental Clínica, é possível hipotetizar que
ocorrências referiram-se aos termos relativos à re- houve interesse crescente pelos eventos da intera-
lação terapêutica e à expressão-chave do construto ção terapeuta/cliente, reconhecendo seu potencial
de Bordin (1979) – a aliança de trabalho (aliança terapêutico e a julgar pela edição especial sobre re-
terapêutica). lação terapêutica, em 2012, pela Behavior Therapy,
Esse fenômeno deve-se, em parte, ao advento talvez admitindo que tais eventos concentrem uma
da chamada Análise Comportamental Clínica ou importante parte da explicação dos resultados.
Terapia Analítico-comportamental, que se deu por
volta da década de 1990 (Braga & Vandenberghe,
2006). Uma das estratégias psicoterápicas que Considerações Finais
ilustra esta tendência das terapias comportamen-
tais e que adota a relação cliente-terapeuta no Os fatores comuns foram apenas parcialmente ci-
contexto clínico como central na compreensão tados pelo conjunto geral dos artigos examinados.
do problema clínico e das propostas de interven- Contudo, com o advento das terapias cognitivo-
ção é a Functional Analytic Psychotherapy (FAP), -comporamentais, os fatores inespecíficos assumi-
de Kohlenberg e Tsai (1987). A partir de então, é ram maior destaque em comparação aos fatores es-
possível que o surgimento da sistematização de pecíficos, ênfase que foi ainda mais observada com
comportamentos do terapeuta e do cliente propor- o surgimento da Análise Comportamental Clínica.
cionada pela FAP tenha alavancado o interesse em A partir de então, aumentou a especificação e ope-
pesquisas no tocante à relação terapêutica. racionalização de propriedades da interação tera-
Observa-se que há certo refinamento quanto ao peuta/cliente que costumavam ser designadas gene-
termos empregados para compreensão da relação ricamente como fatores não-específicos, sobretudo,
terapêutica. Os artigos nº 14 e 15, da Tabela 2, pu- com o apoio de instrumentos para pesquisas da re-
blicados no mesmo número de um periódico, tra- lação terapêutica, como, por exemplo, o FAPRS.
tam de uma escala da FAP, a Functional Analytic Inicialmente, ao que parece, a preocupação foi
Psychotherapy Ratting Scale (FAPRS). O artigo nú- com a comparação entre a influência de fatores es-
mero 14 é um manual para uso da escala. Ou seja, pecíficos e de fatores inespecíficos nos processos de
embora o foco na relação terapêutica tenha trans- mudança terapêutica. Então, a técnica e seu aper-
cendido o aspecto mecanicista que marcou o iní- feiçoamento deixaram de ser o foco das pesquisas
cio das terapias comportamentais, a preocupação para dar lugar à outras variáveis ligadas à interação
com a operacionalização parece ter sido mantida ao terapeuta/cliente, de tal modo que, nas últimas três
longo do tempo, podendo ser notada na forma de décadas, houve notável crescimento do interesse
mensuração do que se considera essencial na pro- com a relação terapêutica por estudiosos da Terapia
moção de resultados terapêuticos. Comportamental.
Em suma, o presente artigo se propôs a iden- Os dados sugerem que a noção de fatores co-
tificar a alusão aos fatores comuns em artigos da muns, originária de outras orientações teóricas na
Análise Comportamental Clínica nos artigos pu- Psicologia, influenciou progressivamente o estudo
blicados em periódicos da área e a identificar va- da relação terapêutica na Terapia Comportamental
riações na frequência de emprego de tal termino- e na Análise Comportamental Clínica. Pode-se
logia ao longo dos anos. O presente estudo indica avançar na compreensão sobre a Terapia Analítico-
um crescimento do emprego de tais termos, sen- Comportamental à medida em que outros temas e
do consideravelmente expressivo a partir do ano conceitos fundamentais sobre Psicoterapia e suas
2000. O estudo deixa pistas de que houve algum influências forem descritas historicamente. Por
refinamento de tais termos, que podem ter passa- exemplo, os conceitos de transferência e contra-
do a ser expressos com linguagem comportamen- transferência oriundos da teoria freudiana pro-
tal, como parece ser o caso da escala aqui citada. moveram um aprofundamento útil na explicação
Quanto ao que estes dados podem sugerir sobre a analítico-comportamental de eventos ligados in-
prática ou as tendências tecnológicas na Análise teração terapeuta/cliente. Outros eventos desig-

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