2.1 INTRODUÇÃO
2.1.1 GENERALIDADES
As ações permanentes são aquelas que ocorrem nas estruturas com valores
constantes ou de pequena variação em torno de sua média, durante praticamente toda
a vida da construção. As ações permanentes podem ser diretas ou indiretas.
São as que ocorrem nas estruturas com valores que apresentam variações
significativas em torno de sua média, durante a vida da construção. São as ações de uso
das construções (pessoas, móveis, materiais diversos, veículos), bem como seus efeitos
(forças de frenação, de impacto e centrífugas), efeitos do vento, das variações de
temperatura, do atrito nos aparelhos de apoio e das pressões hidrostáticas e
hidrodinâmicas.
Em função de sua probabilidade de ocorrência durante a vida da construção, as
ações variáveis são classificadas em normais ou especiais.
São aquelas que têm duração extremamente curta e muito baixa probabilidade de
ocorrência durante a vida da construção, mas que precisam ser consideradas nos
projetos de determinadas estruturas.
São as ações decorrentes de causas como: explosões, choques de veículos,
incêndios, enchentes ou sismos excepcionais.
Nas estruturas de edifícios os choques de veículos podem ocorrer nas áreas de
manobras das garagens e os incêndios devem ser considerados com probabilidade
compatível com o tipo de utilização da obra, tais como indústrias de produtos químicos.
A NBR 8681:2002 considera que os incêndios, ao invés de serem tratados como
causa de ações excepcionais, também podem ser levados em conta por meio de redução
da resistência dos materiais constitutivos da estrutura.
Para estruturas de concreto existe norma específica para projeto de estrutura
resistente ao fogo. Cuidados especiais devem ser tomados com relação ao cobrimento
das barras da armadura.
Com relação à segurança contra incêndio em edifícios os projetos arquitetônicos
prevêem que as escadas devem ser enclausuradas, cujo acesso é feito por duas portas
corta-fogo, sendo que entre as duas portas fica uma antecâmara com duto de fumaça,
para proteger a escada em caso de incêndio.
2.2 VALORES DAS AÇÕES PERMANENTES
A NBR 6120:1980 prescreve que este tipo de ação é constituída pelo peso
próprio da estrutura e todos os elementos construtivos fixos e instalações permanentes.
No caso de edifícios as ações permanentes são constituídas pelos pesos próprios dos
elementos estruturais - lajes, vigas, pilares, blocos ou sapatas de fundações, dos
elementos de vedação, das paredes de alvenaria - com os vários tipos de tijolos que
podem ser usados na edificação, caixilhos com vidros ou divisórias de vidros. Os
elementos de revestimento de paredes, argamassas, azulejos, pedras decorativas,
madeiras e etc., também devem ter seu peso próprio considerado na
avaliação das ações dos revestimentos verticais.
Para os revestimentos horizontais devem ser considerados os revestimentos na
face inferior das lajes e os contrapisos e os pisos que podem ser de madeira, cerâmico,
pedras, carpetes, etc.
Os contrapisos são feitos em argamassa de cimento e areia e têm a finalidade de
corrigir as imperfeições, com relação ao nível superior das lajes, oriundas da
concretagem. A execução do contrapiso demanda custos adicionais na obra, tais como:
material argamassa, custo de transporte e de mão de obra para fazer a argamassa e
aplicá-la.
Algumas empresas têm se preocupado em melhorar o processo de moldagem
das lajes com a finalidade de evitar a execução do contrapiso, portanto, com economia
significativa na obra, otimizando tempo e recursos financeiros.
Existem edifícios destinados à moradia ou comercial, com melhor cuidado
arquitetônico, onde existem ambientes destinados a jardins internos. O projeto
arquitetônico deve especificar os detalhes para que se possa, no projeto estrutural,
definir claramente as ações relativas às jardineiras e lagos artificiais, etc. Lembra-se que
um metro cúbico de terra tem massa de 1800kg. Dependendo do porte das plantas que
compõem o projeto de jardinagem a sua massa assume significado especial na
consideração das ações.
A NBR 6120:1980 especifica que na falta de determinação experimental, o
projetista de estruturas pode adotar os pesos específicos aparentes dos materiais de
construção indicados na Tabela 2.1.
Na tabela são listados os valores relativos aos materiais mais comuns.
É interessante notar que se for especificado, para um determinado ambiente
arquitetônico, piso de madeira de ipê róseo de 2cm de espessura, o seu peso por unidade
de área será de 0,20 kN/m2, se, por outro lado, for especificado mármore, na mesma
espessura, o peso passa a ser de 0,56 kN/m2, ou seja, uma diferença de 180%. Com
isso, se pretende justificar o pleno conhecimento que o engenheiro projetista deve ter de
todos os materiais de acabamento, para não cometer erro de avaliação nas ações de
peso próprio.
Para situações específicas, como por exemplo, a utilização de blocos de concreto
celular como vedação de alvenarias, deve ser consultado catálogo do fabricante, ou seu
departamento técnico, pois para a composição do carregamento total da alvenaria há
necessidade de se conhecer o peso específico do material.
Muitos dos componentes das edificações são constituídos pela composição de
outros, por exemplo, os caixilhos metálicos e de madeira. Para determinar as suas ações
permanentes nas estruturas é necessário compor os pesos dos materiais, isto é,
acrescentar ao peso de aço ou madeira o peso dos vidros que compõem o caixilho.
Na falta de dados normalizados ou de catálogos de fabricantes de componentes
de construção há necessidade de se determinar experimentalmente os seus pesos
próprios.
TABELA 2.1 - Peso específico dos materiais de construção
Peso específico
Materiais
aparente kN/m3
Arenito 26
Basalto 30
Rochas Gneiss 30
Granito 28
Mármore e Calcário 28
Blocos de argamassa 22
Cimento amianto 20
Blocos Lajotas cerâmicas 18
Artificiais Tijolos furados 13
Tijolos maciços 18
Tijolos sílico-calcários 20
Argamassa de cal, cimento/areia 19
Argamassa de cimento e areia 21
Revestimentos
Argamassa de gesso 12,5
e concretos
Concreto simples 24,
Concreto armado 25
Pinho, cedro 5
Louro, imbuia, pau óleo 6,5
Madeiras
Guajuvirá, guatambu, grápia 8
Angico, cabriuva, Ipê róseo 10
Aço 78,5
Alumínio e ligas 28
Bronze 85
Chumbo 114
Metais Cobre 89
Ferro Fundido 72,5
Estanho 74
Latão 85
Zinco 72
Alcatrão 12
Asfalto 13
Materiais Borracha 17
Diversos Papel 15
Plástico em folhas 21
Vidro plano 28
Pode ser organizada uma tabela (2.2) com os pesos por unidade de área (1m2)
para os principais materiais utilizados nos edifícios usuais para alvenarias, enchimentos
de lajes rebaixadas, forros, coberturas, fôrmas, esquadrias e caixilhos.
Os valores indicados na tabela 2.2 foram obtidos consultando catálogos e
referências bibliográficas pertinentes. Na falta de dados a respeito do peso próprio de
materiais de construção o engenheiro projetista deve determiná-los de maneira
criteriosa, se necessário até realizando ensaios.
Tabela 2.2 - Ações permanentes por unidade de área
Na tabela 2.2 nas ações das paredes estão incluídas as relativas aos pesos das
argamassas de assentamento (1cm) e de revestimento (1,5cm em cada face). Nas
coberturas foram considerados as massas das telhas úmidas por causa da ação da
chuva.
LAJES L DIAGONAIS D
VIGAS V SAPATAS S
PILARES P BLOCOS B
TIRANTES T PAREDES PAR
A numeração das lajes é feita iniciando pela laje mais afastada do observador e à
sua esquerda, prosseguindo para a direita, e, posteriormente, a partir da esquerda,
numerando aquelas perpendiculares a plano vertical mais próximo do observador. O
número posicionado abaixo, separado por um traço, representa a espessura (h) da laje
medida em centímetros.
A numeração das vigas é feita inicialmente para as dispostas paralelamente ao
eixo x e mais afastadas do observador, e prosseguindo-se por alinhamentos sucessivos,
até atingir a mais próxima do observador. Para as vigas dispostas paralelamente ao eixo
y, tomando-se como referência um sistema cartesiano de eixos no desenho da forma
estrutural, parte-se do lado esquerdo, por fileiras sucessivas, até atingir o lado direito da
forma estrutural. Junto de cada viga devem ser indicadas as suas dimensões: o primeiro
número representa a largura (b) e o segundo a altura (h), ambos em centímetros.
Para os pilares a numeração é feita partindo-se do canto superior esquerdo do
desenho de forma para a direita, em linhas sucessivas. Junto a identificação colocam-
se as dimensões da seção transversal. É usual usar-se um traço posicionado logo abaixo
da identificação com as medidas em centímetros. A primeira representa a menor
dimensão e a segunda o comprimento da seção transversal. Alguns projetista e sistemas
computacionais escrevem primeiro a medida hx paralela ao eixo x e depois da barra
inclinada (/) a dimensão hy, independentemente de qual das duas for a menor dimensão.
A laje L02 está, neste projeto, sendo considerada rebaixada, como pode ser visto
na figura 2.3 que representa a forma estrutural do pavimento tipo. É necessário assim
proceder para permitir a instalação do sistema hidráulico de esgotos. Se a opção for por
laje não rebaixada, isto é, no mesmo nível das demais, há necessidade de se prever
forro falso, em gesso normalmente, para que as instalações não apareçam para o
observador posicionado sobre a laje L02 do andar inferior.
Normalmente os rebaixos (figura 2.5) são cheios com entulhos obtidos na própria
construção. Neste projeto optou-se por preencher o rebaixo com tijolos furados, os
mesmos que são usados nas alvenarias, com dimensões de 90mm x 190mm x 190mm.
Como a altura do rebaixo é de 20cm, o centímetro que falta pode ser preenchido
com a argamassa de regularização. Lembrando que o peso específico do tijolo furado é
de 13kN/m, como pode ser visto na tabela 2.1, a ação por unidade de área, relativa ao
enchimento resulta:
Para a laje L02 há que se considerar, além das ações indicadas para as lajes L01,
L04 e L05, a ação das paredes de alvenaria mostradas na figura 2.1.
A ação das paredes pode ser suposta uniformemente distribuída na área da laje,
considerando para cálculo da área da laje os comprimentos medidos de centro a centro
de vigas, isto é, e considerando a figura 2.3, as distâncias entre as vigas V01 e V02
(medida lx) e entre as vigas V05 e V06 (medida ly).
As medidas lx e ly são iguais a 337,5cm e 371,5cm, respectivamente.
Para se determinar a resultante da ação da parede deve-se calcular a área total
das paredes que solicitam a laje L02, resultando:
33,38
2,65kN/m2
3,375.3,725
Para cálculo da resultante da parede não foram descontados os vãos das portas,
o que é um procedimento usual deste que não modifique em muito o valor da resultante.
A ação total na laje L02 fica igual a:
Para a laje L03 segue-se o mesmo raciocínio utilizado na outras lajes para se
determinar as ações oriundas do peso próprio, ou seja:
Para o piso da laje L03 foi considerado um revestimento em peças cerâmicas com
5mm de espessura, por ser um ambiente (terraço) sujeito as intempéries.
Como a L03 é uma laje em balanço a ação de peso próprio da mureta paralela a
maior dimensão da edificação será considerada como uma ação linearmente distribuída
na borda (figura 2.6).
As ações por causa das muretas perpendiculares à viga V04 (figura 2.3) serão
consideradas uniformemente distribuídas em uma área definida pelo vão teórico do
balanço, neste caso lx = 108,5cm, e por um comprimento chamado largura colaborante
(b) a ser definido por ocasião do estudo das lajes maciças, no capítulo 5.
2.2.1.5 Cálculo dos esforços solicitantes de lajes com ação de paredes definidas no
projeto
= 1,00 quando l lo
l
o 1,43 quando l lo
l
A NBR 6120:1980 sugere que na avaliação das ações nos pilares e nas fundações
de edifícios destinados a escritórios, residências e casas comerciais as ações acidentais
podem ser reduzidas de acordo com os valores indicados na Tabela
2.4. De nenhum modo estas reduções podem ser feitas quando a edificação for
destinada a depósitos.
Para efeito de aplicação dos valores de redução indicados o pavimento do edifício
destinado a forro deve ser considerado como piso para efeito de contabilidade do número
de pisos que atuam sobre o tramo de pilar analisado.
Não são comuns casos de edifícios de concreto armado usuais sensíveis aos
efeitos dinâmicos do vento, destacando-se aqueles cujas formas se assemelham a
círculos, elipses, triângulos e retângulos com uma dimensão em planta predominante
sobre a outra e, que sejam esbeltos e flexíveis. Sendo necessário análise específica
deve ser feita.
S1 = 1,0
2.6.4 FATOR S2
Figura 2. 8
S3 = 1,0
q w 0,613.Vk2 [N/m 2 ]
l1 = 15 m e l2 = 30 m
h 60
4,0
l2 15
Ca = 1,03
l1 = 30 m e l2 = 15 m
h 60
2,0
l2 30
Ca = 1,38
w = Ca . qw . l1
a) b)
Figura 2.10 - Distribuição das forças de vento - Fachada de menor área
Figura 2.11 - Distribuição das forcas por caus do vento - Fachada de menor área
a) para elementos estruturais cuja menor dimensão não seja superior a 50 cm,
deve ser considerada uma oscilação de temperatura em torno da média de 10ºC a 15ºC;
2.7.4 RETRAÇÃO
2.7.5 FLUÊNCIA