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2.

AÇÕES A CONSIDERAR NOS PROJETOS DE EDIFÍCIOS

2.1 INTRODUÇÃO

2.1.1 GENERALIDADES

A NBR 8681:2002, define ações como sendo as causas que provocam o


aparecimento de esforços solicitantes ou deformações nas estruturas. Diz ainda que, do
ponto de vista prático, as forças e as deformações impostas pelas ações são
consideradas como se fossem as próprias ações. É corrente a designação de ações
indiretas para as deformações impostas e de ações diretas para as forças.
O EUROCODE 2[1989] define ações como sendo forças ou cargas aplicadas nas
estruturas, podendo ser diretas, por exemplo, o peso próprio da estrutura ou indiretas,
por exemplo, as deformações em virtude do efeito de variação de temperatura, recalques
de apoios, retração.
A NBR 6118:2003 indica que na análise estrutural deve ser considerada a
influência de todas as ações que possam produzir efeitos significativos para a segurança
da estrutura em exame, levando-se em conta os possíveis estados limites últimos e os
de serviço.
De acordo com a NBR 8681:2003, as ações que atuam nas estruturas podem ser
subdivididas em: ações permanentes, ações variáveis, ações excepcionais e cargas
acidentais.

2.1.2 AÇÕES PERMANENTES

As ações permanentes são aquelas que ocorrem nas estruturas com valores
constantes ou de pequena variação em torno de sua média, durante praticamente toda
a vida da construção. As ações permanentes podem ser diretas ou indiretas.

2.1.2.1 Ações permanentes diretas

As ações permanentes diretas são assim consideradas aquelas oriundas dos


pesos próprios dos elementos da construção, incluindo-se o peso próprio da estrutura e
de todos os elementos construtivos permanentes, os pesos dos equipamentos fixos e os
empuxos relativos ao peso próprio de terras não removíveis e de outras ações
permanentes sobre a estrutura aplicadas.
Em casos particulares, por exemplo, reservatórios e piscinas, os empuxos
hidrostáticos também podem ser considerados permanentes.
Entre as ações permanentes diretas, no caso de estruturas de edifícios, podem
ser incluídos os pesos próprios dos elementos de concreto armado, os pesos próprios
dos pisos e revestimentos e das paredes divisórias que podem ser em alvenaria de
tijolos.

2.1.2.2 Ações permanentes indiretas

Nos casos de estruturas de concreto as ações permanentes indiretas podem ser


consideradas como as forças de protensão em peças de concreto protendido, os
recalques de apoio por causa de deslocamentos dos elementos estruturais que servem
de apoio ou por recalques do solo e retração dos materiais. A retração é uma ação
importante no caso de elementos estruturais protendidos ou de pequena espessura.
2.1.3 AÇÕES VARIÁVEIS

São as que ocorrem nas estruturas com valores que apresentam variações
significativas em torno de sua média, durante a vida da construção. São as ações de uso
das construções (pessoas, móveis, materiais diversos, veículos), bem como seus efeitos
(forças de frenação, de impacto e centrífugas), efeitos do vento, das variações de
temperatura, do atrito nos aparelhos de apoio e das pressões hidrostáticas e
hidrodinâmicas.
Em função de sua probabilidade de ocorrência durante a vida da construção, as
ações variáveis são classificadas em normais ou especiais.

2.1.3.1 Ações variáveis normais

São aquelas com probabilidade de ocorrência suficientemente grande para que


sejam obrigatoriamente consideradas no projeto estrutural.
Neste caso se incluem as ações variáveis normais, também chamadas cargas
acidentais, que atuam nas estruturas dos edifícios, mais precisamente sobre as lajes dos
pavimentos que são relativas ao uso por pessoas que a utilizam, mobiliário, veículos,
bibliotecas, etc.

2.1.3.2 Ações variáveis especiais

São consideradas ações variáveis especiais as ações sísmicas ou cargas


acidentais de intensidade especiais.
Como cargas acidentais especiais podem ser citadas como exemplos aquelas
constituídas por caminhões preparados para transporte de componentes de turbinas
para usinas hidrelétricas. As pontes e viadutos das estradas de tráfego normal são
projetadas para os veículos - tipos especificados nas normas brasileiras. Nos casos
daquele tipo de transporte os projetos das pontes devem ser revistos, antes de se
autorizar a viagem e, se for o caso, as estruturas precisam ser reforçadas. O conjunto
das ações em um elemento estrutural de ponte é chamado de trem-tipo.

2.1.4 AÇÕES EXCEPCIONAIS

São aquelas que têm duração extremamente curta e muito baixa probabilidade de
ocorrência durante a vida da construção, mas que precisam ser consideradas nos
projetos de determinadas estruturas.
São as ações decorrentes de causas como: explosões, choques de veículos,
incêndios, enchentes ou sismos excepcionais.
Nas estruturas de edifícios os choques de veículos podem ocorrer nas áreas de
manobras das garagens e os incêndios devem ser considerados com probabilidade
compatível com o tipo de utilização da obra, tais como indústrias de produtos químicos.
A NBR 8681:2002 considera que os incêndios, ao invés de serem tratados como
causa de ações excepcionais, também podem ser levados em conta por meio de redução
da resistência dos materiais constitutivos da estrutura.
Para estruturas de concreto existe norma específica para projeto de estrutura
resistente ao fogo. Cuidados especiais devem ser tomados com relação ao cobrimento
das barras da armadura.
Com relação à segurança contra incêndio em edifícios os projetos arquitetônicos
prevêem que as escadas devem ser enclausuradas, cujo acesso é feito por duas portas
corta-fogo, sendo que entre as duas portas fica uma antecâmara com duto de fumaça,
para proteger a escada em caso de incêndio.
2.2 VALORES DAS AÇÕES PERMANENTES

A NBR 6120:1980 prescreve que este tipo de ação é constituída pelo peso
próprio da estrutura e todos os elementos construtivos fixos e instalações permanentes.
No caso de edifícios as ações permanentes são constituídas pelos pesos próprios dos
elementos estruturais - lajes, vigas, pilares, blocos ou sapatas de fundações, dos
elementos de vedação, das paredes de alvenaria - com os vários tipos de tijolos que
podem ser usados na edificação, caixilhos com vidros ou divisórias de vidros. Os
elementos de revestimento de paredes, argamassas, azulejos, pedras decorativas,
madeiras e etc., também devem ter seu peso próprio considerado na
avaliação das ações dos revestimentos verticais.
Para os revestimentos horizontais devem ser considerados os revestimentos na
face inferior das lajes e os contrapisos e os pisos que podem ser de madeira, cerâmico,
pedras, carpetes, etc.
Os contrapisos são feitos em argamassa de cimento e areia e têm a finalidade de
corrigir as imperfeições, com relação ao nível superior das lajes, oriundas da
concretagem. A execução do contrapiso demanda custos adicionais na obra, tais como:
material argamassa, custo de transporte e de mão de obra para fazer a argamassa e
aplicá-la.
Algumas empresas têm se preocupado em melhorar o processo de moldagem
das lajes com a finalidade de evitar a execução do contrapiso, portanto, com economia
significativa na obra, otimizando tempo e recursos financeiros.
Existem edifícios destinados à moradia ou comercial, com melhor cuidado
arquitetônico, onde existem ambientes destinados a jardins internos. O projeto
arquitetônico deve especificar os detalhes para que se possa, no projeto estrutural,
definir claramente as ações relativas às jardineiras e lagos artificiais, etc. Lembra-se que
um metro cúbico de terra tem massa de 1800kg. Dependendo do porte das plantas que
compõem o projeto de jardinagem a sua massa assume significado especial na
consideração das ações.
A NBR 6120:1980 especifica que na falta de determinação experimental, o
projetista de estruturas pode adotar os pesos específicos aparentes dos materiais de
construção indicados na Tabela 2.1.
Na tabela são listados os valores relativos aos materiais mais comuns.
É interessante notar que se for especificado, para um determinado ambiente
arquitetônico, piso de madeira de ipê róseo de 2cm de espessura, o seu peso por unidade
de área será de 0,20 kN/m2, se, por outro lado, for especificado mármore, na mesma
espessura, o peso passa a ser de 0,56 kN/m2, ou seja, uma diferença de 180%. Com
isso, se pretende justificar o pleno conhecimento que o engenheiro projetista deve ter de
todos os materiais de acabamento, para não cometer erro de avaliação nas ações de
peso próprio.
Para situações específicas, como por exemplo, a utilização de blocos de concreto
celular como vedação de alvenarias, deve ser consultado catálogo do fabricante, ou seu
departamento técnico, pois para a composição do carregamento total da alvenaria há
necessidade de se conhecer o peso específico do material.
Muitos dos componentes das edificações são constituídos pela composição de
outros, por exemplo, os caixilhos metálicos e de madeira. Para determinar as suas ações
permanentes nas estruturas é necessário compor os pesos dos materiais, isto é,
acrescentar ao peso de aço ou madeira o peso dos vidros que compõem o caixilho.
Na falta de dados normalizados ou de catálogos de fabricantes de componentes
de construção há necessidade de se determinar experimentalmente os seus pesos
próprios.
TABELA 2.1 - Peso específico dos materiais de construção

Peso específico
Materiais
aparente kN/m3
Arenito 26
Basalto 30
Rochas Gneiss 30
Granito 28
Mármore e Calcário 28
Blocos de argamassa 22
Cimento amianto 20
Blocos Lajotas cerâmicas 18
Artificiais Tijolos furados 13
Tijolos maciços 18
Tijolos sílico-calcários 20
Argamassa de cal, cimento/areia 19
Argamassa de cimento e areia 21
Revestimentos
Argamassa de gesso 12,5
e concretos
Concreto simples 24,
Concreto armado 25
Pinho, cedro 5
Louro, imbuia, pau óleo 6,5
Madeiras
Guajuvirá, guatambu, grápia 8
Angico, cabriuva, Ipê róseo 10
Aço 78,5
Alumínio e ligas 28
Bronze 85
Chumbo 114
Metais Cobre 89
Ferro Fundido 72,5
Estanho 74
Latão 85
Zinco 72
Alcatrão 12
Asfalto 13
Materiais Borracha 17
Diversos Papel 15
Plástico em folhas 21
Vidro plano 28

2.2.1 AÇÃO PERMANENTE DE COMPONENTES UTILIZADOS EM EDIFÍCIOS

Nos edifícios usualmente são utilizadas alvenarias de tijolos furados ou maciços


assentes com argamassa de cimento, cal e areia, que posteriormente são revestidos
com argamassa, que recebem como acabamento massa corrida e posteriormente são
pintadas. Os revestimentos de cozinhas e banheiros podem ser em peças de pedra -
granito ou mármore - ou azulejos. Os pisos podem ser em pedras, madeira ou carpete
de tecido.
Os blocos artificiais para alvenarias são especificados por norma própria ou pelo
Manual Técnico da ABCI [1987], e são adotados no projeto arquitetônico de acordo com
a sua concepção e em função do conforto térmico e acústico que se pretende. Condições
técnicas e econômicas devem ser analisadas nestas decisões.
Para as coberturas podem ser usadas estruturas metálicas ou de madeiras, com
telhas que podem ser cerâmicas, de fibrocimento ou de chapas metálicas.
Da exposição feita pode-se perceber que para os projetos estruturais as ações
permanentes variam de acordo com os tipos de materiais utilizados. É possível, então,
organizar-se uma tabela com os pesos próprios dos vários materiais de construção que
normalmente estão envolvidos no projeto.
É conveniente que os valores dos pesos próprios dos materiais estejam referidos
por unidade de área, pois, deste modo, ao se determinar o valor da ação de uma
alvenaria atuante sobre uma viga do edifício, basta multiplicar a altura da alvenaria por
este peso por unidade de área para se obter o carregamento na viga por unidade de
comprimento.
Estas ações de peso próprio são determinadas considerando os pesos
específicos aparentes indicados na tabela 2.1.

2.2.1.1 Peso próprio de parede de alvenaria revestida de um tijolo furado

Neste item, e a título de exemplo, será determinado o peso próprio de uma


alvenaria de tijolos furados, assentes de tal modo a se constituir em parede de uma vez,
isto é, um tijolo, revestida com argamassa mista - cimento, cal e areia com 20mm de
espessura. O assentamento dos tijolos será com a mesma argamassa, com camadas de
10mm de espessura entre as fiadas horizontais e, com mesma medida entre as faces
verticais dos tijolos.
Os blocos cerâmicos para paredes têm as seguintes dimensões: largura 90mm,
altura 190mm e comprimento de 190mm.
Como pode ser visto na Tabela 2.1 os pesos específicos dos tijolos furados
(blocos artificiais) é de 13kN/m3 e da argamassa de cal, cimento e areia é de 19kN/m3.
A figura 2.1 representa uma parede, nas condições citadas, de 1m de largura por
1m de altura, constituindo, portanto, 1m2 de área. Como a largura do bloco cerâmico é
de 19cm e tem 2cm de argamassa de revestimento em cada face, a espessura final da
alvenaria é de 23cm.
Pode ser visto na figura 2.1 que para se construir uma parede de alvenaria em
tijolos furados, de uma vez (ou de um tijolo), são necessários 50 tijolos. A massa dos 50
tijolos é dada por:

50 . ( 0,19 . 0,19 . 0,09 ) . 13 = 2,11kN/m2

Para computar o peso próprio da argamassa de assentamento basta determinar


o volume de argamassa - na direção horizontal e vertical - e multiplicar pelo peso
específico da argamassa, resultando:

10 . ( 0,19 . 0,01 . 1,00 ) . 19 +

5 . ( 0,19 . 0,01 . 1,00 ) . 19 = 0,54kN/m2

O valor do peso de reboco, em ambas as faces da parede, é determinado por:

2 . ( 0,02 . 1,00 . 1,00 ) . 19 = 0,76kN/m2


Figura 2.1 - Parede de um tijolo furado com revestimento

Portanto, o peso de 1m2 de alvenaria de um tijolo furado, revestida com 2cm de


argamassa em cada face, é igual a:
2
3,41kN/m

Na determinação deste valor já se imaginou que a resultante de cada ação parcial


estava dividida por 1m.
Nos casos de se utilizar outros tipos de blocos para constituir as paredes ou outras
dimensões de revestimento este procedimento deve ser repetido, o mesmo ocorrendo
quando há revestimento constituído por pedras ou azulejos.
Nestes casos os materiais que os compõem devem estar especificados no projeto
arquitetônico e a partir deste dado o peso próprio pode ser calculado ou fornecido por
catálogo do fabricante do produto.

2.2.1.2 Peso próprio de vários materiais usualmente empregados

Pode ser organizada uma tabela (2.2) com os pesos por unidade de área (1m2)
para os principais materiais utilizados nos edifícios usuais para alvenarias, enchimentos
de lajes rebaixadas, forros, coberturas, fôrmas, esquadrias e caixilhos.
Os valores indicados na tabela 2.2 foram obtidos consultando catálogos e
referências bibliográficas pertinentes. Na falta de dados a respeito do peso próprio de
materiais de construção o engenheiro projetista deve determiná-los de maneira
criteriosa, se necessário até realizando ensaios.
Tabela 2.2 - Ações permanentes por unidade de área

ITEM MATERIAL AÇÃO


kN/m2
Tijolos maciços, com 25cm de
espessura 4,0
Tijolos maciços, com 15cm de
espessura 2,5
Tijolos furados, com 23cm de
espessura 3,2
Tijolos furados, com 13cm de
PAREDES
espessura 2,2
Tijolos de concreto, com 23cm de
Espessura 3,5
Tijolos de concreto, com 13cm de
Espessura 2,2
Tijolos de concreto celular, com 23cm 0,8
Tijolos de concreto celular, com 13cm 0,5
Com telhas cerâmicas,
c/madeiramento 1,2
Com telhas de fibrocimento,
c/madeira. 0,4
COBERTURAS
Com telhas de alumínio e
Estrutura de aço 0,3
Com telhas de alumínio e
Estrutura de alumínio 0,2
Com painéis de gesso, com estrutura
FORROS de madeira e aço 0,5
Com blocos sólidos de gesso 0,7
Com estrutura de alumínio, com
CAIXILHOS vidros 0,2
Com estrutura de aço, com vidros 0,3
De fibrocimento tipo Canalete 43 0,28
TELHAS
De fibrocimento tipo Canalete 90 0,25

Na tabela 2.2 nas ações das paredes estão incluídas as relativas aos pesos das
argamassas de assentamento (1cm) e de revestimento (1,5cm em cada face). Nas
coberturas foram considerados as massas das telhas úmidas por causa da ação da
chuva.

2.2.1.3 Exemplo de consideração de ações permanentes em lajes

No exemplo que será desenvolvido pretende-se determinar as ações atuantes nas


lajes do projeto.
A figura 2.2 apresenta parte do pavimento - tipo de um edifício destinado a salas
para escritórios, onde se pode notar que o projeto prevê para cada conjunto a existência
de salas, copa, dois banheiros e um terraço.
Na figura 2.3 mostra-se o desenho da forma estrutural prevista para atender as
exigências de segurança e de transferência das ações atuantes neste pavimento-tipo. O
sistema estrutural adotado é constituído por pilares, que recebem as ações das vigas
- tipo que, por sua vez, servem de apoio para as lajes maciças. As lajes L01, L03 e L05
têm apenas ações uniformemente distribuídas, a laje L02, além da ação uniformemente
distribuída recebe a ação linearmente distribuída representada pelas paredes que
dividem os dois banheiros e estes da copa. A L03 é responsável por receber as ações
atuantes no terraço, é uma laje em balanço, portanto suas bordas são livres, isto é, não
têm o apoio de vigas. Para servir de parapeito, há uma parede de 1,0 m de altura em
todo o contorno do terraço (ver figura 2.2).
Na figura 2.3, para uma perfeita identificação, os elementos estruturais foram
indicados por letras seguidas do número de ordem do elemento.
De acordo com a NBR 7191:1982 a designação dos elementos estruturais é feita
com os seguintes símbolos:

LAJES L DIAGONAIS D
VIGAS V SAPATAS S
PILARES P BLOCOS B
TIRANTES T PAREDES PAR

Figura 2.2 - Desenho da planta arquitetônica

A numeração das lajes é feita iniciando pela laje mais afastada do observador e à
sua esquerda, prosseguindo para a direita, e, posteriormente, a partir da esquerda,
numerando aquelas perpendiculares a plano vertical mais próximo do observador. O
número posicionado abaixo, separado por um traço, representa a espessura (h) da laje
medida em centímetros.
A numeração das vigas é feita inicialmente para as dispostas paralelamente ao
eixo x e mais afastadas do observador, e prosseguindo-se por alinhamentos sucessivos,
até atingir a mais próxima do observador. Para as vigas dispostas paralelamente ao eixo
y, tomando-se como referência um sistema cartesiano de eixos no desenho da forma
estrutural, parte-se do lado esquerdo, por fileiras sucessivas, até atingir o lado direito da
forma estrutural. Junto de cada viga devem ser indicadas as suas dimensões: o primeiro
número representa a largura (b) e o segundo a altura (h), ambos em centímetros.
Para os pilares a numeração é feita partindo-se do canto superior esquerdo do
desenho de forma para a direita, em linhas sucessivas. Junto a identificação colocam-
se as dimensões da seção transversal. É usual usar-se um traço posicionado logo abaixo
da identificação com as medidas em centímetros. A primeira representa a menor
dimensão e a segunda o comprimento da seção transversal. Alguns projetista e sistemas
computacionais escrevem primeiro a medida hx paralela ao eixo x e depois da barra
inclinada (/) a dimensão hy, independentemente de qual das duas for a menor dimensão.

Figura 2.3 -Desenho da forma estrutural


a. Determinação das ações permanentes diretas para as lajes L01, L03 e L05
As ações permanentes diretas são constituídas pelos pesos próprios dos
seguintes materiais: concreto armado da laje; camada de regularização, em argamassa
de cimento e areia; piso, que neste exemplo foi adotado tacos de ipê róseo e
revestimento do forro, em argamassa de cal, cimento e areia
As dimensões da laje, da camada de regularização, do piso e do revestimento do
forro estão anotadas na figura 2.4.

Figura 2.4 - Dimensões para cálculo dos pesos próprios


As forças relativas aos pesos próprios são calculadas por unidade de área. Com
os pesos específicos dos materiais definidos na tabela 2.1 determinam-se, para as lajes
L01, L04 e L05:

Peso próprio da laje: 0,100.25 = 2,500 kN/m2


Peso próprio da regularização: 0,025.21 = 0,525 kN/m2
Peso próprio do piso: 0,020.10 = 0,200 kN/m2
Peso próprio do forro: 0,015.19 = 0,285 kN/m2
TOTAL: = 3,510 kN/m2

b. Determinação das ações permanentes diretas para a laje 02

A laje L02 está, neste projeto, sendo considerada rebaixada, como pode ser visto
na figura 2.3 que representa a forma estrutural do pavimento tipo. É necessário assim
proceder para permitir a instalação do sistema hidráulico de esgotos. Se a opção for por
laje não rebaixada, isto é, no mesmo nível das demais, há necessidade de se prever
forro falso, em gesso normalmente, para que as instalações não apareçam para o
observador posicionado sobre a laje L02 do andar inferior.
Normalmente os rebaixos (figura 2.5) são cheios com entulhos obtidos na própria
construção. Neste projeto optou-se por preencher o rebaixo com tijolos furados, os
mesmos que são usados nas alvenarias, com dimensões de 90mm x 190mm x 190mm.
Como a altura do rebaixo é de 20cm, o centímetro que falta pode ser preenchido
com a argamassa de regularização. Lembrando que o peso específico do tijolo furado é
de 13kN/m, como pode ser visto na tabela 2.1, a ação por unidade de área, relativa ao
enchimento resulta:

0,19 . 13 + 0,01 . 19 = 2,66 kN/m2

Para a laje L02 há que se considerar, além das ações indicadas para as lajes L01,
L04 e L05, a ação das paredes de alvenaria mostradas na figura 2.1.
A ação das paredes pode ser suposta uniformemente distribuída na área da laje,
considerando para cálculo da área da laje os comprimentos medidos de centro a centro
de vigas, isto é, e considerando a figura 2.3, as distâncias entre as vigas V01 e V02
(medida lx) e entre as vigas V05 e V06 (medida ly).
As medidas lx e ly são iguais a 337,5cm e 371,5cm, respectivamente.
Para se determinar a resultante da ação da parede deve-se calcular a área total
das paredes que solicitam a laje L02, resultando:

(3,15 + 2,47) (2,80 - 0,10) . 2,2 = 33,38kN

sendo, no primeiro termo as expressões entre parênteses representam o somatório dos


comprimentos das paredes (ver figura 2.2) e a medida do pé direito do andar,
respectivamente e, o valor 2,2 é o peso próprio de uma parede de alvenaria de 1/2 tijolo
furado, já se computando a argamassa de assentamento e de revestimento nas duas
faces.
Dividindo a resultante pela área calculada com os vãos teóricos, determina-se a
ação na laje L02 relativa às paredes de alvenaria (ação permanente direta), ou seja:

33,38
 2,65kN/m2
3,375.3,725
Para cálculo da resultante da parede não foram descontados os vãos das portas,
o que é um procedimento usual deste que não modifique em muito o valor da resultante.
A ação total na laje L02 fica igual a:

3,51 + 2,66 + 2,65 = 8,82 kN/m2

c. Determinação das ações permanentes diretas para a laje L03

Para a laje L03 segue-se o mesmo raciocínio utilizado na outras lajes para se
determinar as ações oriundas do peso próprio, ou seja:

Peso próprio da laje: 0,100.25 = 2,500 kN/m2


Peso próprio da regularização: 0,025.21 = 0,525 kN/m2
Peso próprio do piso: 0,005.18 = 0,090 kN/m2
Peso próprio do forro: 0,015.19 = 0,285 kN/m2
TOTAL: = 3,400 kN/m2

Para o piso da laje L03 foi considerado um revestimento em peças cerâmicas com
5mm de espessura, por ser um ambiente (terraço) sujeito as intempéries.
Como a L03 é uma laje em balanço a ação de peso próprio da mureta paralela a
maior dimensão da edificação será considerada como uma ação linearmente distribuída
na borda (figura 2.6).

Figura 2.5 – Ação no rebaixo Figura 2.6 - Laje L03

A mureta será construída em alvenaria de meio tijolo maciço com 1m de altura,


resultando:

gpp,mur = 1,00 . 2,5 = 2,5 kN/m

As ações por causa das muretas perpendiculares à viga V04 (figura 2.3) serão
consideradas uniformemente distribuídas em uma área definida pelo vão teórico do
balanço, neste caso lx = 108,5cm, e por um comprimento chamado largura colaborante
(b) a ser definido por ocasião do estudo das lajes maciças, no capítulo 5.

2.2.1.4 Peso próprio de paredes não definidas no projeto

A NBR 6120:1980 diz que para a determinação da ação de paredes divisórias, em


que sua posição não esteja definida no projeto arquitetônico, o cálculo de pisos
com suficiente capacidade de distribuição transversal da carga, quando não for feito por
processo exato, pode ser admitido, além dos demais carregamentos, como uma ação
uniformemente distribuída por metro quadrado de piso não menor que um terço do peso
por metro linear de parede pronta, observado o valor mínimo de 1kN/m2.
Este caso se aplica quando o projeto arquitetônico deixa a decisão de locar as
paredes na obra em função da utilização do ambiente arquitetônico. Normalmente isto
ocorre em edifícios destinados a escritórios onde, dependendo dos tipos de profissionais
que irão ocupá-los, há distribuições de ambientes diferenciados.

2.2.1.5 Cálculo dos esforços solicitantes de lajes com ação de paredes definidas no
projeto

No exemplo consideraram-se as ações das paredes como sendo uma ação


uniformemente distribuída. Este procedimento é usual quando não se dispõem de
processo mais elaborado para a determinação dos esforços solicitantes, por exemplo,
aqueles baseados em procedimentos numéricos.

2.3 AÇÕES VARIÁVEIS NORMAIS

As ações variáveis normais são aquelas que atuam na estrutura em função de


sua utilização, tais como pessoas que habitam a edificação, mobiliário, materiais
diversos, equipamentos, veículos, etc.
Estas ações são verticais e consideradas atuando no piso das edificações, isto é,
nas lajes, que são estruturas planas, e, são supostas uniformemente distribuídas e os
seus valores mínimos são os indicados na NBR 6120:1980.
A tabela 2.3 apresenta os valores mínimos para as ações que devem ser
consideradas nos projetos de edifícios residenciais e comerciais destinados a escritórios.
Para projetos de edifícios com outras finalidades deve ser consultada a referida
norma ou outras específicas.
A NBR 6120:1980 prescreve ainda que, nos compartimentos destinados a ações
especiais, como arquivos, depósitos de materiais, máquinas leves, caixas-fortes, etc.,
não é necessária uma verificação mais exata destes carregamentos, desde que se
considere um acréscimo de 3kN/m2 no valor da ação acidental. A análise das massas
dos equipamentos deve ser feita pelo projetista.
No caso de armazenagem em depósitos e na falta de valores experimentais, o
peso dos materiais armazenados pode ser obtido considerando os pesos específicos
aparentes indicados na NBR 6120:1980. Essas ações são importantes para os projetos
de silos para armazenamento de produtos.
No caso de balcões e sacadas com acesso público deve ser prevista a mesma
ação uniformemente distribuída atuante no ambiente com a qual se comunicam e, ainda,
uma ação horizontal de 0,8kN/m na altura do corrimão e uma ação vertical mínima de
2kN/m. Estas duas últimas ações também devem ser consideradas nos parapeitos de
balcões e sacadas.
Para as escadas constituídas de degraus isolados, considera-se uma ação
concentrada de 2,5kN, aplicada na posição mais desfavorável. Essa ação não deve ser
considerada na composição de ações para as vigas que suportem os degraus. Para as
vigas que suportam os degraus, nas composições de suas ações, consideram-se as
ações de peso próprio, peso próprio do piso e revestimento, corrimão e ação variável
normal. Normalmente estas vigas que suportam escadas de degraus isolados ficam
submetidas à ação de momento torçor. Lembra-se que as tensões tangenciais oriundas
da força cortante e do momento torçor se somam.
Tabela 2.3 - Valores mínimos das ações variáveis normais

AMBIENTE ARQUITETÔNICO Ação


kN/m2
(incluindo a massa das máquinas) a ser
Casas de Máquinas determinada em cada caso,
porém com o valor mínimo de 7,5
Com acesso ao público 3
Corredores
Sem acesso ao público 2,5
Dormitórios, sala, copa, cozinha e
Edifícios banheiro. 1,5
Residenciais Dispensa, área de serviço e
Lavanderia 2
Com acesso ao público 3
Escadas
Sem acesso ao público 2,5
Anfiteatro com assentos fixos
Escolas Corredor e sala de aula 3
Outras salas 2
Escritórios Salas de uso geral e banheiro 2
Forros Sem acesso a pessoas 0,5
A ser determinada em cada caso,
Galerias de Arte
porém com o mínimo 3
A ser determinada em cada caso,
Galerias deLojas
porém com o mínimo 3
Para veículos de passageiros ou
Garagens e
semelhantes com carga máxima de 3
estacionamentos
25kN por veículo
Ginásio de
5
Esportes
Sem acesso ao público 2
Terraços Com acesso ao público 3
Inacessível a pessoas 0,5

Nos casos de edifícios com garagens em pavimentos térreos ou outros


pavimentos, há necessidade de se considerar a ação de veículos conforme indicado na
tabela 2.3. Estas ações devem ser majoradas de um coeficiente  determinado do
seguinte modo:
sendo l o vão de uma viga ou o vão menor de uma laje; sendo lo = 3m para o
caso das lajes e l0 = 5m para o caso das vigas, têm-se:

 = 1,00 quando l  lo
l
  o  1,43 quando l  lo
l

Quando estiverem sendo analisados os pavimentos sujeitos às ações de veículos,


o valor da ação indicada na tabela 2.3 que é de 3kN/m2 deve ser multiplicada pelo
coeficiente de majoração  determinado como exposto.
Esse coeficiente não deve ser considerado na determinação das ações em
paredes e pilares, e sim para as lajes e vigas do pavimento considerado.
2.3.1 CONSIDERAÇÃO DAS AÇÕES VARIÁVEIS NORMAIS NOS PILARES

A NBR 6120:1980 sugere que na avaliação das ações nos pilares e nas fundações
de edifícios destinados a escritórios, residências e casas comerciais as ações acidentais
podem ser reduzidas de acordo com os valores indicados na Tabela
2.4. De nenhum modo estas reduções podem ser feitas quando a edificação for
destinada a depósitos.
Para efeito de aplicação dos valores de redução indicados o pavimento do edifício
destinado a forro deve ser considerado como piso para efeito de contabilidade do número
de pisos que atuam sobre o tramo de pilar analisado.

Tabela 2.4 - Redução das ações acidentais

Número de Pisos que atuam Redução percentu l das


sobre o elemento cargas acidentais (%)
1,2 e 3 0
4 20
5 40
6 ou mais 60

2.3.3 EXEMPLO DE CONSIDERAÇÃO DE AÇÕES VARIÁVEIS EM LAJES

Retomando o exemplo do item 2.2.1.3 lembra-se que o edifício em estudo é


destinado a escritórios e, portanto, de acordo coma tabela 2.3 a ação variável normal -
ação acidental - a considerar é igual a 2,0kN/m2 em todas as lajes.
A laje L03, por ser destinada a receber as ações relativas a um terraço com acesso
público deve ser considerada, além da ação uniformemente distribuída, a mureta na
extremidade carregada com as ações linearmente distribuídas indicadas no item 2.3 e,
mostradas na figura 2.6.
Com a finalidade de organizar os cálculos é conveniente montar a tabela 2.5 que
resume todas as ações consideradas no projeto, quais sejam: peso próprio das lajes,
revestimentos e pisos, ações de alvenarias, enchimentos e as ações variáveis normais.

Tabela 2.5 - Ações finais nas lajes do exemplo


Ações Ações
Peso Piso + Alve- Outras Perma- Variá-
Laje h Próprio Revesti naria nentes veis Total Obs.:
mento Diretas Normais
(g) (q)
cm kN/m2 kN/m2 kN/m2 kN/m2 kN/m2 kN/m2 kN/m2
L01 10 2,5 1,0 --- --- 3,5 2,0 5,50
L02 10 2,5 1,0 2,65 2,60 8,75 2,0 10,75
L03 10 2,5 1,0 --- --- 3,5 2,0 5,50
L04 10 2,5 1,0 --- --- 3,5 2,0 5,50
L05 10 2,5 1,0 --- --- 3,5 2,0 5,50 fig.2.5

2.4 AÇÃO DO VENTO

A NBR 6118:2003 indica que a consideração da ação de vento nas estruturas é


obrigatória e recomenda que devem ser determinadas com as prescrições da NBR
6123:1988.
2.4.1 CÁLCULO DAS FORÇAS RELATIVAS AO VENTO EM EDIFÍCIOS

A NBR 6123:1988 prescreve que as forças relativas ao vento atuantes em uma


edificação devem ser calculadas separadamente para:

a. elementos de vedação e suas fixações (telhas, vidros, esquadrias, painéis de


vedação, etc.);

b. partes da estrutura (telhados, paredes, etc.);

c. estrutura como um todo.

2.4.2 PROCEDIMENTO DE CÁLCULO

A NBR 6123:1988 estabelece que para estruturas de edifícios paralelepipédicos


o projeto deve levar em conta:

a. as forças de vento agindo perpendicularmente a cada uma das fachadas;

b. as excentricidades causadas por vento agindo obliquamente ou por efeitos de


vizinhança. Os momentos de torção são calculados considerando estas forças agindo
com as excentricidades, em relação ao eixo geométrico, dadas na norma.

2.4.3 CÁLCULO DOS ESFORÇOS SOLICITANTES

Para a determinação dos esforços solicitantes por causa da ação do vento em


estruturas reticulares, as ações podem ser consideradas como concentradas no nível de
cada laje. Para este caso é necessário que se determine o quinhão de carga em cada
pórtico, que varia de acordo com a sua rigidez. O processo de cálculo é apresentado no
capítulo 4. Podem ser determinados considerando modelo de pórtico espacial, para o
qual se precisa de programa computacional adequado.

2.5 EFEITOS DINÂMICOS

Não são comuns casos de edifícios de concreto armado usuais sensíveis aos
efeitos dinâmicos do vento, destacando-se aqueles cujas formas se assemelham a
círculos, elipses, triângulos e retângulos com uma dimensão em planta predominante
sobre a outra e, que sejam esbeltos e flexíveis. Sendo necessário análise específica
deve ser feita.

2.6 EXEMPLO DE CÁLCULO DAS FORÇAS POR CAUSA DO VENTO

No exemplo determinam-se as forças estáticas relativas à ação do vento em um


edifício paralelepipédico, com dimensões em planta de 15m por 30m e com 60m de
altura, isto é, com 20 andares, conforme pode ser visto na figura 2.7.
A destinação é de edifício residencial e deve ocupar um terreno plano, em
localização afastada da região central da cidade e tem casas de baixa altura ao seu
redor. Para se determinar a velocidade básica do vento, informa-se que o edifício fica na
cidade de São Carlos, SP.
Figura 2.7 - Planta e vista do edifício do exemplo
Os coeficientes para a determinação das forças relativas ao vento são obtidas na
NBR 6123:1988 - Forças devidas ao vento em edificações.
As forças estáticas por causa do vento são determinadas considerando a
velocidade básica do vento, dadas pelas isopletas de velocidade básica (Vo) fornecidas
na norma citada e, desenhadas sobre o mapa do Brasil. O coeficiente S1 leva em conta
o fator topográfico, o coeficiente S2 representa a rugosidade do terreno, leva em conta
as dimensões em planta da edificação e sua altura sobre o terreno e, o S3 é o fator
estatístico que considera o grau de segurança requerido e a vida útil da edificação.
Estes coeficientes multiplicados pela velocidade básica do vento fornecem a
velocidade característica do vento. Como o coeficiente S2 depende da altura da
edificação considerada a velocidade característica do vento é determinada em função
desta altura.
Assim, a pressão dinâmica é determinada para as alturas da edificação
considerada, já que ela é linearmente variável da base da edificação até seu nível
superior.
Os coeficientes de arrasto (Ca) são determinados para corpos de seção constante
ou fracamente variável e, são calculados em função das relações entre as medidas em
planta dos lados da edificação e entre a altura e estas.
2.6.1 VELOCIDADE CARACTERÍSTICA DO VENTO
A velocidade característica do vento é determinada pela expressão, de acordo
com a NBR 6123:1988:
Vk = V0 . S1 . S2 . S3 ( m/s )
2.6.2 VELOCIDADE BÁSICA DO VENTO
A velocidade básica do vento, para o caso deste exemplo e, determinada para a
região da cidade de São Carlos, SP de acordo com as isopletas de velocidade é:
V0 = 45 m/s

2.6.3 FATOR TOPOGRÁFICO

Como a edificação fica localizada em terreno plano ou fracamente acidentado o


fator topográfico é:

S1 = 1,0
2.6.4 FATOR S2

Este fator considera o efeito combinado da rugosidade do terreno, as dimensões


da edificação e altura sobre o terreno. Para este caso do exemplo esta sendo
considerado que em função da rugosidade do terreno - terreno plano - Categoria III. Com
relação à classe da edificação está sendo considerada Classe C, pois representa todas
as edificações, ou parte delas, para a qual a maior dimensão horizontal ou vertical da
superfície frontal exceda 50 metros.
Em função destas considerações determinam-se os fatores S para três alturas do
edifício, conforme figura 2.7.

Para h = 10m -----> S2 = 0,88 Para

h = 30m -----> S2 = 1,00 Para h =

50m -----> S2 = 1,06

Figura 2. 8

2.6.5 FATOR ESTATÍSTICO S3

O fator estatístico considera o grau de segurança requerido e a vida útil prevista


para a edificação. Neste caso do exemplo foi considerado edificação do Grupo 2, isto é,
edificação para residências, resultando:

S3 = 1,0

2.6.6 VELOCIDADE CARACTERÍSTICA DO VENTO

Com a expressão do item 2.6.1 determinam-se as velocidades características do


vento para as alturas consideradas, ou seja, para 10m, 30m e 50m, resultando:

Vk,10 = 45 . 1,0 . 0,88 . 1,0 = 39,6 m/s

Vk,20 = 45 . 1,0 . 1,00 . 1,0 = 4,50 m/s

Vk,30 = 45 . 1,0 . 1,06 . 1,0 = 47,7 m/s

2.6.7 PRESSÃO DINÂMICA

A pressão dinâmica é dada pela expressão:

q w  0,613.Vk2 [N/m 2 ]

sendo que, para as três alturas consideradas, multiplicando-se pelas velocidades


características calculadas e, modificando a unidade da força para quilonewton, resultam:

qw,10 = 0,96 kN/m2


qw,30 = 1,24 kN/m2

qw,50 = 1,39 kN/m2

2.6.8 DETERMINAÇÃO DOS COEFICIENTES DE ARRASTO ( Ca )

Considerando que l1 é a largura da edificação, isto é, a dimensão horizontal


perpendicular à direção do vento e l2 é a profundidade, ou seja, a dimensão na direção
do vento e, h é a sua altura, pode-se determinar o coeficiente de arrasto em função
destas grandezas geométricas.
Os coeficientes de arrasto são determinados na NBR 6123:1988 para as relações
l1/l2 e h/l1, por meio de ábaco próprio.
As considerações geométricas para este exemplo são dadas pela figura .2.9.

Figura 2.9 - Direções do vento para cálculo de Ca

2.6.8.1 Direção do vento perpendicular à fachada de menor área

No caso da figura 2.9-a as dimensões a considerar são:

l1 = 15 m e l2 = 30 m

Ou seja, com h = 30 m, resulta:


l1 15
  0,5
l 30

h 60
  4,0
l2 15

Com estes valores e consultando a NBR 6123:1988 resulta para coeficiente de


arrasto, para vento agindo perpendicularmente à fachada de menor área o valor:

Ca = 1,03

2.6.8.2 Direção do vento perpendicular à fachada de maior área

No caso da figura 2.9-b as dimensões a considerar são:

l1 = 30 m e l2 = 15 m

Ou seja, com h = 30 m, resulta:


l1 30
  2,0
l 15

h 60
  2,0
l2 30

Com estes valores e consultando a NBR 6123:1988 resulta para coeficiente de


arrasto, para vento agindo perpendicularmente à fachada de maior área o valor:

Ca = 1,38

2.6.9 DETERMINAÇÃO DAS FORCAS RELATIVAS AO VENTO

As forças em virtude do vento são consideradas uniformemente distribuídas para


cada segmento de altura da edificação de 20m, neste exemplo. O módulo da força é
calculado pela expressão:

w = Ca . qw . l1

Lembrando que l1 é a dimensão da área da fachada da edificação medida


segundo o plano horizontal, o valor a força relativa ao vento já fica determinada por
unidade de comprimento.

2.6.9.1 Direção do vento perpendicular à fachada de menor área

Sendo q igual aos valores calculados no item 2.6.6 e com os coeficientes de


arrasto recém determinados, vem:

w0,20 = 1,03 . 0,96 . 15 = 14,8 kN/m

w20,40 = 1,03 . 1,24 . 15 = 19,2 kN/m

w40,60 = 1,03 . 1,39 . 15 = 21,5 kN/m

a) b)
Figura 2.10 - Distribuição das forças de vento - Fachada de menor área

2.6.9.2 Direção do vento perpendicular à fachada de maior área

Analogamente ao calculado no item anterior, vem:

w0,20 = 1,38 . 0,96 . 30 = 39,7 kN/m

w20,40 = 1,38 . 1,24 . 30 = 51,3 kN/m


w40,60 = 1,38 . 1,39 . 30 = 57,6 kN/m

Figura 2.11 - Distribuição das forcas por caus do vento - Fachada de menor área

2.7 OUTRAS AÇÕES

Entre as ações a serem consideradas, se for o caso, em estruturas de edifícios


encontram-se: variação de temperatura, retração e fluência do concreto, choques,
vibrações, ações repetidas e, ainda, aquelas provenientes de deslocamentos de apoio e
processos construtivos, se as condições de projeto assim determinarem.

2.7.1 VARIAÇÃO DA TEMPERATURA

Para as variações uniformes de temperatura da estrutura, causada globalmente


pela variação da temperatura da atmosfera e pela insolação direta, é considerada
uniforme. Ela depende do local de implantação da construção e das dimensões dos
elementos estruturais que a compõem.
De maneira genérica podem ser adotados os seguintes valores:

a) para elementos estruturais cuja menor dimensão não seja superior a 50 cm,
deve ser considerada uma oscilação de temperatura em torno da média de 10ºC a 15ºC;

b) para elementos estruturais maciços ou ocos com os espaços vazios


inteiramente fechados, cuja menor dimensão seja superior a 70 cm, admite-se que essa
oscilação seja reduzida respectivamente para 5ºC a 10ºC;

c) para elementos estruturais cuja menor dimensão esteja entre 50 cm e 70 cm


admite-se que seja feita uma interpolação linear entre os valores acima indicados.
A escolha de um valor entre esses dois limites pode ser feita considerando 50%
da diferença entre as temperaturas médias de verão e inverno, no local da obra.
Em edifícios de vários andares devem ser respeitadas as exigências construtivas
prescritas por esta Norma para que sejam minimizados os efeitos das variações de
temperatura sobre a estrutura da construção.
As variações não uniformes de temperatura nos elementos estruturais em que a
temperatura possa ter distribuição significativamente diferente da uniforme, precisam
ser considerados os efeitos dessa distribuição. Na falta de dados mais precisos, pode
ser admitida uma variação linear entre os valores de temperatura adotados, desde que
a variação de temperatura considerada entre uma face e outra da estrutura não seja
inferior a 5ºC.
2.7.2 AÇÕES DINÂMICAS

Quando a estrutura, pelas suas condições de uso,


está sujeita a choques ou vibrações, os respectivos
efeitos devem ser considerados na determinação das
solicitações e a possibilidade de fadiga deve ser
considerada no dimensionamento dos elementos
estruturais de acordo com o indicado na NBR
6118:2003.

2.7.3 AÇÕES EXCEPCIONAIS

No projeto de estruturas sujeitas a situações


excepcionais de carregamento, cujos efeitos não
possam ser controlados por outros meios, devem ser
consideradas ações excepcionais com os valores
definidos, em cada caso particular, por normas
brasileiras específicas.

2.7.4 RETRAÇÃO

O valor da retração do concreto depende de


fatores como: umidade relativa do ambiente,
consistência do concreto quando do lançamento e
espessura fictícia do elemento. A NBR 6118:2003
estabelece que para as peças de concreto armado nos
casos correntes a deformação específica pode ser
suposta igual a -15 x 10-5.

2.7.5 FLUÊNCIA

A fluência ou deformação lenta ocorre quando há


ações de longa duração atuando na estrutura.
No caso de pilares esbeltos ( > 90), sua
consideração é obrigatória, podendo ser feita pelo
método da excentricidade equivalente, admitindo-se que
todos os carregamentos são de curta duração e
introduzindo-se uma excentricidade suplementar de
primeira ordem.

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