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Técnicas de

Pesquisa em
Economia
Técnicas de Pesquisa
em Economia

Leuter Duarte Cardoso Jr.


Carlos Eduardo Boni
Alexander Luis Montini
© 2015 por Editora e Distribuidora Educacional S.A

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ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico,
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Cardoso Junior, Leuter Duarte


C268t Técnicas de pesquisa em economia / Leuter Duarte
Cardoso Junior, Carlos Eduardo Boni, Alexander Luis
Montini. – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional
S. A., 2015.
184 p. : il.

ISBN 978-85-8482-195-2

 1. Pesquisa econômica. 2. Economia – Metodologia.


3. Redação técnica. I. Boni, Carlos Eduardo. II. Montini,
Alexander Luis. III. Título.

CDD 330.072

2015
Editora e Distribuidora Educacional S. A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041 ‑100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Sumário

Unidade 1 | Métodos de pesquisa em ciências sociais 7

Seção 1 - Métodos e Técnicas para Pesquisa 11


1.1 | Investigação Econômica e Ciência Econômica 11
1.1.1 | Tipos de conhecimento 12
1.2 | Formas de estudos: empíricos, teóricos e históricos 13
1.2.1 | Estudos teóricos 13
1.2.2 | Estudos empíricos 14
1.2.3 | Estudos históricos 18
1.3 | Conceito de pesquisa 18
1.4 | Tipos de Pesquisa 19
1.5 | Métodos da pesquisa 26
1.5.1 | Tipos de métodos 27
1.6 | Campos da pesquisa econômica 29

Seção 2 - Técnicas e Procedimentos 33


2.1 | Técnicas e procedimentos para desenvolvimento das pesquisas científicas 33
2.1.1 | Escolha do tema da pesquisa 33
2.1.2 | Elaboração do problema de pesquisa 34
2.1.3 | Construção de hipóteses, justificativa e objetivos 35
2.2 | Elaboração da pesquisa 37
2.2.1 | Plano do projeto de pesquisa 37
2.2.2 | Plano da pesquisa científica 38
2.2.3 | Redação da pesquisa científica 39
2.3 | Normas e estilos para redação 42
2.3.1 | Objetividade 42
2.3.2 | Impessoalidade 42
2.3.3 | Estilo da escrita 42
2.3.4 | Clareza e concisão 43
2.4 | Formas de Leitura 43
2.4.1 | A leitura informativa 44
2.4.2 | Registro das informações da leitura 45

Unidade 2 | O universo da pesquisa econômica 53

Seção 1 - O universo da pesquisa econômica 57


1.1 | A pesquisa científica 58
1.2 | A pesquisa econômica 59
1.3 | Pesquisa de viabilidade econômico-financeira 62
1.4 | Pesquisa em teoria econômica 63
1.5 | Pesquisa em economia do meio ambiente 65
1.5.1 | Agricultura 67
1.6 | Análise de Conjuntura 69
1.7 | Parcerias público-privadas 72
1.8 | Economia da saúde 73
1.9 | Economia do setor público 74
1.10 | Economia do turismo 75
1.11 | Economia Financeira 77
1.12 | Economia Industrial 78
1.13 | Economia Internacional 79
1.14 | Economia Monetária 80
1.15 | Economia Regional e Urbana 81
1.16 | Mercado de Trabalho 81
1.17 | Políticas Sociais 81

Unidade 3 | Projetos de pesquisa em economia 89

Seção 1 - Projetos de pesquisa nas ciências econômicas 93


1.1 | Cenário econômico contemporâneo 94
1.2 | Modelo de projeto de pesquisa 96

Seção 2 - Exemplos de projetos de pesquisa no âmbito das


ciências econômicas 101
2.1 | Pesquisa com consumidores 101
2.2 | Pesquisa para levantamento de informações sobre o mercado 112
2.3 | Pesquisa com os concorrentes 116
2.4 | Pesquisa de dados estatísticos 118
2.5 | Classificação Econômica - Critério Brasil 123

Unidade 4 | Avaliação, análise e relatório de pesquisa 135

Seção 1 - Relatório de Pesquisa 139


1.1 | Introdução ao relatório de pesquisa 139
1.1.1 | Estrutura do relatório de pesquisa 142
1.2 | Estilos de relatórios de pesquisa 151
1.3 | Avaliação e análise no relatório de pesquisa 153
1.3.1 | Avaliação e análise quantitativa 153
1.3.2 | Avaliação e análise qualitativa 160

Seção 2 - Análise sobre Relatórios de Pesquisa: Caso Prático 163


2.1 | Análise do caso hipotético 163
2.1.1 | Capa 163
2.1.2 | Página de rosto 164
2.1.3 | Sinopse/Resumo 164
2.1.4 | Introdução 165
2.1.5 | Revisão da bibliografia 166
2.1.6 | Metodologia 170
2.1.7 | Análise de Resultados 172
2.1.8 | Conclusões 173
2.1.9 | Bibliografia 174
Apresentação

A pesquisa é um dos temas mais importantes na vida de um cientista, e isto não


poderia ser diferente para aquele que se dedica ao estudo da Ciência Econômica.
Os economistas são por excelência pesquisadores natos, seu sucesso profissional
depende de quanto eles dominam conhecimentos do passado e presente para
poder visualizar o futuro.

Esta pesquisa cotidiana realizada através de leitura de periódicos e das


informações na mídia serve de base para informar e ampliar a curiosidade sobre
temas relevantes do mundo econômico. Por outro lado, o escopo e a abrangência
da pesquisa devem ir muito além destas leituras rápidas, que servem apenas como
pontapé inicial do processo de investigação científica.

Desta forma, além da leitura e do aprofundamento teórico de um tema


econômico que se queira conhecer em profundidade, é necessário compreender
todo o processo de formalização do estudo. Um bom pesquisador deve dominar
a arte de transmitir seus conhecimentos sobre o tema estudado nos mais diversos
formatos, sejam eles artigos científicos, monografias, teses ou relatórios de projetos
econômicos diversos. Também é necessário dominar as ferramentas de coleta de
dados e instrumentos de análise.

Neste sentido, os estudos das Técnicas de Pesquisa em Economia têm por


objetivo levar o aluno a compreender o desenvolvimento e a implementação da
pesquisa e dos relatos desta. Para contemplar estes temas, o livro está organizado
em quatro unidades.

Na Unidade 1 são abordados os aspectos fundamentais da metodologia e


técnicas de pesquisa na área de Economia. Para abordar este assunto, alguns
objetivos de aprendizagem foram estabelecidos, tais como: Estudar os princípios
da investigação nas ciências econômicas para compreender os aspectos
fundamentais da pesquisa em economia; verificar os tipos de conhecimentos
existentes e que servirão de base para as pesquisas científicas, entre outros.

Na Unidade 2 aborda-se a pesquisa econômica buscando proporcionar o


entendimento de questões pertinentes ao bom desempenho da sociedade e a
propositura de soluções eficientes, sob a ótica da economia. Desta forma, nesta unidade
apresentam-se algumas áreas onde é possível a Economia interagir com outras áreas
do conhecimento e aplicar todo o ferramental típico da análise econômica.
Na Unidade 3 estudamos como a Economia utiliza a coleta de dados como
importante instrumental para sua prática profissional. Desta forma, aborda-se a
compreensão e o processo dos conhecimentos e das técnicas de pesquisa nas
Ciências Econômicas.

Na Unidade 4 estudam-se os conteúdos e fundamentos da elaboração, avaliação


e análise de um relatório de pesquisa. Desta forma, alguns dos objetivos da unidade
são: estudar a estrutura do relatório de pesquisa por meio dos principais pesquisadores
e autores da área de metodologia e técnicas de pesquisa; compreender os estilos
dos relatórios de pesquisa a fim de entender como desenvolver um relatório que
tenha uma qualidade acadêmica e científica, entre outros.

Assim, ao final do estudo deste livro, você estará mais preparado para
compreender todo o processo de pesquisa econômica e poderá elaborar um
relatório de pesquisa em qualquer um dos formatos que se faça necessário. Desejo
a você bons estudos.
Unidade 1

MÉTODOS DE PESQUISA EM
CIÊNCIAS SOCIAIS

Leuter Duarte Cardoso Jr.

Objetivos de aprendizagem:

Esta é a primeira unidade do livro de Técnicas de Pesquisa em Economia, por


isso iremos compreender os aspectos fundamentais da metodologia e técnicas
de pesquisa na área de Economia. Para abordar este assunto, alguns objetivos
de aprendizagem foram estabelecidos, tais como:

• Estudar os princípios da investigação nas ciências econômicas para


compreender os aspectos fundamentais da pesquisa em economia.

• Verificar os tipos de conhecimentos existentes e que servirão de base para


as pesquisas científicas.

• Compreender os estudos científicos existentes e como eles poderão ser


aplicados à realidade dos estudos nas ciências econômicas.

• Fundamentar e conceituar as pesquisas científicas nas ciências sociais, bem


como na economia.

• Entender das técnicas que podem ser empregadas sobre a leitura de obras
que servirão de base para o desenvolvimento da pesquisa.

Seção 1 | Métodos e Técnicas para Pesquisa


Esta é uma seção que tem como proposta de estudo os fundamentos da
metodologia científica e das técnicas para pesquisa; assim sendo, esta é uma
seção que será a base das demais unidades e para as construções iniciais de
uma pesquisa.
U1

Seção 2 | Técnicas e Procedimentos


O conteúdo desta seção está orientado a compreender de forma prática
a elaboração do projeto de pesquisa e, consequentemente, a elaboração
da pesquisa. Além desses conteúdos, iremos estudar algumas técnicas de
leitura que servirão de base para o desenvolvimento da pesquisa.

8 Métodos de pesquisa em ciências sociais


U1

Introdução à unidade

A Unidade 1 terá como proposta central o estudo dos métodos e técnicas para
a pesquisa em economia. O economista, além de todas as suas competências
técnicas, também é um pesquisador. Por isso, entender do desenvolvimento de
trabalho científico será fundamental para um estudante de Economia, para os
economistas e também para outros indivíduos que tenham interesse sobre esta área
de conhecimento.

A pesquisa científica tem caraterísticas, normas e padrões singulares a outras


atividades desenvolvidas no meio acadêmico e até mesmo no campo profissional.
Diante desta ideia, iremos compreender todos os aspectos relevantes e práticos
para as pesquisas científicas e, com isso, capacitar o interessado neste assunto a
desenvolver pesquisas que atendam aos padrões e às normas científicas.

O desenvolvimento de pesquisas científicas é fator estratégico para o crescimento


e desenvolvimento de um país, pois um dos grandes objetivos das pesquisas é que
elas possam contribuir para a evolução econômica e social do meio ambiente onde
elas estão sendo desenvolvidas.

Podemos entender que as pesquisas científicas, além da sua relevância para a


academia, também terão uma importância ímpar para a sociedade. Na área das
ciências econômicas as pesquisas podem ser de um cunho aplicado, ou seja, com
aplicações na sociedade, e isso reforça a ideia da importância da pesquisa para o
desenvolvimento do país em algumas situações.

Métodos de pesquisa em ciências sociais 9


U1

10 Métodos de pesquisa em ciências sociais


U1

Seção 1

Métodos e Técnicas para Pesquisa


Esta é uma seção que tem por base o princípio da investigação econômica, ou seja,
como estruturar uma pesquisa científica em economia que visa ter um compromisso
em atender às normas e aos padrões que a ciência requer.

1.1 Investigação Econômica e Ciência Econômica


A pesquisa em economia pode começar pela observação de um fator e
posteriormente passa a buscar teorias na ciência econômica que podem servir de
base da pesquisa considerando o fato observado. Deste modo, vamos compreender
como funciona a lógica da pesquisa econômica.

Fatos – Teoria Econômica – Pesquisa – Resultados Esperados


(modelos e Hipótese)

Ex.: Teoria da Demanda e Oferta Hipotético –


→ Econometria
Dedutivo

Podemos compreender, por meio da figura, que a teoria será a base para
o desenvolvimento da pesquisa e para alcançar os resultados almejados pelo
pesquisador, porém esta não será a única condição para que a pesquisa seja
desenvolvida em todas as suas etapas.

Uma pesquisa irá ter seu princípio em fato observado e ele será objeto da
pesquisa; assim sendo, o autor da pesquisa irá realizar um planejamento para o
desenvolvimento do seu trabalho.

Ao observar o fator, o pesquisador se vale de seu conhecimento para entender


inicialmente dele, por isso vamos compreender os tipos de conhecimento que
podem cercar um pesquisador e uma pesquisa.

Métodos de pesquisa em ciências sociais 11


U1

1.1.1 Tipos de conhecimento

Conhecimento pode ser entendido como um entendimento intelectual sobre


um fato ou fenômeno por meio de um suporte ou domínio teórico e científico do
assunto que envolve o fato, podendo dividir-se em:

Conhecimento Popular – será entendido como o senso comum dentro de uma


sociedade de pessoas que têm interpretações e conclusões sobre um assunto ou
fato que ocorre no cotidiano; assim sendo, este é conhecimento popular, porém
não é um conhecimento com validade científica.

Conhecimento científico – é um tipo de conhecimento que foi desenvolvido por


meio de pesquisa de caráter científico e que também tenha gerado resultados que
podem ser entendidos como teorias, conceitos e fundamentos para serem aplicados
em outras investigações científicas na academia ou na sociedade em geral.

Portanto, cabe, neste momento do estudo, fazer uma reflexão sobre a ciência. Esta
pode ser classificada conforme as áreas de conhecimento e estudos. Assim sendo, temos:

• Ciências formais: estão pautadas nas ideias lógicas. Ex.: Matemática.

• Ciências Factuais: Analisam fatos, objetos, processos e outros.

• Naturais: Geologia, Biologia, Física e outras.

• Humanas e Sociais: Economia, Política, História e outras.

Classificação a partir da finalidade:

• Básicas – têm por princípio ampliar os conhecimentos das leis gerais relacionadas
à natureza.

• Aplicadas – têm por objetivo estudar fatos e fenômenos específicos (custo – benefício).

Conhecimento filosófico – está centrado no princípio da razão pura, no qual


podemos distinguir as verdades e os mitos em determinado universo de pessoas.
Logo, este é não um conhecimento que exige confirmação experimental, porém
necessita de uma coerência lógica.

Para compreender mais em relação ao conhecimento científico, acesse o


link: Disponível em: <http://www.infoescola.com/filosofia/conhecimento-
cientifico-e-cotidiano/>. Acesso em: 13 mar. 2015.

12 Métodos de pesquisa em ciências sociais


U1

Conhecimento religioso – é caracterizado pelo fato de que toda a verdade está


nos livros divinos e, por isso, é indiscutível tal aceitação.

Conhecimentos técnicos – estão relacionados a trabalhos de cunho técnico e


profissional, assim sendo, estuda-se como realizar uma tarefa e quais serão os meios
utilizados para executá-la.

1.2 Formas de estudos: empíricos, teóricos e históricos


Com o estudo dos tipos de conhecimentos podemos pensar nos tipos de
estudos que podem ser desenvolvidos com base nos conhecimentos existentes.
O nosso objetivo central estará sempre em questões científicas, por esta razão o
conhecimento científico será o foco de grande parte dos nossos estudos.

Estudos Empíricos →→ Estudos Teóricos →→ Estudos Históricos

1.2.1 Estudos teóricos

Têm por objetivo formular modelos apoiando-se na teoria já constituída e, com


isso, gerar novos conhecimentos que podem ser aplicados em pesquisas científicas
que buscam desmistificar um fato ou descrever uma determinada realidade pautada
em teorias que podem servir de base para a compreensão dele.

Etapas:

1. Definição do problema: estas serão as questões que serão tratadas dentro


de uma pesquisa, uma vez que toda pesquisa científica está fundamentada em uma
questão-problema ou em um problema de pesquisa.

2. Formulação de tentativa de explicação, por meio de hipóteses: as hipóteses


são criadas para criar suposições, assim sendo, toda hipótese está em formato de
afirmação.

3. Teste das hipóteses: ao final do trabalho, o pesquisador irá aceitar ou rejeitar


esta hipótese considerando os resultados da pesquisa.

4. Avaliação dos resultados: os resultados serão as conclusões alcançadas


para responder às questões ou problemas da pesquisa, bem como verificar se as
hipóteses podem ser aceitas ou não. Cabe ressaltar que em uma pesquisa científica
ainda há outros elementos a se considerar, por isso iremos estudá-los no decorrer
desta unidade de estudos.

Métodos de pesquisa em ciências sociais 13


U1

1.2.2 Estudos empíricos

Na ciência, o empírico pode ser entendido como um tipo de evidência que


busca a evidência inicial para comprovar alguns métodos científicos. O princípio
da pesquisa está na observação e logo depois segue a condução com o método
científico. No meio científico, muitas pesquisas são desenvolvidas inicialmente por
meio da observação e da experiência.

Quais pesquisas na Economia poderiam ser desenvolvidas


com base no empirismo da ciência?

Os estudos empíricos podem ter um caráter quantitativo ou qualitativo para o


desenvolvimento da pesquisa. Deste modo, vamos compreender estes tipos de
caráter para analisar como uma pesquisa se fundamenta pelos aspectos qualitativos
e quantitativos.

a) Estudos Quantitativos

Para Oliveira (2002), a abordagem qualitativa e a abordagem quantitativa são dois


métodos de estudos distintos quando se considera a abordagem do problema da
pesquisa científica, logo podemos entender que é a natureza do problema que irá
conduzir para definição e escolha do método. Deste modo, o método quantitativo
irá consistir em quantificar dados e opiniões, por isso há o emprego de técnicas de
estatística para melhor compreender as informações que foram coletadas e, assim,
ter condições suficientes para realizar interpretações e chegar a conclusões.

Sob esta ideia, Martins e Theophilo (2012) determinam que durante o processo
de elaboração de um trabalho científico, o pesquisador, dependendo da natureza
das informações, dos dados e das evidências levantadas, poderá desenvolver uma
avaliação quantitativa, ou seja:

• Sumarizar

• Caracterizar

• Interpretar

Estas ações serão empregadas sobre os dados coletados em um universo que o


pesquisador definiu como fonte de coleta dos seus dados.

14 Métodos de pesquisa em ciências sociais


U1

Podemos notar que a pesquisa quantitativa está baseada em tratamentos


matemáticos e estatísticos, por isso podemos nos valer da ideia de Apollinário
(2012), uma vez que ele diz: em pesquisas quantitativas, a estatística é usada para
duas finalidades básicas: descrever dados e testar hipóteses. Deste modo, quando o
objetivo for descrever os dados, a estatística descritiva será um meio suficiente para
tratamento dos dados. Porém, caso a proposta da pesquisa seja testar hipótese, a
estatística inferencial é mais adequada.

Ainda precisamos conhecer como é a distribuição e o comportamento dos dados


que foram coletados para sabermos se será preciso utilizar estatísticas paramétricas
ou não paramétricas no tratamento dos dados na pesquisa. Deste modo, vamos
conhecer um pouco destas técnicas:

Estatística descritiva: é uma representação dos dados que tem por objetivo
descrever, resumir, totalizar e apresentar os dados por meio de gráficos, tabelas ou
figuras. Dentro da estatística descritiva temos as seguintes técnicas:

• Distribuição de frequência

• Medidas de tendência central

• Medidas de dispersão

• Correlações

• Representações gráficas

São realizadas quando se conhece o problema específico, e para tanto há um


modelo ou teoria que tenha a capacidade de explicá-lo, com isso o objetivo é confrontar
dados para que se possa entender a realidade dos fatos. Este tipo de pesquisa, em
suma, ocorre por meio de regressões (correlações) entre variáveis econômicas.

Vamos analisar um exemplo de pesquisa quantitativa em Economia para


observar de forma breve como se utilizar de algumas técnicas estatísticas para o
desenvolvimento de um trabalho científico.

EFEITO DA SUBVENÇÃO AO PRÊMIO DE OPÇÃO DE VENDA SOBRE A


RECEITA DOS PRODUTORES DE MILHO NO ESTADO DE SÃO PAULO.

SAMIRA AOUN. INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA, SÃO PAULO - SP - BRASIL.

O objetivo deste trabalho é fazer uma análise de risco de mercado dos


produtores de milho do Estado de São Paulo. Procurou-se quantificar o efeito

Métodos de pesquisa em ciências sociais 15


U1

da subvenção ao prêmio de contratos de opção sobre futuros na receita


dos produtores. Utilizou-se dados do Instituto de Economia Agrícola de São
Paulo, metodologia de simulação de Monte Carlo e análise estatística de
dados de preços e produtividade das regiões de Assis, Itapeva e São João
da Boa Vista, do período de 2003 a 2012. Os resultados mostram que o
uso de contratos de opção de vendas para gerenciamento de risco pelos
produtores de milho no Estado de São Paulo pode reduzir o desvio padrão
da receita bruta por hectare em até 24%. Nas situações em que as oscilações
de produtividade não forem o fator de risco maior do que o dos preços
recebidos, esta modalidade de hedge daria proteção efetiva contra os riscos
de mercado.

Palavras-chave: Riscos de preços. Mercado futuro de opções. Hedge.

1. Uma pesquisa que tem aspectos quantitativos nas ciências


sociais. Assim sendo, podemos entender que a pesquisa que
tem este caráter para o seu desenvolvimento, interpretações e
conclusões:

a) Está baseada exclusivamente em interpretações de gráficos


e tabelas.
b) É utilizado tratamento matemático e estatístico para
encontrar resultados e interpretações.
c) É uma análise que busca apenas a interpretação de dados
numéricos.
d) É o desenvolvimento de modelos teóricos com base nas
referências bibliográficas.

b) Estudos Qualitativos

Busca-se estudar de forma descritiva e qualitativa um tema em específico com


uma maior profundidade para entender como é a realidade econômica. Todavia, há
teorias explicativas para o fenômeno estudado.

16 Métodos de pesquisa em ciências sociais


U1

Neste tipo de estudo a análise de conteúdo pode ser uma maneira de compreender
de forma qualitativa os dados levantados e, com isso, ter condições de responder
questões de pesquisa, alcançar objetivos e resultados.

Para Apollinário (2012), o procedimento de análise de conteúdo tem por função


básica a busca de um significado sobre materiais textuais, tais como:

I. Artigos científicos

II. Monografias

III. Trabalho de conclusão de curso

IV. Documentos técnicos

V. Transcrição de entrevistas

Quando estamos pensando em análise de conteúdo por meio de entrevista, que


é uma técnica muito utilizada em estudos de casos ou até mesmo em pesquisas de
campo, Delgado e Guimarães (1994) sugerem que se tomem alguns passos para
realização desta análise (APOLLINÁRIO, 2012, p. 165):

a) Organiza-se o texto destacando e numerando cada fala do(s)


sujeito(s). Cada uma dessas falas recebe a designação “unidade de
registro”;
b) As unidades de registro devem ser analisadas e classificadas de
acordo com o seu conteúdo e o resultado é denominado “unidade de
contexto”. Esse processo recebe o nome de “codificação dos dados”;
c) A terceira etapa do processo consiste na categorização das unidades
de registros, de acordo com uma análise semântica;
d) Mapeando-se as inter-relações entre as diversas categorias, podem
ser obtidos esquemas que revelam a articulação que servirá de base à
interpretação teórica material;
e) Finalmente, procede-se à interpretação dos esquemas, comparando-
os com os referenciais teóricos desejados ou mesmo produzindo-se
uma nova teoria a partir dos esquemas obtidos.

Uma forma diferente em relação à anterior é proposta por Mayring (2002) para
análise de conteúdo. Este autor definiu algumas etapas para análise (APOLLINÁRIO,
2012, p. 165):

Métodos de pesquisa em ciências sociais 17


U1

a) Definição do material: selecionam-se as entrevistas ou


partes delas que tenham relação e sejam especialmente
relevantes para a solução de um problema de pesquisa;
b) Procede-se, então, a uma avaliação da situação de coleta
de dados, incluindo-se as informações acerca de como o
material foi obtido, quem participou da coleta, como foi
realizado o registro do material etc.;
c) Tomando por base determinado referencial teórico, o
pesquisador deve refletir sobre que direcionamento a análise
dos dados tomará, prestando especial atenção para não entrar
em conflito com a formulação original do seu problema de
pesquisa;
d) Utilizando uma técnica analítica de sua escolha, o
pesquisador procede à categorização dos dados em “unidades
analíticas”, que são finalmente interpretadas tendo em vista o
problema de pesquisa e o seu referencial teórico.
(APOLLINÁRIO, 2012, p. 165).

Vamos ler o conteúdo para aprofundar sobre o nosso conteúdo, assim


sendo, vamos acessar o link:
Disponível em: <http://danielcoronel.com.br/wp-content/uploads/2013/09/
METODOS-QUANTITATIVOS-E-QUALITATIVOS-EM-PESQUISA_UMA-
ABORDAGEM-INTRODUTORIA.pdf>. Acesso em: 13 mar. 2015.

1.2.3 Estudos históricos

Este tipo de pesquisa ou estudo poderá estar submetido à análise teórica e/ou
empírica dos fatos e fenômenos econômicos. Sendo assim, o pesquisador irá coletar
dados e informações ao longo da pesquisa para desenvolver suas observações
e chegar às conclusões que deseja. Todavia, os estudos históricos podem ficar
pautados apenas no relato de dados e informações.

1.3 Conceito de pesquisa


A pesquisa pode ser entendida como um conjunto de procedimentos sistemáticos,
baseados no raciocínio lógico, que tem por objetivo encontrar soluções para problemas
propostos, mediante utilização de métodos científicos (ANDRADE, 2006; p. 121).

18 Métodos de pesquisa em ciências sociais


U1

a) Requisitos para uma pesquisa

Uma pesquisa requer algumas condições que serão aportes para o


desenvolvimento de um trabalho que possa atender aos padrões científicos e, com
isso, ser um trabalho produtivo. Os requisitos de uma pesquisa normalmente são:

• Qualificação do pesquisador;

• conhecimento do assunto;

• criatividade, perseverança;

• sensibilidade social;

• confiança na experiência;

• recursos humanos e financeiros.

b) Finalidade da pesquisa

Toda pesquisa tem uma finalidade, ou seja, o pesquisador busca alcançar um


resultado com o objeto de estudo que está sendo estudado. Deste modo, podemos
ter alguns tipos de pesquisa quanto à sua finalidade:

I. Pesquisa pura ou fundamental – está sob o escopo do profundo


conhecimento intelectual, isto é, são estudos destinados para o conhecimento do
pesquisador ou para avanços na ciência.

II. Pesquisa Aplicada – está pautada em questões de ordem prática, logo, o


objetivo é atender a problemas socioeconômicos.

Como as pesquisas na economia podem se enquadrar na


pesquisa econômica?

1.4 Tipos de Pesquisa


• Quanto à natureza, uma pesquisa pode se constituir de duas formas:

a) Trabalho científico original: este é um tipo de trabalho que tem as seguintes


características:

Métodos de pesquisa em ciências sociais 19


U1

• Realização inédita.

• Estudada por cientistas e especialistas.

b) Resumo do assunto: esta é a pesquisa que deriva de outra, por esta razão as
características principais são:

• Não tem por princípio a originalidade.

• Fundamentada em outros trabalhos específicos da área.

• Tem como objetivo: analisar e interpretar fatos e ideias.

• Quanto aos objetivos, a pesquisa será desenvolvida conforme a sua essência e as


interpretações e os resultados que pretende alcançar. Logo, temos os seguintes tipos
de pesquisa:

a) Pesquisa exploratória

A proposta da pesquisa exploratória é fazer com que o pesquisador tenha maior


intimidade com o tema pesquisado, já que este supostamente tenha sido pouco
estudado e explorado. Sendo assim, cabe ao pesquisador estabelecer as hipóteses e
tornar o tema mais conhecido.

Esse tipo de estudo exploratório visa que o pesquisador obtenha um conhecimento


maior sobre o tema ou problema de pesquisa. Por essa particularidade, a pesquisa
exploratória é adequada para os primeiros passos da investigação, quando o
pesquisador ainda não tem tanta clareza e a compreensão sobre o assunto.

Em grande parte das pesquisas exploratórias podemos observar as seguintes


modalidades:

1. Levantamento bibliográfico.

2. Entrevistas com sujeitos conhecedores do problema a ser pesquisado.

3. Análise de exemplos que estimulem a compreensão.

Ainda, é possível dizer que, por ser uma pesquisa peculiar, ela adota um formato de
estudo de caso, colocando em destaque a pesquisa bibliográfica e as entrevistas com
sujeitos que conhecem a respeito do problema pesquisado. A seguir veremos um
exemplo prático que poderá nos ajudar a compreender esse tipo de pesquisa:

20 Métodos de pesquisa em ciências sociais


U1

Um determinado pesquisador tem como objetivo buscar qual o motivo de um


produto ter tido queda no mercado. Para alcançar o seu objetivo é necessário que o
pesquisador aprofunde suas investigações e encontre as reais causas da ocorrência de
tal fenômeno. Sendo assim, o pesquisador deverá procurar pessoas que frequentam
esse mercado para que, através de especulações, procure entender quais são os reais
motivos da queda.

Dentro da pesquisa exploratória podemos destacar os dados primários qualitativos


e os dados secundários. Os dados primários qualitativos de uma pesquisa têm por
objetivo a obtenção de informações sobre um determinado assunto, ou seja, são os
elementos que não estão disponíveis e precisam ser coletados, como: a opinião de
um consumidor sobre um novo produto ou serviço.

Para que a obtenção de dados seja possível, é necessário que sejam realizadas
observações, levantamentos com entrevistas, pesquisas qualitativas e experimentos.
Após a coleta das informações, todos os dados deverão ser analisados e nenhum
deles deverá ser deixado de lado, com o intuito de obter resultados mais precisos.

Já os dados secundários são aqueles que já existem e são utilizados para que
possam ajudar na delimitação de oportunidades e na tomada de decisão. Ainda, é
importante delimitar que esse tipo de dados pode ser interno ou externo. Para que sua
compreensão fique mais clara, segue um exemplo:

Internos: uma empresa de tênis que teve um feedback positivo após veicular na
mídia propaganda sobre o novo produto.

Externos: podemos citar como principais exemplos de dados secundários


externosdocumentos ligados a pesquisas, como a do Ibope, censos, entre outros
relacionados aos departamentos do governo.

Deste modo, a pesquisa exploratória tem como finalidade:

• Buscar maiores informações sobre o tema.

• Delimitação do tema.

• Formulação de hipóteses.

• Avaliação de resultados.

b) Pesquisa descritiva

Métodos de pesquisa em ciências sociais 21


U1

Nessa seção iremos apresentar para você a pesquisa descritiva e como ela pode
ser usada. Para isso, serão apresentados alguns exemplos de uso, bem como algumas
definições importantes sobre esse tipo de estudo. Ainda, será salientada uma sutil
diferença entre a pesquisa descritiva e a pesquisa exploratória. Então, mãos à obra!

Para elucidar e facilitar sua compreensão a respeito da pesquisa descritiva,


segue um exemplo:

Uma determinada empresa de roupas da cidade de Cianorte gostaria de saber qual


o perfil de seu público-alvo: qual a idade, o nível social (renda mensal), a escolaridade,
o que esse frequente comprador costuma ver e ouvir na televisão e no rádio. Essa
empresa tem como intuito principal definir qual o melhor tipo de propaganda a se
fazer para o público em questão.

Diante do exemplo que foi dado acima, podemos concluir que a pesquisa descritiva
tem como fundamento principal delimitar as particularidades de um determinado
grupo de pessoas, fatos ou uma experiência. Aproveitando o exemplo utilizado acima,
a empresa de roupas de Cianorte optou em classificar o seu grupo pesquisado a partir
de características como idade, nível social, escolaridade e opções de mídia.

O pesquisador desse tipo de pesquisa deve ter bem claro o que deseja pesquisar,
por isso, para utilização desse tipo de estudo é importante que se tenha em mãos uma
série de informações que serão necessárias para desenvolver a pesquisa.

Ainda dentro da pesquisa descritiva podemos destacar alguns tipos:

1. Análise documental

2. Estudos de caso

3. Estudos de campo

Ainda na pesquisa descritiva, o pesquisador deverá tomar algumas ações em


relação aos dados coletados para que possa conduzir seu estudo. Dessa forma, os
dados deverão ser:

• observados;

• registrados;

• analisados;

• interpretados.

22 Métodos de pesquisa em ciências sociais


U1

Um exemplo prático sobre uma pesquisa descritiva pode ser observado no resumo
do trabalho que está exposto a seguir:

AVALIAÇÃO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL NO CONTEXTO DO


MERCOSUL - 1993 A 2012

ANA CÉLIA BORGES BARCELOS; MARIA DA PIEDADE ARAÚJO. UNIOESTE,


CASCAVEL - PR - BRASIL.

Palavras-chave: Mercosul. Índice de Intensidade de Comércio. Índice de


Concentração de Destino.

O principal objetivo desde trabalho foi avaliar, por meio dos Índices de
Intensidade de Comércio e Concentração de Destino, se a formação do
Mercosul contribuiu para o fortalecimento da integração e das relações
comerciais entre os países membros. Foram analisados os principais indicadores
econômicos, além da construção de um ranking a fim de avaliar o destino das
exportações e a origem das importações dos países membros do Mercosul,
no período de 1993 a 2012. Os índices demonstraram principalmente que as
exportações paraguaias são consideravelmente concentradas no Mercosul.
Apesar de o Paraguai ter vivenciado um crescimento do índice de Intensidade
do Comércio até o ano de 2003, se observou queda abrupta a partir de então,
ficando este indicador um pouco acima dos demais parceiros até o ano de
2012. Em contrapartida, a concentração brasileira é relativamente insignificante.
Foi possível verificar também que os principais parceiros comerciais dos países
membros do bloco não são eles mesmos; ao longo do tempo os quatro
países diversificaram cada vez mais suas relações comerciais. Os indicadores e
os índices não sofreram variações consideráveis em decorrência da formação
do bloco. Pelo exposto, se pode inferir que o Mercosul não gerou ganhos
significativos aos países membros no período analisado. Observou-se que as
relações comerciais e a integração não se fortaleceram, podendo indicar falta
de sinergia entre os interesses dos países membros.

c) Pesquisa Explicativa

Esta é uma pesquisa de caráter mais investigativo, pois, além de analisar e registrar

Métodos de pesquisa em ciências sociais 23


U1

os fatos, o estudo busca identificar as causas, assim utiliza-se a manipulação e o


controle de dados. Podemos compreender que a pesquisa explicativa tem por objetivo
aprofundar um determinado tipo de conhecimento ou a realidade sobre um fato ou
fenômeno.

Para Andrade (2006, p. 125), “a maior parte das pesquisas explicativas utiliza o método
experimental, como nas ciências sociais. O que caracteriza a pesquisa experimental
é a manipulação e o controle de variáveis, com o objetivo de identificar qual a variável
independente que determina a causa da variável dependente ou do fenômeno em estudo”.

1. Para os aspectos metodológicos, uma pesquisa pode ser


definida em relação ao seu objetivo. Deste modo, quando uma
pesquisa tem por objetivo buscar conhecimento sobre fatos
e fenômenos ainda desconhecidos pela sociedade, podemos
entender que esta é uma pesquisa:

a) Exploratória
b) Explicativa
c) Descritiva
d) Pura

• Quanto aos procedimentos da pesquisa: isto é, as formas pelas quais podemos


obter dados e obter resultados para realizar as devidas interpretações. Logo, os tipos
de pesquisa que temos em função dos procedimentos são:

d) Pesquisa bibliográfica

Tem como objetivo central explicitar e construir hipóteses em torno do problema


identificado para tratamento em uma pesquisa científica. Para coleta de dados utiliza-se:

• Livros.

• Publicações em periódicos.

24 Métodos de pesquisa em ciências sociais


U1

• Artigos científicos.

e) Pesquisa de campo

É uma pesquisa que consiste na coleta de dados para identificar a realidade de um


local ou região. Com isso a pesquisa abrange:

• Pesquisa bibliográfica.

• Coleta de dados e determinação da amostra.

• Registro e análise de dados.

Tipos de pesquisa de campo:

• Quantitativa descritiva

• Exploratória

f) Estudo de Caso

Este tipo de estudo tem por princípio estudar um objeto específico para que se
possa chegar a um resultado consistente. E, com o resultado, compreender os fatos
que são relevantes para a pesquisa.

Seguindo a compreensão de um estudo de caso, Yin (2001, p. 44) descreve que


“um estudo de caso pode ser um evento que é menos definido do que um único
indivíduo”. Por conseguinte, este autor diz que: “Já se realizaram estudos de caso
sobre decisões, sobre programas de vários tipos, sobre o processo de implantação de
alguma coisa em alguma empresa ou entidade e sobre uma mudança organizacional”.

Uma pesquisa que busca levantar informações junto a clientes


de um banco pode ser entendida como um estudo de caso?

Métodos de pesquisa em ciências sociais 25


U1

g) Pesquisa Ex-Post-Facto

Esta pesquisa destina-se para o estudo de fatos ou fenômenos que irão ocorrer, ou
seja, é uma pesquisa que busca analisar fatos futuros e seus impactos sobre a realidade
econômica e social do universo de pesquisa.

h) Pesquisa participante

Esta é uma pesquisa em que o pesquisador tem um envolvimento com os sujeitos


onde a pesquisa está sendo desenvolvida. Deste modo, podemos entender que o
pesquisador está inserido no meio ambiente da pesquisa.

Todavia, não devemos entender que este pesquisador poderá influenciar na


coleta de dados ou nas interpretações, pois ele é apenas um mero observador do seu
universo de pesquisa, embora tenha relação com os sujeitos.

i) Pesquisa Ação

Este é um tipo de pesquisa em que o pesquisador faz parte do meio ambiente


investigado, por isso ele poderá gerar dados e informações que possam influenciar
diretamente na coleta e interpretações na pesquisa. Por exemplo, suponha que um
pesquisador tenha o interesse de investigar as melhores práticas para gestão de custos
em uma indústria, onde ele é gerente financeiro, assim sendo, o pesquisador é uma
parte integrante do universo da pesquisa.

j) Pesquisa Etnográfica

Esta é uma pesquisa que está orientada a levantar características sobre a população
de uma determinada região a fim de compreender sua evolução e desenvolvimento
para um período de tempo, por exemplo.

1.5 Métodos da pesquisa


O método de pesquisa é entendido como as formas e atividades sistemáticas
pelas quais uma pesquisa é desenvolvida. Deste modo, “o método é o conjunto de
atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite
alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros -, traçando o caminho a ser
seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista” (MARCONI; LAKATOS,
2003, p. 83).

26 Métodos de pesquisa em ciências sociais


U1

Ainda podemos entender que “o método científico aproveita a observação, a


descrição, a comparação, a análise e a síntese, além dos processos mentais da dedução
e da indução, comuns a todo tipo de investigação, quer experimental, quer racional.
Em suma, método científico é a lógica geral, tática ou explicitamente empregada para
apreciar os méritos de uma pesquisa”. (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2009).

1.5.1 Tipos de métodos

Com a compreensão do que vem a ser método em pesquisas científicas,


podemos seguir com nosso estudo para compreender os tipos de métodos que
podem existir em âmbito metodológico científico:

Método indutivo: este é um método que tem a proposta de realizar induções


experimentais para poder determinar uma lei geral sobre casos e/ou fenômenos
observados em um determinado universo. Muitas das pesquisas em Economia
utilizaram deste método em séculos para determinar leis e modelos.

Para o desenvolvimento deste modo são necessários alguns procedimentos


durante a pesquisa, tais como:

I. Análise sistêmica dos casos e fenômenos.

II. Geração de classificações por meio da análise das relações investigadas.

III. Elaboração de hipóteses em função das relações observadas.

IV. Testar e verificar as hipóteses por meio de testes e/ou experimentos que
possam ser viáveis na pesquisa.

V. Com o resultado dos experimentos, elaborar generalizações para que


possam servir de base para explicação de outros fenômenos.

VI. Aceitar ou rejeitar as hipóteses para confirmar se as leis gerais podem ser
aplicadas aos casos observados.

Método dedutivo: o método dedutivo tem seu princípio nas teorias e leis já
validadas cientificamente, uma vez que sua proposta é verificar casos e fenômenos
em determinado universo por meio dessas teorias e leis. Deste modo, todas as
premissas para o desenvolvimento da pesquisa estarão baseadas nestas leis e teorias,
que poderão gerar informações e conclusões para o pesquisador, que irá interpretá-
las para determinar o seu conjunto de resultados e conclusões.

Métodos de pesquisa em ciências sociais 27


U1

Método hipotético dedutivo: está baseado na elaboração de hipóteses,


submetidas a testes, ou seja, o teste-hipótese é a forma metodológica pela qual a
pesquisa tem sua origem e desenvolvimento. Karl Popper (apud FERREIRA, 1998)
define etapas para esta forma metodológica:

• Utilizar como referência expectativas e teorias existentes.

• Criar problemas com base nas questões teóricas e empíricas.

• As deduções deverão estar sujeitas a testes de hipóteses.

• Realizar testes de falseamento sobre as hipóteses.

• Analisar a confirmação das hipóteses em função dos problemas formulados.

A operacionalização desse método pode ser da seguinte forma, considerando os


fundamentos do método hipotético dedutivo (SOUZA apud LAKATOS; MARCONI,
p. 80):

a) formulação das hipóteses, a partir de um fato-problema;

b) inferência das consequências preditivas, das hipóteses;

c) teste das consequências preditivas, através da experimentação, a fim de


confirmar ou refutar as hipóteses.

Método dialético: se desenvolve pela interpretação dinâmica e totalizante da


realidade. Além disso, o método dialético tem por missão penetrar no universo dos
fenômenos considerando uma ação recíproca e da contradição. Karl Marx é um
autor que contribui de forma significativa para este método, uma vez que utilizou da
prerrogativa do método dialético para investigar a vida social dos indivíduos.

Podemos entender que a dialética marxista tem como proposta apresentar


como se constitui o empírico, o concreto, tendo como ponto de partida alguns
pressupostos dados, conforme Lakatos e Marconi (2000, p. 83) apud Diniz e Silva
(2008):

• ação recíproca, unidade polar ou tudo se relaciona;

• mudança dialética, negação da negação ou tudo se transforma;

• passagem da quantidade à qualidade ou mudança qualitativa;

• interpenetração dos contrários, contradição ou luta dos contrários.

28 Métodos de pesquisa em ciências sociais


U1

1.6 Campos da pesquisa econômica


Os estudos da economia podem ser dos mais diversos possíveis, uma vez que a
economia está correlacionada com diversas áreas de estudos e, por isso, as pesquisas
em economia poderão estar em diversos campos. Porém, Gil (1990) define alguns
para pesquisas em economia:

Economia em geral: Este campo abrange as pesquisas que tratam dos aspectos
mais gerais da Economia. Inserem-se aqui as pesquisas sobre teoria econômica,
sistemas econômicos, história do pensamento econômico etc.

a) Desenvolvimento econômico: Constituem pesquisas deste grupo aquelas que


se referem ao crescimento e desenvolvimento econômico, bem como as teorias e
políticas de planejamento.

b) Economias monetárias: As pesquisas deste grupo referem-se a temas como:

• Moeda.

• Bancos.

• Finanças públicas.

• Políticas fiscais.

• Políticas monetárias.

c) Economia internacional: Pertencem a este grupo as pesquisas referentes a temas como:

• Comércio internacional.

• Balança de pagamento.

• Finanças internacionais.

• Investimentos internacionais.

• Ajudas externas.

• Dívida externa etc.

d) Economia agrícola: As pesquisas deste grupo envolvem, entre outros, os temas

Métodos de pesquisa em ciências sociais 29


U1

referentes à produção agropecuária, mercados, estrutura fundiária etc.

e) Economia de empresas: As pesquisas deste grupo tratam dos mais diversos


aspectos da vida econômica das empresas, tais como:

• Finanças.

• Investimentos.

• Orçamento e comercialização.

f) Demografia econômica: Este campo é bastante vasto, posto que envolve, além
dos temas essencialmente demográficos, também aqueles referentes aos aspectos
econômicos da saúde e nutrição.

g) Economia do Trabalho: Neste grupo inserem-se as pesquisas sobre mão de


obra, emprego, força de trabalho, mercado de trabalho, ação sindical etc.

h) Economia regional e urbana: Este grupo envolve grande número de pesquisas


sobre temas diversos, mas que evidenciam sua relação com um universo urbano ou
regional.

i) Economia industrial: As pesquisas deste grupo envolvem as múltiplas relações


entre economia e indústria, tais como:

• Organização mundial.

• Mudanças tecnológicas.

• Capacidade de produção.

• Fatores de produção etc.

Nesta seção de estudo, nosso objetivo foi estudar os fundamentos metodológicos


da pesquisa científica em Economia de forma prática. Assim sendo, podemos destacar
que nosso estudo apresentou os seguintes conceitos e fundamentos:

30 Métodos de pesquisa em ciências sociais


U1

Introdução à Investigação Econômica e Ciência Econômica

Tipos de conhecimento:

• Conhecimento popular.

• Conhecimento científico.

• Conhecimento filosófico.

• Conhecimento religioso.

• Conhecimentos técnicos.

Formas de estudos:

• Empíricos: Estudos quantitativos e qualitativos.

• Teóricos.

• Históricos.

Conceito de Pesquisa

Tipos de Pesquisa

Quanto à natureza:

• Trabalho científico.

• Resumo do assunto.

Quanto aos objetivos:

• Pesquisa exploratória.

• Pesquisa descritiva.

Quanto aos procedimentos da pesquisa:

• Pesquisa bibliográfica.

• Pesquisa de campo.

Métodos de pesquisa em ciências sociais 31


U1

• Estudo de caso.

• Pesquisa Ex-Post-Facto.

• Pesquisa participante.

• Pesquisa ação.

• Pesquisa etnográfica.

Tipos de métodos

• Método indutivo.

• Método dedutivo.

• Método hipotético dedutivo.

• Método dialético.

Campos da pesquisa econômica

• Economia em geral.

• Desenvolvimento econômico.

• Economias monetárias.

• Economia internacional.

• Economia agrícola.

• Economia de empresas.

• Demografia econômica.

• Economia do trabalho.

• Economia regional e urbana.

• Economia industrial.

32 Métodos de pesquisa em ciências sociais


U1

Seção 2

Técnicas e Procedimentos
A seção II terá como proposta de estudos a compreensão das técnicas e
procedimentos que devem ser realizados no desenvolvimento do trabalho científico.
A preocupação maior estará em compreender o plano de trabalho do projeto de uma
pesquisa e também da estrutura da pesquisa em si.

2.1 Técnicas e procedimentos para desenvolvimento das pesquisas


científicas

2.1.1 Escolha do tema da pesquisa

A escolha pode ser uma tarefa complexa para estudantes que, ao chegarem ao
final de um curso de graduação, necessitam desenvolver um trabalho de curso ou
uma monografia como requisito parcial para obtenção do título. Em outras situações
a escolha poderá ser uma atividade complexa, porém iremos expor alguns fatores
que podem auxiliar no processo de escolha:

• Experiência: esta é a bagagem conceitual e prática do pesquisador sobre


o assunto, assim sendo, deve-se escolher um tema no qual o pesquisador tem um
conhecimento prévio do assunto.

• Dedução da teoria: verificar quais teorias poderão estar envolvidas na


pesquisa e, com isso, a pesquisa deverá analisar seu domínio sobre estas teorias.

• Leitura informativa: esta é uma tarefa para que o pesquisador tenha


conhecimentos prévios sobre um assunto que deseja estudar e, assim, analisar se
tem condições e habilidade para desenvolver a pesquisa.

Dicas para escolha do tema:

1. Optar por uma disciplina de estudo.

Métodos de pesquisa em ciências sociais 33


U1

2. Definir um problema que será objeto de estudo – todo o tema deve ser
problematizado, com isso, ao desenvolver o trabalho, o autor irá realizar uma vasta
reflexão para que possa solucionar e responder às questões e hipóteses.

3. Selecionar um tema pouco estudado.

4. Examinar as fontes históricas ou empíricas.

Para auxiliar ainda na escolha de temas para monografias ou outros trabalhos,


vamos acessar o link: Disponível em: <http://noticias.universia.com.br/vida-
universitaria/noticia/2013/12/12/1069455/5-dicas-vo-ajuda-escolher-tema-
do-tcc.html>. Acesso em: 13 mar. 2015.

2.1.2 Elaboração do problema de pesquisa

Com o entendimento dos processos e fatores que um pesquisador deverá ter


para escolher o tema da pesquisa, vamos passar para o próximo passo, que é a
construção do trabalho científico com base do tema (objeto). Primeiro passo para
definir problema de pesquisa será:

• Consultar a bibliografia básica sobre o assunto.

• Analisar dados e informações (dinâmicos e estáticos).

• Observar e estudar pesquisadores, cientistas, autores e outros que possam


estar envolvidos com conhecimento científico do assunto.

Questão científica (problema de pesquisa) diz respeito às relações entre


fenômenos e variáveis; um problema é uma questão que pergunta como as
variáveis estão relacionadas (BOAVENTURA apud KERLINGER, 2004, p. 37).
Todo o processo de investigação é a procura de respostas ao problema da
pesquisa. O problema é o núcleo do tema.

Em algumas situações, a elaboração dos problemas e questões da pesquisa


é um processo complexo e, por isso, o pesquisador poderá ter dificuldades para

34 Métodos de pesquisa em ciências sociais


U1

desenvolver um problema. Portanto, podemos colocar algumas recomendações:

• O problema deve ser formulado em pergunta.

• O problema deve ser claro e preciso.

• O problema deve ser empírico.

• O problema deve ser suscetível de solução.

• O problema deve ser delimitado a uma dimensão viável.

2.1.3 Construção de hipóteses, justificativa e objetivos

As Hipóteses são construídas como afirmações. Em algumas situações, a hipótese


poderá substituir o problema de pesquisa.

A Justificativa do trabalho poderá ser definida em primeira instância pelo interesse


pessoal ou profissional da pesquisa. Além disso, pode ser:

• Importância teórica ou prática.

• Relevância social.

• Importância econômica.

A justificava passa a situar o projeto de pesquisa com a problemática, por isso ela
poderá ter dados e análises.

Os Objetivos de pesquisa irão conduzir muitas partes da pesquisa para responder


ao problema de pesquisa e testar as hipóteses formuladas. Eles se dividem em:

• Objetivo geral - tem por princípio elucidar toda a temática e a proposta do


trabalho.

• Por conseguinte, há os objetivos específicos com a finalidade de desenvolver o


trabalho para que se explore o objetivo geral e responda à problemática.

Os verbos que auxiliam a construir os objetivos específicos:

I. Compreender

II. Identificar

III. Analisar

Métodos de pesquisa em ciências sociais 35


U1

IV. Situar

V. Caracterizar

Vamos analisar alguns exemplos hipotéticos para observar como os objetivos


poderiam ser elaborados para uma pesquisa:

Tema: Sistema de Gestão Socioambiental em Empresas Modernas

Objetivo Geral: Fatores Estratégicos do Sistema de Gestão Socioambiental


para a empresa XXX Ltda.

Objetivos Específicos:

1 Evolução do sistema de gestão socioambiental

2 Planejamento dos sistemas de gestão socioambiental

3 Políticas para a gestão ambiental e responsabilidade social

4 Planejamento estratégico com a variável socioambiental

5 Competitividade empresarial a partir do planejamento estratégico adotado

Tema: Criação de uma Empresa de Terceirização de Vendas

Objetivo geral: identificar a viabilidade mercadológica, financeira e


administrativa da empresa.

Objetivos Específicos:

1 Analisar o desenvolvimento do setor de terceirização na economia


doméstica regional

2 Viabilidade mercadológica

3 Viabilidade técnica

4 Plano de negócios

36 Métodos de pesquisa em ciências sociais


U1

1. A construção de um problema de pesquisa é um dos primeiros


passos na construção de um trabalho científico. Deste modo,
podemos afirmar que:
a) O problema de pesquisa sempre é formulado na forma de
afirmação.
b) O problema de pesquisa será a única para base de construção
das hipóteses.
c) A pesquisa é orientada a investigar/responder um problema de
pesquisa.
d) O problema nem sempre está ligado ao objeto da pesquisa.

2.2 Elaboração da pesquisa

2.2.1 Plano do projeto de pesquisa

A pesquisa é orientada pelo seu problema de pesquisa, consequentemente pode-se


ter hipóteses, e estas estarão de acordo com o problema que deverá ser desdobrado
em partes, isto é, os chamados objetivos específicos, logo eles serão os capítulos no
TCC. Para que se possa fundamentar a problemática pode-se:

• Explorar dados e informações.

• Emprego de entrevistas.

• Aplicação de questionários.

• Pesquisas bibliográficas.

Com o tema, problema e hipóteses definidos, o plano da pesquisa poderá ter


seu princípio. O plano é o itinerário do trabalho, ao passo que será composto por
introdução, desenvolvimento e conclusão. Desta forma, o trabalho tem uma sequência
lógica desde seu início até suas conclusões.

Plano de estudo para a pesquisa:

• Tema.

Métodos de pesquisa em ciências sociais 37


U1

• Delimitação do tema.

• Problema de pesquisa.

• Hipóteses.

• Objetivo geral.

• Objetivos específicos.

• Justificativa.

2.2.2 Plano da pesquisa científica

A elaboração do plano de trabalho é base para que todo estudo seja desenvolvido,
assim ele é composto por três elementos: introdução, desenvolvimento e conclusão.

a) Introdução:

• Formulação do tema de pesquisa.

• Delimitação (proposição).

• Caráter da pesquisa.

• Justificativa.

• Metodologia.

• Apresentação sintética do trabalho.

b) Desenvolvimento: Nesta fase o objetivo é fundamentar as ideias e relações.

Fases:

• Explicação: explicar é apresentar o sentido do tema.

• Discussão: é o exame, argumentação e explicação do tema.

c) Conclusão:

• Resumo completo.

38 Métodos de pesquisa em ciências sociais


U1

• Argumentos desenvolvidos.

• Conclusão das principais relações.

• União de ideias.

2.2.3 Redação da pesquisa científica

A redação da pesquisa científica deverá seguir todas as normas e padrões da


Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), bem como da instituição onde a
pesquisa está sendo desenvolvida.

Uma redação deverá atender às normas e aos padrões, mas também deverá ter
uma sequência lógica dos conteúdos ou dos dados. Além disso, é muito importante
que o pesquisador utilize uma linguagem adequada. Somado a estas ideias, vamos
apresentar os elementos que devem estar dentro da redação da pesquisa:

I. Introdução:

• Tema: descrever de forma sintética o tema e também seu contexto para área
de estudo.

• Problemas desdobrados: formular problemas de acordo com o objeto de


estudos, assim a pesquisa estará orientada a investigar este problema.

• Hipóteses: elencar todas as suposições que precisam ser testadas.

• Objetivos: apresentar todos os objetivos de forma direta com o objeto do


estudo.

• Justificativa da escolha do tema: demonstrar por quais razões o trabalho está


sendo desenvolvido.

• Aspectos metodológicos: em algumas pesquisas esta parte é separada da


introdução, porém o importante é demonstrar todos os métodos e procedimentos
utilizados na pesquisa.

II. Desenvolvimento: tema deverá ter uma sequência lógica para que possa ser
estudado de forma lógica.

• Elementos primários – partes conceituais do estudo.

• Elementos secundários – exploração do tema em fragmentos específicos.

Métodos de pesquisa em ciências sociais 39


U1

O tema poderá ser dividido por oposição ou progressão. Alguns autores


evitam dividir por causa e efeito ou vantagens e desvantagens, pois o
texto poderá ficar repetitivo.

Ainda no desenvolvimento da pesquisa, nesta fase do texto deverão ser


apresentados todos os dados coletados e seus resultados (esta apresentação será
tanto para pesquisas qualitativas quanto para quantitativas).

III. Conclusão

A conclusão poderá ter os seguintes elementos a fim de fazer um fechamento do trabalho:

• Recomendações.

• Projetar aspectos novos para se estudar ou variáveis não estudadas.

• Assim o objetivo é resumir, concluir e recomendar.

Com ideia formada de todos os elementos de um projeto de pesquisa e, logo, de


pesquisa científica em si, podemos analisar de forma sucinta todas as fases de uma pesquisa:

• Escolha do tema.
• Formulação do problema.
• Definição dos termos.
• Construção de hipóteses.
• Delimitação da pesquisa.
• Indicação de variáveis.
• Amostragem.
• Levantamento de dados.
• Seleção de métodos e técnicas.
• Organização e teste de instrumentos.

É preciso lembrar que estas fases estarão distribuídas entre o projeto de pesquisa
e o desenvolvimento da pesquisa em si. Além disso, estas fases estão em sequência,
assim sendo, o pesquisador seguirá estas fases até o fim do seu trabalho científico.

Os elementos de uma pesquisa completa podem ser visualizados no quadro a


seguir, que demonstra todos os elementos que o trabalho como uma monografia

40 Métodos de pesquisa em ciências sociais


U1

deverá ter.
Quadro 1.1 | Comparação dos Elementos do Projeto de Pesquisa e Monografia

ITENS DO PROJETO
FASES ITENS DA MONOGRAFIA
DE PESQUISA

*** Capa (OB)


*** Folha de Rosto (OB)
*** Folha de aprovação (OB)
*** Folha de dedicatória (OP)
1ª - Elementos Pré- textuais
*** Agradecimento(s) (OP)
ou de antetexto
*** Epígrafe (OP)
*** Resumo na Língua Vernácula (OB)
*** Resumo na Língua Estrangeira (OB)
*** Sumário (OB)
Escolha do tema Introdução
Delimitação do tema
Justificativa
2ª - Elementos textuais ou de Fundamentação teórica
desenvolvimento (capítulos)
Revisão teórica da literatura
Formulação do problema Metodologia
Conclusão
Bibliografia ou referências Bibliografia ou referências
3ª – Elementos pós-textuais
bibliográficas (OB) bibliográficas (OB)
Fonte: Lakatos e Marconi (2003)

1. A justificativa é um elemento essencial do trabalho científico,


pois ela terá muitas informações acerca do objeto da pesquisa e
as razões do seu desenvolvimento, por isso o pesquisado deverá
ter uma atenção especial para este elemento. Logo, podemos
entender que:
a) Na justificativa não podemos citar outros trabalhos para realizar
o desenvolvimento da pesquisa.
b) A justificativa irá apontar questões-problemas que podem
orientar o trabalho.
c) Os fatos, teorias e fenômenos poderão ser a base da justificativa.
d) A justificativa poderá fazer uma análise hipotética dedutiva do
trabalho.

Métodos de pesquisa em ciências sociais 41


U1

2.3 Normas e estilos para redação

Uma redação deverá atender a algumas normas e padrões, como já discutimos,


e também deverá ter um estilo para que a linguagem do texto fique adequada. Para
compreender os estilos de redação, vamos apresentar as suas características:

2.3.1 Objetividade

• Linguagem denotativa = deve-se ter um significado próprio da palavra, não


gerar ambiguidade.

• Desenvolva frases simples e curtas para melhor entendimento; além disso,


utilize termos adequados.

• A utilização de termos técnicos é recomendada ao longo do texto, pois eles


irão fundamentar de forma adequada o texto.

2.3.2 Impessoalidade

• Evite as seguintes expressões: “o meu trabalho”, “eu penso”, “na minha opinião”,
“o nosso trabalho".

• Use de forma preferencial: “o presente trabalho”, “neste trabalho”.

• O uso do pronome “SE” sempre será mais adequado. Por exemplo, “Procedeu-
se ao levantamento”, “Procurou-se obter”, “Realizou-se”.

• É recomendável usar os verbos que tendem à impessoalidade, como: “Tal


informação foi obtida”, “a busca empreendida”, “o procedimento adotado”.

2.3.3 Estilo da escrita

Nunca utilize gírias ou termos populares dentro do texto, pois a pesquisa tem um
caráter científico, por isso utilize palavras adequadas para a área de conhecimento da
pesquisa; além disso, não utilize palavras abreviadas.

42 Métodos de pesquisa em ciências sociais


U1

2.3.4 Clareza e concisão

• Os fundamentos e ideias de cada parágrafo devem ser claros e de fácil


entendimento.

• Os parágrafos devem ter uma ideia central, sendo assim, procure não misturar
ideias em um único parágrafo.

• Não seja redundante, por isso não repita termos e ideias no mesmo parágrafo.

• Seja coerente em todos os raciocínios desenvolvidos ao longo do parágrafo


e/ou texto.

No desenvolvimento de uma monografia em Economia, com


quais padrões e estilos o pesquisador deverá se preocupar para
redigir o texto?

2.4 Formas de Leitura

As formas de leitura poderão ser das mais variadas possíveis, porém iremos apresentar
algumas formas importantes para que se possa ter uma real noção das principais formas
de leitura. Portanto, vamos compreender algumas características da leitura:

• Reflexão – consideram-se novos pontos de vista, novas perspectivas e relações


feitas pelo autor, assim pode-se ter um maior aprofundamento do conhecimento.

• Análise - divisão do tema em partes a partir das suas relações.

• Síntese – resumo das partes principais destacadas na análise.

Os tipos e formas de leituras são fundamentais para o pesquisador, pois esta será
uma tarefa indispensável e essencial na construção do seu trabalho. Por esta razão,
iremos observar alguns tipos e formas, ou seja, técnicas de leitura:

• Skimming – absorver a tendência geral do texto, conhecendo o título, subtítulo


e ainda leitura rápida sobre alguns parágrafos para identificar a metodologia.

• Informativa – captar o sentido do texto na sua íntegra, assim deverá destacar

Métodos de pesquisa em ciências sociais 43


U1

as frases-chave e fazer resumos.

• Crítica – tem por objetivo analisar a ideia do autor e, com isso, gerar confronto
com a ideia de outros autores para tratar do assunto.

2.4.1 A leitura informativa

A leitura informativa é fundamental no processo de construção de uma pesquisa


científica, uma vez que ela irá fornecer uma quantia de informações e dados relevantes
para o desenvolvimento da pesquisa. Os objetivos deste tipo de leitura são:

1. Certificar-se do conteúdo do texto: dados e informações.

2. Correlacionar dados e informações.

3. Verificar a validade dessas informações.

As fases deste tipo de leitura serão:

• Reconhecimento - leitura rápida sobre o tema.

• Exploratória – é um exame, assim sendo, analisa o sumário, contracapa,


introdução e bibliografia.

• Seletiva – irá selecionar as informações mais relevantes sobre o problema em


questão.

• Reflexiva – irá reconhecer e avaliar as informações do autor, ou seja, qual foi


sua real intenção no texto.

• Crítica – estará selecionando e distinguindo as ideias principais, bem como


separar as ideias primárias e secundárias.

• Interpretativa – irá fazer uma relação entre o pensamento e afirmações do


autor com os problemas de pesquisa.

• Explicativa – verificará os pontos fundamentais e centrais e também as


verdades enfocadas pelo autor.

44 Métodos de pesquisa em ciências sociais


U1

A leitura é um procedimento que irá auxiliar o pesquisador a construir


o seu trabalho e também ter conhecimentos mais profundos sobre
o assunto da pesquisa. Assim sendo, vamos acessar o link a seguir
para compreender um pouco mais deste processo: Disponível em:
<http://redeetec.mec.gov.br/images/stories/pdf/eixo_gest_neg/tec_
leitura/061112_tec_leit_a01.pdf>. Acesso em: 13 mar. 2015.

2.4.2 Registro das informações da leitura

A leitura é um processo fundamental para o desenvolvimento de uma pesquisa


científica, como uma monografia. Porém, a leitura pode ser feita para elaboração de
resumos, resenhas, fichamento e outros, por isso deve-se verificar as fases de uma
leitura para resumo e posteriormente para fichamento.

a) Leitura para o resumo:

As fases da leitura para o desenvolvimento de um resumo serão:

1ª - Identificar:

• Proposição.

• Explicação.

• Discussão.

• Demonstração.

2ª - Responder a duas questões:

• De que se trata o texto.

• O que pretende demonstrar.

3ª - Análise dos elementos:

• Identificar as partes principais do texto.

• Identificar a ligação entre os parágrafos:

Métodos de pesquisa em ciências sociais 45


U1

I. Consequência – em consequência, por conseguinte, portanto, por isso, em


decorrência disso etc.

II. Justaposição ou adição – da mesma forma, da mesma maneira etc.

III. Oposição – porém, mas, entretanto, por outra parte.

IV. Incorporação – ideias novas.

V. Complementação – com mesmo raciocínio.

VI. Justificação – citar fatos e exemplos.

Tipos de resumo

1º Indicativo ou descritivo:

• Analisa as partes mais importantes do texto.

• Utiliza frases curtas.

2º Informativo ou analítico: Contém todas as informações principais e tem por


finalidade informar:

• Os objetivos e o assunto.

• Métodos e técnicas.

• Resultados e conclusões.

• não deve conter opiniões externas ao texto;


• a redação, preferencialmente, deve ser com as palavras do leitor;
quando for citar o autor, deve-se identificar em aspas;
• evitar as expressões: segundo o autor, autor disse, segundo ele, autor
falou, este livro ou obra.

3º Crítico:

• É um julgamento sobre o trabalho;

46 Métodos de pesquisa em ciências sociais


U1

• Metodologia.

• Conteúdo.

• Desenvolvimento da lógica.

• No resumo crítico não deve haver citações.

Vamos continuar nosso estudo sobre resumo e outras formas de


registrar os conteúdos de uma leitura, acessando o link: Disponível
em: <http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/bitstream/handle/
mec/16228/?sequence=10#conteudo-resumo>. Acesso em: 13 mar. 2015.

Leitura para Fichamento

Na leitura para fichamento será necessário que o leitor observe alguns


procedimentos para que possa montar de forma adequada seu fichamento:

• Distinguir os elementos.

• Sintetizar os fatores-chave de cada elemento.

• Conhecer o vocabulário do autor.

• Circunstâncias históricas, ambientais e pensamentos que influenciam a obra.

• Relações feitas pelo autor.

• Classificação dos elementos essenciais do texto.

• Reconhecer a autoridade do autor sobre o tema.

Métodos de pesquisa em ciências sociais 47


U1

O nosso estudo esteve orientado a discutir os elementos centrais


dos métodos e técnicas de pesquisa que se aplicam nas ciências
econômicas. Todavia, é fundamental refletir sobre cada uma das
seções de estudos, bem como realizar leitura sobre outros livros
de metodologias e técnicas de pesquisa.

As seções desta unidade buscaram discutir de forma teórica e


prática os métodos e técnicas para pesquisa em ciências sociais
e com um foco em Economia. Portanto, é importante destacar
todos os temas discutidos nestas seções. Sendo assim, vamos
elencar todos os conteúdos estudados:

• Análise dos conhecimentos que podem servir de base para uma


pesquisa.

• Tipos de estudos: empírico, teórico e filosófico.

• Aspectos metodológicos da pesquisa em relação à sua natureza,


objetivos, procedimentos e outros.

• Análise dos campos da pesquisa em Economia.

• Técnicas e procedimentos para plano de pesquisas científicas.

• Estudo das formas e técnicas de leitura.

1. Uma pesquisa poderá ser caracterizada pelo método


empregado no seu desenvolvimento, uma vez que cada pesquisa
tem uma premissa para responder suas questões-problemas ou
para determinar seus procedimentos. Deste modo:

48 Métodos de pesquisa em ciências sociais


U1

a) O método dedutivo tem seu princípio nas teorias e leis já


validadas cientificamente.
b) A pesquisa de caráter dialético tem como procedimento central
o teste de hipóteses.
c) A análise por meio de observações para formulação de leis
gerais está no método hipotético dedutivo.
d) Na análise dialética, a pesquisa estará buscando resultados por
meio de experimento.

2. O estudo que tem sua análise pautada em observações e


evidência sobre um universo e, posteriormente, busca nas teorias,
leis e fundamentos para compreender as relações existentes neste
processo. Logo, este é um estudo _______________.
Complete a lacuna com a alternativa correta:
a) Filosófico
b) Etnográfico
c) Empírico
d) Puro

3. Suponha que um pesquisador desenvolveu uma pesquisa


para compreender o comportamento do mercado de trabalho
na região sul do país e, com isso, levantou dados secundários e,
posteriormente, analisou estes dados por meio de tabelas, gráficos,
quadros etc. Assim sendo, esta é uma pesquisa em relação ao seu
objetivo de qual tipo?
a) Exploratório
b) Descritivo
c) Explicativo
d) Histórico

4. Um estudante de Economia desenvolveu a sua monografia para


conclusão da sua graduação sobre o tema Economia Agrícola,
uma vez que ele trabalhava em uma cooperativa de grãos no setor
contábil e financeiro. Deste modo, a proposta do seu trabalho foi

Métodos de pesquisa em ciências sociais 49


U1

verificar uma estratégica econômica para a área financeira da


cooperativa. Portanto, podemos entender que:
a) Esta foi uma pesquisa ação.
b) Podemos enquadrar como uma pesquisa participante.
c) Esta é uma pesquisa de campo.
d) É um estudo bibliográfico.

5. Suponha que uma pesquisa em Economia tenha como missão


analisar as relações de causa e efeito para compreender a situação
econômica e social de uma determinada região para contribuir
no processo de desenvolvimento da mesma. Deste modo, em
relação aos seus objetivos, esta será uma pesquisa:
a) Descritiva
b) Exploratória
c) Demográfica
d) Explicativa

50 Métodos de pesquisa em ciências sociais


U1

Referências

ANDRADE, M. Introdução à Metodologia do Trabalho Científico: Elaboração de


Trabalhos na Graduação. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
AOUN, S. Efeito da subvenção ao prêmio de opção de venda sobre a receita
dos produtores de milho no estado de São Paulo. ANAIS: Sociedade Brasileira de
Economia, Administração e Sociologia Rural, 2014.
ARAUJO, M; BARCEL0. A. Avaliação do comércio internacional no contexto do
Mercosul - 1993 a 2012. Anais: ANAIS: Sociedade Brasileira de Economia, Administração
e Sociologia Rural, 2014.
APPOLINÁRIO, F. Metodologia da Ciência: Filosofia e Prática da Pesquisa. 2. ed. São
Paulo: Cengage Learning, 2012.
BARROS, A; LEHFELD, A. Fundamentos de Metodologia Científica. 3. ed. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2007.
CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino; SILVA, Roberto da. Metodologia
Científica. São Paulo: Prentice Hall, 2009.
FERREIRA, R. A. A pesquisa científica nas ciências sociais: caracterização e
procedimentos. Recife, PE: UFPE, 1998.
GIL, C. Técnicas de Pesquisa em Economia. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1990.
YIN, R. K. Planejamento e Métodos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman. 2001.
LAKATOS, E. M; MARCONI, M. de A. Metodologia Científica. 3. ed. rev. ampl. São
Paulo: Atlas, 2000.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia
científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
MARTINS, G; THEÓPHILO. Metodologia Científica para Ciências Sociais Aplicadas. 2.
ed. São Paulo: Atlas, 2009.
OLIVEIRA, S. L. Tratado de Metodologia Científica: projetos de pesquisas, TGI, TCC,
monografias, dissertações e teses. São Paulo: Pioneira Thomsom Learning, 2002.

Métodos de pesquisa em ciências sociais 51


Unidade 2

O UNIVERSO DA PESQUISA
ECONÔMICA

Carlos Eduardo Boni

Objetivos de aprendizagem:

A pesquisa econômica permite o entendimento de questões pertinentes ao


bom desempenho da sociedade e a propositura de soluções eficientes, sob
a ótica da economia. Nesta unidade você vai conhecer algumas áreas onde
é possível a economia interagir com outras áreas do conhecimento e aplicar
todo o ferramental típico da análise econômica.

Seção 1 | O universo da pesquisa econômica


Nesta seção apresentamos as fases mais importantes da história
da economia, a evolução dos objetivos da sociedade na economia
e algumas das principais áreas onde a pesquisa econômica pode ser
utilizada, procurando apresentar possibilidades e subsidiar a construção
de pesquisas nas mais diversas áreas da economia e sua relação com
outras áreas do conhecimento. O conteúdo está formatado de forma
a elucidar as possibilidades da interação da ciência econômica com o
mundo moderno.
U2

54 O universo da pesquisa econômica


U2

Introdução à unidade

A Economia interage com todas as áreas do conhecimento e se propõe a ajudar


na compreensão na forma de otimização de todos os fatores que permeiam a
escolha do homem. É uma ciência social, ou humana, porque tem objetivos muito
bem definidos: entender a produção, a distribuição e o uso dos bens e serviços,
que são gerados por fatores escassos e, por isso, precisam ser otimizados.

A pesquisa econômica caracteriza-se pela procura, pela ótica do melhor


resultado possível, de alternativas para a solução dos problemas que afligem o
ser humano. Várias são as áreas possíveis de interação com a economia, e essa
interação acontece sempre sustentada em questões de ordem teórica, prática,
tática e estratégica.

Aqui você conhecerá algumas das principais áreas onde a pesquisa econômica
pode ser utilizada. Algumas, apenas, porque a ciência econômica pode ter
infindáveis aplicações, em quase todas as áreas do conhecimento.

O universo da pesquisa econômica 55


U2

56 O universo da pesquisa econômica


U2

Seção 1

O universo da pesquisa econômica


Sabemos que a história da economia é assinalada pelas suas três fases mais
importantes, marcadas pelo período pré-moderno – que se refere às civilizações
antigas, como os gregos e romanos; pelo período moderno – que alude à época
do mercantilismo e fisiocracia; e pelo período contemporâneo, que iniciou-se no
final do século XVIII e determinou que os objetivos da economia seriam alcançar o
progresso e a riqueza.

Desde sempre se procurou teorizar sobre os fenômenos econômicos, elaborando


hipóteses que explicassem os fenômenos econômicos e buscassem entender a
inter-relação entre quem comprava e quem vendia. Kenski (2002) lembra que “(...)
segundo o historiador grego Heródoto, foi Creso, rei da Lídia (atual Turquia), quem
cunhou as primeiras moedas, entre 640 e 630 a.C.”.

Tudo o que foi escrito, em qualquer época, foi produzido. Dados foram
levantados, fenômenos foram analisados com critério e rigor, situações foram
testadas, hipóteses levantadas e observadas para produzir um material que buscasse
apontar os resultados de uma pesquisa, de um experimento ou de uma observação.
Isso em qualquer área do conhecimento – e na economia não poderia ser diferente.

Nosso propósito com este trabalho - e, especialmente, com este capítulo - é


mostrar as múltiplas possibilidades da pesquisa econômica.

Antes de começarmos a discutir as possibilidades de pesquisa no universo da


economia, é preciso entender que todas as facilidades do mundo moderno, da
tecnologia e da comunicação, facilitam demais a vida das pessoas, porém podem
sugerir um benefício que não existe – o de que o pensamento está pronto, que não
precisa ser trabalhado, pois a internet nos oferece milhares de trabalhos já finalizados
e podemos remediar nosso já tão escasso tempo simplesmente plagiando algum
trabalho.

Para escrevermos em economia é preciso produzir – e para produzir é necessário


ler bastante, inteirar-se das possibilidades de encontrar resultados satisfatórios, definir
uma metodologia, levantar dados e depois interpretá-los, à luz dos conhecimentos
acumulados ao longo do desenvolvimento do trabalho.

O universo da pesquisa econômica 57


U2

Como a pesquisa na economia pode ajudar a melhorar a


sociedade e a vida das pessoas?

1.1 A pesquisa científica


Dessa produção criteriosa nasce a pesquisa científica – e são muitos os conceitos
de pesquisa na academia. Nada é definitivo nesse processo de avaliação e de
sistematização de informações fragmentadas, porque os resultados dependem
dos objetivos e, especialmente, do campo do conhecimento em que estamos
trabalhando. Mas os métodos científicos devem apresentar a abordagem do tema
e os procedimentos seguidos para o alcance dos objetivos previamente definidos.

Marconi (1999, p. 19) afirma que “toda pesquisa deve basear-se em uma teoria, que
serve como ponto de partida para a investigação bem-sucedida de um problema”.
De maneira geral, toda pesquisa científica começa com uma análise crítica sobre
tudo o que já foi escrito a respeito de um assunto, para subsidiar uma interpretação
prática e reflexiva do problema que está gerando essa pesquisa e, a partir daí, define
objetivos, critérios, técnicas e metodologia para conseguir resultados suficientes para
uma análise sistemática, controlada e crítica do problema e das possíveis soluções
para ele.

A pesquisa científica sempre deriva de fatos reais, é baseada em experiências, é


ordenada logicamente, é verificável, está em constante aperfeiçoamento e aceita no
momento e contexto em que foi elaborada, subentendendo-se que deve ajustar-se
a outros ambientes.

A forma como o tema pesquisado e os resultados encontrados serão tratados


definirá a abordagem da pesquisa, que são correntes filosóficas que procuram
compreender como acontece o conhecimento da realidade. Segundo Lakatos (1991),
a busca do conhecimento através da pesquisa pode ser abordada pelos métodos
indutivo (que se baseia no empirismo e defende que todo conhecimento provém da
experimentação), dedutivo (que baseia-se no racionalismo e defende que apenas a
razão leva ao conhecimento), hipotético-dedutivo (que baseia-se no neopositivismo
e defende a ideia de que a lógica, aliada à experimentação, leva ao conhecimento)
e pelo método dialético (que baseia-se em conceitos de materialismo e idealismo
e defende que os fenômenos têm aspectos contraditórios e, portanto, os fatos não
devem ser apreciados fora de seu contexto.

Apesar dessas tantas opções na busca de uma solução para os problemas que a
pesquisa se propõe a resolver, seria interessante o emprego de mais de um método

58 O universo da pesquisa econômica


U2

ao invés de apenas um método em particular, pois isso amplia as possibilidades de


julgamento e o alcance das soluções possíveis.

1.2 A pesquisa econômica


Atualmente, o ambiente econômico está mudando mais rapidamente do que
nunca. É necessário prever essas mudanças para a sugestão das mudanças mais
convenientes para cada situação. Na visão de Nellis (2003), essa análise deve
começar pelos espaços de atuação da empresa, que vai avaliar desde o ambiente
microeconômico – que envolve a forma de a empresa lidar com preços, receitas,
custos etc. – até o ambiente macroeconômico – que compreende as condições da
economia de forma mais ampla e a participação da empresa nesse contexto. Desta
forma, a compreensão dos conceitos fundamentais da economia fornece uma base
sólida para a tomada de decisão.

É preciso empregar um raciocínio econômico para fazer as escolhas mais


eficientes do uso de recursos e compreender a análise estratégica acerca dos
rendimentos decrescentes, bem como a importância da análise marginal nas
tomadas de decisões de empresas e de consumidores.

Nesse escopo de pesquisa em economia, os objetivos centrais são acerca da


alocação eficiente de recursos, custo de oportunidade, análise marginal, falhas de
mercado e ambientes competitivos, mas existem inúmeros outros. Aqui falamos
apenas pensando no lado da produção e do crescimento econômico.

No tocante à alocação eficiente de recursos, o objeto da pesquisa refere-se às


opções de escolhas alocativas, produtivas e distributivas que existem na economia.
Nessa proposta, o mecanismo de preço é o principal determinante das decisões
relativas acerca do que, como e para quem produzir.

No que se refere ao custo de oportunidade, é primordial entender que sempre


que uma escolha é feita, uma ou várias alternativas são descartadas – e também
que, em razão dessa escolha, um custo é incorrido. A economia permite uma visão
mais ampla de custos e não se prende apenas a valores monetários, mas sim a
oportunidades perdidas em razão de escolhas excludentes.

Sobre a análise marginal, entendendo-se que a maioria das escolhas envolve


acréscimos ou reduções incrementais na produção, a pesquisa econômica sempre
se volta para aspectos acerca da satisfação dos produtores e dos consumidores.
Os conceitos importantes para a tomada de decisão sobre a análise marginal são
apresentados por Nellis (2003, p. 33):

O universo da pesquisa econômica 59


U2

- Utilidade marginal é quanto o bem-estar ou a utilidade total


do consumidor muda quando o consumo de um bem ou
serviço muda em uma unidade;
- Produto marginal é quanto o produto total muda devido
a uma mudança de uma unidade na quantidade de fator de
produção empregada.
- Receita marginal é a mudança na receita total que resulta do
aumento da quantidade vendida em uma unidade.
- Custo marginal é a mudança no custo total que resulta do
aumento da quantidade produzida por uma unidade.

Desta forma, o conceito de margem é crucial a quase todas as decisões


econômicas e material de pesquisa em praticamente todas as ações econômicas.

Pensando em pesquisas sobre falhas de mercado, na aplicação do figurino liberal


na economia, as soluções para todos os problemas eram submetidas aos mecanismos
de funcionamento do mercado, a muitos testes – e acabou-se por concluir que o
mercado, em si, se mostrava viável e operacional. No entanto, esse figurino liberal
produziu um quadro político e social conturbado, pois essa operacionalidade estaria
na dependência de diversos pressupostos, sem os quais a mecânica operacional
do sistema passava a rodar em falso, produzindo resultados falhos, distantes dos
esperados, e inaceitáveis. As principais falhas de mercado – objeto de vasta pesquisa
econômica – são as externalidades e a concentração econômica.

Quando encontramos situações de externalidades, temos custos ou benefícios


sociais, porque agem na sociedade, não dentro do espaço que o promove (empresa
ou ambiente público). Desta forma, as decisões empresariais e, especialmente, as
políticas públicas devem se embasar em custos e benefícios internos e externos para
tomada de decisão que aumente a eficácia das decisões – e isso coloca a questão
das externalidades no foco da pesquisa econômica para quem se interessa tanto
pela economia de empresas quanto para quem almeja colaborar com a definição
de políticas públicas.

Em casos de concentração econômica, entende-se que, para bem funcionar,


o mercado deve contar com um expressivo contingente de compradores e
vendedores, em situação de relativa igualdade. A partir do momento em que um
dos agentes detém um poder desproporcional perante os demais, desenrola-se uma
situação que pode redundar numa concentração exagerada de poder econômico,
de modo a gerar efeitos diversos dos normalmente atingidos sob uma situação

60 O universo da pesquisa econômica


U2

de relativo equilíbrio entre os participantes do mecanismo de mercado. Avaliar,


quantificar efeitos e resultados acerca da concentração econômica vai subsidiar o
ambiente competitivo da atuação das empresas e auxiliar decisões governamentais
para proteção da concorrência e do consumidor.

Tratando os ambientes competitivos, parte das atribuições de um economista


é mapear as estruturas do ambiente competitivo, para decidir ou subsidiar a
decisão acerca de mercados reais e existentes. Sabemos que os mercados podem
ser perfeitamente competitivos (inúmeras pequenas empresas com produtos
homogêneos e total liberdade de entrada e saída de novos concorrentes),
monopolisticamente competitivos (também competitivo, mas com produtos
não totalmente homogêneos, que dá ao vendedor pequena margem para alterar
preços), oligopolizados (onde um pequeno número de empresas relativamente
grandes dominam o mercado e existe algum grau de interdependência entre elas)
ou monopolizados (mercado com um único fornecedor, que é formador de preços).
Geralmente, pesquisa-se, em ambientes competitivos, os atributos mais importantes
do mercado (número de compradores e vendedores, grau de diferenciação do
produto e barreiras à entrada e à saída do mercado) e busca-se avaliar fatores
políticos, econômicos, sociais e tecnológicos que podem exercer impactos sobre o
mercado e mudar o posicionamento competitivo da empresa.

Desta forma, antes de começar uma pesquisa econômica (aliás, qualquer


pesquisa científica) é preciso definir claramente os objetivos da investigação para, a
partir desses objetivos, propor um projeto de pesquisa bem definido, com equipe de
trabalho, cronograma e fonte de recursos, se eles forem necessários. Os objetivos
devem apontar o que a pesquisa pretende alcançar.

Como os objetivos mostram a situação que se deseja obter ao final do trabalho,


considerando-se integralmente a aplicação dos recursos e a consecução das ações
previstas, precisamos ponderar que nem sempre os objetivos serão concretos. Conforme
Marion (2010, p. 27) considera, “há objetivos que não podem ser materializados e que
estão relacionados com juízos éticos ou estéticos” e, desta forma, é fundamental se
ter objetivos muito claros para definir a metodologia que será utilizada e orientar o
planejamento dos passos necessários para a execução da pesquisa.

Com objetivos bem definidos, o próximo passo é formatar o projeto da pesquisa,


com o tema, os objetivos, a equipe, o cronograma de ações que serão realizadas e
estabelecer de onde virão os recursos para custeá-la.

Em pesquisa econômica podemos realizar pesquisas e estudos sociais


e econômicos que darão subsídios para as decisões empresariais ou apoio
técnico e institucional ao governo no planejamento, formulação, implantação,
acompanhamento e avaliação de políticas públicas e programas de incremento à
atividade produtiva.

O universo da pesquisa econômica 61


U2

1.3 Pesquisa de viabilidade econômico-financeira


Diversas são as linhas de pesquisa possíveis. No ambiente microeconômico, a
pesquisa mais comum e usual é a de viabilidade econômico-financeira. Comum e
recorrente porque a decisão de investir demanda minuciosas análises de avaliação
das alternativas levantadas, para tomada de decisão sobre os investimentos viáveis
econômica e financeiramente. Para formatar essa informação com o menor risco
possível, a pesquisa de viabilidade econômico-financeira avalia, com métodos
e técnicas de análise coerentes e confiáveis, a probabilidade de sucesso num
investimento.

O grande benefício de estudos desse tipo é conseguir visualizar, através de


projeções e indicadores, a verdadeira potencialidade de breve recuperação
do investimento e, portanto, decidir se as possibilidades são verdadeiras, se as
informações são suficientes, se as premissas estão convenientes e, assim, se o
projeto deve continuar ou não.

Ainda ponderando sobre projetos de análise de viabilidade, primeiro deve-se


classificar a natureza do investimento, pois esse investimento pode tratar apenas da
aquisição de títulos financeiros e/ou valores mobiliários, ou então de um investimento
de capital de alguma empresa, que representa investimento em ativos que estarão
vinculados à sua produção.

Pensando em negócios, os projetos de estudos de viabilidade não têm uma


ordem exclusiva de formatação, mas é recomendado o início dar-se pela expectativa
e planejamento de receita do novo negócio. O tempo desse planejamento vai
depender do mercado onde o estudo estiver sendo elaborado, pois depende do
tamanho do mercado, das características do público-alvo do produto ou serviço,
do histórico (se existir) e de comparativos com o desempenho da concorrência. Na
impossibilidade de análise desses dados, a prudência sugere que se comece com o
cálculo dos custos já previstos e da receita necessária para cobri-los e oferecer uma
taxa de retorno atrativa, considerando-se que a taxa de exigido e a taxa de retorno
previsto podem ser diferentes da taxa de retorno efetivo, pois nem sempre tudo
acontece como esperávamos quando concebemos o negócio. Quando projetamos
a receita do negócio é também importante projetar a taxa de crescimento do
empreendimento ao longo do tempo, associando o grau de maturidade do negócio
e do mercado à receita da empresa, que dificilmente continua no mesmo nível.

A partir daí, com as receitas projetadas, o próximo passo recomendado


(porque não existe nada que exija que seja assim) é a projeção dos custos e
investimentos cogentes. Sem esquecer que os custos operacionais são maiores,
então o investimento para efetivamente colocar a empresa para funcionar é muito
importante, porque pode comprometer a maior parte do dinheiro disponível. Depois
do investimento planejado, devemos nos preocupar com os custos operacionais –
aqueles que darão condições para a empresa funcionar. De maneira simplificada,

62 O universo da pesquisa econômica


U2

esses custos são classificados como Custos Fixos – que são periódicos e previsíveis,
que acontecem haja ou não produção e não sofrem alteração de valor em função
do aumento ou redução da produção; Custos Variáveis – aqueles que variam
dependendo do nível de produção ou das atividades da empresa e cujos valores
dependem diretamente do volume produzido ou volume de vendas no período;
e os Impostos e Tributos – que incidem sobre a venda de produtos e serviços e,
naturalmente, sobre o faturamento da empresa.

Projetadas receitas e despesas, já é possível montar e avaliar os indicadores finais


projetados em nosso estudo, para analisar se o investimento em um novo negócio
será lucrativo e viável ou não. Para obtermos esses indicadores é necessário estimar
os investimentos e retornos futuros de forma a compor os fluxos de caixa que o
projeto espera alcançar, para então calcular os indicadores necessários a um estudo
da viabilidade econômico-financeira e até confrontar diferentes cenários para avaliar
qual seria o mais proveitoso.

Os indicadores mais importantes e significativos, que fornecem informações


cruciais para a análise da viabilidade econômico-financeira de um novo negócio, são:

Valor Presente Líquido – VPL, que considera o valor do dinheiro no tempo e vai trazer
as projeções de entradas e saídas do caixa para valores atuais, permitindo perceber o
custo do capital ao longo do projeto e decidir acerca de sua viabilidade ou não.

Taxa Interna de Retorno – TIR, que vai, da mesma forma que o VPL, oferecer
uma análise acerca do fluxo de caixa livre acumulado, porém o fará em formato
de percentuais, o que facilita a comparação a outros investimentos possíveis. Por
exemplo, se a TIR apurada for de 0,3% ao mês e a poupança estiver pagando 0,6%
ao mês, a decisão mais racional, pelo menos sob o prisma da matemática, será não
investir na empresa, mas sim guardar o dinheiro numa caderneta de poupança em
algum banco.

Prazo de Retorno do Capital – Payback, que vai indicar o período necessário para
que a empresa recupere o investimento no negócio. Seu cálculo é bastante simples
e mostra o momento projetado para o projeto gerar a mesma quantidade de caixa
que gastou no início do projeto, ou seja, quando o fluxo de caixa livre acumulado
deixa de ser negativo para ser positivo. A regra básica é que, quanto mais tempo
demorar para a empresa recuperar seu investimento, maior a possibilidade de perdas
e a maior desvantagem do indicador é não considerar o valor do dinheiro no tempo,
ou seja, não desconta os valores futuros do fluxo de caixa.

1.4 Pesquisa em teoria econômica


O objetivo da teoria econômica é estudar formas de estabelecer concepções e
ferramentas com a finalidade de resolver ou minimizar as dificuldades e os problemas

O universo da pesquisa econômica 63


U2

que afligem a sociedade e, assim, atender às necessidades humanas e promover o


bem-estar da cada um e, principalmente, da coletividade, da sociedade como um
todo.

A pesquisa em teoria econômica vai oferecer subsídios para o economista aplicar


modelos teóricos e instrumentos econométricos em busca de soluções para as
questões econômicas e demandas sociais importantes para a sociedade.

Como já vimos, a economia é uma ciência que se preocupa com a alocação


eficiente de recursos escassos visando à satisfação das necessidades humanas,
que são intermináveis. A teoria econômica nasceu com Adam Smith, que tornou
o assunto acessível e metódico com sua obra “Investigação sobre a Natureza e as
Causas da Riqueza das Nações”, que é considerada a origem do estudo da Economia.

A partir desse conceito de “recursos escassos” e de “necessidades ilimitadas” a


teoria econômica vai buscar, com a aplicação do raciocínio econômico a problemas
de tomada de decisões, oferecer decisões coerentes e eficientes.

Na busca por modelos e formatos eficientes nesse intuito, à análise econômica


têm se juntado ferramentas estatísticas e matemáticas para torná-la mais precisa
e, desta forma, capaz de gerar previsões com maior grau de certeza. A teoria
microeconômica, especialmente, oferece conceitos e técnicas que permitem ao
gestor de uma empresa escolher a direção estratégica, alocando da forma mais
eficiente os recursos da organização e reagir eficazmente aos problemas táticos.

De acordo com Gil (2000), os principais temas de pesquisa em teoria econômica


são ligados a temas muito abrangentes, como Economia Geral, Agropecuária,
Desenvolvimento Econômico, Economia Internacional, Economia de Empresas,
Finanças Públicas, Economia Regional e Urbana, Moedas e Bancos, Organização
Industrial, Economia Demográfica, Recursos Humanos e Nutrição, Recursos Naturais
e do Meio Ambiente, além de Trabalho e Economia de Serviços. No entanto, muitos
outros temas podem figurar em pesquisas de teoria econômica, de forma a analisar
como os participantes das atividades econômicas tomam decisões.

Como a economia se divide em duas esferas, a microeconomia – que estuda


oferta, demanda, papel dos preços e os mercados – e a macroeconomia – que
preocupa-se em trabalhar com políticas econômicas, distribuição de renda,
emprego, inflação e mais uma infinidade de variáveis agregadas, é importante definir
se o objeto da pesquisa pretende gerar uma perspectiva geral da situação econômica
ou individual, de um mercado ou setor.

Especialmente em pesquisas de teoria econômica é abordado o estudo sobre


condições econômicas agregadas, que buscam explicar como as mudanças
econômicas afetam famílias, empresas e mercados simultaneamente, oferecendo
estatísticas que procuram retratar as condições da economia como um todo,

64 O universo da pesquisa econômica


U2

com temáticas presentes no cotidiano de todas as pessoas, pois todos os dias nos
deparamos com situações que envolvem problemas econômicos, que vão desde os
preços nas prateleiras dos supermercados, desemprego e reflexos da estiagem no
bolso do consumidor, até temas mais amplos, como desempenho da agricultura e
atuação do governo.

Usualmente, a ferramenta utilizada para a verificação da veracidade e o nível de


confiança das hipóteses de uma teoria econômica são os métodos econométricos,
que vão procurar confirmar ou negar uma teoria econômica com base na
metodologia de comparação modelo e realidade.

1.5 Pesquisa em economia do meio ambiente


Os trabalhos de pesquisa em economia do meio ambiente envolvem a análise
econômica de assuntos correlacionados com a preservação ambiental. Muito mais
que preservar o meio ambiente para garantir a vida, a incursão da economia em
assuntos ambientais refere-se, principalmente, em oferecer métodos, ferramentas
e técnicas para avaliar o meio ambiente sob o aspecto de integração entre as
duas áreas, integrando o setor produtivo ao meio ambiente e buscando oferecer
alternativas para redução de incertezas e adequação da produção às normas
ambientais, visando proteger os recursos naturais e garantir a competitividade da
produção e a sustentabilidade do planeta.

Pesquisas nessa área vão buscar levantar dados, observar contextos e desenvolver
métodos analíticos capazes de oferecer os modelos mais pertinentes da economia
com vistas a estabelecer sua interação com o ambiente, procurando desenhar o
melhor processo de uso de recursos naturais nos processos econômicos. Também
podem trabalhar com temas mais polêmicos, como desmatamento, poluição do ar
e da água, mudanças climáticas, produção de energia, custos para o aumento da
produção agrícola, mercado de carbono, perícia e valoração ambiental etc.

Para a economia é importante o reconhecimento, nesta área, de que à poluição


estão associados não apenas custos que ela traz para a sociedade, mas também
benefícios que foram construídos em função dessa poluição. Sem dúvidas, o
mercado competitivo é uma ferramenta poderosa para se produzir e consumir
eficientemente, e é preciso entender muito de economia para discutir o meio
ambiente, pois é a forma mais eficaz para reduzir a poluição para seu nível ótimo
– entendendo que poluição zero, por mais que seja desejável, é impossível – e
maximizar o bem-estar social.

Na economia do meio ambiente são propostas diversas formas de gerenciar


a poluição, destacadamente as políticas de comando e controle e as políticas de
mercado. Nas políticas de comando e controle temos vários instrumentos possíveis,

O universo da pesquisa econômica 65


U2

todos com mecanismos de regulação direta, como taxas ambientais e princípios do


poluidor-pagador ou do usuário-pagador. Cabe ao pesquisador, aqui, explorar as
inúmeras formas de levantamento de dados, análise e interpretação dos resultados
obtidos para oferecer, como a economia se propõe, as alternativas mais eficientes
para o desenvolvimento da economia com a preservação ambiental de forma
suficiente.

Com relação às políticas de mercado para o controle da poluição, elas são a


forma mais explícita de interação entre economia e meio ambiente. As políticas de
mercado para o meio ambiente se propõem a induzir o poluidor a poluir menos
através de vantagens financeiras, como, por exemplo, estabelecendo impostos ou
taxas ao poluidor, pois este vai ponderar custos e benefícios antes de poluir. Também
importante para a pesquisa econômica aqui é entender que, se os instrumentos
de comando e controle e os instrumentos de mercado forem equivalentes em
termos da eficácia da política, então a política baseada no mercado deve sempre ser
preferível, porque os custos de monitorização da política seriam sempre menores,
e também porque políticas de mercado permitem evoluir sempre na busca pela
redução da poluição.

Leia Chimelli, (2011). Disponível em: <http://www.usp.br/nereus/wp-


content/uploads/TDNereus_08_11.pdf>. Acesso em: 13 mar. 2015.

Desta forma, pesquisas econômicas podem nascer de propostas para estudar


o comportamento da indústria, as mudanças ocorridas na composição setorial da
estrutura produtiva, as crises econômicas internacionais, de mapear os indicadores
determinantes da estrutura industrial brasileira; de análises dos impactos das crises
econômicas na composição setorial da indústria; da investigação da correlação entre
crises e o aumento da desigualdade estrutural nas regiões do Brasil; de verificar se os
impactos tecnológicos influenciam positivamente o desempenho das economias;
da identificação de como o ritmo tecnológico afeta o desempenho econômico dos
países etc.

Também é possível avaliar o impacto dos incentivos fiscais e incentivos financeiros


às políticas de fomento à inovação no Brasil; identificar se o gasto público é capaz
de estimular o gasto privado na economia; investigar a evolução da competitividade
externa em qualquer setor da economia; examinar os fluxos comerciais e a
competitividade dos países do Mercosul – ou de outro bloco econômico qualquer;
verificar variáveis que afetam o desempenho do comércio exterior e seus efeitos
sobre o saldo da balança comercial; analisar os controles de capitais em momentos

66 O universo da pesquisa econômica


U2

de equilíbrio e de instabilidade macroeconômica; ou discutir os principais impactos


da expansão da agricultura no Brasil.

Definitivamente, muitas são as possibilidades. A seguir, falaremos um pouco sobre


alguns temas da economia para pesquisas. Lembramos que são apenas sugestões
com algumas ponderações sobre a área, pois as pesquisas sobre inter-relação da
economia com outras áreas são infinitas. Cada pesquisa terá seu perfil próprio, e suas
características, de acordo com os objetivos e trabalhos qualitativos que busquem
inovação teórica, são importantes para a formação do cientista econômico. Mas
o viés quantitativo, sem dúvida, é a contribuição mais importante na formação dos
pesquisadores em economia.

1.5.1 Agricultura

Avaliar a contribuição dos produtos do agronegócio para o comércio exterior e para


a balança comercial, entendendo quais produtos têm especial relevância na produção
agrícola do Brasil e na sua pauta de exportações. Entender aqui qual a importância da
oferta no mercado interno e da exportação, considerando que a oferta no mercado
doméstico aumenta o nível de bem-estar da população e ajuda no combate à inflação,
enquanto a exportação permite a entrada de divisas no país e possibilita o pagamento
das dívidas contraídas pelo país com as importações. Vazquez (2007, p. 177) mostra
que “do ponto de vista da economia nacional, o principal motivo para exportar é obter
recursos para pagamento das importações necessárias à sua vida econômica”.

Outra fonte de inúmeras pesquisas pode ser acerca da produção e produtividade


da agricultura brasileira. Estudos na área já demonstraram que, apesar de desde
a década de 1980 a agricultura brasileira ter crescido com produtividade, ela não é
uniforme, onde os produtos exportáveis nitidamente crescem a taxas maiores do que
os produtos que atendem apenas ao mercado doméstico (HOMEM DE MELLO, 1988
). Uma resposta encontrada em trabalho de Graziano da Silva (1995 ) propõe que o
motivo para essa caracterização do desempenho seria que os produtos exportáveis
teriam incorporado mais densamente a tecnologia disponível, mas outras variáveis são
possíveis, por isso o tema é tão interessantes para uma discussão mais aprofundada.

Ainda na agricultura, o Programa Nacional do Álcool (Proálcool) nasceu, em 1975,


como uma iniciativa do governo para fomentar uma fonte de energia alternativa,
intensificar a produção de álcool combustível e tirar o Brasil da situação de refém dos
grandes produtores de combustíveis.

HOMEM DE MELLO, F. Um diagnóstico sobre produção e abastecimento alimentar no Brasil. In: AGUIAR,
1

Maria de Nazareth (org.) Questão da produção e do abastecimento alimentar no Brasil: um diagnóstico


macro com cones regionais,- Brasília: IPEA/PNUD/ABe, 1988.
2
GRAZIANO DA SILVA, J. Evolução do emprego rural e agrícola. In: Anais da SOBER, 1995 .p. 143-1459.

O universo da pesquisa econômica 67


U2

Os resultados e consequências foram diversos – o país conseguiu substituir


parcialmente o petróleo, mas aumentou sua dívida pública em função dos
benefícios que concedia para a cultura da cana-de-açúcar e também a inflação, pois
a produção de gêneros alimentícios de algumas culturas reduziu-se em decorrência
da produção da cana-de-açúcar. Até hoje existe ainda o embate técnico das usinas
entre produzir açúcar ou álcool, e o tema pode ser fonte das mais diversas pesquisas
econômicas.

Também é tema de interessantes pesquisas econômicas na agricultura a


questão dos preços determinando a Produção e Oferta de Alimentos. Neste tema
pode-se pesquisar, levantar dados, apresentá-los e discutir se essa questão de
produção e oferta deve-se, exclusivamente, aos preços de cada commodity ou não.
Calcular a elasticidade-preço da oferta dos principais produtos agrícolas, analisar
a estrutura fundiária predominante em cada região, avaliar se há concentração
e predominância do latifúndio improdutivo ou do minifúndio de subsistência e
correlacionar esses dados com a oferta de alimentos. Enfim, procurar detalhes sobre
a adequada capacidade de resposta da agricultura aos estímulos do mercado.

Outro tema interessante nessa área é o comércio exterior, ou seja, a


exportação e a importação de alimentos pelo Brasil. O Ministério da Agricultura
divulga, mensalmente, o desempenho da balança comercial brasileira, objetivando
orientar as avaliações de mercado e as tomadas de decisão de exportadores e
importadores, e as Estatísticas de Comércio Exterior do Agronegócio Brasileiro
– AGROSTAT – objetivam integrar as informações gerenciais e estratégicas de
produção, comercialização, importação e exportação de produtos agropecuários.
Pode-se aqui discutir, por exemplo, a política de subsídios para produtos agrícolas
e como ela afeta o comércio exterior e o crescimento sustentado das vendas
internacionais para o Brasil. Mas não apenas o subsídio pode ser uma barreira ao
crescimento do país, pois há mais uma série de obstáculos, internos e externos,
que dificultam a exportação de alimentos. O Brasil apresentou déficits na balança
comercial entre os anos de 1994 e 2000. A partir de 2001, até 2007, foi superavitária
e depois teve períodos de alternância, dependendo de fatores internos e externos.
Definitivamente, a agricultura de exportação pode ser tema de infindáveis pesquisas
econômicas, com resultados importantes para a condução das políticas públicas
ligadas à agricultura.

Ainda falando sobre produção, também podemos pesquisar sobre os


reflexos da reforma agrária sobre a produção agrícola. Entender como a agroindústria
familiar e os empreendimentos de propriedade de agricultores familiares conseguem
sobreviver em mercado tão competitivo como o da agroindústria. Entender o papel
e a representatividade de atividades típicas da agricultura familiar, como benefício,
transformação e industrialização de matérias-primas derivadas da exploração agrícola,
pecuária, pesqueira ou extrativista, desde processos simples como secagem ou
processamento mínimo e embalagem, até processos mais sofisticados que incluem

68 O universo da pesquisa econômica


U2

operações de transformações físicas, químicas ou biológicas. Ainda sobre o pequeno


agricultor, assentado ou não, se existe e a finalidade dos incentivos creditícios, fiscais
e tributários; se existe para essas famílias o crédito rural ou industrial, que fomente
e subsidie o capital de giro necessário para o êxito da pequena propriedade, quais
os critérios para distribuição e qual o objetivo e o reflexo gerado nas pequenas
propriedades atendidas. No último Plano Safra da Agricultura Familiar (2014/2015) foi
disponibilizado volume recorde de crédito, de R$ 24,1 bilhões, foram disponibilizados
créditos para custeio de sistemas de produção agroecológica e orgânica. Desta
forma, os temas ligados à agroindústria familiar podem gerar inúmeras pesquisas
econômicas da melhor qualidade.

A tributação da agricultura brasileira sempre foi tema de muitas discussões. Ao


mesmo tempo em que a produção agrícola é importante para o PIB do Brasil, pois
representa 23% do total do indicador e procura-se abrandar a mordida do leão sobre
o setor, essa arrecadação é fundamental para custear os gastos públicos com saúde,
segurança, educação, transporte, cultura, pagamentos de salários de funcionários
públicos etc., e também para investimentos em obras públicas (hospitais, rodovias,
hidrelétricas, portos, universidades etc.). A tributação brasileira do setor do
agronegócio chega a 35%, enquanto no resto do mundo a média é de apenas 7%. A
Proposta de Emenda à Constituição (PEC 491/2010), em tramitação no Congresso
Nacional, propõe a desoneração da carga de impostos incidente sobre insumos,
fertilizantes, produtos químicos e alimentos destinados ao consumo humano, e
também medicamentos. Entender o que significa a tributação sobre cada produção,

Outra possibilidade de exploração com pesquisas econômicas na agricultura é o


mercado futuro. Sua principal função é auxiliar os produtores e demais envolvidos
com a produção agrícola a conseguirem se proteger das oscilações dos preços das
commodities. O Brasil já teve vários planos de proteção ao setor agropecuário, mas
sempre foram instrumentos de manutenção de preços que, de alguma forma, se
tornaram insustentáveis no longo prazo, pois não consideravam todas as possibilidades
de variação dos preços. No Brasil o mercado futuro ainda está em desenvolvimento
e seu volume ainda é pequeno, mas sem dúvidas oferece grandes oportunidades,
pois nele produtores e cooperativas vendem contratos futuros para se protegerem de
eventuais quedas de preços e, ao mesmo tempo, outros agentes compram contratos
futuros para se protegerem contra um possível aumento de preços.

1.6 Análise de Conjuntura


A economia estuda a produção de bens e serviços, a forma como esses bens e
serviços são distribuídos, a forma como esses bens e serviços circulam no mercado,
a relação entre compradores e vendedores e, especialmente, a forma como esses
bens e serviços são produzidos.

O universo da pesquisa econômica 69


U2

Enquanto a ciência econômica procura descrever as coisas como elas são e


descrever os fatos da maneira como eles são, a ciência política busca interpretar os
fatos econômicos, desenvolver juízo de valor em torno deles e normatizá-los. Em
decorrência disso, a conjuntura é determinante para a compreensão da realidade
econômica do lugar onde vivemos e para a previsão das mudanças que queremos
para esse lugar, através da análise de seus principais indicadores, para aproveitar
melhor as oportunidades e enfrentar com mais eficácia as ameaças.

A conjuntura econômica nada mais é do que a representação da realidade


econômica de algum local, geralmente o país, em dado momento da história, e
é composta pelas circunstâncias políticas, econômicas e sociais naquele instante.
Sua leitura envolve a assimilação dos fatos e acontecimentos importantes naquele
momento, que tomam relevância especial para a sociedade local; a compreensão
do cenário presente, com identificação das situações que influenciam o desenrolar
dos acontecimentos ou de mudanças que podem indicar alterações na relação
das forças envolvidas no processo ou tendências; dos agentes envolvidos nesses
acontecimentos, que exercem papel respeitável no desenvolver das coisas; da
relação entre as forças presentes - como confrontos ou alianças; e as tendências
de mudanças, representadas, essencialmente, pela necessidade de solução para
problemas que acontecem em função da conjuntura.

Para avaliar-se a conjuntura econômica, demanda-se infindáveis pesquisas


econômicas, que verifiquem informações sobre o nível de atividade da economia -
que será determinante para o crescimento econômico, pois mais atividade significa
que haverá mais emprego, que significa mais renda para a população e capacidade
de consumo, que significa mais produção, mais emprego e maior nível de atividade
da economia. Além disso, é necessário também conhecer o nível de emprego e de
renda, que informa o nível de ocupação no mercado de trabalho e, naturalmente,
um aumento do número de empregados significa expansão da economia. Com
mais empregos disponíveis a renda do trabalhador sobe, porque a oferta de mão
de obra, no curto prazo, é rígida e, com mais renda, mais consumo. Outra variável
muito importante para entender a conjuntura é a flutuação do nível geral dos preços,
pois quando essa flutuação é grande, temos inflação, e esse fenômeno pode corroer
totalmente as bases macroeconômicas e trazer desconfiança pelos investidores e
consumidores, em função da imprevisibilidade quanto ao futuro do poder de compra
e rentabilidade. Sobre a estabilidade podem surgir diversas pesquisas econômicas.

A correlação da inflação com o Produto Interno Bruto, com o consumo do


assalariado, sobre juros e sobre inúmeros índices, pois a economia brasileira utiliza
diversos índices de preços, que foram criados para atender a diferentes demandas
e vários objetivos. Acerca do resultado das relações econômicas com o exterior,
é importante rever o conceito de “exportações líquidas”, que é o resultado das
importações, subtraído do resultado das exportações. Quando as exportações

70 O universo da pesquisa econômica


U2

líquidas são superavitárias, temos, além da injeção de recursos no sistema


econômico nacional, o incremento da produção, que gera mais empregos, e esses
dois fatores devem impulsionar o crescimento da economia. Por fim, tratando
da análise das políticas econômicas, vimos que elas têm a função precípua de
incentivar o crescimento econômico, aumentar o número de empregos, promover
a mais justa distribuição de renda e, finalmente, garantir a estabilidade econômica,
que é a mais importante de todas as funções da política econômica. São cinco as
políticas econômicas – que têm esse nome porque elas atuam diretamente sobre a
capacidade produtiva. São elas as políticas fiscal, monetária, cambial, comercial e de
rendas, e todas podem ser expansivas ou restritivas, dependendo do objetivo para o
qual são usadas.

Ainda vemos muitas pesquisas que resultam em projeções macroeconômicas, que


resultam da combinação de pesquisas – que geram informações sobre a economia
– com a utilização de modelos econômicos para traçar uma linha de tendências
e também projetos que monitoram a evolução de indicadores e tendências na
economia. Outros dados e análises sobre atividade econômica, inflação, crédito,
emprego e renda, setor externo e economia internacional são determinantes da
situação da conjuntura econômica do país – e tudo isso é campo de trabalho de
economistas.

A conjuntura econômica brasileira tem se mostrado fragilizada. O conhecido,


amado e odiado “tripé de política econômica” (composto por elementos de superávit
fiscal, metas de inflação e câmbio flutuante), que trouxe a queda definitiva da inflação
inercial e estabilidade monetária ao país, não é mais utilizado pelos formuladores da
politica econômica brasileira. O resultado mais evidente da condução da conjuntura
econômica brasileira foi o recente desempenho do Produto Interno Bruto (0,1% em
2014), que alia-se à perspectiva da inflação e da alta na taxa básica de juros.

A conjuntura econômica internacional tem dado sinais mistos de recuperação.


Os principais parceiros comerciais do Brasil têm conseguido crescer. A economia
americana tem crescido, a alta da moeda americana está contribuindo para o
aumento dos preços dos alimentos no Brasil, tanto os importados quanto os
nacionais. A Europa tem demonstrado sinais de recuperação, que são ainda
insuficientes, mas sinalizam melhoras; apesar do desemprego ainda ser um grande
problema, vem apresentando melhoras desde o segundo semestre de 2014. A China
tem demonstrado que não deve haver desaceleração acentuada em sua atividade
econômica. A produção industrial e a venda no varejo vêm se mantendo em
expansão, dando algum fôlego ao Brasil.

Desta forma, caro aluno, infindáveis são as possibilidades de pesquisas econômicas


sobre a conjuntura. Basta criar uma correlação entre causa e efeito que, certamente,
a economia vai ajudá-lo a encontrar a solução mais eficiente.

O universo da pesquisa econômica 71


U2

1.7 Parcerias público-privadas


Na luta contra o absolutismo, no século XVIII, surgiu o ideário liberal, sustentado
por uma economia regulada exclusivamente pelas leis de mercado, a lei natural
da oferta e da demanda. Assim, o Estado Liberal não interviria na estrutura social e
econômica dos cidadãos.

Com o fim da Segunda Guerra e a necessidade de reconstrução da Europa,


surge o Estado do Bem-Estar Social (Welfare State), com forte atuação do Estado na
economia, garantindo serviços de interesse geral, considerados serviços públicos.

Com a alocação prioritária de recursos públicos na implementação de políticas


sociais (saúde, educação e segurança pública) e a necessidade de investimentos
em infraestrutura, peça fundamental para o crescimento econômico sustentável,
os recursos são insuficientes para tudo e a solução proposta é retirar o Estado do
papel de patrocinador do econômico e social e alocá-lo na função de regulador da
prestação dos serviços públicos, agora providos pelo setor privado.

No Brasil, essa coparticipação foi instituída pela Lei nº 11.079, que institui normas
gerais para licitação e contratação de parceria público-privada no âmbito dos Poderes
da União3, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. O Tribunal de Contas
da União define as PPPs como “contratos de concessão em que o parceiro privado
faz investimentos em infraestrutura para prestação de um serviço, cuja amortização
e remuneração são viabilizadas pela cobrança de tarifas dos usuários e de subsídio
público (PPP patrocinada), ou é integralmente paga pela Administração Pública (na
modalidade de PPP administrativa)”.

Quando proposta, a Parceria Público-Privada foi defendida como sendo “uma


alternativa indispensável para o crescimento econômico, em face das enormes
carências sociais e econômicas do País, a serem supridas mediante a colaboração
positiva do setor público e privado4.”

O Programa Nacional de Desestatização, em 1990, estimulou as privatizações e


as concessões e permissões da exploração de serviços públicos, cujo marco ocorre
com a Lei nº 8.987/1995. Desta forma, o governo pode firmar parcerias público-
privadas, sempre através de procedimentos licitatórios, com o objetivo de buscar no
capital privado o auxílio técnico e econômico necessário para o desenvolvimento
da infraestrutura nacional. Essas parcerias são encampadas pelo mercado como
oportunidades de atuar em setores até então considerados exclusivamente públicos,

3
http://portal2.tcu.gov.br/portal/page/portal/TCU/comunidades/regulacao/Parceria_P%C3%BAblico_
Privada_Pontal_web.pdf
4
Trecho da Mensagem Presidencial nº 623, de 2003, que submete, à apreciação da Câmara dos Deputados,
o texto de projeto de lei que “Institui Normas Gerais para licitação e contratação de Parceria Público-Privada
no âmbito da Administração Pública”.

72 O universo da pesquisa econômica


U2

mas onde o governo não dispõe de recursos ou mesmo capacidade técnica de fazê-
lo. Essa parceria configura-se como de cooperação mútua e gestão compartilhada.

Naturalmente, as empresas que enveredam por essas parcerias assumem


riscos e, como prêmio, objetivam ganhar com isso. As possibilidades de pesquisas
econômicas nessa área são cada vez maiores. Pesquisar sobre as contrapartidas das
partes envolvidas, sobre os interesses e benefícios mútuos, sobre os resultados em
termos de custos e benefícios.

Outro tema interessante para o desenvolvimento de pesquisas econômicas na área


de parcerias público-privadas é avaliar a eficiência na disponibilização dos serviços
públicos para a sociedade brasileira e, inclusive, seus reflexos no desenvolvimento
nacional.

A parceria público-privada requer estruturas institucionais vigorosas e o


incremento de habilidades características no setor público, como a competência para
bem avaliar projetos e selecionar alternativas que tenham relação custo/benefício
positiva, além de agilidades no controle e monitoramento de contratos de longo
prazo. Desta forma, cabe ainda à economia trabalhar formatos de acompanhamento
e controle dos contratos firmados entre o governo e seus parceiros privados e
políticas de apoio aos setores público e privado em projetos da área, pesquisar formas
de aperfeiçoar o modelo concessório, sanar gargalos estruturais do país, ampliando
a competitividade da produção nacional e permitindo ao governo esforços e uso de
recursos públicos em políticas voltadas para os setores vulneráveis da sociedade.

Cabem projetos de pesquisas que gerem estudos técnicos pertinentes à


estruturação dos projetos-piloto elaborados; desenvolvimento de modelo de
relatório e sistema capaz de mensurar acompanhamento desenvolvido; e ainda
relatório de avaliação do programa concluído, mas todas as formas de acompanhar
a consecução de cada etapa do projeto são pertinentes.

1.8 Economia da saúde


A saúde das pessoas é um dos fatores mais determinantes da qualidade de vida
de uma população e, consequentemente, do desenvolvimento do país. Muitas
políticas foram implantadas para operacionalizar a saúde como um direito universal
e dever do Estado, como definiu a Constituição da República Federativa do Brasil de
1988, e para operacionalizar o Sistema Único de Saúde – também criado por aquela
Constituição.

Investimentos públicos que precisam primar pela coerência entre os recursos, os


serviços e as necessidades da comunidade, precisam elevar a eficácia e a eficiência
dos serviços públicos de saúde. Constantemente encontra-se hospitais públicos e a
saúde pública em situação de total abandono. Justificativas e desculpas se acumulam

O universo da pesquisa econômica 73


U2

e nada parece ser capaz de resolver o problema da saúde no Brasil.

A proposta da pesquisa econômica na área da saúde é verificar se dificuldades


de gestão e financiamento são os principais problemas do SUS e se a proposta
de iniciativa popular em tramitação na Câmara, que destina pelo menos 10% das
receitas correntes brutas para a saúde, é necessária e suficiente.

Pesquisar ações que levem em conta fatores sociais, econômicos e ambientais,


que afetam os determinantes sociais, econômicos, culturais e políticos que
interferem nas condições de vida e saúde da população, e como essas pesquisas
podem propor soluções para a já combalida saúde dos brasileiros.

Outra participação importante da economia para a saúde é pesquisar sobre


os preços praticados pelos laboratórios para as farmácias e distribuidoras, pois o
preço máximo ao consumidor, no Brasil, é regulado através da política de rendas
do governo. Então, pesquisas sobre o papel da ANVISA sobre essa regulação e a
eficiência da política são interessantes.

A Associação Médica Brasileira propõe uma tabela de procedimentos médicos


montada com base em critérios técnicos e tem como finalidade hierarquizar os
procedimentos médicos lá descritos, servindo como referência para estabelecer
faixas de valoração dos atos médicos pelos seus portes. Avaliar o custo desses
procedimentos no orçamento de uma família e seus impactos no bem-estar das
pessoas pode ser uma área de relevante inserção da economia na política de saúde,
pois pode municiar o governo acerca de ações mais efetivas para a promoção da
saúde.

1.9 Economia do setor público


Gerenciar o setor público é sempre um desafio. A política privilegia as ações
inclusivas, de cunho social, voltadas à cidadania e a atender os mais vulneráveis. A
economia impõe restrições em função de questões de alocação orçamentária ou a
relação entre o sistema tributário e bem-estar.

A partir da Constituição de 1988, a oferta de vários serviços públicos tem sido


repassada a estados e municípios, procurando descentralizar a prestação de serviços
e o gerenciamento de recursos que, uma vez estando em governos menores
(estados e municípios), podem ser administrados com mais eficiência, com políticas
de comando e controle, pois é muito mais próximo ao controle social, que é
essencial para o processo de descentralização.

Também faltam informações públicas sobre a distribuição de cargos de confiança


na burocracia federal, nas estaduais e municipais. É importante levantar informações
sobre a quantidade, funções e custo desse aparato, para tratar a dimensão disso e

74 O universo da pesquisa econômica


U2

propor ações de conformidade com a gestão pública eficiente. Uma abordagem


moderna do princípio da função administrativa estabelece que todo agente público
deve realizar suas atribuições com presteza, perfeição e rendimento funcional,
estabelece que a função pública deve ser desempenhada apenas com legalidade,
exigindo resultados positivos para o serviço público e satisfatório atendimento das
necessidades da comunidade e de seus membros.

Muitas são as possibilidades de pesquisa sobre o setor público. Pode-se trabalhar


sobre características do setor público, sobre singularidades brasileiras, cenários e
desafios. Enfrentamento das mudanças advindas com a globalização, com as novas
demandas sociais em função de mudanças estruturais.

Também é importante mensurar como se dá a relação entre sociedade e gestões


públicas – demandas e serviços oferecidos, cobranças e exigências. Plano de carreira,
cargos e salários dos servidores públicos, perfil do servidor, políticas de governança,
avaliação de desempenho e resultados apresentados. Inclusive, discutir o custo do
fator estabilidade funcional e propositura de flexibilização das relações de trabalho
para o setor.

É importante entender como as ferramentas básicas da economia podem


contribuir para a análise dos fenômenos políticos para, em seguida, aplicar essas
ferramentas para a análise de alguns dos problemas da ciência política contemporânea.

Aferir, por meio de metodologias bem alinhadas e pesquisas, em que medida o


poder público está atendendo às expectativas dos usuários, de forma a orientar as
novas formas de gestão das políticas públicas e os novos procedimentos gerenciais.
Essa avaliação deve ser feita por economistas, pois será analisada objetivando propor
ferramentas para definir ações que melhorem a qualidade da gestão e dos serviços
prestados.

Também cabe à economia mensurar os riscos do capital público na participação


da estruturação de operações de financiamento a projetos de infraestrutura ou de
fomento ao negócio, riscos dos projetos e esquema de garantias, buscando apontar
algumas das condições que têm constituído elementos indispensáveis ao sucesso
de novos empreendimentos envolvendo concessões de serviços públicos ou outra
modalidade similar, como arrendamento e autorização.

Ainda é importante verificar o equilíbrio econômico-financeiro nas parcerias que


envolvam o setor público e a iniciativa privada, mediante a análise do tipo custos/
benefícios, baseado na hipótese da equalização das dimensões entre benefícios e
custos, de lado a lado. Essas parcerias têm papel importantíssimo para a sociedade e
para o mercado, então é fundamental que haja esse balanceamento.

1.10 Economia do turismo

O universo da pesquisa econômica 75


U2

O turismo é uma das principais atividades econômicas em nível mundial. No


Brasil tem crescido a recepção de turistas estrangeiros e nacionais, mas ainda não
ocupa posição de destaque entre os principais destinos turísticos. Os impactos
econômicos da atividade do turismo existem e merecem atenção, pois quando o
turismo é receptivo ele gera emprego, promove a distribuição de renda, tem efeitos
multiplicadores, entre uma série de outras atividades, gera receita pública em função
do aumento de arrecadação tributária dos produtos e atividades relacionados ao
turismo, e mais uma série de vantagens.

É possível avaliar, em cidade com participação turística, dados quantitativos,


como número de estabelecimentos de hospedagem, número de leitos, capacidade
e características dos hotéis, enfim, todas as informações sobre a atividade e o
impacto econômico do turismo, de forma a subsidiar a adoção de políticas públicas
voltadas para o setor.

Ainda no turismo, a pesquisa econômica é capaz de averiguar a importância do


setor do turismo na economia local e a tendência de segmentação na promoção do
turismo, apresentando a criação de políticas de preços e de propaganda especializada
em turismo segmentado.

No setor do turismo, tão importante quanto a demanda do turismo é a oferta,


que inclui muito mais do que um quarto para a hospedagem do turista, mais ainda as
atividades que podem ser desenvolvidas pelos visitantes – e o impacto nas atividades
produtoras de bens e serviços criados para servir direta e indiretamente esse turista.

De acordo com o Plano Estratégico de Marketing Turístico do Brasil (2014), ocorreu


uma ampliação da oferta de destinos e equipamentos turísticos nos últimos anos,
tanto em quantidade quanto em diversidade. A oferta brasileira está concentrada no
segmento de sol e praia e para as cidades (oferta completa de compras, serviços,
gastronomia etc.), refletindo também essa preferência da demanda atual. Existe
o aprimoramento da qualidade da oferta, apesar das deficiências em termos de
infraestrutura e serviços.

Muitos destinos com potencial de atratividade pela cultura e belezas naturais


apresentam dificuldade de acesso, seja no modal rodoviário, pela qualidade das
estradas, seja pelo modal aéreo, pela insuficiência da malha aérea e/ou custos
das passagens. As regiões brasileiras apresentam grande diferença nos níveis de
qualidade e infraestrutura dos produtos, com o desafio de uma imagem coesa da
oferta nacional.

A oferta brasileira reflete para os brasileiros atributos como “descanso/


tranquilidade”, “tempo com a família/amigos”, “diversão”, “beleza natural”, e se abstêm
de oferecer atrativos como “criatividade e inovação”, “modernidade”, “patrimônio
histórico/cidades históricas”, que podem ser determinantes noutro tipo de turista.

76 O universo da pesquisa econômica


U2

Em razão exatamente disso, a economia pode ainda figurar entre os atores mais
importantes do turismo, elaborando planejamentos estratégicos para localidades
com potencial turístico e avaliando o impacto econômico do turismo nas regiões
de destino e para o país. Com o turismo tratado como negócio, todo mundo ganha.

O impacto para o governo é o aumento do fluxo doméstico de turistas, com a


diminuição da sazonalidade nos destinos, com a contribuição para o equilíbrio da
balança de pagamentos dos gastos de brasileiros e estrangeiros na atividade turística,
o melhor entendimento da população e imprensa da importância estratégica do
turismo para o país e, também, maior valorização dos destinos nacionais pelos
brasileiros pela melhoria da imagem da oferta brasileira. Sem contar com a inclusão
social por meio do turismo, com melhor distribuição da renda pelos fluxos nacionais
de pessoas.

As empresas ligadas ao turismo ganham com a melhoria da taxa de ocupação


nos empreendimentos, diminuição da sazonalidade da demanda, empreendimentos
mais competitivos e viáveis, maiores lucros, maior valorização dos destinos nacionais
pelos brasileiros. Surgimento de novos negócios inovadores em toda a cadeia
produtiva que possam se atualizar constantemente.

A sociedade sente os reflexos do turismo com a geração de empregos na


atividade, aumento da renda nos destinos turísticos, elevação da qualidade de vida
e da autoestima dos brasileiros, a partir da valorização das potencialidades locais,
culturais e naturais.

Os turistas têm maior facilidade de acesso à informação e contratação de serviços


nos destinos brasileiros, incremento das opções de viagens de qualidade, preços
mais competitivos, melhoria da satisfação com as viagens pelo Brasil, valorização
do país como destino turístico de qualidade, aumento da cultura de viajar pelo país,
mas tudo isso é motivo e razão para pesquisas econômicas que mapeiem o setor de
turismo no Brasil e suas potencialidades.

Todas as atividades propostas pelo turismo devem estar baseadas em critérios


técnicos para geração dos resultados para as partes interessadas, buscando-se a
maior otimização possível dos recursos disponíveis. As metas devem ser relevantes
para o melhor desempenho global do turismo, sendo monitoradas e atualizadas
permanentemente. Essas são atividades totalmente ligadas com a economia, então
o setor de turismo oferece infindáveis possibilidades de pesquisa econômica.

1.11 Economia Financeira


É importante analisar, acompanhar e estudar as variáveis macroeconômicas
para o mercado como um todo. Através delas é possível entender a dinâmica e as
consequências dos eventos econômicos no mercado financeiro como um todo.

O universo da pesquisa econômica 77


U2

De acordo com a definição do Banco Central do Brasil, os índices de preços


são números que agregam e representam os preços de uma determinada cesta
de produtos. Sua variação mede a oscilação média dos preços dos produtos dessa
cesta. Os dois principais tipos de índices são os indicadores de inflação (indicadores
de preços) e as taxas de juros financeiras. Os indicadores de inflação medem o
movimento de preços de uma cesta de produtos – que podem variar de acordo
com a finalidade do indicador, mas de modo geral medem o preço médio de um
produto. Já as taxas de juros financeiras representam o valor dos juros cobrados em
cada operação financeira. A taxa básica de juros é a taxa SELIC, mas cada instituição
financeira pratica a taxa que considerar suficiente, dados seus custos e riscos.

Pesquisadores da área de Economia Financeira devem estar bastante familiarizados


com o cálculo do custo médio ponderado do capital da empresa, que é obtido
pelo custo de cada fonte de capital, ponderado por sua respectiva participação na
estrutura de financiamento da empresa. Essa é uma grande área de pesquisas em
economia.

Outra área importante de economia financeira para empresas é a estrutura a


termo da taxa de juros, que é a relação entre o custo do empréstimo (taxa de juros)
e o tempo para o pagamento do débito para um dado emprestador. Na prática,
essa relação mostra como o mercado avalia o risco para emprestar dinheiro por um
prazo mais longo.

Também importante na área financeira é a avaliação do valor de empresas, pois


é atividade do economista oferecer o melhor método para a avaliação de empresas.
Pesquisar cada realidade, estrutura e mercado vai levar ao melhor método.

A análise do Fluxo de Caixa é uma ferramenta primordial para a gestão financeira


de uma empresa, pois projeta para períodos futuros todas as entradas e as saídas
de recursos financeiros da empresa, indicando como será o saldo de caixa para
o período projetado. Trabalhar com essa ferramenta vai render ao empresário
melhores condições para tomada de decisão, e como o fluxo de caixa deve ser
flexível, para permitir a inserção de entradas e saídas de acordo com as necessidades
da empresa, pode ser tema de muitas pesquisas econômicas.

1.12 Economia Industrial


Em economia industrial é importante analisar a relação entre crescimento
econômico e emprego, avaliando a sensibilidade do emprego formal ao crescimento
econômico. Analisar a correlação entre taxa de investimento e aumento da
produtividade.

Também é possível tentar identificar correlação entre “crescimento do produto”


e “crescimento dos postos de trabalho” para testar hipóteses acerca da dependência

78 O universo da pesquisa econômica


U2

do aumento do produto para o aumento dos postos de trabalho e diversas outras


possíveis, de acordo com o objetivo do trabalho.

No Brasil, temos visto, nos últimos anos, a queda constante da taxa de desemprego.
Esse fenômeno traz uma série de implicações sobre a economia, como salários
médios maiores, pressão sobre a inflação, custos de produção maiores e perda
de competitividade. Estudos de correlação entre variáveis do mercado de trabalho
podem gerar inúmeros trabalhos sobre economia industrial.

Os projetos do governo para o desenvolvimento científico-tecnológico tiveram


o intento de colocar Ciência e Educação à disposição do desenvolvimento
econômico. Analisar a interação do conhecimento gerado em alguma área com as
demandas dos setores produtivos vai gerar indicadores importantes para a avaliação
e manutenção desses programas e para o atendimento mais pontual da demanda
da indústria. Avaliar se existe algum quadro de dependência entre o setor produtivo
e as políticas públicas de qualificação de mão de obra pode direcionar ações nesse
sentido.

A formação dos preços, para a economia, vai além da soma dos custos fixos,
variáveis e lucro desejado. Outras variáveis, como a competição fora da empresa,
o progresso tecnológico, campanhas publicitárias e outros elementos participam
na resolução dos preços industriais. Verificar esses elementos permite direcionar a
empresa industrial para ser mais lucrativa e até diversificar sua carteira de produtos.

Outro tema que merece destaque na discussão da economia industrial é


o empenho, por parte do governo, para promover a produção local e lugar das
importações, como o Processo de Substituição de Importações – PSI – , vigente
no Brasil entre o início da década de 1930 ao final da década de 1970. Atualmente,
vemos novamente o esforço pela nacionalização da produção industrial atrelado à
ideia de absorver a tecnologia originária dos países industrializados.

Para a análise de estudos com dados pontuais, que carecem de comparação,


uma metodologia bastante eficiente é a construção de matrizes de insumo-produto,
que conseguem delinear os fluxos entre as duas informações, permitindo assim a
análise das relações produtivas da economia e a avaliação dos efeitos das mudanças
na demanda dos produtos da região, por exemplo. Ainda é possível caracterizar
a estrutura produtiva e calcular os multiplicadores de produção, emprego e valor
adicionado.

1.13 Economia Internacional


Economia Internacional trata de aspectos ligados à atividade econômica entre
países. A forma como essa relação acontece, seus aspectos legais, câmbio praticado,
trocas monetárias, crise e regulação financeira internacional; sistema monetário-

O universo da pesquisa econômica 79


U2

financeiro internacional; fluxo de mercadorias e serviços, relação do Brasil com seus


mais importantes parceiros comerciais; como se processa o comércio internacional,
discussão sobre o formato de integração sul-americana, investimento externo direto
etc., são alguns dos muitos temas de pesquisas econômicas na área de economia
internacional.

Destaque aqui para a globalização, que afunila cada vez mais a interação
e interdependência entre os países – e isso exige relações cada vez mais
contrabalanceadas, o que estabelece a criação de organismos supranacionais que
medeiem no sentido de equilibrar estas relações e promover o PIB de todos os
participantes.

1.14 Economia Monetária


O Banco Central do Brasil tem como “missão institucional” a estabilidade do
poder de compra da moeda e garantir a solidez do sistema financeiro.

As estruturas do mercado financeiro têm um papel fundamental para o sistema


financeiro e a economia de uma forma geral, pois seu funcionamento permite a
estabilidade financeira e condição necessária para a transmissão da política monetária.

O BACEN também supervisiona os bancos múltiplos, bancos comerciais,


bancos cooperativos, bancos de investimento, bancos de desenvolvimento, bancos
de câmbio, caixas econômicas, cooperativas de crédito, sociedades de crédito,
financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades de
arrendamento mercantil, sociedades corretoras de câmbio, sociedades corretoras
de títulos e valores mobiliários, sociedades distribuidoras de títulos e valores
mobiliários, agências de fomento, companhias hipotecárias, sociedades de crédito
ao microempreendedor e à empresa de pequeno porte, instituições de pagamento
e administradoras de consórcio.

Outra possibilidade de trabalhos em Economia Monetária é a pesquisa sobre


os principais componentes de receita e despesa incorridos pelos bancos em suas
atividades de intermediação financeira e a definição de suas taxas de juros, para
desenvolvimento de modelo de cálculo e apuração do spread da indústria bancária
brasileira.

O Banco Central ainda conta com o Comitê de Política Monetária (Copom), que
tem como objetivo estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a taxa de
juros do país. Certamente não faltam temas relativos à Economia Monetária para
desenvolvimento de pesquisa econômica, dado a sofisticação do Sistema Financeiro
Nacional e a atuação do Conselho Monetário Nacional.

80 O universo da pesquisa econômica


U2

1.15 Economia Regional e Urbana


Discutir as teorias do crescimento econômico divergente e convergente pode ser
o ponto de partida para analisar a evolução do crescimento da economia brasileira
e identificar onde predominou a concentração econômica no país e porque
prevaleceu a dispersão do crescimento, procurando entender as desigualdades
regionais no interior do país.

Entendendo que a urbanização consiste na aglomeração populacional nas


cidades em virtude do surgimento das sociedades industriais e que isso gera uma
série de implicações para a economia, para o crescimento e desenvolvimento da
sociedade e do país, causa do êxodo rural, impõe o uso de máquinas na agricultura,
realinha e redimensiona a produção de alimentos e lançou uma série de desafios
urbanos para o país. Entendê-los, relacioná-los com causas e efeitos e representar
o papel de cada um no crescimento pode ser tema das mais variadas pesquisas
econômicas.

1.16 Mercado de Trabalho


Uma das questões que atualmente tem atraído grande atenção no âmbito dos
estudos populacionais refere-se ao processo de dispersão espacial da população
e das atividades econômicas. Então, entender qual a influência da educação na
dinâmica populacional é importante para correlacioná-la com o crescimento da
população e o desenvolvimento de dadas partes do país.

Um dos objetivos mais importantes da macroeconomia é prover alto nível


de empregos, uma vez que a geração de empregos em quantidade e qualidade
adequadas é determinante para o desenvolvimento da economia e para a
manutenção da democracia.

Ainda no tema de trabalho, o seguro-desemprego foi criado em 1986, sendo


custeado pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT – e concebido como um
instrumento de proteção social e de garantia de renda e de segurança ao trabalhador
diante dos riscos do desemprego. Pesquisar acerca do impacto sobre o gasto público
e sobre o trabalhador é interessante para a economia.

1.17 Políticas Sociais


Apesar de o tema ser afeto às áreas da assistência social e das ciências sociais,
a economia tem um laço muito estreito com políticas sociais, pois a viabilização
dessas somente é possível com dinheiro gerado pela economia e, ao mesmo tempo,
seus reflexos protegem e melhoram a economia. Abordagens quantitativas podem
ser usadas pela economia para avaliar programas sociais e caracterizar a importância

O universo da pesquisa econômica 81


U2

dessas atividades para o aperfeiçoamento dos processos de planejamento e de


implementação de políticas sociais.

Ainda é possível, à análise econômica, identificar o grau em que os recursos


públicos são utilizados para a produção de bens e serviços e/ou se os resultados
alcançados com os empreendimentos sociais são compatíveis com as respectivas
necessidades.

Bom, aqui vimos algumas das áreas possíveis para o desenvolvimento de pesquisa
econômica, mas aqui tivemos apenas uma breve discussão de algumas áreas.
Como vocês sabem, a economia é muito mais abrangente e pode se enveredar por
quase todas as ciências, em quase todos os assuntos, então esperamos que você
desenvolva pesquisas que possam lhe ajudar, sempre e em todos os sentidos.

1. Para a pesquisa econômica é importante ter resultados


satisfatórios, metodologia, levantamento de dados e
interpretação desses dados à luz dos conhecimentos gerados
na área. É preciso empregar um raciocínio econômico para fazer
as escolhas mais eficientes do uso de recursos e compreender
a análise estratégica acerca de decisões de empresas e de
consumidores. Quando a pesquisa tratar da alocação eficiente
de recursos, o objeto da pesquisa refere-se às opções de quais
escolhas da economia?

a) Alocativas, produtivas e distributivas.


b) Oferta, demanda e equilíbrio.
c) Inclusivas, genéricas e moderadas.
d) Eficazes, eficientes e equitativas.

2. A conjuntura econômica internacional tem dado sinais


mistos de recuperação, com os principais parceiros comerciais
do Brasil recuperando suas economias e sinalizando com boas
expectativas para as relações conosco. Ao país cabe agora
preparar-se para o plausível cenário, priorizando investimentos
em infraestrutura para garantir o crescimento econômico
sustentável. Com o ajuste fiscal imposto pela economia, os
recursos são insuficientes para todas as ações que o governo

82 O universo da pesquisa econômica


U2

deve tomar. Retirar o Estado do papel de patrocinador do


econômico e social e alocá-lo na função de regulador da
prestação dos serviços públicos, que seriam providos pelo
setor privado, é resultado de qual formato?

a) Fomento ao Crescimento.
b) Subsídios Estruturais.
c) Parceria Público-Privada.
d) Participação do PIB na estrutura.

Neste capítulo apresentamos as principais áreas possíveis para


a pesquisa econômica. Falamos sobre cada uma delas, então é
importante destacar que, apesar das possibilidades de pesquisa
serem inúmeras, as mais comuns destacam-se nas áreas de:

- Pesquisa Científica

- Pesquisa Econômica

- Viabilidade Econômico-Financeira

- Teoria Econômica

- Economia do Meio Ambiente

- Análise de Conjuntura

- Parcerias Público-Privadas

- Economia da Saúde

- Economia do Setor Público

- Economia do Turismo

- Economia Financeira

O universo da pesquisa econômica 83


U2

- Economia Industrial

- Economia Internacional

- Economia Regional e Urbana

- Mercado de Trabalho

- Políticas Sociais

Nosso estudo nesta unidade propôs a revisão das diversas áreas


em que a pesquisa econômica pode ser utilizada para entender a
produção, distribuição, uso de bens e serviços, considerando os
ambientes micro e macroeconômicos e formular indicadores e
ferramentas que permitam a alocação eficiente de recursos escassos.
É essencial, para a utilização da pesquisa econômica, a compreensão
da relação dela com outras áreas e do objetivo da pesquisa.

1. A proposta de toda pesquisa científica é que ela se baseie em


uma teoria, que serve como ponto de partida para a investigação
bem-sucedida de um problema. Como uma análise crítica sobre
tudo o que já foi escrito sobre um assunto subsidia a interpretação
prática e reflexiva do problema que gerou a pesquisa, com qual
finalidade definimos objetivos, critérios, técnicas e metodologia
dessa pesquisa?
a) Para conseguir resultados suficientes para uma análise
sistemática, controlada e crítica do problema.
b) Para gerar hipóteses que garantam o financiamento da
pesquisa.

84 O universo da pesquisa econômica


U2

c) Para garantir análise das condições da economia de forma mais


ampla e a participação da empresa nesse contexto.
d) Para observar que uma escolha será feita e várias alternativas
são descartadas.

2. A maioria das escolhas em economia envolve acréscimos


ou reduções incrementais na produção, então o conceito de
margem é crucial a quase todas as decisões econômicas. O que
deve ser considerado quando avaliado o produto na tomada de
decisão sobre a análise marginal?
a) Quanto o bem-estar ou a utilidade total do consumidor muda
quando o consumo de um bem ou serviço muda em uma
unidade.
b) Quanto à mudança no custo total que resulta do aumento da
quantidade produzida por uma unidade.
c) Quanto a produção total muda devido a uma mudança de
uma unidade na quantidade de fator de produção empregada.
d) Quanto o faturamento muda em função de acréscimo de uma
variável agregada na produção.

3. A decisão acerca de um novo investimento requer análises


de avaliação das alternativas levantadas, para tomada de decisão
sobre os investimentos viáveis econômica e financeiramente,
com o menor risco possível. Que tipo de pesquisa na economia
permite essa informação?

a) Pesquisa com Parcerias Público-Privadas.


b) Pesquisa sobre Teoria Econômica.
c) Pesquisa Científica.
d) Pesquisa de Viabilidade Econômico-Financeira.

4. Os trabalhos de pesquisa em economia do meio ambiente


envolvem a análise econômica de assuntos correlacionados com
a preservação ambiental. Trabalhos nessa área vão buscar os
modelos mais pertinentes da economia com vistas a estabelecer

O universo da pesquisa econômica 85


U2

sua interação com o ambiente. Nessa proposta, quais as formas


de gerenciar a poluição são propostas pela economia?
a) Correlação entre poluição e pobreza e prevenção do uso.
b) Políticas de comando e controle e políticas de mercado.
c) Multas pesadas e prisão de infratores.
d) Oferta de ar puro e demanda por poluição.

5. A Economia Internacional trata de aspectos ligados à


atividade econômica entre países e à forma como essa relação
acontece, passando por questões acerca de aspectos legais,
câmbio praticado, trocas monetárias, crise e regulação financeira
internacional. Vê-se o afunilamento cada vez maior da interação
e interdependência entre os países. Esse afunilamento deve-se a
qual fenômeno?

a) Globalização.
b) Contrabando.
c) Proteção de Mercado.
d) Restrição Internacional.

86 O universo da pesquisa econômica


U2

Referências

GIL, A. C. Técnicas de pesquisa em economia e elaboração de monografia. 3. ed. São


Paulo: Atlas, 2000.
KENSKI, Rafael. Como surgiu o dinheiro? / Mar. 2002. Disponível em: <http://super.
abril.com.br/cultura/como-surgiu-dinheiro-442791.shtml>. Acesso em: 13 mar. 2015.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia
científica. 3. ed. rev. ampl. São Paulo: Atlas, 1991.
MARCONI, Marina de Andrade. Técnicas de Pesquisa: planejamento e execução de
pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e interpretação
de dados / Marina de Andrade Marconi, Eva Maria Lakatos. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
MARION, José Carlos. Monografia para os cursos de administração, contabilidade e
economia, ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MONTEIRO, Philippe Antônio Azedo; KEMPFER, Marlene. Intervenção Estatal em face
da Publicidade Ambiental. 2009. Disponível em: <http://www.publicadireito.com.br/
artigos/?cod=6b04380b67c55d60>. Acesso em: 14 mar. 2015.
NELLIS, Joseph. Princípios de economia para os negócios; tradução Bazan Tecnologia
e Linguística]. São Paulo: Futura, 2003.
PLANO ESTRATÉGICO DE MARKETING TURÍSTICO DO BRASIL. Ministério do
Turismo. Brasília, 2014. Disponível em: <http://www.turismo.gov.br/export/sites/
default/turismo/noticias/todas_noticias/galeria_noticias/PlanodeMarketingExperixncia
sdoBrasil.PDF>. Acesso em: 21 mar. 2015.
VAZQUEZ, José Lopes. Comércio exterior brasileiro. 8ª ed. São Paulo: Atlas, 2007.

O universo da pesquisa econômica 87


Unidade 3

PROJETOS DE PESQUISA EM
ECONOMIA

Alexander Luis Montini

Objetivos de aprendizagem:
A economia utiliza a coleta de dados como importante instrumental para sua
prática profissional. Nesta unidade você poderá compreender como aplicar os
conhecimentos das técnicas de pesquisa nas Ciências Econômicas.

Seção 1 | Projetos de pesquisa nas ciências econômicas


Falar de economia é falar de uma ciência complexa, e nos remete
a pensar no contexto econômico como um ambiente em constante
mudança, seja ele no cenário internacional, seja no cenário nacional.
Assim, é necessário entender as mudanças no cenário econômico para
entender situações-problema que exigem projetos de pesquisa, para o
levantamento de informações e, consequentemente, facilitar o processo
de tomada de decisão.

Seção 2 | Exemplos de projetos de pesquisa no âmbito das


ciências econômicas

A economia utiliza alguns instrumentos característicos de sua prática,


na medida em que trabalha fundamentalmente com as forças de mercado:
oferta e demanda. Nesta seção você irá entender como as técnicas de
pesquisa podem ser aplicadas no ambiente econômico. Para facilitar o
aprendizado serão apresentados exemplos práticos e contemporâneos
de projetos de pesquisa.
U3

Introdução à unidade

Na Unidade 3, através da demonstração de projetos de pesquisa em situações que


envolvem o cotidiano dos economistas, vocês poderão ter contato com exemplos
práticos da aplicação de pesquisa nas ciências econômicas. No início da seção 1, o
leitor poderá compreender em quais situações, no âmbito da ciência econômica,
se faz necessária a realização da coleta de informações para a tomada de decisão.
Vale lembrar que muitos pesquisadores e gestores fazem uso dos conhecimentos
adquiridos com o passar dos anos, ou até mesmo de conhecimentos adquiridos
em cursos de formação, sejam eles de caráter técnico ou acadêmico, para
tomarem suas decisões. Contudo, as probabilidades das decisões serem mais
acertadas são aumentadas quando temos dados, informações, para usarmos
em nosso favor. Vale ressaltar que o que se pretende aqui não é menosprezar o
conhecimento e a experiência dos atuais gestores, mas sim mostrar que é possível
somar a experiência com a técnica, e que esse resultado é muito favorável quando
se pretende entender melhor o contexto e as várias problemáticas que podem
ser encontradas nas ciências econômicas. Ainda na seção 1 será apresentado
um modelo de projeto de pesquisa utilizado por pesquisadores para se alcançar
objetivos de cunho econômico.

Na seção 2 serão apresentados alguns modelos de projetos de pesquisa na


ciência econômica. No início da seção será apresentado um modelo de projeto
de pesquisa que visa compreender a satisfação do consumidor. O consumidor é o
grande norteador das decisões tomadas no universo empresarial, é com base na
percepção dos consumidores que muitas empresas trabalham seu planejamento
estratégico, que pode envolver uma questão simples, como a alteração de uma
embalagem, até questões mais complexas, como, abrir uma empresa no Brasil
ou no exterior. Em seguida, será apresentado um modelo de projeto de pesquisa
de mercado. A pesquisa de mercado é mais ampla, pois envolve atributos
relacionados tanto com a demanda (consumidores) quanto atributos relacionados
com a oferta (empresas). Outro assunto abordado na seção 2 é a pesquisa com
os concorrentes. No referido tópico os leitores poderão aprender um pouco mais
sobre uma técnica de pesquisa por observação conhecida como “cliente oculto”.
A pesquisa em questão possibilita levantar os pontos fortes e os pontos fracos dos
concorrentes, de modo a facilitar o posicionamento (ou reposicionamento, se for
o caso) da empresa no mercado. Ainda na seção 2 é possível entender um pouco
mais sobre a pesquisa com base em dados secundários, no caso em questão será

Projetos de pesquisa em economia 91


U3

disponibilizada uma pesquisa que faz uso de dados estatísticos. Um dos maiores
bancos de dados estatísticos do país é o do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). Serão apresentados os vários componentes que contemplam
o perfil dos municípios, e que é de grande valia para o pesquisador iniciar seus
estudos, ou seja, ter um primeiro contato com a região do objeto de estudo. Para
finalizar a seção 2 será apresentado o Critério Brasil. O Critério Brasil serve para
classificar os indivíduos em classes econômicas, foi desenvolvido pela Associação
Brasileira de Empresas de Pesquisas (ABEP) e é utilizado pelo IBGE quando da
realização do Censo Brasil. A Unidade 3 do presente livro não é apenas uma leitura
complementar, mas sim um texto de cabeceira e que pode servir de consulta para
qualquer leitor que tenha como objetivo enveredar pelos caminhos das pesquisas
nas ciências econômicas.

92 Projetos de pesquisa em economia


U3

Seção 1

Projetos de pesquisa nas ciências econômicas


A disciplina de pesquisa, por si só, é uma ciência complexa. Existem vários
métodos e inúmeras variáveis que irão definir qual é o método de pesquisa mais
adequado para o problema sugerido. Várias ciências fazem uso da coleta de dados
para facilitar o processo de tomada de decisão. No caso das ciências empresariais
não é diferente. De acordo com Zigmund (2006, p. 83), com o passar do tempo,
os gerentes ganham experiência e se tornam cada vez mais familiarizados com os
procedimentos de pesquisa. Eles começam a usar a pesquisa com mais frequência
e a reconhecer as ocasiões em que ela deve ser aplicada. O gestor nunca deve abrir
mão da intuição, mas também não deve negar que dados empíricos conduzem, na
maioria das vezes, a direções mais acertadas.

Figura 3.1 | Gama de sofisticação de pesquisa

Estágio da
Tomada Tomada
Tomada Estágio de Estágio de
de de
de desenvol- sofistica-
decisão decisão
Decisão vimento ção
centrada centrada
intuitiva

Fonte: Adaptado de Zigmund (2006, p. 83).

A Figura 3.1 ilustra muito bem a necessidade da sofisticação das decisões


empresariais com base nas pesquisas.

Nas ciências econômicas, a forma mais apropriada de proceder a um estudo


consiste em usar o chamado método axiomático. De acordo com Bêrni (2002, p.
27), o método axiomático consiste em:

A) Construir supostos comportamentais (inclusive psicológicos).

Projetos de pesquisa em economia 93


U3

B) Extrair deles consequências lógicas.

Deve-se ressaltar que a ciência econômica é uma ciência empírica. Assim, ela faz
uso de métodos racionalistas, mas sua natureza empírica é incontestável.

Ainda de acordo com Bêrni (2002, p. 26), existem seis questões fundamentais,
com as quais a ciência econômica, no âmbito da contabilidade nacional, deve se
preocupar:

A) Mensurar a riqueza nacional em dado momento de tempo, o que é feito


com a estimativa do capital nacional.

B) Quantificar o fluxo da produção de bens e serviços em um período, o que


é feito com a estimativa do valor adicionado, através de qualquer de suas óticas de
cálculo: produto, renda e despesa.

C) Registrar as transações de um país com o outro, o que é feito com o balanço


de pagamentos.

D) Registrar as relações intersetoriais, o que é feito com a matriz de insumo-


produto.

E) Montar um quadro de fontes e usos de fundos por parte da sociedade.

F) Reunir as informações constantes dos itens acima com a matriz de


contabilidade social.

Após a leitura da seção 1, procure uma situação, seja no


seu ambiente de trabalho ou no seu ambiente de estudo,
onde a realização de uma pesquisa poderia vir a auxiliar no
desempenho das suas atividades. Boa sorte!

1.1 Cenário econômico contemporâneo

O sistema econômico pode ser dividido em microambiente, ambiente interno


e ambiente externo. Para se realizar uma pesquisa de mercado, obrigatoriamente
deve-se considerar os respectivos ambientes do cenário econômico. De acordo

94 Projetos de pesquisa em economia


U3

com a Figura 3.2, o microambiente é composto pela organização, ou seja, a


empresa, reponsável pela oferta de produtos e serviços. O microambiente envolve
os consumidores, reponsáveis pela demanda de produtos e serviços, também
os concorrentes (que podem ser diretos ou indiretos), os intermediários e os
fornecedores. O macroambiente envolve aspectos culturais, econômicos, políticos,
tecnológicos, de demografia e questões relacinadas com o meio ambiente. Para
melhor entendimento, posteriormente será apresentado um exemplo de pesquisa
realizada com o consumidor, um exemplo de pesquisa realizada com concorrentes,
um exemplo de pesquisa realizada com o proprietário da empresa, e fontes de dados
para coleta de informações sobre o macroambiente.
Figura 3.2 | Ambiente econômico

Organização (oferta)

AMBIENTE INTERNO

Produtos/serviços

MICROAMBIENTE

intermediários

concorrentes Consumidores
→ fornecedores
(demanda)

cultura demografia tecnologia

economia política ecologia

MACROAMBIENTE

Fonte: O autor

Projetos de pesquisa em economia 95


U3

Vale lembrar que o cenário econômico é mutável, muitas variáveis incidem sobre
o mesmo, e que estudos constantes devem ser realizados, tendo em vista as novas
demandas de mercado.

Sobre problemas de pesquisa nas ciências econômicas você pode


consultar o livro de Bêrni (2002).

1.2 Modelo de projeto de pesquisa

Um projeto de pesquisa segue uma ordem comum para quase todas as áreas
(como visto nas unidades anteriores). A seguir será apresentado um modelo de
projeto de pesquisa baseado no livro de Zigmund (2006, p. 73). A proposta em
questão foi adaptada para o cenário brasileiro.

PROPÓSITO DA PESQUISA

O propósito geral do estudo é determinar as percepções do público contribuinte


em relação ao papel da Receita Federal (RF) na administração de leis tributárias. Na
definição dos limites desse estudo, os pesquisadores identificaram as áreas de estudo
a serem exploradas. Uma revisão cuidadosa dessas áreas levou à identificação dos
seguintes objetivos específicos da pesquisa:

1. Identificar até que ponto os contribuintes sonegam seus ganhos, as


razões para fazê-lo e as abordagens que podem ser usadas para deter esse tipo de
comportamento.

2. Determinar a experiência dos contribuintes e o nível de satisfação com os


vários serviços da RF.

3. Determinar os serviços que os contribuintes necessitam.

4. Desenvolver um perfil do comportamento dos contribuintes relativo à


preparação de suas declarações de rendimentos.

5. Avaliar o conhecimento e as opiniões dos contribuintes sobre as várias leis e


procedimentos tributários.

PROJETO DE PESQUISA

96 Projetos de pesquisa em economia


U3

O método de pesquisa de levantamento será o projeto básico de pesquisa.


Cada respondente será entrevistado em seu domicílio. Espera-se que as entrevistas
pessoais durem cerca de 35 a 45 minutos, embora a duração possa variar de acordo
com a experiência prévia do respondente em relação ao imposto. Por exemplo,
se um respondente nunca tiver sido auditado, as perguntas sobre experiência de
auditoria não serão feitas. Se um respondente nunca tiver solicitado auxílio da RF,
determinadas perguntas com respeito às reações aos seus serviços serão puladas.

A seguir, apresentamos alguns exemplos de perguntas que serão feitas:

Você ou seu cônjuge preparam seu Imposto de Renda (anual)?

O(a) próprio(a)

O cônjuge

Outra pessoa

O arquivo do Imposto de Renda que você baixou pela internet continha todos os
campos necessários para preencher sua declaração?

Sim

Não

Não baixou nada pela internet

Não sabe

Se você estivesse solicitando auxílio da RF e ninguém pudesse ajudá-lo


imediatamente, preferiria ouvir o sinal de ocupado ou que lhe fosse pedido para
aguardar na linha?

Sinal de ocupado

Aguardar na linha

Nenhum dos dois

Não sabe

Durante a entrevista o contribuinte será solicitado a preencher um questionário

Projetos de pesquisa em economia 97


U3

autopreenchível contendo perguntas delicadas, tais como:

Você alguma vez declarou um dependente que na verdade não possuía?

Sim

Não

PROJETO DE AMOSTRAGEM

Um levantamento de aproximadamente cinco mil indivíduos localizados em 50


municípios por todo o país fornecerá a base de dados para esse estudo. A amostra
será selecionada com base probabilística de todos os domicílios no Brasil.

Os respondentes elegíveis serão adultos acima de 18 anos. Em cada domicílio


será feito um esforço para entrevistar o indivíduo que estiver mais familiarizado com
o preenchimento dos formulários de Imposto de Renda. Quando houver mais de
um contribuinte no domicílio, será usado um processo aleatório para selecionar
aquele que será entrevistado.

COLETA DE DADOS

Os pesquisadores de campo de uma organização de consultoria conduzirão as


entrevistas.

PROCESSAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS

Serão utilizados procedimentos padronizados de edição e codificação.


Tabulações simples e cruzadas serão utilizadas para a análise de dados.

PREPARAÇÃO DO RELATÓRIO

Será apresentado um relatório escrito e feita uma apresentação oral das


descobertas pelo analista de pesquisa.

98 Projetos de pesquisa em economia


U3

ORÇAMENTO E CRONOGRAMA

Qualquer proposta de pesquisa completa deve incluir uma previsão de quanto


tempo levará para conduzir cada estágio e uma declaração detalhada dos custos.

1. Dentro de um ambiente empresarial, quais problemas


econômicos poderiam ser solucionados com a realização de uma
pesquisa ?

2. Qual(is) a(s) principal(is) diferença(s) de uma pesquisa de caráter


social para uma pesquisa em economia?

Projetos de pesquisa em economia 99


U3

100 Projetos de pesquisa em economia


U3

Seção 2

Exemplos de projetos de pesquisa no âmbito


das ciências econômicas
Existem várias possibilidades de pesquisa no âmbito das ciências econômicas.
Existem estudos direcionados diretamente para os consumidores, existem estudos
de mercado, estudos sobre a concorrência e, também, estudos sobre bancos de
dados estatísticos. A seguir será apresentado um modelo específico para as mais
variadas situações.

Após a leitura da seção 2, pense em outras respostas, além das


apresentadas no texto, que uma pesquisa em economia poderia
fornecer para o gestor de uma empresa. Boa sorte!

2.1 Pesquisa com consumidores

Os consumidores são parte fundamental para a compreensão do funcionamento


do sistema econômico. Por natureza são seres complexos. É certo que nenhum
consumidor é igual a outro, que possuímos comportamentos de compra distintos.
Também mudamos nossos hábitos de consumo ao longo da nossa vida, e é certo
que somos influenciados por vários fatores. De uma forma resumida, podemos
elencar os fatores (inerentes ao ser humano) que podem afetar o comportamento
do consumidor:

Projetos de pesquisa em economia 101


U3

Quadro 3.1 | Influência do consumidor

Cultura Valores
Personalidade Valores
Fase da vida Opiniões
Renda Experiências anteriores
Atitudes Grupos de pares
Motivações Conhecimento
Sentimentos Família
Fonte: Adaptado de Engel, Blacwell e Miniard (2011)

Como ilustrado no Quadro 3.1, são vários os fatores internos que podem afetar
o comportamento de compra dos consumidores. É incorreto pensar que podemos,
de forma genérica, destacar qual, dos vários fatores elencados, é o mais importante,
depende do consumidor (ou do público-alvo). O que podemos afirmar é que para
descobrirmos quais os fatores que mais influenciam as compras dos indivíduos,
devemos desenvolver uma pesquisa. Também existem os fatores organizacionais
(externos) que podem afetar o comportamento dos consumidores.

Quadro 3.2 | Influências organizacionais

Marca Atributos do produto


Propaganda Boca a boca
Promoções Displays
Preço Qualidade
Serviço Ambiente da loja
Conveniência Programas de fidelidade
Embalagem Disponibilidade do produto
Fonte: Adaptado de Engel, Blacwell e Miniard (2011)

As influências organizacionais, na maioria das vezes, estão relacionadas com o


composto de marketing: o Preço, a Praça (o ponto de venda), as Promoções e o
Produto. Como o consumidor se apresenta como um elemento complexo, são
muitas as ciências que buscam a compreensão dele, sendo que uma das principais
ciências é a psicologia, que possui um campo próprio para o estudo do consumidor,
que é a psicologia do consumidor.

Dentro de um projeto de pesquisa na área da economia, as principais problemáticas


envolvem o perfil do consumidor, seu poder de compra e sua satisfação em relação
a um produto ou serviço.

A seguir será apresentado um modelo de projeto de pesquisa baseado na


referência bibliográfica dos autores Nique e Ladeira (2014, p. 60-64).

102 Projetos de pesquisa em economia


U3

Elaboração de uma proposta de pesquisa para avaliar o atendimento no setor


bancário

Todos nós sabemos que o atendimento é um dos temas mais importantes hoje
em dia, tanto nas salas de aula, quanto no mundo dos negócios. Pensando nesse
tema, o presente caso tem como intenção elaborar uma proposta de pesquisa de
satisfação do atendimento para o setor de serviços bancários.

INTRODUÇÃO

A finalidade deste documento é apresentar ao contratante um banco brasileiro,


uma proposta de prestação de serviços técnico-profissionais especializados em
planejamento, execução e análise de pesquisa nacional de marketing financeiro, no
que se refere a um conjunto de aspectos relacionados a atendimento bancário.

A proposição metodológica delineada nesta proposta fundamenta-se no


briefing elaborado pela comissão de marketing financeiro da contratada, a qual
objetiva identificar e avaliar a expectativa consciente do cliente, em termos de
comportamento atual, relativamente a um amplo spectrum de itens caracterizados
pelas potencialidades do conceito de atendimento bancário.

OBJETIVOS DA PESQUISA

Define-se como objetivo geral da pesquisa identificar e avaliar a expectativa


consciente de clientes de instituições financeiras relativamente ao atendimento
bancário. Pelo conceito de expectativa consciente entendem-se a identificação e
a avaliação de aspectos que o cliente sente do atendimento atual. Desse modo,
pretende-se verificar o posicionamento do mercado face ao atendimento existente
hoje e não caracterizar expectativas em relação ao futuro – ou mesmo, ideais – ou
ainda avaliações decorrentes de experiências do passado.

Com objetivos de caráter específico em termos de avaliação dessa expectativa


consciente, definem-se oito áreas de abordagem associadas ao conceito de
atendimento bancário para clientes pessoa física, quais sejam:

• Disponibilidade e qualidade de informações.

• Qualidade de atendimento.

• Rapidez no atendimento.

• Personalização do atendimento.

Projetos de pesquisa em economia 103


U3

• Aspectos físicos da agência/funcionário.

• Atendimento extra-agência.

• Automação na agência.

A definição dos objetivos centrados nessas oito áreas de atendimento


bancário deverá permitir a obtenção de um diagnóstico preciso que possibilite a
implementação de estratégias e programas cooperados de marketing financeiro
nessa específica área de interesse.

METODOLOGIA

A filosofia desta pesquisa de marketing caracteriza-se, dente outros aspectos,


pelo desenvolvimento de projetos que atendam às necessidades específicas de
cada cliente. Essa postura exige uma atuação cooperativa entre nossa equipe e a
contratante em todo o período de duração do projeto.

DELINEAMENTO DO PLANO AMOSTRAL

Dimensionamento da amostra:

Tendo em vista que o atendimento bancário pode assumir conceitos distintos


não somente em função das características psicossociais dos consumidores de
serviços bancários localizados em diferentes regiões geográficas, como também
do(s) próprio(s) banco(s) com o(s) qual(is) trabalha, torna-se fundamental definir
um tamanho total de amostra e de subamostras suficientemente significativo que
permita uma representação do mix das diferentes categorias de bancos no nível de
cada uma das praças consideradas. Esse cuidado na estruturação da amostra para
efeito de coleta de dados é de extrema importância para se proceder à análise dos
dados no nível agregativo ponderado “Brasil” e, ainda, na análise decomposta por
região geográfica.

Desse modo, estima-se a amostra total em 2.200 entrevistas, distribuídas nos


seguintes substratos amostrais:

Quadro 3.3 | Distribução amostral proposta - *Distribuição proporcional em função da


população e do número de agências das seguintes cidades: Santos, São José dos Campos,
Sorocaba, Campinas, Ribeirão Preto, Bauru, São José do Rio Preto, Araçatuba, Presidente
Prudente, Marília e Araraquara.

Local Nº de entevistas
São Paulo – Capital 500
Interior de São Paulo* 400
Rio de Janeiro – Capital 300
Belo Horizonte 200

104 Projetos de pesquisa em economia


U3

Salvador 200
Recife 200
Curitiba 200
Porto Alegre 200
Amostra total 2.200
Fonte: Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/. Acesso em: 25 mar. 2015.

Caracterização da unidade de observação:

Para efeito de identificação do universo pesquisável, definiram-se como potenciais


unidades de observação elementos que satisfaçam às seguintes condições:

• Pessoas físicas (exclusive funcionários de bancos).

• De classe socioeconômica A, B, C e D.

• Que mantenham contato físico com suas agências, no mínimo, a cada 15


dias, e que façam, no mínimo, três movimentações ao mês.

• Ou ainda pessoa com alto envolvimento com a instituição financeira,


estabelecendo-se como critério de envolvimento a existência de conta corrente e
de no mínimo três produtos dessa instituição.

Assim sendo, os entrevistados serão submetidos a uma bateria de quesitos-filtro e


sensibilizados para a natureza da pesquisa. A seleção dos entrevistados será efetuada
de acordo com uma distribuição espacial estabelecida no planejamento do trabalho
de campo – obedecendo-se a uma estratificação por classes socioeconômicas
de até 5%: A (15%), B (25%), C (40%) e D (20%) e com um controle adicional de
diversificação de instituição financeira e agência.

ESTRUTURAÇÃO DO INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

Considerando o objetivo geral da pesquisa relacionado com o conceito de


“atendimento hoje”, o questionário será estruturado em um conjunto de blocos
específicos associados a atendimento bancário, além de um referente às variáveis
de segmentação do entrevistado. Os assuntos-alvo a serem incorporados ao
questionário são os seguintes:

A) Disponibilidade e qualidade de informações.

• Qualidade das informações prestadas pelos funcionários (nível técnico).

Projetos de pesquisa em economia 105


U3

• Formas de obtenção de informações diversas (centralizadas ou


descentralizadas).

• Existência de centros de informação.

• Quem fornece a informação.

• Confiabilidade da informação recebida.

B) Qualidade do atendimento

• Negocial (de balcão, caixa e do gerente).

• Recepcionista.

• Qualificação dos funcionários (conhecimento específico).

• Atendimento x tarifação.

C) Rapidez no atendimento

• Percepção do tempo (por tipo de movimentação).

• Fila;

• Expectativa com relação ao atendimento que dependa de decisão do banco.

• Expectativa com relação ao atendimento que dependa de decisão do


cliente.

D) Personalização do atendimento

• Rotatividade.

• Atendimento da agência como um todo x atendimento de um funcionário


específico.

• Segmentação da clientela (gerente de contas).

E) Aspectos físicos da agência/funcionário

• Instalações.

106 Projetos de pesquisa em economia


U3

• Estacionamento.

• Tamanho.

• Sinalização.

• Segurança.

• Apresentação do pessoal (uniforme, asseio, etc.).

• Presença de merchandising no ponto de venda.

F) Atendimento extra-agência

• Correspondência (extratos e mala direta, como informação e como


negócio).

• Telefone – para fornecimento de informações e realização de negócios.

• Atendimento do domicílio/escritório.

• Terminal de compra – transferência direta da conta x cheque.

• Quiosque.

• Tipos de utilização.

• Frequência.

• Grau de utilização.

• Preferência (x agência).

• Confiabilidade na máquina.

• Horário.

• Segurança.

• Senha (como segurança).

G) Atendimento comparado

• Com outras atividades – comércio, posto de gasolina, companhias aéreas,


concessionárias de veículos.

• Diferença do atendimento entre bancos que têm conta (pequeno, médio,

Projetos de pesquisa em economia 107


U3

grande).

H) Automação da agência

• Terminal do cliente.

• Teminal do caixa.

• Cash dispenser.

• Comparação dos três itens acima com atendimento pessoal.

• Privacidade no uso do cartão (senha).

• Atendimento personalizado x atendimento automatizado como fator de


escolha do banco.

• Disposição de pagar pelo serviço automatizado.

Para efeito de planejamento do questionário, considerar-se-ão as seguintes


orientações-mestre:

• Estruturação em blocos por natureza de assunto.

• Emprego de questões não estimuladas e estimuladas.

• Utilização de escalas ordinais e de diferencial semântico nas questões


estimuladas.

• Tempo médio de aplicação de cerca de 40 minutos.

O questionário será pré-testado e a versão definitiva deverá ser aprovada pela


contratante dentro do prazo máximo de três dias do encaminhamento de nossa
empresa.

LEVANTAMENTO DOS DADOS

O trabalho de campo será realizado por entrevistadores devidamente treinados


quanto aos objetivos da pesquisa e forma de aplicação do questionário. O processo
de treinamento será realizado segundo um critério bietápico:

A) Treinamento geral e realização de uma entrevista por pesquisador.

B) Retorno das críticas dos questionários e esclarecimento das eventuais


dúvidas ou problemas existentes. A quota definitiva será iniciada após esta etapa de

108 Projetos de pesquisa em economia


U3

retreinamento.

Os entrevistadores receberão um kit contendo:

• Manual de instruções.

• Questionários.

• Conjunto de cartões para entrevista.

• Carta de apresentação.

• Carta de identificação.

CRÍTICA, CODIFICAÇÃO E CONSISTÊNCIA DOS DADOS

A totalidade dos questionários será submetida à crítica manual pela equipe


de supervisão de campo e pelo menos 20% deles serão checados junto aos
entrevistados. Os questionários aprovados serão codificados e enviados para
digitação e consistência eletrônica dos dados.

PROCESSAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS

O processamento dos dados armazenados em um arquivo-mestre será efetuado


através de um conjunto de programas específicos para utilização em pesquisa de
mercado. As análises a serem realizadas são classificadas em três tipos:

A) Análise univariada: consistindo na geração e interpretação de tabelas de


frequência absoluta e relativa para cada uma das questões integrantes do questionário
da pesquisa.

B) Análise bivariada: consistindo na geração e interpretação de tabelas de


frequência absoluta e relativa das questões sobre atendimento bancário cruzadas
pelas oito áreas de abrangência da pesquisa, por classe socioeconômica e por
categoria de idade do entrevistado. Serão aplicados ainda testes estatísticos
apropriados com a finalidade de permitir à equipe de análise avaliar diferenças
significativas de comportamento de mercado.

C) Análise multivariada: consistindo na aplicação de métodos fatoriais,


discriminatórios, de classificação e de associações múltiplas, de modo a permitir,

Projetos de pesquisa em economia 109


U3

de forma simples, visual e integrativa, a análise de: fatores determinantes de


comportamento, tipologias de clientes em relação a atendimento bancário e mapas
percentuais dos diversos blocos de questões sobre atendimento, posicionadas face
às diversas categorias de variáveis de segmentação.

RELATÓRIO DE PESQUISA

Com base na análise e interpretação dos dados, será elaborado um relatório da


pesquisa, estruturado nos seguintes itens:

• Objetivos e metodologia da pesquisa.

• Análise dos resultados Uni, Bi e Multivariados.

• Conclusões e recomendações de marketing.

A contratante receberá duas vias do relatório de pesquisa.

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Os resultados alcançados na pesquisa serão apresentados e discutidos pela


equipe técnica com a comissão de marketing financeiro do banco. Para tanto, serão
utilizados recursos visuais.

DURAÇÃO DA PESQUISA

O prazo para a realização da pesquisa com a entrega do relatório final é de 14


semanas, contadas a partir da data da contratação dos serviços.

EQUIPE TÉCNICA

A pesquisa será realizada pelo núcleo de pesquisa aplicada da empresa contratada.

ORÇAMENTO

O custo total para a realização da pesquisa, envolvendo remuneração da equipe


técnica, de apoio e de campo, encargos sociais, material de expediente, transportes,

110 Projetos de pesquisa em economia


U3

digitação e processamento dos dados e custos indiretos encontra-se no quadro


abaixo:

Quadro 3.4 | Custo do projeto - *I = Univariada, II = Bivariada, III = Multivariada

Custo variável do processamento e


análise da pesquisa*
Custo fixo Custo variável por praça
Nº de Análises Análises
entrevistas I e II I, II e III
São Paulo (capital) 8.700
Rio de janeiro (capital) 6.800 <1.000 15.500 19.900
Salvador 4.800
1.000 a
Curitiba 4.500 19.000 24.600
15.250 1.500
Recife 5.000
Belo Horizonte 4.500
Porto Alegre 5.000 >1.500 22.200 28.900
Interior de São Paulo 13.300

Fonte: Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/>. Acesso em: 25 mar. 2015.

Dada a multiplicidade de orçamentos alternativos para a realização da pesquisa,


o custo total de um particular alternativo pode ser calculado através da seguinte
expressão:

CT=CF + CVP + CVA

Onde:

CT = custo total

CF = custo fixo

CVP = custo variável por praça

CVA = custo variável do processamento e análise da pesquisa

A título de exemplificação, são apresentados alguns dos possíveis orçamentos,


cujos valores encontram-se a seguir:

A) Alternativa máxima (oito regiões, 2.200 entrevistas e análises Uni, Bi e


Multivariada):

Projetos de pesquisa em economia 111


U3

CT= 15.250 + (8.700 + 13.300 + 6.800 + 4.500 + 4.800 + 5.000 + 4.500 +


5.000) + 28.900 = 96.750

B) Alternativa acima, exceto análise multivariada:

CT= 15.250 + 52.600 + 22.200 = 90.050

C) Alternativa considerando exclusão de interior de São Paulo, Salvador e


Curitiba (1.400 entrevistas):

Sem análise multivariada: CT = 15.250 + 30.000 + 19.000 = 64.250

Com análise multivariada: CT = 15.250 + 30.000 + 24.000 = 69.850

DESEMBOLSO FINANCEIRO

O pagamento deverá ser efetuado de acordo com o critério abaixo:

• 25% na contratação dos serviços;

• 30% na aprovação do resultado;

• 25% na conclusão do trabalho de campo;

• 20% na entrega do relatório da pesquisa.

VALIDADE DA PROPOSTA

O prazo de validade da presente proposta é de 45 dias da data de encaminhamento


à empresa contratada.

Você pode ampliar seus conhecimentos sobre projetos de pesquisa junto


aos consumidores, bem como outros modelos de projetos de pesquisa,
no livro dos autores Nique e Ladeira (2014).

2.2 Pesquisa para levantamento de informações sobre o mercado

Quando falamos em mercados, estamos nos referindo a qualquer mercado, seja


ele de livro, de automóveis ou de alimentos. Coletar dados consiste basicamente
em levantar informações sobre a oferta, as empresas que estão ofertando produtos

112 Projetos de pesquisa em economia


U3

e serviços, e sobre os consumidores, que demandarão bens e serviços. Como a


pesquisa com os consumidores já fora tratada no item 2.1, o foco que segue visa
delinear aspectos relevantes para o entendimento do lado da oferta. Para isso, será
apresentado um modelo de diagnóstico mercadológico baseado na referência
bibliográfica dos autores Samara e Barros (2007, p. 15-16):

DIAGNÓSTICO MERCADOLÓGICO: ANÁLISE SITUACIONAL

PRODUTOS

• Número de itens comercializados.

• Contribuição percentual de cada item no volume total de vendas da


empresa.

• Tempo de existência de cada item.

• Diferencial competitivo.

MERCADOS

• Quem usa, quem compra e quem decide a compra?

• Qual é o potencial de mercado?

• Qual é a distribuição geográfica dos consumidores?

• Segmento de mercado.

• Participação de mercado.

• Perspectivas futuras de mercado em termos de crescimento.

• Frequência de compra.

• Sazonalidade.

• Benefícios esperados.

• Pontos fortes e pontos fracos.

• Concorrência direta e indireta.

• Qual a visão que a concorrência tem da empresa, e vice-versa?

Projetos de pesquisa em economia 113


U3

• Reações da concorrência,

• Análise do produto diante da concorrência:

- prazo;

- preço;

- promoção.

DISTRIBUIÇÃO

• Quais são as vias de distribuição utilizadas?

• Existe conflito entre os elementos do canal?

• Tipos de varejo que distribuem o produto,

• Como se processa a venda para o varejo?

• Como é a distribuição da concorrência?

• Opinião dos elementos do canal em relação aos produtos.

VENDAS

• Qual é a organização atual de vendas?

• A organização é suficiente para a cobertura do mercado?

• Como são feitos o recrutamento, a seleção e o treinamento da força de


vendas?

• Qual é a política de remuneração?

• Zoneamento de vendas,

• Como é feita a avaliação de desempenho da equipe de vendas?

• Que tipos de obrigações têm os vendedores?

PREÇO

• Como é estipulado o preço?

114 Projetos de pesquisa em economia


U3

• Há controle governamental?

• Que custos são considerados?

• Existem planos de descontos ou bonificações?

• Qual é o procedimento para:

- concessão de crédito?

- cobrança?

- devolução de mercadoria?

- consignação?

- cancelamento de pedidos?

COMUNICAÇÃO

• O que faz a empresa em termos de comunicação e promoção?

• A propaganda é feita internamente?

• Como é feita a escolha da agência?

• Relacionamento empresa/agência.

• Escolha dos veículos.

• Verba de propaganda.

• Verba de promoção.

• Participação em feiras e exposições.

IMPLICAÇÕES LEGAIS

• Os produtos estão protegidos por marca registrada?

• Existem pagamentos de royalties?

• Há regulamentações que afetem o produto?

• Existem restrições quanto à:

- venda?

Projetos de pesquisa em economia 115


U3

- distribuição?

- propaganda?

- promoção?

PROGNÓSTICO MERCADOLÓGICO

O prognóstico avalia as possibilidades da empresa em três situações:

• Realista.

• Otimista.

• Pessimista.

Para encontrar maiores informações sobre pesquisa de mercado, vocês


podem consultar o livro dos autores Samara e Barros (2007).

2.3 Pesquisa com os concorrentes

Nos casos de concorrência de mercado é fundamental entender como nossos


concorrentes, sejam eles diretos ou indiretos, estão se comportando no mercado.

A seguir será apresentado um modelo de um projeto de pesquisa que visa


entender e conhecer os pontos fortes e fracos dos concorrentes.

PROPOSTA

A proposta do presente projeto visa levantar os pontos fortes e os pontos


fracos dos principais concorrentes diretos. Os resultados serão utilizados para uma
reavaliação do posicionamento da empresa.

MÉTODO

O método utilizado é através da observação, fazendo uso de uma técnica


chamada de “cliente oculto”. Os concorrentes diretos, previamente selecionados,

116 Projetos de pesquisa em economia


U3

serão visitados e o entrevistador vai simular a aquisição de um produto/serviço.


Depois de realizada a observação, o pesquisador irá preencher um instrumento de
coleta de dados, onde serão colocados os principais critérios que serão avaliados,
e que foram definidos previamente junto com a equipe de pesquisa. Os quesitos
selecionados receberão notas que poderão variar em uma escala que vai de 1 a 5,
sendo o 1 de menor significância e o 5 de maior significância.

INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

A seguir será apresentado um modelo de questionário utilizado na pesquisa por


observação:

Quadro 3.5 | Modelo de questionário

NOTAS
ATRIBUTOS
1 2 3 4 5
Localização
Estacionamento
Ambiente interno
Atendimento
Variedade de produtos/serviços
Qualidade de produtos
Preços
Formas de pagamentos
Embalagens
Propagandas
Nota geral
Fonte: O autor

Vale lembrar que os consumidores, e o próprio contratante, também podem


oferecer subsídios para se analisar os pontos fortes e os pontos fracos dos
concorrentes.

Você pode se aprofundar um pouco mais sobre o método de pesquisa


por observação no livro dos autores Nique e Ladeira (2014).

Projetos de pesquisa em economia 117


U3

2.4 Pesquisa de dados estatísticos

Os dados estatísticos sempre foram de grande ajuda para os economistas. Muitas


variáveis podem ser acompanhadas e, consequentemente, analisadas através de
dados acumulados ao longo de um determinado período. Na maioria dos casos a
estururação dos referidos dados se encontra a cargo de órgãos particulares e oficiais,
como no caso do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Instituto
Brasileiro de Opinião Pública (Ibope). Outra fonte importante para a coleta de dados
estatísticos é o Banco Central do Brasil (BACEN). De acordo com Markoni e Lakatos
(2010, p. 160), os dados coletados são os mais diversos:

a) Características da população: idade, sexo, raça, escolaridade, profissão,


religião, estado civil, renda etc.

b) Fatores que influem no tamanho da população: fertilidade, nascimentos,


mortes, doenças, suicídios, emigração, imigração etc.

c) Distribuição da população: habitat rural e urbano, migração, densidade


demográfica etc.

d) Fatores econômicos: mão de obra economicamente ativa, desemprego,


distribuição de trabalhadores pelos setores primário, secundário e terciário da
economia, número de empresas, renda per capita, Produto Interno Bruto etc.

e) Moradia: número e estado das moradias, número de cômodos, infraestrutura


(água, luz, esgoto etc.), equipamentos etc.

f) Meios de comunicação: rádio, televião, telefone, gravadores, carros etc.

É importante ressaltar que a coleta de dados estatísticos via meios digitais deve
ocorrer somente em fontes confiáveis, como:

• BACEN – BANCO CENTRAL DO BRASIL: Disponível em <http://www.bcb.


gov.br>. Acesso em: 13 mar. 2015.

• BM&FBOVESPA – BOLSA DE VALORES, MERCADORIAS & FUTURO:


Disponível em: <http://www.bmfbovespa.com.br>. Acesso em: 13 mar. 2015.

• BNDES - BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E


SOCIAL: Disponível em: <http://www.bndes.gov.br>. Acesso em: 13 mar. 2015.

• DIEESE – DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTUDOS ECONÔMICOS E


ESTATÍSTICOS: Disponível em: <http://www.dieese.org.br>. Acesso em: 13 mar. 2015.

118 Projetos de pesquisa em economia


U3

• IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA: Disponível


em: http://www.ibge.gov.br. Acesso em: 13 mar. 2015.

A seguir será apresentado um roteiro de pesquisa com base em dados estatísticos, os


dados do banco de dados podem ser encontrados no site do IBGE (www.ibge.gov.br).

PROPÓSITO DA PESQUISA

A pesquisa em questão tem como objetivo primordial levantar informações


sobre o estado do Paraná. Através da coleta dos dados da pesquisa nacional por
amostra de domicílios contínua de 2014 espera-se obter informações sobre o perfil
socioeconômico e demográfico do referido estado. Os dados servirão para nortear
possíveis investimentos e direcionar ações estratégicas das políticas nacionais.

PROJETO DE PESQUISA

A pesquisa faz uso do método exploratório, com base em dados secundários,


que serão coletados no banco de dados do IBGE.

SÍNTESE

• Capital: Curitiba.

• População estimada: 11.081.692.

• População 2010: 10.444.526.

• Área (Km²): 199.307,945

• Densidade demográfica (hab/Km²): 52,40.

• Rendimento nominal mensal domiciliar per capita da população residente


2014 (Reais): 1.210.

• Número de municípios: 399.

TEMAS

• Censo demográfico 2010: sistema nacional de informações de gênero –


análise de resultados.

Projetos de pesquisa em economia 119


U3

• Censo demográfico 2010: trabalho infantil – amostra.

• Censo demográfico 2010: educação – amostra.

• Censo demográfico 2010: trabalho – amostra.

• Censo demográfico 2010: rendimento – amostra.

• Censo demográfico 2010: famílias – amostra.

• Censo demográfico 2010: domicílios – amostra.

• Censo demográfico 2010: nupcialidade – amostra.

• Censo demográfico 2010: fecundidade – amostra.

• Censo demográfico 2010: migração – amostra.

• Censo demográfico 2010: características gerais dos indígenas: resultados


do universo.

• Censo demográfico 2010: características da população – amostra.

• Censo demográfico 2010: religião – amostra.

• Censo demográfico 2010: pessoas com deficiência – amostra.

• Censo demográfico 2010: características urbanísticas do entorno dos


domicílios.

• Censo demográfico 2010: resultados gerais da amostra.

• Censo demográfico 2010: aglomerados subnormais.

• CNEFE – Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos.

• Censo demográfico 2010: características da população e dos domicílios:


resultado do universo.

• Indicadores sociais municipais: uma análise dos resultados do universo do


Censo demográfico 2010.

• Projeção da população 2000-2030.

• Estimativa da população 2014.

• Rendimento nominal mensal domiciliar per capita da população residente


2014.

• Censo agropecuário 2006.

120 Projetos de pesquisa em economia


U3

• PNAD 2013 – População e domicílios – síntese de indicadores.

• PNAD 2013 – segurança alimentar.

• PNAD 2011 – acesso à internet e posse de telefone móvel celular para uso
pessoal.

• PNAD 2009 – características da vitimização e do acesso à justiça no Brasil.

• PNAD 2008 – pesquisa especial de tabagismo.

• PNAD 2008 – acesso e utilização dos serviços, condições de saúde e fatores


de risco e proteção à saúde.

• PNAD 2007 – características complementares da educação de jovens e


adultos e características da educação profissional.

• PNAD 2006 – características complementares da educação.

• Pesquisa nacional de saúde 2013 – percepção do Estado de saúde, estilos


de vida e doenças crônicas.

• Pesquisa nacional de saneamento básico 2008.

• Série Estudos e Pesquisas: síntese de indicadores sociais 2014 – uma análise


das condições de vida da população brasileira (indicadores selecionados).

• Indicadores sociodemográficos e de saúde no Brasil.

• Pesquisa de orçamentos familiares 2008-2009 – perfil das despesas no


Brasil: indicadores selecionados.

• Pesquisa de orçamentos familiares 2008-2009 – despesas e rendimentos.

• Pesquisa de orçamentos familiares 2008-2009 – antropometria e estado


nutricional de crianças, adolescentes e adultos no Brasil.

• Pesquisa de orçamentos familiares 2008-2009 – aquisição alimentar


domiciliar per capita anual.

• Pesquisa de orçamentos familiares 2008-2009 – avaliação nutricional da


disponibilidade domiciliar de alimentos no Brasil.

• Estatísticas do cadastro central de empresas 2012.

• Pesquisa de entidades de assistência social sem fins lucrativos no Brasil 2010.

• Série estudos e pesquisas: estatísticas de empreendedorismo 2012.

• Série estudos e pesquisas: demografia das empresas 2012.

Projetos de pesquisa em economia 121


U3

• Série estudos e pesquisas: tábuas abreviadas de mortalidade por sexo e


idade 2010.

• Pesquisa anual da indústria da construção – PAIC 2012.

• Pesquisa anual do comércio – PAC 2012.

• Pesquisa anual de serviços – PAS 2012.

• Pesquisa industrial anual – empresas 2012.

• Pesquisa industrial anual – produto 2012.

• Serviços de saúde 2009.

• Ensino – matrículas, docentes e rede escolar 2012.

• Estatísticas do registro civil 2013.

• Pesquisa de inovação 2011.

• Lavoura permanente 2013.

• Lavoura temporária 2013.

• Extração vegetal e silvicultura 2013.

• Pecuária 2013.

• Produção agrícola municipal – cereais, leguminosas e oleaginosas 2007.

• Morbidades hospitalares 2012.

• Contas regionais do Brasil 2012.

• Instituições financeiras 2013.

• Finanças públicas 2009.

• Representação política 2006.

• Frota 2013.

• Mapa de pobreza e desigualdade – municípios brasileiros 2003.

• Migrações.

• Índice de desenvolvimento humano municipal – IDHM.

Fonte: Disponível em: <http://ibge.gov.br/estadosat/perfil.php?sigla=pr>. Acesso


em: 13 mar. 2015.

122 Projetos de pesquisa em economia


U3

Percebe-se claramente a vasta gama de assuntos que podem ser encontrados no


site do IBGE, tornando-se assim uma fonte rica de informações para profissionais da
área de economia, e demais áreas correlatas.

2.5 Classificação Econômica - Critério Brasil

Uma das maneiras mais conhecidas para enquadrar os indivíduos em uma


determinada classe social é o Critério Brasil. O Critério Brasil foi desenvolvido pela
Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP). A ABEP foi fundada em 1984
e reúne as maiores empresas de pesquisa do Brasil. É formada por um conselho
superior, um conselho fiscal titular e um conselho fiscal suplente. Tem como
base o Código de Autorregulamentação e o Conselho de Autorregulamentação.
Os padrões éticos de conduta estabelecidos no Código de Autorregulamentação
devem ser respeitados pelos envolvidos nas atividades de pesquisa. A ABEP possui
várias instituições coligadas, e seu grande objetivo é classificar os indivíduos em
classes sociais (A1, A2, B1, B2, C1, C2, D e E) de acordo com a posse de bens e o
nível de instrução do chefe da família.

A seguir será apresentada a estrutura do Critério Brasil, que pode ser encontrada
no site da ABEP (www.abep.org).

Alterações na aplicação do Critério Brasil, válidas a partir de 1º

A dinâmica da economia brasileira, com variações importantes nos


níveis de renda e na posse de bens nos domicílios, representa um
desafio importante para a estabilidade temporal dos critérios de
classificação socioeconômica. Em relação ao CCEB, os usuários têm
apresentado dificuldades na manutenção de amostras em painel para
estudos longitudinais. As dificuldades são maiores na amostragem dos
estratos de pontuação mais baixa (ABEP, 2014).

De acordo com a ABEP (2014), a associação vem trabalhando intensamente


na avaliação e construção de um critério que seja fruto da nova realidade do país.
Porém, para que os estudos produzidos pelos usuários do Critério Brasil continuem
sendo úteis ao mercado e mantenham o rigor metodológico necessário, as seguintes
recomendações são propostas às empresas que tenham estudos contínuos, com
amostras em painel:

Projetos de pesquisa em economia 123


U3

•A reclassificação de domicílios entre as classes C2 e D deve respeitar


uma região de tolerância de 1 ponto, conforme descrito abaixo:
O Domicílios classificados, no momento inicial do estudo,
como classe D --> são reclassificados como C2, apenas no
momento em que atingirem 15 pontos;
O Domicílios classificados, no momento inicial do estudo,
como classe C2 --> são reclassificados como D, apenas no
momento em que atingirem 12 pontos;
O O momento inicial de estudos desenvolvidos a partir de
amostra mestra é o da realização da amostra mestra;
O O momento inicial de estudos desenvolvidos sem amostra
mestra é o da primeira medição (onda) do estudo (ABEP, 2014).

IMPORTANTE: As alterações descritas acima são apenas para os estudos que


usem amostras contínuas em painéis. Estudos ad hoc e estudos contínuos, com
amostras independentes, devem continuar a aplicar o Critério Brasil regularmente.
Outra mudança importante no CCEB é válida para todos os estudos que utilizem o
Critério Brasil. As classes D e E devem ser unidas para a estimativa e construção de
amostras. A justificativa para esta decisão é o tamanho reduzido da classe E, que
inviabiliza a leitura de resultados obtidos através de amostras probabilísticas ou por
cotas, que respeitem os tamanhos dos estratos. A partir de 2013 a ABEP deixa de
divulgar os tamanhos separados destes dois estratos (ABEP, 2014).

Finalmente, em função do tamanho reduzido da Classe A1, a renda média deste


estrato deixa de ser divulgada. Assim, a estimativa de renda média é feita para o
conjunto da Classe A. O Critério de Classificação Econômica Brasil não tem como
pretensão classificar a população em termos de “classes sociais”. A divisão de
mercado definida abaixo é de classes econômicas.

Quadro 3.6 | Sistema de pontos

0 1 2 3 4 ou +
Televisão em cores 0 1 2 3 4
Rádio 0 1 2 3 4
Banheiro 0 4 5 6 7
Automóvel 0 4 7 9 9
Empregada mensalista 0 3 4 4 4
Máquina de lavar 0 2 2 2 2
Videocassete e/ou DVD 0 2 2 2 2
Geladeira 0 4 4 4 4
Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex) 0 2 2 2 2
Fonte: Disponível em: < http://www.abep.org/codigosCondutas.aspx>. Acesso em: 21 mar. 2015.

124 Projetos de pesquisa em economia


U3

Quadro 3.7 | Grau de Instrução do chefe de família

Nomenclatura Antiga Nomenclatura Atual

Analfabeto/Primário incompleto Analfabeto/Fundamental 1 Incompleto 0


Primário completo/Ginasial Fundamental 1 Completo/Fundamental 2 1
incompleto Incompleto
Ginasial completo/Colegial Fundamental 2 Completo/Médio Incompleto 2
incompleto
Colegial completo/Superior Médio Completo/Superior Incompleto 4
incompleto
Superior completo Superior Completo 8
Fonte: Disponível em: <http://www.abep.org/codigosCondutas.aspx>. Acesso em: 21 mar. 2015.

Quadro 3.8 | Cortes do Critério Brasil

Classe Pontos

A1 42 – 46
A2 35 – 41
B1 29 – 34
B2 23 – 28
C1 18 – 22
C2 14 – 17
D 8 – 13
E 0–7
Fonte: Disponivel em: <http://www.abep.org/codigosCondutas.aspx>. Acesso em: 21 mar. 2015.

PROCEDIMENTO NA COLETA DOS ITENS

Um problema recorrente no cálulo do Critério Brasil é no que tange à interpretação,


por isso é importante que o critério seja aplicado de forma uniforme e precisa. Para
tanto, é preciso atender integralmente às definições e aos procedimentos elencados
pela ABEP.

De acordo com a ABEP (2014), para aparelhos domésticos em geral devem ser
considerados os seguintes casos:

• Bem alugado em caráter permanente ou bem emprestado de outro


domicílio há mais de 6 meses.

Projetos de pesquisa em economia 125


U3

• Bem quebrado há menos de 6 meses.

Não considerar os seguintes casos:

• Bem emprestado para outro domicílio há mais de 6 meses.

• Bem quebrado há mais de 6 meses.

• Bem alugado em caráter eventual.

• Bem de propriedade de empregados ou pensionistas.

A seguir são descritas algumas observações acerca do Critério Brasil, as mesmas


podem ser encontradas na íntegra no site da ABEP (2014), e são de grande auxílio
para os pesquisadores que desejam fazer uso do referido método:

Televisores
Devem ser considerados apenas os televisores em cores.
Televisores de uso de empregados domésticos só devem
ser considerados caso tenham sido adquiridos pela família
empregadora.
Rádio
Qualquer tipo de rádio no domicílio pode ser considerado,
mesmo que esteja incorporado a outro equipamento. Rádios
walkman, conjunto 3 em 1 ou microsystems devem ser
considerados, desde que possam sintonizar as emissoras
de rádio convencionais. Rádios de veículos não devem ser
considerados.
Banheiro
O que caracteriza um banheiro é a existência de vaso sanitário.
Podem ser considerados todos os banheiros e lavabos
com vaso sanitário, incluindo os de uso dos empregados,
os localizados fora de casa e os da(s) suíte(s). Para ser
considerado, o banheiro tem que ser privativo do domicílio,
no caso de banheiros coletivos, ou seja, que servem a mais de
uma habitação, eles não devem ser considerados.
Automóvel
Não devem ser considerados táxis, vans ou pick-ups usados
para fretes, ou qualquer veículo usado com finalidade de uso

126 Projetos de pesquisa em economia


U3

profissional, o mesmo é válido para veículos de uso misto


(lazer e profissional), que não devem ser considerados.
Empregado(a) doméstico(a)
São considerados apenas os empregados mensalistas, ou
seja, aqueles que trabalham pelo menos 5 dias por semana.
Devemos incluir nos cálculos: babás, motoristas, cozinheiras,
copeiras, arrumadeiras, lembrando sempre que devem ser
mensalistas.
Máquina de Lavar
Devemos considerar máquinas de lavar roupa somente as
máquinas automáticas e/ou semiautomáticas, lembrando que
o tanquinho não deve ser considerado.
Geladeira e Freezer
Se a geladeira tiver um freezer incorporado, ou seja, uma
geladeira com uma 2ª. porta, ou houver no domicílio um freezer
independente, serão atribuídos os pontos correspondentes
ao freezer (ABEP, 2014).

Observações importantes

Este critério foi construído para definir grandes classes que atendam às
necessidades de segmentação (por poder aquisitivo) da maioria das empresas, assim
o Critério Brasil não pode, como qualquer outro critério, satisfazer todos os usuários
em todas as circunstâncias. Certamente, há muitos casos em que o universo a ser
pesquisado é de pessoas, digamos, com renda pessoal mensal acima de R$ 60.000.
Em casos como esse, o pesquisador deve procurar outros critérios de seleção que
não o CCEB. A outra observação é que o CCEB, como os seus antecessores, foi
construído com a utilização de técnicas estatísticas que, como se sabe, sempre se
baseiam em coletivos, e nunca em conceitos individuais (ABEP, 2014).

Como o tamanho da amostra é pertinente para a escolha do método usado, cabe


ao pesquisador adequar sua metodologia de acordo com aspectos relacionados
com a amostra, mas também com o orçamento disponível e o tempo necessário
para a realização da pesquisa.

Em uma determinada amostra (de determinado tamanho), temos uma determinada


probabilidade de classificação correta (que sempre que possível, esperamos que seja
alta) e uma probabilidade de erro de classificação (que, esperamos, seja baixa). A
expectativa é que os casos incorretamente classificados sejam pouco numerosos, de

Projetos de pesquisa em economia 127


U3

modo a não distorcer significativamente os resultados de nossa pesquisa. Nenhum


critério, entretanto, tem validade sob uma análise individual. Afirmações frequentes
do tipo “conheço um sujeito que é obviamente classe D, mas pelo critério é classe B...”
não invalidam o critério que é feito para funcionar estatisticamente. Servem, porém,
para nos alertar, quando trabalhamos na análise individual, ou quase individual, de
comportamentos e atitudes (entrevistas em profundidade e discussões em grupo,
respectivamente). Numa discussão em grupo um único caso de má classificação
pode pôr a perder todo o grupo (ABEP, 2014).

É importante ressaltar que, ao longo do livro, em capítulos anteriores, foram


apresentadas várias metodologias de pesquisa, com ênfase nos métodos qualitativos
e nos métodos quantitativos, e que a escolha do método depende principalmente
do problema de pesquisa.

Quando falamos no Critério Brasil, é de fundamental importância que todo


pesquisador tenha conhecimento de que o CCEB, ou qualquer outro critério
econômico, não é suficiente para uma boa classificação em pesquisas de natureza
qualitativa. Nestes casos deve-se obter, além do CCEB, o máximo de informações
possíveis sobre os respondentes, incluindo então seus comportamentos de compra,
preferências e interesses, lazer e hobbies e até características de personalidade
(ABEP, 2014).

Ainda de acordo com informações coletadas no site da ABEP, a relevância do


uso do Critério de Classificação Econômica Brasil é sua discriminação do poder de
compra entre as diversas regiões brasileiras, revelando importantes diferenças entre
elas. Os resultados das pesquisas podem servir de parâmetros para os formuladores
de políticas públicas desenvolverem seus planejamentos e suas ações, de modo a
buscar os princípios de eficiência e equidade.

Fonte: Disponível em: <www.abep.org/criterioBrasil.aspx>. Acesso em: 13 mar.


2015.

O site da ABEP mostra as metodologias utilizadas nos anos anteriores,


o que possibilita uma reflexão sobre a coleta de dados em um espaço
temporal.

128 Projetos de pesquisa em economia


U3

1. Quais os principais problemas em se coletar informações


através da internet?

2. Tente se imaginar coletando informações com um grupo de


consumidores adolescentes. Quais os possíveis problemas que
você poderia enfrentar durante o procedimento?

Caro aluno, durante a unidade foram apresentados vários


exemplos de projetos de pesquisa na área das ciências
econômicas. Foram expostos modelos de projetos de pesquisa
que foram utilizados por empresas do setor, só que é importante
lembrar que a elaboração e a execução de uma pesquisa são
um processo complexo, e que na maioria das vezes englobam
várias fases, etapas de pesquisa em torno de um mesmo
objetivo geral, por isso não é raro em uma pesquisa coletarmos
dados exploratórios com o contratante (briefing) para definir o
problema com mais clareza, pesquisa com os consumidores
e até mesmo, em uma mesma pesquisa, coleta de dados dos
concorrentes. Estamos chegando ao final da unidade e agora
vamos (na próxima unidade) entender um pouco mais sobre a
análise, a elaboração e a apresentação do relatório de pesquisa.

Os métodos de pesquisa, que foram apresentados nas primeiras


unidades, deixam bem clara a complexidade dos projetos de
pesquisa. As pesquisas, quando aplicadas ao cenário econômico,
podem servir tanto para objetivos microeconômicos quanto para

Projetos de pesquisa em economia 129


U3

objetivos macroeconômicos. Um projeto de pesquisa segue algumas


etapas, sendo que não existe um consenso claro sobre as mesmas,
depende muito do autor, do problema de pesquisa e dos métodos
definidos. O que se sabe é que algumas etapas são indispensáveis,
principalmente quando aplicadas à Economia:

A) Definição do problema.

B) Elaboração dos objetivos.

C) Escolha do método ou dos métodos que vão ser utilizados.

D) Definição da amostragem (se for o caso).

E) Elaboração do instrumento de coleta de dados (se for o caso).

F) Pré-teste (se for o caso).

G) Trabalho de campo.

H) Análise dos resultados.

I) Elaboração do relatório final.

Pesquisas com os consumidores são complexas e podem fazer


uso de metodologias variadas. Muitas empresas despendem
muito tempo na tentativa de compreender o comportamento do
consumidor. No que tange aos projetos de pesquisa que visam a um
melhor entendimento dos mercados, as referências bibliográficas
são de grande ajuda. Ainda na compreensão do funcionamento dos
mercados, a pesquisa pode ser útil para entender o modelo de gestão
da empresa e seu posicionamento de mercado. Já na análise da
concorrência, uma boa metodologia é a pesquisa por observação,
no caso, chamada de cliente oculto. E, ainda, o economista pode
fazer (e geralmente faz) uso de dados estatísticos, seja na etapa da
elaboração das hipóteses, seja de uma forma de compreensão geral
dos objetivos propostos. Por último, foi apresentado o Critério Brasil,
método muito utilizado para enquadrar os indivíduos em uma dada
classe econômica.

130 Projetos de pesquisa em economia


U3

1. Como adaptar as técnicas tradicionais de pesquisas para a


ciência econômica?

2. Quais são as etapas para a elaboração de um projeto de


pesquisa em economia, e quais suas diferenças (se for o caso)
em relação aos projetos de pesquisa tradicionais?

3. Além do exemplo apresentado, quais as outras possibilidades


de pesquisa com os consumidores?

4. Como uma análise de mercado hoje é diferente de uma


análise de mercado que fora realizada 20 anos atrás?

5. Como os dados secundários podem auxiliar/complementar


uma análise de mercado?

6. Quais as principais dificuldades que podem ser encontradas na


realização de uma pesquisa por observção com os concorrentes
intitulada “cliente oculto”?

7. Qual a importância dos dados estatísticos para os formuladores


de políticas públicas? E para os investidores?

8. O Critério Brasil pode apresentar viés? Em caso de sim, citar


qual ou quais.

Projetos de pesquisa em economia 131


U3

132 Projetos de pesquisa em economia


U3

Referências

ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa. Alterações na aplicação do


Critério Brasil, válidas a partir de 01/01/2014. Disponível em: <http://www.abep.
org/>. Acesso em: 25 mar. 2015.
ENGEL, J. F.; BLACKWELL, R. D.; MINIARD, P.W. Comportamento do Consumidor. Rio
de Janeiro: LTC, 2011.
BÊRNI, D. De AVILA (org.). Técnicas de pesquisa em economia: transformando
curiosidade em conhecimento. São Paulo: Saraiva, 2002.
IBGE. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/>. Acesso em: 20 mar. de 2015.
MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E.M. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução
de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e interpretação
de dados. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2010.
NIQUE, W.; LADEIRA, W. Pesqusia de marketing: uma orientação para o mercado
brasileiro. São Paulo: Atlas, 2014.
SAMARA, B. S.; BARROS, J. C. de. Pesquisa de marketing: conceitos e metodologia. 4.
ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
ZIGMUND, W. G. Princípios da pesquisa de marketing. São Paulo: Pioneira Thomson
Learning, 2006.

Projetos de pesquisa em economia 133


Unidade 4

AVALIAÇÃO, ANÁLISE E
RELATÓRIO DE PESQUISA
Leuter Duarte Cardoso Jr.

Objetivos de aprendizagem:
Nesta unidade serão estudados conteúdos e fundamentos da elaboração,
avaliação e análise de um relatório de pesquisa, assim sendo, todos os
objetivos do nosso estudo estão pautados nesta premissa. Deste modo, os
objetivos da unidade são:
• Estudar a estrutura do relatório de pesquisa por meio dos principais
pesquisadores e autores da área de metodologia e técnicas de pesquisa.
• Compreender os estilos dos relatórios de pesquisa a fim de entender
como desenvolver um relatório que tenha uma qualidade acadêmica e
científica.
• Estudar as formas pelas quais se pode ter avaliação e análise dos
relatórios de pesquisa.
• Analisar casos práticos de relatórios de pesquisa para ter a real noção
do relatório de pesquisa na prática.

Seção 1 | Relatório de Pesquisa


Nesta seção iremos destinar o nosso estudo à compreensão dos
aspectos gerais e fundamentais de um relatório de pesquisa nas ciências
sociais e, mais especificamente, em ciências econômicas. Assim sendo,
serão estudados:

• Estrutura do relatório de pesquisa.

• Estilos de relatório de pesquisa.

• Avaliação e análise dos relatórios.


U4

Seção 2 | Análise sobre Relatórios de Pesquisa: Caso Prático

Na seção II o objetivo está em analisar e/ou avaliar casos práticos para


relatórios de pesquisa em economia, com isso podemos entender na
prática como se constrói um relatório de pesquisa e como podemos
analisá-los por meio de um caso prático.

136 Avaliação, análise e relatório de pesquisa


U4

Introdução à unidade

Esta é uma unidade destinada a compreender o desenvolvimento do relatório


de pesquisa. Todo relatório é um derivativo de uma pesquisa, isto é, de um artigo
completo, monografia, dissertação, tese, estudo de campo, pesquisa técnica em
organizações e outros.

Diante desta ideia inicial, podemos entender que o relatório deverá seguir a ideia
original da pesquisa da qual ele derivou. Além disso, o relatório deverá transmitir as
ideias de forma clara, objetiva, concisa e outas características que possam manter
a qualidade da pesquisa.

Um relatório de pesquisa será uma obra sintetizada e fiel do trabalho original, e


em muitas situações ele será de suma importância, pois permitirá que indivíduos
interessados na pesquisa possam ter uma compreensão geral do trabalho (pesquisa)
e, com isso, entender o sentido e resultados da pesquisa.

Portanto, esta unidade estará dividida em duas seções, para que possamos
compreender todos os aspectos relevantes do desenvolvimento, avaliação e
análise de um relatório de pesquisa na área de conhecimento em economia e nas
ciências sociais aplicadas.

Avaliação, análise e relatório de pesquisa 137


U4

138 Avaliação, análise e relatório de pesquisa


U4

Seção 1

Relatório de Pesquisa
Esta é uma seção de estudos destinada a compreender os elementos centrais de um
relatório de pesquisa em Economia e/ou ciências sociais aplicadas. Logo, a proposta
do nosso estudo está em compreender as partes de um relatório de pesquisa, bem
como descrever os elementos importantes de cada parte. Além disso, iremos estudar
os estilos de relatórios de pesquisa que podem ser apresentados junto a instituições
acadêmicas ou órgãos de pesquisa.

1.1 Introdução ao relatório de pesquisa

Uma pesquisa segue algumas fases para que se possa alcançar um objetivo e/
ou uma conclusão em função da proposta de estudos que foi elaborada. Entender
deste processo de desenvolvimento da pesquisa é uma parte essencial para entender
o que vem a ser um relatório de pesquisa. Deste modo, as principais fases de uma
pesquisa são:

Fases da Pesquisa

• Escolha do tema.

• Formulação do problema.

• Definição dos termos.

• Construção de hipóteses.

• Delimitação da pesquisa.

• Indicação de variáveis.

• Amostragem.

• Levantamento de dados.

Avaliação, análise e relatório de pesquisa 139


U4

• Seleção de métodos e técnicas.

• Organização e teste de instrumentos.

A primeira fase da pesquisa corresponde à escolha do tema em que será baseada


a pesquisa, logo depois deve-se formular o problema de pesquisa, que será um dos
nortes para o desenvolvimento de todo o trabalho. Logo após esta fase é preciso
construir as hipóteses do trabalho (esta é uma fase que depende do tipo de pesquisa,
além disso, nem sempre ela é obrigatória).

Com a fase inicial de desenvolvimento da pesquisa por meio do seu tema,


problema e/ou hipótese, o pesquisador deverá preocupar-se em delimitar o seu
campo de estudo para que possa ter foco no problema e nos objetivos da pesquisa.

Com a delimitação da pesquisa será necessário elencar todas as variáveis-chave


que estarão dentro do seu trabalho, para que se possa compreender inclusive aquelas
pelas quais estas variáveis estão no trabalho de forma qualitativa e quantitativa.

Com as possíveis variáveis elencadas, devemos definir o tamanho da amostra e


onde ela se encontra, para que seja possível coletar os dados que serão necessários
para a construção do trabalho. Assim sendo, o passo seguinte é verificar as fontes
nas quais serão coletados os dados (primários e secundários) para desenvolvimento
da pesquisa.

Com a determinação das fontes de coleta dos dados, buscam-se os instrumentos


e modelos necessários para tratamento dos dados e, com isso, interpretações
de resultado. Esta é uma fase de suma relevância, uma vez que é necessário ter
métodos, instrumentos e modelos validados cientificamente.

Com todas as fases determinadas, é preciso pensar na execução da pesquisa,


ou seja, como conduzir operacionalmente a pesquisa para alcançar os resultados
predeterminados. Assim sendo, vejamos brevemente como ocorre a execução:

Execução da Pesquisa:

• Coleta de dados.

• Elaboração dos dados.

• Análise e interpretação dos dados.

• Representação dos dados.

• Conclusões.

140 Avaliação, análise e relatório de pesquisa


U4

A execução da pesquisa em termos operacionais terá seu princípio na coleta


dos dados (fontes primárias e/ou secundárias). Esta coleta irá revelar informações
importantes para responder ao problema da pesquisa e alcançar os objetivos do
trabalho.

Uma fase posterior à coleta de dados será a análise e interpretação dos dados, ou
seja, um tratamento qualitativo ou quantitativo para extrair informações que possam
ser úteis para discussão teórica e aplicada ao contexto do tema.

Com as análises concluídas, segue-se para a representação destes dados, como,


por exemplo, construção dos gráficos, tabelas, quadros etc., para demonstrar a
evolução de um determinado dado ou o seu significado. Logo após a representação
dos dados, apresentam-se as conclusões (resultados) a que se pode chegar com
estes dados.

Todos os resultados deverão ser apresentados na íntegra dentro


do relatório de pesquisa? Por quê?

Segundo Lakatos e Marconi (2003), “após a coleta de dados, sua codificação e


tabulação, tratamento estatístico, análise e interpretação, os resultados estão prontos
para serem redigidos, ou seja, o relatório de pesquisa”.

Um relatório de pesquisa deverá alcançar os seguintes objetivos (BARROS;


LEHFELD, 2007, p. 113):

• Socializar o conhecimento obtido durante o procedimento de


pesquisa científica, isto é, apresentar sistematicamente os resultados do
estudo à comunidade científica, às instituições de pesquisa, aos sujeitos
envolvidos e à sociedade;
• Retratar todas as abordagens e passos metodológicos desenvolvidos
para chegar ao final ou até à fase relatada da pesquisa;
• Servir de documentação técnico-científica para análise e avaliação do
próprio pesquisador, da instituição ou agência financiadora do projeto
– deve dar ao leitor a possibilidade de avaliar a quantidade e qualidade
dos dados apreendidos;
• Demonstrar o desempenho do pesquisador durante o processo do
estudo, seus avanços e recuos, esclarecendo as razões de eles terem
ocorrido por meio de uma análise crítica e aprofundada.

Avaliação, análise e relatório de pesquisa 141


U4

Com base nesses objetivos, a pesquisa e/ou a equipe de pesquisa deverá ter por
missão apresentar no relatório técnico-científico os resultados obtidos e, além disso,
demonstrar de forma clara e objetiva todos os métodos e procedimentos. Deste
modo, o texto deverá estar em uma sequência lógica, para que o leitor tenha ideia
de todas as fases e resultados da pesquisa.

A compreensão do que é uma pesquisa científica e seus elementos é


fundamental para analisar como se desenvolve um relatório de pesquisa
de forma adequada às normas gerais. Assim sendo, vamos acessar o
seguinte link para entender mais sobre o assunto: Disponível em: <http://
www.convibra.com.br/upload/paper/adm/adm_3439.pdf>. Acesso em:
13 mar. 2015.

1.1.1 Estrutura do relatório de pesquisa

A estrutura de um relatório de pesquisa irá depender do formato do trabalho e


da forma como ele foi conduzido. Cada trabalho tem uma proposta e uma forma
de desenvolvê-lo. Podemos citar alguns tipos de trabalho que poderão apresentar
relatórios de pesquisa:

• Monografias.

• Dissertações.

• Teses.

• Artigos científicos.

• Pesquisas de campo.

• Estudos de caso.

• Observações técnicas.

Sob a luz do pensamento de Barros e Lehfeld (2007), podemos verificar que um


modelo de relatório de pesquisa estará estruturado da seguinte forma:

I. Elementos de identificação (a capa e a folha de rosto):

a) Entidade.

142 Avaliação, análise e relatório de pesquisa


U4

b) Titulo e subtítulo.

c) Pesquisador(es).

d) Número de volumes (se houver).

e) Local da instituição.

f) Ano do depósito.

II. Resumo (abstract ou sinopse).

III. Sumário.

IV. Introdução.

V. Relevância do tema da pesquisa.

VI. O problema.

VII. Hipóteses de estudo.

VIII. Quadro teórico de referência.

IX. Metodologia da pesquisa.

a) Estudo preliminar ou exploratório.

b) Definição do universo e amostragem.

c) Técnica de investigação.

d) Fases da investigação.

X. Apresentação e análise de dados.

XI. Resultados.

XII. Conclusões e recomendações.

XIII. Apêndice/anexo.

XIV. Bibliografia.

As partes que compõem um relatório de pesquisa, segundo Andrade (2003), estão


apresentadas da seguinte forma:

I. Introdução:

Avaliação, análise e relatório de pesquisa 143


U4

a) Titulo/Tema da pesquisa.

b) Delimitação do assunto.

c) Objetivos.

d) Hipóteses.

e) Variáveis.

f) Universo da pesquisa.

g) Justificativa.

h) Procedimentos.

II. Desenvolvimento.

a) Apresentação dos dados obtidos.

b) Análise e interpretação dos dados.

c) Representação dos dados.

d) Gráficos e tabelas.

e) Discussão dos resultados.

III. Conclusão.

IV. Parte referencial.

A primeira parte de um relatório de pesquisa consiste na apresentação dos seguintes


elementos (LAKATOS e MARCONI, 2003, p. 228):

I) Capa

• Entidade

• Título (e subtítulo, se houver)

• Coordenador(es)

• Local e data

A segunda parte está na elaboração da folha de rosto. Esta normalmente é


padronizada pela instituição na qual a pesquisa está sendo desenvolvida:

144 Avaliação, análise e relatório de pesquisa


U4

II) Página de Rosto

• Entidade

• Título (e subtítulo, se houver)

• Coordenador(es)

• Equipe técnica

• Local e data

Logo após a folha de rosto temos a terceira parte do trabalho em termos agregados,
isto é, a apresentação da sinopse (abstract/resumo) e, por conseguinte, o sumário.

III) Sinopse (Abstract)

IV) Sumário

Com as informações iniciais do trabalho, podemos partir para a parte da introdução


do trabalho para compreender o tema, os objetivos, justificativas e objeto do trabalho.

V) Introdução

a) Objetivo

• Tema

• Delimitação do tema

• Objetivo geral

• Objetivos específicos

b) Justificativa

c) Objeto

• Problema

• Hipótese básica

• Hipóteses secundárias

Avaliação, análise e relatório de pesquisa 145


U4

• Variáveis

Com a introdução do trabalho e sua devida apresentação, podemos passar para as


partes do desenvolvimento em termos bibliográficos e aos aspectos metodológicos.

VI) Revisão da Bibliografia

VII) Metodologia

a) Método de Abordagem

b) Métodos de Procedimento

c) Técnicas

d) Delimitação do Universo

e) Tipo de Amostragem

VIII) Embasamento Teórico

a) Teoria de Base

b) Definição dos Termos

Em sequência à fundamentação teórica e metodológica, podemos apresentar as


partes finais do trabalho, que compreendem:

IX) Apresentação dos Dados e sua Análise

X) Interpretação dos Resultados

XI) Conclusões

XII) Recomendações e Sugestões

XIII) Apêndices

a) Tabelas

b) Quadros

c) Gráficos

d) Outras ilustrações

e) Instrumento(s) de Pesquisa

146 Avaliação, análise e relatório de pesquisa


U4

XIV) Apêndices e Anexos

XV) Bibliografia

Quais elementos você julga necessários para relatório de


pesquisa em Economia?

Com a ideia da estrutura de um relatório de pesquisa por meio de autores que são
especializados nesta área de estudos, vamos compreender de forma breve cada uma
das partes da estrutura do relatório, a fim de analisar quais elementos e conteúdos são
relevantes para estas partes.

Apresentação

Para Lakatos e Marconi (2003), “poucas diferenças há entre a apresentação do


projeto e a do relatório. Apenas a folha com a relação do pessoal técnico é substituída
pela página de rosto, que repete os dizeres da capa, acrescentando somente o nome
do coordenador”. Na sequência serão inseridas as informações da equipe técnica.
Assim sendo, podemos notar que as mudanças são pequenas nesta parte.

Sinopse (Abstract)

A sinopse, na prática, será um resumo que irá apresentar o trabalho como um


todo. Assim sendo, deve-se apresentar todos os elementos, conteúdos, metodologias,
resultados, conclusões e outros resultados que podem ser importantes para a pesquisa.
Porém, é preciso destacar que não é um texto com tópicos sobre os quesitos que
foram mencionados.

Sumário

É a enumeração de todas as partes da pesquisa; assim sendo, o sumário servirá


como um mapa da pesquisa.

Introdução

Na introdução a preocupação está em apresentar o contexto da temática, bem


como os objetivos, justificativas e objeto, ou seja, é uma apresentação inicial do
trabalho para o leitor da pesquisa.

Revisão Bibliográfica

Avaliação, análise e relatório de pesquisa 147


U4

A revisão bibliográfica consiste em pesquisar conceitos, teorias, fundamentos


para embasar o trabalho. Deste modo, é importante colocar no relatório as pesquisas
bibliográficas e outras que o pesquisador ou a equipe de pesquisa julga importantes
para o tema da pesquisa.

Metodologia

A apresentação dos aspectos metodológicos é fundamental para que se tenha


noção dos métodos, instrumentos, recursos e outros meios para desenvolvimento da
pesquisa e tratamento dos dados coletados.

Embasamento Teórico

É preciso enumerar os termos e teorias bases para analisar os dados e resultados


da pesquisa, por isso esta parte deverá seguir conforme as do projeto da pesquisa e do
trabalho já concluído.

Apresentação dos Dados e sua Análise

A apresentação dos dados deverá estar em função do problema de pesquisa,


objetivos e hipóteses construídas na pesquisa, pois os dados serão utilizados para
responder ao problema, alcançar o objetivo e aceitar ou rejeitar uma hipótese, por
esta razão os dados serão apresentados conforme as premissas do trabalho.

Com a estruturação dos dados, iremos demonstrá-los no trabalho conforme os


tratamentos realizados para extrair as informações necessárias para o desenvolvimento
da pesquisa. Assim sendo, os dados poderão ser apresentados da seguinte forma:

• Textos.

• Quadros.

• Tabelas.

• Figuras e ilustrações.

As informações dos dados deverão ser apresentadas com o objetivo de demonstrar


as evidências científicas em relação ao tema e para analisar se as hipóteses construídas
poderão ser aceitas ou rejeitadas. Deste modo, os dados deverão ser apresentados
sob este caráter, por isso o pesquisador deverá ser impessoal na apresentação dos
dados no relatório.

Interpretação dos Resultados

Esta é uma parte essencial dentro da pesquisa, uma vez que na interpretação dos
resultados podemos ter a condição de responder a muitas questões da pesquisa e,
além disso, compreender como as informações dos dados podem ser confrontadas

148 Avaliação, análise e relatório de pesquisa


U4

com a hipótese.

Sabendo da importância das interpretações para pesquisa, é relevante destacar


que as informações obtidas dos tratamentos feitos devem ser validadas, uma vez que
informações de dados inconsistentes podem inviabilizar a análise sobre as hipóteses e/
ou as questões de pesquisa. Ainda, dados com uma validade teórica e estatística baixa,
por exemplo, podem não validar muitos procedimentos, tratamentos e instrumentos
empregados na pesquisa. Desta forma, é preciso tomar atenção em relação a estes
aspectos.

Com os dados tratados de forma correta e validados, é possível apresentá-los e


interpretá-los, no relatório de pesquisa. Estas informações deverão ser suficientes
para demonstrar se foi possível alcançar os objetivos de uma pesquisa e, ainda, se as
hipóteses puderam ser aceitas.

Conclusões

Nas conclusões é preciso apresentar todas as conclusões que foram obtidas, como
a revisão bibliográfica, embasamento metodológico, tratamento e interpretação dos
dados. Além disso, é preciso também, conforme Lakatos e Marconi (2003, p. 232):

• Evidenciar as conquistas alcançadas com o estudo.

• Indicar as limitações e as reconsiderações.

• Apontar a relação entre os fatos verificados e a teoria.

Deste modo, na conclusão, o pesquisador ou a equipe de pesquisa irão demonstrar


as principais conclusões a que se pode chegar ao longo da pesquisa (momento da
execução).

Recomendações e Sugestões

Esta é a parte na qual o pesquisador e/ou sua equipe irão expor suas recomendações
e sugestões em função das conclusões a que se chegou ao longo do trabalho. É
preciso que o(s) autor(es) coloque(m) suas recomendações e sugestões para que os
indivíduos envolvidos na pesquisa possam aplicá-las, ou que novos pesquisadores
possam usá-las.

Um exemplo sobre esta situação é um discente de graduação que faz sua


graduação tendo como objeto de pesquisa o setor financeiro de uma empresa. Ao

Avaliação, análise e relatório de pesquisa 149


U4

final do trabalho, ele irá chegar com as conclusões da pesquisa e, com isso, poderá
emitir recomendações e sugestões para o gestor deste setor ou da empresa.

Apêndices

Nesta seção poderão ser apresentadas informações, quadros, tabelas, gráficos


e outros elementos que envolveram a pesquisa e que não foram apresentados no
corpo do trabalho. É preciso lembrar no apêndice que os materiais são de autoria do
pesquisador.

Anexos

São documentos e outras informações de autoria de terceiros, ou seja, não


desenvolvidos pelo autor da pesquisa ou de sua equipe. Por exemplo, apresentar parte
do Código Civil, Lei das Sociedades Anônimas, resolução do Banco Central e outros.

Bibliografia

Esta é uma parte do trabalho e nela deverão estar citadas todas as obras, periódicos,
dissertações, teses e outros materiais que foram utilizados na construção do trabalho.
Assim sendo, todas as citações realizadas ao longo do trabalho deverão constar na
bibliografia.

Vamos compreender um pouco de outros tipos de relatórios de


pesquisa. Assim sendo, acesse o a seguir para compreender outros tipos
de relatórios: Disponível em: <http://arquivos.portaldaindustria.com.
br/app/conteudo_24/2012/09/05/252/20121126174209250796u.pdf>.
Acesso em: 13 mar. 2015.

1. Na estrutura de um relatório de pesquisa temos diversos


elementos que deverão ser apresentados e desenvolvidos para
que se possa transmitir os aspectos fundamentais da pesquisa
original. Assim, podemos entender que:
a) No apêndice deverão constar informações de autoria de
terceiros e que possam aprofundar o conhecimento do leitor.

150 Avaliação, análise e relatório de pesquisa


U4

b) A justificativa deverá ser desenvolvida em forma de


problemas e perguntas.
c) O anexo é a parte na qual o autor pode apresentar
informações que complementem o conteúdo do texto.
d) Na introdução deverão estar aspectos metodológicos
para que o leitor tenha ideia dos dados da pesquisa no seu
princípio.

1.2 Estilos de relatórios de pesquisa

O relatório de pesquisa deverá ser escrito de uma forma tal que o leitor possa
compreender todos os fundamentos do trabalho, porém, é preciso respeitar algumas
normas e padrões, uma vez que se trata de um trabalho científico e, por isso, ele
deverá manter um padrão de qualidade. A redação do relatório deverá apresentar
um estilo com as seguintes características para garantir uma boa qualidade:

• Impessoalidade

• Objetividade

• Clareza

• Precisão

• Coerência

• Concisão

a) Impessoalidade

No que tange à impessoalidade, o relatório de pesquisa deverá ser escrito


em caráter impessoal, ou seja, sempre na terceira pessoa. É muito comum o(s)
pesquisador(es) redigir(em) seus trabalhos em primeira pessoa, por exemplo, “meu
trabalho”, “minha pesquisa” ou “minha conclusão”. Estas formas de escrita deverão
ser evitadas.

O mais apropriado é escrever o relatório com termos, por exemplo, “esta pesquisa”,

Avaliação, análise e relatório de pesquisa 151


U4

“este estudo”. Estas formas irão trazer este aspecto do impessoal. Sob este mesmo
prisma, devemos evitar o uso do “nós”, que é muito comum, visto a facilidade para
se expressar em termos de escrita. Vamos analisar um exemplo hipotético com a
impessoalidade:

“Esta é uma pesquisa que tem por objetivo central verificar


o impacto do volume de crédito direcionado pelo governo
federal sobre o crescimento do setor da construção civil na
região sudeste do país. Para o desenvolvimento desta pesquisa
serão levantados dados junto a órgãos públicos e entidades
do setor e, logo após a coleta destes dados, segue-se para o
tratamento estatístico a fim de revelar em qual profundidade
o crédito influencia no crescimento deste setor de atividade”.

b) Objetividade

O relatório de pesquisa também deverá ser escrito com objetividade, isto é, deverá
ter uma redação e uma sequência lógica direta para que o leitor tenha condições de
compreender quais os objetivos e ideia que o(s) pesquisador(es) está(ão) colocando
em um parágrafo ou no texto como um todo.

Deste modo, o texto não deverá ter conteúdos irrelevantes ou conteúdos que
possam confundir o leitor. Além disso, a preocupação deve estar concentrada em
uma abordagem que permita transmitir as ideias centrais da pesquisa.

c) Clareza

Este é um aspecto fundamental do texto, uma vez que um texto com clareza irá
evitar ideias ambíguas, e isto também não permitirá interpretações equivocadas, por
isso os termos devem ser claros e adequados ao tipo de trabalho e à comunidade
que irá lê-lo.

d) Precisão

O texto deverá ter precisão nos seus termos, para que não fiquem ideias vagas
ou com adjetivos que não demonstram a precisão do termo ou objeto. Segundo Gil
(2002), deve-se evitar alguns adjetivos que não indiquem claramente a proporção
dos objetos, tais como:

• Pequeno

• Médio

• Grande

152 Avaliação, análise e relatório de pesquisa


U4

Ainda deverão ser evitadas as seguintes expressões dentro do texto:

• Quase todos

• Uma boa parte.

Também devem ser evitados advérbios que não explicitem exatamente o tempo,
o modo e o lugar, como:

• Recentemente

• Antigamente

• Lentamente

• Algures

• Alhures

• Provavelmente.

e) Coerência

O texto deverá sempre ter coerência, uma vez que as ideias e os conteúdos deverão
estar em uma sequência lógica, para que o texto demonstre a evolução das ideias e
qual objetivo pretende alcançar no final. Por isso, é preciso utilizar títulos e subtítulos
para demonstrar as ideias centrais e sua sequência (utilize o quanto for necessário).

f) Concisão

No texto, as ideias deverão ser postas de forma breve/curta, que permita transmitir
de forma clara e objetiva a ideia central. Por isso deve-se evitar parágrafos longos,
pois isto poderá dificultar a compreensão da ideia central. Além disso, sentenças e
parágrafos longos tornam cansativa a leitura.

1.3 Avaliação e análise no relatório de pesquisa

Para avaliação e análise de um relatório de pesquisa iremos considerar os


fundamentos de uma análise quantitativa e qualitativa para uma pesquisa e,
consequentemente, para um relatório de pesquisa. Assim sendo, primeiro será
estudado o aspecto quantitativo e logo depois o aspecto qualitativo.

1.3.1 Avaliação e análise quantitativa


No desenvolvimento de um trabalho científico, o pesquisador irá definir métodos
e procedimentos para desenvolvimento do trabalho. Com isso, a pesquisa terá uma

Avaliação, análise e relatório de pesquisa 153


U4

abordagem de caráter mais quantitativo ou qualitativo, dependendo da sua estratégia


na condução do trabalho.

Quando estamos tratando de uma pesquisa quantitativa para tratamento dos


dados, o pesquisador irá:

• Organizar.

• Sumarizar.

• Caracterizar.

• Interpretar.

Deste modo, o pesquisador irá tomar todas estas ações na condução da sua
pesquisa, quando o caráter for o quantitativo. Para compreender os aspectos
quantitativos para uma análise, iremos nos valer das técnicas estatísticas. De acordo
com Martins e Theóphilo (2009), a estatística é a ciência dos dados, ou seja, uma
ciência para produtor e consumidor de informações numéricas. Ela envolve:

• Coleta.

• Classificação.

• Sumarização.

• Organização.

• Análise e interpretação dos dados.

Assim sendo, podemos entender que tudo isso são métodos, técnicas que visam
sintetizar e realizar interpretações de um conjunto de dados numéricos.

a. Estatística Descritiva

Segundo Diehl e Domingos (2007), a estatística descritiva tem por objetivo


descrever a realidade de uma população ou amostra de dados por meio de algumas
medidas, tais como:

Média aritmética: esta é uma medida de posição central para um conjunto de


dados e seu calculo é feito pela fórmula:

154 Avaliação, análise e relatório de pesquisa


U4

∑xi
X=
n Onde:

x: é i-ésima observação

n: é o total de observações

Mediana: será o valor que irá dividir a metade superior da metade inferior de um
conjunto de dados. Seu cálculo poderá ser feito por meio da fórmula:
(n+1) (2)
X=
2

Moda: é o dado numérico/valor com maior volume para um universo de dados,


isto é, aquele valor com uma alta frequência no conjunto dos dados. A fórmula
para cálculo da moda é dada por:

(3)

Onde:

li = limite inferior à classe

fmo = frequência na moda

fan = frequência anterior à modal

fp = frequência posterior à modal

h = intervalo de classe

Mo = moda

Desvio Padrão: esta será entendida como a dispersão em relação à sua própria
média, por isso podemos compreender que um valor alto no desvio padrão
significa uma dispersão alta em relação à média aritmética. A fórmula é:

Com estas técnicas podemos analisar um conjunto de dados de uma pesquisa


de campo, estudo de caso, entrevista e outros instrumentos; temos condições de
interpretar e chegar a algumas conclusões para um conjunto de dados.

Avaliação, análise e relatório de pesquisa 155


U4

Vamos colocar um exemplo para compreender melhor a estatística descritiva.


Suponha que um pesquisador desenvolveu uma pesquisa para analisar a evolução
da taxa de juros do cheque especial dos principais bancos do país no ano 20XX.
Deste modo, vamos analisar a estatística descritiva para os dados coletados (taxa
de juros do cheque especial para o ano 20XX).

Quadro 4.1 | Taxa de Juros do Cheque Especial

Taxa de Juros do Cheque Especial do Ano 20XX


Mês Média Mediana Moda Desvio P. Mínimo Máximo
Jan 3,54 3 4 2,97 1 7
Fev 3,52 3 3 2,02 1 7
Mar 3,19 3 3 1,98 1 7
Abr 3,58 3 4 2,04 1 7
Mai 3,35 3 3 2,21 1 7
Jun 3,75 4 4 2,14 1 7
Jul 4,56 5 5 2,01 1 7
Ago 4,06 4 5 1,97 1 7
Set 3,93 4 4 2 1 7
Out 3,68 4 5 1,99 1 7
Nov 3,7 4 3 2,15 1 7
Dez 3,66 4 3 2,17 1 7
Fonte: O autor (2015)

Podemos analisar por meio da média aritmética que a taxa de juros média é em
torno de 3% ao ano na maior parte dos meses. O mês com maior taxa de juros foi
o mês de agosto em comparação aos demais. Notamos que na maior parte dos
meses a mediana e a moda estiveram próximas da média, porém o valor do desvio
é relativamente alto na distribuição dos dados.

Regressão Simples

O modelo de regressão linear simples será representado da seguinte forma para


estimação de valores:

Yi= α+ βXi+ εi

Onde:

α = Y é o intercepto da reta

156 Avaliação, análise e relatório de pesquisa


U4

β = inclinação da reta

εi = Erro aleatório de Y para observação i

Nesta equação podemos entender que há uma relação diretamente proporcional


entre a variável X e Y, uma vez que o sinal de β é positivo; assim sendo, podemos
entender que todas em que o valor de β aumentar, automaticamente aumentará o
valor de Y. Caso o sinal fosse negativo, a relação seria inversa, ou seja, aumentando
em β iria reduzir Y.

Suponha um exemplo hipotético e simples de que a demanda por suco de


laranja é dada por Qd = 1000 – 200P em um supermercado da região norte do
país. Quantos litros de suco serão consumidos quando o preço for:

Quadro 4.2 | Demanda por Suco de Laranja

Preço ($) Quantidade


1 800
2 600
3 400
4 200
5 0
Fonte: O autor (2015)

Podemos notar que a cada aumento de $ 1,00 no preço do suco a demanda


reduz em 200 litros, assim sendo, entendemos que o aumento de $ 1,00 irá sempre
reduzir a demanda em 200 litros.

Regressão Linear Múltipla

Nem sempre o modelo de regressão linear simples será suficiente para explicar
os fenômenos econômicos e sociais para um determinado volume de dados.
Por esta razão, existe a regressão linear múltipla, em que a correlação de uma
variável depende (Y) com outras variáveis explicativas (X1; X2; X3… Xn). No caso das
quantidades demandadas de um produto ou serviços, sabemos que além do preço
há outras variáveis que podem explicar a demanda por um produto ou serviço, tais
como:

• Renda.

• Preços de outros bens ou serviços.

• Preferências etc.

Avaliação, análise e relatório de pesquisa 157


U4

O modelo de regressão linear múltipla pode ser representado da seguinte


maneira para estimação de valores de Y em função de X:

Yi= α+ β1 X1i+ + β2 X2i+ + βk Xki+ εi

Regressão Logística

Quando as variáveis são categóricas, o mais adequado para estimação de


valores é o uso da regressão logística, uma vez que ela irá revelar a probabilidade
de ocorrer tal fato para uma distribuição de probabilidade entre 0 e 1. Assim sendo,
entende-se que:

Y = 1 como sucesso para uma resposta

Y = 0 como fracasso para uma resposta

Ao realizar uma revisão da literatura, podemos entender, segundo Cox (1969),


Green (2002), Martins (1988), Hosmer e Lemeshow (1989), Ebrahim (2001), que a
regressão logística é uma ferramenta eficiente e adequada para tratamento com
variáveis categóricas.

A regressão logística se vale da distribuição Bernoulli para distribuição de


variáveis categóricas, sendo assim, a regressão logística estará baseada na seguinte
razão:

(probabilidade de sucesso)
L=
(1-probab.de sucesso)=probab.de sucesso

Para que esta técnica possa revelar probabilidades de sucesso e fracasso, ela
considera a distribuição Bernoulli. Desta forma, tem-se que:

Y =1 (sucesso); Y=0 (fracasso) com P(Y=1) = P(sucesso) = p e P(Y=0) = P(fracasso)


= 1- p; a função de probabilidade (variável discreta) é dada pela equação 06:

P(Y=y) = py(1-p)1-y

Onde:

y=1 (sucesso) ou y=0 (fracassso).

158 Avaliação, análise e relatório de pesquisa


U4

Equação (L): log (p/(1-p)) =β0+β1*x1+β2*x2+β3*x3+β4*x4+β5*x5+ βn*xn

Vamos considerar o exemplo dos autores Martins e Theóphilo (2009) para um


caso que utiliza a regressão logística:

O departamento de finanças e marketing de uma empresa de cartões de crédito


pretende lançar uma campanha para que seus usuários, com padrão standard,
mudem para um padrão mais elevado, oferecendo um desconto para a taxa anual
do novo cartão. Para uma amostra de 30 clientes com padrão standard foram
medidas as variáveis:

Y: mudaria para o novo cartão (0 = não, 1 = sim)

X1i: total de gasto no ano anterior: US$

X2i: possui cartão adicional (0= não, 1= sim)

Deseja-se uma estimativa de compra do novo cartão para um cliente com


gastos de US$ 36 mil e 1 cartão adicional.

Solução: com uso do pacote SATISTIX para a regressão logística obtiveram-se


as seguintes estimativas:

b0 = -6,9292

b1 = 0,1392

b2 = 2,7711

Considerando-se X1 = 36 e X2 = 1, tem-se: (L) = log = - 6,9292 +( 0,1392)(36)+


(2,7711)(1) = 0,85495

Logo: L = e0,85495 = 2,3513

Então, a probabilidade de compra (mudanças) será de:


2,3513
Probabilidade de compra = (1+2,3513) = 0,7016

Ou seja, 70,16% é a probabilidade estimada de compra (mudança) para o novo


cartão, de um cliente com gastos de US$ 36.000, que possui um cartão standard.

Quais sãos as vantagens para o uso da regressão logística em


pesquisa nas ciências econômicas?

Avaliação, análise e relatório de pesquisa 159


U4

1.3.2 Avaliação e análise qualitativa

A pesquisa qualitativa está baseada em dados numéricos e tem por objetivos


qualificar estes dados por meio de conceitos, teorias, fundamentos, para que se
possa chegar a interpretações importantes no trabalho científico. Para Martins e
Theóphilo (2009), as características de uma pesquisa qualitativa são:

• Os dados coletados são predominantemente descritivos.

• Preocupação com o processo e não somente com os resultados do produto.

• Análise indutiva dos dados.

• Preocupação com significado.

Ainda segundo estes autores, podemos citar alguns exemplos de pesquisas


qualitativas no campo das ciências sociais aplicadas:

• Descrições detalhadas de fenômenos, comportamentos.

• Citações diretas de pessoas sobre suas experiências.

• Trechos de documentos, registros, correspondências.

• Gravações ou transcrições de entrevistas e discursos.

• Dados com maior riqueza de detalhes e profundidade.

• Interações entre indivíduos, grupos e organizações.

Vamos analisar as diferenças básicas entre uma pesquisa qualitativa e quantitativa


para que possamos compreendê-las e sabermos como analisá-las.

Quadro 4.3 | Pesquisa Qualitativa e Quantitativa

QUALITATIVA QUANTITATIVA

Preferência por avaliações qualitativas Preferência por avaliações quantitativas


Preocupado em entender, compreender e Procura dos fatos e causa do fenômeno
descrever os comportamentos humanos social, através de medições de variáveis
através de um quadro de referência
Enfoque fenomenológico e enfoque dialético Enfoque lógico-positivista
Sistemas de descrições não controladas, Sistemas de medições controladas
observação natural

160 Avaliação, análise e relatório de pesquisa


U4

Subjetivo: perspectiva interior perto dos Objetivo: perspectiva externa, distancia-


dados mento dos dados
Profundo: orientado para a descoberta, Superficial, orientado para a verificação; re-
exploratório, descritivo, indutivo ducionista, baseado na inferência hipotéti-
co-dedutiva
Orientado para o processo Orientado para o resultado
Holístico: visa à síntese Particularizado: visa à análise
Fonte: O autor (2015)

1. As pesquisas em Economia poderão ser desenvolvidas sob


um caráter qualitativo e quantitativo para que se possa fazer
interpretações e chegar a conclusões importantes diante do seu
objeto de pesquisa. Assim sendo, podemos afirmar que:
a) A pesquisa qualitativa nunca poderá se valer de dados
quantitativos.
b) A pesquisa quantitativa destina-se exclusivamente ao tratamento
matemático.
c) O tratamento via fórmulas é encontrado nos fundamentos.
d) O uso de técnicas estatísticas e matemáticas está na pesquisa
quantitativa.

Avaliação, análise e relatório de pesquisa 161


U4

162 Avaliação, análise e relatório de pesquisa


U4

Seção 2

Análise sobre relatórios de pesquisa: caso prático


Nesta seção iremos observar e discutir relatórios de pesquisa ou trabalhos que
podem estar em formato de relatório para apresentar em Instituições de Ensino
Superior (IES), institutos científicos, eventos acadêmicos e outros.

O caso a ser estudado é uma pesquisa hipotética que trata do tema de Economia
e Responsabilidade Socioambiental. Deste modo, iremos verificar como poderíamos
criar um relatório de uma pesquisa desenvolvida sob esta temática.

2.1 Análise do caso hipotético


2.1.1 Capa

Na capa deverão estar as informações importantes em relação ao tema da pesquisa,


local de apresentação e autor(es).

Universidade XXX

Sustentabilidade Socioambiental do Setor Bancário na Economia Regional:


Um Estudo de Caso Sobre o Banco YY

Leuter Duarte Cardoso Jr

Cidade /UF

2015

Avaliação, análise e relatório de pesquisa 163


U4

2.1.2 Página de rosto

Nesta página serão apresentadas ainda as informações do autor e as informações


do local de apresentação.

Leuter Duarte Cardoso Jr.

Sustentabilidade Socioambiental do Setor Bancário na Economia Regional:


Um Estudo de Caso sobre o Banco YY

Relatório de pesquisa apresentado


ao Departamento da Economia da
Universidade XXX.

Cidade/UF

2015

Acesse o link a seguir para analisar um modelo de relatório do Banco


Central do Brasil. Este é um modelo que segue outros princípios
estudados até este momento: Disponível em: <http://www.bcb.gov.
br/htms/pesqecofin/port/2014_04/relatorio_pesquisa_economia_
financas_bcb_2013.pdf>. Acesso em: 13 mar. 2015.

2.1.3 Sinopse/Resumo

Na sinopse, o(s) autor(es) da pesquisa têm por objetivo demonstrar de forma clara e
sucinta todos os elementos do seu trabalho. No caso da presente pesquisa, o resumo
começa mencionando o objetivo central e logo depois faz a menção às partes com
maior relevância em seu trabalho (apresentação de todas as partes).

164 Avaliação, análise e relatório de pesquisa


U4

A pesquisa propõe-se a analisar a sustentabilidade empresarial do setor


financeiro na economia regional do estado do Paraná. Assim sendo, este
estudo tem como principal objetivo a realização de um diagnóstico sobre a
sustentabilidade socioambiental do setor bancário e das cooperativas de crédito
na economia regional a partir dos índices de sustentabilidade empresarial. A
pesquisa em termos metodológicos irá definir-se como descritiva e explicativa,
sendo os meios utilizados a revisão de literatura e estudo de caso com coleta
de dados, para analisar de forma qualitativa e quantitativa as práticas de
responsabilidade social das instituições bancárias.

2.1.4 Introdução

a) Objetivo: O autor da pesquisa tem por objetivo fazer uma análise sobre as práticas
de responsabilidade ambiental e social, ao apoiar-se nos fundamentos da Economia
Ambiental. Logo, seu estudo está orientado com este foco.

O objetivo geral deste estudo é realizar um diagnóstico sobre a


sustentabilidade socioambiental do Banco YY, a partir das informações
qualitativas e quantitativas disponíveis sobre o banco.

b) Justificativa: A proposta da justificativa é demonstrar as razões pelas quais o


trabalho deverá ser desenvolvido e os pontos positivos que irá trazer para a comunidade
acadêmica, bem como para a sociedade em geral. Sob este prisma, podemos verificar
os elementos centrais da pesquisa que justificam o desenvolvimento de um trabalho
sob esta temática.

A consciência dos problemas ambientais, segundo Romeiro (1991), aparece


como um ponto importante a respeito do crescimento material e econômico
e da qualidade de vida. A qualidade de vida para alguns é obtida às custas da
limitação das produções materiais, e para outros, ao contrário, ela é proporcional
à abundância dos produtos.

No Brasil, onde 51% da população, segundo pesquisa do Instituto Ethos (2010)


em parceria com Indicador Pesquisa de Mercado, acham que a globalização vai
melhorar a economia, as pessoas não veem as empresas mais como simples
geradoras de divisas, empregadoras e pagadoras de impostos. As organizações
devem sim fazer isso, mas de forma a estabelecer padrões éticos mais elevados,

Avaliação, análise e relatório de pesquisa 165


U4

indo além do que é determinado pela lei, ajudando a construir uma sociedade
melhor para todos. Quando perguntados se as empresas deveriam ter a
responsabilidade de diminuir a distância entre pobres e ricos, englobando um
significado mais amplo, se encarado de forma sistemática e abarcando todos
os grupos de relacionamento que constituem a empresa.

Com o advento de problemas relacionados ao meio ambiente e questões


pertinentes de cunho social nos centros urbanos, buscam-se soluções para
tais perturbações. Os meios para solucionar estes desequilíbrios sociais e
ambientais são políticas privadas e públicas, com isso, estudos de ordem
acadêmica deverão estar presentes para ser o suporte para o planejamento de
políticas destinadas a garantir a sustentabilidade das economias regionais.

O setor financeiro, como agente financiador da demanda agregada, deverá


ter o compromisso de sustentar o equilíbrio ambiental e social da região
no qual está localizado, uma vez que o mesmo precisa ter continuidade no
seu crescimento econômico e financeiro. Com isso, é de suma importância
elaborar trabalhos científicos destinados a esta área, pois o setor privado está
além das questões econômicas e financeiras, passando a ter preocupações
com o meio ambiental no qual está inserido.

c) Objeto: Toda pesquisa tem um objeto (tema central), ou seja, um caso, que será
sua referência de análise. Assim, podemos verificar que na pesquisa que está em análise
o objeto da pesquisa é a responsabilidade do mercado bancário na economia regional.

Para compreender um pouco mais da realidade das pesquisas em


economia, leia o artigo no link: Disponível em: <http://www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71402008000400005>.
Acesso em: 13 mar. 2015.

2.1.5 Revisão da bibliografia

A revisão bibliográfica deverá ter conteúdos que possam embasar o trabalho, por
isso devem ser estudados os principais autores da área de estudo. Na pesquisa em
análise, o autor preocupou-se em explorar conteúdos que estão ligados ao seu tema
de pesquisa e, principalmente, ao objetivo geral do trabalho (Responsabilidade Social,
Instituições Bancárias e Meio Ambiente).

166 Avaliação, análise e relatório de pesquisa


U4

A fundamentação teórica está dividida em três partes, sendo elas: (i)


Economia do Meio Ambiente e Responsabilidade Social; (ii) Responsabilidade
Social e Desenvolvimento Ambiental nas Empresas, (iii) Sustentabilidade
Empresarial.

Economia do meio ambiente e responsabilidade social

A economia atual do meio ambiente procura uma abordagem preventiva


contra as catástrofes ambientais iminentes, pregando a conservação da
biodiversidade mediante uma ótica que considere as necessidades potenciais das
gerações futuras. Isso pressupõe que os limites ao crescimento fundamentado
na escassez dos recursos naturais e sua capacidade de suporte são reais e não
necessariamente superáveis por meio do progresso tecnológico (SACHS, 1986).

Na década de 1970 e 1980, convergências de várias forças econômicas,


como, aumentos nos custos de energia, aumento da inflação e da dívida
nacional, fizeram com que alguns estudiosos reexaminassem as noções de
responsabilidade social das empresas (FREEMAN e STONER, 2006).

A empresa socialmente responsável é aquela que possui a capacidade


de ouvir os interesses das diferentes partes envolvidas no negócio:
acionistas, funcionários, fornecedores, consumidores, comunidade,
governo e o meio ambiente, de forma a conseguir incorporá-los no
planejamento de suas atividades, buscando atender às demandas de
todos (INSTITUTO ETHOS, 2002).

A ciência econômica condiciona questões ligadas à poluição, pois até


então suas preocupações diziam respeito apenas às relações existentes entre
o meio ambiente, considerado sob a ótica dos recursos naturais (natureza) e o
processo de desenvolvimento.

Rigotto (2010) revela que: Os economistas neoclássicos abandonaram


as preocupações com o curto prazo. Somente em 1920, com o trabalho de
Pigou, "The Economics of Welfare", é que a Ecologia se refere ao aspecto da
externalidade.

Conforme Libanori (1990), no período da década 70 a Economia toma

Avaliação, análise e relatório de pesquisa 167


U4

como objeto de análise as relações entre desenvolvimento econômico e o


meio ambiente. Sendo assim, o conceito de desenvolvimento sustentável tem
três definições centrais: crescimento econômico, equidade social e equilíbrio
ecológico. No presente período, as principais correntes econômicas para
economia do meio ambiente são:

1. Os ecodesenvolvimentistas

2. Os pigouvianos

3. Os neoclássicos

4. Os economistas ecológicos

A terminologia ecodesenvolvimentistas define como transformar o


desenvolvimento numa relação direta e positiva com o meio ambiente,
seguindo o propósito da: justiça social, eficiência econômica e procedência
ecológica. Por outro lado, os pigouvianos compreendem que a poluição
ambiental tem sua origem de uma falha do sistema de preços, que não mostra
de forma correta os malefícios causados a terceiros e ao meio ambiente
(LIBANORI, 1990).

Os neoclássicos conceituam o meio ambiente sob alguns aspectos. O


meio ambiente é fonte de recursos produtivos para produção econômica,
tais recursos podem ser renováveis ou não; o meio ambiente tem capacidade
de absorver os resíduos de um sistema produtivo, tal absorção dependerá do
ecossistema local e, por último, o meio ambiente é considerado a base para a
vida. Os economistas ecológicos têm por objetivo principal agregar os estudos
de ecologia, para romper suas concepções convencionais, buscando abordar
a questão ambiental de forma sistêmica, seu objeto de estudo está na relação
do homem com a natureza e a conciliação entre crescimento populacional e
estoque de recursos (LIBANORI, 1990).

Responsabilidade social e desenvolvimento ambiental nas empresas

Segundo Buchholz apud Donaire (1999), uma grande quantidade crescente


de empresas está se voltando para questões que vão além de considerações
meramente econômicas. Embora tudo isso seja essencial, existem alguns
passos necessários para a excelência ambiental:

168 Avaliação, análise e relatório de pesquisa


U4

• Desenvolva e publique uma política ambiental.

• Estabeleça metas e continue a avaliar os ganhos.

• Defina claramente as responsabilidades ambientais de cada uma das áreas e do


pessoal administrativo (Linha ou Assessoria).

• Divulgue interna e externamente a política, os objetivos e metas e as


responsabilidades.

• Obtenha recursos adequados.

• Eduque e treine seu pessoal e informe os consumidores e a comunidade.

• Acompanhe a situação ambiental da empresa e faça auditorias e relatórios.

• Acompanhe a evolução da discussão sobre a questão ambiental.

• Contribua para os programas ambientais da comunidade e invista em pesquisa


e desenvolvimento aplicados à área ambiental.

Alguns benefícios da responsabilidade social voltada para as empresas podem


ser traduzidos em vantagens como: o fortalecimento da marca e imagem da
organização; a diferenciação perante aos concorrentes; a geração de mídia
espontânea; a fidelização de clientes; a segurança patrimonial e dos funcionários;
a atração e retenção de talentos profissionais; a proteção contra ação negativa de
funcionários; a menor concorrência de controles e auditorias de órgãos externos;
a atração de investidores e deduções fiscais (MELO e FROES, 2001).

Sustentabilidade Empresarial

Segundo May (2010), o conceito mais corriqueiro de desenvolvimento


sustentável advém do Relatório de Brundtland, segundo o qual “o desenvolvimento
sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer
a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades”.

Do ponto de vista econômico, a sustentabilidade prevê que as empresas


têm que ser economicamente viáveis. Seu papel na sociedade deve ser
cumprido levando em consideração esse aspecto da rentabilidade, ou
seja, dar retorno ao investimento realizado pelo capital privado. (DIAS,
2006, p. 39).

Avaliação, análise e relatório de pesquisa 169


U4

Uma postura pró-responsabilidade social parece indicar que há ganhos


tangíveis para as empresas, sob a forma de fatores que agregam valor,
reduzem custos e trazem aumento de competitividade, tais como a
melhoria da imagem institucional, criação de um ambiente interno e externo
favorável, estímulos adicionais para melhoria e inovações nos processos de
produção, incremento na demanda por produtos, serviços e marcas, ganho
de participação de mercados e diminuição de instabilidade institucional e
política locais, entre outros (BNDES, 2001).

Quais outros assuntos poderiam ser abordados no referencial


teórico para elucidar a relação mercado de capitais e
desenvolvimento econômico?

2.1.6 Metodologia

A metodologia deverá abordar todos os métodos empregados a fim de que o leitor


tenha condições de compreender como foi desenvolvido em todas as suas partes, em
aspectos metodológicos.

A pesquisa terá como delimitação a economia regional no Estado do Paraná,


assim sendo, busca-se analisar junto às instituições financeiras seus níveis de
sustentabilidade empresarial no meio em que estão inseridas e, por conseguinte,
analisar quais são seus resultados para a sociedade como um todo.

A metodologia de pesquisa a ser utilizada será, segundo Gil (2002, p. 96),


por meio de método teórico, com análises e histórico.

O método hipotético-dedutivo, utilizado neste trabalho,


longe de ser a arte de descobrir a verdade, é um conjunto de
procedimentos que quer encontrar, passo a passo, as grandes
hipóteses que servem para guiar a investigação. A fonte de
informações se deu por pesquisas bibliográficas, considerando

170 Avaliação, análise e relatório de pesquisa


U4

as opiniões e diversas obras e autores que surgiram através de


uma necessidade e curiosidade, como as questões relacionadas
sobre o tema.

Uma das propostas de trabalho é a revisão da literatura para a condução


da pesquisa. De acordo com Gil (2002), a pesquisa bibliográfica realiza-
se, quase que exclusivamente, com material disponível em bibliotecas. O
material utilizado para o fornecimento de dados nas pesquisas bibliográficas
é constituído basicamente por livros e revistas impressos em papel ou
veiculados por meio eletrônico.

Além disso, o futuro estudo, quanto ao seu fim, pode ser classificado, de
acordo com Vergara (2000), como:

a) Descritiva: porque preocupa-se em descrever as características de


determinada população ou fenômeno. Apesar de não procurar claramente
explicar esses fenômenos, busca estabelecer correlação entre variáveis;

b) Explicativa: porque visa esclarecer quais fatores, e de que forma eles


contribuem para a ocorrência de um fenômeno;

c) Aplicada: porque é movida pela necessidade de resolver problemas


concretos, imediatamente ou não. É, portanto, de caráter prático, motivada
pela necessidade e não pela curiosidade intelectual do pesquisador.

A presente pesquisa está classificada como uma pesquisa descritiva


e aplicada, visto os seus objetivos e procedimentos empregados para
condução da pesquisa.

Segundo Marconi e Lakatos (1996), o planejamento da coleta de dados


visa definir uma série de medidas que venham a facilitar a realização da coleta
de dados que minimizem a ocorrência de fatos que possam comprometer
os resultados da pesquisa. Logo, a coleta de dados será por meio de revisão
bibliográfica e coleta de dados em campo.

Para Marconi e Lakatos (1996), A pesquisa destina-se à investigação de


dados que possam responder ao problema de pesquisa proposto e aos
objetivos definidos. Assim sendo, a entrevista, dentro da metodologia do
estudo de caso, deverá assumir as seguintes formas:

• Entrevista de Natureza Aberta-Fechada - onde o investigador pode

Avaliação, análise e relatório de pesquisa 171


U4

solicitar aos respondentes- chave a apresentação de fatos e de suas opiniões


a eles relacionados;

• Entrevista Focada - onde o respondente é entrevistado por um


curto período de tempo e pode assumir um caráter aberto-fechado ou se
tornar conversacional, mas o investigador deve preferencialmente seguir as
perguntas estabelecidas no protocolo da pesquisa.

Segundo Yin (2001), o estudo de caso representa uma investigação


empírica e compreende um método abrangente, com a lógica do
planejamento, da coleta e da análise de dados. Pode incluir tanto estudos
de caso único quanto de múltiplos, assim como abordagens quantitativas e
qualitativas de pesquisa.

2.1.7 Análise de Resultados

O Banco YY tem práticas de responsabilidade social com projetos que


atendem a comunidade interna e externa do banco. O objetivo principal
destes projetos é ter um compromisso social e ambiental com todos os
envolvidos nas atividades do banco.

A) Projetos Para Público Interno

O Banco YY, na condução das suas práticas de responsabilidade social


e ambiental, tem um compromisso com o desenvolvimento do público
interno, ou seja, com o quadro de funcionários, bem com os demais
envolvidos internamente em suas atividades. Deste modo, o Banco YY tem
os seguintes projetos com caráter social:

Projeto Cultura: este é um projeto no qual o banco financia atividades


culturais para os seus funcionários. Assim sendo, os funcionários têm direito
(sem custo para ingressar no evento) de assistir a uma sessão de filme em
um cinema da sua região; uma peça de teatro; uma partida de futebol e
outros eventos disponíveis em cada período do ano.

Projeto Saúde: o banco reserva uma parte da sua receita líquida para
investir na qualidade de vida dos seus funcionários em aspectos de saúde,
uma vez que todos os funcionários têm direito de estar participando de
cursos ligados à área de saúde, para que possam evitar doenças ou que
melhorem a sua qualidade de vida profissional e pessoal.

172 Avaliação, análise e relatório de pesquisa


U4

Projeto Escola: esta é uma ação que financia cursos de Ensino Superior
para seus funcionários em áreas correlacionadas às atividades bancárias. A
capacitação acadêmica irá permitir um crescimento profissional em suas
atividades, bem com um desenvolvimento social.

B) Projetos Para a Comunidade

Projeto Esporte: este é um projeto com atividades voltadas para esportes,


tais como: futebol, voleibol, atletismo e basquetebol. São realizados
investimentos em escolas de aprendizado para cada uma destas modalidades
de esportes em comunidades carentes nas regiões onde o banco está
atuando. O público-alvo deste projeto são crianças e adolescentes que
estejam regularmente estudando, uma vez que a maior preocupação do
projeto é com o desenvolvimento social da região.

Projeto Meio Ambiente: o banco investe na recuperação de áreas poluídas


e na preservação ambiental em diversas áreas do país. Assim sendo, cerca de
0,5% da receita líquida anual do banco é investido na preservação ambiental
de algumas áreas ao longo de todo o país. Além disso, todas as agências do
banco têm sistemas de reciclagem de materiais sólidos e líquidos.

Projeto Educação: foram criadas escolas de capacitação profissional pelo


banco para jovens e adultos, com o objetivo de capacitação em atividades
profissionais ligadas às áreas: culinária, vestuário, gestão de empresas
e construção civil. O objetivo é capacitar a comunidade em áreas que
possibilitem um crescimento e desenvolvimento econômico da sociedade.

2.1.8 Conclusões
Nas conclusões, a proposta é desenvolver um resumo geral do trabalho (não é o
mesmo da sinopse) e também apresentar todas as conclusões das principais partes do
desenvolvimento do trabalho. A pesquisa que está em análise no relatório desenvolveu
sua conclusão para demonstrar os resultados alcançados e como conseguiu atingir seu
objetivo geral. Portanto, vamos analisar a conclusão deste relatório de pesquisa, a seguir:

O Banco YY tem práticas de responsabilidade social com seu público


interno e externo, uma vez que tem projetos e atividades com o objetivo
de promoção social dos indivíduos em seu meio ambiente. Por esta razão,
pode-se evidenciar que há responsabilidade social no banco.

A responsabilidade social e ambiental por parte do banco pode ser vista


com a prática dos seguintes projetos: projetos cultura, saúde e escola para

Avaliação, análise e relatório de pesquisa 173


U4

a comunidade interna e projetos esporte, meio ambiente e educação para


a comunidade externa. Todos estes projetos visam gerar benefícios para o
público envolvido neles.

As práticas de responsabilidade social do banco nem sempre são


conhecidas por todos os stackeholders e, por isso, alguns dos projetos
desenvolvidos pelo banco não conseguem atender na íntegra todo o público
em potencial. Contudo, pode-se concluir que o banco tem um compromisso
com sustentabilidade social e ambiental na economia regional onde atua.

Leia a pesquisa de Matias (2005) na íntegra para analisar todos os aspectos


que foram abordados pelo autor:
http://www.bmfbovespa.com.br/Pdf/PrimLugarMonografia_VI.pdf

2.1.9 Bibliografia
As informações de todos os autores citados ao longo do trabalho deverão estar nas
referências bibliográficas. No caso deste suposto relatório foram apresentadas apenas as
referências citadas no texto.

ASHLEY, P. A. (Coord.). Ética e responsabilidade social nos negócios. São


Paulo: Saraiva, 2002. 205p.

BANCO NACIONAL DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL.


Empresas, responsabilidade corporativa e investimento social. Relatório
Setorial 1. Rio de Janeiro: AS/GESET mar., 2001.

BOVESPA. Índice de sustentabilidade. Disponível em: < www.bmfbovespa.


com.br/pdf/indices/ise o>. Acesso em: 10 out. 2011.

DONAIRE, Denis. Considerações sobre a influência da variável ambiental na


empresa. Revista de Administração de Empresas (RAE), v. 34, n. 2, p. 68-77,
1994.

DIAS, Reinaldo. Gestão Ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade.


São Paulo: Atlas, 2006.

174 Avaliação, análise e relatório de pesquisa


U4

GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo: Atlas,
2002.

LAKATOS; MARKONI. Metodologia Científica. São Paulo: Atlas, 1996.

LIBANORI, A. Incentivos econômicos para controlar a poluição. Rio de


Janeiro: Ambiente, 1990.

MELO NETO, Francisco Paulo de; FROES, César. Responsabilidade social


& cidadania empresarial: administração do terceiro setor. Rio de Janeiro:
Qualitymark, 2001.

MELO NETO, F. P.; BRENNAND, J. Empresas socialmente sustentáveis. Rio


de Janeiro: Qualitymark, 2001.

RIGOTTO, Raquel. Mecanismos Regulatórios da Relação Indústria e


Meio Ambiente. Revista eletrônica da Associação Brasileira para o
Desenvolvimento de Lideranças. Disponível em: <www.abdl.org.br>. Acesso
em: ago. 2010.

ROMEIRO, A. R. Economia ou Economia Política da Sustentabilidade. In:


MAY, P.H; LUSTOSA, M.C. e VINHA, V. Economia do Meio Ambiente. Editora
Campus, 2003.

SACHS, I. Ecodesenvolvimento: crescer sem destruir. São Paulo: Vértice,


1986.

SACHS, I. Estratégias de transição para o século XXI: desenvolvimento e


meio ambiente. São Paulo: Studio Nobel; Fundação do Desenvolvimento
Administrativo, 1993.

VERGARA, Sylvia C. Relatórios e Projetos de Pesquisa em Administração. 3.


ed. São Paulo. Atlas: 2000.

YIN R. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2. ed. Porto Alegre:


Bookman, 2001.

Avaliação, análise e relatório de pesquisa 175


U4

1. Em relação ao caso que foi apresentado e analisado dentro


desta seção de estudo, podemos compreender que:
a) A pesquisa teve um caráter qualitativo.
b) O embasamento teórico foi utilizado apenas para demonstrar
a relevância do conteúdo.
c) Os dados apresentados não permitiram uma análise
quantitativa.
d) O foco da pesquisa esteve apenas em responder aos
problemas da pesquisa.

2. Suponha que uma empresa tenha por objetivo realizar


uma pesquisa para analisar o volume de vendas em uma
determinada região do país, visto que suas vendas sofrem
oscilações constantes. Assim sendo, podemos entender que
esta será uma pesquisa que:
a) Irá se valer de todos os aspectos qualitativos apenas para
pesquisa sobre o objeto do estudo.
b) O uso dos modelos de regressão poderá ser útil para entender
as oscilações da demanda.
c) A pesquisa não será um método suficiente para este caso.
d) A pesquisa qualitativa irá fornecer teorias que possam servir
de base e, por isso, análise qualitativa é suficiente.

Esta foi uma unidade destinada a compreender como é possível


desenvolver um relatório de pesquisa com os padrões de
trabalhos científicos. Assim sendo, siga seus estudos sobre outros
tipos de relatórios que possam auxiliá-lo na sua vida profissional.

176 Avaliação, análise e relatório de pesquisa


U4

Na unidade “Avaliação, análise e relatório de pesquisa” estudamos


aspectos relevantes para relatórios de pesquisa dentro da academia,
considerando os principais trabalhos científicos que são desenvolvidos.
Assim sendo, os principais conteúdos estudados foram:

• Estrutura do Relatório de Pesquisa: elementos importantes a


serem desenvolvidos em relatório de pesquisa;

• Estilos de relatórios de Pesquisa: formas adequadas para


desenvolvimento do relatório;

• Avaliação e Análise no Relatório de Pesquisa: em síntese foi


estudado como compreender o relatório de pesquisa por meio de:

a) Avaliação e Análise Quantitativa

b) Avaliação e Análise Qualitativa

• Análise de casos práticos sobre relatório de pesquisa: observação


de casos práticos para compreender e aplicar os conteúdos
estudados.

1. Um relatório de pesquisa respeita algumas normas e


procedimentos para que se possa atender aos padrões científicos
e técnicos. Na introdução de um relatório de pesquisa deverão
ser apresentados e discutidos elementos essenciais sobre os
seguintes aspectos:
a) Objetivos, justificativa e hipóteses.
b) Apenas o objeto.
c) Metodologias e embasamento teórico.
d) Contexto do tema.

Avaliação, análise e relatório de pesquisa 177


U4

2. Imagine que um pesquisador esteja desenvolvendo uma


pesquisa sobre o desenvolvimento econômico e social da região
sul de um determinado setor, uma vez que há uma desigualdade
de renda muito acentuada em relação às demais regiões do país.
Para o desenvolvimento da pesquisa, o pesquisador irá coletar
dados junto a órgãos de pesquisa públicos para, logo depois,
verificar os fatos que levam à desigualdade. Deste modo:
a) A pesquisa poderá ser quantitativa, bem como usar técnicas
estatísticas para analisar a desigualdade de renda da região sul
em relação às demais regiões.
b) Este é um caso que não pode ser enquadrado como pesquisa
qualitativa, uma vez que são utilizados dados secundários.
c) Somente as técnicas estatísticas irão permitir este tipo de
análise, visto que estão sendo observados dados de renda.
d) Nesta pesquisa o pesquisador deverá se preocupar apenas
com as teorias que envolvem distribuição de renda.

3. Um dos fundamentos centrais do trabalho científico e


do relatório de pesquisa é a construção de hipóteses para o
desenvolvimento do trabalho e, com isso, conduzir a pesquisa
em função, logo podemos entender que:
a) A hipótese nunca poderá ser rejeitada ao final do trabalho.
b) As hipóteses são discutidas apenas na fase de conclusão.
c) Uma hipótese é construída como sentença de negação.
d) As hipóteses estão na introdução.

4. Uma das bases de uma pesquisa em ciências sociais aplicadas,


como é o caso da economia, está nas avaliações quantitativas
para compreensão de fenômenos econômicos e sociais para
um determinado universo de dados ou população de indivíduos.
Assim sendo, uma das características deste tipo de pesquisa é:
a) Ser uma pesquisa subjetiva.
b) Orientada pelo processo.
c) Pela perspectiva externa e objetiva.
d) Um enfoque dialético.

178 Avaliação, análise e relatório de pesquisa


U4

5. O tratamento de dados que tem predominância descritiva e que


está pautado em uma análise indutiva para o desenvolvimento de
uma pesquisa na área de Economia ou em outras áreas de estudo
que estejam correlacionadas a esta área de conhecimento será
enquadrada como uma pesquisa:
a) Quantitativa.
b) Lógico positiva.
c) Superficial.
d) Qualitativa.

Avaliação, análise e relatório de pesquisa 179


U4

180 Avaliação, análise e relatório de pesquisa


U4

Referências

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na Graduação. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
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Prentice Hall, 2007.
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Porto Alegre, v. 7, n. 12. 2007.
GREEN, William H. Econometric Analysis, fifth edition. [S.l.]: Prentice Hall, 2003.
EBRAHIM, G. J. Análise multivariada. Tradução: Antônio Carlos Figueira et al. Recife: IMIP,
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MARTINS, G; THEÓPHILO. Metodologia Científica Para Ciências Sociais Aplicadas. 2. ed.
São Paulo: Atlas, 2009.

Avaliação, análise e relatório de pesquisa 181


Anotações
Anotações
Anotações

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