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Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.

179-202, 2007 179


ISSN 1517-8595

REVIEW

SELEÇÃO DE SECADORES: FLUXOGRAMA

Kil Jin Brandini Park1, Luís Felipe Toro Alonso2, Félix Emilio Prado Cornejo3,
Inácio Maria Dal Fabbro4, Kil Jin Park 5

RESUMO

Um dos maiores problemas envolvido na seleção de secadores é a grande variedade de


equipamentos e processos na secagem para se obter um produto de qualidade requerida. Muitos
métodos são apresentados na literatura, àqueles baseados nos conceitos fenomenológicos ou
àqueles baseados aspectos de custo. Como conseqüência, os critérios para se classificar os
secadores também são muitos. Apresentamos aqui os conceitos sobre a classificação e tipo de
secadores, questionamentos, algoritmos e fluxogramas para seleção e dimensionamento de
secadores.

Palavras-chave: classificação, tipo, algoritmo, fluxograma.

DRYER SELECTION: FLOWSHEET

SUMMARY

One of the biggest problem involved on selection of dryers is the great variety of drying’s
equipment and process to obtain product with required quality. Many methods are presented on
literature, those based on phenomenological concepts or those based on cost aspects. As
consequence the criteria to classify dryer are also many. The concepts of classification and type
of dryers, questions, algorithms and flowsheets to select and design dryers are presented.

Keywords: classification, type, algorithm, flowsheet.

INTRODUÇÃO experiência do engenheiro. Van´t Land, 1984


e 1991, inicia a seleção dos secadores com
Devido à grande variedade de tipos de base nas informações sobre o produto a ser
produtos que devem ser secos por diferentes processado e volume de processamento.
métodos, existe também uma variedade de Kemp e Bahu, 1995, desenvolvem a seleção
projeto de secadores. Os critérios para se dos secadores atribuindo pontuações à
classificar os secadores são muitos (Park et al., diferentes características dos equipamentos e
2007). encerra selecionado os mais aptos à tarefa.
Kemp e Bahu, 1995, bem como Lapple, Baker e Labadibi, 1998, aplicam os
Clark e Dybdal, 1955, indicam que a amplitude princípios de lógica difusa no
de aplicação de alguns secadores é grande e, desenvolvimento da seleção. Matasov,
portanto, a escolha do modelo mais adequado Menshutina e Kudra, 1998, apresentam um
pode ser subjetiva, baseada no bom senso e sistema especialista para a escolha de
secadores.

Protocolo 999 de 12/12/2006


1
Doutorando em Engenharia Agrícola da Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Campinas. Caixa
Postal 6011. CEP: 13083-875. Campinas-SP, Brasil. E-mail: kil.park@agr.unicamp.br.
2
Doutor em Engenharia Agrícola da Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Campinas. Caixa Postal
6011. CEP: 13083-875. Campinas-SP, Brasil. E-mail: kil@agr.unicamp.br.
3
Pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos. Felix@ctaa.embrapa.br.
4
Professor Titular - Faculdade de Engenharia Agrícola – Universidade Estadual de Campinas. Caixa Postal 6011. CEP:
13084-971. Campinas-SP, Brasil. E-mail: inacio@agr.unicamp.br.
5
Professor Titular - Faculdade de Engenharia Agrícola – Universidade Estadual de Campinas. Caixa Postal 6011. CEP:
13084-971. Campinas-SP, Brasil. E-mail: kil@agr.unicamp.br.

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produto seco é requerido em uma forma


CLASSIFICAÇÃO DE SECADORES
especial, se o material é tóxico ou termolábil,
etc. O mesmo autor também afirma que
Segundo Strumillo e Kudra, 1986, os
usualmente os tipos de secadores podem ser
secadores podem ser assim divididos (Tabela
divididos, basicamente, segundo o regime
1):
hidrodinâmico e o fluxo de material.
Além deste critério, devem-se considerar
Keey, 1978, divide os secadores segundo o
também o método de aquecimento do agente de
meio de transporte do material (Tabela 2):
secagem, a forma física da alimentação, se o

Tabela 1- Critérios para a classificação de secadores


Critério para a classificação Exemplo do tipo do secador
Pressão no secador Atmosférica ou vácuo
Método de operação Contínua ou em batelada
Método de suprir o calor Convecção, contato, infravermelho, dielétrico e
sublimação.
Tipo do agente de secagem Ar quente, vapor superaquecido, líquidos aquecidos
e gases rejeitados.
Direção do fluxo de calor e sólidos Co-corrente, contracorrente e fluxo cruzado.
Método do fluxo do agente de secagem Livre ou forçado
Método do carregamento da umidade Com agente externo de secagem, com gás inerte,
com absorção química da umidade.
Forma do material úmido Líquidos, granulares, pós, pastas, folhas, camadas
finas, lama.
Tipo do fluxo do material (condição Regime estacionário, transiente ou disperso.
hidrodinâmica)
Escala de operação De 10 kg/h até 100 ton/h
Construção do secador Bandejas, túnel, esteira, tambor, rotatório, leito
fluidizado e muitos outros.
Fonte: Strumillo e Kudra (1986)

Tabela 2: Métodos de transporte na secagem


Método Secador típico Material típico
Material estático Secador de bandeja Grande variedade de materiais
Material que cai por Secador rotatório Grânulos em queda livre
gravidade
Material carregado em Secador de rosca transportadora Materiais úmidos, pastas
lâminas
Material transportado em Secador túnel Grande variedade de materiais
carrinhos
Material carregado sobre Secadores de cilindro aquecido Teias finas, folhas e placas
rolos
Material carregado em Secador de esteira Grande variedade de materiais
esteiras rígidos
Material vibrado em esteiras Secador de esteira vibratória Grânulos em queda livre
Material suspenso no ar Secador de leito fluidizado Grânulos
Material atirado através do ar Spray Dryer Soluções, materiais viscosos e
pastas finas.
Fonte: Keey (1978)

Nonhebel e Moss, 1971, também alimentação (Figura 2), a escala da operação


classificam os secadores segundo o método de (Figura 3) e projetos especiais (Figura 4):
operação (Figura 1), a forma física da

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SECADOR

BATELADA

Condução Convecção

Vácuo Atmosfera Bandeja (3)

Com circulação de ar (4)


Bandeja (1) Agitado (2)
Fluidizado (5)

CONTÍNUO

Condução Convecção

Vácuo Atmosfera Spray (9) Rotativo direto (12)

Pneumático (10) Esteira (13)


Bandeja (6) Tambor (7) Rotativo indireto (8)
Fluidizado (11) Bandeja (14)

Com circulação de ar (15)

Figura 1- Classificação dos secadores baseada no método de operação.

A seguir estão discriminados os materiais específicos para cada secador da classificação anterior:

1. Pastas, pré-moldados, dura, granulares, fibrosos e folhas;


2. Líquidos, lama, pastas e granulares;
3. Pastas, pré-moldado, dura, granulares, fibrosos e folhas;
4. Pré-moldado, granulares e fibrosos;
5. Pré-moldado, granulares e fibrosos;
6. Lama e pastas;
7. Líquidos, lama, pastas e folhas;
8. Dura, granulares e fibrosos;
9. Líquidos, lama e pastas;
10. Pastas, pré-moldado, dura, granulares e fibrosos;
11. Pastas, pré-moldado, dura, granulares e fibrosos;
12. Granulares e fibrosos;
13. Pastas, pré-moldado, dura e folhas;
14. Pastas, pré-moldado, dura, granulares, fibrosos e folhas;
15. Pré-moldado, granulares e fibrosos.

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PRODUTO ÚMIDO

Líquidos Lama Pasta Mole Pré-formado Pasta compacta Granular ou Sólido fibroso Folha
ou lodo ou matriz sólido cristalino

Agitado à Agitado à Bandeja a Bandeja a Bandeja a Bandeja a Bandeja a Bandeja a


batelada batelada vácuo vácuo vácuo vácuo vácuo vácuo

Tambor Bandeja a Agitado à Bandeja Bandeja Agitado à Bandeja Bandeja


vácuo batelada convectiva convectiva batelada convectiva convectiva

Spray Tambor Bandeja Circulação de Rotativo Bandeja Circulação de Tambor


convectiva ar à batelada Indireto convectiva ar à batelada

Spray Fluidizado Fluidizado Bandeja Circulação de Fluidizado Bandeja


Contínua ar a batelada contínua

Esteira a Pneumático Fluidizado Rotativo


vácuo indireto

Tambor Esteira Rotativo Pneumático


convectiva indireto

Spray Bandeja Pneumático Rotativo


contínua direto

Pneumático Circulação de Rotativo Esteira


ar contínua direto convectiva

Esteira Esteira Bandeja


convectiva convectiva contínua

Bandeja Circulação de Circulação de


contínua ar contínua ar contínua

Figura 2: Classificação dos secadores baseada na forma física da alimentação


PROCESSO

Pequena Escala Média Escala Grande Escala


de 20 a 50 kg/h de 50 a 1000 kg/h Acima de tons/h

Batelada Batelada Contínuo Contínuo

Bandeja a Agitado Fluidizado Rotativo


Vácuo Indireto

Agitado Circulação Esteira a Spray


de ar Vácuo

Bandeja Fluidizado Rotativo Pneumático


Convencional Indireto

Circulação Spray Rotativo


de ar Direto

Fluidizado Pneumático Fluidizado

Bandeja

Esteira

Circulação
de ar

Figura 3 - Classificação dos secadores baseada na escala de produção

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PROCESSO

Perigosos Produtos sensíveis Produtos com Baixo custo de


formato especial investimento

Pó Temperatura Circulação Fluidizado


a ar

Esteira a Rotativo
Agitado à Agitado à Circulação vácuo indireto
batelada batelada a ar
Spray
Esteira a Fluidizado Esteira a
vácuo vácuo
Tambor
Rotativo Pneumático
indireto

Tóxico Mecânica

Agitado à Circulação Esteira a


batelada a ar vácuo

Esteira a Esteira Bandeja


vácuo contínua contínua

Inflamável Oxidável

Agitado à Bandeja Esteira


batelada a vácuo a vácuo

Esteira a Spray
vácuo
Figura 4 - Classificação dos secadores baseada em projetos especiais

Secadores com regime hidrodinâmico não relativamente parado, devido a forças


ativo gravitacionais);

Os principais tipos de secadores baseados Secadores com regime hidrodinâmico ativo


no regime hidrodinâmico são classificados
como: Secadores com leito estacionário (Nos Secadores com regime hidrodinâmico ativo,
quais o material pode ser considerado como nos quais a agitação do leito ou das partículas é
estacionário enquanto o calor é fornecido e a causada por uma força hidrodinâmica exercida
água é removida); Secadores com leito móvel sobre as partículas por uma corrente de ar com
(Nos quais o leito de partículas se move devido uma velocidade apropriada. São Secadores com
à gravidade e/ou forças mecânicas); Secadores leito fluidizado (Nos quais a interação entre
com leito de queda livre (Nos quais o leito ou material a ser seco e a corrente de ar cria um
as partículas individuais caem através do ar leito fluidizado típico ou um leito de fluidização
rápida: partículas secas são removidas pela
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corrente de ar devido à sua baixa densidade); Em secadores de fluxo contracorrente, ar e


Secadores com leito agitado (Nos quais o grãos fluem em sentido contrário ao longo
material a ser seco é agitado mecanicamente no secador. Segundo Nellist, 1982, em um fluxo
leito do secador através da rotação ou vibração contracorrente, operando em equilíbrio, os
do leito do secador ou através de um agitador grãos deixariam o secador à mesma temperatura
propriamente dito); Secadores com leito do ar de entrada. A sua aplicação é limitada
escoante (Onde as partículas do material que pela sensibilidade dos grãos a altas
está sendo seco fluem juntamente com a temperaturas. Assim, na indústria, o mesmo é
corrente de ar). utilizado como resfriador ao invés de secador.
Os secadores de fluxo cruzado
Tipos de secadores de grãos
caracterizam-se pela passagem do ar
Secadores de camada estática (leito fixo) perpendicularmente a uma camada de grãos, os
quais se movem entre chapas perfuradas. Os
Os secadores de leito estático são secadores de fluxo cruzado são mais populares
equipamentos onde certa quantidade de grãos é pela simplicidade de construção e baixo custo
colocada num silo ou em secadores de coluna. (Stevens e Thompson, 1976). Sua maior
Brooker, Bakker-Arkema e Hall, 1974, para o desvantagem é a falta de uniformidade no
sistema de silo cheio, apontam como vantagens: processo de secagem.
a colheita pode ser feita a qualquer ritmo; a Morey e Cloud, 1973, efetuaram
operação relativamente simples; o manuseio simulações de secagem neste tipo de secador
mínimo dos grãos; a alta eficiência energética; a utilizando uma temperatura de 115,5°C, e um
não ocorrência de secagem excessiva e o baixo fluxo de ar de 15,2 m3/min/m2. Os mesmos
índice de quebra de grãos com baixas autores recomendam o uso de leitos de 20 a 40
temperaturas. Descrevem como desvantagens: a cm de espessura, dependendo da posição das
impossibilidade do uso de grãos com alto teor colunas do secador.
de umidade e um período longo de operação. Um secador em cascata é constituído de
Uma variação no processo deste tipo de uma série de calhas invertidas em forma de V,
secador consiste em efetuar a secagem por dispostas em linhas alternadas dentro do corpo
carga, onde certa quantidade de grãos já secos é do secador. Os grãos movem-se sobre as calhas
transferida para o silo armazenador. invertidas para baixo sob a ação da gravidade.
Secadores contínuos O ar de secagem entra em uma linha de calhas e
sai em outras imediatamente adjacentes. Apesar
Os secadores de fluxo contínuo se de ser o secador do tipo contínuo mais utilizado
subdividem em vários grupos, de acordo com o no Brasil, a sua principal desvantagem é o custo
modo de escoamento: secadores de fluxo inicial alto.
concorrente, secadores de fluxo contracorrente, A Kepler Weber Indústria S.A. apresenta 5
secadores de fluxo cruzado, secadores em modelos de secadores em cascata com
cascata e secadores com promotores de mistura. capacidades entre 10 e 100 toneladas de grãos
Em secadores de fluxo concorrente, ar e (soja) por hora, e com consumos energéticos
grãos fluem na mesma direção ao longo do estimados variando de 185 a 1850 kg de lenha/h.
secador. Segundo Walker e Bakker-Arkema, Godoi, 1996, trabalhando com um secador
1978, os secadores de fluxo concorrente munido de promotores estacionários anulares de
parecem ter as melhores condições para realizar turbulência, estudou o comportamento
a secagem com altas temperaturas, sem causar hidrodinâmico, trasferências de calor e de
danos aos grãos. massa e comparou eficiência energética dom os
Bakker-Arkema, Fontana e Schisler, 1983 secadores existentes.
realizaram testes simulados e experimentais de
secagem de arroz, em um secador de fluxo
concorrente de 2 e 3 estágios, com temperatura SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO
de secagem de 82°C a 176°C, e obtiveram a
remoção de 6 % de umidade em cada passagem. Com base nos algoritmos propostos pelos
A energia consumida foi de 3,5 a 3,6 MJ/kg diversos autores, a seleção e o
vapor e os grãos passaram por um período de dimensionamento de secadores exigirão a coleta
repouso no próprio secador a uma temperatura de informações sobre os equipamentos
entre 40,5°C e 43,3°C. disponíveis. Van’t Land, 1991, e Kemp e Bahu,
1995, assinalam que tais informações podem
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ser obtidas na literatura, junto ao fornecedor, c) Há alguma outra circunstância especial


pela experiência do engenheiro ou através de esperada?
estudos em escala laboratorial.
A seguir apresentamos os roteiros
Nonhebel e Moss (1971)
propostos pelos autores, incluindo os
questionamentos, para o dimensionamento.
Nonhebel e Moss, 1971, desenvolvem o
mais extenso e detalhado roteiro. Os erros que
Lapple, Clark, Dybdal (1955) devem ser evitados no dimensionamento do
secador, baseado na experiência são:
Lapple, Clark e Dybdal, 1955, apresentam • Queima do produto por
seguinte roteiro em forma de perguntas: superaquecimento;
Questionário V.1 • Impossibilidade de alcançar a
1. Informações gerais para o cálculo de produtividade planejada;
balanços de massa e calor. • Dificuldades na alimentação do material
a) Fluxo de material a ser manipulado pelo no secador ou mesmo remoção do
secador. produto do mesmo;
b) Umidade inicial e final do produto. • Retenção do material no interior do
c) Propriedades físicas e térmicas das secador; isto pode reduzir a produtividade
fases sólidas, líquidas e gasosas. e degradar produtos susceptíveis ao calor;
2. Fluxo evaporativo desejado (kgw/h). • Difícil acesso para limpeza,
3. Sensibilidade do material à temperatura. especialmente em plantas de batelada
4. Sensibilidade do material aos gases de multi-produto;
combustão. • Condições de trabalho ruins para o
5. Tipo de umidade associada ao material operador;
(superficial, interna ou combinada). • Baixa eficiência térmica;
6. Características gerais do material, como: • Manutenção excessiva das partes
a) Dimensões da partícula. mecânicas;
b) Corrosividade. • Sub dimensionamento dos acessórios.
c) Adesividade.
d) Abrasividade. Questionário V.1
7. Avaliação das fontes de calor, combustível
e energia elétrica.
1. Quantidades.
Das informações obtidas, ainda que de
a) Produtividade em termos da massa seca.
forma qualitativa, devemos ser capazes de
(ex.: kgms / h)
responder às próximas questões:
b) Total de líquido a ser removido. (ex.:
1. Limites de temperatura; qual é a máxima
kgw / h)
temperatura que pode ser aceita no meio de
c) Fonte de matéria-prima. Se o processo
aquecimento mantendo-se dentro das
anterior à secagem dá-se em batelada ou em
limitações do material?
processo contínuo. Se em batelada,
2. Limitações do comportamento do material:
estabelecer as quantidades de cada batelada
a) O material úmido é de difícil
e a freqüência com que é reposta.
manuseio?
2. Propriedades físicas da matéria-prima.
b) Algum estado do material deve ser
a) Fonte de matéria-prima.
evitado para prevenir perda de material em
b) Estágios de dessorção anteriores.
pó?
c) Capacidade de armazenamento de
c) A taxa de secagem será limitada pela
matéria-prima.
difusão interna?
d) método para alimentação do secador.
e) dimensão aproximada da partícula.
3. Limitações construtivas:
f) características físicas como a facilidade
a) Algum material específico é necessário
de manipulação. Em caso de pastas
para as faces em contato com o material?
indicar a possibilidade de serem pré-
b) O aquecimento indireto é necessário
formadas.
para impedir a contaminação do
g) Abrasividade do material seco e da
material pelos gases da queima?
matéria-prima.
3. Propriedades químicas da matéria-prima.
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e) Toxidade do material líquido ou sólido. g) Facilidades para a supervisão do


f) Problemas de odor no material líquido processo e manutenção.
ou sólido. h) Disponibilidade de equipamentos para
g) Sensibilidade do material aos gases de controle e manutenção.
combustão.
Seleção preliminar de secadores segundo a
h) Possibilidade de explosão.
forma de alimentação:
i) Limites de temperatura e o tempo de
exposição.
j) Quais as possíveis mudanças de fases e ƒ Líquidos (incluindo soluções coloidais
a que temperatura/pressão ocorrem. e emulsões) – Há uma grande dificuldade
k) Qual a corrosividade do material. em manipular esta classe de produtos, e a
l) Quais os materiais mais apropriados escolha dos equipamentos, em geral, estará
para a construção do secador que tolerem a restrita aos seguintes:
corrosão. a) Spray-Dryers.
4. Especificações do produto seco. Obs.: O produto de um spray-dryer terá
a) Umidade desejada no produto final. propriedades físicas distintas dos
b) Métodos de detecção do solvente. produtos de outro secadores. Algumas
c) Será necessário remover odor do vezes estas propriedades podem ser
solvente no produto final? desejáveis.
d) Dimensões da partícula. b) Secadores de Tambor (atmosférico
e) Máximo percentual de impurezas aceito ou à vácuo).
no produto final. c) Secador em bandeja agitada à
5. Propriedades do produto seco. vácuo.
a) Desvantagens na formação de Outras considerações podem influenciar a
partículas menores. escolha de um destes secadores:
b) Propriedades de fluxo da matéria Î a necessidade de minimizar as perdas
recentemente seca e da matéria fria. de produto;
c) Temperatura a que o material deve ser Î a necessidade de recuperação de
resfriado para ser conservado evitando solvente ou de uma atmosfera inerte,
a aglomeração. ocasião em que o secador em bandeja
6. Dados de secagem disponíveis. agitada à vácuo pode ser preferido;
a) Detalhamento dos testes laboratoriais. Î a sensibilidade do material à
b) Detalhamento dos testes em planta temperatura: neste caso a escolha pode ficar
piloto. entre o secador em bandeja agitada à vácuo
c) Detalhamento da performance de com um longo tempo de residência, um
materiais semelhantes em escala real. secador contínuo de esteira perfurada com
d) Facilidade de pré-formação da matéria- circulação de ar cruzado com temperatura e
prima ou mistura dos subprodutos de tempo de residência moderados, um tambor
secagem para a formação de grãos. com temperatura ligeiramente alta mas com
7. Recuperação de solventes. um tempo de contato pequeno ou um spray-
8. Perdas. dryer com alta temperatura e um tempo de
a) Seu impacto no custo de produção na contato extremamente curto.
planta. ƒ Suspensões finas e lamas – As
b) A perda de pó para a atmosfera é só considerações para esta matéria-prima,
inoportuna ou consiste em risco? bem como a lista de secadores possíveis,
9. Local de operação. encaixam-se perfeitamente com as de
a) Disponibilidade de fontes de calor (gás, líquidos. Entretanto, há uma chance
óleo e outros combustíveis). menor de obter um produto uniforme em
b) Detalhes do fornecimento de energia um spray-dryer.
elétrica. ƒ Pastas e lodosos – Nesta classe as
c) Necessidades da purificação do ar de dimensões do sólido apresentam uma
secagem e resfriamento. grande variação e a preocupação com a
d) Necessidade de remoção do odor dos formação de pó aumenta. A escolha entre
gases liberados para a atmosfera. secadores em batelada e contínuo não são
e) Necessidade de reduzir a vibração e o específicas pois as dificuldades do
barulho. processo contínuo em geral competem
f) Restrições de espaço.
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com as desvantagens do processamento sensibilidade. Afora esta observação, os


em batelada. sólidos fibrosos seguem as mesmas
Î Em batelada: considerações de filmes, materiais
a) Em bandejas (atmosférico ou à vácuo). granulares, sólidos cristalinos e pré-
b) Em bandejas com agitação (atmosférico formados pequenos.
ou à vácuo). ƒ Outros materiais não contemplados,
c) Rotativo (atmosférico ou à vácuo). provavelmente se enquadram nas situações
A operação à vácuo está restrita a situações a seguir:
em que seja necessária a recuperação de Î Secadores de pequena escala – Sob
solvente, atender a limitações de temperatura e estas condições a maioria dos materiais
diminuir riscos. podem ser secos em secadores de
Î Contínuo: bandeja sob condições atmosféricas ou
a) Spray – quando a pasta tiver de ser à vácuo.
atomizada; o que pode incorrer em uma Î Secador - liofilizador – É um processo
trabalho experimental considerável. dispendioso e deve ser considerado
b) Leito fluidizado – quando houver somente para produtos que não
problemas na dispersão do material. suportem altas temperaturas e que
c) Em esteira perfurada com circulação de tenham alto valor agregado.
ar cruzado – este secador exigirá a pré- Î Secagem de sólidos de grandes
formagem na alimentação, principalmente dimensões e formas especiais – Materiais como
se for necessário evitar a formação de pó. cerâmicas são secos lentamente em estufas,
d) Pneumático (Flash) – deve-se misturar altos fornos e câmaras aquecidas.
parte do produto seco à matéria úmida para
facilitar a dispersão na entrada do secador. Van’t Land (1991)
e) Rotativo direto ou indireto contínuo –
deve-se misturar parte do produto seco à Van’t Land, 1991, apresenta dois
matéria úmida para facilitar a dispersão na procedimentos para a seleção são formulados,
entrada do secador. um para processos em batelada e outro para
Em geral este tipo de produto contém processos contínuos. Para capacidades
partículas finas e deve-se preferir o rotativo produtivas superiores a 100kg/h freqüentemente
indireto. é usado um secador contínuo, mas a escolha
ƒ Filmes – As considerações para esta entre o processo contínuo e batelada deve levar
matéria-prima, bem como a lista de em conta os equipamentos que precedem e que
secadores possíveis, encaixam-se se seguem à etapa de secagem.
perfeitamente com as de pastas e lodosos, Questionário 3
exceto pela inclusão do secador vertical
com bandejas rotativas, particularmente útil
quando a redução de cristais é desejada. Informações Gerais
a) Capacidade de produção (kg/h).
ƒ Granulares, sólidos cristalinos e pré-
b) Umidade inicial do material.
formados pequenos – Partículas de até
c) Dimensão da partícula.
300μm devem ser consideradas como
d) Curva de secagem.
filmes. Para partículas acima de 300μm o e) Temperatura máxima suportada pelo
uso de um secador rotativo direto é produto.
recomendado. Outro candidato é o secador
f) Informações sobre risco de explosão
contínuo de esteira perfurada com
(vapor/ar e pó/ar).
circulação de ar cruzado ou com tela
g) Propriedades toxicológicas.
vibrátil, preferencialmente para partículas h) Experiência adquirida.
maiores que 1 mm e pré-formados i) Isotermas de sorção.
pequenos. j) Contaminação pelo gás da queima.
ƒ Sólidos fibrosos – Estes materiais retêm
k) Aspectos de corrosão.
uma grande quantidade de água, mas secam
l) Dados físicos relevantes sobre os
relativa facilidade. Mesmo quando
materiais.
reduzidos ou floculados são de difícil ou 1. Critérios sobre o produto seco.
impossível fluidização. Estes materiais, em a) Conteúdo de umidade.
geral, são muito sensíveis à temperatura.
b) Dimensões da partícula.
Testes de secagem a diferentes
c) Densidade aparente.
temperaturas deverão determinar sua
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d) Rigidez. l) Comportamento de readsorsão e


e) Quantidade de pó. adsorsão.
f) Características do fluxo. m) Tendência a aglomeração.
g) Cor. n) Segregação do produto.
h) Odor. Com estes dados dos questionários
i) Sabor. aplicados aos fluxogramas em batelada (figura
j) Aparência. 5) ou contínuo (figura 6), Van’t Land, 1991,
k) Dispersão. desenvolve a seleção:

Limite de Temperatura. Sim


T ≤ 30oC
Tambor rotativo

Não Sim

Sim Sim
Ocorre oxidação do material É necessária Agitação
durante a secagem? agitação? Suave?

Não Não
Não
Sim
Há vapores inflamáveis? Secador de bandejas Agitação
à vácuo Sim Média? Não

Não

O material pode ser seco Sim Secador de Leito


em leito fluidizado? Secador de à vácuo Secador de à vácuo
Fluidizado c/ agitação 10min-1 c/ agitação 75min-1

Não

Sim
É necessária agitação?

Não

Secador em bandejas estáticas. Secador de bandejas rotativas.

Figura 5- Algoritmo de VAN’T LAND (1991) para a seleção de secadores em batelada

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Seleção de secadores: fluxograma Kil et al. 189

Há solvente a ser Sim


Secador Condutivo com atmosfera de
evaporado? gás inerte

Não

É necessária redução Sim


das partículas? Secador rotativo com discos

ou
Secador Flash
Não

Dimensões das partículas de 5 a Sim


Secador em esteira
10mm se possível pré-formada?

Não
Sim

Máxima Temperatura Sim É necessária expansão Não Tempo de


T ≥ 75oC das partículas? secagem
t < 10s

Sim
Não
Não
Aditivos
Floculantes Spray Dryer

Dimensão da partícula >0,1mm

Sim

Não O material pode ser seco Sim Secador de Leito


em leito fluidizado? Fluidizado

Não

Secador condutivo com câmara rotativa ou agitação.

Figura 6 - Algoritmo de VAN’T LAND (1991) para a seleção de secadores contínuos.

Para complementar a seleção do secador, 30oC, é recomendável a escolha de um


Va’t Land, 1991, analisa em detalhes cada secador à vácuo. O secador em
opção de equipamento: bandejas é o mais simples, porém o
produto possivelmente terá de ser
1. Em batelada. quebrado para diminuir a aglomeração.
a) Secadores à vácuo – Se a temperatura Se o produto oxida durante a secagem,
máxima do produto é menor ou igual a o uso de vácuo ou atmosfera inerte
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190 Seleção de secadores: fluxograma Kil et al.

deve ser considerado, ou se o solvente de saída do produto em geral supera


removido é tóxico e o equipamento tem 75oC.
de ser hermeticamente fechado, o d) Secador Flash (pneumático) – É um dos
secador à vácuo é a melhor opção. mais usados na indústria. Neste caso a
b) Secadores de Leito Fluidizado – Se a secagem deve ser rápida (menos de
dimensão média da partícula é de 10s), a remoção da água ligada é difícil.
0,1mm ou maior a secagem em leito Uma vantagem é poder combiná-lo ao
fluidizado deve der considerada. Gás transporte pneumático.
inerte pode ser usado se houver risco de e) Secadores de Leito Fluidizado – O uso
explosão. do leito fluidizado é possível se a
2. Contínuo – Se é necessário recuperar o partícula é maior que 0,1mm. O uso do
solvente evaporado, o processo contínuo leito fluidizado implica o uso de grande
não é recomendado. Isto por que o solvente potência nos ventiladores. Estes
tem de ser condensado e o fluxo de gás, no equipamentos permitem o uso de altas
processo contínuo, é grande e o temperaturas (500 a 600oC). Alguns
equipamento para a recuperação do materiais podem requerer vibração para
solvente será muito caro. prevenir a aglomeração, neste caso, o
a) Secadores com discos – Se é necessário equipamento não suportará
reduzir a dimensão da partícula, a temperaturas superiores a 300oC.
redução e a secagem podem ser f) Secadores combinados – Trabalhos que
combinados com vantagem. A não podem ser realizados em leitos
pulverização ajuda a secagem ao expor fluidizados ou em secadores
a umidade interna. Este tipo de pneumáticos, em geral, podem ser
secagem é usado nos casos em que o realizados em secadores condutivos
pequeno diâmetro das partículas é de (como o secador de tambor) ou
grande importância para a aplicação convectivos (como o secador rotativo).
final. Há casos em que a combinação do
b) Secagem em esteiras – É preferida efeito condutivo e convectivo é
quando as partículas são largas (5 a possível.
10mm). As partículas devem estar Secando líquidos, pastas e lodosos:
distribuídas alternadamente e ser ƒ Spray-Dryers – Podem ser escolhidos se o
movidas lentamente (5mm/s) sobre uma isolamento de um sólido pelos métodos
esteira perfurada. A esteira conduz o convencionais de cristalização e separação
produto à câmara de secagem onde um sólido/líquido forem impossíveis ou muito
gás aquecido cruza transversalmente a complicados. Tipicamente o tamanho das
esteira. Este tipo de secagem é partículas fica entre 50 e 200μm. O tempo de
preferido quando a partícula não pode residência curto é uma vantagem para a
ser suspensa sobre o leito. O secador secagem de materiais sensíveis ao calor.
deve ter um tempo de residência ƒ Secadores em tambor – Como para os
mínimo (cerca de 15min) para que a spray-dryers, o tambor é recomendado se o
umidade ligada possa difundir pelo isolamento de um sólido pelos métodos
produto. convencionais de cristalização e separação
c) Spray-Dryer – Pode ser usado quando sólido/líquido forem impossíveis ou muito
se deseja converter um material fino complicados. Pode ser combinado com vácuo
(cerca de 15μm) para um mais espesso para produtos sensíveis ao calor.
(cerca de 150μm). ƒ Secadores em bandejas rotativas ou à vácuo
O produto filtrado é reumidificado para com agitação – Devem ser considerados
formar uma pasta, aditivos são para a secagem em batelada de líquidos,
acrescentados e a mistura é alimentada pastas e lodosos
no secador, onde o líquido será Ao final dos procedimentos de escolha
removido. Para este tipo de do equipamento, Van’t Land, 1991, apresenta
equipamento a temperatura mínima de três exemplos de seleção de secadores:
gás de entrada é 200oC e a temperatura 1. No primeiro exemplo é solicitada a
substituição de um conjunto de secadores

Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.179-202, 2007
Seleção de secadores: fluxograma Kil et al. 191

rotativos usados na secagem de sal (NaCl). em cone à vácuo com um parafuso


Estes secadores, contínuos, estavam excêntrico para intensificar a mistura
obsoletos e depreciados. Em primeira (agitação média). O tempo de secagem foi
instância foi escolhido um secador flash reduzido para 10 a 30min. Os motivos desta
pelas seguintes razões: escolha são:
a) O solvente a ser evaporado é a água. a) Diminuição do tempo de secagem
b) Não era necessária alteração nas devido ao aumento na taxa de transferência
dimensões da partícula. de calor.
c) A dimensão da partícula era de 0,4 mm. b) Fácil manipulação do produto (carga e
d) O sal inorgânico não é sensível à descarga).
temperatura. c) Homogeneidade do produto (o
e) Apenas a umidade superficial deveria misturador impede a formação de crostas).
ser removida. d) Redução dos custos de manutenção.
O secador foi instalado, mas não foi
bem sucedido devido à formação de um pó fino
indesejado (ocasionado pela alta velocidade do
Kemp e Bahu (1995)
ar, provocando abrasão dos cristais, e pela
nucleação decorrente da rápida evaporação Para escolher corretamente entre
superficial). diferentes secadores é importante classificá-los
O problema foi solucionado corretamente e identificar claramente as
substituindo o secador flash por um leito diferenças essenciais entre eles. Kemp e Bahu,
fluidizado com uma velocidade do ar menor. 1995, desenvolvem um sistema de classificação
2. No segundo problema é preciso secar um própria baseado em três critérios principais e
sólido orgânico. A escolha recaiu sobre um cinco secundários:
secador em batelada pelas seguintes razões: Principais
a) A temperatura não deve ultrapassar os 1. Modo de operação:
40oC. Î Em batelada;
b) A água é o solvente a ser removido Î Contínuo e semicontínuo.
(cerca de 25% em massa). 2. Forma de alimentação do produto:
c) O sólido não é tóxico. Î Partículas, incluindo granulares,
d) Não foi observada oxidação pelo ar. aglomerados e pellets;
e) Há possibilidade de explosão pela Î Filme ou lâminas;
formação de pó. Î Blocos, placas ou pré-formado;
f) O diâmetro médio da partícula é de Î Pastas, lodosos e líquidos.
500μm. Obs.: A especificação do produto tem de ser
Testes em laboratório confirmaram a precisa e pode precisar de subdivisões (flocos,
possibilidade de fluidização do material. O ar é compostos cristalinos ou amorfos, e etc.)
aquecido a 40oC indiretamente por água quente. 3. Modo de aquecimento:
O processo é controlado pela temperatura do Î Condução ou contato;
gás de saída. Quando atinge um determinado Î Circulação forçada ou dispersão
valor o aquecimento é desligado e o produto é convectiva (natural);
resfriado por 10min. Î Radiação (solar, infravermelho ou
3. No terceiro problema é preciso substituir chama);
um secador rotativo a vácuo, o produto é Î Dielétrica (radiofreqüência ou
um composto orgânico tóxico. De 10 a 30% microondas);
de umidade devem ser retirados, a Î Combinadas.
temperatura máxima permitida está entre 50 Secundários
e 90oC. A produção em batelada é de cerca 4. Pressão de operação: atmosférica ou à
de 1500 a 2000kg e a densidade aparente do vácuo.
produto é 500kg/m3. O tempo de secagem é 5. Modo de fluxo do gás: difuso,
de 20 a 40min e o volume do secador é contracorrente, concorrente, cruzado ou
6800l. combinado.
O equipamento escolhido para substituir o
secador rotativo foi um secador (condutivo)
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.179-202, 2007
192 Seleção de secadores: fluxograma Kil et al.

6. Modo de fluxo de sólido: estacionário, com Î Faixa típica de temperatura de operação


mistura (well-mixed), pistonado (plug- e fontes de calor;
flow), combinado. Î Capacidade para manipular sólidos
7. Transporte de sólido: estacionário, adesivos e pastas;
mecânico, fluidizado, combinado. Î Dimensões físicas (volume e área útil) e
8. Mistura de sólido: leito se mistura, agitação custo do equipamento;
mecânica, rotativo, fluidizado. Î Acessórios e tipo de manutenção
Há outros atributos menores que podem requerida (número e partes móveis);
ser relevantes para definir o tipo de Î Adequação no fluxo de processamento
equipamento: e contenção (sistema aberto ou fechado).
Î Taxa de fluxo de massa (kgms/h) e Nas figuras 7 e 8 estão apresentados os
capacidade evaporativa (kgw/h); principais tipos de secadores classificados
Î Dimensões da partícula; segundo a forma de aquecimento.

CONTATO CONVECTIVO OUTROS

Leito Disperso

Î Bandeja / Forno Î Circulação forçada Î Leito Fluidizado Î Liofilizador


Î Cone Duplo Î Bandeja perfurada Î Radiofreqüência
Î Cônico Î Estufa ou câmara Î Microondas
Î Tacho aberto de secagem Î Solar
Î Horizontal com
agitação
Î Filtro secador

Figura 7: Classificação de secadores em batelada

CONTATO CONVECTIVO OUTROS

Leito Disperso

Î Bandeja Î Leito móvel Î Leito Î Túnel de Infra-


Î Esteira Î Rotativo com Fluidizado vermelho
Î Rotativo indireto respiradouro Î Rotativo em Î Radiofreqüência
Î Horizontal com Î Esteira perfurada cascata Î Microondas
agitação Î Extrusão Î Pneumático Î Solar
Î Filme Î Bandeja rotativa Î Leito de jorro
Î Tambor Î Túnel Î Spray-Dryer

Figura 8: Classificação de secadores contínuos

Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.179-202, 2007
Seleção de secadores: fluxograma Kil et al. 193

Os fatores que regem a seleção de opção estudada. Com este objetivo, um sistema
secadores podem ser apresentados de duas de regras (com mais de 50 regras) foi
formas: desenvolvido compreendendo aspectos como
ƒ Com base no equipamento – Os dimensões da partícula, umidades inicial e
secadores são classificados usando os final, fluxo de material etc. O algoritmo de
critérios anteriores permitindo o busca é desenvolvido em cinco passos:
desenvolvimento de uma árvore em 1o Passo – Definir o problema e obter
que os desdobramentos conduzem aos os dados relevantes.
diferentes tipos de secadores e seus 2o Passo – Escolha básica (formato,
sub–tipos. modo de aquecimento e operação).
ƒ Com base no produto – É dado 3o Passo – Escolha dos tipos adequados
segundo a forma de manipulação das (listar os secadores a serem dimensionados).
características da matéria-prima: 4o Passo – Sub–tipos e refinamentos
viscosidade, cinética de secagem, etc.; (detalhamento e peculiaridades).
podendo incluir detalhes do processo 5o Passo – Análise das opções e
como fluxo e umidade do material. escolha final.
Cada característica traz um impacto A figura 9 apresenta a estrutura de
diferente sobre os equipamentos. busca e a figura 10 mostra o resultado típico de
uma busca. A cada ponto, a regra definirá se
O seqüenciamento desenvolvido por Kemp um equipamento é bom, inaceitável ou
e Bahu, 1995, baseia-se no equipamento e questionável. Os ditos inaceitáveis podem ser
segue a classificação proposta anteriormente. eliminados ou, se forem considerados, deverão
Ainda assim, é necessário analisar o efeito do obter uma pontuação pífia frente aos
material e os parâmetros de processo em cada equipamentos mais adequados.

Figura 9: Estrutura de busca

Em muitos casos a regra pode tornar um que isto seja possível, cada regra deverá gerar
secador indesejável, mas não proibitivo. Deste um fator de mérito (ou pontuação) para o
modo a eliminação é inadequada, pois poderá equipamento. Ao final do algoritmo as
descartar prematuramente um equipamento não possíveis escolhas são ordenadas segundo o
refletindo a complexidade do problema. Para
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.179-202, 2007
194 Seleção de secadores: fluxograma Kil et al.

mérito. As maiores pontuações são escolhidas e no fluxograma de processo, outros na literatura


as menores são rejeitadas. e em tabela ou catálogos. Outros dados podem
Kemp e Bahu, 1995, detalham cada passo ser obtidos experimentalmente em escala
dos estágios de seleção sem especificar as laboratorial. Invariavelmente haverá lacunas
regras utilizadas no algoritmo. nas informações e a seleção deve ser capaz de
lidar com este problema. As informações
1o Passo – Definir o problema e obter os dados podem ser obtidas quantitativa ou
relevantes. qualitativamente – a adesividade, por exemplo,
poderá ser dada como uma medida de força de
Dados relevantes sobre o material e sobre o coesão ou pela “impressão” de que o material é
processo muitas vezes são muito variados e de difícil de manipular.
difícil acesso. Alguns podem ser encontrados

INÍCIO
1o Passo

2o Passo 9 ? X
9 X ?

3o Passo ? 9 X 9 X ? 9 ? X ?
9 X 9 X
9 X

4o Passo X X X ? 9 9 X ?
9 9 ? ? ? X ?

? 9 9 X 9 ?

5o Passo 0,8 1,0 0,5 0,4 0,1 0,6 0,8 0,7 0,5 0,3 0,8 0,7 0,9 0,5 0,2

9 – bom X – inaceitável ? – questionável

Figura 10 - Seqüência típica de busca.

Alguns itens acerca do produto deveriam propriedades físicas, térmicas e mecânicas do


ser conhecidos para a preparação do material, entre elas:
fluxograma de processo: ƒ Cinética de secagem (taxas de secagem,
ƒ Forma de alimentação do produto (pasta, pó, velocidades do gás, temperatura, etc.);
lâminas, etc.): ƒ Umidade de equilíbrio;
ƒ Identificar o solvente a ser removido e o ƒ Exame ao microscópio (propriedades
gás de secagem e suas propriedades físicas; superficiais, aglomeração);
ƒ Taxa de produção desejada; ƒ Evaporador laboratorial (superaquecimento,
ƒ Umidade de entrada e saída e final do adesão);
produto; variação aceitável e níveis de ƒ Tambor rotativo (atrito e formação de pó);
impureza; ƒ Bancada de aquecimento (decomposição
ƒ Dimensões das partículas, forma e térmica);
propriedades físicas; ƒ Coesão / adesão (manuseio, efeito da
ƒ Itens de processamento anteriores e umidade na adesão).
posteriores ao secador. Obs.: Outros testes podem ser incluídos como o
Alguns testes em escala laboratorial de fluidização.
podem ser realizados determinando
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.179-202, 2007
Seleção de secadores: fluxograma Kil et al. 195

2o Passo – Escolha básica (formato, modo de Forma de aquecimento.


aquecimento e operação).
A escolha da forma de aquecimento é
Quatro decisões principais podem ser complexa. As mais utilizadas são as condutivas
feitas limitando as opções de busca rapidamente: e convectivas.
ƒ Forma de alimentação do produto, Secadores convectivos usam um fluxo maior
incluindo possibilidades de alteração no de gás e alcançam taxas de transferência de
produto; calor mais altas. Logo, estes secadores
ƒ Operação em batelada ou contínuo; conseguem secar mais rapidamente,
ƒ Forma de aquecimento (contato, convectivo especialmente nos estágios iniciais de secagem,
ou outro método); a perda de calor, porém, é alta. Se ele requer
ƒ Se um secador de dois ou mais estágios é isolamento térmico ou contenção dos gases
considerado como uma única peça. aquecidos o secador condutivo é favorecido.
ƒ Quando há limitações de temperatura o
Forma de alimentação do produto: secadores condutivos à vácuo são a melhor
escolha. Contrariamente secadores convectivos
A maioria dos secadores pode lidar com são mais adequados à altas temperaturas.
particulados, mas só alguns podem lidar com A taxa de produção também tem um efeito
pastas, lâminas e placas. Assim, para uma dada importante. Secadores convectivos podem
alimentação muitas opções podem ser facilmente lidar com altos fluxos de sólidos em
eliminadas. Entretanto, a alteração do material comparação aos condutivos, embora haja
antes da alimentação ou o pós-processamento exceções como os secadores de leito deslizante
devem ser considerados e podem aumentar o e algumas unidades de fluxo cruzado.
número de alternativas. Uma pasta viscosa, por As outras formas de aquecimento são mais
exemplo, pode ser misturada com material seco, especializadas. O custo em geral é muito mais
extrusada ou pré-formada. alto que o das formas anteriores de aquecimento
As especificações do produto afetam e o aproveitamento (conversão) energética é
fortemente a escolha do secador. Por exemplo, muito inferior.
um produto em flocos é imediatamente obtido
de um secador em tambor, enquanto um Se um secador de dois ou mais estágios é
produto aglomerado, altamente poroso de baixa considerado como uma única peça.
densidade é freqüentemente produzido em
spray-dryers. Outras especificações do produto Dois secadores com características diferentes
como a retenção de aroma ou de outros podem ser usados em série. Isto é mais freqüente,
componentes dominam a escolha do secador. quando a cinética de secagem e a forma de
Há situações em que o liofilizador é favorecido manipulação do material mudam claramente ao
apesar do alto investimento e custo operacional. longo do processo. Um exemplo deste primeiro
caso é um secador pneumático que secaria um
Operação em batelada ou contínuo. particulado até o ponto critico e em seguida seria
transferido para um secador de bandejas com um
Secadores em batelada tendem a ser tempo de residência longo. Um exemplo do
menores e são mais laboriosos pois cada segundo caso é um leito fluidizado com um
batelada tem de ser carregada e descarregada. estágio bem misturado e outro estágio pistonado,
São favorecidos por taxas de produção a transição é feita no momento em que o sólido
pequenas, longos tempos de residência, outros fluidizado escapa do leito.
equipamentos em batelada antes ou depois do O algoritmo pode lidar com estas situações
secador ou necessidades de controle estrito. O equacionando cada estágio em separado e
secador contínuo é favorecido pelas condições, somando, em seguida, os resultados.
obviamente, contrárias a estas.
Cada uma destas condições pode ser 3o Passo – Escolha dos tipos adequados (listar
analisada isoladamente ou em conjunto. Em os secadores a serem dimensionados).
geral, secadores em batelada dificilmente são
adequados para produção acima de 1000kg/h, Neste passo um grande número de secadores
enquanto os contínuos raramente são utilizados provavelmente será considerado adequado.
para produção abaixo de 50kg/h.
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.179-202, 2007
196 Seleção de secadores: fluxograma Kil et al.

Usualmente, não é possível afirmar que um Certamente o parâmetro final de


secador nunca poderá ser utilizado, mas escolha estará baseado no custo. Devem ser
certamente será possível dizer se um secador é indicados tanto os custos de instalação como os
mais ou menos adequado. A decisão final de de operação e manutenção.
prosseguir ou não com determinado É necessário que seja assinalado ao usuário
equipamento deveria ser deixada para o usuário. que a avaliação dos custos é pouco precisa.
O objetivo desta etapa é definir um critério Portanto, recomenda-se que cada equipamento
de pontuação para os secadores que não tenham selecionado deva ser orçado com precisão. Só
sido eliminados no estágio anterior. Neste então seu custo poderá configurar como um
estágio as características do material e do parâmetro preciso de escolha.
processo são comparadas com a capacidade de
cada secador se adaptar a estas condições. Um
Matasov, Menshutina e Kudra (1998)
dimensionamento pode ser feito para descobrir
condições de saída do material, tempo de
residência, dimensões e custo. Ainda que a seleção e dimensionamento
Com a dimensão aproximada, uma avaliação de secadores tenha atingido um estágio
do custo poderá ser feita (Capítulo 3). Esta avançado de desenvolvimento, a seleção de
informação permitirá excluir secadores secadores ainda é uma tarefa desafiadora,
excessivamente grandes, caros ou inadequados. especialmente devido às várias opções em que
se pode desenvolver o processo de secagem, os
4o Passo – Sub–tipos e refinamentos modelos disponíveis no mercado e as
(detalhamento e peculiaridades) modificações de projeto. Há uma diversidade de
algoritmos para a seleção de secadores, mas há
O princípio deste estágio é idêntico ao poucos aplicativos que manipulem a
do estágio anterior, porém um número maior de enormidade de informações disponíveis na área
detalhes são considerados. Cada equipamento de secagem. Matasov, Mensutina e Kudra, 1998,
selecionado no passo anterior possui sub–tipos. apresentam um aplicativo que permita o rápido
Por exemplo, há diversos tipos de agitadores acesso à estas informações guiando o usuário
para secadores em bandejas com agitação, no processo de escolha do equipamento.
alguns com aquecimento e outros não, o fluxo A estrutura geral do sistema DryInf é
de massa e a faixa de adesividade com o qual o apresentada na figura V.11 e consiste de cinco
secador será capaz de lidar são variados. Nesta módulos:
etapa, refinamentos como a recirculação de gás
poderá ser considerada. 1. Pré-seleção do tipo de secador com base no
sistema especialista.
5o Passo – Análise das opções e escolha final 2. Análise econômica do secador e do
processo de secagem.
As decisões decorrentes das 3. Biblioteca de cálculo e procedimentos de
considerações anteriores são apresentadas nesta dimensionamento, incluindo cinética de
etapa, alguns aspectos devem ser considerados: secagem, configuração do secador e
ƒ Destacar dois ou três dos secadores mais dinâmica dos fluidos.
adequados. 4. Gerenciamento das informações,
ƒ Indicar a vantagem e a desvantagem de representação gráfica, manipulação dos dados e
cada escolha. outros usos.
ƒ Sugerir outras conformações e refinamentos 5. Base de dados do sistema especialista.
que sejam benéficos ao secador.

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Seleção de secadores: fluxograma Kil et al. 197

5. Base de dados do
DryInf
sistema especialista

Base de dados dos


1. Pré-seleção do 4. Manipulação fabricantes de
secador dos dados secadores

Análise das
propriedades SISTEMA Informação gráfica e
do material características do
úmido ESPECIALISTA secador

3. Biblioteca de
Base de dados do 2. Análise cálculo e
material econômica projeto

Seleção final do secador

Figura 11- Estrutura do sistema de informação DryInf (Matasov, Menshutina e Kudra, 1998).

Baker & Labadibi (1998) A Figura 12 apresenta um procedimento


para seleção de secadores descrito por Baker
Sistemas especialistas baseiam-se em um (apud: Baker e Labadibi, 1998).
conjunto de regras para efetuar a seleção de
secadores. Em geral estas regras são O procedimento envolve seis passos:
quantitativas e inflexíveis. Kemp e Bahu, 1995,
desenvolveram um sistema que tem sido 1. Descrever as especificações de processo.
extensivamente testado. Combinar a lógica 2. Fazer uma pré-seleção.
difusa com um sistema especialista resulta em 3. Conduzir testes em escala laboratorial para
um sistema flexível em que as variáveis de verificar a adequação.
seleção são apresentadas como variáveis 4. Realizar uma comparação econômica das
lingüísticas (ex.: temperatura = {alta, baixa, alternativas.
muito baixa}), em lugar de seus 5. Conduzir novos testes em maior escala para
correspondentes numéricos. Internamente o confirmar a decisão.
sistema especialista transforma a informação 6. Fazer a escolha final do equipamento mais
em uma representação difusa, efetua o processo apropriado.
de decisão e, finalmente, converte o resultado
em um formato lingüístico.

Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.179-202, 2007
198 Seleção de secadores: fluxograma Kil et al.

Início

Descrever as especificações de processo

Fazer uma pré-seleção.

nenhuma opção
adequada

Conduzir testes em escala laboratorial para


verificar a adequação.

múltiplas opções
Realizar uma
comparação uma única
econômica das opção
alternativas.

Conduzir novos testes em nenhuma opção


maior escala para adequada
múltiplas opções confirmar a decisão.

uma única uma única


opção opção

Fazer a escolha final do equipamento mais apropriado.

Figura 12 - Fluxograma de seleção de secadores

Lógica difusa representadas por valores estritamente


booleanos (verdadeiro e falso), por que a
No campo da inteligência artificial, há relação entre os dados e a condição podem ser
várias formas de representar o conhecimento. parciais. Por isso é necessário estender essa
Talvez a mais comum seja a forma natural da relação. A lógica difusa é capaz de lidar com
linguagem dada pela expressão: condições mal definidas, vagas ou que
SE condição (causa) ENTÃO conclusão contenham termos imprecisos elevando o grau
(conseqüência) de confiança associado às decisões.
A lógica difusa permite a transição gradual
A essa expressão referimo-nos de SE- entre o não pertencer ‘0’ e pertencer ‘1’. Assim,
ENTÃO (IF-THEN). Ela tipicamente expressa uma função de conjunto ‘μ’ pode ser definida
uma inferência tal que SE conhecemos um fato para cada elemento, variando entre 0 e 1,
(condição, causa ou hipótese), ENTÃO refletindo o grau de relacionamento do
podemos inferir um outro fato (este chamado elemento com o conjunto. O sistema que use a
de conclusão, conseqüência ou tese). Esta regra lógica difusa assume a forma do modelo
está associada com certos parâmetros lingüístico e estabelece funções de conjunto
representando o grau de confiança na tomada para atuarem como condição. Isto permite que
de decisão quando a condição é satisfeita. as variáveis sejam expressas como funções
Esta forma de conhecimento é bem lingüísticas (grande, médio, pequeno, muito
próxima ao conhecimento humano. Porém, em pequeno). Para cada elemento, então, a função
alguns casos práticos a satisfação das restrições conjunto especifica a relação entre o valor
que compõe a condição não podem ser
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Seleção de secadores: fluxograma Kil et al. 199

numérico da variável e sua correspondente processo decisório). A primeira etapa na


variável lingüística. construção de um sistema especialista é a
coleta de dados e sua formalização para que
A lógica difusa aplicada ao processo de eles possam ser utilizados pelo gerenciador de
seleção informações. O conhecimento adquirido é
organizado hierarquicamente de forma que os
Os componentes principais de um sistema nós finais são os tipos de secadores e os nós
especialista são a base de dados e o intermediários são as variáveis de decisões
gerenciador de informações (responsável pelo (Figura 13).

D imensões da
partícula

Pequena M édia Grande

Partícula
Aderente
livre

Baixa umidade
e/ou sensível à
temperatura

Sim Não

Fluxo de
sólidos

Pequeno Grande

Secador de bandejas

Figura 13 - Fluxograma de seleção de secadores

O próximo passo, antes de converter as da partícula, a coesividade e a fragilidade. Os


informações obtidas para o formato SE- termos lingüísticos e as funções de conjunto de
ENTÃO, é formular o modelo de lógica difusa quatro destas variáveis estão na figura 14. É
que será usado no processo decisório. Seis preciso lembrar que a formulação das funções-
variáveis foram selecionadas para a difusão: o conjunto dependem integralmente da
fluxo de sólidos, o conteúdo de umidade, a experiência.
sensibilidade à temperatura, o diâmetro médio

Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.179-202, 2007
200 Seleção de secadores: fluxograma Kil et al.

B A IX O M É D IO A LTO
μ1

0
50 100 500 700
F lu x o e só lid o s ( k g m s / h )

μ2 M U IT O B A IX O
B A IX O

0
1 ,5 3 ,0 4 ,0 C o n t e ú d o d e u m id a d e ( k g w /k g m s )

M U IT O S E N S ÍV E L POUCO
μ3 S E N S ÍV E L S E N S ÍV E L

0
5 10 50 70
S e n s ib ilid a d e à t e m p e r a t u r a o C

M U IT O M U IT O
μ4 F IN A F IN A GROSSA GRO SSA

0
0 ,1 0 ,2 1 ,0 1 ,5 3 ,0 4 ,0 10
D iâ m e t r o d a p a rt íc u la ( m m )

Figura 14: Função de conjunto das variáveis lingüísticas

CONSIDERAÇÕES ADICIONAIS secador que seja capaz de atingir as


propriedades desejadas no produto final.
Embora estes autores desenvolvam seleção Portanto, normalmente os trabalhos de
de secadores de um modo próprio, identifica-se dimensionamento dos secadores na bibliografia
uma linha geral no procedimento de escolha do são específicos para cada produto vinculado aos
equipamento, que pode ser resumida como processos e/ou equipamentos, conforme podem
referentes aos tópicos relacionados ao ser notados pelos trabalhos apresentados por:
conhecimento de equipamento e de processos, Papagiannes, 1992, Kiranoudis, aroulis e
conforme o fluxograma apresentado pelo Marinos-Kouris, 1996, Rodriguez, e Courtois,
Keey,1978, (Figura 15). 1996 (a e b), Arinze et al, 1996 (a e b),
Como pode ser observado existe mais de um Kiranoudis et al., 1997, Kemp, 1998, Pelegrina,
tipo de secador adequado para um determinado Elustondo e Urbican, 1998, Bennamoun e
produto, assim o conhecimento prático do Belhamri, 2003, Baker et al., 2006, Ortega et al.,
projetista é imprescindível para a escolha de um 2007, Best et al., 2007 e Carsky, 2007.

Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.179-202, 2007
Seleção de secadores: fluxograma Kil et al. 201

PROJETANDO UM SECADOR

Coleta de informações Experiências

Conhecimento Não
Isotermas de sorção
dos materiais Informações sobre o
material, o
equipamento e o
Sim processo
Cinética de secagem

Conhecimento Não
do equipamento

Sim

Não
Conhecimento Testes
do processo

Balanços
Sim

Tempo de residência

Dimensões principais Comportamento


dinâmico

CUSTOS

OTIMIZANDO UM SECADOR

Fonte: Keey, 1978

Figura 15 - Fluxograma para o projeto de secadores.

Drier : Part 2 , Computer Simulation and


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