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A confissão da sua ignorância é passo essencial para a vida de estudos.

Você tem que ir contra esse senso comum de se proteger e de fazer aquilo que será aprovado pelos
outros.
O Brasil é contra o estudo mas idolatra o símbolo burocrático, o título, o diploma, etc.
O sistema exalta a falência intelectual, a autodestruição. Ele quer a destruição da inteligência.
O brasileiro não quer ser, ele quer parecer.
A aparência importa, a verdade é apenas conveniência.
Só entre em discussão por motivo MORALMENTE RELEVANTE, se não, é mera vaidade/orgulho.
Não deve haver vontade de recompensa na discussão.
A imitação é para o aprendizado, e não para mera imitação.
A sua voz é própria, ela tem fontes, mas ela é fruto da absorção de diversas fontes e complementada
contigo própria.
Apague o mimetismo desonesto em você. A imitação consciente é a forma de acabar com isso.
E a imitação educacional deve ser gradual, uma pessoa por vez até você conhecê-la bem.
Nós nos vemos a partir das categorias da sociedade, e elas são pobres e deformadas.
A visão cognitiva pode recuar emocionalmente de vez em quando, mas não pode chegar ao ponto da
indiferença ou soberba. Em vez de nisso se ter uma objetiva, tem-se a fraqueza emocional.
Ao se afastar tanto, você tira sua presença da coisa, você sai da realidade. As emoções devem estar
presentes, mas devem ser controladas. A racionalidade depende da emoção, pois a emoção te insere
na realidade, são equilibrados.
A imaginação é controlada com base na realidade, realidade que é absorvida pelos sentidos.
Há um intermédio entre intelecto e emoções.
A filosofia é fundamentada na realidade

Como a mera visão nos afeta tanto o emocional se comparada aos outros sentidos?
A visão supera o emocional e atinge o racional. Por isso Aristóteles deve ser lido pela visão e
imaginação, ele é imagético
Em filosofia, o lido deve ser aplicado a realidade e daí compreendido, as pessoas estudam filosofia
de maneira dogmática, é a frase pela frase, não preenchem aquilo com a realidade.
A realidade se compõe do positivo e do negativo.
A leitura é preenchida com toda a herança cultura que tens, você tem de fazer assim como ele fez
para escrever. O texto é uma comunicação entre autor e leitor, mas é limitado, você deve rechear
aquilo pois a imaginação do autor também era, e você deve recriar a imaginação dele. Com isso se
cria uma comunicação direta pelo livro, pois comunicação é interação, e para interagir com o autor
deve-se ter todo o imaginário dele.

Tome nota de tudo que vier na sua cabeça, desde que não seja algo obsessivo e sistemático.
Faça os livros seus de ficha
TRANSCRIÇÃO:
Hoje em dia, a tendência é mandar as crianças para a escola cada vez mais cedo, de maneira que a
escola, sobretudo a escola pública, possa exercer sobre as crianças a mesma função da família:
formar a sua personalidade de base.
Em seguida, começa a formação do cidadão para a convivência social, que naturalmente é feita na
escola. Na escola é que você, pela primeira vez, vai receber regras formais que são válidas para toda
uma comunidade.
Aos poucos essa educação social se transfigurava numa educação propriamente intelectual: o
adestramento para as ciências, para a linguagem etc. A educação do intelecto propriamente dito
começa na hora em que se requer de você uma compreensão e uma elaboração mais pessoal das
coisas.
Na escola recebemos o conteúdo da educação intelectual, mas na forma de educação social.
Aprendemos as coisas por obediência, e não por compreensão. É quase um adestramento.
Quando a ameaça não vem da realidade, mas vem do seu imaginário, então não há limite para o
medo que você pode ter. Você pode ter medo de respirar. E é assim que se mantém as pessoas sob
domínio: espalhando um vago temor não definido e de fato jamais concluindo a ameaça, porque se
ela se cumpre, você vai ver que não era ameaça, não é tão grave assim.
A língua tem 3 funções:
1-Expressiva: dizer o que você sente
2-Apelativa: função de ocnvencimento
3-Nominativa: função de descrever a realidade.
Agora, se você vai discutir com o seu colega de faculdade, com o seu colega de trabalho, com o
pessoal da sua família, para que você está fazendo isto? Você não vai trazer nenhum benefício para
eles, nem para você, nem para terceiro. Você está apenas tentando conquistar a adesão deles a você,
para que eles gostem de você, e isto está profundamente errado. Porque você está caindo de novo na
mesma armadilha. Caiu de novo na armadilha da busca da aprovação social. Só que você se tornou
um cara diferente e quer que eles aprovem o diferente.

No Brasil, o que é a amizade? O sujeito ser seu amigo significa o seguinte: ele está no seu círculo
de amizade, no seu círculo de convivência, então ele adquiriu o direito de falar mal de você. Todos
nós sabemos que é isto. Isto é o máximo que você vai obter de um amigo. Agora experimenta pedir
um dinheiro emprestado para o desgraçado que você vai ver que a amizade acaba naquele mesmo
momento. Você está lá desesperado, sem emprego, sua mulher está doente, seus filhos estão sem
leite pra tomar, e você vai pedir um dinheiro pro sujeito. O que ele faz? Ele não lhe dá o dinheiro e
ainda lhe dá um discurso moral. Dá uma série de conselhos onde ele prova por A + B que você é um
irresponsável, moleque etc., e você sai dali muito grato e mais necessitado do que nunca da
aprovação daquele sujeito. É isto que é a amizade no Brasil. Vocês sabem, vocês têm a experiência
disso.

E, mutatis mutandis, jamais pergunte o que eles acham. Não queira a aprovação deles, o amor do
pai para filho é um amor one way. Não é mútuo que nem o de marido e mulher. Marido e mulher eu
dou e recebo. Mulher dá e recebe. Se ajudar, ela te ajuda. Você dá uns palpites para ela, ela dá uns
palpites para você. Com criança não, pelo amor de Deus, você não casou com os seus filhos!
“O mundo se compõe de dois tipos de pessoas: pessoas boas que acham que são más e pessoas más
que acham que são boas.”
Você é induzido, em primeiro lugar, à busca de segurança, à busca de proteção. É incrível! As
pessoas estão mais preocupadas com que você se autoproteja, em vez de estar preocupadas com que
você vença.
No Brasil é muito grave este hábito de substituir a vida intelectual pelo símbolo burocrático.

“Você entrou nisso para vencer! E para isso é importante que você não entre na briga
prematuramente. Você tem de se preparar. Entre na briga apenas quando estiver seguro de que o está
fazendo por motivo moralmente relevante e não por auto-satisfação. Isto pode levar o tempo que for
necessário, mas não saia por aí convencendo ninguém, nem saia por aí fazendo revistinha
universitária — não precisa e é inútil fazer isso agora. Se você fizer isso a sociedade vai convertê-
los nos mesmos simulacros que já estão por aí. Eu lembro que [inaudível] aqueles alunos que
fizeram o jornalzinho “O Indivíduo” — eu não tinha dito para eles fazer jornal nenhum, nunca
mandei ninguém fazer isso. Eu quero que meus alunos se preparem, se transformem em intelectuais
de peso e, mais tarde, prestem um serviço bom. Mas aqueles estudantes publicaram aquele jornal,
arrumaram uma encrenca e então vieram pedir socorro
Você se omitir e recuar, durante um tempo para a sua formação não é será covardia nenhuma. Você
está se preparando para a briga. Você vai entrar, não só quando estiver preparado, mas quando
entender que o principal de sua preparação é de ordem moral e consiste em excluir de suas
motivações qualquer necessidade afetiva que tenha. Você entrará quando fizer isso como um ato de
amor ao próximo sem esperança de recompensa ou somente pela recompensa divina. Eu quero que
Deus aprove o que eu estou fazendo! Vocês, o público e, sobretudo, os outros, pouco me interessa.

Na medida em que você cultiva a imitação como meio de aprendizado, você se livra da imitação
como neurose. O que vai te livrar do mimetismo neurótico brasileiro é a imitação consciente, usada
como instrumento pedagógico.

Não é possível você querer obter uma visão objetiva real das coisas se você não fez um certo recuo.
Mas se esse recuo tomar a forma de uma indiferença, ou de uma afetação de indiferença, ou de uma
afetação de superioridade, você já deformou a coisa toda, se você faz abstração dessa emoção, você
não sabe o peso real que a coisa tem sobre você; e se você não sabe o peso real que a coisa tem
sobre você, você não sabe a posição em que você está em relação ao fato, ou seja, você escamoteou
a sua própria presença no quadro. Você vai dizer que isso é racional? Não, isso é totalmente
irracional. Frieza e objetividade científica é uma autodefesa; a autodefesa é criada pelo medo. Se
você não tem medo, você não precisa dessa carapaça, você não precisa dessa máscara. Então o
elemento emocional é absolutamente fundamental para você saber qual é o peso, a importância real
que as coisas têm sobre você. Não existe essa coisa de intelecto de um lado e emoção do outro.
Também não quer dizer que os dois não entrem em jogo.

Além da imaginação e das emoções, há uma terceira função, que é o que desperta uma coisa e a
outra. Isso que desperta tem de ser um dado da realidade

A visão, por assim dizer, como ele mesmo diz, é o mais cognitivo dos sentidos, porque é puro
conhecimento. E se você pegar o conjunto dos prazeres que você obtém pelos outros sentidos, não é
nada perto do que se obtém pela visão, a visão dá muito mais. O resto são breves momentos.
[Nos cursos superiores do Brasil] Eles não vão te ensinar a ganhar dinheiro coisa nenhuma! Pode
ser que tenha um ou dois que te ensine. No Brasil, quem sabe ganhar dinheiro não conta para
ninguém!

Esse encaixe entre a formação existencial e a formação intelectual, de modo que uma seja
prolongamento da outra, essa é a condição necessária para que a vida intelectual tenha algum valor.
Isso quer dizer que, se o que você está apresentando nos seus livros ou trabalhos científicos não é a
sua verdadeira pessoa, então não é nada, gente!

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