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ATUALIDADES

Atualidades Mundo

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
ATUALIDADES
Atualidades Mundo

Sumário
Luis Felipe Ziriba

Apresentação. . .................................................................................................................................. 3
Atualidades Mundo.. ........................................................................................................................ 4
Introdução......................................................................................................................................... 4
População Global: Aspectos Globais em 2020.......................................................................... 4
1. Atualidades América Latina e EUA............................................................................................ 8
1.1. A América Latina: Conceito Cultural e Geográfico e um pouco de História. . ................. 8
1.2. A Esquerdização na América Latina na Década Passada e o Atual Momento
Político e suas Diferenças (2019/2020). . .................................................................................... 9
1.3. Atualidades e Questões mais Críticas na América Latina (em Especial na Pobre
América Central)............................................................................................................................ 14
1.3.4. A Diáspora na América Central.......................................................................................... 17
1.4. A Una Sul X Pró-Sul. . ................................................................................................................21
1.5. O Mercosul. . .............................................................................................................................. 23
1.6. A Venezuela.............................................................................................................................. 29
1.7. O Estados Unidos Hoje........................................................................................................... 34
2. Atualidades Europa, Oriente Médio Rússia e China............................................................51
2.1. A Europa, União Europeia e seus Contextos Atuais mais Importantes........................51
2.2. A Guerra na Síria e o Contexto Geopolítico no Oriente.. ................................................. 56
2.3. Rússia........................................................................................................................................ 76
3. Temas Globais Atualidades.. .................................................................................................... 97
3.1. Tecnologia................................................................................................................................. 97
3.2. O Aquecimento Global......................................................................................................... 108
3.3. A Questão do Ártico. . ............................................................................................................. 121

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Luis Felipe Ziriba

Apresentação
Caro(a) aluno(a), é um prazer imenso estar junto a você nessa etapa de preparação rumo à
conquista de algo tão importante na vida: a estabilidade profissional no serviço público.
Peço licença para me apresentar: me chamo Luís Felipe Ziriba. Sou formado em Geografia
desde 2004, pela Universidade de Brasília, e também servidor do INCRA – SEDE, desde 2008 –
cargo: Analista em Desenvolvimento e Reforma Agrária. Ministro aulas para concursos desde
2001. Comecei aos 20 anos de idade em sala em Pré-Vestibulares, tendo seguido para concur-
sos de admissão à carreira militar, como EsPcex, EsA, entre outros, nas disciplinas Geografia
Geral e do Brasil. Lecionei também em preparatórios (matéria Geografia Geral e do Brasil) para
cursos de admissão à carreira diplomática – o Instituto Rio Branco para, já no início desta
década passa (2010), partir também rumo ao desafio de lecionar as matérias Atualidades do
Brasil e Mundo, além de Realidade/Atualidades do Distrito Federal.
Assim, entre tantas matérias diferentes e interessantes, lá se vão mais de 18 anos prepa-
rando alunos nos melhores cursos do Distrito Federal para os mais concorridos concursos do
Brasil em Geografia e Atualidades.
Bom, vamos ao que realmente importa a você, e obrigado pela atenção, pois o tempo urge!
Com vistas a auxiliá-lo(a) em nossa aula e na preparação para concursos, dividi este nosso
interessante material de Atualidades Mundo em 5 partes, ok?
Então, vamos a elas:
• INTRODUÇÃO - A População Mundial;
• PARTE 1 - ATUALIDADES: AMÉRICA LATINA e EUA (+ Coreia do Norte);
• PARTE 2 - ATUALIDADES: EUROPA, ORIENTE MÉDIO, RÚSSIA e CHINA;
• PARTE 3 - ATUALIDADES: TEMAS GLOBAIS/Tecnologia e Meio Ambiente;
• COMPLEMENTO - ONU e os G’s.

Destaco por fim, caro(a) aluno(a), ser extremamente necessário que realize a leitura inte-
gral dos temas abaixo - e seus respectivos textos complementares, mesmo que haja em edi-
tais recortes balizando períodos específicos, tal como pode (e costuma) acontecer. Tenha em
mente que apenas promovendo a leitura retórica acerca dos temas, desde seu início até o fim,
que tornar-se-á possível, portanto, a clarificação dos contextos mais recentes de atualidades.
Juro que não há como fugir disso! Pode confiar nessa informação. A disciplina de Atualidades
não está restrita, simplesmente, a uma coleta de notícias com base no(s) recorte(s) estipula-
do(s) pelos editais.… Em Atualidades existem contextos que devem ser percebidos enquanto
seus espaços geográficos, agentes, ocasiões e antecedentes sobretudo, para que possamos,
portanto, atingir o nível necessário de conhecimentos pedidos pelas bancas em concursos.
Então, vamos começar. Peço, por favor, que faça o caderno de exercícios apresentado como
fixação de conteúdo e acréscimo didático e avalie meu curso em nossa plataforma. Obrigado!
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Introdução
População Global: Aspectos Globais em 2020
Pirâmide Etária Global em 2020

A população global em 2019 é de 7,7 bilhões de habitantes, e continuará a aumentar. As


previsões para 2030 são de 8,5 bilhões (aumento de 10%); 9,7 milhões em 2050; e 10,9 mi-
lhões em 2100.
Maiores países (2018):
• 1. China: 1.384.688.986*
• 2. Índia: 1.296.834.042
• 3. Estados Unidos: 329.256.465
• 4. Indonésia: 262.787.403
• 5. Brasil: 208.846.892
• 6. Paquistão: 207.862.518*
• 7. Nigéria: 195.300.340
• 8. Bangladesh: 159.453.001
• 9. Rússia: 142.122.776
• 10. Japão: 126.168.156

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*Por volta de 2027 a população da Índia deve ultrapassar a da China.


*Provavelmente em 2019 a população do Paquistão ultrapassa a do Brasil.
Veja abaixo a dança das cadeiras dos contingentes populacionais globais, com dados da
ONU e intervalos entre 1990 ATÉ 2100:

O bônus demográfico: em alguns países em desenvolvimento, o alto crescimento popula-


cional em décadas anteriores promove agora oportunidades econômicas à medida que estas
nações (e o Brasil incluso) possuem, de fato, grande contingente de adultos; ou seja - de força
de trabalho ou PEA – População Economicamente Ativa. Sendo assim, é dever dos governos
locais saberem como promover a seu favor esse tal “bônus demográfico”, com vistas a canali-
zar tal abundância de mão de obra na produção de valor econômico, através da consolidação
de políticas de ofertas de empregos.
O Brasil é um dos países com maior quantidade de adultos no Mundo atualmente, com
quase 60 % da população na PEA.
As taxas de fecundidade: a taxa de fecundidade – ou seja, o número médio de filhos por
mulher em idade reprodutiva é um indicador que revela bastante sobre a fase demográfica que
determinada sociedade se encontra. Globalmente, as mulheres vem tendo menos bebês, mas
as taxas de fecundidade (o número médio de filhos por mulher em idade reprodutiva) ainda
permanecem elevadas em algumas partes do globo. Hoje, cerca de metade da população glo-
bal reside em áreas onde a taxa de fecundidade é menor que 2 filhos por mulher (taxa do tipo
não repositiva), incluindo o Brasil. A maior média de filhos por mulher no Planeta ocorre na
ÁFRICA Sub Saariana, com 4.6. Em Níger, este indicador chega a 7 filhos por mulher, em média.

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Em termos globais, a fecundidade caiu de 3,2 filhos por mulher em média, em 1990, para
2,5, em 2019.

A expectativa de vida: a expectativa de vida no mundo subiu de 64,2 anos, em 1990, para
72,6 anos, em 2019.

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Envelhecimento populacional: a população mundial está a envelhecer, sendo que o grupo


etário que mais cresce no Planeta é de pessoas acima de 65 anos. Atualmente, 9% da popula-
ção global possui mais de 65 (em média parecido com a brasileira), sendo que em 2050, essa
taxa será de 16%. Na Europa, este indicador deve ser, em 2050, em alguns países (e também
no Japão), na casa dos 35-40%.
A depressão populacional: um número crescente de países experimenta uma redução
no tamanho da população. Desde 2010, 27 países ou áreas sofreram uma redução de um por
cento na dimensão das suas populações. Isto é causado por baixos níveis de fertilidade e, em
alguns lugares, altas taxas de emigração.
Entre 2019 e 2050, projeta-se que as populações diminuam em um por cento ou mais em
55 países ou áreas, dos quais 26 podem ver uma redução de pelo menos dez por cento.
Na China, por exemplo, prevê-se que a população diminua em 31,4 milhões, ou 2,2 por cen-
to, entre 2019 e 2050.
O contexto migratório: entre 2010 e 2020, 14 países ou áreas terão uma entrada líquida de
mais de 1 milhão de migrantes, ao passo que dez países terão uma saída líquida de migrantes
de dimensões similares. Algumas das maiores saídas de migrantes são impulsionadas pela
demanda por trabalhadores migrantes (Bangladesh, Nepal e Filipinas) ou pela violência, inse-
gurança e conflito armado (Mianmar, Síria e Venezuela). Belarus, Estônia, Alemanha, Hungria,
Itália, Japão, Rússia, Sérvia e Ucrânia terão uma entrada líquida de migrantes ao longo da dé-
cada — o que ajudará a compensar perdas populacionais causadas por um excesso de mortes
em relação aos nascimentos.
“Esses dados constituem uma parte crítica da base de evidências necessárias para moni-
torar o progresso global rumo ao cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
até 2030”, afirmou o diretor da Divisão de População do Departamento das Nações Unidas de
Assuntos Econômicos e Sociais, John Wilmoth.
“Mais de um terço dos indicadores aprovados para uso como parte do monitoramento
global dos ODS confiam em dados do Perspectivas Mundiais de População”, acrescentou o
especialista.

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Expectativas de crescimento populacional 2020-2025:

1. Atualidades América Latina e EUA


1.1. A América Latina: Conceito Cultural e Geográfico e um pouco
de História

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O conceito (termo) América Latina atende a um viés cultural que se encontra relacionado
aos países que possuem línguas latinas (no caso português, castelhano e francês) como sen-
do línguas oficiais.
A região em tela engloba 20 países (em azul no mapa acima): Argentina, Bolívia, BRASIL,
Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Guiana Francesa, Haiti, Honduras, Mé-
xico, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela. Vale
destacar que no subcontinente da América do Sul não constam dentro desta divisão dois paí-
ses: o Suriname, e a Guiana.
No caso do subcontinente da América do Norte: Estados Unidos, Canadá e México - ape-
nas este último é considerado um país latino-americano.

Não é necessário decorar o nome de todos os países da América Latina, mas é fundamental
que entendamos que o contexto linguístico-cultural ata tais países dentro desta importante
esfera de regionalização.

Considera-se que o termo “América Latina” foi utilizado pela primeira vez no ano de 1856
pelo filósofo chileno Francisco Biloba e, no mesmo ano, também pelo escritor colombiano
José María Torres Caicedo, sendo expressão aproveitada pelo imperador francês Napoleão
III durante sua invasão francesa no México como forma de incluir a França — e excluir assim
os anglo-saxões — entre os países com influência na América, citando também a Indochina
como área de expansão da França na segunda metade do século 19. Devemos também ob-
servar que em mesma época foi criado o conceito de Europa Latina, que englobaria as regiões
de predomínio de línguas românicas. Michel Chevalier, político e economista liberal francês
que mencionou o termo “América Latina” em 1836, durante uma missão diplomática feita aos
Estados Unidos e ao México, o fez com o mesmo objetivo de Napoleão III: ou seja, atrair para
o seio da França os países em descolonização na América.

1.2. A Esquerdização na América Latina na Década Passada e o Atual


Momento Político e suas Diferenças (2019/2020)
Um processo político de extrema relevância observado na América Latina deve-se à en-
trada de uma série de governos de esquerda no poder, ao longo da década passada (2000-
2010), em inúmeros países. Foi um período de apogeu na ascensão de governos de esquerda
eleitos democraticamente, que tem início em 1999, na Venezuela, quando Hugo Chávez toma
posse pela primeira vez e declara que seu país, a partir de então, tornar-se-ia uma “República
Bolivariana”. Essa mesma retórica de Chávez fora também utilizada pelos presidentes Rafael
Correa, do Equador, e Evo Morales, da Bolívia, todos inspirados por Cuba, uma República so-
cialista desde 1959, comandada pelos ditadores Fidel Castro e seu irmão Raul Castro.

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Cuba, em 2018, passa o bastão da presidência para o engenheiro Miguel Canel, após quase 60
anos sob o governo dos irmãos de Fidel e Raul Castro.

É importante salientar que dentro da assepsia da palavra, a associação entre bolivarianis-


mo e socialismo é questionável, à medida que esse “bolivarianismo” instituído por Chávez na
Venezuela foi inspirado nos ideais de Simon Bolívar, tais como o combate a injustiças e a de-
fesa do esclarecimento popular e da liberdade. Mas a apropriação de seu nome por Chávez e
outros mandatários latinos pode ser entendida como distorcida, pois Bolívar não era socialista
de forma alguma (sendo em certos momentos um ditador de direita, inclusive). Porém, as prá-
ticas nestes países então adotadas, visando ao assistencialismo, as quais buscam dialogar
com as necessidades dos extratos mais pobres de suas sociedades e vinculadas a Cuba, se
encontram enviesadas por um modo dialético de pensar e agir tipicamente de esquerda.
O mapa abaixo mostra como estavam divididos os governos na América Latina, mais es-
pecificamente a América do Sul, em 2009-2010. Note que a imensa maioria dos países (em
vermelho) era comandado por governos de esquerda.

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Fonte:ou
a sua reprodução, cópia, divulgação https://suburbanodigital.blogspot.com/2019/10/mapa-ideologico-da-america-latina.html
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Pois é, aluno(a), mas o mapa político latino-americano que “avermelhou”, tal qual vimos
acima entre o fim de duas décadas atrás (00-10) e o início da década passada (10-20), sofreu
mudanças. Mas quais foram estas mudanças? Respondo: é simples. Uma série de países que
optaram nesta época por governos declaradamente de esquerda, em sua maioria cambiaram
pelas mesmas vias democráticas rumo a governos de direita em tempos mais recentes. Veja-
mos abaixo os casos mais importantes, então:
• Brasil: Michel Temer (direita) sucede a Dilma Rouseff (esquerda) em 2016, sendo segui-
do pela eleição de Jair Bolsonaro (direita mais radical) em fins de 2018;
• Argentina*: Maurício Macri (presidente de direita) se torna mandatário em 2016,
com mandato até fins de 2019, substituindo Cristina Kirchner (política declarada-
mente de esquerda).

*Logo abaixo falaremos mais esmiuçadamente sobre o mais atual contexto argentino, ok?
Não se preocupe.
Assim, aproveitando o ensejo, é importante analisarmos alguns contextos abaixo recentes
e atinentes ao cenário da Argentina em 2019, considerados os mais importantes em nosso
país vizinho:
• Paraguai: Fernando Lugo, o único presidente de esquerda do Paraguai em todos os
tempos, assume em 2008, sendo impichado em 2012. O atual mandatário local se cha-
ma Mario Benitez, que tomou posse em 2018, estando vinculado aos quadros da direita
– radical paraguaia, tendo sido seu pai, inclusive, ajudante de primeira ordem do dita-
dor Alfredo Strossner;
• Peru: Pedro Pablo Kuczynski toma posse em 2018 (presidente de direita), sucedendo
Olantu Humalla (presidente de esquerda), sendo, contudo, preso por corrupção no final
de 2018, ao longo do mandato. Seu antecessor de esquerda, Ollanto Umalla, também
está preso. Em 17 de Abril de 2019, uma tragédia se sucede no país, quando o ex-presi-
dente Alan Garcia (centro-direita e 2 mandatos entre 2005-2011), acusado de corrupção,
prestes a também ser preso, se suicida com um tiro na cabeça ao perceber a chegada
da polícia em sua residência para cumprimento de mandado de prisão. Todos estes
presidentes peruanos são acusados de corrupção envolvendo, entre outras empresas,
principalmente a construtora brasileira Odebrecht;
• Chile: Sebastian Pinera (presidente de direita) toma posse em mar/2018 para assumir
o lugar de Michelle Bachelet (presidente de esquerda). Vale destacar que há 15 anos
o Chile vem alternando por vias democráticas governos de esquerda e de direita, com
estes dois personagens citados sempre ao centro.

Argentina: inicialmente, vale destacar que o Presidente Maurício Macri assume (2016) sem
grande apoio popular e buscando realizar reformas estruturais, tais quais a previdenciária, com
cortes em salários e combate ao deficit orçamentário se apoiando em uma agenda neoliberal
de direita. Como resultado, após 3 anos completos de governo, Macri viveu em seu último ano

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de mandato (2019) um cenário de enorme insatisfação popular - e os números não nos deixa-
riam mentir. Em 2019, o nosso vizinho mais importante experimentou mais um ano de aguda
crise econômica.
Em 2018, a economia regrediu (queda no PIB) em torno de - 2%. A mesma previsão, ou seja,
regressão do PIB também na casa dos - 2% era esperada para 2019 e se confirmou.
A inflação de 2018 foi uma das 5 mais altas no Mundo, atingindo o índice de 48%a.a. Em
2019, a taxa subiu ainda mais, para além dos 50%/ano.
Em 2018, o peso argentino sofreu a incrível desvalorização de 115% em relação ao dólar.
Outros indicadores econômicos/sociais vão muito mal na Argentina. O desemprego atinge
taxa de mais de 10 por cento, sendo que a pobreza já se instalou em 32% da população to-
tal do país.
Com vistas a respirar um pouco mais aliviada em meio à crise, em 2018 a Argentina solici-
tou ao FMI a maior ajuda já paga pelo fundo monetário em toda sua história, recebendo nossos
vizinhos mais de 57 bilhões de dólares.

Em fins de Out/2019, o Presidente Mauricio Macri perde as eleições na Argentina e não con-
segue se reeleger. O grupo de Cristina Kirchner (ex-presidente de esquerda) volta ao poder,
após 4 anos fora, capitaneado pelo candidato de centro-esquerda Alberto Fernandez. Kirchner
fica com a Vice-Presidência e Fernandez se torna Presidente, com uma plataforma de governo
de esquerda.

E assim, caro(a) aluno(a), para efeitos de provas de Atualidades e o tema político na Améri-
ca do Sul, podemos afirmar que hoje em dia a América do Sul não vivencia mais uma onda es-
querdizante, sendo tal movimento uma realidade da década de 2000-2010. Porém, os rachas
são imensos atualmente, e um novo balanceio entre governos de esquerda e direita é a tônica
nesta década de 2020 que se inicia, com Argentina (esquerda novamente) e Brasil (direita),
por exemplo, sem contar a manutenção de Nicolas Maduro na Venezuela e a eleição de Luis
Arce, do Movimento ao Socialismo, um afilhado político de Evo Morales, na Bolívia (ambos de
esquerda).

TEXTO COMPLEMENTAR
BOLÍVIA E CHILE EM 2020 – Novo Presidente e Nova Constituição
No mês de Outubro de 2020, a Bolívia e o Chile passaram por importantes mudan-
ças institucionais. Acerca deste quentíssimo tema de Atualidades, vamos começar a
destrinchar tais distensões pelo nosso vizinho andino, a Bolívia, para depois chegarmos
no contexto chileno.
Na Bolívia, quase um ano após a deposição de Evo Morales - político de esquerda
totalmente vinculado às minorias pobres e campesinas cocaleiras, alijado do poder

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(após quase 15 anos à frente da presidência e já chegando a sua 4ª reeleição segui-


da) por causa de suspeitas de fraude na eleição presidencial de 2019 (pleito em que
Morales tentava sua 4ª eleição seguida), ocorre a escolha finalmente de um novo Pre-
sidente. Vence o pleito, com razoável vantagem, um afilhado político de Evo Morales: o
economista de esquerda Luis Arce, do Movimento ao Socialismo.
Luis Arce, ou “Lucho”, como é comumente conhecido, venceu o primeiro turno das
eleições presidenciais no último dia 18 de outubro, superando o ex-presidente Carlos
Mesa, um dos principais nomes de centro no país.
Lucho Arce, o novo presidente boliviano, é um economista e professor universitá-
rio. Trabalhou no Banco Central da Bolívia e foi ministro da Economia do país durante
os governos de Evo Morales, entre os anos de 2006 e 2017. Arce é visto como sendo
o grande responsável pelo ótimo desenvolvimento econômico da Bolívia ao longo da
era Morales. Como um dos principais nomes do Movimento pelo Socialismo, partido
de Morales, Arce ajudou a desenhar o conjunto de ações que deram força à economia
boliviana durante as últimas duas décadas. Nesse período, o PIB do país saltou de 9,5
bilhões de dólares para mais de 40 bilhões. Além disso, houve a queda na inflação e nos
índices de pobreza, onde este último indicador caiu de 60% para 37%, segundo a ONU.
Já no belo e também andino Chile, um ano após as revoltas de Outubro de 2019,
onde a população saiu às ruas, entre outras pautas, exatamente com vistas à promul-
gação de uma nova Constituição, comparece um número recorde de pessoas para deci-
direm o futuro da sucateada Constituição, promulgada em 1980 durante a ditadura de
Augusto Pinochet. A mudança foi a forma (e condição) que o governo do presidente
Sabastian Piñera (de direita) encontrou para tentar aplacar a revolta popular que, em
fins de 2019, convulsionou o país. Tais levantes de 2019 foram tão massivos que até a
Cúpula do Clima (ou COP-25), marcada para acontecer em Santiago nos primeiros dias
de Dezembro de 2019 e, também, a final da Copa Libertadores de América, evento em
dia único agendado para fins de Novembro do mesmo ano no principal estádio da capi-
tal chilena, tiveram de ser cancelados. a Cúpula do Clima foi levada para Madrid e o jogo
decisivo, entre Flamengo e River Plate, fora realizado em Lima, no Peru.
Os chilenos decidiram mudar a Constituição em plebiscito realizado em 25 de Outu-
bro de 2020. Por margem ampla – 78% em favor de uma nova Carta versus 22% contra,
nos meses que se seguem pós Outubro de 2020, um novo marco constitucional será
redigido por uma Assembleia Constituinte, uma opção também chancelada pela popu-
lação chilena na votação. Contribuiu, e muito, para o resultado ter havido ampla partici-
pação da população jovem do país.
Em um prazo de nove meses (a um ano), um novo plebiscito será realizado para
aprovar ou não a nova Constituição – uma nova consulta pública obrigatória.

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1.3. Atualidades e Questões mais Críticas na América Latina (em


Especial na Pobre América Central)
A Questão da Miséria.
As Economias Frágeis.
O Aquecimento Global.
Novas Tecnologias e Perdas de Postos de Trabalho.
A Nova Diáspora Migratória.

1.3.1. A Questão da Miséria e das Fragilidades Econômicas

Segundo a CEPAL – Comissão Econômica para América Latina e Caribe, braço da ONU que
promove estudos econômicos e sociais para a região, estima-se que em 2018, 29% dos latino-
-americanos viviam na pobreza e 10% na pobreza extrema, uma porcentagem quase idêntica
à de anos anteriores. São 184 milhões de pessoas, dos quais 62 milhões vivem na indigência,
no limite da subsistência, situado em dois dólares por dia. Estes indicadores, ou seja, de queda
na pobreza ao longo das duas últimas décadas, foram bastante positivos, ou seja, houve de
fato uma forte retirada de pessoas da pobreza na América Latina. Contudo, atualmente consi-
dera-se que em grande parte do continente os Governos perderam a força em manter o ritmo
de retirada de população da pobreza e da miséria.
Elucidando melhor tal questão destaco matéria do portal do Jornal O Globo de 15/01/2019.
Em: https://oglobo.globo.com/economia/taxa-de-pobreza-atinge-184-milhoes-de-pessoas-na-
-america-latina-revela-cepal-23374086

Taxa de pobreza atinge 184 milhões de pessoas na América Latina, revela Cepal
Relatório mostra ainda que 62 milhões de latino-americanos vivem em condições
de extrema pobreza
SANTIAGO - A pobreza extrema afetou mais de 10% da população da América Latina
(AL) em 2017, estimou na terça-feira um relatório da Comissão Econômica para a Amé-
rica Latina e o Caribe (Cepal). São os piores dados desde 2008, e resultam do fraco
desempenho das economias regionais.
A taxa de pobreza extrema passou de 9,9% em 2016 para 10,2% da população em
2017, o equivalente a 62 milhões de latino-americanos, enquanto a taxa de pobreza —
medida pela renda — permaneceu estável em 30%, ou 2% da população, equivalente a
184 milhões de pessoas.
“A proporção de pessoas vivendo em extrema pobreza continuou a crescer, seguin-
do a tendência observada desde 2015”, afirmou a Comissão Econômica para a América
Latina e o Caribe (Cepal) ao apresentar seu relatório anual “Panorama Social da Améri-
ca Latina” na capital chilena.

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— Embora a região tenha alcançado avanços importantes entre a década passada e


a metade da década atual, houve contratempos desde 2015, especialmente em termos
de extrema pobreza — disse Alicia Bárcenas, secretária executiva da Cepal, em entre-
vista coletiva.
De acordo com as projeções da entidade, em 2018 a pobreza cairá para 29,6% da
população, o que equivale a 182 milhões de pessoas (dois milhões a menos que em
2017), enquanto a taxa de pobreza extrema permanecerá em 10,2%.
O Uruguai é o país com o menor percentual de pobreza, com 2,7% de sua população
vivendo nessa condição — enquanto o governo do próprio país aumenta esse número
para 7,9%, como resultado de pensões e transferências recebidas por famílias de baixa
renda. O mesmo ocorre em países como Costa Rica (15,1%) e do Panamá (16,7%).
Ele é seguido pelo Chile, com 10,7% (contra 8,6% da medição oficial). Esta redução
foi associada ao aumento da renda do trabalho em domicílios com menos recursos
O Brasil, que sai de uma recessão, atingiu uma taxa de pobreza de 19,9%, segundo
as estimativas da Cepal, que não fornecem dados sobre a Venezuela
Associa-se a este fato também o fato de que nos últimos 10 anos, mais ou menos,
as economias na América Latina perderam ritmo de crescimento, com grandes países
como a Argentina vivendo sempre em rota de crise (e o Brasil em menor escala). Para
se ter uma ideia, estima-se que apenas em 2017 (em cenário que se seguiu pior ainda
em 2018), o PIB – Produto Interno Bruto venezuelano tenha regredido em 15 por cento,
com uma inflação de mais de 2.000% ao ano. No caso brasileiro, somando as perdas
das Crises de 2015 e 2016, experimentamos uma perda de quase 8 por cento no PIB,
isto em apenas 2 anos, nesta que pode ser considerada como a nossa pior crise em
termos numéricos de perdas no PIB em todos os tempos - e sobre tal assunto veremos
de forma esmiuçada em nossa aula de Atualidades do Brasil.
No fundo, a América Latina sempre foi a região com as economias mais voláteis do
mundo, isto hoje é um fato consumado. Há períodos de expansão e prosperidade que são
subitamente substituídos por outros de estancamento, miséria e piora em índices socais.
Esses ciclos de ápice e queda costumam ser determinados pelos preços interna-
cionais das matérias primas que a região exporta, e pela disponibilidade de emprés-
timos e investimentos que vêm de fora. Quando os preços do petróleo, cobre, café,
soja etc., sobem no mercado mundial, a América Latina prospera. Quando caem, empo-
brece. Esta é atônica de nossa dependência em commodities*, sendo que tais pro-
dutos encontram-se em franca queda em seus preços ao longo dos últimos anos. O
mesmo ocorre com bancos e empresas estrangeiras que quando investem e abrem
crédito, fazem as economias latino-americanas melhorarem. Já quando os emprésti-
mos e investimentos estrangeiros cessam (e isso acontece com frequência ao mesmo
tempo em que os preços das exportações baixam) vem uma derrocada: desvalorização,

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inflação, desemprego, suspensão de programas sociais e quebras de bancos e empre-


sas. Naturalmente, os Governos latino-americanos também são responsáveis por não
fazer com que suas economias sejam menos vulneráveis às oscilações internacionais.
Mas é justo reconhecer que não é fácil neutralizar o impacto de um enorme choque
econômico externo.

* COMMODITIES: Produtos primários minerais e agrícolas, tais como soja, milho, petróleo e
ferro (sem qualquer nível de manufatura) de uso global e que são taxados em bolsas de valores
específicas, tais como a de Seul, Amsterdã e Chicago

1.3.2. A Mudança Climática

É fato que, muito provavelmente por ser uma intempere global, nenhuma região escapará
dos efeitos do aquecimento global, mas segundo a Organização das Nações Unidas, a Améri-
ca Latina é uma das áreas mais vulneráveis às mudanças do clima, as quais continuarão au-
mentando em frequência, força, fatalidades e custos. As razões dessa alta vulnerabilidade do
território vão da geografia às condições socioeconômicas e a demografia. A América Latina é a
região mais urbanizada do planeta: 80% de seus habitantes vivem em cidades, onde a pobreza
é uma realidade gritante que se traduz em casas muito precárias e estruturas urbanas as quais
qualquer tipo de intempere forma o caos. A corrupção também aumenta a fragilidade da região
diante da mudança climática – sendo frequente, por exemplo, que funcionários incumbidos
de fiscalizar as estruturas locais autorizem construções inadequadas e façam vista grossa às
violações de leis urbanísticas em troca de propinas.
A mudança climática trará muito provavelmente os choques externos mais transforma-
dores que a América Latina já viveu. Mudarão onde e de que vivem os latino-americanos, o
que produzem e o que gastam. E quais serão os conflitos domésticos e internacionais que
precisarão enfrentar.

1.3.3. A Revolução Digital e o Emprego

Tais pressupostos do mundo moderno: inteligência artificial, big data, robótica, blockchain,
computação quântica e redes neurais são os campos onde as revoluções tecnológicas mu-
dam o mundo hoje em dia de forma impactante.
As possibilidades que essas novas tecnologias abrem são maravilhosas. Mas os proble-
mas que apresentam também são enormes. Importante efeito indesejável da revolução digital
é a possibilidade de destruir muitos postos de trabalho existentes, sem antes criar outros no-
vos. Assim, na América Latina o impacto da automação sobre o mercado de trabalho deverá
ser ainda mais forte. De acordo com a ONU, nas próximas décadas dois em cada três empregos

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formais na América Latina serão automatizados. O choque externo produzido pela revolução
digital pode ser tão determinante como o da mudança climática.

1.3.4. A Diáspora na América Central


A associação a contextos de letargia econômica, desemprego, pobreza e violência, resul-
tou em uma fuga contínua (que vem ocorrendo, bem verdade, desde a década de 1980, e que
se estende por 2019/2020 de forma ainda mais aguda) de população da América Central.
População basicamente de países tais quais; Guatemala, Honduras, El Salvador, entre outros…
que migra rumo aos Estados Unidos (e que em menor escala já atinge o México também).
Destaca-se que uma eclosão de gangues urbanas e milícias rurais ao longo destas duas úl-
timas décadas colocou os países da América Central no topo do ranking global de violência:
El Salvador e Honduras se revezam na liderança desta carnificina em 2019, com média de
número de homicídios por grupo de 100.000 habitantes aproximadamente 3 vezes acima da
média do Brasil.
Matéria extraída do New York Times, publicada na versão on-line do Jornal Gazeta do
Povo, em 22/10/2018, demonstra a real dimensão deste cenário de fuga na América Central.
Leia abaixo:
Em: https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/america-central-ignora-campanha-contra-
-migracao-feita-pelos-estados-unidos-2ekdtlioj20c06qds1mnjk78y/

América Central ignora campanha contra migração feita pelos Estados Unidos
Pobreza extrema, falta de oportunidades e violência de gangues levam moradores
de El Salvador, Honduras e Nicarágua a tentar fazer a travessia rumo aos EUA
Seis meses atrás, o marido de Liset Juárez arrumou algumas roupas em uma peque-
na sacola, abraçou seus três filhos, despediu-se e partiu em uma viagem de mais de
1.900 quilômetros até os Estados Unidos. Foi sua sexta tentativa de tentar cruzar a
fronteira ilegalmente para encontrar trabalho.
O casal pegou emprestado com um amigo o equivalente a quase US$13 mil para
pagar um traficante de pessoas pela viagem. Juárez disse que seu marido estava ciente
dos perigos – contrabandistas inescrupulosos, travessias perigosas pelo deserto e a
possibilidade de ser sequestrado por cartéis de drogas mexicanos –, mas sentiu que
tinha poucas alternativas na Guatemala, onde havia feito várias dívidas depois que seus
negócios fracassaram.
“O que podemos fazer?”, perguntou Juárez no final de setembro, falando por meio
de um tradutor. “Temos que alimentar nossos filhos.” Ela se recusou a dar o nome do
marido, por medo de que ele fosse preso nos Estados Unidos por agentes de imigra-
ção e alfândega

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O marido de Juárez está entre os milhares de guatemaltecos que vêm ignorando uma
campanha com mensagens em outdoors e propagandas de rádio e TV feita pelos Estados
Unidos e por governos da Guatemala que alertam contra a perigosa jornada para os EUA.
Milhares de pessoas, incluindo famílias inteiras, vindas das terras altas do oeste da
Guatemala – uma área remota, rural e empobrecida, com uma população indígena de
língua maia – fizeram a jornada rumo ao norte, em busca de trabalho e uma vida melhor.
No ano passado (2017), 42.757 guatemaltecos acabaram presos ou parados na
fronteira dos Estados Unidos com o México, segundo dados do serviço de Alfândega e
Proteção de Fronteiras. Eles foram responsáveis por quase metade de todos os migran-
tes que tentaram entrar nos Estados Unidos com seus parentes. E os números estão
aumentando. Dois anos atrás, pouco menos de um terço das famílias paradas na fron-
teira eram guatemaltecas.
Entrevistas com dezenas de pessoas em Concepción Chiquirichapa, uma cidade
de quase dez mil habitantes, com um mercado público vibrante, revelaram que quase
todo mundo tem algum membro da família – ou conhece alguém com parentes – nos
Estados Unidos.
A razão para a diáspora é simples, segundo os moradores: a extrema pobreza.
Pobreza crônica
Cerca de 76% da população das terras altas do oeste da Guatemala está empobreci-
da e 67% das crianças menores de cinco anos sofrem de desnutrição crônica, de acordo
com a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAid).
Mais de um milhão de guatemaltecos nas áreas rurais da região não possuem ele-
tricidade. Muitos têm pouco ou nenhum lucro com o café, o milho, o feijão e outros pro-
dutos agrícolas que cultivam, por causa do constante declínio dos preços. Somente a
produção de café caiu seis por cento desde o ano passado, segundo o Departamento
de Agricultura, e os pequenos agricultores não conseguem cobrir seus custos.
Além disso, os moradores citam o tráfico de drogas, a corrupção generalizada no
governo local e a extorsão que sofrem de gangues como motivos para sua decisão de
deixar cidades e vilas nas terras altas do oeste. “Temos que criar melhores oportunida-
des para as pessoas, para que possam ficar em casa”, afirma Víctor Manuel Asturias
Cordón, que dirige o Programa Nacional de Competitividade (Pronacom), uma agência
do governo guatemalteco que promove o desenvolvimento econômico.
América Central ignora campanha contra migração feita pelos Estados Unidos.
Pobreza extrema, falta de oportunidades e violência de gangues levam moradores de
El Salvador, Honduras, Guatemala e Nicarágua a tentar fazer a travessia rumo aos EUA.
Seis meses atrás, o marido de Liset Juárez arrumou algumas roupas em uma peque-
na sacola, abraçou seus três filhos, despediu-se e partiu em uma viagem de mais de
1.900 quilômetros até os Estados Unidos. Foi sua sexta tentativa de tentar cruzar a
fronteira ilegalmente para encontrar trabalho.
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O casal pegou emprestado com um amigo o equivalente a quase US$13 mil para
pagar um traficante de pessoas pela viagem. Juárez disse que seu marido estava ciente
dos perigos – contrabandistas inescrupulosos, travessias perigosas pelo deserto e a
possibilidade de ser sequestrado por cartéis de drogas mexicanos –, mas sentiu que
tinha poucas alternativas na Guatemala, onde havia feito várias dívidas depois que seus
negócios fracassaram.
“O que podemos fazer?”, perguntou Juárez no final de setembro, falando por meio
de um tradutor. “Temos que alimentar nossos filhos.” Ela se recusou a dar o nome do
marido, por medo de que ele fosse preso nos Estados Unidos por agentes de imigração
e alfândega.
O marido de Juárez está entre os milhares de guatemaltecos que vêm ignorando
uma campanha com mensagens em outdoors e propagandas de rádio e TV feita pelos
Estados Unidos e por governos da Guatemala que alertam contra a perigosa jornada
para os EUA.
Milhares de pessoas, incluindo famílias inteiras, vindas das terras altas do oeste da
Guatemala – uma área remota, rural e empobrecida, com uma população indígena de
língua maia – fizeram a jornada rumo ao norte, em busca de trabalho e uma vida melhor.
No ano passado (2017), 42.757 guatemaltecos acabaram presos ou parados na
fronteira dos Estados Unidos com o México, segundo dados do serviço de Alfândega e
Proteção de Fronteiras. Eles foram responsáveis por quase metade de todos os migran-
tes que tentaram entrar nos Estados Unidos com seus parentes. E os números estão
aumentando. Dois anos atrás, pouco menos de um terço das famílias paradas na fron-
teira eram guatemaltecas.
Entrevistas com dezenas de pessoas em Concepción Chiquirichapa, uma cidade de
quase dez mil habitantes, com um mercado público vibrante, revelaram que quase todo
mundo tem algum membro da família – ou conhece alguém com parentes – nos Estados
Unidos. A razão para a diáspora é simples, segundo os moradores: a extrema pobreza.
EUA buscam alternativas
Alarmados com o influxo de milhares de guatemaltecos na fronteira, as autoridades
dos Estados Unidos começaram a procurar formas mais eficazes de conter o fluxo de
migrantes.
No final de setembro, Kevin K. McAleenan, comissário do serviço de Alfândega
e Proteção de Fronteiras, viajou para a Guatemala, Honduras e El Salvador – os três
países que compõem a maior parte dos migrantes detidos na fronteira sudoeste. Na
Guatemala, ele se reuniu com funcionários do governo, líderes de empresas e comuni-
dades indígenas.
Segundo ele, apenas a aplicação da lei não pode impedir a migração de dezenas de
milhares de guatemaltecos que tentam entrar ilegalmente nos Estados Unidos.”Estou

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aqui para ouvir e entender as questões que vocês estão enfrentando para que possa-
mos trabalhar juntos”, disse a um grupo de autoridades guatemaltecas em um centro
para onde os migrantes retornam após serem deportados pelo serviço de Imigração e
Controle de Alfândegas.
McAleenan também visitou vários projetos financiados pela Agência para o Desen-
volvimento Internacional, incluindo uma instalação de processamento de café na Cidade
da Guatemala e uma fazenda em Quetzaltenango, a maior cidade do planalto ocidental,
onde novas variedades de milho e outros vegetais estão sendo cultivados.
Reunido com vários líderes indígenas em uma mesa redonda em Quetzaltenango,
McAleenan disse que entendia que a maioria das pessoas que saíam da região estava
tentando encontrar trabalho.
Ele lembrou, no entanto, que cruzar ilegalmente a fronteira dos Estados Unidos é
crime e alertou sobre contrabandistas que enganam migrantes desesperados, garan-
tindo que eles podem permanecer nos Estados Unidos se chegarem com as famílias.
“Não há possibilidade de permanecer nos Estados Unidos se você trouxer uma
criança e nem de ficar se estiver grávida”, disse McAleenan. “Precisamos continuar a
fornecer informações precisas para que eles não façam essa jornada perigosa, onde
enfrentam agressões físicas e sexuais.”
Os Estados Unidos devem gastar mais de US$200 milhões em projetos nas terras
altas do oeste nos próximos anos para criar empregos e reduzir a pobreza, disseram
autoridades. E, este ano, têm procurado impedir a imigração ilegal reprimindo duramen-
te que as pessoas cruzem a fronteira – inclusive com a prática, agora extinta e ampla-
mente condenada, de separar as crianças imigrantes de seus pais detidos e de outros
parentes.
Mensagem americana é ignorada
A campanha de mensagens, no entanto, passou em grande parte despercebida.
Nove outdoors na região montanhosa do oeste da Guatemala, pagos pelo governo dos
Estados Unidos, alertam os migrantes em potencial sobre os perigos da viagem ao
norte. As autoridades disseram que também colocaram anúncios em rádio e televisão
com avisos adicionais, a um custo total de cerca de US$750 mil.
Em toda a Guatemala, Honduras e El Salvador, o governo dos Estados Unidos está
gastando cerca de US$ 1,3 milhão na campanha.
Entrevistas com mais de uma dúzia de pessoas na maior cidade do planalto gua-
temalteco e em várias cidades pequenas, porém, mostraram que poucos moradores
viram ou ouviram as advertências. Muitas das pessoas entrevistadas disseram que, de
qualquer maneira, não seriam persuadidas a ficar.
Uma campanha de mensagens paralela e muito mais poderosa feita pelos trafican-
tes de pessoas está ressoando de boca em boca.

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Moradores disseram que veem propagandas diárias dos contrabandistas, ou coio-


tes, que prometem levá-los aos Estados Unidos. Em pelo menos uma estação de rádio
comunitária de Quetzaltenango, os traficantes oferecem regularmente transporte e
ajuda para financiar as viagens dos migrantes para o norte.
Os contrabandistas também são bastante ativos nas mídias sociais. Alguns promo-
vem seus serviços no Facebook, oferecendo-se para levar os migrantes para qualquer
lugar da “união norte-americana”.
A pedido de autoridades dos Estados Unidos, o governo guatemalteco começou a
oferecer recompensas para pessoas que entregam contrabandistas. No entanto, levá-
-las a fazer isso tem sido uma luta “Ninguém os entrega, porque dentro da comunidade
eles não são vistos como pessoas ruins”, explica Dora Alonzo, de 27 anos, que dirige
uma organização em Quetzaltenango para impedir que crianças tentem migrar para os
Estados Unidos. “Mas todo mundo sabe quem eles são.”
McAleenan, o comissário de Alfândega e Proteção de Fronteiras, disse que é cedo
demais para julgar se a nova campanha de mensagens – em espanhol e línguas indí-
genas – funcionou.”Temos que dar um tempo para ver se é eficaz para alcançar esse
público e criar essa dissuasão”, afirmou ele.
Chegada confirmada
De volta a Concepción Chiquirichapa, Liset Juárez conta que seu marido finalmente
chegou aos Estados Unidos depois de quase meia dúzia de tentativas. Ele planeja ficar
três anos. Com o dinheiro que ganha como operário, ela explica que planejam pagar
suas dívidas e economizar para abrir outro negócio.
Perguntada se pretende se juntar ao marido nos Estados Unidos, ela balançou a
cabeça negativamente. “Não posso abandonar meus filhos. Tenho três crianças que
preciso sustentar aqui”.

1.4. A Una Sul X Pró-Sul


A UNA SUL: União das Nações Sul – Americanas (12 países, originalmente)
Embora não seja um bloco econômico, a UNA SUL origina-se basicamente da fusão dos
países do Mercosul + CAN (Comunidade Andina das Nações), este último um bloco econômi-
co criado em 1969 pelo Protocolo de Cartagena.

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A UNA Sul foi criada em 2008, em Brasília. Formou-se através da intenção de se constituir
uma mútua de cooperação entre os países do subcontinente sul-americano com vistas a co-
operações em setores como infraestrutura, energia, educação, transportes entre outros. Ob-
teve êxito inicial por ser realidade um alinhamento entre quase todos os países sul-americanos
em torno de governos de esquerda, onde, tal qual vimos em nossa aula, em fins da década de
00-10 e na entrada da década de 10-20, esteve evidenciado como nunca antes este alinhamen-
to ideológico de grande parte da América do Sul à esquerda.
Com o passar dos anos, contudo, uma série de países que possuiam governos de esquer-
da mudaram os seus rumos político-ideológicos, migrando para a direita, tal qual o Brasil, a
Argentina e o Chile. Sendo assim, a UnaSul se enfraquece, pois o seu propósito originário re-
sidia em torno de um alinhamento com base entre nações ideologicamente governadas pela
esquerda. Neste período (basicamente a partir da segunda metade da década de 2010), ocorre
também o ocaso absoluto daquele que é considerado como país bastião das esquerdas na
América do Sul: a Venezuela.
Por fim, para se discutir, ao menos em tese por parte da nova direita sul-americana, acerca
da crítica situação venezuelana, formou-se um fórum por parte de países de direita do con-
tinente - tais quais Brasil, Argentina, Colômbia (e até o Canadá se incluiu, em um total de 14
participantes), denominado como o Grupo de Lima: associação de países que vem à luz no
âmbito das relações internacionais regionais exatamente com vistas a tentar estruturar uma
agenda de reuniões e debates onde mecanismos que consigam dar solução ao drástico ce-
nário de crise institucional e econômica que se arrasta há anos na Venezuela possam ganhar
envergadura. Visto isto, o Grupo de Lima origina também o embrião para a formação de um
nova mútua dos países sul-americanos, a PRÓ-SUL, englobando nesta mútua apenas países
com direcionamentos políticos de direita.
Em Fevereiro de 2019, um acordo é formalizado no Chile com a presença do Presidente
Jair Bolsonaro, resultando na formação do Pró-Sul, ou PronaSul. Consolida-se, por este, a di-
visão entre a Una-Sul e o Pro-Sul, sendo a primeira uma mútua mais antiga e agora esvaziada,
a qual envolve os países ideologicamente à esquerda da América do Sul (atualmente apenas
o Uruguai, a Bolívia e a Venezuela). Já a nova mútua, chamada PróSul (ou PronaSul), integra
os países da direita, liderados pelo Brasil, Chile, Argentina* e Colômbia.
* Com a volta de um governo de esquerda na Argentina em 2020 (Presidente Aberto Fernan-
dez / vice Cristina Kirchner), ocorre a possibilidade de que o país andino se volte à UNA-SUL.

Em suma:
Unasul (União de Nações Sul-Americanas): iniciado em 2008, reúne, além dos países do Mer-
cosul, Guiana e Suriname. Bolívia e Venezuela também são membros.
Pronasul (Foro para o Progresso da América do Sul): reúne Argentina*, Brasil, Chile, Paraguai,
Peru, Colômbia, Equador e Guiana. Exclui Bolívia e Venezuela, governados por presidentes
de esquerda.
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* Com a volta de um governo de esquerda na Argentina em 2020 (Presidente Aberto Fernadez


/ vice Cristina Kirchner), ocorre a possibilidade de que o país se volte à UNA-SUL

1.5. O Mercosul
Formalizado pelo Tratado de Assunção de 1991, o Mercosul tem seu início conceitual um
pouco antes disto, exatamente quando em meados da década de 1980, Brasil e Argentina ini-
ciam tratativas bilaterais frente à promoção de escalas mais liberalizadas de comércio entre
ambos. Ou seja, a origem do Mercosul se deve à formação de uma Zona de Livre Comércio (ou
ZLC) com base nos interesses bilaterais do Brasil e da Argentina.
Outro embrião importante do Mercosul se encontra na ALADI (Associação Latino-America-
na de Integração), um organismo intergovernamental criado em 1980, que deu continuidade ao
que buscara pela Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC), esta de 1960 - ou
seja, promover a expansão da integração da região com vistas a garantir seu desenvolvimento
econômico e social, tendo como ambiciosa meta finalística promover a criação de um merca-
do comum latino-americano.

Membros do Mercosul

Atualmente, o MERCOSUL possui 5 membros efetivos: Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai


e Venezuela.
Os 4 primeiros citados acima são os membros originais do bloco - que desde o Tratado
de 1991 fazem parte efetivamente. Já a Venezuela, entrou no bloco em definitivo somen-
te em 2012.
Há também os chamados membros associados - no caso Bolívia (desde 1996), Chile
(1996), Peru (2003), Colômbia (2004), Equador (2004), Guiana (2013) e Suriname (2013).

Em dezembro de 2016, por infringir em torno de 75% dos tratados e 20% das normas de livre
comércio, a VENEZUELA foi suspensa do bloco. Meses depois, em agosto de 2017, o país so-
fre nova medida SUSPENSIVA, dessa vez de cunho político, em função de se retalhar a forma
como o governo local e as forças oficiais trataram milhares de oposicionistas saídos às ruas
da capital do país, Caracas, em protestos contra a formação da Assembleia Constituinte per-
sonificada por Nicolás Maduro. Mas, ainda assim, com DUAS SUSPENSÕES nas costas, segue
a Venezuela como sendo um país membro efetivo do MERCOSUL, ok?

Os Estágios de Formação dos Blocos Econômicos

Para que entendamos a atual formatação do MERCOSUL, em conhecimento que servirá


quando mais à frente falarmos sobre o contexto da UNIÃO EUROPEIA, vejamos como evoluem

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os blocos econômicos, as fases para a formação dessas modernas alianças e onde se encon-
tra em 2019 o Mercosul:
1ª Zona de Livre Comércio: é o primeiro estágio de um bloco. Ainda frágil, em termos de
regras formais, mas revestido de protocolos de boa vontade acerca de se fomentar escalas
liberalizadas de comércio entre os países. No caso do Mercosul, ocorre em fins da década de
1980, entre Brasil e Argentina
2ª União Aduaneira (Tarifa Externa Comum): um avanço frente à Z.L.C. Regras mais rígidas
e formação de uma tarifa externa comum. Este é o estágio em que o MERCOSUL se encontra
encaixado mais plenamente hoje em dia.
3ª Mercado Comum: Nessa fase deve ocorrer a integração de seus indivíduos, o que inclui
a livre passagem, livre residência e completa queda de barreiras frente, por exemplo, ao livre
ingresso nos mercados de trabalho. É interessante notar que o MERCOSUL ainda não con-
seguiu de forma plena ingressar nesta fase, pois, entre os países integrantes do bloco, ainda
ocorrem barreiras burocráticas frente à plena liberalização do mercado de trabalho. Em termos
de livre trânsito e residência, tais liberdades já se encontram garantidas (havendo, inclusive,
um passaporte único do MERCOSUL E PLACAS COMUNS DE CARRO ADOTADAS DESDE 2019
em alguns estados do Brasil). Contudo, os entraves relativos a um mercado de trabalho libe-
ralizado fazem com que este estágio, fundamental a um bloco econômico, o de mercado co-
mum, ainda não tenha sido concretizado no bloco de forma plena.

A fim de aprofundar a agenda cidadã da integração, foi aprovado, em 2010, o Plano de Ação
para a Conformação de um Estatuto da Cidadania que visa ampliar e consolidar o conjunto de
direitos e benefícios para os cidadãos dos Estados Partes. Alguns dos pressupostos, contudo,
previstos para ocorrer até 2020, não conseguiram ser colocados para frente ainda, tal qual a
plena liberalização dos mercados de trabalho dos países membros.

4ª União Econômica e Monetária: forma-se pela unificação de procedimentos monetários,


realizada em essência pela instituição de uma moeda única e de um Banco Central comum.
Apenas a União Europeia alçou tal estágio, quando em 1999, institui o Euro como moeda ofi-
cial. Atualmente, encontram-se dormentes tais tratativas para o MERCOSUL dentro deste âm-
bito, tendo havido somente iniciativas pontuais que auxiliam ao intercâmbio de investimentos
e no fomento financista dentre os países do bloco, mas que ainda não formam, e nem de longe,
uma União Econômica Monetária.

Os Principais Mecanismos de Cooperação Existentes no Mercosul

A Corporação Andina de Fomento (CAF), que começou a operar em 1970, é uma instituição
financeira multilateral sub-regional com características de banco de desenvolvimento: Brasil,
Argentina, Uruguai e Paraguai possuem em torno de 20% do capital.
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O Fundo de Convergência Estrutural (Focem), criado em 2004, mas que se tornou opera-
cional apenas em 2007, é um fundo fiscal atrelado ao Mercosul.
No âmbito de um acordo de integração, mecanismos que visem facilitar o comércio intrar-
regional são de especial importância. É nessa perspectiva que se insere o Sistema de Paga-
mentos em Moeda Local (SML), o qual entrou em vigor em 2008, entre Brasil e Argentina. No
SML, a liquidação das transações para os importadores e exportadores é feita em moeda local,
sendo apenas a compensação entre os bancos centrais feita em dólar.

Os Entraves Recentes do Mercosul

O Mercosul não vem conseguindo projetar ao longo dos últimos anos um crescimento consi-
derável, tanto em relação a sua força geopolítica como também em torno de sua força comercial.
Alguns pontos precisam ser compreendidos acerca de certos entraves percebidos, os
quais resultaram no enfraquecimento do bloco. Vamos aos principais, então:
• As assimetrias entre o tamanho das economias e a T.E.C: as tarifas externas comuns
visam determinar padrões iguais e formais ao intercâmbio entre mercadorias por parte
dos países integrantes de um bloco econômico. De forma simplificada, significa dizer
que se o Brasil vende sapato para a Venezuela, e eles também vendem sapatos produ-
zidos por lá ao Brasil, ambos deverão ser taxados nas respectivas alfândegas dos res-
pectivos países em mesma tarifa. Mas no caso do MERCOSUL, o que vem acontecendo
é que uma série de exceções acerca de tais tarifas comuns (as TECs), com vistas a não
se prejudicar os países menos competitivos do bloco, vem tendo espaço. Assim, com
mais de uma centena de exceções na TEC no MERCOSUL, ficou mais difícil consolidar
uma União Econômica no pleno;
• O protecionismo argentino: a Argentina, apesar de ter sido, ao menos no papel, uma
entusiasta e defensora do MERCOSUL, veio ao longo dos anos promovendo medidas
nitidamente protecionistas frente à sua indústria e ao seu mercado consumidor. O pro-
tecionismo ocorre quando um país busca por meio de medidas de aumentos na taxação
dificultar a entrada de produtos estrangeiros em seus mercados, ou retendo a venda
de produtos essenciais com vistas a provocar um aumento em seu preço no mercado
externo, como no caso de sua política externa acerca do trigo e suas iniciativas para
aumentar o preço do cereal artificialmente. O protecionismo fere os princípios basilares
que levam ao fomento a um livre mercado e que permeiam o modelo ideal de funciona-
mento de um bloco econômico;
• Novos parceiros comerciais dos países do MERCOSUL (China ao centro): Um ponto
fundamental em Atualidades acerca do Mercosul reside no fato de que o comércio in-
trabloco vem passando por um declínio ao longo dos últimos quinze anos. Explica-se tal
queda em função da entrada agressiva de um player global: a China como forte parceiro
comercial dos países do bloco e se aproveitando, também, na queda na produção in-
dustrial nos países do Mercosul a qual resulta logicamente em uma consequente perda

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na agressividade sobre os mercados regionais de produtos manufaturados feitos no


próprio Mercosul ( e em especial do Brasil e da Argentina). No caso brasileiro, o gigante
oriental veio ultrapassando tradicionais parceiros comerciais para, atualmente, fixar-
-se como o maior parceiro comercial do Brasil tanto em relação às importações, quanto
às exportações.

Para se ter uma ideia, o Brasil em 2018 comercializou quase 3 vezes mais com a China
em se comparando à Argentina. A China possui atualmente cerca de 20% do comércio exte-
rior brasileiro. Já a Argentina, relegada, ficou como nosso terceiro maior parceiro comercial
(atrás também dos EUA), não conseguindo abocanhar nem 7% das transações internacionais.
No gráfico a seguir, podemos perceber tal dinâmica, de queda no comércio entre o Brasil e
o MERCOSUL ao longo dos últimos anos (2005-2015).

Fonte: https://www.google.com/searchq=queda+nocomercio+intra+mercosul&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ve-
d=0ahUKEwjq2YKpsczaAhVDDJAKHaKlBwoQ_AUICygC&biw=1152&bih=758#imgrc=HfDHGQzI5LkzmM:

A Formação de um Tratado de Livre Comércio entre União Europeia e Mer-


cosul

Ponto fundamental em atualidades sobre o MERCOSUL diz respeito às tratativas frente à


formação de um acordo pleno de liberalização entre a União Europeia e o Mercosul, seguindo
avançadas tais negociações ao longo do ano de 2019.
Ainda sem prazo totalmente definido acerca do fim das negociações entre os blocos, essa
enorme costura multilateral avançou enormemente ao longo dos últimos anos devendo, por-
tanto, logo funcionar na prática.
Tal acordo já vinha sendo costurado, bem verdade, faz mais ou menos 20 anos, mas es-
barrou em alguns pontos. Um deles, bem latente, reside na França e a apreensão que seus
agricultores, sabidamente subsidiados e muito protegidos pelo Estado e pela política agrícola
comum da União Europeia. Há ainda por parte dos setores agrícolas europeus temores acerca
de como a alta competitividade dos parques agrícolas da Argentina e, principalmente, do Bra-
sil, irão impactá-los. Reside também uma premissa, caso um acordo comercial UE/MERCOSUL

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ganhe forma, onde um compêndio de regras mais claras e menos patriarcais por parte dos
governos locais europeus, com o fim dos auxílios à produção agrícola - conhecidos por todos
como “subsídios”, seja realidade.
Interessante observar: pelo fato de o Reino Unido, outra oposição a tais acordos comer-
ciais (com o MERCOSUL, entre outros), em 2020 se encontrar finalmente fora da União Euro-
peia, contribuindo para que avance a costura UE/MERCOSUL. Por fim, os Estados Unidos e
sua nítida política de isolacionismo comercial promovida por Donald Trump, ao dar cada vez
mais as costas a tratativas comerciais multilaterais, também facilitará no andamento deste
acordo. Sem dúvida, um acordo comercial robusto entre MERCOSUL e a União Europeia virá a
ser formalizado e, em pouco tempo, sendo que os anos de 2018 (com Temer) e 2019 (Bolso-
naro) no Brasil (ao menos até o meio do ano) foram fundamentais para que houvesse avanços
nesta questão.
Segundo matéria da Deutche Welle, portal de notícias alemão com ação em todo o mundo,
em sua página na internet datada em 06/06/2019, o acordo comercial está eminente entre
Mercosul – UE. Leiam abaixo a matéria!
Em: https://www.dw.com/pt-br/acordo-entre-ue-e-mercosul-%C3%A9-iminente-dizem-bol-
sonaro-e-macri/a-49093910

MATÉRIA

Acordo entre UE e Mercosul é iminente, dizem Bolsonaro e Macri

Pacto comercial entre a União Europeia e o bloco é negociado há mais de 20 anos.


Em Buenos Aires, presidente sugere apoio à reeleição do argentino e diz que toda a
América do Sul teme o surgimento de “novas Venezuelas”.

O presidente Jair Bolsonaro e seu homólogo argentino, Mauricio Macri, garantiram


nesta quinta-feira (06/06) que a assinatura de um acordo comercial entre a União
Europeia (UE) e o Mercosul é iminente. A declaração foi feita ao fim de uma reunião
entre os dois líderes em Buenos Aires.

“Estamos prestes a chegar a um acordo entre o Mercosul e a União Europeia, eu o


felicito [Macri] pelo seu trabalho. Todos ganhamos com isso”, disse Bolsonaro du-
rante o pronunciamento realizado ao lado do presidente argentino na Casa Rosada.
Atualmente, a Argentina detém a presidência temporária do bloco sul-americano.

Macri endossou a declaração de Bolsonaro. “O Mercosul está completando 30 anos,


e o mundo mudou. Claramente a visão inicial de integração tem que estar focalizada
também em como nos incluímos no desenvolvimento global, que é fundamental para
o futuro de nossos países”, afirmou.
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As negociações entre a UE e o Mercosul se arrastam há mais de duas décadas. Em


2004, os dois blocos chegaram a trocar propostas, mas a iniciativa fracassou diante
da discordância sobre a natureza dos produtos e serviços que seriam englobados
no acordo. Os sul-americanos queriam mais acesso ao controlado mercado agrícola
europeu. Já a UE desejava avançar no setor de serviços e comunicações dos países
do Mercosul.

Nos últimos três anos, as negociações tiveram um progresso mais significativo, mas
ainda esbarram em várias divergências envolvendo a indústria automobilística e a
circulação de produtos como carne bovina. Várias associações de produtores euro-
peus temem a concorrência dos brasileiros, já que estes não ficaram satisfeitos com
o sistema de cotas oferecido pelos europeus.

Na Casa Rosada, os presidentes também conversaram sobre as eleições presiden-


ciais na Argentina. A menos de cinco meses do pleito, Macri, que deseja se reeleger,
caiu fortemente nas pesquisas devido à crise econômica que o país vive há um ano.

Bolsonaro reiterou seu apoio ao mandatário argentino e disse que toda a América
do Sul teme que surjam “novas Venezuelas” na região. “Devemos nos preocupar e
tomar decisões concretas nesse sentido, cada vez mais unindo e somando nossos
povos, buscando em cada um deles seu potencial de maneira irmanada, para que o
progresso e a paz cada vez mais reinem entre nós”, declarou.

Bolsonaro chamou ainda Macri de “irmão” e pediu que Deus abençoe os argentinos
para que elejam com “muita responsabilidade e menos emoção”, em prol da paz e da
prosperidade, em claro apoio à candidatura do atual governante e contra a ex-presi-
dente Cristina Kirchner, embora não tenha mencionado o nome de nenhum candidato.

Em resposta a um protesto na Plaza de Mayo, em frente à Casa Rosada, convocado


por mais de 50 iniciativas sociais contra a visita de Bolsonaro, Macri afirmou que, em
conversas com o brasileiro, ratificou o compromisso da Argentina com os direitos
humanos.

Bolsonaro chegou no fim da manhã em Buenos Aires. Ao contrário de seus anteces-


sores, que tradicionalmente fizeram a primeira viagem oficial à Argentina, essa foi
a quarta visita internacional do brasileiro desde que ele assumiu a Presidência em
janeiro. Bolsonaro já esteve nos Estados Unidos, Chile e Israel.

O Brasil é o principal parceiro comercial da Argentina. Em 2018, o intercâmbio comer-


cial entre os dois países chegou a 26 bilhões de dólares, com um superavit de 3,9
bilhões de dólares para o Brasil.
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Em Buenos Aires, Bolsonaro se reunirá ainda com políticos argentinos e empresá-


rios. A visita oficial termina na sexta-feira com um almoço no Museu Casa Rosada.

A formação de um amplo acordo econômico entre a UE e Mercosul ENTRA EM 2020 bastante


abalada após ter caminhado em céu de brigadeiro ao longo de 2018 e nos primeiros meses
de 2019. E não podia ser diferente. Nossa política externa vem bradando sempre que possível
posições radicalmente contra posições globais acerca de temas tais quais a defesa do meio
ambiente e direitos humanos. Não é recomendável essa falta de maturidade no direcionamen-
to de nossa política externa acerca de temas tão sensíveis globalmente, além de nos indispor-
mos justamente com a Alemanha e a França, os dois países motrizes da União Europeia, tal
como ocorrido nos meses de Julho e Agosto de 2019.

TEXTO COMPLEMENTAR
PARLAMENTO EUROPEU MANIFESTA OPOSIÇÃO AO ACORDO MERCOSUL/ UE
E tal qual vimos em nossa aula, ao longo dos anos do Governo de Michel Temer
(2017/2018) e seguindo no governo de Jair Bolsonaro, as tratativas acerca de um
acordo comercial com a União Europeia por parte do Mercosul avançaram bastante,
isso ao menos até meados de 2019. Mas eis que, a partir da metade do ano de 2019, a
política externa de Bolsonaro, comandada pelo Ministro Ernesto Araújo, promove uma
série de ruídos com os países base da EU, e as negociações frente a um acordo comer-
cial robusto com a Europa começaram a fazer vinagre.
Dentro deste escopo de negociações (e recentes rusgas e frustrações), o Parlamento
Europeu aprovou, em 7 de outubro de 2020, uma resolução que manifesta oposição à rati-
ficação do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, justificadas em função,
via de regra, de preocupações acerca da condução da política ambiental no Brasil
Aprovado por 345 votos a favor, 295 contra e 56 abstenções, o texto diz que nosso
país vai contra os “compromissos feitos no Acordo de Paris, particularmente no com-
bate ao aquecimento global e na proteção da biodiversidade” *
*Ler nessa nossa aula sobre o tema Acordo de Paris
O alerta consta na verdade como emenda a um relatório de 2018 sobre as políticas
comerciais do bloco. O documento concluía que a integração com os sul-americanos
teria o potencial de diversificar as cadeias produtivas da Europa e poderia criar um mer-
cado conjunto de aproximadamente 800 milhões de habitantes.

1.6. A Venezuela
Para entender a atual situação de ocaso político/econômico que a Venezuela vem passan-
do, precisamos remeter sobretudo à história da formação deste governo de esquerda - que

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está em sua segunda geração (pois Maduro sucedeu Chavez em 2013), e que se autodenomi-
na como sendo o “socialismo do Sec. XXI”.

1.6.1. O Contexto do Chavismo e Maduro

Em 1999 ocorre a eleição de Hugo Chávez como presidente venezuelano. Coronel do Exér-
cito, Hugo Chávez uniu as esquerdas venezuelanas no movimento denominado como V Repú-
blica, criado exatamente de seu projeto de estado socialista que logrou vencedor. Até então,
a Venezuela jamais havia possuído um governo de esquerda, e ostentava por décadas alto
crescimento econômico e prosperidade. Na década de 70, era o país com melhor poder de
compra dentre todos da América latina. Esse cenário durou, contudo, até o fim da década de
80, quando (e importante destacar, anos antes da chegada de Hugo Chávez no poder) o país,
que outrora fora chamado como “Venezuela Saudita”, passou a viver uma crise econômica e
política (cenário de extrema corrupção), sendo que Chávez se elege com a promessa de es-
truturar uma plataforma reformista.
Governando a partir de 1999 com uma nova Constituição debaixo do braço, promulgada
em primeiro ano como mandatário eleito, a qual lhe permitia ser reeleito por quantas vezes
fosse referendado por seu povo, Chávez surfou numa onda de alta contínua do preço interna-
cional do petróleo que se estendeu até, mais ou menos, o ano de 2013/2014. Vale destacar
que o petróleo representa 85% das exportações venezuelanas. Como resultado prático, houve
na década retrasada (00-10) melhoras sociais promovidas pelo modelo assistencialista pro-
movido pelo chavismo em uma primeira fase, onde, de fato, milhares de pessoas saíram da
linha da pobreza. Contudo, há uma série de críticas a este modelo “Bolivarista” orquestrado por
Hugo Chávez. Uma delas reside no fato de não ter havido por parte de seu governo qualquer
diversificação nas matrizes econômicas do país, tal qual escalas mínimas de industrializa-
ção, a qual se manteve alicerçada numa dependência absurda nos ganhos do petróleo. Outra
questão fundamental reside no alto custo de se bancar esse movimento socialista que é enor-
memente assistencialista, o qual subsidia até o supermercado das populações mais carentes.
Esse modelo não tinha lastro e, de fato, ruiu à medida que o preço do petróleo começou a cair
a partir de 2012/2013: o barril que chegou a valer algo em torno de 130 dólares (em 2012), caiu
para um piso, em 2016, de 35 dólares. Queda em menos de 4 anos de mais de ¾ de seu preço.
Em meio a isso houve também a troca do comando central na Venezuela: Hugo Chávez
morre as vésperas de iniciar seu 4º mandato seguido, para em seu lugar entrar o seu vice,
Nicolas Maduro, que vem a iniciar seu primeiro governo onde, sob pressão do Congresso,
contudo, fora levado a convocar um pleito separado sendo, finalmente, eleito pela população
venezuelana nos primeiros dias de 2014.
Já em 2016, em meio a uma crise econômica aguda que se estende até hoje, as eleições
parlamentares na Venezuela dão ampla maioria no Congresso venezuelano para a oposição.
No início de 2017, pouco após a posse dos novos parlamentares, Maduro dissolve as atividades do

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Legislativo e convoca em lugar dos parlamentares uma ANC - Assembleia Nacional Consti-
tuinte. Manifestações tomam as ruas de Caracas e mais de 120 pessoas são mortas. Maduro
recua, mas as atividades deste novo parlamento francamente oposicionista são tolhidas pelo
Tribunal Superior.

1.6.2. A Venezuela em 2019/2020

Bom, visto tudo isso, vale alguns destaques em atualidades linkados à esta questão histó-
rica, e também à formação da ANC - Assembleia Nacional Constituinte de 2017; e as ações de
Maduro e das Forças Armadas frente ao combate aos oposicionistas, como ele vem conduzin-
do o seu governo e o ocaso econômico vivido.
Estes são os principais pontos acerca da Venezuela em ATUALIDADES nos ano de
2019/2020: muita atenção agora, ok?
A Venezuela hoje se encontra SUSPENSA do Mercosul. O país é ainda um membro perma-
nente, tendo sofrido, contudo, duas suspensões. A primeira ocorre em 2016, por questões de
cunho econômico e à medida que o país não cumpriu uma imensa parte dos acordos previstos
intrabloco desde seu ingresso, em 2012. A segunda suspensão (em 2017), é sanção punitiva
acerca da forma como Maduro e suas forças (leia-se as Forças Armadas), reprimiram os pro-
testos ocorridos no início de 2017, que confrontaram oposicionistas e partidários, levando à
morte de mais de 120 pessoas.
Em Fevereiro de 2019, apareceu a figura de Juan Guaidó, um parlamentar oriundo dos qua-
dros de oposição que se autoproclamou como sendo o novo Presidente venezuelano. A direita
local até chegou a embarcar nessa, mas ele não conseguiu tomar o poder de fato – e nem ao
menos angariar qualquer reconhecimento internacional, além de Brasil e Estados Unidos (pa-
íses que logo desistiram de oferecer suporte para um golpe sobre Maduro encabeçado pelo
jovem parlamentar).
Maduro convocou, em meados de 2018, uma eleição presidencial a toque de caixa e con-
seguiu ser reeleito, porém, com apenas 42% de participação popular. Isso gerou uma crise de
legitimidade dentro (e também fora) do país acerca de seu novo mandato. Mesmo assim, EM 9
DE JANEIRO de 2019, sob protestos da comunidade internacional e da oposição local, ele toma
posse para mandato que deve se estender legalmente até 2024.
Em 2018, a inflação na Venezuela ultrapassou a casa de um milhão por cento por ano. Isso
mesmo!!! 1.000.000% de inflação!!!!! Sendo assim o país no mundo com a maior crise econô-
mica instalada, ao menos dentre aqueles onde não há uma guerra civil declarada (o que ocorre
hoje apenas na Síria e no Iêmem).
Um ponto em atualidades fundamental, o qual se questiona enormemente, é como por
lá (através da figura de Maduro) ocorreu o solapamento de estamentos basilares do estado
democrático de direito, sendo um deles, como exemplo: o exercício livre e autônomo dos po-
deres. Maduro governa apoiado no Poder Judiciário e Forças Armadas apenas, destruindo o

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Legislativo local – este em franca oposição a seu governo. Ainda dentro deste desbalanceio
dos poderes promovido diretamente por sua atuação frente ao governo da Venezuela, Maduro
molda o Poder Executivo tal qual sua ideologia bolivarista. Aparelhando estatais e a adminis-
tração pública direta e indireta com pessoal dos quadros de seu partido.
A crise migratória na Venezuela já produziu mais de 3 milhões de deslocamentos. Desen-
tendimentos com seus vizinhos fez com que as fronteiras com Brasil e Colômbia ficassem
fechadas por decisão tomada pelo próprio governo venezuelano. No caso brasileiro, foram em
torno de 3 meses de fronteiras fechadas, havendo a reabertura em maio de 2019. Essa crise
foi causada devido às tratativas do Brasil em fornecer ajuda humanitária ao país vizinho, algo
que foi considerado uma afronta por Maduro.

Veja matéria abaixo do G1, de 21/03/2019.

Venezuela fecha fronteira com o Brasil

Bloqueio do lado venezuelano começou às 21h de quinta e, por ordem de Maduro,


não tem prazo para terminar. Grupos de estrangeiros que entraram em Roraima pou-
co antes das 20h (horário local) foram informados pela Guarda Venezuelana de que
não poderiam retornar.

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A fronteira da Venezuela com o Brasil foi fechada na noite após Nicolás Maduro de-
terminar o bloqueio por tempo indeterminado. Normalmente, a passagem é fechada
à noite e reabre por volta das 8h do dia seguinte.

Grupos de venezuelanos que cruzaram a fronteira antes das 20h (horário local, 21h
em Brasília) foram informados pela Guarda Venezuelana de que não poderiam retor-
nar após o horário definido por Maduro. Na manhã desta sexta, moradores do país
vizinho tentavam voltar para lá.

Até as 21h29 o fluxo ainda era liberado para pedestres, no entanto, a passagem de
veículos era proibida. Guardas venezuelanos colocaram cones no meio da pista a
poucos metros do primeiro ponto de fiscalização no país.

O presidente venezuelano determinou o fechamento para tentar barrar a ajuda huma-


nitária oferecida pelos EUA e por países vizinhos, incluindo o Brasil, após pedido do
autoproclamado presidente interino Juan Guaidó. Maduro vê a oferta dessa ajuda
como uma interferência externa na política da Venezuela.

Durante a tarde, após o anúncio do fechamento, venezuelanos correram para Pacarai-


ma, cidade brasileira na fronteira, para comprar estoques de mantimentos. Um comer-
ciante da região relatou aumento de 30% no movimento em relação a “dias comuns”.

No anúncio, feito de Caracas, o líder chavista afirmou que a passagem entre os paí-
ses ficaria “fechada total e absolutamente até novo aviso”.

Do fim da tarde até o início da noite, por volta das 19h (20h de Brasília), houve uma
intensa movimentação de carros carregados com compras saindo de Pacaraima a
Santa Elena. Uma fila chegou a se formar próximo à área de fiscalização venezuelana.

O fechamento ocorre onde seria um dos pontos de coleta dos carregamentos de


comida, remédio e itens de higiene básica enviados à população venezuelana. O por-
ta-voz do presidente Jair Bolsonaro (PSL), Otávio Rêgo Barros, disse que a ajuda
humanitária está mantida

Após 3 meses fechada por decisão unilateral de Maduro, o governo venezuelano resolveu rea-
brir a fronteira com o Brasil em Mai/2019. No caso da fronteira da Venezuela com a Colômbia,
a mesma foi reaberta em Jun/2019, após quase um ano fechada.

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O NÚMERO DE VENEZUELANOS no Brasil bateu, em meados de 2019, cifra na casa de 100.000


indivíduos, os quais, em sua imensa maioria, estão alocados em condições de extrema po-
breza morando nas ruas das cidades de Roraima, principalmente na capital Boa Vista. Peru e
Colômbia são outros dois imensos receptores de imigrantes venezuelanos, perfazendo esti-
madamente mais de 1 milhão de venezuelanos atualmente em cada um destes países. Já em
meados de 2020, o Gov. Federal reviu os dados e estima, através da Operação Retirada, que
algo em torno de 250.000 mil venezuelanos já tenham entrado no Brasil ao longo dos últimos
anos em fuga das condições de vida no país vizinho

Por fim, na entrada de 2020, as relações entre Brasil e Venezuela azedam de vez. Os paí-
ses rumam rapidamente a um rompimento diplomático, o que é péssimo para o Mercosul. Em
Mar/2020, ambos presidentes dão seguimento à retirada de seus representantes diplomáticos
nos dois países.
No campo externo, a Venezuela tenta se segurar como pode com ajuda chinesa, país este
que é atualmente, junto a Cuba, seu parceiro no exterior. No Caribe, as tropas americanas se-
guem em prontidão, como um aviso de que podem, sim, atacar o país e mudar o governo, mas
tal movimentação é vista ainda com cautela por analistas em relações internacionais.

1.7. O Estados Unidos Hoje


A eleição de Donald Trump, em fins de 2016, assombrou o Mundo e surpreendeu até os
mais experientes analistas políticos. Como foi possível um bilionário iniciante na política, de
trejeitos histriônicos, pele alaranjada, “persona” rejeitada até por parcela considerável de ca-
beças de dentro de seu próprio partido (Republicano) levar para si o comando da maior po-
tência global?

1.7.1. A Eleição de Donald Trump e o “Rust-belt”

Eleito através um sistema eleitoral complexo, do tipo indireto, e com menos votos popu-
lares que a tarimbada senadora por Nova York, sua rival Hilary Clinton (algo em torno de 2,8
milhões de diferença de votos pró-parlamentar), o bilionário se valeu da vitória em Estados
chaves do chamado “manufacturing-belt”, o cinturão a Nordeste dos EUA, que fora por dé-
cadas o motor pulsante da indústria global e da pujança financeira, mas que atualmente se
encontra esfacelado por perdas relativas à transferência de plantas fabris para países com
melhores vantagens competitivas (leia-se salários bem mais baixos, leis ambientais frouxas
e sindicatos fracos ou inexistentes), tais como a China, além da Índia, Tailândia, Indonésia e
parte da América Latina, especialmente o México, entre outros.

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Tal retrocesso econômico é resultado direto da nova estruturação econômica global pós-
-fordista (a partir dos anos 1970), intensificado pelo processo de globalização recente e a
abertura da China em definitivo para o Mundo (década de 1990), o qual assolou esta grande
área a Nordeste EUA. Com perdas econômicas (empobrecimento) e de perspectivas, asso-
ciadas a uma depressão urbana onde cidades como Detroit, em Michigan, chegaram a perder
algo em torno de 2/3 de sua população desde a década de 1970, o pujante epicentro da pro-
dução industrial global, que outrora fora conhecido como sendo o cinturão da manufatura,
passou a receber a alcunha de “rust-belt”, o cinturão da ferrugem.

Obs.:
 caro(a) aluno(a), veja abaixo a área compreendida pelo Rust-belt (oficialmente Manufac-
turing-Belt), e no outro mapa, mais abaixo, como se dera a vitória de Trump em parte dos
estados compreendidos (em vermelho os Estados onde os Republicanos venceram).

https://www.google.com.br/searchq=eua+rust+belt&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKE-
wjbqcfQiNnaAhUEC5AKHVWTA_AQ_AUICigB&biw=1152&bih=758#imgrc=xvWblJ1Ly5gKsM:

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Luis Felipe Ziriba

ÁREA DO MANUFACTURING-BELT (RUST-BELT) NOS EUA:

Assim, Donald Trump evoca um discurso em sua campanha em defesa ferrenha desta
população desacreditada e empobrecida do nordeste dos EUA, de origem norte-americana
por excelência (em contraste à população dos Sul dos EUA, em parte de origem hispânica),
calcado no lema “America First”, a que fossem as urnas no dia 8 de Novembro de 2016 e o
elegessem. E ele, alavancado pelos votos em Estados pertencentes ao manufacturing-belt,
os quais votaram nas eleições anteriores no candidato Democrata, tais quais Wisconsin, Ohio
e Pennsylvania vence as eleições.
É interessante que em 2020, Donald Trump perde nos estados acima citados que o ajuda-
ram em sua eleição de 2016.
Um ponto em atualidades em relação ao que fora exposto acima, reside no fato de que A
GUERRA COMERCIAL PROMOVIDA POR TRUMP, FRENTE À CHINA (e veremos mais à frente so-
bre este tema), ocorre exatamente para atender a seu eleitorado do norte dos EUA, que almeja
a volta do emprego industrial através, exatamente, do retorno das plantas indústrias que se
dispersaram dos EUA em direção à China.

1.7.2. A Economia Americana hoje

Os EUA são a maior economia do mundo, e falar sobre este país obriga-nos inicialmente
a comentarmos o atual contexto econômico, bastante positivo até a chegada da epidemia de
Covid-19, porém com peculiaridades inerentes a este gigante global que detém quase 25 por
cento das riquezas produzidas no globo em 2018 (mais precisamente 24,3% de um PIB global
de 74 trilhões de dólares em 2018).
Alguns dados recentes da economia dos EUA 2018/2019:

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• Saldo da balança comercial: Deficit de US$ 700 bilhões (em 2018)


• Crescimento do PIB em 2019: 2,7%
• Taxa de desemprego: 4,7% (em fevereiro de 2019)
• Taxa de Inflação: 1,3% (de janeiro a dezembro de 2019)

Não há dúvidas que a economia norte-americana vem apresentando uma sequência de


boas notícias pré-pandemia: destaque para o desemprego, indicador que atingiu um dos níveis
mais baixos de todos os tempos em 2019, e também o crescimento econômico, estabilizado
em bom índice - 2,0/3,0% ao ano neste primeiro mandato de Donald Trump (até a chegada do
coronavírus).
Para 2020, espera-se uma perda no PIB americano entra 7 a 10% em função dos efeitos
da Covid-19 sobre a economia global.
Divisão percentual do PIB global em 2018:

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No gráfico acima, observe ser latente a presença global americana, e sua dianteira frente aos
outros países do globo. É interessante notar que havia uma previsão, a qual esteve em fran-
co vigor no início da década passada (ou seja, há uns 15 anos), de que, mais ou menos entre
os anos de 2015 a 2018, haveria a ultrapassagem do tamanho da economia chinesa frente à
americana, um evento histórico, sem dúvida nenhuma. Contudo, tal fato não ocorreu conforme
previsto pelos analistas globais. Isso se deve, principalmente, porque nos últimos anos o vigor
do crescimento econômico chinês esteve arrefecido. O país oriental saiu de um quadro onde
os números anuais de crescimento econômico estiveram em torno de 11 a 13 % ao ano, para
crescer atualmente na casa dos 7 por cento. Na outra ponta, os EUA vem recentemente recu-
perando o vigor de seu crescimento econômico perdido, de certa forma, na década anterior.
Sendo assim, em 2019 a economia chinesa representa ainda em torno de 60% do tamanho da
economia norte-americana.

1.7.3. A Pax-Americana X Isolacionismo

Com uma plataforma eleitoral voltada à atenção das necessidades econômicas dos EUA,
xenófoba por excelência por ser ideologicamente repulsiva aos imigrantes, Donald Trump des-
tila já em seu discurso de posse, no dia 20 de Janeiro de 2017, sua pegada afinada à projeção
dos negócios nos EUA (com sua forma peculiar de perceber o papel dos EUA) e como se pau-
taria a partir dali a atuação de seu país. Ressalta que “o poder estava de volta ao povo”, e deixa
claro que não esmoreceria frente ao lema “America First”, tão propalado em seus discursos
de campanha.
Colocada em prática, já nos primeiros dias de governo, Trump demonstra nitidamente que
não caberia mais a promoção de escalas globalizadas como antes, nem de comércio multila-
teral, direcionando assim seu mandato, inclusive, em franca colisão ao que fora levado a cabo
por seu antecessor Barack Obama, em oito anos de governo (2008-2015), e outros presidentes
americanos, tais quais George Bush (pai e filho) e Bill Clinton.
Se por décadas os EUA imprimiram a chamada pax-americana, corolário que buscava sina-
lizar, claramente, que quem os acompanhasse ideologicamente sairia privilegiado nas cartas
do jogo de forças geopolítico e econômico global, com Trump no poder ascende uma mu-
dança. Sua plataforma é escancaradamente isolacionista, e sendo assim, relega arranjos e
acordos com países, a não ser que tais costuras sejam de extrema necessidade e ultravanta-
josas aos EUA.

A Saída do Acordo de Paris

Primeiramente, vale-nos compreender que o Acordo de Paris foi o mais robusto acordo
climático em termos de número de países participantes da história. Fechado na 21ª conferência do

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Clima, realizada em Dezembro de 2015 (ainda com Barack Obama à frente da Presidência dos
EUA), embora não vincule a que países assumam metas de redução de gases de efeito estufa,
tal qual fora conseguido em Kyoto, por este tratado 195 países assumem o compromisso no
sentido de manter o aumento da temperatura média global em bem menos de 2ºC acima dos
níveis pré-industriais e de envidar esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC aci-
ma dos níveis pré-industriais.
Pois bem, com a justificativa de tornar a América grande novamente e com o “ dever solene
de proteger os Estados Unidos e os seus cidadãos, os Estados Unidos vão se retirar do acordo
climático de Paris”, diz assim Trump em discurso em JUN/2016, para em seguida cumprir sua
promessa e retirar-se deste importante Tratado. Se em Barack Obama o mundo possuía um
defensor deste tipo de participação norte-americana mais ativa em questões globais, o isola-
cionismo de Trump vem fazer água nesta questão climática, e também em várias outras de
relevância global, onde a participação dos EUA faz-se necessária.
Em 2019/2020, permanece tal isolacionismo climático impresso desde o seu primeiro ano
de mandato por parte de Trump, inclusive com o aumento de seguidores de tal política isolacio-
nista dentre os países do mundo, sendo o Brasil um expoente. Durante a campanha presiden-
cial, o próprio Jair Bolsonaro declarou que iria também sair do acordo climático global, tendo,
contudo, após tomar posse, desistido de empreender tal manobra.

Saída da Unesco

Em OUT/2017, Trump anuncia a saída dos EUA da Unesco, a agência de educação e cultura
da Organização das Nações Unidas (ONU). A decisão foi tomada e logo depois Israel declarou
que seguirá o mesmo passo. Ambos apontam uma acompanhada postura anti-israelense por
parte da organização.
A decisão americana, válida a partir de 2019, não surpreende: em 2011, ainda sob o gover-
no Barack Obama, os EUA já haviam cancelado sua contribuição financeira para a Unesco em
protesto contra decisão da agência de conceder aos palestinos o status de membros plenos.

A Questão do Tratado de Associação Transpacífico e o Nafta

O isolacionismo econômico tem como primeira medida de governo a retirada do Tratado


de Associação Transpacífico (TPP, na sigla em inglês) por parte de Trump, o qual durante a
campanha fez questão denunciar com veemência o que chamou como um acordo “terrível” e
que “viola”, segundo ele, os interesses dos trabalhadores norte-americanos.
Negociado pelo governo de Barack Obama e visto como um contrapeso à crescente influ-
ência econômica e política da China, depois que Trump retirou os Estados Unidos do acordo
em 2017, Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru, Sin-
gapura e Vietnã ajustaram as pontas e agora assinam uma nova parceria, renomeada como
Acordo Progressivo e Compreensivo Tratado Trans-Pacífico (TPP11).
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Outra medida de impacto, e que dá mais uma dimensão deste isolacionismo comercial
promovido por Trump fora anunciada dias depois a sua retirada do TPP. Para o NAFTA, Trump
diz que seu país só seguiria dentro da Aliança de Livre Comércio dos países da América do
Norte, iniciada em 1994, se Canadá e México aceitassem reiniciar rodadas de renegociação
comercial (entenda-se tarifarias), com vistas a reduzir o saldo negativo do comércio norte-a-
mericano com os dois países-parceiros no acordo. Pressionados, e com medo de perder o par-
ceiro comercial, mesmo a contragosto, Canadá e México iniciam em 2017 novas negociações
visando atender ao interesse dos EUA, para em outubro de 2018, o mandatário norte-america-
no anunciar oficialmente o fim do Nafta como conhecemos e iniciar rodadas individualizadas
de negociações.

Vale destacar que, na segunda metade do ano de 2019, os EUA deram sinais de que estão, em
parte, a esmorecer sua guerra econômica com a China, à medida que consideram ser teme-
rário (e está sendo) à economia global levar-se a ferro e fogo medidas drásticas de taxação a
produtos chineses, mesmo daqueles que são fabricados pelas próprias empresas americanas.
Em sendo assim, as dois lados, Chian e EUA encontram-se presos em conversas intermináveis
para resolver uma guerra comercial prolongada que abalou os mercados financeiros, afetou as
cadeias de suprimento globais e alimentou os temores de uma recessão global.

TEXTO COMPLEMENTAR
O CONFLITO EUA X IRÃ NA ALVORADA DE 2020
Por: Professor Luís Felipe Ziriba
Em 07/01/2020
A política externa de Donald Trump desde o primeiro dia de seu governo, iniciado em
2017, demonstra ser eivada de um viés declaradamente isolacionista. Trump defende
abertamente a saída dos EUA da forma que for possível de várias querelas no Oriente
Médio, tais quais no Iêmen, no Iraque, na chamada “questão Palestina” (onde os EUA
deixam mais claro do que nunca o seu total e incondicional apoio à Israel) e até na Síria.
Se em Barack Obama (2009-2016), pela primeira vez em décadas, os Estados Unidos
reduziram ao longo de um mandato presidencial os seus gastos militares anuais, com
Trump não vimos, contudo, sua política isolacionista acompanhar tal contingenciamen-
to de gastos militares governamentais. Além do mais, sempre que possível, o manda-
tário norte-americano se lança com vistas a imprimir o quão grande é sua aversão aos
povos árabes não alinhados aos Estados Unidos. Percebemos haver um contrassenso
gritante acerca das diretrizes da política externa para o Oriente Médio por parte dos
EUA; se em relação a Arábia Saudita e Emirados Árabes ele faz questão de deixar clara
a sua simpatia a estes países, visto, logicamente, possuir bases militares em ambos
territórios (e buscando também defender o imenso volume de negócios realizado entre

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os americanos e os grandes xeiques do petróleo). Já frente aos xiitas do Oriente Médio


- leia- se Síria e Irã, o seu discurso sempre tratou tais países como inimigos figadais
a serem combatidos.
Entre 2017/2018, vale lembrar, Trump promoveu iniciativas interessantes ao aventar
uma relativa paz frente a seu inimigo comunista Coreia do Norte, sendo aplaudido por
alguns analistas em relações internacionais, inclusive, mesmo assim em seus primei-
ros anos de governo não esmoreceu em relação a suas posições acerca de uma série
de outros países considerados em rota de colisão ao modo como os Estados Unidos
preconizam ser o sistema político ideal: ou seja, democrático e de direita.
O ataque promovido dia 3 de janeiro de 2020 por um moderno drone norte-ameri-
cano, uma aeronave não tripulada, teve como alvo um comboio de veículos dentro do
Aeroporto Internacional de Bagdá. A comitiva com o Gen. Qasem Soleimani, líder da
Guarda Iraniana, associação considerada terrorista pelo Pentágono, vinha da Síria e dei-
xava o aeroporto em dois carros. O ataque aconteceu próximo a uma área de cargas.
O governo americano culpou Soleimani por mortes de americanos no Oriente Médio e
afirmou que o objetivo foi deter planos de futuros ataques iranianos. Segundo Trump
era inevitável. Mas devagar com o ardor, pois tal evento não trará uma terceira guerra
mundial, disso podem todos saber, mas importa-nos acompanhar as cenas dos próxi-
mos capítulos.
Por fim, aqui no Brasil a nossa política externa, comandada pelo chanceler Ernesto
Araújo - escancaradamente americanófila, revela, como era de se esperar mesmo que
ainda timidamente, o seu apoio formal aos EUA.

Abaixo temos uma matéria publicada no site da infomoney, veículo especializado em fi-
nanças e investimentos, dá uma dimensão do que está também por trás da guerra comercial
promovida pelos EUA, publicada em Ago/2019.

MATÉRIA

Em: https://www.infomoney.com.br/colunistas/ivo-chermont/guerra-travada-por-
-eua-e-china-nao-e-so-comercial-ela-e-tecnologica/

Guerra travada por EUA e China não é só comercial: ela é tecnológica

A guerra Trump-Xi subiu de tom. Há um tempo já se percebeu que não se trata de re-
duzir o déficit comercial dos americanos contra os chineses, mas de limitar a capaci-
dade de um competidor global na tecnologia de ponta. Nessa reedição da guerra nas
estrelas, os EUA parecem ter mais alavancagem, mas não vai ser simples exercê-la.

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Os chineses têm tempo, paciência e espaço de manobra econômica para aguentar


por muito mais tempo.

Já está claro que a Guerra comercial travada por Trump há mais de dois anos não
tem nada de puramente comercial. O objetivo não pode ser apenas reduzir o déficit
de US$ 200 bilhões a US$ 300 bilhões entre os dois países.

Os objetivos são maiores e têm relação com a importância que a China vem obtendo
ano a ano no mercado de inteligência artificial, robótica e todo aquele cenário Blade
Runner que volta e meia a gente se depara em vídeos institucionais ou relatos de
viajantes para a China ou Vale do Silício. E é por isso que a Huawei está no centro da
disputa. Voltaremos a isso um pouco abaixo.

Na semana passada, Trump anunciou que pretende elevar para 10% as tarifas nos
últimos US$ 300 bilhões que os Estados Unidos importam em bens chineses. No
final de semana, a moeda chinesa ultrapassou a marca de CNHUSD 7, algo quase
sem precedente e sinalizou para muitos uma intenção por parte do governo chinês
de elevar o tom da guerra ao usar desvalorizações cambiais.

Os riscos subiram muito nos últimos dias As estocadas de lado a lado são mais
consequência de uma situação de paralisia nas negociações do que a causa. O que
está realmente acontecendo é que os dois lados da moeda parecem acreditar que
tem muita alavancagem sobre o outro e, tão importante quanto isso, tem espaço de
manobra econômica para não negociar, se dando ao luxo de tentar esticar a corda
até que o outro lado pisque e ceda.

A desvantagem do lado americano é o tempo. Trump tem uma eleição para enfrentar
em 2020. Então, sua habilidade tem que ser extrema para a corda não arrebentar e
acabar gerando uma recessão e um recuo das bolsas que torne sua reeleição impro-
vável. Ainda parece estarmos longe dessa situação. O Fed pode cortar os juros, o
espaço fiscal ainda pode ser usado e há uma explícita intenção em usá-los, como na
concessão de subsídios para o importante setor agrícola americano.

No lado chinês, as restrições políticas temporais são menores, mas não são peque-
nas. Na China, a história conta. E fazer ilimitadas concessões aos americanos coloca
Xi Jinping em uma posição difícil tendo em vista a grande resistência que os chine-
ses tem de se colocar vulneráveis a forças globais. A vantagem chinesa é a maior
desregulação institucional do país, que dá ao governo espaço importante de ação
fiscal, creditícia, monetária e, por que não, cambial.

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Em resumo, nenhum dos dois lados vê vantagens políticas ou necessidades econô-


micas para seguir uma negociação agora que seja visto como muito vantajosa para
o rival.

E no meio disso, está o setor de tecnologia. E aí o emaranhado e as interdependên-


cias dos países são maiores ainda.

Por um lado, a China possui a maior e principal empresa de 5G, a Huawei. As duas
únicas competidoras mundiais seriam as nórdicas Nokia e Ericsson. Caso os EUA to-
mem medidas extremas a ponto de asfixiar a empresa, estima-se que o impacto que
teria sobre os preços da tecnologia 5G seria gigantesco. Portanto, os EUA possuem
uma certa dependência da Huawei.

Por outro lado, para a China desenvolver tecnologia, faz-se necessário um setor de
semicondutores, cujo maior ofertante global, de longe, é os EUA. Portanto, a China
tem duas alternativas, ser um ótimo cliente dos semicondutores americanos ou
demorar alguns anos para talvez desenvolver o próprio. Até lá, a China terá ficado
para trás.

E o labirinto continua. Para o setor tecnológico americano, há um insumo necessário


chamado de “terras raras”. Cerca de 80% da produção dessas terras raras vem da
China.

É isso mesmo. Há uma situação de quase monopólio e quase monopsônio [estrutura


de mercado caracterizada por haver um único comprador para o produto de vários
vendedores] de um lado a outro que torna quase inviável imaginar que os dois países
vão romper de vez. Há muita coisa em jogo. E tampouco há um interesse que isso
aconteça.

Portanto, se o entrelaçado tecnológico dos países torna o divórcio impossível na


prática, e as restrições político-econômicas torna o casamento improvável no curto
prazo, a solução de curto prazo que parece se apresentar como mais provável é que
fiquemos nesse meio do caminho por um longo período, em pequenos ciclos de es-
tresse e alívio.

No entanto, acreditamos também que esses pequenos momentos de ataque de um


ao outro vão criando feridas difíceis de cicatrizar. E na nossa avaliação, os america-
nos têm mais armas fatais.

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Os chineses possuem esse monopólio de produção das terras raras, mas não são os
únicos que possuem esse insumo. Austrália e a Califórnia também a possuem, mas
não a produzem por ser muito poluente.

A China possui uma grande quantidade de títulos do tesouro americano. Podem ven-
der a mercado e machucar a economia deles? Parece provável que existe um buro-
crata genial na China que consiga administrar US$ 3 trilhões em treasury sem afe-
tar o próprio valor das reservas chinesas? Pequenos sustos e estocadas vindas dai
pode até ser possível, mas desconfiamos que isso não é possível como estratégia
estrutural. Além do mais, eles venderiam as reservas e alocariam aonde? Em títulos
negativos de países desenvolvidos? A moeda segue a mesma ideia. Eles poderiam
fazer uma desvalorização mais acentuada da sua moeda.

Mas, lembremos que os chineses estão há muitos anos tentando tornar o remimbi
uma moeda global, utilizada no comércio intra-asiático. Não me parece que desvalo-
rizar de maneira aguda sua moeda vá ao encontro a esse objetivo maior e de longo
prazo. E os chineses poderiam fechar seus mercados, tornar-se hostis a grandes em-
presas americanas. Se há aliado importante da China dentro dos EUA são as grandes
empresas, que inibem Trump de traçar medidas mais radicais. Então, criar um am-
biente ruim com Google, Amazon, Facebook, entre outros, não me parece também
uma boa estratégia.

Elencando assim, fica fácil perceber que a China não possui tantas armas quanto
sugerem sua força econômica. Seu líder, Xi Jinping, por isso mesmo, terá que admi-
nistrar a pressão interna e externa e tentar ganhar terreno à medida que a economia
americana mostrar alguma fraqueza.

Do lado americano, como falei, a maior restrição é a eleição e a dificuldade que Trump
teria no caso de uma recessão ou um grande ajuste no mercado de ações. Suas ar-
mas são fortes nos ataques para a China.

Além do quase monopólio no mercado de semicondutores, que citei anteriormente,


Trump tem feito uso das tarifas para tentar atingir a China e, o que seria extremo,
mas possível, aumentar a lista de restrição de exportações. Esse tipo de mecanis-
mo cria um obstáculo para que empresas chinesas adquiram insumos de empresas
americanas, o que no limite pode asfixiá-las e torná-las inoperantes, como já ocorreu
com uma empresa chamada Fujian Jinhua.

Em resumo, estamos presos nessa armadilha e será difícil desarmar a bomba em um


curto espaço de tempo. Que tenhamos armas para nos proteger das nuvens negras
que se desenham no horizonte.
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A QUESTÃO SUPREMACISTA NOS EUA


Os Estados Unidos são o país no mundo com a maior quantidade absoluta de imigrantes in-
seridos na população. Residem hoje por lá em torno de 40 milhões de estrangeiros, para um
contingente total de 330 milhões de habitantes.
Desde a década de 1960 até a entrada deste século, os EUA promoveram políticas de cunho a
facilitar a entrada de imigrantes. Porém, tal processo tem fim, de certa forma, com os ataques
terroristas de 11 de Setembro de 2001. Assim, ao longo da década passada, e desta década
também, políticas de cunho a dificultar a entrada de imigrantes tomaram corpo no país e, com
Donald Trump à frente da presidência, se encrudescem tais iniciativas de forma radical.
Além das questões relacionadas ao tecido social promovidas pela massa de imigrantes cons-
tantes na população americana (tais quais a questão da presença no mercado de trabalho,
o dinamismo econômico e também aspectos legais e jurídicos), os EUA atravessam tempos
onde também o tecido racial vem rasgando, e para consertá-lo em nada colabora o modelo
xenófobo e abertamente racista de Trump de se perceber a sociedade americana como um
todo. Muito pelo contrário.
O ano de 2017, o primeiro completo de Donald Trump à frente dos EUA, fora marcado por su-
cessivos distúrbios, principalmente pelo interior dos EUA, confrontando posições de grupas
defesa dos imigrantes e negros e os grupos denominados supremacistas.
Em Charlottsville, Virginia, uma passeata em AGO/2017 de cunho antirracista se transforma
em tragédia. De posse de seu veículo Dodge Challenger, o jovem James Alex Fields, declara-
damente um defensor da supremacia americana, mata uma pessoa e fere outras 19 ao avan-
çar com seu bólido sobre a multidão. Pelas cidades do país, de norte a sul, o que se percebe
ao longo do ano é a mesma situação. Uma série de distúrbios e uma crescente considerável
nas mortes em função do confronto étnico-racial. Se por um lado os EUA ao longo dos últimos
tempos vem diminuindo suas taxas de homicídios por causas econômicas, ou uso drogas, por
outro aumenta consideravelmente após a eleição de Trump o número de mortes por causa de
questões raciais e étnicas.
Os supremacistas são a parte da população norte-americana que considera indesejável, e de
estirpe inferior, os imigrantes, judeus e também os negros. Preconizam um país livre destas
minorias, e reivindicam ao menos que possam bradar livremente seus discursos, colocando
a frente de tudo sobretudo a superioridade branca. Estima-se haver algo em torno de 920 or-
ganizações deste tipo no EUA em 2017.
A verdade é, com Trump à frente dos rumos da nação, tais grupos sentem-se à vontade para
sair em defesa dos mais radicais ideários e discursos supremacistas. Não que tais grupos te-
nham nascido a partir da eleição de Trump, pelo contrário, são enraizados nos EUA há tempos,
mas à medida que um Presidente norte-americano se identifica claramente com a xenofobia,

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chegando-se a referir que os grupos de latinos de El Salvador e Nicarágua eram oriundos de


“shit-countries”, ou países de merda, e se apoia para ter sido eleito exatamente neste eleito-
rado mais radical, o qual não vinha participando ativamente dos pleitos anteriores, (principal-
mente nas duas eleições de Brack Obama), há evidentemente um cenário francamente aberto
a ação destes grupos, sendo isso que vem sendo visto acontecer ao longo deste mandato de
Donald Trump.

Texto Complementar: OSCAR 2019 – FILME INFILTRADO NA KLAN


Vencedor do Festival de Cannes de 2018, sendo também um dos concorrentes ao
Oscar 2019 em várias categorias, inclusive a de Melhor Filme, o diretor americano de
descendência africana Spike Lee veio às telas em 2019 com um filme que retrata uma
história passada em 1978. Neste, um policial negro se infiltra na Klu Klux Klan, organi-
zação supremacista norte-americana. Ao fim, o diretor imprime uma crítica severa ao
momento atual dos EUA, com a volta da força de discursos segregacionistas/suprema-
cistas mostrando cenas de manifestações nos EUA de grupos nazifascistas e também
como Trump referenda a ação destes grupos em seus discursos.

TEXTO COMPLEMENTAR
GEORGE FLOYD E O #BLACKLIVESMATTER
Em 25 de maio de 2020, George Floyd, um cidadão americano negro, desempregado
e com algumas passagens pela polícia, foi detido pela polícia de Minneapolis, capital de
Minnesota. Um vídeo mostrando a prisão de Floyd e a forma como o oficial de polícia,
Derek Chauvin, procedeu viralizou logo em seguida.
Algemado, de bruços no chão após sofrer acusação de tentar passar uma nota falsa
de $20 dólares em um mercado na tentativa de comprar cigarros, além de supostamen-
te haver resistido à prisão, Floyd acaba morrendo sufocado. Tudo registrado em vídeo
onde por mais de 8 minutos o policial fica com o joelho sobre a sua garganta e ele súpli-
ca por ar.
A desastrosa ação empreendida pelo policial Chauvin provoca uma onda de pro-
testos em todos os Estados Unidos e reacende uma questão que, na verdade, nunca
esteve dormente. O tecido racial norte-americano é rachado ao extremo, se encontran-
do a violência policial, escancaradamente, como uma evidência mais do que latente
de que algo está muito errado por lá já faz décadas. Faz séculos, aliás. E com Donald
Trump à frente do poder nada muda, aliás, vem piorando.
Criado em 2013, o movimento black lives matter - vidas negras importam, busca
denunciar e mostrar exatamente a forma agressiva com que policiais americanos
tratam vidas e à integridade física e moral de negros, reivindicando por Justiça, para
que esses policiais sejam usados e respondam por seus crimes.

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E lá atrás, há 7 anos, foi a indignação frente a absolvição de Jorge Zimmermann, um


homem branco que havia matado com vários tiros Trayvon Martin, um jovem negro de
17 anos, que impulsionou a criação deste que hoje se tornou um dos mais importantes
movimentos de combate ao racismo da atualidade.
A professora, escritora e ativista Negra, Alicia Garza, ao se revoltar vendo mais uma
vez um crime cometido por brancos contra negros recebendo salvo-conduto da Justi-
ça americana, posta então em suas redes sociais um depoimento indignado: “pessoas
negras, eu amo vocês, eu nos amo, vidas negras importam”. Em seguida, outra ativista,
Patrície Khan, replica a mensagem e cunha a hashtag #blacklivesmatter.
Logo em seguida mais uma outra ativista negra replica tal mensagem de indignação
e cria-se assim um movimento que, em 2020, conseguiu com que em várias cidades
americanas a população saísse às ruas em protesto contra o racismo.
Embora o black lives matter não proclame ser um movimento hierárquico e guerri-
lheiro, suas bandeiras estão associadas aos principais movimentos negros históricos,
tais quais os panteras negras, ou a luta contra o apartheid na África do Sul.
Black Lives Matter é uma intervenção política e ideológica em um mundo onde vidas
negras são sistemática e intencionalmente desaparecidas” diz o site do movimento.
“É uma afirmação da humanidade das pessoas negras, da nossa contribuição para
a sociedade, da nossa resiliência em face dessa opressão fatal”. Trata-se, portanto,
também de um movimento em incentivo por mais protestos e mais atos de resistência
em luta contra o racismo no mundo todo. Nessa seara até a Fórmula 1, esporte elitista
e quase sem conexão com o mundo real, se rendeu. Propondo que seus pilotos, ao ini-
ciarem a temporada atual na Áustria, que se ajoelhassem ao se apresentar ao público
na primeira corrida do ano, como referência ao antirracismo e George Floyd. Vimos a
maioria dos corredores (14 pilotos dentre 20 assim procederam) curvando-se de forma
inédita contra o racismo.
Nascido no universo que as redes sociais projetam, com a morte de George Floyd,
vimos mais uma vez a força de manifestações convocadas virtualmente com vistas
ao combate de desigualdade e injustiças latentes. Vale lembrar que os movimentos
#occupywallstreet (20011 e 2012) e também nos recentes protestos no Chile (desde
Out.2019), a força virtual se fez totalmente presente, sem esquecer de uma insurreição
da dimensão da Primavera Árabe, onde em alguns países árabes o que era impensável,
ou seja, a volta de democracia, obteve início também através do meio virtual.

1.7.4. Os EUA e a Coreia do Norte: 2018/2020

A grande novidade na relação dicotômica-ideológica no ano de 2018 entre os EUA e a Co-


reia do Norte se deve à aproximação inédita entre ambos os países. Se em seu primeiro ano
(2017) como mandatário Trump recebeu seguidas ameaças do líder norte-coreano, o tresloucado

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Kim-Jong- Un, que bradava de forma explícita que estaria intencionado a atacar os EUA com
mísseis antiaéreos, em 2018 uma mudança em torno desta retórica veio à tona e ganhou con-
tornos importantes. Já nos primeiros dias de 2018, o líder comunista acenou aceitar que fos-
se desenhado um acordo desarmamentista, dispondo-se, inclusive, a reunir-se com Trump
para que dessem início ao fim das animosidades entre os países.
Assim, em 12 de junho de 2018, na cidade-estado de Singapura, os dois líderes que eram
outrora inimigos declarados se reuniram e selaram a paz entre os dois países. Em troca, ali
mesmo, os EUA ofereceram - sob a condição de que a Coreia do Norte se comprometesse a se-
guir uma agenda desarmamentista, dar fim aos inúmeros embargos econômicos que vinham
sendo impressos contra o regime ditatorial da dinastia dos Kim no país comunista, medidas
estas originadas quase que exclusivamente pela política externa repressiva norte-americana.
Para 2019, tal aproximação caminhou em curso estável: em março, Trump não autorizou
ao Tesouro norte-americano promover mais sanções econômicas ao regime de Kim-Jong-
-Un e, em Julho, o mandatário norte-americano amenizou os temores emanados por parte
da Coreia do Sul acerca dos testes de mísseis feitos pela Coreia do Norte. A interlocutores,
o presidente americano faz questão de afirmar que simpatiza e confia no líder norte-coreano.
Em 2020, embora sem maiores ações histriônicas por parte de ambos ex-inimigos a que sejam
incrementadas maiores escalas de aproximação, visto também que a quase totalidade dos
esforços se concentraram na pandemia de Covid, os EUA e Coreia do Norte permanecem em
paz, desfrutando dos avanços promovidos ao longo dos dois anos anteriores. Joe Biden, o
presidente eleito nos EUA, não recebeu nenhum tipo de felicitação por parte de Kim-Jong-Un.
Analistas internacionais deixam claro, contudo, que caso Trump se reelegesse haveria, com
quase certeza, felicitações por parte do ditador norte-coreano.

1.7.5. A Eleição de Joe Biden

Longe de ter transitado em mar de tranquilidade ao longo dos seus primeiros 3 anos de
governo pré-Covid (201-2018-2019), ao menos Donald Trump possuía a seu favor indicadores
econômicos relativamente robustos, com bom crescimento do PIB e baixíssimo desemprego.
Bem ou mal, sua aprovação ficava na casa dos 50% até a entrada do ano de 2020. A impres-
são era que Trump não havia puxado ninguém do séquito oposicionista a ele, mas, ao mesmo
tempo, mantinha a outra metade do país que o apoiava desde as eleições de 2016 ao seu lado.
Podemos afirmar que até a entrada da pandemia de Covid, a chance de Trump ser reeleito era
bem alta, e nem o processo de impeachment que atravessou (sendo prontamente absolvido
na entrada de 2020) parecia abalar tal convicção. As eleições de novembro de 2020 demons-
traram que o cenário mudou e Trump perdeu.
Joe Biden se tornou o presidente mais idoso a ser eleito nos EUA em todos os tempos.
Com 78 anos, o Senador do Partido Democrata pelo minúsculo estado de Delaware foi eleito

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oficialmente após 11 dias de contagem de votos, em 14 de Novembro. Levou no voto popular


e no colégio eleitoral.
Sem qualquer apoio oficializado do (mal) perdedor Donald Trump, que em uma primeira
fase anunciou aos 4 ventos que iria em busca de seus direitos no Judiciário por considerar
uma fraude o atual pleito, Joe Biden tem como desafios desatolar a economia e tentar atar
novamente um país, que, tal qual o Brasil, se encontra rachado em função, fundamentalmente,
de um Presidente (Trump) que promoveu de forma irresponsável políticas segregacionistas e
sem qualquer vínculo a uma agenda minimamente plural em termos sociais.

TEXTO COMPLEMENTAR
Por: Luís Felipe Sampaio, em 21/05/2019
O conservadorismo de direita no mundo em 2019/2020:
A maioria dos países do globo possui atualmente em seus comandos centrais
governos de direita. Isso não é um fenômeno novo, longe disso, nem algo que deva ser
classificado como sendo ruim ou bom. O fato é que a globalização, ao menos como
conhecemos, combina com livres mercados, fundamento este basilar do pensamento
de direita. Além de tudo, os mais de 140 países democráticos do mundo tendem, em
maioria esmagadora, a eleger atualmente mandatários de direita, ou de centro-direita.
Seria uma tradição democrática escolher governos de direita? Talvez sim.
Na outra ponta, o comunismo, via de esquerda mais radical, impera hoje somente
à frente de governos centrais no Vietnã e China, em embalagem ditada em ambos por
um “socialismo de mercado” - também na Coreia do Norte (o regime considerado mais
fechado no globo), e em Cuba (último pilar do comunismo ditatorial nas Américas)
tem-se contudo dois baluartes mais radicais. Outros pouco países, por vias democrá-
ticas, tal qual a Venezuela, Nicarágua e Bolívia (ao menos até a queda de Evo Morales
em fins de 2019) escolheram regimes à esquerda que persistem, uns mal das pernas,
outros melhores.
Mas o que chama a atenção, e vale o destaque aqui por ser ponto extremamen-
te importante em Atualidades, é exatamente como em alguns países, muitos desses
bastante importantes no cenário global, ascenderam recentemente governos de viés
declarado de extrema direita, CONSERVADORES EM ESSÊNCIA. Nesta seara, via de
regra, imperam assim sistemas políticos que não possuem habilidade em conviver com
o contraditório, sendo praça para discursos e ações de cunho xenófobo, racista e autori-
tário que bradam o resgate de costumes e das tradições familiares, além do liberalismo
econômico. Vejamos os casos que mais chamam a atenção em 2019:
EUA
Donald Trump deu seguimento ao longo do seu mandato de quatro anos, convicto,
em seu governo ao isolacionismo e em larga medida de cunho xenófobo. Em meados

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de 2018, chegou a separar imigrantes legais de seus filhos em instituições diferentes,


causando a ira de organizações globais de defesa dos direitos humanos. Já não faz
mais parte da UNESCO e do Acordo do Clima de Paris, e saiu até, em meio à pandemia
de Covid, da Organização Mundial da Saúde. Sempre que pode se declarou defensor
de supremacistas brancos de seu país, jamais chancelando qualquer tipo de ação em
defesa a negros, tais quais vimos espocar nas cidades de seu país após a morte de
George Floyd com o mote #blacklivesmatter, dentre outros.
HUNGRIA
Viktor Oban em seu terceiro mandato busca ter controle sobre o ensino estatal supe-
rior, por considerar, tal qual no Brasil, atualmente haver um núcleo marxista impresso
nas universidades, além de proferir discursos xenófobos contra imigrantes. Em 01 de
janeiro de 2019, esteve aqui no Brasil, exatamente para a posse de seu novo amigo de
direita, o Presidente Jair Bolsonaro.
FRANÇA
Embora não seja comandada por um Presidente representante da direita conser-
vadora (Emannuel Macron), o que se vê no país é a ascensão deste tipo de discurso,
onde Marine Lepen, figura baluarte da direita conservadora vem de sua terceira tenta-
tiva como candidata à presidência, sempre ficando entre os três primeiros, sendo que
na última eleição, de 2017, perdeu apenas no segundo turno exatamente para Macron.
ALEMANHA
Na Alemanha o Partido Alternativa para a Alemanha, de viés declaradamente xenó-
fobo e racista, conquistou nas mais recentes eleições parlamentares (fins de 2018)
quase 15 por cento das cadeiras, assombrando os analistas políticos. Desde o 3º Reich,
com Hitler, um partido de extrema-direita não obtinha tanto espaço no parlamento local.
FILIPINAS
No distante país do Pacífico, com uma das maiores populações globais e um dos
piores índices de desenvolvimento humano, o atual presidente Rodrigo Duterte se lança
desde sua campanha em comunhão a um discurso altamente conservador, estrutura-
do no combate às drogas, à prostituição e ao homossexualismo. Conhecido por suas
declarações bizarras, onde até mesmo o Papa fora chamado de filho da **** em oca-
sião de sua visita ao país, sendo absurdamente acusado de causar um enorme engarra-
famento na capital Manila, Duterte cria um estado de exceção; lota penitenciárias com
levas enormes de acusados de uso e tráfico de drogas e autoriza a polícia a matar sem
piedade. Recentemente, em Jun/2019, chegou ao cúmulo de declarar ter sido homos-
sexual, mas contudo diz ter sido salvo por um séquito de “mulheres bonitas” em sua
vida.
PARAGUAI
Em 2018, o jovem Mario Benitez, de 46 anos, também vestindo a roupagem do conser-
vadorismo de direita assume pela primeira vez o governo no Paraguai. Contudo, o novo
mandatário busca associar sempre que possível sua persona e os preceitos indutores de
seu governo fundamentalmente ao estado democrático e aos direitos humanos.
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2. Atualidades Europa, Oriente Médio Rússia e China


2.1. A Europa, União Europeia e seus Contextos Atuais mais
Importantes
2.1.1. O Contexto da União

A União Europeia é a mais importante iniciativa frente à formação de uma zona co-
mum de países a ser realizada com vistas à promoção de uma integração comum na
história da humanidade.
Tal qual vimos em nossa primeira parte desta aula, quando falamos sobre o Mercosul, os
blocos multilaterais atendem a estágios específicos em sua formação. Possuem uma origem
seminal na formação de uma Zona de Livre Comércio, seguindo-se à formação de uma União
Aduaneira, chegando ao Mercado Comum (integração de pessoas, trabalho, bens e serviços)
para, finalmente, e aí apenas a União Europeia foi quem realizou tais etapas dentre todos os
instrumentos já existentes de cooperação multilaterais, chegar-se à uma União Econômica e
Financeira(monetária). Neste último estágio, unificam-se atividades monetárias e bancárias,
sendo, digamos assim, a cereja no bolo a criação da zona do Euro em 1999.

Resumo

Zona de Livre Comércio / Un. Aduaneira / Mercado Comum / Un. Econ. Monetária
Bom, no mapa abaixo tem-se quais são os países constituintes da União Europeia, em
2020. Vale destacar que eram 28 PAÍSES AO TOTAL, contudo, após formalizada a saída plena
do Reino unido em 31 de janeiro de 2020, temos 27 INTEGRANTES (por isso o nome EUROPA
dos 27, tal qual exemplificado na legenda), sendo a Croácia o último país a ingressar, em 2013.

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Os 27 Países da União Europeia: Europa dos 27 em 2020

2.1.2. A Zona do Euro

Como visto acima em nossa aula sobre o Mercosul, os blocos possuem fases em sua
formação, sendo que a União Europeia conseguiu promover um encadeamento completo de
todas as fases constituidoras de um bloco econômico, exatamente ao consolidar a sua União
Econômica Financeira e Monetária, realizada pela Zona do Euro. Criada em 1999, mas somente
colocada em prática alguns anos depois, em 2002, a Zona do Euro dispõe que as transações
dentro dos países constituintes do bloco devem ser feitas por uma moeda única. Atende aos
preceitos ditados belo Banco Central Europeu (com sede em Frankfurt, na Alemanha), institui-
ção esta que estabelece e aplica os preceitos da política monetária europeia, dirige as ope-
rações de câmbio e busca garantir o bom funcionamento dos sistemas de pagamento e do
sistema financeiro como um todo.
Destaca-se, contudo, que nem todos os países da União Europeia integram a Zona do Euro,
à medida que não há uma obrigatoriedade expressa. Temos economias saudáveis e grandes

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que optaram em não participar - Suécia e Reino Unido (este último antes de sair do bloco
em 2020). Outras economias menores; países recém-ingressos ao bloco, tais quais Bulgária,
Rep. Checa, Croácia e mais alguns….. também ainda não integram a Zona do Euro.

2.1.3. O Reino Unido na União Europeia

Caro(a) aluno(a), antes de ingressarmos na análise acerca do chamado BREXIT, ou seja,


neste importantíssimo tópico de atualidades relacionado à saída do Reino Unido da U.E, o qual
tem seu início formalmente em 2016, vale-nos destacar dois pontos inicialmente:
O QUE É O REINO UNIDO? Com vistas a facilitar a compreensão deste tópico, vejamos
abaixo o que se considera do ponto de vista geográfico-político como sendo o Reino Unido,
de fato: vamos lá, então:
Constituído por 4 países: Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, este agrupa-
mento, de nome em inglês United Kingdom, possui a formatação abaixo e representa ainda na
União Europeia apenas um único país (este não aderente à Zona do Euro) dentre os 28 ainda
pertencentes ao megabloco. Veja o mapa abaixo:

 Obs.: os países do Reino-Unido alinhavados em mesma porção insular em total de 3 são os


países da Grã-Bretanha (Inglaterra → País de Gales → Escócia). Já ao sul tem-se a
Irlanda do Norte (outro constituinte do Reino unido e com capital em Belfast. A soma
destes resulta no Reino Unido.

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A POSIÇÃO HISTÓRICA DO REINO UNIDO EM RELAÇÃO À UNIÃO EUROPEIA: o segundo


ponto acerca do Reino unido diz respeito ao fato histórico de que esta potência europeia, atual-
mente a SEGUNDA MAIOR ECONOMIA DO BLOCO, e que rivaliza com a França no total popula-
cional do continente, posicionou-se ao longo das últimas décadas de forma refratária à União
Europeia. Isto mesmo! Os britânicos (comandados pela Coroa Real britânica), mesmo sabendo
de sua extrema importância, devido, entre outros fatores, a seu enorme peso econômico, de-
mográfico e geopolítico, tendo sido, inclusive, ao longo das duas primeiras guerras mundiais
parte crucial na defesa dos ideais pró-Europa, não demonstraram de forma ampla (isso desde
a década de 1960) partidários a uma inserção efetiva do Reino Unido na União Europeia. Veja
que o ingresso do Reino Unido se deu em 1973, sendo que logo na década seguinte, a manda-
tária Margareth Tatcher, conhecida mundialmente pela alcunha “dama de ferro” (1980-1991),
deixava claro que os britânicos não estariam dispostos a pagar o preço das bases de integra-
ção que se desenhavam (leia-se; arcar com custos inerentes a integração e nem dividir seu
mercado de trabalho). Mesmo assim, o Reino Unido assina em 1991 o Tratado de Maastrich
- de formação da União Europeia, tal qual como conhecemos hoje (mercado Comum à frente;
ou seja, integração de pessoas, bens e mercado de trabalho), para, em 1999, se ausentarem
contudo das tratativas acerca do ingresso na Zona do Euro. Em seguida, ao longo da década
de 2000, com o advento do ingresso de países mais pobres do continente, tais quais Hungria,
Bulgária, Rep Checa, Eslovênia e finalmente a Croácia, em 2013, os ingleses roem a corda de
vez. Em 2016, após 6 anos como primeiro-ministro, David Cameron passa o bastão da políti-
ca local para a primeira-ministra do Partido Conservador Thereza May. Esta rapidamente dá
ensejo a saída em definitivo do Reino Unido logo em seus primeiros meses como mandatária,
dando início ao Brexit - a saída do Reino Unido do bloco.

2.1.4. O Brexit

Em 23 de junho de 2016 é realizada votação em todo o Reino Unido acerca de decidir-se


pela saída, ou não, do país (visto que o Reino Unido conta apenas como um único país na União
Europeia) do bloco europeu. Se em 1975, em um referendo do mesmo tipo no Reino Unido não
se conseguiu maioria, finalmente, em 2016, 52% da população do Reino Unido aprovou a saída
do bloco. Era o Brexit, ou seja o Britain-Exit, ganhando contorno definitivo.
Em um ambiente de franco crescimento de ideários separatistas e xenófobos ao redor do
mundo por parte da população dos países desenvolvidos, e de racha no Reino Unido (com o
assassinato, inclusive, dias antes do referendo da política partidária à unificação, Jo Cox) so-
mente a população da Escócia dentro do Reino Unido preferiu manter-se na União Europa. Mas
como sua população é proporcionalmente pequena, prevaleceu assim a vontade da maioria.
Assim, o Reino Unido dá seu início à saída do bloco em definitivo, alegando não querer dividir
mais o custo inerente às responsabilidades de seu peso econômico frente a bancar o bloco
(custo que é proporcional ao tamanho da economia, visto que o Reino Unido é a segunda

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maior economia da UE, atrás apenas da Alemanha). Pesou na decisão comum da maioria da
população também o fato de não quererem dividir o mercado de trabalho e nem os ganhos
atuais promovidos por um contexto de bom crescimento econômico sustentado (girando em
torno de 2% a.a. em média entre 2012-2018) com os países mais pobres integrantes da União
Europeia. Enfim, os britânicos negaram as tratativas mais amplas e colocadas em prática
acerca de um Mercado Comum, as quais envolvem, entre outros aspectos, partilhar o merca-
do de trabalho com seus pares, e são muitos estes, à medida que já são (eram, ao menos até
a saída do Reino Unido) 28 países no bloco.
Mas esta saída da União Europeia levada a cabo pelo Reino unido não foi fácil. A agenda
que a ex-primeira ministra conservadora Thereza May pretendia, esbarrou enormemente nos
compromissos já assumidos (visto que o R.U faz parte da UE desde 1973) como o sistema
financeiro comum, entre outros. Além disso, a UE obrigou com que o Reino Unido seguisse re-
cebendo normalmente os cidadãos europeus (incluem-se brasileiros naturalizados europeus)
até o fim oficial de sua saída, o que, contrariando as expectativas britânicas, dera-se em prazo
maior do que o esperado (pois eles esperavam estar fora do bloco já em 2018, algo que nem
de longe se concretizou).
E essa tamanha demora em sair da U.E desgastou a primeira-ministra Thereza May, a qual
fora destituída do cargo de nos primeiros dias de Jun/2019.
Em seu lugar, após quase um mês de discussões, é aprovado o nome de Boris Johnson,
político conservador, pertencente aos quadros do Partido Conservador (francamente favorá-
vel a dar-se sequência ao Brexit), com ou sem acordo com o resto do continente. Cumprindo
a promessa de que evadiria o bloco em prazo máximo até fevereiro de 2020, Johnson anuncia
no dia 31 de janeiro de 2020 que o Reino Unido, após 47 anos fazendo parte da União Euro-
peia, se retirou em definitivo do bloco.

Veja abaixo a sequência de Primeiros-Ministros do partido conservador no Reino Unido,


os quais desde 2010 sucedem-se no poder após mais de 30 anos de domínio do Partido
Trabalhista:
DAVID CAMERON (2010-2016) > THEREZA MAY (2016-2019) > BORIS JONHNSON

Vale destacar que após a saída do Reino Unido, a Escócia, principal refratária a esta evasão
promovida pelos súditos da rainha, deverá tentar, ao que tudo indica, retornar à UE como um
único país, provavelmente já em 2020.
Por fim, é facultado ao Reino Unido o seu retorno ao bloco, segundo estatuto da
união Europeia.

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2.2. A Guerra na Síria e o Contexto Geopolítico no Oriente


2.2.1. Introdução

Antes de entrarmos mais a fundo na principal questão atualmente de Atualidades no Orien-


te Médio, ou seja, a questão da Guerra Civil na Síria, é importante que façamos uma análise
esmiuçada acerca de alguns contextos fundamentais: vamos a eles, e peço muita atenção a
estes temas, e que não prossiga, inclusive, SEM QUE HAJA A COMPREENSÃO plena dos te-
mas e das diferenças entre eles, ok? Serão TRÊS conceitos a serem colocados inicialmente e
que são basilares:
1O CONCEITO: A DIFERENÇA ENTRE ÁRABES (Conceito Etnológico) e MUÇULMANOS
(Conceito Religioso)

Há vários Muçulmanos, ou seja, países de maioria Islâmica, que não são Árabes, como os Ira-
nianos (persas), Turcos, Indonésios…

A diferença entre ÁRABES e MUÇULMANOS é simples:


ÁRABES são o tronco étnico; se situam basicamente em países do Norte da África e Orien-
te Médio. Veja mapa abaixo:

Já os muçulmanos são o tronco religioso dos países que têm uma população que pro-
fessa a cartilha do Islamismo. A religião muçulmana originou-se através do profeta Maomé,
morto em 632 d.C., em Medina, na atual Arábia Saudita.

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Vale destacar, por fim, e sem querer complicar, mas bastante importante que entendamos,
haver um país árabe onde a população não é muçulmana em praticamente sua totalidade.
Este é o Líbano, onde algo em torno de 35 por cento da população do país (de etnia árabe) é
composta por cristãos. Contudo, entre os países do Norte da África e Oriente Médio isso é uma
raridade, pois a imensa maioria dos países é de maioria absoluta muçulmana, ou seja, islâmica.
2O CONCEITO: A DIFERENÇA ENTRE XIITAS E SUNITAS
Ambos são troncos da mesma religião, ou seja, dos muçulmanos, mas aí vale uma
separação.
Os XIITAS são aqueles que consideram que apenas descendentes diretos do profeta MA-
OMÉ podem ser líderes, isto tanto no plano espiritual como no político.
Xiita não pode ser confundido com uma religião específica (e claro, nem os sunitas). Eles
são membros do islamismo, e tornaram-se apenas uma seita com outra linha de pensamento.
São vistos como “radicais”, à medida que possuem este rigor mais específico a designar seus
líderes, mas é interessante destacar que o radicalismo também ocorre entre os sunitas, visto,
por exemplo, o número de grupos fundamentalistas terroristas que representam os sunitas, tal
qual veremos abaixo, ser muito maior que dentre os xiitas.
No contexto árabe, os xiitas estão em minoria numérica (algo em torno de 20% no total).
Os países de maioria Xiita atualmente de destaque são o Irã e a Síria. Seu grupo fundamenta-
lista (radical e de ações terroristas) é o Hezbollah, com sede no Líbano.
Já os SUNITAS são aqueles que consideram haver certa flexibilidade na questão de as-
sumir-se altos postos nas hierarquias religiosas (dita espiritual) e política. Ou seja, não há a
necessidade expressa de ser descendente direto do profeta Maomé para tal. Os principais pa-
íses de maioria Sunita hoje são o Quatar, Arábia Saudita, Turquia, Indonésia (maior população
muçulmana do mundo).
Abaixo apresento uma leitura mais aprofundada sobre tal tema e recomendo promovê-la,
extraída da versão online da BBC Brasil e veiculada em:
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/01/entenda-diferencas-e-divergencias-entre-su-
nitas-e-xiitas.html

MATÉRIA

04/01/2016 08h49 -

Entenda as diferenças e divergências entre sunitas e xiitas

Execução de clérigo xiita acusado de ‘terrorismo’ na Arábia Saudita provocou protes-


tos no Irã e rompimento de relações entre os dois países.

A execução de um importante clérigo xiita iraniano pela Arábia Saudita, reino de


maioria sunita, expôs as delicadas relações entre sunitas e xiitas na região.

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A Arábia Saudita, de maioria sunita, é rival tradicional do Irã, a grande potência xiita
no Oriente Médio, que monitora - com grande interesse - a questão de minorias xiitas
em outros países.

O clérigo Nimr Al-Nimr era conhecido por manifestar o sentimento da minoria xiita
na Arábia Saudita, que se sente marginalizada e discriminada, e por suas críticas à
família real saudita.

O clérigo e outras 46 pessoas foram executadas no sábado, após serem condenadas


por crimes de terrorismo na Arábia Saudita.

Após as execuções, manifestantes iranianos invadiram a embaixada saudita em Te-


erã. Na noite de domingo, o governo saudita anunciou o rompimento das relações
diplomáticas com o Irã e deu um prazo de 48 horas para que diplomatas iranianos
deixassem o país.

Mas o que opõe as duas maiores correntes do Islã? Veja abaixo algumas respostas
para entender o que opõe sunitas a xiitas.

Quais são as diferenças entre sunitas e xiitas?

Peregrinação a Meca, um dos rituais compartilhados entre as duas vertentes do


islamismo

A separação teve origem em uma disputa logo após a morte do profeta Maomé so-
bre quem deveria liderar a comunidade muçulmana.

A grande maioria dos muçulmanos é sunita - estima-se que entre 85% e 90%.

Membros das duas vertentes coexistem há séculos e compartilham muitas práticas


e crenças fundamentais.

Apesar de se misturarem pouco, há exceções. Nas áreas urbanas do Iraque, por


exemplo, casamentos entre sunitas e xiitas eram comuns até recentemente.

As diferenças entre os dois grupos estão mais nos campos da doutrina, rituais, lei,
teologia e organização religiosa.

Seus líderes também parecem constantemente estar competindo entre si.

Do Líbano e Síria ao Iraque e Paquistão, vários conflitos recentes enfatizaram divi-


sões sectárias, dividindo comunidades.
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Quem são os sunitas?

Muçulmanos sunitas se consideram o ramo ortodoxo e tradicionalista do islã.

A palavra sunita vem de “Ahl al-Sunna”, as pessoas da tradição. A tradição, neste


caso, refere-se a práticas baseadas em precedentes ou relatos das ações do profeta
Maomé e daqueles próximos a ele.

Um dos centros de aprendizagem sunitas do Islã mais antigos fica no Egito

Os sunitas veneram todos os profetas mencionados no Corão, mas veem Maomé


como o profeta derradeiro.

Em contraste com os xiitas, os líderes e professores de religião sunitas historicamen-


te ficaram sob controle do Estado.

A tradição sunita também enfatiza um sistema codificado da lei islâmica e adesão a


quatro escolas da lei.

Quem são os xiitas?

Nos primórdios da história islâmica os xiitas eram uma facção política, - literalmente
os “Shiat Ali”, ou partido de Ali.

Os xiitas reivindicavam o direito de Ali, genro do profeta Maomé, e de seus descen-


dentes de guiar a comunidade islâmica.

Ali foi morto como resultado de intrigas, violência e guerra civil que marcaram seu
califado. Seus filhos, Hassan e Hussein, viram negado o que achavam ser seu direito
legítimo à ascensão ao califado. Acredita-se que Hassan tenha sido envenenado por
Muawiyah, o primeiro califa (líder muçulmano) da dinastia Umayyad.

Seu irmão, Hussein, foi morto no campo de batalha com outros membros de sua
família, após ser convidado por partidários a ir para a cidade de Cufa (onde ficava o
califado de Ali) onde prometeram jurar aliança a ele.

Esses eventos deram início ao conceito xiita de martírio e de rituais como a autofla-
gelação.

Há um elemento messiânico característico nesta fé e os xiitas têm uma hierarquia de


clérigos que praticam interpretações independentes e constantemente atualizadas
dos textos islâmicos.
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Os xiitas seriam cerca de um décimo do total de muçulmanos, entre 120 e 170 milhões.

Muçulmanos xiitas são maioria no Irã, Iraque, Barein, Azerbaijão e, segundo algumas
estimativas, Iêmen. Há grandes comunidades xiitas no Afeganistão, Índia, Kuwait,
Líbano, Paquistão, Catar, Síria, Turquia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

Qual o papel do sectarismo em crises recentes?

Em países que foram governado por sunitas, xiitas tendem a representar os setores
mais pobres da sociedade. Eles normalmente se veem como vítimas de discrimina-
ção e opressão. Algumas doutrinas extremistas sunitas defendem o ódio aos xiitas.

A revolução iraniana de 1979 lançou uma agenda xiita radical que foi percebida como
um desafio por regimes conservadores sunitas, particularmente no Golfo Pérsico.

A política de Teerã de apoiar milícias xiitas e partidos além de suas fronteiras foi
adotada por Estados do Golfo, que reforçaram suas ligações com governos sunitas
e movimentos no exterior.

Durante a guerra civil no Líbano, os xiitas ganharam força política graças às ativida-
des militares do Hezbollah.

No Paquistão e no Afeganistão, grupos sunitas linha-dura, como o Talebã, atacaram


com frequência lugares de fé xiita.

Os conflitos atuais no Iraque e na Síria também têm fortes tons sectários. Jovens
sunitas nos dois países se uniram a grupos rebeldes, muitos dos quais ecoam a ide-
ologia da Al-Qaeda.

Enquanto isso, jovens da comunidade xiita estão lutando pelas - ou com - as forças
do governo nestes países.

Acrescento abaixo também um mapa com vistas a promover um melhor dimensionamento


sobre tal questão: Neste vemos parte do globo como um todo, com recorte, bem verdade, mais
específico na África e Ásia e os países onde há forte presença de população muçulmana, com
o contraste entre as maiorias XIITAS e SUNITAS. Vejam bem que são muito maiores as áreas
com Sunitas (em laranja) do que com Xiitas (em verde escuro).

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Fonte: https://twitter.com/Geopizzza/status/1251172112108269569/photo/1

Bom, dando seguimento à nossa aula e os termos conceituais, já vimos, portanto, as di-
ferenças entre ÁRABES e MUÇULMANOS e também entre XIITAS e SUNITAS. Agora, veremos
como que a religião e os Estados se confundem (ou não) em países de maioria de população
muçulmana.
3º CONCEITO:
A SHARIA versus ESTADO LAICO
Pelo fato de a religião se encontrar extremamente arraigada nos países árabes, vários des-
tes, ao elaborarem as suas Cartas-Magna, promovem uma confusão (proposital) entre a reli-
gião, esta expressa pelo livro sagrado Alcorão, e a Constituição. Para estes Estados que não
fazem intencionalmente tal separação, tem-se a denominação de Sharia. Os códigos de leis,
tais quais o Código Penal, como exemplo, e a própria Constituição são perpétuos e de condu-
tas rígidas como expressos no Alcorão. São estados que tendem, por exemplo, a promover os
códigos penais mais rígidos dentro do Islã, com pena de morte por causas torpes no mundo

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ocidental, como não respeito a costumes de vestimentas ou ao consumo de bebidas alcoóli-


cas, por exemplo. São exemplos clássicos dentro deste modo de ver religião e código de leis a
Arábia Saudita (sunita) e Irã (xiita).
Já os chamados Estados Seculares, ou laicos, conseguem promover níveis de distinção
entre o código de leis (seja civil ou penal) e o Alcorão. Veja que tal separação não é plena
em muitos estados, porém, mesmo assim, ocorre esta busca por se separarem os assuntos.
Exemplos são o Egito e a Turquia.

2.2.2. A Guerra na Síria

A atual guerra civil na Síria adentrou, em 2019, em seu sétimo ano, expondo as fraturas
do mundo árabe e o racha entre Sunitas x Xiitas nos países muçulmanos. Também escancara
como as peças do tabuleiro geopolítico na região, movidas por um lado pela Rússia e por outro
pelos EUA, se comportam de forma antagônica.
Para entendermos melhor o contexto da Guerra Civil na Síria, contudo, meu(minha) caro(a)
aluno(a), importa nos atermos inicialmente ao que foi a Primavera Árabe, com seus levantes
iniciados lá em 2011.
Em vários países no chamado Mundo Árabe, uma série de revoltas populares tomou conta
das ruas de nações árabes do Norte da África ao longo do anos de 2010/2011 – com o início
destes levantes ocorrendo na Tunísia, país no norte da África. Assim, neste país norte-africano,
a população saiu às ruas em protesto pela morte do jovem Mohammed Boauzizi; um vende-
dor de frutas de 26 anos que se suicidou ateando fogo ao próprio corpo após ser humilhado
(ter apanhado de fiscais locais... e não era a primeira vez que tal fato acontecia desta forma)
apenas porque vendia frutas com seu carrinho nas ruas de sua cidade sem as devidas autori-
zações ou pagamentos de propinas requeridos.
A população da Tunísia se rebelou, desencadeando um protesto massivo que, na verdade,
estava associado contra a pobreza e a corrupção de seu país e se voltava contra o ditador
local: Zine Ben Ali. Um ditador que subiu ao poder na Tunísia em 1987 e que, somente pela
Revolução de Jasmin, empreendida pela polução tunisiana oprimida consegue, em janeiro de
2011, derrubar o ditador do país. Zine Ben Ali foi o primeiro dos líderes árabes a cair e também
o primeiro a ser condenado: 35 anos de prisão sob a acusação de roubo e posse ilegal de joias
e grandes quantias de dinheiro. A partir daí, uma série de novos levantes tomou conta dos pa-
íses da África do Norte (países árabes), depondo assim Muhammar Kadafi na Líbia, após sete
meses de luta no país (e seu assassinato em OUT/2011), e também Hosni Mubarak do Egito,
após mais de um milhão de pessoas saírem às ruas do Cairo para derrubá-lo.

A PRIMAVERA ÁRABE SEGUE SEUS VENTOS PARA O ORIENTE MÉDIO:


Bom, conforme explicado acima, os levantes no chamado Mundo Árabe os quais, entre
2010/2011, percorreram os países árabes ao Norte do continente africano - em sequência a
Tunísia –> Líbia –> Egito, saem do continente africano para, já em 2011, chegarem ao Oriente
Médio, porção territorial que compartilha características semelhantes à dos países árabes pela

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presença de países de etnia árabe e a ausência de liberdades individuais e políticas (leia-se


democracia). Os primeiros levantes no Oriente Médio se deram no Iêmem e, em seguida, imbu-
ídos das mesmas causas que em outros lugares, a maioria da população da Síria sai às ruas
pedindo a deposição de Bashar-Al-Assad, tirano que governa desde 2000 o país ao suceder
seu pai (também golpista e ditador) que fora Presidente entre 1971-2000.

Um pouco sobre a Síria

A Síria é um país situado à beira do Mar Mediterrâneo, no coração do Oriente Médio, inimi-
go de Israel e reduto radical XIITA, mas de maioria de população SUNITA. Basshar-Al-Assad
é o Presidente desde 2000.
É um país aliado do Irã, da Rússia e do Hezbollah (grupo fundamentalista xiita com sede
no Líbano).

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O Confuso Cenário da Síria

A atual guerra civil na Síria, a mais sangrenta em curso no mundo, onde em pouco mais de
8 anos conta com cerca de 500.000 mortes e mais de 5 milhões de refugiados, possui origem
na oposição entre o Exército de Libertação da Síria, composto por SUNITAS, maioria da popu-
lação da Síria, estes recebem apoio da OTAN (EUA e Reino Unido no comando), além da Tur-
quia e da Arábia Saudita (estes dois duas potências bélicas na região e países de população
de maioria sunita) VERSUS os Alauítas - que são os XIITAS, minoria numérica no país, porém
pró-governo, os quais contam com o apoio, principalmente, do Hezbollah (grupo terrorista de
mesa inclinação xiita), do Irã e da Rússia.
Ainda ocorre na Síria o Exército Livre da Síria - moderados e oposição a Assad, também
os Curdos e o Estado Islâmico. Sobre o Exército Islâmico, que ao Norte do território da Síria
conquistou territórios ao longo dos anos de 2014, 2015 e 2016, veremos na sequência desta
aula como se deu tal processo.
Seguindo então: em fins de 2011, para 2012, se instala uma guerra civil na Síria, buscando
restaurar aquilo que fora conseguido em outros países do Mundo Árabe através da Primavera
Árabe (entre 2011/2012 na Tunísia, Líbia e Egito). Esse período foi marcado por países da etnia
árabe (etnia) realizarem a deposição de ditadores constituídos e, assim, conseguirem ver a vol-
ta da democracia. Mas, ao contrário do que ocorrera no Egito, na Líbia e na Tunísia (e Iêmem),
na Síria as forças de Assad não cederam. Se utilizando de uma conjunção de fatores, tais quais
seu exército bem aparamentado, armas químicas e apoio internacional da Rússia e do Irã, além
do apoio terrorista do grupo Hezbollah, seu ditador se sustenta no poder desde então, na base
de uma carnificina e extensão da mais sangrenta guerra do mundo.

A Guerra na Síria se constitui basicamente em um conflito entre os próprios sírios (árabes)


de mesma religião (muçulmanos), contudo, de seitas diferentes. Assim, temos de um lado os
grupos de oposição a Bashar Al-Assad, todos SUNITAS, visando derrubar um ditador do ramo
XIITA (Assad).

Ao longo dos últimos anos, uma intervenção efetiva, tal qual como de praxe os EUA pro-
movem ao redor do globo; em geral com a justificativa de “restaurar a democracia”, não teve
espaço. Isto se deve a algumas questões abaixo listadas:
• Oposição da Rússia e falta de unanimidade, portanto, no Conselho de Segurança da
ONU para referendar tais ações;
• Receio de entregar o poder a grupos sunitas que possuem braços armados fundamen-
talistas (terroristas) na Al-Qaeda (de Osama Bin Laden), Talibã, Irmandade Muçulmana e
Hamas (este último controlando atualmente a Palestina);
• Necessidade de combate e extermínio ao Estado Islâmico, sendo mais importante do
que propriamente retirar Assad.

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Por fim, é importante destacar que a guerra na Síria gerou a questão humanitária mais crí-
tica em tempos recentes no Planeta. Mais de 5 milhões de sírios, ou aproximadamente 20% da
população do país antes de eclodir a guerra (2012), tornou-se refugiada, saindo à pé pelos de-
sertos para pousar em países vizinhos da região, como a Turquia, Irã ou Jordânia, ou evadindo,
por água, em botes improvisados no Mar Mediterrâneo, tentando entrar na Europa pela Itália
ou pela Grécia para, daí, buscar refúgio em áreas continentais, como a Hungria e a Alemanha.
Fato é que: desde a Segunda Guerra Mundial, uma diáspora tal qual ocorre agora na Síria (fuga
forçada) não era vista em todo o Planeta.
E Assad não aceita base alguma de negociação com a oposição. Garantiu-se por muito tem-
po nesta guerra apenas com o domínio de Damasco (a capital) e suas cercanias, e a crueldade
imposta por práticas de uma MINORIA XIITA que há décadas comanda o país. Chegou, de fato,
a parecer que perderia a guerra por várias vezes, mas veio retomando mais áreas, inclusive a
cidade mais populosa do país, Aleppo, ao norte, e se fortalecendo de novo no controle.

A aliança com a Síria é antiga e vital para a Rússia no Oriente Médio. Uma região estratégica
onde há governos alinhados aos Estados Unidos, como Israel, Arábia Saudita e os Emirados
Árabes. Desde a década de 1980, os russos têm um grande porto na cidade de Tartus, na Síria,
sendo esta a única base própria russa no Mar Mediterrâneo, que, em 2016, se transformou
numa base militar Russa de usufruto por mais 49 anos. Neste mesmo ano (2016), e não por
coincidência, ocorre com auxílio russo a retomada de Allepo (a segunda mais importante cida-
de do país) pelo governo de Assad.
Para 2020, os EUA continuam imprimindo sua política externa de distanciamento acerca de
determinadas questões no Oriente Médio. Já a Rússia mantém-se fiel a seu aliados, abrindo
mais espaço para o crescimento de sua impressão geopolítica na área.

Abaixo, leia
Em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/07/26/o-massacre-de-civis-e-criancas-na-
-guerra-da-siria-que-foi-ignorado-pelo-resto-do-mundo.ghtml

MATÉRIA

O massacre de civis e crianças na guerra da Síria que foi ignorado pelo resto do
mundo. Segundo a ONU, mais de 350 civis foram mortos e 330 mil foram forçados a
deixar suas casas desde que o conflito na região síria de Idlib se intensificou, no fim
de abril.

Mais de cem pessoas, incluindo 26 crianças, morreram em ataques aéreos feitos em


hospitais, escolas, mercados e em uma padaria no nordeste da Síria nos últimos 10
dias, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas).

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A chefe de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, diz que os ataques foram
feitos pelo governo sírio e seus aliados nas áreas controladas pela oposição.

Mas os ataques foram recebidos com “aparente indiferença internacional”, disse ela.
Bachelet criticou a “falha de liderança nas nações mais poderosas do mundo”.

A Síria e a Rússia, que é sua aliada, negaram ter mirado em civis durante os ataques
aéreos na região de Idlib.

A número de mortos crescente em Idlib tem sido recebido com um “dar de ombros
coletivos” e o conflito ficou fora do radar internacional, disse ela, enquanto o Conse-
lho de Segurança da ONU está paralizado.

Ela afirma que é muito improvável que os ataques a civis tenham sido acidentais e
disse que os países que os fizeram podem ser julgados por crimes de guerra.

“Ataques intencionais a civis são crimes de guerra, e aqueles que os ordenaram ou


os executaram são criminalmente responsáveis por seus atos”, disse Bachelet.

O que está acontecendo na Síria?

A província de Idlib, junto com as província de Hama e Aleppo, é uma das últimas
áreas controladas pela oposição na Síria depois de oito anos de guerra civil.

A área em tese está protegida por uma trégua negociada em setembro entre a Rús-
sia, aliada do governo sírio, e a Turquia, que apoia a oposição. A trégua deveria prote-
ger os mais de 2,7 milhões de civis que vivem na região de uma grande ofensiva das
forças do governo.

Na semana passada, a ONU disse que mais de 350 civis foram mortos e 330 mil
foram forçados a deixar suas casas desde que o conflito se acirrou em 29 de abril.

Mas o número agora foi revisado, com o acréscimo de 103 mortes somente nos últi-
mos 10 dias. O número de refugiados subiu para 400 mil.

O governo – com apoio da força aérea russa – disse que o aumento nos ataques se
deve a repetidas violações da trégua por jihadistas ligados à al-Qaeda que estariam
na área dominada pela oposição.

No entanto, as Forças Democráticas Sírias (FDS), que são apoiadas pelos Estados
Unidos, disseram em março ter derrotado os jihadistas e dado fim ao grupo extre-
mista autoproclamado Estado Islâmico (EI).

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No início desta semana, a Rússia negou que tenha feito ataques aéreos em merca-
dos e áreas residenciais que deixaram pelo menos 31 civis mortos.

Como a guerra da Síria começou?

Antes do conflito começar, muitos sírios estavam insatisfeitos com os altos índices
de desemprego, a corrupção e a falta de liberdade política sob o presidente Bashar
al-Assad.

Em março de 2011, protestos pró-democracia começaram ao sul da cidade de Deraa,


inspirados por revoltas populares pró-democracia em países vizinhos – o que ficou
conhecido como “Primavera Árabe”.

Quando as forças de segurança sírias abriram fogo contra os ativistas - matando


vários deles -, as tensões se elevaram e mais gente saiu às ruas. Protestos pedindo
a renúncia do presidente começaram no país todo.

A revolta se intensificou, assim como a resposta do governo. Apoiadores da opo-


sição se armaram – primeiro para se defender, depois para expulsar as forças de
segurança das áreas onde viviam. Assad então disse que iria acabar com o que
chamou de “terrorismo apoiado por estrangeiros”.

A violência aumentou rapidamente, dando início a uma guerra civil.

Grupos rebeldes se reuniram em centenas de brigadas para combater as forças ofi-


ciais e retomar o controle das cidades e vilarejos.

Em 2012, os enfrentamentos chegaram à capital, Damasco, e à segunda cidade do


país, Aleppo.

O conflito já havia, então, se transformado em mais que uma batalha entre aque-
les que apoiavam Assad e os que se opunham a ele - adquiriu contornos de guerra
sectária entre a maioria sunita do país e xiitas alauítas, o braço do Islamismo a que
pertence o presidente.

Isso arrastou as potências regionais e internacionais para o conflito, conferindo-lhe


outra dimensão.

Quem está lutando contra quem?

A rebelião armada evoluiu significativamente desde suas origens.

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Há membros da oposição moderada secular lutando contra as forças de Assad. O


Exército curdo, um dos grupos que os Estados Unidos estão apoiando no norte da
Síria, faz parte da oposição.

Mas há também uma grande quantidade de radicais e jihadistas - partidários da


“guerra santa” islâmica. Entre eles estão o autointitulado Estado Islâmico (EI) e a
Frente Nusra, afiliada à al-Qaeda. Os combatentes do EI - cujas táticas brutais choca-
ram o mundo - criaram uma “guerra dentro da guerra”, enfrentando tanto os rebeldes
da oposição moderada síria quanto os jihadistas da Frente Nusra.

Os rebeldes moderados têm requisitado armas antiaéreas ao Ocidente para respon-


der ao poderio do governo sírio. Mas Washington e seus aliados têm procurado con-
trolar o fluxo de armas por medo de que acabem indo parar nas mãos de grupos
jihadistas.

Em março, as Forças Democráticas Sírias (FDS), que são apoiadas pelos Estados
Unidos, disseram ter derrotado o EI.

“As Forças Democráticas Sírias declaram a total eliminação do chamado califa-


do e a total derrota territorial do EI”, disse Mustafa Bali, porta-voz da FDS, pelo
Twitter. “Neste dia único, celebramos os milhares de mártires que tornaram essa
vitória possível.”

Em seu auge, o EI controlou uma área de 88 mil km² no norte da Síria e do Iraque,
governou quase 8 milhões de pessoas, ganhou bilhões de dólares com a exploração
de petróleo, extorsões, roubos e sequestros, e usou seu território como base para
ataques em outros países.

A aliança de forças representada pela FDS, lideradas pelos curdos, começou sua
ofensiva final contra o EI no início de março, contra militantes que estavam encur-
ralados no vilarejo de Baghuz, no leste sírio.

Qual é o impacto da guerra?

Além de causar centenas de milhares de mortes, a guerra incapacitou 1,5 milhões de


pessoas, entre elas 86 mil que perderam membros do corpo.

Ao menos 6,1 milhões de sírios tiveram de deixar suas casas para buscar abrigo em
alguma outra parte do país, enquanto outros 5,6 milhões se refugiaram no exterior.

Líbano, Jordânia e Turquia, onde 92% desses sírios refugiados vivem hoje, têm en-
frentado dificuldades para lidar com um dos maiores êxodos da história recente.
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A ONU estima que 13,1 milhões de pessoas necessitaram de algum tipo de ajuda
humanitária na Síria em 2018.

Por que a guerra está durando tanto?

Um fator chave é a intervenção de potências regionais e internacionais.

Seu apoio militar, financeiro e político tanto para o governo quanto para a oposição
tem contribuído diretamente para a continuidade e intensificação dos enfrentamen-
tos, e transformado a Síria em campo para uma guerra indireta.

A intervenção externa também é responsabilizada por fomentar o sectarismo no


que costumava ser um Estado até então secular (imparcial em relação às ques-
tões religiosas).

As divisões entre a maioria sunita e a minoria alauita no poder alimentaram atrocida-


des de ambas as partes, não apenas causando a perda de vidas, mas a destruição de
comunidades, afastando a esperança de uma solução pacífica.

2.2.3. O Estado Islâmico

O Estado Islâmico no Iraque e na Síria (Isis) foi criado em 2013, e cresceu como um braço
da organização terrorista Al-Qaeda no Iraque. Em 2014, rompem com os Iraquianos, e formam
apenas o EI.
As atividades do EI se concentraram no Iraque e na Síria, onde o grupo assumiu um papel
dominante aproveitando-se da desestruturação do estado sírio por causa da guerra civil in-
terna, e no Iraque em função também da desestruturação interna após anos de guerra contra
os EUA. As áreas as quais ocuparam ao Norte da Síria e do Iraque dá se o nome de LEVANTE.
Veja o imenso território que o ESTADO ISLÂMICO chegou a dominar em 2015 (em lugar
denominado como sendo o Levante):

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Financiados por doações de Estados Sunitas (leia-se Arábia Saudita e Quatar), sendo este
último país acusado pela própria Arábia Saudita (e também pelos EUA) de financiar descara-
damente o E.I, além dos valores obtidos com a posse de poços de petróleo do Norte do Iraque
mais sequestros e pilhagens, o ESTADO ISLÂMICO tem como ideologia a formação (constru-
ção) de uma sociedade completamente voltada aos preceitos religiosos, políticos, morais e
culturais vigentes à época do profeta Maomé (600 anos depois de Cristo). Ou seja, eles ne-
gam toda e qualquer evolução que houve no mundo muçulmano (e árabe por consequência)
depois da morte do profeta no ano 632. Este é o CALIFADO pretendido por eles. Vale destacar
que a Arábia Saudita já vive perto disto, ou seja, um estado onde preceitos religiosos seculares
(e arcaicos) imperam, mas banhada em petróleo, com gastos militares astronômicos e aliada
aos EUA, não recebe críticas. Ainda no caso Saudita, uma roupagem mais moderna para sua
sociedade vem sendo colocada a cabo (em processo que ainda engatinha, é bem verdade)
pelo atual primeiro ministro e futuro rei da Arábia Saudita, o jovem e garboso Mohammad bin
Salman bin Abdulaziz Al Saud.
Mas voltando, portanto, ao caso do Estado Islâmico, um recente controle de vastos terri-
tórios no Norte e Oeste do Iraque, chegando às portas de Bagdá, além das áreas dominadas
pelos curdos, ajudaria o grupo islâmico a consolidar seu domínio ao longo da fronteira com a
Síria, onde luta contra o regime de Bashar al-Assad. Mas ao longo dos anos de 2016 e 2017,
vimos SUCESSIVAS DERROTAS E EXTINÇÃO DO PODER DO ESTADO ISLÂMICO NO IRAQUE.

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Já na Síria, apenas em 2018, numa ação conjunta entre EUA e RÚSSIA (que atuam em campos
opostos, tal qual vimos na questão interna Síria), ao que tudo indica, ELES TAMBÉM FORAM
Expulsos do território.
Por fim, caro(a) aluno(a), esta batalha contra o radicalismo do califado não terminou total-
mente não, pois eles ainda podem voltar a tentar domínios de novas áreas pelo mundo árabe,
como no caso da Líbia, ao Norte da África, onde já se identifica um possível novo foco atual
de ação e domínio territorial por parte deste grupo. Portanto, é importante ficarmos atentos
às possíveis futuras ações do estado islâmico.
Abaixo apresento matéria do BBC - Online, de 23/03/2019, que desnuda o panorama geral
atual sobre a questão do Estado Islâmico em 2019.
Em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-47678823

MATÉRIA

As Forças Democráticas Sírias (FDS), que são apoiadas pelos Estados Unidos, dis-
seram ter dado fim ao “califado” criado pelo grupo extremista autoproclamado Es-
tado Islâmico (EI)

“As Forças Democráticas Sírias declaram a total eliminação do chamado califado e a


total derrota territorial do EI”, disse Mustafa Bali, porta-voz da FDS, pelo Twitter. “Nes-
te dia único, celebramos os milhares de mártires que tornaram essa vitória possível.”

Em seu auge, o EI controlou uma área de 88 mil km² no norte da Síria e do Iraque,
governou quase 8 milhões de pessoas, ganhou bilhões de dólares com a exploração
de petróleo, extorsões, roubos e sequestros, e usou seu território como base para
ataques em outros países.

Mas o grupo ainda é considerado uma grande ameaça global por ainda deter uma
presença significativa na região e ter afiliados em diversos outros países, como Ni-
géria, Iêmen, Afeganistão e Filipinas.

A aliança de forças representada pela FDS, lideradas pelos curdos, começou sua
ofensiva final contra o EI no início de março, contra militantes que estavam encurra-
lados no vilarejo de Baghuz, no leste sírio.

A FDS teve de conter seus esforços após ser revelado que um grande número de ci-
vis se encontrava ali, abrigados em edifícios, tendas e túneis. Milhares de mulheres e
crianças fugiram rumo aos campos de refugiados controlados pela aliança.

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Combatentes do EI também abandonaram Baghuz, mas aqueles que permanece-


ram ofereceram uma grande resistência, com o uso de homens e carros bomba no
conflito.

O presidente americano, Donald Trump, havia dito que o EI estava derrotado no fim
do ano passado e anunciado planos de retirar suas tropas, uma medida que deixou
seus aliados no conflito preocupados - a Casa Branca anunciaria depois que suas
forças permaneceriam na região.

Como começou a guerra contra o Estado Islâmico

O EI surgiu a partir de um braço da Al-Qaeda no Iraque após a invasão do país por


uma coalização liderada pelos Estados Unidos em 2003. O grupo se juntou em 2011
à rebelião contra o presidente Bashar al-Assad na Síria, onde encontrou proteção e
fácil acesso a armas.

Ao mesmo tempo, tirou proveito da retirada de tropas americanas do Iraque, assim


como da revolta entre os sunitas contra as políticas sectárias do governo do país
liderado por xiitas.

Em 2014, há havia assumido o controle de grandes áreas na Síria e no Iraque e pro-


clamado a instauração de um “califado” nesta região. Foi quando mudou de nome.
Antes conhecido como Estado Islâmico do Iraque e do Levante, passou a se autoin-
titular apenas Estado Islâmico, refletindo suas ambições expansionistas.

Um avanço subsequente sobre áreas controladas pela minoria curda no Iraque e o


assassinato ou escravização de milhares de membros do grupo religioso yazidi levou
à formação de uma coalização internacional liderada pelos Estados Unidos, com ata-
ques aéreos a posições do EI a partir de agosto daquele ano.

A batalha para expulsar o EI da Síria e do Iraque tem sido sangrenta, com milhares de
vidas perdidas e milhões de pessoas forçadas a deixar seus lares.

Na Síria, tropas leais a Assad batalharam contra os extremistas com a ajuda de ata-
ques aéreos russos e milícias apoiadas pelo Iraque. Por sua vez, a coalização lide-
rada por americanos deu apoio à FDS, uma aliança de curdos sírios e combatentes
árabes, além de facções rebeldes sírias. No Iraque, forças de segurança locais foram
apoiadas tanto pelos Estados Unidos quanto por grupos paramilitares.

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Desde então, já foram realizados mais de 33 mil ataques aéreos na região pela coa-
lização. A Rússia não fez parte destes esforços, mas começou a promover ataques
aéreos contra o que chamou de “terroristas” na Síria em setembro de 2015 para for-
talecer o governo de Assad.

A campanha logo começou a dar sinais de progresso, com a recaptura da cidade de


Ramadi, capital da província iraquiana de Anbar, e, depois, da segunda maior cidade do
país, Mosul, em julho de 2017 - considerado um marco dos esforços da coalização, em
uma batalha de dez meses que matou milhares de civis e deixou 800 mil refugiados.

Em outubro de 2017, a FDS reassumiu o controle da cidade de Raqqa, na Síria, capital


do autoproclamado “califado”, após três anos sob o comando do EI. No mês seguin-
te, foram retomadas as cidades de Deir al-Zour e Al-Qaim.

Direito de imagem Reuters Image Caption em seu auge, o EI controlou uma área de
88 mil km² no norte da Síria e do Iraque

Os números exatos de vítimas da guerra contra o EI é desconhecido. O Observató-


rio de Direitos Humanos da Síria, organização que monitora o conflito baseada em
Londres, diz mais de 371 mil pessoas - entre elas, 112,6 mil civis - morreram desde o
início da guerra civil na Síria em 2011.

A Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que ao menos 30.912 civis foram
mortos em atos de terrorismo e violência e pelo conflito armado no Iraque entre 2014
e 2018, mas acadêmicos e ativistas dizem que este número pode chegar a 70 mil.

Ao menos 6,6 milhões de sírios se transformaram em refugiados em seu próprio


país, enquanto outros 5,6 milhões fugiram para o exterior, principalmente para Tur-
quia, Líbano e Jordânia.

Por que o EI ainda é uma ameaça preocupante?

A queda de Baghuz representa um momento chave da campanha contra o EI. O go-


verno iraquiano havia declarado a vitória sobre o grupo em dezembro de 2017. Mas o
EI está longe de estar derrotado.

Autoridades americanas dizem existir de 15 mil a 20 mil combatentes armados do


grupo em atividade na região e que o EI retornará às suas raízes de insurgência en-
quanto tenta se reerguer.

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Mesmo diante de uma derrota iminente em Baghuz, os extremistas divulgaram um


áudio que seria supostamente de seu porta-voz, Abu Hassan al-Muhajir, dizendo que
seu califado não estava acabado.

Direito de imagem AFP Image caption a queda do EI em Baghuz representa um mo-


mento chave da campanha contra o grupo extremista

Apesar do anúncio da FDS, o EI continua a ter integrantes disciplinados e com experi-


ência de combate, o que não permite dizer que sua “derrota definitiva” está garantida.

O chefe do Comando Central das Forças Armadas americanas, o general Joseph


Votel, responsável pelas operações militares do país no Oriente Médio, disse em fe-
vereiro que será necessário manter uma “ofensiva vigilante contra o agora disperso
e desagregado EI, que continua a ter líderes, combatentes, recursos e uma ideologia
profana para levar à frente seus esforços”.

E que, se a pressão sobre o grupo não for mantida, ele “pode ressurgir na Síria dentro
de seis a 12 meses e reconquistar território no vale do rio Eufrates”, conforme disse-
ram autoridades militares americanas.

Estes alertas aparentemente dissuadiram Trump de retirar 2 mil soldados da Síria,


como havia prometido fazer em dezembro. A medida levou à renúncia do secretário
de Defesa Jim Mattis. A Casa Branca afirmou no mês passado que manterá 400
“agentes de paz” na Síria por “algum tempo”.

Quais serão os próximos passos do EI?

No Iraque, onde o governo declarou vitória contra estes extremistas no fim de 2017,
eles já “evoluíram para se transformar em uma rede subterrânea”, disse o general
americano António Guterres em um relatório em fevereiro.

“Eles estão em uma fase de transição, adaptação e consolidação. Estão se organizan-


do em células nas províncias, replicando funções chave de liderança”, acrescentou.

Militantes do EI continuam ativos em zona rurais, em áreas remotas e de terreno


acidentado, o que lhes dá liberdade para se movimentar e planejar ataques a partir
de regiões como os desertos das províncias de Anbar e Nineveh e as montanhas de
Kirkuk, Salah al-Din e Diyala.

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Células do grupo parecem “estar planejando atividades para minar a autoridade do


governo, criar uma atmosfera de ‘terra sem lei’ na região, sabotar uma reconciliação
social e elevar o custo de reconstrução regional e do contraterrorismo”, segundo Gu-
terres. Estas atividades incluem sequestros, assassinatos de líderes locais e ataques
contra instalações estatais e de serviços.

A expectativa é que a rede do EI na Síria se torne algo semelhante ao que ocorre no


Iraque atualmente. Além do vale do rio Eufrates, o grupo está presente na província
de Idlib, no noroeste do país, e ao sul da capital Damasco, além de na região de Ba-
diya, um grande trecho de deserto no sudeste da Síria.

Os militantes têm acesso a armamento pesado e são capazes de realizar ataques a


bomba e assassinatos em todo o país, disse Guterres. Seus líderes também mantêm
uma “capacidade de controle e comando”. A localização do líder do EI, Abu Bakr al-
-Baghdadi, é desconhecida, apesar de haver poucos locais onde ele ainda possa se
esconder.

O grupo continua a obter uma receita significativa com atividades criminosas e a re-
ceber doações. Estima-se que o EI tenha recursos da ordem de US$ 50 milhões (R$
195,3 milhões) a US$ 300 milhões (R$ 1,17 bilhão) em dinheiro.

Quantos militantes ainda restam?

O EI sofreu perdas consideráveis, mas Guterres diz que o grupo ainda tem sob seu
comando entre 14 mil e 18 mil combatentes no Iraque e na Síria, entre eles 3 mil es-
trangeiros.

O enviado especial americano da Coalização Global para Derrotar o EI, James Je-
ffrey, disse neste mês que os Estados Unidos estimam haver entre 15 mil e 20 mil
“membros armados ativos” do grupo na região.

Direito de imagem Getty Images Image caption Os EUA dizem que derrota definitiva
do EI em toda a região não está garantida e que grupo exige ‹vigilância constante›

A FDS capturou cerca de 1 mil combatentes estrangeiros do EI. Centenas de mulhe-


res e mais de 2,5 mil ligadas a estes estrangeiros estão vivendo em campos para
refugiados em áreas controladas pela aliança, que informou haver ainda mais 1 mil
combatentes estrangeiros detidos no Iraque.

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Os Estados Unidos querem que eles sejam enviados para seus países de origem
para serem processados criminalmente, mas estas nações manifestaram preocu-
pações em receber estes extremistas e disseram ser difícil conseguir provas para
sustentar ações judiciais.

Estima-se que 40 mil estrangeiros tenham se juntado ao EI na Síria e no Iraque, e o


número de pessoas que ainda estão viajando para lá para fazer isso é desconhecido,
ainda que este fluxo tenha se reduzido significativamente. A Coalização Global calcula
que “provavelmente 50 pessoas por mês” chegam à região para se unir ao grupo.

Ao mesmo tempo, há um contingente significativo de afiliados do EI em países


como Afeganistão, Egito e Líbia e no Sudeste Asiático e na África Ocidental. Indiví-
duos inspirados pela ideologia do grupo também continuam a realizar ataques em
outras regiões.

2.3. Rússia
2.3.1. Introdução

A Rússia vem buscando de forma aguerrida recuperar o terreno perdido, tanto no campo
econômico quanto geopolítico, após o esfacelamento do bloco comunista da União Soviética
e a condução trôpega de Boris Yeltsen nos anos 1990. O responsável por este processo atende
a um único nome: Vladmir Putin. Homem forte à frente do país há 20 anos, seja como Presi-
dente, Primeiro-Ministro e depois Presidente novamente (reeleito em 2018, com mandato até
2024), o ex-agente faixa preta da KGB se utiliza de expedientes autoritários eliminando adver-
sários e questionáveis do ponto de vista internacional (tal qual agiu na Tchetchênia em 2000,
e na Ucrânia e Criméia em 2014), para atualmente falar de igual para igual com qualquer outra
potência global dentro do jogo geopolítico.
Após ter conhecido em 2009 sua maior recessão desde a queda do bloco soviético, e ter se
recuperado nos anos seguintes, a Rússia passou por dois anos consecutivos de recessão no-
vamente, entre 2015 e 2016, devido a uma assombrosa fuga de capitais, ao colapso do rublo,
à queda dos preços do petróleo e às sanções comerciais ocidentais (impostas pelos EUA),
que ocorreram no seguimento da crise ucraniana (2014). Após um crescimento negativo em
2015 (-3,7%) e 2016 (-0,8%), um crescimento positivo era esperado para 2017, impulsionado
pelo consumo privado, o qual se confirmou, ficando na casa dos 1,5%.

2.3.2. A Copa do Mundo de 2018

A Rússia realizou, em 2018, entre 14/6 a 15/7, a sua primeira Copa do Mundo. O país foi
sede dos Jogos Olímpicos de 1980 (Moscou) e das Olimpíadas de Inverno, em Sochi (2014). A

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Rússia faz parte também do calendário oficial da Fórmula 1, e é considerada uma potência em
vários esportes, tais quais ginástica, natação, vôlei e tiro, para no ano de 2018, com 11 sedes
(12 estádios, pois dois eram em Moscou) mostrar ao Mundo mais uma vez sua capacidade em
organizar eventos de grande porte realizando a 21a Copa do Mundo. Vale destacar que nunca
antes na história uma Copa havia sido realizada com jogos em dois continentes (já tendo ha-
vido, contudo, Copa do Mundo em dois países, como em 2002, entre Japão e Coreia). No caso
em tela russo, uma das sedes ficou em Ecaterimburgo, depois dos Montes Urais na Ásia. Veja
as sedes abaixo.

2.3.3. As Escalas de Poder da Rússia Atualmente: as Geopolíticas

Energia

Consolidada há mais de um século como uma potência na produção de energia, a Rússia,


país com as maiores reservas de gás natural do Mundo, terceiro em produção de petróleo e
quarto em energia nuclear, avança sobre o Mundo com seu poder econômico alicerçando uma
imbricada rede de dependência emaranhada por seus gasodutos e oleodutos.

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O jogo é simples. Onde os EUA deixaram lacunas, os russos entram. Onde há necessida-
des de gás natural, eles entram e as sanam. No Quatar, uma das várias petrolíferas estatais (o
estado russo possui mais de 15 empresas de energia próprias, ou de capital misto) de Putin,
chamada ROSNEF, ao associar-se ao xeiques do país sede da Copa de 2022, descontentes
com a forma que vem sendo tratados pela Arábia Saudita e os EUA, se tornou em 2017 a maior
empresa de energia do Mundo. Pela Ásia Central, a rede de gasodutos que passa por dentro
das ex-repúblicas soviéticas faz com que estes ex-países satélites não tenham autonomia
plena para decidir seus rumos, basta-nos ver o que aconteceu na Ucrânia quando, em 2014, a
Rússia forçou o país a se retirar das negociações de entrada na União Europeia. Foi assim com
a Georgia, com a Ucrânia e será assim com outros. Na Europa, estima-se que mais de 80% das
necessidades gás natural, e em torno de 90% de petróleo, seja sanada pelos russos. Para onde
se olha, a influência deles está presente cada vez mais no tabuleiro do jogo geopolítico global,
sendo a energia como uma ponta desta lança afiada.

Geopolítica com a China

A nova ordem geopolítica que se desenha para este novo século se encontra relacionada
à costura entre a Rússia e China com vistas a formação de um campo geopolítico forte de
contraposição ao poder dos EUA. Segundo o historiador inglês Eric Hobsbawn, morto recen-
temente, o Sec. XIX foi considerado como sendo o século da Europa, o século passado (XX) o
século dos EUA, e muito provavelmente este século atual será o da Ásia.
Ambos países se encontram alinhados nos Brics, no G20, sendo nações do Conselho de
Segurança da ONU e de atitudes vorazes com relação a seus interesses, governos autocratas
(na Rússia, ainda disfarçado de democracia) e possuidores de extensos territórios (Rússia 1º,
e China em quarto no Mundo).

A Geopolítica Armamentista

No início de 2018, o Presidente Vladmir Putin anunciou um plano armamentista para a Rús-
sia, a quarta nação que mais gastou com armamentos no Mundo, sendo uma das que mais
ampliou seus gastos nos últimos anos, como pode ser percebido na tabela acima. O “pacote”,
tal qual se referiu em discurso, visa exatamente inutilizar o poder dos EUA e da OTAN com
tecnologia inovadora de:
• Míssil de cruzeiro com propulsão nuclear ilimitado;
• Um submarino nuclear não tripulado com alcance intercontinental, altíssima velocidade,
propulsão silenciosa e capaz de atingir grande profundidade;
• Um míssil hipersônico Mach 10 com velocidade de 200 km;
• Um novo míssil estratégico Mach. 20.

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Todos estes sistemas têm capacidade de serem armados com ogivas convencionais ou
nucleares. As implicações são de imensa importância para a correlação de forças internacio-
nal. Em primeiro lugar, porque demonstra que foram inúteis os esforços dos EUA para a cons-
trução dos chamados escudos nos territórios vizinhos à Rússia, e em segundo lugar porque a
vantagem americana em função de seus porta-aviões tornara-se questionável em razão destes
novos submarinos.

População e Geopolítica

Por fim, um ponto interessante acerca da geopolítica russa reside na questão populacio-
nal, desta que já foi uma das potências globais em termos populacionais e que hoje vê enco-
lher – em processo similar ao que ocorre em mais de 20 países situados ao norte geopolítico
do planeta, a sua população.
Matéria publicada no G1, oriunda da BBC, de 08/09/2019, nos revela a real dimensão desta
questão e como o governo russo busca soluções a curto prazo.
Em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/08/09/o-ambicioso-plano-da-russia-para-
-combater-o-encolhimento-da-populacao.ghtml

MATÉRIA

O ambicioso plano da Rússia para combater o encolhimento da população

País quer atrair entre 5 a 10 milhões de imigrantes entre 2019 e 2025; objetivo é evitar
redução da população e, assim, perda de influência geopolítica.

É uma das principais ameaças às aspirações geopolíticas da Rússia.

O país enfrenta uma crise demográfica sem precedentes que atingiu um novo pata-
mar em 2018 quando, pela primeira vez em uma década, a população russa caiu em
termos absolutos.

Segundo a Rosstat, o IBGE russo, o país tem agora 148,8 milhões de habitantes, 93,5
mil a menos do que no ano anterior.

E as estimativas não são promissoras. Segundo estimativas da ONU, a Rússia perde-


rá cerca de 8% de sua população até 2050.

Consciente disso, o governo do presidente Vladimir Putin desenvolveu um plano am-


bicioso para atrair entre 5 e 10 milhões de imigrantes entre 2019 e 2025.

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“O declínio demográfico tem sido um problema para a Rússia há décadas”, diz Gre-
gory Feifer, analista do Centro Davis para Estudos Russos e Eurasianos da Universi-
dade de Harvard (EUA), à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC.

“O alto escalão do governo, incluindo o presidente Putin e o primeiro-ministro Medve-


dev, falou publicamente sobre isso”.

“Mas as políticas que vêm sendo tomadas são inadequadas para enfrentar o declínio
da população. O que o governo está fazendo é desestimular a imigração e incentivar
a emigração”, acrescenta Feifer.

Fuga de cérebros

Como muitos outros países do mundo, a Rússia também enfrenta baixas taxas de
natalidade.

Em sua campanha eleitoral de 2018, o presidente Putin prometeu gastar mais de


US$ 8 bilhões (R$ 32 bilhões) nos próximos três anos em programas para ajudar as
famílias a ter filhos.

Mas o declínio da população russa em termos absolutos se deve, principalmente,


à migração.

Em 2017, o último ano com dados disponíveis, 377 mil deixaram a Rússia, segundo
a Rosstat.

“Muitas pessoas estão deixando a Rússia, jovens profissionais altamente qualifica-


dos são maioria”, diz Feifer. “E isso é um problema para a Rússia, porque é o tipo
de pessoas que o país precisará para manter sua influência no mundo e em sua
economia.”

A opinião de Feifer é comprovada pelos números da Rosstat. Segundo o órgão, em


2017, 22% das pessoas que deixaram a Rússia tinham formação superior, 5% a mais
que em 2012.

Atrair imigrantes

Tradicionalmente, a Rússia era um país receptor de imigrantes, e a perda de popula-


ção causada pelo declínio natural (baixas taxas de natalidade) costumava ser miti-
gada pelos recém-chegados ao país, principalmente de países do Cáucaso e da Ásia
Central.
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Por outro lado, esse número vem registrando quedas consecutivas. No ano passado,
chegou ao valor mais baixo desde 2005: 124.900, segundo a Academia Russa de
Economia e Administração Pública (Ranepa).

A dificuldade na obtenção de vistos de residência e a obrigatoriedade de que o can-


didato à cidadania russa renuncie a sua nacionalidade de origem representam barrei-
ras à imigração, explicou Yulia Florinskaya, especialista em migração da Ranepa, ao
site de notícias Eusarianet.

Estima-se que a Rússia precise de até 300 mil pessoas a mais por ano para mitigar os
efeitos da perda natural da população e permanecer em um crescimento líquido zero.

Neste contexto, o governo de Putin deu prioridade à política imigratória e aprovou


em outubro do ano passado um novo plano para os próximos seis anos, com o qual
espera atrair entre 5 e 10 milhões de migrantes.

Pelo plano, os procedimentos para obtenção de autorizações de trabalho e acesso à


cidadania russa são simplificados.

O objetivo é atrair principalmente a população de língua russa de países vizinhos,


incluindo a Ucrânia, o Cazaquistão, o Uzbequistão, a Moldávia e outras repúblicas
ex-soviéticas. Mas também tem como alvo os estrangeiros que querem “integrar-se
à sociedade russa”.

O despovoado leste

A desigualdade na ocupação do território é outro problema para as autoridades russas.

Segundo um documento do Conselho Russo de Assuntos Internacionais, “a Rússia


entende que tem uma crise demográfica em curso, especialmente nas regiões da
Sibéria e do Extremo Oriente”.

E é por isso que esse plano de imigração visa a “atrair estrangeiros e imigrantes para
repovoar essas áreas com baixa população”.

Isso não é algo novo. De acordo com o serviço russo da BBC, desde o colapso da
União Soviética, houve numerosos programas para receber imigrantes “etnicamente
russos” das antigas repúblicas soviéticas.

O objetivo desses programas, por meio dos quais os imigrantes podiam obter a na-
cionalidade russa, era repovoar essas áreas remotas. As famílias que se mudaram
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para a Rússia receberam terras e uma quantia em dinheiro (aproximadamente US$


6,5 mil).

“Não se podia escolher o local onde você ia morar; era o governo que escolhia, e ge-
ralmente se tratava de lugares remotos, sem serviços sociais, sem escolas...”, explica
Anastasia Uspenskaya, repórter do serviço russo da BBC.

Como resultado, menos de 1 mil pessoas se candidataram a esses programas.

Segundo uma análise do centro de estudos Stratfor, a Rússia enfrenta o risco de ten-
sões étnicas com a chegada de imigrantes do Cáucaso e da Ásia Central.

“A Rússia não é tradicionalmente propensa à imigração; é uma sociedade fechada”,


diz Anastasia Uspenskaya.

Para Gregory Feifer, a Rússia “é um lugar muito difícil para os imigrantes viverem e
trabalharem”.

“Em teoria, a Rússia seria o destino ideal para imigrantes de países fronteiriços da
Europa Oriental e da Ásia Central, como o Tajiquistão, onde o salário médio mensal é
de US$ 15 por mês. Mas a sociedade é muito racista”, diz o analista.

“Especialmente os imigrantes de pele escura enfrentam discriminação e violência”,


acrescenta.

Em Yakutsk, na Sibéria, fortes protestos contra a imigração foram realizados em


março passado, após o estupro de uma mulher por imigrantes da Ásia Central.

O plano de Putin está funcionando?

Após uma trajetória descendente durante vários anos, os números da Rosstat mos-
tram um aumento significativo no número de imigrantes nos primeiros meses de
2019.

Entre janeiro e abril deste ano, houve uma “imigração estranhamente alta na Rússia”.

As estatísticas oficiais mostram que nesse período a população migrante cresceu


em 98 mil pessoas, em comparação com as 57,1 mil registradas no mesmo período
de 2018.

No entanto, nenhum dos planos anteriores do governo russo foi bem-sucedido.

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Além disso, ainda é muito cedo para vincular esse aumento à nova política de imigra-
ção do governo e estabelecer uma tendência.

Em qualquer caso, de acordo com uma análise da Stratfor, embora a Rússia consiga
atrair um número significativo de migrantes para mitigar o declínio de sua população,
isso terá um impacto pequeno nas previsões demográficas.

“Mesmo que a Rússia consiga aumentar substancialmente a imigração, isso não


vai garantir números suficientes para compensar o declínio em sua população”, diz
Feifer.

“As autoridades russas perceberam que suas estratégias anteriores para aumentar
as taxas de natalidade não funcionavam, e agora eles estão falando sobre o incen-
tivo à imigração, mas é tudo da boca para fora. Não acho que isso vai resolver os
problemas”, conclui.

2.3.4. China

A China é ainda atualmente a maior demografia global, ao concentrar 18% de todos os ha-
bitantes do Planeta, embora seus indicadores de crescimento populacional já estejam total-
mente estabilizados. Além disso, em termos econômico-produtivos, já tornara-se ao mesmo
tempo o maior produtor de produtos industriais e também o maior consumidor de insumos
energéticos.
Maiores populações em 2019:
• 1. China: 1.384.688.986
• 2. Índia: 1.296.834.042
• 3. Estados Unidos: 329.256.465
• 4. Indonésia: 262.787.403
• 5. Brasil: 208.846.892
• 6. Paquistão: 207.862.518
• 7. Nigéria: 195.300.340
• 8. Bangladesh: 159.453.001
• 9. Rússia: 142.122.776
• 10. Japão: 126.168.156

Em 2018, o Partido Comunista Chinês acaba formalmente com os limites do mandato para
a presidência de Xi-Jinping, abrindo caminho para um governo vitalício do atual líder do país.
Dos 2.964 delegados que votaram sobre a matéria no Congresso Nacional do Povo (CNP),
2.958 se declararam a favor de revogar um limite de 10 anos para mandatos presidenciais,

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juntamente com uma série de outras mudanças constitucionais visando consolidar o poder
de Jinping.
Na verdade, o gigante oriental, de forma explícita, busca promover uma política onde pe-
los próximos anos não haja espaço para que uma alteração de rumos institucionais venha
representar minimamente qualquer fratura frente à segura conduta que, há décadas, o país
vem perseguindo em torno de se consolidar ainda mais como um gigante global em todos os
segmentos possíveis.
Dentro deste contexto, a China ainda ostenta a maior taxa de crescimento econômico em
comparação a todas as principais economias do mundo. Chama a atenção, contudo, que o
crescimento do PIB chinês em 2019 foi o menor desde 1990, tendo avançado “apenas” 6,1%
em relação ao ano anterior (sendo que em 2018 houve 6.6% de crescimento), segundo dados
oficiais. Embora o país há mais de 10 anos não revele um crescimento econômico na casa dos
dois dígitos, o mesmo segue de forma inequívoca um norte voraz, engolindo mercados e tam-
bém incrementando escalas de consumo internas. Ao decidir em 2018 manter Xi Jinping como
líder por tempo indefinido, o Partido Comunista Chinês não deixa dúvida alguma que seus
estamentos político-institucionais são mais sólidos até que a própria Muralha da China. Com
o encrudescimento das políticas protecionistas ianques, sem meias-palavras exaradas desde
a campanha por Donald Trump e que vem sendo colocadas em prática através de taxações
crescentes à imensa gama de produtos feitos pelo maior parque industrial do mundo, a China,
inimigo número 1 declarado da economia dos EUA, segue inabalável, pois sabe bem que no
fundo tudo passará, inclusive Trump, menos o poder de seu Partido Comunista e sua vocação
rumo à liderança da economia global.

China, Hong Kong e Taiwan

Uma questão de atualidades muito importante ocorrida em 2019/2020 na China diz respei-
to à Hong Kong, e como a população da cidade-estado vem temendo (e protestando contra….)
o peso do controle chinês. Ao longo do segundo semestre de 2019 (onde segue-se em 2020),
uma série de manifestações nas ruas da cidade-estado que pertence à China, que contudo
é governado com maior distensão política, demonstram o descontentamento da população
local frente à direção nítida do partido comunista chinês em aumentar o controle sobre a
localidade.
Vamos entender melhor a questão em tela:
Quando Hong Kong retornou ao controle de Pequim em 1997, seus habitantes receberam
a promessa de que manteriam por 50 anos as liberdades civis e o Estado de Direito adotados
durante o século e meio de colonização britânica. A ilha nunca teve democracia, mas desfru-
tava de garantias inexistentes na China continental, entre as quais a liberdade de imprensa e
de expressão e um Judiciário independente.

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E, faltando em 2019 28 anos para o ano 2047, quando os 50 anos se completam, muitas
das liberdades civis de Hong Kong estiveram sob ataque da China continental. O alvo das
manifestações vem em direção ao projeto de lei que permite a extradição para a China de
acusados da prática de crimes. Os críticos da proposta afirmam que ela abre caminho para
opositores políticos em Hong Kong serem enviados para julgamentos pelo nada independente
sistema judicial de Pequim, no qual imperam os desígnios do Partido Comunista.
No início do ano de 2019, Xi Jinping ofereceu aos taiwaneses a reunificação com a China
sob modelo de “um país, dois sistemas”, o mesmo adotado em Hong Kong. Nas horas sub-
sequentes, a presidente da ilha, Tsai Ing-wen, reiterou sua rejeição à proposta e manifestou
solidariedade aos manifestantes da ex-colônia britânica. “Nós estamos ao lado do povo aman-
te da liberdade de #HongKong. Em seus rostos, nós vemos o anseio pela liberdade & somos
lembrados de que a democracia arduamente conquistada de #Taiwan deve ser protegida &
renovada por cada geração”, escreveu Tsai em sua conta no Twitter.
Taiwan é a ilha para a qual fugiram os nacionalistas derrotados pelos comunistas na guerra
civil da China, encerrada em 1949. Governada de maneira ditatorial e sob lei marcial até 1987, a
ilha realizou sua primeira eleição direta para presidente em 1996. “Hong Kong vive a realidade
de ‘um país’ e a ilusão de ‘dois sistemas’”, afirmou a porta-voz do Partido Democrático Progres-
sista de Taiwan, Isis Lee, de acordo com relato do jornal Taipei Times.
Em matéria do Portal G1, da BBC News, de 05/07/2019,vemos a dimensão das principais
diferenças que constituem o postulado regente, ao menos nas relações entre Hong Kong e a
China: ou seja; “um país, dois sistemas”. Então vejamos com atenção:
Em:https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/07/05/as-5-principais-diferencas-da-vida-
-em-hong-kong-e-na-china.ghtml

MATÉRIA

As 5 principais diferenças da vida em Hong Kong e na China

Por 150 anos, Hong Kong foi uma colônia britânica; ao ser devolvido aos chineses,
o território teve assegurado até 2047 um grau elevado de autonomia.

Hong Kong está em contagem regressiva para 2047. Se nada mudar, esse é o ano em
que o território passará a ser controlado completamente pela China.

A China cedeu Hong Kong ao Reino Unido em 1842 após a Primeira Guerra do Ópio.
Por cerca de um século e meio, o território foi uma colônia britânica.

E só foi devolvido aos chineses em 1997, quando Hong Kong passou a ser uma re-
gião administrativa especial da China.

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À época, ficou acertado que Hong Kong teria um grau elevado de autonomia, o que
inclui um sistema político e uma estrutura econômica próprios. A exceção trataria
das áreas de defesa e relações exteriores, ambas sob o controle da China.

O acordo de devolução sob um modelo chamado de “um país, dois sistemas” duraria
50 anos.

No entanto, ninguém sabe exatamente o que vai acontecer em 2047 com o território
de 7,4 milhões de habitantes.

Há diferentes cenários possíveis. Além de passar a ser controlada integralmente


pela China, discute-se também a possibilidade de estender o prazo, de assegurar
independência total a Hong Kong ou até mesmo de firmar novos termos com a China
para uma solução intermediária.

Em 2014, contudo, um conselho do governo chinês publicou um documento oficial,


chamado Livro Branco sobre Hong Kong. Nele, assinalavam que o objetivo é a “reu-
nificação do continente” e lembravam que o território tem autonomia sobre assuntos
locais desde que tenha permissão do poder central.

Analistas internacionais advertem que esse poder que Pequim tenta exercer sobre
Hong Kong está cada vez mais acentuado. Tem impulsionando também um proces-
so de homogeneização do território, na tentativa de diminuir as diferenças que exis-
tem entre a China continental e o território semiautônomo.

Essa postura de Pequim tem gerado resistência em Hong Kong.

Milhões de pessoas saíram às ruas nas últimas semanas, inicialmente motivadas


por uma lei que autorizaria extradições de cidadãos locais ao território chinês pro-
priamente dito. Os protestos serviram também para externar a insatisfação mais
difusa de cidadãos de Hong Kong com Pequim.

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Na segunda-feira (1º), dia do aniversário da transferência da soberania sobre Hong


Kong do Reino Unido à China, manifestantes invadiram e ocuparam a sede do legis-
lativo e depredaram seletivamente alguns símbolos da soberania de Pequim, depois
de semanas de imensas manifestações.

Mas você sabe quais são as principais diferenças entre a China e o território semiau-
tônomo?

A BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC News, listou cinco dessas
diferenças:

1. Sistema político

A República Popular da China é um Estado socialista comandada por um único parti-


do, o Partido Comunista chinês, ainda que existam outros partidos no país.

Segundo o estatuto do Partido Comunista do país, 90 milhões de filiados selecionam


2.300 delegados que, por sua vez, votam nos 200 membros do comitê central.

Esse comitê é quem elege o Politburo com seus 25 integrantes, o comitê permanen-
te que tem de cinco a nove membros e o secretário-geral que, na prática, é o principal
líder do partido.

Desde 2012, esse posto é ocupado por Xi Jinping, que também assumiu o cargo de
presidente da China em 2013.

Hong Kong, por sua vez, também tem como presidente Xi Jinping. Mas o território
tem o próprio governo.

O chefe do Executivo local é eleito por votação secreta por um comitê de 1.200 pes-
soas escolhidas pelo próprio governo central.

O mandato é de cinco anos e renovável por duas vezes consecutivas, no máximo.


Desde 2017, a chefe do governo local de Hong Kong é Carrie Lam, que condenou a
violência e o vandalismo dos protestos mais recentes.

Hong Kong também tem uma Assembleia Legislativa com 70 integrantes, entre
eles políticos, empresários, sindicalistas, professores, líderes religiosos e até cele-
bridades, eleitos (algo impensável na China) por residentes com mais de 18 anos.
Metade das vagas é ocupada por representantes de regiões geográficas e a outra
metade por representantes de empresas ou associações.
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Ainda que Hong Kong não seja uma democracia plena, a Assembleia é eleita por um
segmento mais diverso da sociedade se comparado à China continental.

Nos últimos anos, contudo, tem aumentado a demanda por mais democracia em
Hong Kong, com uma série de manifestações que se repetem nas ruas há mais de
uma década contra políticas e leis impostas pela China.

2. Sistema judicial

O sistema legal de Hong Kong é bastante distinto do modelo continental chinês.


Ele se assemelha ao sistema britânico, em que a transparência e independência
dos processos judiciais são prerrogativas previstas em lei - no caso de Hong
Kong estão na chamada Lei Básica, uma espécie de carta constitucional do terri-
tório semiautônomo.

Na China continental, por sua vez, o Partido Comunista controla todos os aspectos
do processo judicial e críticos afirmam que é um sistema bastante corrupto que não
oferece garantias mínimas aos que são processados.

No entanto, a Lei Básica também está subordinada ao comitê permanente do Con-


gresso Nacional da China, que tem o poder de emitir uma interpretação final e vincu-
lante das leis. Assim, nesse aspecto, a independência do sistema não é integralmen-
te garantida uma vez que Pequim tem a última palavra.

3. Direitos civis

Ainda que Pequim tenha a última palavra em relação à legislação de Hong Kong, os
cidadãos do território semiautônomo têm uma série de liberdades civis exclusivas.
Diferente do resto da China, desfrutam de liberdade de imprensa, de associação e
de expressão.

No entanto, episódios nos últimos anos colocaram em xeque essas prerrogativas.

Em 2014, líderes estudantis foram detidos e acusados de traição por terem partici-
pado da “Revolução dos Guarda-Chuvas”, que ganhou esse nome em referência aos
guarda-chuvas usados como proteção do gás lacrimogêneo lançado pelas forças
de segurança. Estudantes foram às ruas contra a decisão de Pequim de fazer uma
reforma educacional na qual se exaltava nas escolas os valores comunistas.

Professores críticos ao sistema comunista também foram detidos, e livrarias con-


sideradas “subversivas” têm sido fechadas por publicarem ou venderem obras com
críticas ao regime chinês.
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Ainda assim, a mídia e o acesso à informação em Hong Kong são visivelmente mais
diversos que no resto da China. Redes sociais como Facebook, Twitter, WhatsApp,
por exemplo, são permitidos sem restrições.

Cidadãos de Hong Kong também têm passaporte diferente dos chineses, que permi-
te viajar à maioria dos países do mundo, entre eles os EUA e aos Estados-membros
da União Europeia sem necessidade de solicitar visto.

4. Economia

O modelo “um país, dois sistemas” permite que Hong Kong conviva, paradoxalmente,
com o socialismo e o capitalismo ao mesmo tempo no mesmo lugar. Dessa forma,
enquanto as empresas da China são regidas por um sistema comunista, controlados
em sua maior parte pelo Estado, Hong Kong tem um sistema livre de mercado.

A República Popular da China não interfere nas leis fiscais da região administrativa e
não cobra nenhum tipo de imposto.

A economia chinesa, assim como a de outros países em desenvolvimento, depende


principalmente da produção de matéria-prima e produtos manufaturados. Já a eco-
nomia de Hong Kong se baseia nos setores de serviços e finanças.

As moedas são distintas. Enquanto a China usa o yuan o território semiautônomo


tem o dólar de Hong Kong. A moeda de Hong Kong opera num câmbio vinculado ao
dólar dos EUA e se submete às regras do mercado internacional, algo que não acon-
tece com a moeda chinesa.

E a economia local é reconhecida por impostos mais baixos, livre comércio e peque-
na interferência das autoridades governamentais nas atividades empresariais.

5. Idioma

A China continental e Hong Kong não falam a mesma língua. O idioma oficial da Chi-
na é o mandarim. No entanto, existem no país uma série de dialetos e outros idiomas,
entre eles o cantonês, que se fala em Hong Kong.

O mandarim, contudo, é ensinado em todas as escolas, inclusive em Hong Kong.


Mas no dia a dia, tanto nas ruas quanto no trabalho, o cantonês é mais falado no
território semiautônomo que o mandarim. O inglês também é usado, em especial em
placas de sinalização nas ruas e nos transportes coletivos.

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Ainda que a maioria das pessoas em Hong Kong tenha origem chinesa e o território
pertença à China, muita gente não se identifica com os chineses. Várias pesquisas
da Universidade de Hong Kong mostram que uma parcela significativa da população
se identifica como ‘hongkongers’ e que apenas 15% se identificam como chinês.

Essa diferença é ainda mais forte entre os jovens. Levantamento feito em 2017 mos-
trou que apenas 3% das pessoas com idade entre 18 e 29 anos se declaravam como
chineses em Hong Kong.

TEXTO COMPLEMENTAR
Por: Luis Felipe Ziriba
COVID – 19: DEZ MESES (01/12/2020) + OMS e VACINA
O coronavírus, ou Covid-19, é uma infecção respiratória tal qual os Sars ou H1N1
(gripe suína), ambas anteriormente enfrentadas em escalas bem menos agressivas
quando comparadas a atual pandemia que assola o planeta. Síndrome viral, transmitida
por gotículas principalmente, pela tosse ou contato, tal enfermidade veio para apavorar
o mundo nessa entrada de década (…) e não é para menos! Já são mais de 1.4 milhões
de mortes registradas até o dia 01 de Dezembro, com mais de 73 milhões (73.000.000)
de infectados oficialmente.
O Covid-19 é originário da China, tendo seu epicentro conhecido no mercado de
peixes de Wuhan, uma cidade polo tecnológico e industrial de 12 milhões de habitan-
tes. O que se sabe confirmado até aqui (embora circulem “fake-news” dizendo ser um
vírus elaborado propositalmente em laboratório, o que afirmo! não há comprovação....)
é que o vírus teria origem em morcegos (que ao contrário de outras fake-news, NÃO
COMPÕEM A CADEIA ALIMENTAR DA POPULAÇÃO CHINESA) que picaram um animal
hospedeiro, provavelmente o pangolim, considerado o animal mais traficado no mundo,
um pet que bomba na China e em outros países, especialmente da Ásia. Os primeiros
casos oficialmente divulgados pelo Regime Comunista vieram à luz em meados de
Janeiro de 2020, mas com ocorrência no mês anterior, pelo que sabemos.
É importante perceber que à época da Sindrome SARS, em 2003, mazela também
originária na China, havia ao menos dez vezes menos chineses viajando pelo Globo em
comparação a 2019, e a força econômica do país era apenas 4% do PIB global. Para se
ter uma ideia, somente em 2019, mais de 160 milhões de chineses transitaram poten-
cialmente pelo Globo apenas como turistas (!!) e o poder econômico do gigante oriental
atingiu 16% de toda a produção (PIB) de valor global, sendo isoladamente a segunda
maior economia do Planeta em 2019. Além disso, o país é atualmente a maior potência
global em termos de exportações comerciais, e a maior demografia mundial (ver sobre

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demografia global em nossa primeira parte dessa aula). Este dimensionamento, sem
dúvidas, foi fundamental para que o vírus se espalhasse por todos os continentes com
tamanha rapidez, exatamente por ter origem na potência China.
A nova epidemia, poucos dias após conhecida, foi classificada pela OMS - Organiza-
ção Mundial da Saúde (ver Box abaixo sobre o funcionamento e características da agên-
cia), como sendo de “emergência global”. E a agência da ONU para a saúde até tentou
(ao menos no início) não promover nível de alarde extremado, com vistas, ao que tudo
indica e entre outros pontos, não prejudicar as escalas de comércio global. Só que não
teve jeito, e logo sucumbiu à gravidade da epidemia que virou pandemia (veja quadro ao
fim deste texto, também, as diferenças entre surto, epidemia e pandemia).
Logo, na entrada de março, tal instituição da ONU declarava ser fundamental a rea-
lização, entre outras medidas, de um pacto coletivo global com vistas ao isolamento
social – ou seja, o distanciamento entre pessoas, com medidas radicais como fecha-
mento de comércios, escritórios e áreas públicas, possuindo, em fins de Março/2020,
adesão de mais de 1/3 da população global. Esse é o chamado lock-down, medida com-
preendida dentro do escopo do isolamento horizontal, sendo bem mais radical que o
isolamento vertical (ver quadro abaixo..).

Isolamento Vertical:
O Isolamento vertical é aquele no qual somente a parcela da população com maior risco de
desenvolver a doença ou complicações é isolada. Isso significaria isolar somente as pessoas
que pertencem aos grupos de risco para a covid-19, como os idosos, os imunocomprometi-
dos, os obesos, os diabéticos e os portadores de doenças pulmonares (como a asma), cardio-
vasculares, hepáticas ou aqueles com doenças renais crônicas.
Assim, durante o isolamento vertical, pessoas que não pertencem ao grupo de risco conti-
nuam exercendo suas atividades de vida normalmente. Esse modelo é menos eficiente do
que o isolamento horizontal, segundo a OMS, quanto à capacidade de conter a velocidade de
transmissão doença. Além disso, vale ressaltar que a identificação dos grupos de risco é um
desafio no cumprimento desta forma de isolamento.
O Isolamento vertical foi defendido por Donald Trump e Jair Bolsonaro, entre outros mandatá-
rios globais, mas, no caso brasileiro e norte-americano, uma série de medidas de cunho local
emanadas por Prefeitos e Governadores, em ambos os países, não perseguiram a cartilha
emanada pelos presidentes.
Isolamento Horizontal:
É aquele no qual o maior número possível de pessoas deve permanecer dentro de casa, in-
dependentemente de apresentarem fatores de risco ou não para a doença. O distanciamento
horizontal pode ser feito em diferentes níveis de rigidez.

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O mais rígido é chamado de lock-down, em que somente as atividades consideradas essen-


ciais (como farmácias e supermercados) são mantidas em funcionamento normal. Pode, in-
clusive, haver um monitoramento das ruas pela polícia.

Ao longo dos meses de Junho e Julho, contudo, vários países distenderam suas
medidas de isolamento horizontal após meses, estando incluído o Brasil.
Se para alguns os esforços da China, o país epicentro desta pandemia, frente à con-
tenção da expansão do vírus são vistos como consideráveis (ao terem tomado medidas
sanitárias e de isolamento contundentes e reduzido de forma drástica a ação do vírus
em seu território, ao menos ao que parece), critica-se enormemente na outra ponta,
dentre vários pontos, a forma como o regime comunista impediu a entrada de agências
internacionais e também a prospecção de dados sobre o vírus por parte da comuni-
dade científica internacional. Já dentro do âmbito das chamadas “teorias da conspi-
ração”, o governo norte-americano, mesmo sem evidências claras, declarou acreditar
piamente que a China tenha criado o vírus em laboratório, e pior, de forma maquiavéli-
ca espalhado tal moléstia globalmente. Tudo dentro de um plano bem ajambrado pelo
poderoso Partido Comunista. Tal tese, propalada aos quatro ventos por Donald Trump,
vem sendo, contudo, cada dia mais desacreditada, residindo, portanto, no âmbito das
chamadas fake-news.
Os números globais e drásticos: até 01 de Dezembro:
Na entrada de Dezembro de 2020, e estes dados ainda aumentarão bastante, dez
meses depois do primeiro caso de Covid oficialmente constatado, há mais de 180
países com casos da doença confirmados em todos os continentes habitados, o que
exclui apenas a Antártida. São em torno de 73 milhões de pessoas que já se infecta-
ram desde Janeiro de 2020, ou se encontram infectadas ao redor do Planeta, levan-
do-se em conta apenas os casos realmente identificados (devendo ser muito maior
este número, à medida que há, logicamente, um número bem maior de pessoas que
se encontra, ou se encontrou, infectada, e não sabe... ou não soube), com mais de
1.400.000 mortes segundo a OMS até 01 de Dezembro. Os EUA dispararam à frente
em números totais de infectados desde Fev/2020, com mais de 13 milhões de casos
registrados, e também de mortes (mais de 260.000). No gigante norte-americano, evi-
dente ter havido por parte de Donald Trump um absoluto erro estratégico em torno de
suas políticas sanitaristas, com subestimação (e negação, de forma radical) acerca da
força do vírus, fazendo assim com que o mandatário não tenha promovido as medidas
necessárias (e em contra posição ao que fora recomendado pela OMS) com vistas a
resguardar o seu povo. Nada, nada, tal virada de costas por parte de Trump frente ao
Covid acabou se tornando um elemento determinante em sua derrota na eleição presi-
dencial para o democrata Joe Biden.

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Na Europa, também devastada pela pandemia e, levando–se em conta a Rússia, é


neste gigante territorial onde ocorre registro do maior número de casos desde o início
da pandemia: até 01 de Dezembro, eram 2,25 milhões de ocorrências, seguido de perto
por França (2,15 mi), Espanha (1,60 mi), Reino Unido (1,58 mi) e Itália (1,50 mi). Na
Itália, o Papa Francisco esteve com suspeita (não confirmada) de ter contraído o vírus
e rezou, por meses, as missas no Vaticano sem a presença de fiéis, respeitando as
medidas de isolamento social. No Reino Unido, o primeiro-ministro Boris Johnson, um
refratário em primeira fase à promoção de medidas de isolamento social (num proces-
so de evidente negacionismo, tal qual promovido pelo nosso Presidente Jair Bolsonaro
e Donald Trump), ironicamente se infectou, perecendo, inclusive, em um quarto de UTI
por uma semana na entrada do mês de abril de 2020. No Irã, suspeita-se que um minis-
tro de Estado tenha morrido em função da ação do vírus ainda em Abril também. Des-
taca-se, contudo, que principalmente nos países europeus citados acima, com exceção
da Rússia, vinha ocorrendo um real estancamento no número de mortes e também de
novos casos de Covid-19 - uma ótima notícia, sem dúvidas, porém, desde Outubro de
2020 o cenário mudou. Há neste fim de ano uma segunda onda de Covid em curso a
assolar estas nações. A Itália em Novembro de 2020 e na entrada de Dezembro, tinha o
mesmo número (sinistro) de mais de 800 mortes, de março de 2020, após quedas pro-
gressivas por meses. Espanha e Reino Unido seguem a mesma linha.
Além do dramático cenário relativo à saúde e às perdas humanas que avassala o
globo, outros temores vem ganhando proporções gigantescas: são as perdas no campo
econômico. Instala-se, exclusivamente em função desta pandemia, uma crise global
em nível apenas comparado ao que fora percebido na Crise de 1929. As escalas, aliás,
são piores hoje que há 90 anos atrás, visto o peso demográfico atual, por haver uma
população no globo 4 vezes maior e uma complexa e imbricada rede de relações mul-
tidimensionais que a globalização promoveu. Prejudicial, portanto, a todas as econo-
mias... sem exceção. Estima-se, para 2020, uma queda no PIB global de no mínimo 5
por cento, e recessão econômica em todas, simplesmente TODAS AS GRANDES ECO-
NOMIAS GLOBAIS (!!!), com recuperação do cenário econômico pré-Covid, na melhor
das hipóteses, segundo o Banco Mundial (em uníssono a previsões de outras grandes
e respeitáveis instituições), somente por volta de 2026.
Vamos agora conhecer melhor abaixo o trabalho e o funcionamento da OMS?
A Organização Mundial de Saúde foi fundada em 1948 (World Health Organization
- WHO) sendo uma agência especializada em saúde, subordinada à Organização das
Nações Unidas, com sede em Genebra, na Suíça. Sendo seu diretor-geral, desde julho
de 2017, o etíope Tedros Adhanom.

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Segundo sua constituição, a OMS tem por objetivo desenvolver ao máximo pos-
sível o nível de saúde de todos os povos. A saúde sendo definida no documento base
de sua formação como um “estado de completo bem-estar físico, mental e social e não
consistindo somente da ausência de uma doença ou enfermidade”.
Além de coordenar os esforços internacionais para controlar surtos de doenças,
como a malária e a tuberculose, a OMS também patrocina programas para prevenir
e tratar tais doenças e uma gama de outras moléstias. A OMS assegura o desenvol-
vimento e distribuição de vacinas seguras e eficazes, diagnósticos farmacêuticos e
medicamentos, como por meio do Programa Ampliado de Imunização.
Através de sua ação, a OMS declarou em 1980 que a varíola havia sido erradicada,
constando este esforço simplesmente como a primeira doença na história a ser erradi-
cada pelo esforço humano.
A OMS supervisiona a implementação do Regulamento Sanitário Internacional, e
publica uma série de classificações médicas, incluindo a Classificação Estatística Inter-
nacional de Doenças (CID), a Classificação Internacional de Funcionalidade, a Incapaci-
dade e Saúde (CIF) e a Classificação Internacional de Intervenções em Saúde (ICHI). A
OMS publica regularmente um Relatório Mundial da Saúde, incluindo uma avaliação de
especialistas sobre a saúde global.
Além disso, a OMS realiza diversas campanhas de saúde - por exemplo, para aumen-
tar o consumo de frutas e vegetais em todo o mundo e desencoraja o uso do tabaco.
Cada ano, a organização escolhe o Dia Mundial da Saúde.
A OMS realiza pesquisa em áreas sobre doenças transmissíveis, doenças não trans-
missíveis, doenças tropicais e outras áreas, bem como melhora o acesso à pesquisa
em saúde e à literatura em países em desenvolvimento, como através da rede HINARI.
A organização conta com a experiência de muitos cientistas de renome mundial, como
o Comitê de Especialistas da OMS sobre Padronização Biológica, o Comitê de Especia-
listas da OMS para a Hanseníase e o Grupo de Estudos sobre Educação Interprofissio-
nal & Prática Colaborativa.
A OMS também trabalhou em iniciativas globais como a Global Initiative for Emergen-
cy and Essential Surgical Care; a Guidelines for Essential Trauma Care focada no acesso
das pessoas às cirurgias. Safe Surgery Saves Lives sobre a segurança do paciente em
tratamento cirúrgico.
A OMS é composta por 193 Estados-membros, onde se incluem todos os Estados
Membros da ONU exceto Liechtenstein e os Estados Unidos, e inclui dois não membros
da ONU, Niue e as Ilhas Cook. Os territórios que não são Estados-membros da ONU
podem tornar-se Membros Associados (com acesso total à informação, mas com par-
ticipação e direito de voto limitados) se assim for aprovado em assembleia: Porto Rico
e Tokelau são MEMBROS Associados. Existe também o estatuto de Observador; alguns

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exemplos incluem a Palestina (um Observador da ONU), a Santa Sé, a Ordem Sobera-
na e Militar de Malta, o Vaticano (um observador não membro da ONU), Taipé Chinesa
(uma delegação convidada) ou Taiwan.
Os Estados-membros da OMS nomeiam delegações para a Assembleia Geral da
Saúde Mundial, que é o corpo decisor supremo. Todos os Estados-membros da ONU
são elegíveis para pertencer à OMS. A Assembleia Geral da OMS reúne-se anualmen-
te em Maio. Para além da nomeação do Diretor-Geral a cada cinco anos, a Assembleia
analisa as políticas de financiamento da Organização e revê e aprova o orçamento pro-
posto. A Assembleia elege 34 membros, tecnicamente qualificados na área da saúde,
para a Direção Executiva durante um mandato de três anos. As principais funções desta
direção serão as de levar a cabo as decisões e regras da Assembleia, de aconselhá-la
e, de uma forma geral, auxiliar e facilitar a sua missão.
A OMS é financiada por contribuições dos Estados-membros e doadores vários. Nos
últimos anos, o trabalho da OMS tem envolvido de forma crescente a colaboração com
entidades externas; existem atualmente cerca de 80 parcerias com organizações não
governamentais e indústria farmacêutica, bem como com fundações como a Fundação
Bill e Melinda Gates e a Fundação Rockefeller. Com efeito, as contribuições voluntárias
para a OMS por governos locais e nacionais, fundações e ONGs, outras organizações
da ONU e o próprio setor privado excedem atualmente as contribuições estabelecidas
(quotas) pelos 193 Estados-membros.
Além dos Estados Observadores e entidades listadas acima, os observadores de orga-
nizações da Cruz Vermelha e da Federação Internacional da Cruz Vermelha entraram em
“relações oficiais” com a OMS, e são convidados como observadores. Na Assembleia
Mundial da Saúde, atuam como representantes, igual aos de outros países.

COVID - 19 E AS VACINAS:
Nunca antes na história da humanidade uma ação com vistas à criação de um imunizante
fora empreendida em tempo tão curto. Desde o primeiro caso de Coronavírus, identificado em
Dezembro de 2019, até a oficialização das primeiras vacinas, em fins de Outubro de 2020. Ao
longo destes 10 meses, diariamente, 24 horas por dia, praticamente toda a comunidade cientí-
fica relacionada à saúde no Planeta se debruçou com vistas à produção de um elixir de expur-
go deste vírus pandêmico. Havia uma previsão de que um novo vírus surgiria (após o surto a
epidemia de Ebola na África ocidental em 2014) e os trabalhos já estavam iniciados, mas claro
que praticamente começaram do zero.
E o êxito aconteceu. É interessante percebermos que mesmo gestadas em tempo recorde,
foram somente após quase 1.5 milhões de mortes pelo globo que as vacinas se tornaram
realidade. Tábua de salvação já em meio à segunda onda de pandemia de Covid-19 em várias
partes do Mundo.
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Contudo, as 4 vacinas existentes divulgadas (até Dezembro de 2020) ainda possuem incógni-
tas. Vejamos, primeiro, quais são até aqui (30/11) as vacinas já existentes:
• OXFORD/ASTRAZENICA (Inglaterra e Suécia)
• SPUTINIK (Rússia)
• MODERNA/PFIZER (Americana)
• CORONAVAC (Brasil e China)
O desafio de imunizar toda a população global urgentemente envolve articular uma logística
inédita e recursos financeiros gigantes. Todas as 4 vacinas até aqui são soluções que, em
tese, atendem a ânsia global desesperada de combate à esta pandemia. Criadas em tempo
recorde, as vacinas são, sem dúvida, uma excelente notícia, mas, infelizmente, devemos
ainda pensar com determinada cautela, sem partidarismos, e entender o que já temos e o
que ainda é preciso para que, de fato, possamos celebrar finalmente o expurgo em definitivo
do Covid-19.
Segundo unânimes protocolos, uma vacina só pode ser disseminada após passar por, no
mínimo, 3 FASES (sendo a FASE 4 a distribuição em si da vacina), as quais compreendem,
via de regra (e as quatro vacinas supracitadas já cumpriram, ou estão bem perto, de rea-
lizar este rito):
• Um pequeno grupo de pessoas se candidata voluntariamente e recebe as doses para saber-
mos se a vacina possui qualquer eficácia em humanos;
• Um número maior de pessoas é vacinado após certificar-se a eficácia da Fase 1 e dados so-
bre efeitos colaterais e quantidade vacina a ser aplicada;
• Número bem grande de testes começam a ser realizados após o êxito da Fase 2, partindo-se,
portanto, à busca por certificação pelas agências de saúde mundo afora.
Após concluída a 3ª FASE, as vacinas podem assim serem certificadas por agências regulado-
ras dos países. Para tanto, é fundamental também que a eficácia imunizante seja, via de regra,
alta. No mundo ideal, por exemplo, quando uma vacina possui 96% de eficácia, resta saber se
esse grupo de 4 % não imunizado é maior que a proporção dos que ficaram doentes. No caso
da Covid-19, estima-se que nem 1 por cento da população global se infectou até 30 de Novem-
bro (est. 73 milhões de infectados). Mas visto a vontade de se expurgar tal vírus, o que vemos
é que vem se cedendo a vacinas com algo em torno de 70 a 90% de eficácia. Esta eficácia,
logicamente, deve aumentar conforme a(s) vacina(s) venham sendo usadas.
A vacinação, todavia, será realidade já em Dezembro em alguns países, tais quais os EUA e
Reino Unido. Não há tempo a perder. Idosos e profissionais de saúde têm prioridade. Outros
países organizam seus planos de imunização, incluído o Brasil, para empreender ao longo de
2021 aquele que pode ser considerado simplesmente o maior desafio global em décadas a ser
enfrentado por toda a humanidade.

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A COVAX FACILITY:
A OMS criou, em fins de outubro de 2020, um programa de cooperação em vacinas denomi-
nado Covax Facility. Por este, busca-se garantir o acesso equitativo a uma futura vacina da
Covid-19, sendo disponibilizada pelo menos 2 bilhões de doses de vacinas pelo mundo até o
fim de 2021.
O Brasil optou pela cota mínima, se comprometendo a desembolsar 2.5 bilhões de reais, com
vistas a garantir que 10% (21 milhões de pessoas) de sua população total esteja garantida por
tal programa. A adesão do país permitirá o acesso ao portfólio de nove vacinas em desenvolvi-
mento, além de outras em análise. Com a diversificação de possíveis fornecedores, aumentam
as chances de acesso da população brasileira à vacina no menor tempo possível. Caberá à
Covax Facility negociar com os fabricantes o acesso às doses das vacinas em volumes espe-
cificados, os cronogramas de entrega e os preços.

3. Temas Globais Atualidades


3.1. Tecnologia
TEXTO COMPLEMENTAR
O TRABALHO NA ATUALIDADE
Falar do mundo do trabalho em Atualidades passa, fundamentalmente, por entender-
mos acerca de perdas e ganhos e toda a gama de mudanças estruturais que a nova revo-
lução tecnológica, também conhecida como 4a revolução tecnológica (ou 4.0) traz à tona.
• Era da automação: o grande “calcanhar de Aquiles” atualmente na questão empre-
go no mundo é a inteligência artificial, ou seja, máquinas (computadores) simulando rea-
ções humanas (e consequentemente substituindo pessoas), desde apertar um botão
até questões de maior complexidade como pilotar um avião. Se nas décadas anterio-
res, desde os anos 70, assombravam o mundo a perda de postos pela automatização e
por robôs, hoje para além destas perdas, temos ainda com o advento da atual revolução
tecnológica, a inteligência das máquinas tomando o espaço da ação humana. Cerca de
50% das atividades de trabalho são tecnicamente automatizáveis, segundo relatório da
McKynsei, uma das consultoras mais importantes do mundo acerca do trabalho. Em
outro estudo, (publicado recentemente em:
• https://epocanegocios.globo.com/Tecnologia/noticia/2019/02/54-dos-em-
pregos-formais-no-brasil-estao-ameacados-por-maquinas.html) mais da metade dos
empregos formais no Brasil (54%) estão ameaçados de substituição por máquinas.
Em comparação com outros estudos publicados no exterior com metodologia seme-
lhante, o Brasil tem mais empregos ameaçados de extinção do que os Estados Unidos

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(47%), porém menos que Europa (59%) e países como Uruguai (63%), Argentina (65%)
e Guatemala, que tem o maior índice (75% dos empregos poderão ser exercidos por
máquinas). O número brasileiro de 54% significa que essa quantidade de pessoas ocu-
padas encontram-se em funções classificadas com probabilidade “alta” (60% a 80%) ou
“muito alta” (acima de 80%) de serem exercidas por máquinas. Isso porque são funções
“tipicamente rotineiras e não cognitivas”, como ascensorista de elevador (com 99,9%
de que o trabalho seja exercido por máquinas no futuro), taquígrafo (99,5%) ou coletor
de lixo (89,3%). Também estão na lista tarefas cognitivas num nível já alcançado por
formas de inteligência artificial (IA), como recepcionista de hotel (99,1%), cobrador de
ônibus (99,3%) e gerente de almoxarifado (93,4%).
• Trabalho remoto: regulamentado na Reforma Trabalhista de 2017, o home-office
deve crescer como alternativa para a contratação de profissionais. Interessante per-
ceber que a década que se findou (2010-2019) foi de enorme evolução acerca deste
conceito. O que instrumentaliza sem dúvida nenhuma o home-office, são as redes de
computadores muito mais eficientes. Um dos principais ganhos com a evolução do
home-office é do ponto de vista ecológico, resultado pelo corte de horas de desloca-
mento (onde se estima girar em São Paulo em torno de 1 hora e meia por dia entre ida e
retorno de casa para o trabalho), reduzindo, assim, as emissões de gases que causam
o efeito estufa. Graças a essa iniciativa, é possível diminuir o número de viagens ao tra-
balho e, assim, reduzir a poluição, os gastos de energia e o desperdício de papel. Várias
agências de emprego começaram em tempos recentes a demandar profissionais nesta
modalidade. Quem não gostaria de trabalhar em casa? Parece que a hora chegou e,
incentivados forçadamente pela epidemia de coronavírus, as corporações e também o
serviço público entraram de cabeça na era do teletrabalho.
• Multidisciplinaridade: quem possuir sólidas competências técnicas e compor-
tamentais terá prioridade nas ofertas de emprego. Importa-nos entender que o mundo
do trabalho tradicional, tal qual formado pelo Fordismo, onde em enormes indústrias
em que cada operário devia compreender bem apenas uma fase da produção. Com o
Toyotismo, a partir dos anos 70, as capacidades ficaram mais abrangentes e o trabalho
começa a demandar conhecimentos interdisciplinares. Tal tendência segue até os dias
atuais.
• Novas carreiras: abrem-se atualmente uma gama de novas carreiras: mecâni-
cos de veículos híbridos, técnico em impressão de alimentos, analista de internet das
coisas e técnico em automação predial são profissões aguardadas na indústria 4.0 (ou
quarta revolução tecnológica), segundo estudo do Senai, o Serviço Nacional de Apren-
dizagem Industrial.

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3.1.1. As Criptomoedas

Criptomoedas são moedas digitais descentralizadas, ou seja, sem controle de bancos


ou padrões do de lastro do tipo padrão-ouro. A primeira moeda digital criada, e hoje a mais
famosa, foi o BITCOIN, em 2008, que se utiliza de uma tecnologia criptografada denominada
blockchain, que é nada mais que uma espécie de um tipo de livro - registro distribuído operado
em uma rede do tipo ponto-a-ponto (peer-to-peer) de milhares de computadores, sendo que
todos acabam por deter uma cópia igual de todo o histórico de transações, impedindo que
uma entidade central promova alterações no registro ou no software unilateralmente sem ser
excluída da rede. No blockchain, a informação não é guardada numa única fonte, mas antes
por vários utilizadores, que fazem a sua encriptação e verificação, sendo o registro de alte-
rações partilhado por todos.
O controle das criptomoedas reside em vários servidores ao mesmo tempo. Por ser cripto-
grafada, há um estrito protocolo de segurança. Ao processo de criação de bitcoins denomina-
-se mineração, mas não é, logicamente, qualquer um que poderá realizar esta criação de crip-
tomoedas. Primeiro tem de haver um hardware extremamente potente e pessoas interessadas
na compra de sua moeda, vide que as moedas reais mais valorizadas são as que têm mais
procura, como o dólar e a libra, sendo que o mesmo ocorre com as criptomedas. Há também
a necessidade de se obter uma chave de criptografia de peso, senão furam sua segurança e o
negócio vai por água abaixo.
Uma curiosidade sobre a bitcoin é que não se sabe bem ao certo quem criou a moeda di-
gital, tirando o nome com que assina, Satoshi Nakamoto. Mas suspeita-se que este pode não
ser o nome real, ou até representar na verdade um conjunto de pessoas. O certo é que Satoshi
Nakamoto – seja ele quem for – deixou-nos uma tecnologia que podemos usar para criar o
que quisermos. Não só a bitcoin já deu origem a outras criptomoedas, usando o mesmo con-
ceito de blockchain, como estão continuamente a surgir novas ideias, serviços e empresas a
utilizar a própria bitcoin.
Em 2014, chegou a ocorrer na revista americana Newsweek, em matéria de capa (abaixo),
que eles haviam descoberto o autor da bitcoin, um homem japonês de 64 anos chamado Do-
rian Satoshi Nakamoto, residente nos arredores de Los Angeles. Dorian negou ser o criador da
bitcoin; no impasse, apareceu o australiano Craig Wright, membro de um grupo denominado
Cypherpunks, o qual em Maio de 2016 afirmou a vários órgãos de imprensa ser o verdadeiro
Satoshi Nakamoto, mas a sua versão não foi bem aceita por todos permanecendo o mistério
e dividindo opiniões até hoje. Ao todo, o mundo só poderá ter 21 milhões de unidades de Bit-
coins. E já foram criadas mais de 16 milhões, portanto tem-se 16 milhões de moedas sem pai.
A estimativa é de que a produção das criptomoedas chegará a seu fim no ano 2140, já que
sua geração se torna cada dia mais difícil. Diante da finitude do bitcoin, seu sistema financeiro
acompanha o processo de outras moedas em que quanto maior a procura, mais alto tende a
ser o seu valor de mercado.
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TEXTO COMPLEMENTAR
AS CRIPTOMOEDAS EM 2019
Por: Prof. Luis Felipe Ziriba
Em 2019, as Cryptomoedas de segunda geração ganham definitivamente consis-
tência. Enquanto as moedas de 1ª geração estiveram restritas à mercados financeiros
específicos, a segunda geração se move atualmente com vistas a realizar operações
no mercado de varejo, tal qual já fazem a séculos as moedas tradicionais. Contribuiu
muito o fato de a gigante rede social Facebook anunciar que, até 2020, colocará em
órbita sua moeda virtual: Libra, tendo assim um público de 2,3 bilhões de pessoas
que, via de regra, entrará em contato de alguma forma com esta nova moeda. Seguin-
do a gigante rede social, o Telegram também anunciou sua moeda para 2020 chama-
da Virtual Grand.
Já no Brasil, começa a funcionar em 2019 a Wibex... nossa primeira moeda virtual
voltada ao comércio do varejo, ou seja, de segunda geração fora apenas do ciclo de
mercado de investimentos
Entre 2017 a 2019, a pioneira criptomoeda criada, o Bitcoin, proporcionou uma ren-
tabilidade absurda. Segundo matéria de capa da Revista IstoÉ (ed.2594), intitulada:
Cripto Moedas... Você ainda vai usar, seu valor saiu de $960, chegando a 20 mil (para se
estabilizar em fins de 2019 na casa dos $10 mil). Nada mal. Mil por cento de lucro em
pouco mais de dois anos.
As transações com moedas criptografadas ganham cada vez mais espaço, asse-
guradas pelos protocolos Blockchain e a criptografia. No Brasil, quem comercializa as
moedas são as chamadas exchanges, ou corretoras. Segundo a associação brasileira
de criptomoedas - Abcrip, já são mais de 30 instituições. Interessante perceber que,
contrariando nossa tendência intervencionista e controladora estatal, o Banco Central
vem sinalizando ao longo dos últimos anos uma liberalização por aqui para este merca-
do que ganha corpo velozmente em nosso país.

3.1.2. A Computação em Nuvem

Embora muitas pessoas apresentem a computação em nuvem como a próxima tendência,


a ideia é quase tão antiga quanto o próprio computador.
O conceito surgiu em meados da década de 1960 a partir das ideias de pioneiros como
J.C.R. Licklider (a influência mais importante no desenvolvimento da ARPANET Advanced Re-
search Projects Agency Network do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, que foi a
primeira rede operacional de computadores à base de comutação de pacotes, e o precursor da
Internet foi criada só para fins militares ), que imaginava a computação na forma de uma rede
global, e John McCarthy (que cunhou o termo “inteligência artificial”), que definia a computa-
ção como uma utilidade pública. Alguns dos primeiros usos foram vistos no processamento
de transações financeiras e dados do censo.
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Em 1997, o termo “computação em nuvem” tal como conhecemos foi utilizado pela primei-
ra vez pelo professor de sistemas de informação, Ramnath Chellappa.
Em poucos anos, empresas começaram a trocar o hardware por serviços em nuvem, sen-
do atraídas pelos benefícios como a redução nos custos e a simplificação em questões de
pessoal de TI. O benefício número 1 mencionado no mercado corporativo é a eficiência.
Ao executar certas aplicações que compartilham fotos com milhões de usuários móveis,
ou ao realizar operações essenciais para a vida de sua empresa, atualmente são as platafor-
mas de serviços em nuvem que oferecem acesso rápido a recursos de TI flexíveis e de baixo
custo. Com a computação em nuvem, não é preciso realizar grandes investimentos iniciais
em hardware e perder tempo nas atividades de manutenção e gerenciamento desse hardware.
Este que é o pulo do gato, recentemente. Ao invés disso, é possível provisionar exatamente o
tipo e tamanho corretos de recursos computacionais necessários para executar a sua mais
recente ideia ou operar o departamento de TI. Você pode acessar quantos recursos forem ne-
cessários, quase instantaneamente, e no fim pagar apenas pelo que usa.
A computação em nuvem oferece uma forma simplificada de acesso a servidores, armaze-
namento, bancos de dados e um conjunto amplo de serviços de aplicação na Internet. Assim,
uma plataforma de serviços em nuvem, como a Amazon Web Services, é proprietária, fazendo
a manutenção do hardware conectado à rede necessário para esses serviços de aplicação, en-
quanto você provisiona e utiliza o que precisa por meio de uma aplicação web. Vale destacar
que um dos problemas da computação em nuvem é a necessidade de internet para seu funcio-
namento, à medida que ela só funciona em rede.

TEXTO COMPLEMENTAR
A CHINA E O 5G
Por: Luís Felipe Sampaio em 10/10/2019
Enquanto os EUA comandaram no início da década que se finda a implementação
e uso global da tecnologia 4G, agora é a China quem lidera a implantação do 5G, sendo
este um dos pontos mais importantes na Guerra Comercial entre Estados Unidos e
China. A Huawei, uma empresa chinesa, é líder em tecnologia e em redes de internet
sem fio. Dessa formsa, a empresa lidera o mercado de tecnologia na China.
Após a reunião do G-20, em Osaka, no Japão, realizada em fins de Jul/2019, Donald
Trump deixou as sanções que tinha imposto sobre a Huawei, ao menos momentanea-
mente, de lado. A empresa da China esteve impedida de alguma forma de fazer negó-
cios com companhias norte-americanas. Dessa forma, o presidente dos EUA alegara
que a tecnologia chinesa representava riscos à segurança de seu país à medida que
China anuncia claramente que irá implantar as redes 5G já em 2020.
A rede 5G além de otimizar, em 20 vezes, a velocidade de dados nos dispositivos
móveis, como celulares, irá proporcionar novidades como carros autônomos. “O país
que dominar o 5G liderará várias dessas inovações e estabelecerá os padrões para o
restante do mundo”, diz um comunicado do Departamento de Defesa (DoD) americano.

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Luis Felipe Ziriba

A guerra entre os EUA e CHINA sobre a Huawei teve folego curto, parece, mas enla-
ces interessantes: No dia 15 de maio, o presidente dos EUA, Donald Trump, declarou a
proibição de negociações de tecnologia americana sem a permissão do governo. Ade-
mais, Trump colocou a Huawei em sua “lista negra”. Em junho, o mandatário norte-ame-
ricano disse que empresas americanas teriam permissão para vender para a Huawei.
Entretanto, não poderia representar perigo a segurança nacional. No dia 10 de julho, o
Departamento do Comércio dos Estados Unidos disse que empresas norte-america-
nas poderiam voltar a fazer negócios com a Huawei. “Para implementar a diretriz da
cúpula do G20 do presidente há duas semanas, o Commerce emitirá licenças onde não
há ameaça à segurança nacional dos EUA”, afirmou o secretário Wilbur Ross sobre a
Huawei. Membros do governo norte-americano afirmaram que a líder chinesa em tec-
nologia é um “instrumento do governo da China”. Veremos assim o que acontece nessa
guerra nos próximos capítulos.
O fenômeno Tik Tok:
Donald Trump prometeu banir o inocente e engraçadinho aplicativo criado na China
do território dos EUA em 2020. Não conseguiu.
Sucesso em todo o mundo e criado justamente para fazer dinheiro, o aplicativo sen-
sação da geração que come e dorme grudado na Internet (mais precisamente no tele-
fone) vem criando uma geração de subcelebridades imberbes milionárias. São garotos
e garotas, que com menos de 20 anos tornaram-se “influencers digitais” e recebem
milhares de dólares para postarem posts patrocinados. Outros recebem por visualiza-
ções e vários recebem pelos dois, ou seja, conteúdo patrocinado e visualizações. Nos
EUA, estima-se que até meados de 2020, 8 jovens tenham feito, cada um, mais de 1
milhão de dólares em pouco mais de um ano no Tik Tok. No Brasil, as cifras são meno-
res, mas uma legião de jovens já fatura no Tik Tok na casa das centenas de milhares
de reais. Usuários menores também têm vez, e todos os dias lançam lives, podendo
receber por estas transmissões dinheiro dos amigos. Quando Trump ameaçou banir
dos EUA a ByteDance, empresa responsável pela operação do Tik Tok nos EUA, não à
toa que empresas do porte da WallMart, MicroSoft e Oracle se colocaram à disposição
para comprar a operação americana deste aplicativo, que em dois anos, foi instalado
mais de 2 bilhões de vezes em todo o mundo.

3.1.3. O Conceito de Big Data e seus Usos

Em informática big data significa o conjunto de informações armazenadas. Atualmente,


este termo vem sendo cada vez mais utilizado, sendo o Big Data um conjunto de tecnologias,
que permite que os dados possam ser trabalhados sobre três perspectivas não consideradas
antes do surgimento do conceito:

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• Volume: a cada dia, novos dispositivos são inseridos nas redes e passam a enviar e re-
ceber informações dos mais diversos tipos. Devido a este crescimento, surgiu a ideia de
gerenciar essas informações e utilizá-las para agregar valor;
• Variedade: da mesma maneira que há diversos tipos de dispositivos que geram informa-
ções, existem também diversas formas de dados, como textos, imagens, vídeos, dados
de sensores e de localização e outros. Com as tecnologias de Big Data se torna possível
analisar e gerenciar todos estes tipos de informações;
• Velocidade: mesmo que os dados existam em grande volume e em uma enorme va-
riedade de formas, com o Big Data será possível que eles sejam tratados. Esse é um
desafio para as organizações, já que a velocidade da produção desses dados vem au-
mentando rapidamente.

A análise adequada de tais grandes conjuntos de dados alinhavados permite encontrar


novas correlações, como por exemplo: tendências de negócios no local, prevenção de do-
enças, combate à criminalidade e assim por diante. Cientistas, empresários, profissionais de
mídia e publicidade e Governos regularmente enfrentam dificuldades em áreas com grandes
conjuntos de dados, incluindo pesquisa na Internet, finanças e informática de negócios.
Em empresas, o uso hoje ainda mais ostensivo do big data, faz anos que um número cada
vez maior de organizações, de diversos portes e segmentos se utiliza do Big Data Analytics
como ferramenta de apoio estratégia visando melhorar seus processos de trabalho, e adquirir
aquilo que se denomina como “insights”, ou seja, instrumentos valiosos acerca das tendên-
cias de mercado, comportamento dos consumidores e suas expectativas. Os big datas vem
com esta função, ou seja, auxiliar às empresas a entender a fundo o perfil de seus consumi-
dores, através de uma rede de dados que se cruzam e fornecem perfis variados.

3.1.4. O Carro Elétrico

O carro elétrico chegou para ficar e nenhuma grande empresa do ramo de produção auto-
mobilística atualmente quer estar de fora deste filão.
Mesmo com vários problemas como alto custo de produção (e prejuízos), e dificuldades
técnicas em relação principalmente à autonomia das baterias de lítio, as mesmas de seu celu-
lar, não há dúvidas: o futuro do automóvel será elétrico.
No ano de 2017, a Tesla Motors, fundada nos EUA em 2003, passou a Ford (que fabrica car-
ros desde 1899) em valor de mercado (U$$ 49 bi vs. U$$ 46 bi). Volvo e Land Rover anunciaram
o banimento de sua linha de carros a propulsão interna (gasolina e diesel) em 2020.
Na Alemanha a Volkswagen anunciou no início de 2019 para os próximos anos a incrível
marca de 50 bilhões de dólares em investimentos em sua linha elétrica, dando a indicar que já
em 2022 não fabrique também carros que queimem combustíveis fósseis. Na BMW a promes-
sa para os próximos anos é de mais de 25 modelos elétricos (eles já fabricam o urbano i3 e o

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belíssimo esportivo i8), inclusive modelos da Rolls Royce, marca estandarte de luxo as quais
são donos atualmente.
É interessante notar que os carros elétricos atualmente dão prejuízo às empresas. A GM,
por exemplo, perde 9 mil dólares mais ou menos a cada modelo Bolt vendido nos EUA. A Tesla,
referência global em carros elétricos, com modelos ultraesportivos que chegam a ser mais
velozes que Ferraris e Porsches, teve prejuízo de quase 700 milhões de dólares somente 2017.
Então porque será que as empresas se jogaram tão fortemente nestes últimos anos, tempos
de queda, inclusive, no preço internacional no preço do barril entre 2012-2016, no mercado de
carros elétricos? A razão tem a ver com as diretrizes empreendidas pelos principais países do
mundo acerca de suas políticas ambientais e de produção industrial (as quais são desassoci-
áveis). Em período não maior que três anos (desde 2015), a Alemanha anunciou que irá proibir
a fabricação de carros a diesel ou gasolina (ou qualquer motor do tipo propulsão interna) até
o ano de 2030 (e seu banimento completo da frota local até 2050). Na França em 2040 não
poderão ser mais fabricados carros a propulsão interna. Na China, maior mercado disparado
de venda de automóveis no mundo, já em 2020 10 por cento dos carros deverão ser obriga-
toriamente fabricados com motores elétricos, em taxas que crescerão ao longo dos anos. As
lideranças do Partido Comunista, com seu ambicioso projeto Made In China 2025, de serem
autossuficientes em uma série de setores, veem esses veículos não apenas como uma forma
de limpar os céus poluídos das grandes metrópoles chinesas, mas também como uma forma
de projetar a China nesse mercado de ponta, assim como tenta fazer em campos como a ener-
gia solar e a biotecnologia. É interessante perceber, contudo, que com a atual matriz enérgica
chinesa, rondando a casa dos 50 por cento de participação do carvão mineral queimado em
termoelétricas, se do dia para a noite todo os carros se tornassem elétricos a poluição atmos-
férica faria era aumentar por lá, mas isso é outra história.

3.1.5. A Internet das Coisas

Matéria sobre o fenômeno recente da Internet das Coisas, publicada na versão online, da
Revista Época Negócios demonstra as possibilidades de uso desta ferramenta em uso cada
vez mais crescente.
Em:https://epocanegocios.globo.com/Tecnologia/noticia/2019/03/conheca-6-aplicaco-
es-da-internet-das-coisas-que-ja-estao-tornando-o-mundo-melhor.html

MATÉRIA

Conheça 6 aplicações da internet das coisas que já estão tornando o mundo melhor

Da tecnologia agrícola à limpeza do ar, os dispositivos inteligentes funcionam como


aliados importantes para resolver os problemas da humanidade

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Engana-se quem pensa que, no futuro, a internet das coisas irá ajudar a resolver
problemas urgentes da humanidade como as superpopulações urbanas e o aque-
cimento global. Na verdade, essa nova tecnologia já está sendo usada em diferen-
tes áreas, com resultados de impacto. Num universo de mais de 4 bi. De pessoas
utilizando Internet no Planeta. Já é possível ver aplicações práticas da internet das
coisas na organização do trânsito, na agilização de tratamentos médicos e também
na preservação do meio ambiente., sempre condicionada à capacidade humana de
analisar os dados que os dispositivos conectados geram.

Segundo o Gartner, em 2020 já serão 25 bilhões de objetos conectados à internet –


um crescimento exponencial sobre os 4,8 bilhões de 2015. De acordo com a consul-
toria, a tendência é que a internet das coisas esteja cada vez mais presente na vida
de todos – e, espera-se, com resultados positivos.

Recentemente, o Fórum Econômico Mundial listou seis áreas nas quais nas quais a
IoT já faz toda a diferença. Confira abaixo.

1. Cidades mais inteligentes

Hoje, mais da metade da população mundial já vive em ambientes urbanos. Em 2050,


a previsão da ONU é que a proporção suba para dois terços. Por isso, é fundamental
cuidar para que as cidades sejam lugares sustentáveis e bem organizados, que su-
portem o peso das mudanças climáticas e a chegada de mais milhões de habitantes.

A internet das coisas vem ajudando várias cidades a cumprir esse objetivo. Em Bar-
celona, na Espanha, o uso de água para irrigação em jardins e fontes públicas já é
controlado digitalmente, evitando desperdícios. O mesmo acontece com o sistema
de iluminação pública, que tem postes dotados de sensores de presença, usados
como roteadores para conexão Wi-Fi.

Também em Barcelona, um sistema implantado nas vias públicas avisa os motoris-


tas sobre lugares disponíveis para estacionar seus carros. Por meio de sensores no
asfalto, sinais são emitidos para um aplicativo, ajudando o motorista a estacionar
rapidamente, o que reduz o trânsito e as emissões de gases pelos veículos.

2. Limpeza do ar e da água

Cidades que sofrem muito com a poluição têm direcionado esforços para melhorar a
qualidade do ar e da água. Em Londres, onde 9 mil pessoas morrem anualmente em
função de problemas respiratórios, a Drayson Technologies está distribuindo para os

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cidadãos pequenos aparelhos que medem o nível de poluição do ar. Eles podem ser
plugados em carros e bicicletas, circulando junto com os veículos pela cidade.

Os sensores transmitem as informações para o aplicativo da empresa. O app, por


sua vez, consolida as informações num único servidor, permitindo aos londrinos con-
ferir um mapa digital da qualidade do ar em cada ponto da cidade.

Uma ideia semelhante foi levada a Oakland, na Califórnia, pela startup Aclima, em
parceria com o Google e o Fundo para Defesa do Ambiente (EDF). Nesse caso, os
sensores foram distribuídos pelos carros do Google Street View, e as informações
ficarão disponíveis para que os especialistas trabalhem em ações para reduzir a po-
luição no ar.

3. Agricultura mais eficiente

O campo também se beneficia da internet das coisas. Na Califórnia, depois que uma
seca histórica prejudicou os agricultores locais no início da década, drones que fa-
zem imagens aéreas e sensores de qualidade do solo ajudaram os produtores a iden-
tificar os melhores locais para plantar as novas safras.

Esses recursos já estão presentes também no Brasil. Startups como a Agrosmart


instalam junto às plantações sensores meteorológicos que identificam indicadores
como a radiação solar, direção do vento, pressão barométrica e o pH das espécies. O
mapeamento aéreo com o uso de drones também já é usado por aqui, assim como
tecnologias para máquinas semeadeiras, que mostram em tempo real aos controla-
dores se toda a extensão do solo está sendo usada de forma adequada.

4. Menos desperdício de comida

Enquanto quase um bilhão de pessoas ainda sofrem com a fome e a desnutrição


nos países mais pobres, um terço da comida produzida anualmente para o consumo
humano é perdido ou estraga em algum ponto da cadeia de abastecimento, segundo
a FAO – órgão da ONU que investiga questões relacionadas à alimentação.

Há como reduzir a dimensão do problema usando a internet das coisas, mais uma
vez agindo no ambiente rural. Uma possibilidade é monitorar processos como ir-
rigação, polinização e a fertilização do solo, e fornecer relatórios a fazendeiros. É
o que faz a startup israelense Prospera, que também tem um software de gestão
para que os produtores gerenciem suas vendas e evitem perdas no transporte das
mercadorias.

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Na África, onde a logística é mais precária, empresas semelhantes, como Farmerli-


ne e ArgoCenta, atuam para ajudar pequenos produtores a canalizar seus produtos
rapidamente a distribuidores. Nos aplicativos, eles encontram empresas fabricantes
de alimentos interessadas em vários tipos de ingredientes, além de cotações atuali-
zadas de mercado para determinar o preço correto.

5. Conectando pacientes e médicos

Os sensores conectados também já são usados na medicina. Em vários países, já


são usados em vários países dispositivos vestíveis que medem batimentos cardía-
cos, pulso e pressão sanguínea dos pacientes, deixando seus médicos informados o
tempo todo. Isso não só nos hospitais, mas também nas próprias casas dos pacien-
tes, no caso daqueles que enfrentam risco constante.

Tecnologias do tipo também ajudam a controlar epidemias como a de ebola, que


eclodiu em 2015 no oeste africano. Na época, o Instituto de Pesquisa Scripps levou à
região aparelhos que medem indicadores de risco nas pessoas com o vírus. Com os
dados transmitidos via Bluetooth, foi reduzida a necessidade de interação física de
médicos com pacientes infectados, ajudando no controle da transmissão da doença.

6. Combatendo o câncer de mama

Com previsão de 59,7 mil novos casos entre as mulheres brasileiras no biênio 2018-
2019, segundo o Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), o
câncer de mama já é alvo de diversas campanhas de conscientização no programa
Outubro Rosa. Mas o combate pode ser potencializado pela internet das coisas.

A mamografia tradicional pode falhar em identificar a doença nos estágios iniciais.


Para resolver o problema, a Cyrcadia Health desenvolveu a ITBra. O equipamento
consiste em um top com microssensores que identificam mínimas variações de tem-
peratura na região dos seios. Ao transmitir as informações para o smartphone da
usuária ou para o médico, os dispositivos ajudam os profissionais da saúde a identi-
ficar padrões que possam representar um perigo para a saúde da mulher.

A Cyrcadia está testando a solução na Ásia, onde questões culturais impedem uma
conscientização mais ampla e tornam o câncer de mama ainda mais letal. Espera-se
que, em breve, a empresa leve seu produto para outros países.

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3.2. O Aquecimento Global


Tema recorrente em Atualidades, o aquecimento global responde pelas escalas de altera-
ções climáticas percebidas em todo Planeta, as quais não se restringem apenas ao aumento
da temperatura global em si, mas a toda uma gama de padrões de alterações em inúmeros
eventos, tais quais tempestades, ondas de seca, avanço ou retração dos mares e geleiras, en-
tre outros. Nesta parte inicialmente, abordaremos alguns dos principais temas de atualidades
sobre este tema extremamente importante que, portanto, merece muita atenção.

3.2.1. O IPCC e suas Conclusões Alarmistas

O principal documento balizador sobre as alterações climáticas é o IPCC- International Pai-


nel of Climate Change -, ou Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, um arrazoado
de estudos feitos por milhares de cientistas ao redor do mundo, os quais são coletados pela
ONU e servem a que se exprima as observações da comunidade científica acerca do estado da
arte sobre as mudanças climáticas.
Há 30 anos (em 1988), a ONU apresenta o seu primeiro IPCC. A época este documento
inovador era bastaste reticente em determinar que o aquecimento global em curso possuía
responsabilidades antrópicas. Mas hoje, tudo mudou, e os mais de 2000 cientistas envolvidos
nos últimos documentos apresentados - o 5º de 2014, e o 6º,, o mais recente, apresentado em
Set/2019, são contundentes ao afirmar que a Terra vivencia um severo processo de aqueci-
mento global onde, algo em torno de 95% por cento desta dinâmica se deve a fatores, possui
vinculação, portanto, por causa da ação humana (o viés antrópico). Em sendo assim, a pro-
dução industrial, os usos de energia, as práticas agrícolas e formas como nos transportamos
estão na base do processo de aquecimento global.
O mundo aqueceu e, segundo o que se contata atualmente, em média de 0,9 °C entre o
período compreendido de 1880 a 2012. A atmosfera e os mares aqueceram, o gelo e a neve
diminuíram, e as concentrações de gases do efeito estufa aumentaram. Cenários drásticos.
A manifestação do fenômeno sobre o mundo, bem como dos seus efeitos, não é uniforme,
vale o destaque, e o Ártico é onde o aquecimento se faz sentir com maior intensidade. Sobre
tal assunto (o aquecimento do Ártico), abordaremos com maior profundidade um pouco mais
à frente e ainda nesta aula, ok?
Mas vamos por partes: antes de iniciarmos uma leitura sobre as principais constatações
dos últimos IPCC – os painéis da ONU sobre a mudança climática, apresentados em 2014 e,
mais recentemente, em Setembro de 2019, vamos nos debruçar primeiramente sobre o concei-
to de Gases de Efeito Estufa, os GEE, a base do processo de aquecimento global, ok?.
Então, vamos juntos:
Os GEE, ou Gases de Efeito Estufa, são uma gama de gases que ocorrem naturalmente na
atmosfera terrestre os quais permitem a retenção do calor. Sem eles a atmosfera seria gélida,

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e não haveria a biodiversidade e a possibilidade de vida como conhecemos. Assim, são ele-
mentos de vital importância à vida no Planeta.
E os Gases de Efeito Estufa ocorrem naturalmente na atmosfera, e em proporção menor
que 1% por cento na composição normal do ar, sendo denominados como gases-traço exata-
mente por causa da baixíssima proporção que representam na composição atmosférica.

Lembrando que a atmosfera é constituída pelos seguintes elementos em ordem proporcional:


Nitrogênio: 78%
Oxigênio: 2O%
Argônio: 1%
Outros gases: Menos de 1%
Visto acima a importância e, ao mesmo tempo, a ínfima parcela que os GEE- Gases de Efeito
Estufa possuem, é importante sabermos a gama destes gases de forma resumida: Abaixo
tem-se a nomenclatura e os nomes dos GEE mais comuns:
CO2- Dióxido de Carbono
N2O - Óxido nitroso
CH4- Metano
• CFCs – A gama de Clorofluorcarbonetos;
• HFCs – A gama de Hidrofluorcarbonetos;
• PFCs – Os Perfluorcarbonetos;
• SF6- Hexafluoreto de enxofre.

Bom, seguindo: uma questão crucial sobre os gases de efeito estufa reside no fato de que
estes elementos de retenção do calor na atmosfera vem sendo adicionados de forma artificial
na atmosfera, em função, exatamente, das atividades antrópicas empreendidas ao longo dos
dois últimos séculos (período industrial), ocasionando um padrão de aumento da temperatura
global fora dos padrões normais esperados.
As matrizes destas emissões de GEE residem EM 4 CAMPOS fundamentais:

Produção de Energia

A produção de energia por combustíveis fósseis queimados em termoelétricas, tais quais


o carvão e petróleo, ainda é uma realidade. Embora haja um relativo esforço por parte dos
países desenvolvidos (os maiores usuários de energia por termoelétricas), principalmente do
hemisfério Norte, mais a China, com vistas a substituir-se gradualmente essas matrizes por
energia solar e eólica, principalmente. Lembrando que no Brasil, a principal fonte de energia
elétrica é a hidráulica, considerada limpa (ou seja, sem emissão direta de gases de efeito estu-
fa na produção diária de energia).
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Atividades Industriais

Ao longo dos séculos, a atividade industrial vem se baseado em escalas de poluição prin-
cipalmente atmosférica, principalmente gases com base em carbono. Vale destacar, contudo,
que marcos regulatórios e convenções vem, isso desde a década de 1970, fazendo com que
se reduza proporcionalmente a poluição atmosférica por parte de indústrias, em associação
exclusiva ao uso de tecnologias de filtragem de gases.

Uso de Transportes

Dos escamentos de uma frota de mais de um bilhão de veículos, milhões de toneladas de


monóxido de carbono são emitidas na atmosfera diariamente. Esforços com vistas a reestru-
turar a frota mundial, por veículos elétricos vem sendo dirigidos por nações e empresas, mas o
uso de combustíveis fosseis nos transportes ainda impera e causa danos ambientais.

Produção Agrícola

O uso de fertilizantes com base em gases nitrogenados, em associação à liberação da


mesma cadeia de gases ao se remover o solo com vista se promover plantios, gera um alto
padrão de emissão de gases de efeito estufa. Em associação a isso, os rebanhos, principal-
mente bovinos, através da flatulência, produzem metano CH4 (outro gás de efeito estufa
presente também na decomposição do lixo) em enormes quantidades diariamente. Vale des-
tacar, contudo, que pesquisas recentes indicam que o solo, enquanto mantidas suas caracte-
rísticas originais é também um enorme sumidouro de gases de efeito estufa, compensando,
portanto, as enormes emissões do meio agrícola, porém necessitando estar em estado de
conservação.
Abaixo um ranking recente acerca dos países que mais emitem Gases de Efeito Estu-
fa no mundo:

Em: https://www.google.com.br/searchbiw=1584&bih=772&tbm=isch&sa=1&ei=M5OOXZPoGYPM5OUP1rqXWA&q=gases+de+efeito+estufa&o-
O conteúdo deste livro q=gases+de+efeito+&gs_l=img.12...0.0..4109...0.0..0.0.0.......0......gws-wiz-img.ilIMj4vL78c&ved=0ahUKEwjTze2sjPLkAhUDJrkGHVbdBQsQ4dUD-
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Note inicialmente, no topo do ranking que a China realiza ultrapassagem sobre as emissões
dos EUA no início da década passada (por volta de 2005) e hoje já se posiciona possuindo
praticamente o dobro das emissões norte-americanas. No caso do Brasil, faz duas décadas
que ficamos entre o 6º ou 7º no total de emissões, o que de certa forma corresponde ao nosso
contingente populacional pois somos, em 2019, a 6a maior população no mundo.

Sobre o último relatório do IPCC 2019, (sendo que o mesmo referenda o que no docu-
mento anterior de 2014 fora expresso), eis algumas das conclusões abaixo. Vale uma leitura
atenta deste quadro alarmante em resumo, caro(a) aluno(a)!
A principal causa do aquecimento presente é, com elevadíssimo grau de certeza, a emis-
são de gases de efeito estufa pelas atividades humanas, com destaque para a emissão de
gás carbônico. A evidência indicando a origem humana do problema se fortaleceu desde os
relatórios anteriores (2007 e 2014).
As três últimas décadas foram as mais quentes desde 1850.
Os oceanos têm acumulado a maior parte do aquecimento, servindo como um amortece-
dor para o aquecimento da atmosfera, estocando mais de 90% da energia do sistema do clima
e muito gás carbônico. À medida que o oceano aquece, ele perde capacidade de absorver gás
carbônico, o que pode acelerar os efeitos atmosféricos quando ele atingir a saturação.
O mar está se tornando mais ácido pela continuada absorção de gás carbônico.
O aumento da acidez nos oceanos causa mortandade de recifes (ambiente de imensa bio-
diversidade marinha) e animais marinhos variados (como peixes, crustáceos, entre outros).
De acordo com o relatório mais recente, de 2019, e em grau de conformidade ao que fora
apresentado no documento anterior, de 2014, mesmo que as emissões de gases de efeito es-
tufa sejam reduzidas e o aquecimento global seja limitado a no máximo, 2 °C o nível das águas
aumentará entre 30 e 60 centímetros até 2100. Se nada for feito para conter o aquecimento
global, esse crescimento pode chegar a 1metro ou mais.

O Acordo do Clima de Paris de 2015 se baseou, acima de qualquer coisa, na busca por ações
globais e mecanismos realmente efetivos que fossem chancelados pelo maior número de pa-
íses(e mais de 180 nações assinaram o compromisso) em busca de não se deixar o aqueci-
mento global, até o ano de 2100, ultrapassar 2 graus centigrados.
A elevação do nível do mar impactará diretamente fenômenos naturais que têm relação com
os oceanos, como marés altas, tempestades e ciclones tropicais. Um exemplo disso é o fu-
racão Dorian, que atingiu as Bahamas e os Estados Unidos no início de setembro de 2019 e,
segundo os especialistas, foi particularmente forte por conta das mudanças climáticas.

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O gelo está em recuo acelerado na maior parte das regiões frias do mundo.
O Permafrost, camada de solo que fica escondida embaixo do gelo, como no caso da Gro-
elândia, vem sendo exposto cada vez mais por causa do aquecimento global. Com isso ocorre
uma grande liberação de gás carbonico, à medida que este solo possui concentrado bastante
carbono que ao ser exposto vai, naturalmente, para a atmosfera.
O regime de chuvas, as correntes marinhas e o padrão dos ventos estão sendo perturba-
dos, aumentando a tendência de secas e enchentes.
Os efeitos se combinam para gerar novas causas, tendendo a amplificar em cascata o
aquecimento e agravar suas consequências
Mesmo que as emissões cessassem imediatamente, haveria um aquecimento adicional
pela lentidão de algumas reações e pelos efeitos cumulativos. O aquecimento produz efeitos
de longo prazo e afeta toda a biosfera.
Se as emissões continuarem dentro das tendências atuais, o aquecimento vai aumentar,
podendo chegar a 4,8 °C até 2100, e os efeitos negativos se multiplicarão e perturbarão todos
os componentes do sistema climático, com graves repercussões sobre o bem-estar da huma-
nidade e de todas as outras formas de vida. O mar subiria mais, ficaria ainda mais quente e
mais ácido, haveria mais perda de gelo, as chuvas ficariam mais irregulares e os episódios de
tempo severo, mais frequentes e intensos, entre outras consequências.
Evitar que as previsões mais pessimistas se concretizem exigirá uma rápida e significativa
redução nas emissões.
A conclusão dos especialistas após a publicação do novo documento não foi surpresa para
ninguém: é preciso agir agora. “Só conseguiremos manter o aquecimento global bem abaixo
de 2 °C (...) se efetuarmos transições sem precedentes em todos os aspectos da sociedade”,
apontou Debra Roberts, uma das especialistas.
“Quanto mais decisiva e rapidamente agirmos, mais capazes seremos de enfrentar mu-
danças inevitáveis, gerenciar riscos, melhorar nossas vidas e alcançar sustentabilidade para
ecossistemas e pessoas ao redor do mundo — hoje e no futuro”, disse Roberts.

3.2.2. O Painel sobre Mudanças Climáticas e Uso do Solo

Antes de ser apresentado este Painel de Setembro de 2019 em atualização ao de 2014, um


novo relatório especial do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) com
o tema Clima e Uso do Solo foi apresentado, se tratando de uma interessante inovação.
De fato, o relatório constatou que, uma vez que o solo sequestra quase um terço de todas
as emissões de dióxido de carbono causadas pelo homem, que será impossível limitar a ele-
vação da temperatura a níveis seguros sem alterar fundamentalmente a forma como o mundo
produz alimentos e administra o uso da terra.
Confira alguns dos principais tópicos do relatório.
1. A maneira como estamos usando o solo está piorando as mudanças climáticas.

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Cerca de 23% das emissões globais de gases de efeito estufa causadas pelo homem pro-
vêm da agropecuária, da silvicultura e de outros usos da terra. A mudança no uso da terra,
como pela derrubada de florestas para dar lugar à pecuária, impulsiona essas emissões. Além
disso, 44% das recentes emissões antrópicas de metano, um potente gás de efeito estufa, vie-
ram da agropecuária, da destruição de turfeiras e de outras fontes ligadas à terra.
2. Mas, ao mesmo tempo, o solo funciona como um enorme sumidouro de carbono.
Apesar do aumento do desmatamento e outras mudanças no uso da terra, as terras ao
redor do mundo estão capturando mais emissões do que emitem. De 2007 a 2016, o solo se-
questrou 6 gigatoneladas (Gt) líquidas de CO2 por ano, equivalente a cerca de três vezes as
emissões anuais totais de gases do efeito estufa do Brasil. Mais desmatamento e degradação
da terra, no entanto, irão destruir esse sumidouro de carbono.

Em: https://wribrasil.org.br/pt/blog/2019/08/7-coisas-para-saber-sobre-o-relatorio-de-mu-
dancas-climaticas-e-uso-da-terra-do-ipcc

3. O mesmo solo do qual dependemos para estabilizar o clima está sendo atingido pela
mudança climática.
Os cientistas descobriram que a temperatura do solo aumentou 1,5ºC entre os períodos de
1850 a 1900 e de 2006 a 2015, 75% a mais do que a média global (que combina mudanças de
temperatura tanto em terra quanto nos oceanos).
Esse aquecimento já teve impactos devastadores sobre a terra, incluindo incêndios flo-
restais, mudanças na precipitação e ondas de calor. Impactos adicionais irão prejudicar a ca-
pacidade da terra de agir como um sumidouro de carbono. Por exemplo, o estresse hídrico
poderia transformar as florestas em ambientes semelhantes ao cerrado, comprometendo sua
capacidade de sequestrar carbono, sem mencionar os danos aos serviços ecossistêmicos e

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à vida selvagem. O relatório descobriu que “a janela de oportunidade, o período em que mu-
danças significativas podem ser feitas para conter as mudanças climáticas dentro de limites
toleráveis, está se estreitando rapidamente”.
4. Várias soluções climáticas baseadas na terra podem reduzir as emissões e/ou seques-
trar carbono.
O maior potencial para reduzir as emissões do uso da terra é conter o desmatamento e
a degradação florestal, que podem evitar a emissão de 0,4 a 5,8 GtCO2 eq (gigatoneladas de
carbono equivalente) por ano. Também precisaremos de mudanças em larga escala na for-
ma como os alimentos são produzidos e consumidos a nível mundial, incluindo mudanças na
agropecuária, maior inclusão de vegetais na dieta e redução do desperdício de alimentos e dos
resíduos agropecuários.
Além de reduzir as emissões, o setor também pode remover dióxido de carbono da atmos-
fera. O relatório concluiu que a restauração florestal e o reflorestamento têm o maior potencial
de captura de carbono, seguidos por melhorar o armazenamento de carbono no solo e pelo uso
de bioenergia combinada com captura e armazenamento de carbono (BECCS), um processo
que utiliza biomassa para gerar energia e captura e armazena o carbono resultante antes de
ser liberado na atmosfera. Dito isso, os autores observam que a maioria das estimativas não
leva em consideração fatores como competição pelo acesso à terra e questões de sustentabi-
lidade, de modo que o potencial real de remoção de carbono dessas soluções pode ser signifi-
cativamente menor do que a maioria dos modelos sugere.
5. Muitas soluções climáticas baseadas na terra têm benefícios significativos além da
mitigação.
O relatório descobriu que as seguintes soluções têm os maiores cobenefícios: manejo de
florestas, redução do desmatamento e degradação, aumento da quantidade de carbono orgâ-
nico no solo, aumento do intemperismo mineral (um processo de aceleração da decomposição
de rochas para aumentar a absorção de carbono), mudança de dieta e redução do desperdí-
cio de alimentos. Por exemplo, o aumento do armazenamento de carbono do solo pode não
apenas sequestrar emissões, mas também tornar as culturas mais resilientes às mudanças
climáticas, melhorar a saúde do solo e aumentar a produtividade.
6. Algumas soluções climáticas baseadas na terra acarretam riscos e contrapartidas im-
portantes e devem ser buscadas com prudência.
Por um lado, será importante ponderar os benefícios líquidos de qualquer intervenção. Por
exemplo, o plantio de florestas em campos nativos poderia na verdade diminuir a quantidade
de carbono armazenada no solo, prejudicando um importante sumidouro de carbono. Algu-
mas intervenções podem reduzir as emissões, mas causam outras mudanças que acabam
aumentando as temperaturas. Por exemplo, plantar uma floresta perene em altas latitudes
tornaria as superfícies mais escuras. Durante o inverno, ao invés de estar exposta, a camada
de neve estaria encoberta, aumentando a absorção da radiação solar – como ao trocar uma

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camiseta branca por uma preta em um dia ensolarado. Plantar certas espécies de árvores
ou plantas pode ameaçar outras espécies e ecossistemas. E a maior parte dos sumidouros
biológicos de carbono eventualmente chegará a um ponto de saturação em que não absor-
verá mais carbono. Além disso, a absorção de carbono florestal futura não é garantida, uma
vez que é provável que os incêndios florestais e a propagação de doenças aumentem em um
mundo mais quente.
7. Soluções climáticas baseadas na terra que exigem grandes áreas podem ameaçar a
segurança alimentar e exacerbar problemas ambientais.
Os esforços de redução de emissões e de remoção de carbono baseados no uso da terra
que exigem grandes áreas – por exemplo, o plantio de florestas em grande escala e os cultivos
para bioenergia – competirão com outros usos da terra, como a produção de alimentos. Isso
pode, por sua vez, aumentar os preços dos alimentos, agravar a poluição da água, prejudicar a
biodiversidade e levar a uma maior conversão de florestas em outros usos da terra, aumentan-
do assim as emissões.
Além disso, o relatório constatou que, se o mundo não conseguir reduzir as emissões em
outros setores, como energia e transporte, dependeremos cada vez mais de soluções basea-
das na terra, exacerbando as pressões alimentares e ambientais.
Aprendendo com o relatório do IPCC
Talvez o insight mais abrangente do relatório do IPCC seja sobre o delicado ponto de equi-
líbrio entre uso da terra e estabilidade climática: acertá-lo pode reduzir as emissões e, ao mes-
mo tempo, criar cobenefícios significativos; errar pode intensificar as mudanças climáticas e
agravar a insegurança alimentar e os problemas ambientais.
Na verdade, nós podemos alimentar o mundo ao mesmo tempo em que combatemos as
mudanças climáticas, protegemos as florestas e fazemos avançar a economia – mas temos
de melhorar a forma como produzimos e agimos sobre o planeta.
Abaixo, apresento-lhes uma matéria interessante, publicada na versão online da revista
Exame, de 08/06/2019, sobre uma economia criativa que pode ser gerada pelas oportunidades
do aquecimento global.
Em: https://exame.abril.com.br/blog/ideias-renovaveis/42-bilhoes-de-dolares-no-caminho-
-do-aquecimento-global/

MATÉRIA

42 bilhões de dólares no caminho do aquecimento global

Esse é o valor que 91 empresas abertas da América Latina identificaram em oportu-


nidades da economia regenerativa, no combate ao aquecimento global

Se os governos de alguns países recuaram em relação ao desafio das mudanças cli-


máticas, pelo menos o setor privado parece ter acordado – e está agindo. Não é só

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pela consciência de que o aquecimento global é uma ameaça ao planeta como um


todo, mas também porque as soluções para a crise climática têm o potencial de au-
mentar a competitividade. E este caminho já está sendo trilhado por grandes grupos
empresariais da América Latina – que tem condição privilegiada para gerar energia
limpa, fornecer alimentos com menor impacto e produzir serviços e produtos bons
para o clima.

É isso o que mostram os dados do CDP, iniciativa criada há décadas pelos grandes
fundos internacionais de investimento para catalisar o esforço privado pelo clima.
Nas palavras de Lauro Marins, diretor executivo para a América Latina do CDP:

“Em 2018, 91 empresas de capital aberto, 895 fornecedores e 184 cidades da América
Latina reportaram suas informações por meio do sistema de divulgação ambiental do
CDP. Essas 91 empresas de capital aberto representam 90% do capital negociado em
bolsa na região. Juntas, elas reportaram um valor 42 bilhões de dólares em oportuni-
dades identificadas na área de clima. Essas empresas fizeram um investimento de 5
bilhões de dólares, que resultou na redução do equivalente a 921 milhões de toneladas
de CO2.

Não foram só empresas que mostraram seus investimentos ao CDP. Também 184
cidades latino-americanas participantes reportaram conjuntamente ao CDP um total
de 326 projetos climáticos que estão buscando mais de 5,6 bilhões de dólares de fi-
nanciamento. Observa-se aí uma grande oportunidade para colaboração entre o setor
público e privado por meio de estratégias já bem conhecidas, como PPPs, aliadas a
novas abordagens como emissão de títulos verdes de projetos executados pela inicia-
tiva privada em áreas-chave para a resiliência urbana.

O senso de urgência é o que move esses atores a agir já, uma vez que o quinto relató-
rio do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), lançado em outubro
de 2018, deixou claro que temos apenas 12 anos para reduzir as emissões de gases de
efeito estufa pela metade para evitar uma crise climática sem precedentes na história
da humanidade.

Essa é a janela de tempo de que dispomos para converter a crise em oportunidade e


botar de pé uma nova economia regenerativa, formada por soluções que contribuam
para reverter as mudanças climáticas e ao mesmo tempo gerem prosperidade para as
pessoas. A Universidade de Michigan estima que o mercado para produtos que cap-
turam carbono da atmosfera, ajudando a reverter as mudanças climáticas, movimen-
tará de 800 bilhões a 1,1 trilhão de dólares por ano até 2030. Esse novo mercado

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trará novas oportunidades de negócios e atuação profissional. Aqueles que primeiro


reagirem a esses sinais colherão os frutos do seu pioneirismo, posicionando-se na
liderança dessa nova e próspera economia.

É crescente o coro formado pela comunidade de negócios e governos subnacionais


de que a mudança climática é o principal vetor de riscos e oportunidades para a eco-
nomia e para a sociedade.

Começamos a ver na América Latina um movimento similar ao que ocorreu nos Esta-
dos Unidos após a eleição de Donald Trump, em que, diante dos retrocessos vindos da
Casa Branca em relação a políticas climáticas, a comunidade de negócios, governos
subnacionais e sociedade civil se reuniram em torno de uma coalizão chamada We are
still in (nós ainda estamos dentro). Esses atores levantaram as suas vozes em apoio
ao Acordo de Paris, se comprometendo a ajudar a alcançar os objetivos climáticos
nele traçados.

Um episódio recente no Brasil dá sinais de que esse contraponto também começa a


ganhar corpo no país. Depois de retirar a sua candidatura como sede da Convenção
do Clima, o governo federal também tentou intervir na decisão da cidade de Salvador
de sediar a conferência Climate Week, evento tradicional no calendário de discussões
internacionais sobre clima. Apesar disso, o prefeito Antonio Carlos Magalhães Neto
se colocou à disposição da organização da Climate Week para realizar a conferência
na capital baiana. Diante da pressão da sociedade civil, governos subnacionais e em-
presas, o governo federal retrocedeu e decidiu apoiar a realização da Climate Week.
Experiências como essa levam especialistas a afirmar que os governos subnacionais
e os negócios terão papel protagonista para manutenção e implementação das políti-
cas climáticas no país.”

Uma amostra dessa discussão acontecerá nos dias 11 e 12 de junho, em São Pau-
lo, na primeira feira de negócios pelo clima da América Latina, uma realização do
CDP, O Mundo Que Queremos e WWF-Brasil, com apoio de EXAME. O evento reunirá
mais de 300 pessoas, incluindo prefeitos, CEOs de grandes empresas, fundadores
de startups de negócios pelo clima, lideranças jovens e financiadores. Ao longo dos
dois dias de evento, eles debaterão soluções tecnológicas, modelos de negócios ino-
vadores e também exemplos de ações coletivas e coordenadas entre setor privado,
público e a sociedade civil para acelerar uma nova economia regenerativa capaz de
reverter as mudanças climáticas e gerar prosperidade.

A feira trará ainda uma missão comercial patrocinada pelo Governo do Canadá e
uma comitiva de 15 cidades e startups latino-americanas, financiada pela Fundação

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Konrad Adenauer. Esses grupos participarão de rodadas de negócios que vão reunir
mais de 200 participantes, entre representantes de prefeituras, grandes corporações,
startups e instituições financeiras – com a missão de consolidar a posição da Améri-
ca Latina como um lugar privilegiado para fazer brotar iniciativas boas para o clima.

3.2.3. O Acordo de Paris e as Convenções Quadro da ONU sobre Mudança


Climática

A década de 1990 representou um avanço nunca antes visto em torno da discussão acerca
do aquecimento global. Foi quando os países (ao menos um grupo) se cotizaram pela primeira
vez na história em torno de produzir um modelo e consensos que pudessem, de forma efetiva,
contribuir a mitigar tal preocupante questão. A Segunda Conferência das Nações Unidas sobre
o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, também conhecida como Eco-92, ou Rio 92, foi organi-
zada pelas Nações Unidas e, entre 4 a 14 de junho de 1992, ganhou lugar na cidade do Rio de
Janeiro obtendo uma imensa repercussão global.
E desta conferência um postulado importante foi parametrizado e regeu a questão relativa
ao aquecimento global, isso longo das últimas décadas.
Vamos a ele:
A ECO-92 consagra haver um compêndio de “responsabilidades comuns, porém diferen-
ciadas” em torno do aquecimento global. Ou seja, há uma questão global, fato; o aquecimento
global, e tal desafio deve, contudo, ser encarado por todos os países como um compromisso
(e entendimento) comum, porém com níveis de assunção de responsabilidades que estejam
baseados por contextos históricos, estes quais atinentes a forma como cada grupo de países
tem responsabilidade na questão do aquecimento global. Divide-se assim, aqueles países que
haviam há tempos se industrializado (e portanto tinham uma responsabilidade maior frente a
questão do aquecimento global), e em outra ponta os países tipificados como em desenvol-
vimento; conhecidos também como “emergentes”, tais quais o Brasil, China e Índia, ou seja,
nações que iniciaram de forma tardia sua entrada no mundo industrial e, portanto, detentores
de parcelas ainda reduzidas de responsabilidades (até os anos 1990) acerca dos padrões
de emissões de gases de efeito estufa em nível global. São as responsabilidades comuns,
porém diferenciadas, corolário que atualmente, veremos, não cabe mais em 2019 para que
se resolva de forma efetiva a questão do aquecimento global, mas que fora fundamental nos
anos 1990 a que ali houvesse início um arcabouço de discussões (e ações) com vistas ao
estabelecimento de uma agenda global de enfrentamento desta importante pauta ambiental.
Orientados pela ONU, planos e ações em torno do tema aquecimento global começam a eclo-
dir nos anos 1990, contudo ainda separando os países emergentes (China, Índia, Brasil. Hoje
grandes emissores de gases de efeito estufa), daqueles países que se industrializaram antes
leia-se: países da Europa, a União Soviética e seus estados – satélites, mais o Japão, os EUA
e Canadá).

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3.2.4. As Convenções Quadro da ONU para o Clima

A partir da ECO-92, no Rio de Janeiro, fica estabelecida uma agenda de encontros anuais
em lugares diferentes ao redor do globo com vistas a se discutir o aquecimento global. São as
Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima – UNFCCC, ou as Conven-
ções do Clima e COP – Convenção das Partes. Desde 1994 elas vêm sendo realizadas anual-
mente, sendo a primeira em Berlim. Algumas destas convenções, e já foram 24 as realizadas
até 2018, serviram apenas a que de forma protocolar se discutisse a questão climática global,
contudo outras Convenções foram bastante importantes.

Para chegarmos ao contexto de atualidades recente sobre o tema, é importante que en-
tendamos o que fora estabelecido no longínquo ano de 1997, na 3a COP, realizada em Kyo-
to no Japão.

À época do Protocolo de Kyoto, isso há mais de 20 anos, a imensa maioria das emissões
globais de gases de efeito estufa eram atreladas a países industrializados, à medida que estas
nações detinham responsabilidades históricas sobre o aquecimento global pois foram gran-
des emissores de gases por séculos. Os países em desenvolvimento, em contrapartida, eram
vistos como as maiores vítimas do clima, e não tinham, até ali, responsabilidades sobre o
problema e, igualmente, portanto não deveriam também assumir ônus e nem contribuir para a
solução. O Protocolo de Kyoto de 1997 definiu limites e metas de redução para as emissões de
gases de efeito estufa, para um grupo de 39 países apenas. Ou seja, todos os países conside-
rados como “desenvolvidos” acrescidos dos países do Leste Europeu mais a Rússia.
Em sendo assim, o Protocolo só entraria (e entrou) em vigor quando a conta dos signatá-
rios envolvesse dois parâmetros:
• Ao menos 55% dos países chamados (39 países) assinassem o acordo;
• E 55% das emissões de gases de efeito estufa no total no globo (e somados, os 39
países representavam, à época, 78% das emissões globais de GEE) ratificassem o
mesmo protocolo.

Resultado: Em sendo assim, tais cotas só foram conseguidas quando a Rússia, em 2004,
assinou o acordo.
Vigorando, em termos reais, entre os anos de 2008-2012, o Protocolo de Kyoto ao estabe-
lecer metas em média de redução de 5,2% de gases por parte dos países signatários do acor-
do, não conseguiu ao fim (em 2012) reduzir os níveis de emissão de gases de efeito estufa
em enorme parte dos países que se cotizaram. Ou seja, os próprios países envolvidos, em sua
imensa maioria, não conseguiram cumprir as metas de redução assumidas individualmente.
Contudo, vale destacar, o Protocolo de Kyoto foi um marco positivo, sem dúvidas, pois nele (e

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pela primeira em toda história humana) um grupo de países assumiu metas (voluntárias) de
redução de Gases de Efeito Estufa.

Em 2019, a COP-25, a 25a Conferência do Clima, deveria ser realizada no Brasil, contudo, nosso
atual mandatário, Presidente Jair Bolsonaro, desistiu de sediar esse encontro em nosso país.
Pesaram em sua decisão, segundo declaração do próprio, os fatos de que (e tal qual seu com-
panheiro, Donald Trump, presidente norte-americano), a sua política externa em torno deste
assunto é 100% refratária ao que a ONU vem propalando, além de considerar um desperdício
gastar, segundo sua contabilidade, uma quantia em torno de R$ 500 milhões para realizar-se
no Brasil tal conferência. Em sendo assim, a conferência de Dezembro de 2019 teve a sua rea-
lização transferida para Santiago, no Chile.

O Acordo de Paris – 2015

Terminado o prazo de vigor de Kyoto (2012), uma nova costura para o clima global que não
envolvesse apenas um grupo de países (e pudesse resultar em um novo protocolo de Kyoto)
precisava ganhar corpo. Em sendo assim, ficou estabelecido que em 2015, na COP-21, de Pa-
ris, tal documento ganharia forma.
E sentados à mesa de negociação na “cidade luz”, pela primeira vez na história, em meio
à Ministros do Meio Ambiente, consultores, chanceleres, entre outros, conseguiu-se alinhavar
um acordo climático gigantesco e inédito, o qual envolveu mais de 190 países.
A COP-21 de Paris (2015) se torna, portanto, aquele que foi até então o maior avanço em
termos da discussão do clima global de todos os tempos. Por ela fica estabelecido, primei-
ramente, um compromisso a longo prazo: Limitar o aquecimento global abaixo de 2 GRAUS
neste século. Depois fazer-se esforços com vistas a limitar a elevação da temperatura global
em nível acima de 1,5º c. Em sendo assim, 195 países em primeira instância assinam o com-
promisso que envolve todos os maiores emissores de Gases de Efeito Estufa do Mundo.
No mesmo documento, depois de serem atingidas as macro-metas acima citadas, criar-
-se-á um modelo para se limitar as metas de emissões de GEE nacionais, onde cada país
proporia um limite próprio: são as chamadas NDC (Contribuição Nacional Determinada).
E Paris inovou também, à medida que o Protocolo não teria prazo determinado, tal qual
como o Protocolo de Kyoto, por exemplo e as suas diretrizes seriam revisadas a cada 5 anos,
com metas que, dentro de uma ótica onde enquanto houver o problema (a emissão de gases
de efeito estufa), se conjugariam em torno das necessidades de cada país.
Mas nem tudo são flores, pois dando seguimento ao que prometera na campanha pre-
sidencial, Donald Trump se retira do Acordo de Paris em Julho de 2017, dando atualmente
sinais de que poderia até voltar ao acordo, mas somente se os interesses econômicos dos
EUA estiverem acima de qualquer outra questão, sendo um entrave, tal posição.

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Um verdadeiro contrassenso e ponto anacrônico, à medida que para se reduzir as emissões


de gases de efeito em uma imensa maioria dos países, mandatório é sejam alteradas as ma-
trizes de produção energética, industriais e de transportes dos mesmos. E tais mudanças, via
de regra, promovem alterações econômicas e envolvem custos. Por fim, vale destacar que
mesmo com a saída dos EUA, o Acordo de Paris segue ainda firme em seu rumo na busca de
não se deixar que padrões calamitosos de aquecimento global ganhem mais força.

3.3. A Questão do Ártico


Por fim, caro(a) aluno(a), atualmente a questão do aquecimento global passa por uma dis-
cussão importante acerca da forma acelerada como o Ártico vem perdendo sua massa de gelo.
Situado ao Norte do Planeta, o Ártico é uma imensa massa oceânica de água congelada
que vem mudando conforme os cientistas já previam, mas de forma muito mais acelerada.

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Nos últimos 3 anos apenas, vários recordes climáticos de aquecimento na imensa área
gélida em tela foram atingidos. Expectativas relativas emanadas por cientistas de que, somen-
te em algum dia do verão de 2100 pudesse haver degelo completo do Ártico, já se encontram
reduzidas em 60 anos. Possivelmente em 2040, segundo matéria publicada pela renomada
revista Scientific American, em sua edição de MAIO DE 2018, um dia no verão será de degelo
completo do ártico. A última vez, segundo os cientistas em que o Ártico esteve em tempera-
tura parecida com agora faz algo em torno de 125 mil anos, e os oceanos estiveram à época
elevados em comparação a hoje, em algo perto de 4 a 6 metros. Era outra situação e nada se
compara ao que vemos, em sua velocidade, como nestes tempos recentes.

Em 2018, a temperatura média no Inverno, para se ter uma ideia, no Ártico ficou 9 graus (!!!)
mais elevada que em 1979. Em sendo assim, mais aquecimento, mais vapor d’água (um dos
gases de efeito de estufa) na atmosfera e maior elevação do nível dos oceanos.

A atenção dedicada por parte da comunidade científica ao Ártico reside no fato de a região
ser muito sensível às mudanças climáticas. Em apenas 40 anos as extensões congeladas no
ártico reduziram-se pela metade, havendo também uma forte retração do volume de gelo pe-
rene (em torno de 25%). Quanto maior o calor derretendo a superfície branca (de gelo), uma
área maior escura fica exposta. Assim, os raios de sol antes refletidos pela superfície branca,
agora ficam retidos muito mais na superfície escura. Ou seja, torna-se o aquecimento um ci-
clo vicioso.

TEXTO COMPLEMENTAR
OS PLÁSTICOS E OS OCEANOS: UMA NOVA BATALHA AMBIENTAL
Por: Professor Luís Felipe
19/09/2019
Há mais ou menos 80 anos o uso de plásticos pela sociedade começou a ter seu
início. O polímero barateou enormemente os custos de produção e insuflou um podero-
so ramo industrial – a indústria petroquímica. Hoje parece que não sabemos mais viver
sem o plástico e o conforto que produtos como papel filme, copos, garrafas, recipientes
variados, canudos, entre outros nos oferecem, mas isso tem literalmente um peso para
a natureza.
O plástico é um produto que não decompõe facilmente na natureza, pois suas
moléculas são bastante estáveis e os organismos não conseguem quebrá-las. Segun-
do a Cetesb (a Companhia Paulista de Saneamento), em aterros sanitários, ou seja,
ambientes com forte presença de organismos decompositores, uma garrafa Pet pode
demorar mais de 200 anos para ser decomposta por total. Há até plásticos biodegra-
dáveis (ou mais fáceis de se decompor), mas estes são de uso extremamente restritos,

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sendo que o que fica realmente é uma carga de plásticos, todos simples e baratos
que poluem a cada segundo o mundo em milhares de toneladas e são indigestos à
decomposição.
E o uso indiscriminado do plástico vem causando um dano ambiental que trans-
cende os ambientes terrestres e os lixões. Esse dano se estende aos oceanos dras-
ticamente, o verdadeiro pulmão do planeta, vítimas da indiscriminada utilização
desses produtos.
Vamos aos dados: Recentemente cientistas estimaram que por volta do ano de
2050 o peso dos seres vivos nos oceanos será superado pelo peso do plástico adicio-
nado aos ambientes marinhos. Isso mesmo que você leu caro(a) aluno(a)! Até 2050
haverá provavelmente mais plástico que seres marinhos nos oceanos. Estima-se que
atualmente uma carga de mais de 150 milhões de toneladas de plástico esteja boiando
pelos oceanos, sendo que anualmente algo entre 5-10 milhões de toneladas seja adi-
cionado a esta perversa conta. A imensa maioria do lixo nos oceanos aliás é plástico,
oriundo quase todo do próprio lixo descartado e (em menor escala) dos restos de mate-
riais plásticos deixados por pescadores, de diferentes envergaduras.
Sobre reciclagem, não há ainda salvação, pois de todo plástico produzido no Plane-
ta, nem 10 por cento atualmente vem sendo reciclado sendo estes os produtos mais
adicionados ao mar: canudos plásticos, garrafas, isqueiros, canetas, linhas de pesca,
anzóis, fora o resto.
E o problema do plástico nos oceanos não se encontra apenas na questão de poluir
as margens costeiras. Há uma cadeia de danos que vão desde ferir animais até a absor-
ção de micropartículas de plásticos pelos plânctons. Em determinadas áreas do Pacífi-
co, entre a próspera costa leste costa americana e a superpovoada costa asiática, já se
percebe algo em torno de 100 partículas de microplástico para cada plâncton - e o pior
cenário, segundo os cientistas era 6 pra um.
O lixo marinho também causa perdas econômicas aos setores e comunidades
dependentes do mar, exatamente por causa mortandade em espécies de peixes e polui-
ção da água, além de diminuição crítica no atrativo natural que as áreas turísticas cos-
teiras possuem.
Algumas medidas (tímidas) por parte de governos vem sendo tomadas frente a esta
questão. Destaques para a União Europeia que, em 2018 aprovou por unanimidade um
conjunto de normas e sanções aos usos de materiais plásticos por parte dos países
(28, até a saída do Reino unido), englobando também instrumentos de pesca. Já Dis-
trito Federal, na capital do Brasil, por decreto proíbe desde Fevereiro de 2019 o uso e
comercialização em todo o território distrital a comercialização de canudos e copos
plásticos.

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ATUALIDADES
Atualidades Mundo
Luis Felipe Ziriba

Por mais anacrônico que pareça, o plástico em certa medida veio para salvar ani-
mais, ao substituir, por exemplo, o uso do marfim muito comum até o início do século
passado, mas atualmente mata em torno de 100.000 animais marinhos por ano. Por
mais esquisito que pareça, o polímero que foi a base de produtos baratos e práticos
requer iniciativas urgentes e ações efetivas para tolher seus danos que a disseminação
relacionada a uma superprodução se revela.

TEXTO COMPLEMENTAR
A ÁGUA CHEGA À BOLSA DE NOVA YORK
Em meados de Dez/2020, a mais tradicional bolsa de valores do mundo, a Bolsa de
Valores de Nova York, iniciou a comercialização de cotas de água.
O novo índice começa com cotas relacionadas ao valor da água na Califórnia, com
unidade mínima de 10 acre-pés, o que corresponde a 1,2 milhão de litros (o equivalen-
te a duas piscinas olímpicas). Assim, torna-se possível negociar água para situações
futuras de escassez sem ter de se pagar o preço do período de seca/escassez. Vale
destacar que este novo comércio se restringe apenas a negociações de água nos EUA,
visto as barreiras logísticas no transporte de grandes quantidades de água e também o
fato de que a água por lá, diferente daqui, pertence não necessariamente ao Estado, e
sim aos donos das propriedades rurais.
Essa nova modalidade abre precedentes importantes e, para alguns, preocupantes.
Nunca antes a água foi tratada desta forma, ou seja, sendo um bem comercializável
nestas escalas chegando à bolsa de valores. Assim, inicia-se uma fase em que lugares
com abundância deste precioso recurso podem realizar comércio com áreas de escas-
sez. Para o primeiro grupo, ou seja, os que possuem recurso em grande escala, vislum-
bra-se possibilidades grandes de lucro, sem dúvidas. Para o segundo grupo, aventa-se
uma luz no fim do túnel a situações de escassez. Até aí, tudo bem, contudo, especia-
listas em recursos hídricos se demonstram preocupados em relação a preceitos rela-
cionados à sustentabilidade no uso da água. A sustentabilidade é pensada com vistas
a dar-se atenção às necessidades não apenas das gerações atuais, mas também das
futuras gerações.
Por fim, fica a questão: seria a água passível de comercialização? Na prática, esse
comércio já acontece há tempos. À medida que grandes multinacionais, como Cola-Co-
la e Nestlê, por exemplo, comercializam água no mundo todo vendendo suas garrafas
potáveis em um negócio altamente lucrativo. Há também a chamada água virtual - ou
seja: a água incutida em usos agropastoris, tais quais como ao se produzir um quilo de
carne (que pode levar até 15 mil litros de água entre sedentação, constituição de pastos
e beneficiamento final) ou em plantações com o uso intensivo de água na irrigação.
Agora uma nova modalidade de uso para a água vem para ficar.

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Atualidades Mundo
Luis Felipe Ziriba

COMPLEMENTO:

A ONU e OS G’s
A Organização das Nações Unidas (ONU) é uma instituição internacional formada por 192
Estados soberanos e fundada após a 2ª Guerra Mundial para manter a paz e a segurança no
mundo, fomentar relações amistosas entre as nações, promover o progresso social, melhores
padrões de vida e direitos humanos. Os membros são unidos em torno da Carta das Nações
Unidas, um tratado internacional que enuncia os direitos e deveres dos membros da comuni-
dade internacional.
O Atual Secretário Geral, em substituição a Banki Moon, desde 2017, é Augusto Guitierrez,
português com mandato de 5 anos e possibilidade de reeleição.
As Nações Unidas são constituídas por cinco órgãos principais: a Assembleia-geral, o Con-
selho De Segurança, o Conselho Económico e Social, o Tribunal Internacional de Justiça e o
Secretariado. Todos eles estão situados na sede da ONU, em Nova Iorque, com exceção do
Tribunal, que fica em Haia, na Holanda.
Existem organismos especializados, com ligação à ONU, que trabalham em áreas tão di-
versas como a da saúde, agricultura, aviação civil, meteorologia e trabalho. Estes organismos
especializados, juntamente com as Nações Unidas e outros programas e fundos (tais como a
UNICEF, Fundo das Nações Unidas para a Infância), compõem o Sistema das Nações Unidas.
A ONU tem como propósitos/funções principais:
• Manter a paz e a segurança internacionais;
• Desenvolver relações amistosas entre as nações;
• Realizar a cooperação internacional para resolver os problemas mundiais de carácter
económico, social, cultural e humanitário, promovendo o respeito aos direitos humanos
e às liberdades fundamentais;
• Ser um centro destinado a harmonizar a ação dos povos para a realização desses obje-
tivos comuns.

Atualmente a ONU é constituída por 192 Estados-Membros. Apenas os estados podem ser
membros plenos e participar na Assembleia-geral. Outros organismos intergovernamentais e
algumas entidades legalmente reconhecidas podem participar, como observadores, com direi-
to a intervir, mas sem direito a voto.
Já os G’s são grupos de Estados que se reúnem para estreitar suas relações multilate-
rais, abordando temas como políticas militares e estratégias econômicas, de acordo com o
interesse e influência dos países participantes. Esses encontros costumam ser anuais e po-
dem ou não ter vínculo com a ONU (Organização das Nações Unidas). Além do G20, o mais
conhecido grupo cuja cúpula de 2019 ocorre entre sexta-feira (28) e sábado (29) em Osaka,
no Japão, existem mais oito instâncias de países que se reúnem para debater temáticas de
interesse comum.
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Vejamos os principais grupos e suas composições em 2019:


G7 Origem: 1976
União dos 7 países mais ricos do mundo mais representantes da União Europeia. Em 1997,
com a entrada da Rússia no grupo, tornou-se G8. Em 2014, o país foi suspenso por envolvimen-
to nos conflitos da Criméia, fazendo com que o G8 voltasse a ser G7.
Países:
ÁSIA: JAPÃO
EUROPA: ALEMANHA, FRANÇA, ITÁLIA, REINO UNIDO
AMÉRICA: CANADÁ, ESTADOS UNIDOS
G20 Origem: 1999
Fórum dos 19 países mais economicamente influentes do mundo, entre desenvolvidos e
emergentes, mais a União Europeia — que é representada pelo Presidente do Conselho Eu-
ropeu e o Presidente da Comissão Europeia. Tem como objetivo a coordenação de políticas
econômicas entre os membros, promover a estabilidade financeira e modernizar a estrutura
financeira mundial;
Países:
ÁSIA: ARÁBIA SAUDITA, CHINA, COREIA DO SUL, ÍNDIA, INDONÉSIA, JAPÃO
ÁFRICA: ÁFRICA DO SUL
EUROPA: ALEMANHA, FRANÇA, ITÁLIA, REINO UNIDO, RÚSSIA, TURQUIA e UNIÃO EUROPEIA*

 Obs.: a União Europeia conta apenas como um único país

AMÉRICA: ARGENTINA, BRASIL, CANADÁ, ESTADOS UNIDOS, MÉXICO


OCEANIA: AUSTRÁLIA
G77 Origem: 1964
Reunião dos representantes dos principais países emergentes no Hemisfério Sul na ONU,
com objetivo de promover o desenvolvimento e aumentar o poder de barganha ao articular os
interesses econômicos desses países dentro dos fóruns da ONU.
Países:
*Neste caso em específico do G77 não precisamos, logicamente, decorar todos os nomes
dos países (são mais de 100), mas importa-nos entender o contexto. Vale destacar que o Bra-
sil faz parte do grupo e na Europa, atualmente, apenas a Bosnia-Herzegovina está no G77.
ÁSIA: AFEGANISTÃO, ARÁBIA SAUDITA, BANGLADESH, BAREIN, BRUNEI, CAMBOJA, CA-
TAR, CHINA, CINGAPURA, EMIRADOS ÁRABES UNIDOS, FILIPINAS, IÊMEN, ILHAS MARSHALL,
ÍNDIA, INDONÉSIA, IRÃ, IRAQUE, JORDÂNIA, KUWAIT, LAOS, LÍBANO, MALÁSIA, MALDIVAS,
MIANMAR, MONGÓLIA, NEPAL, OMÃ, PAQUISTÃO, SÍRIA, SRI LANKA, TADJIQUISTÃO, TAILÂN-
DIA, TIMOR-LESTE, TUNÍSIA, TURCOMENISTÃO, VIETNÃ.
ÁFRICA: ÁFRICA DO SUL, ANGOLA, ARGÉLIA, BENIM, BOTSUANA, BURKINA FASO, BURUN-
DI, BUTÃO, CABO VERDE, CAMARÕES, CHADE, COMORES, CONGO, COSTA DO MARFIM, DJIBUTI,

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Luis Felipe Ziriba

EGITO, ERITREIA, ETIÓPIA, GABÃO, GANA, GUINÉ, GUINÉ-BISSAU, GUINÉ-EQUATORIAL, ILHAS


MAURÍCIO, LESOTO, LIBÉRIA, LÍBIA, MADAGASCAR, MALAUÍ, MALI, MARROCOS, MAURITÂNIA,
MOÇAMBIQUE, NAMÍBIA, NAURU, NÍGER, NIGÉRIA, QUÊNIA, REPÚBLICA CENTRO-AFRICANA,
REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO, SEICHELES, SENEGAL, SERRA LEOA, SOMÁLIA, SUA-
ZILÂNDIA, SUDÃO, SUDÃO DO SUL, TANZÂNIA, TOGO, UGANDA, ZÂMBIA, ZIMBÁBUE.
EUROPA: BÓSNIA-HERZEGÓVINA.
AMÉRICA: ANTÍGUA E BARBUDA, ARGENTINA, BAHAMAS, BARBADOS, BELIZE, BOLÍVIA,
BRASIL, CHILE, COLÔMBIA, COSTA RICA, CUBA, DOMINICA, EL SALVADOR, EQUADOR, GRANA-
DA, GUATEMALA, GUIANA, HAITI, HONDURAS, JAMAICA, NICARÁGUA, PANAMÁ, PARAGUAI,
PERU, REPÚBLICA DOMINICANA, SANTA LÚCIA, SÃO CRISTÓVÃO E NÉVIS, SÃO TOMÉ E PRÍN-
CIPE, SÃO VICENTE E GRANADINAS, SURINAME, TRINIDAD E TOBAGO, URUGUAI, VENEZUELA.
OCEANIA: FIJI, ILHAS SALOMÃO, KIRIBATI, MICRONÉSIA, PAPUA NOVA GUINÉ, SAMOA,
TONGA, VANUATU.

Dentre estes grupos temos também os BRIC’s:


A coordenação entre Brasil, Rússia, Índia e China (BRIC) iniciou-se de maneira informal em
2006, com reunião de trabalho entre os chanceleres dos quatro países à margem da Assem-
bleia Geral das Nações Unidas. Desde então, o acrônimo, criado alguns anos antes pelo merca-
do financeiro, não mais se limitou a identificar quatro economias emergentes. O BRIC passou
a constituir mecanismo de cooperação em áreas que tenham o potencial de gerar resultados
concretos aos brasileiros e aos povos dos demais membros.
Desde 2009, os Chefes de Estado e de governo do agrupamento se encontram anualmente. Em
2011, na Cúpula de Sanya, a África do Sul passou a fazer parte do agrupamento, acrescentando
o “S” ao acrônimo, agora BRICS.
Nos últimos 10 anos, ocorreram 10 reuniões de Cúpula, com a presença de todos os líderes do
mecanismo:
• I – Cúpula: Ecaterimburgo, Rússia, junho de 2009;
• II – Cúpula: Brasília, Brasil, abril de 2010;
• III – Cúpula: Sanya, China, abril de 2011;
• IV – Cúpula: Nova Délhi, Índia, março de 2012;
• V – Cúpula: Durban, África do Sul, março de 2013;
• VI – Cúpula: Fortaleza, Brasil, julho de 2014;
• VII – Cúpula: Ufá, Rússia, julho de 2015;
• VIII – Cúpula: Benaulim (Goa), Índia, outubro de 2016;
• IX – Cúpula: Xiamen, China, setembro de 2017;
• X – Cúpula: Joanesburgo, África do Sul, julho de 2018; e
• XI – Cúpula: Brasília, Brasil, novembro de 2019.

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Desde a primeira cúpula, em 2009, os BRICS têm expandido significativamente suas atividades
em diversos campos, mas foi o campo financeiro que garantiu, desde o início, maior visibilida-
de ao agrupamento. Os então quatro países membros passaram a atuar de forma concertada,
a partir da crise de 2008, no âmbito do G20, FMI e Banco Mundial, com propostas concretas
de reforma das estruturas de governança financeira global, em linha com o aumento do peso
relativo dos países emergentes na economia mundial. O papel desempenhado pelo BRICS foi
fundamental para a reforma das quotas do FMI, aprovada em Seul, em 2010*.
No mesmo campo, a cooperação BRICS levou ao lançamento das duas primeiras instituições
do mecanismo: o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) e o Arranjo Contingente de Reservas
(ACR). A criação do banco visou a responder ao problema global da escassez de recursos para
o financiamento de projetos de infraestrutura.
A partir de 2015, o BRICS passou a buscar novas áreas de cooperação, sempre tendo presente
a necessidade de obter benefícios palpáveis para os cinco países. Para o Brasil, as áreas de
saúde, ciência, tecnologia e inovação, economia digital e cooperação no combate ao crime
transnacional são prioritárias nesse esforço de avançar novas áreas de atuação.
A XI Cúpula foi realizada em Brasília, em 13 e 14 de novembro de 2019, no Palácio Itamaraty,
sob o lema “BRICS: crescimento econômico para um futuro inovador”. Antecedendo o encontro
de líderes, a presidência brasileira organizou dezenas de encontros que tiveram como priori-
dades (i) o fortalecimento da cooperação em ciência, tecnologia e inovação; (ii) o reforço da
cooperação em economia digital; (iii) o adensamento da cooperação no combate aos ilícitos
transnacionais, em especial ao crime organizado, à lavagem de dinheiro e ao tráfico de entor-
pecentes; e (iv) o incentivo à aproximação entre o Novo Banco de Desenvolvimento e o Conse-
lho Empresarial.

TEXTO COMPLEMENTAR
DIREITOS HUMANOS E ATUALIDADES
Por: Professor Luís Felipe Ziriba
O conceito de direitos humanos reconhece que cada ser humano pode desfrutar
de seus direitos sem distinção de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de
outro tipo, origem social ou nacional ou condição de nascimento ou riqueza.
Superado o nazismo e o fascismo pela força de uma ampla aliança, indo dos capi-
talistas dos Estados Unidos aos socialistas soviéticos, as nações sentaram-se para
definir regras mínimas de convívio que evitassem novos conflitos bárbaros e edita-
ram a Declaração dos Direitos Humanos, em 1948. Este documento se se utiliza da
expressão “direitos essenciais do homem” como sinônimo de direitos humanos e lista
os seguintes direitos do homem: o direito à vida, liberdade e segurança (artigo 3º),
ao reconhecimento como pessoa (artigo 6º), à igualdade (artigo 7º), à nacionalidade
(artigo 15), entre outros. A Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de

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San José da Costa Rica), de 1969, também utiliza a expressão direitos essenciais da
pessoa humana para se referir aos direitos humanos e, entre esses, lista o direito vida
(artigo 4º), integridade pessoal (artigo 5º), liberdade pessoal (artigo 7º) e direito de reu-
nião (artigo 15), por exemplo. Em suma, é bastante passível de inclusão na agenda dos
direitos humanos vários tópicos. Contudo, a sua vagueza e generalidade, é importe
e saudável, inclusive, reconhecermos, embora, em princípio, vise a fortalecer e dissemi-
nar a proteção dos direitos humanos, colocando-os à disposição de todos, suscita um
grande desafio: a determinação do alcance desses direitos.
A declaração reúne as chamadas três dimensões dos direitos. Sendo que a primei-
ra são as liberdades de escolha, de voz, de voto, que tanto marcaram a luta contra as
monarquias e mais recentemente contra as ditaduras militares.
Na segunda dimensão, estão os direitos que dependem de uma ação do Estado
para garantir o bem estar do indivíduo, como Saúde e Educação.
Já na terceira dimensão estão os direitos difusos, a que toda a sociedade tem direi-
to de usufruto, e não só cada indivíduo. É o caso do direito à comunicação ampla e
plural, ao meio ambiente e à preservação do patrimônio cultural.
Os direitos humanos consistem no direito que todo homem deve ter em todos os
lugares e todos tempos. É basicamente, também, ilustrador do “direito a ter direito”, ou
seja, os processos e dinâmicas para se obter direitos. Padecem, contudo, de circuns-
tâncias, que deixam vago e genérico ao ser carregado de idealismo. Falar em genera-
lidade acerca dos direitos humanos ocorre também à medida que não é um sistema
estanque e que, portanto, se desenvolveu com base em um arcabouço de normas e
mecanismos cada vez mais abrangentes e complexos.
Uma outra questão (problema) atualmente enfrentado acerca dos direitos humanos
tem a ver com a globalização tal qual conhecemos (e atualidades) e diz respeito ao
fato que os Estados têm perdido o controle sobre os fluxos de capital e bens e se tor-
nado incapazes de proteger os membros mais débeis ou vulneráveis da sociedade, a
exemplo dos trabalhadores migrantes, dos refugiados e dos deslocados, entre outros.
Importa-nos saber como o discurso dos direitos humanos tem enfrentado essas ques-
tões? O que os que carregam a bandeira de defesa da prevalência dos direitos humanos
fazem para minimizar ou solucionar problemas como o desenvolvimento, a redução da
pobreza e a proteção dos migrantes? O problema aqui vai além do reducionismo ou da
insuficiência, trata-se, portanto, da seletividade e rejeição dos deveres positivos dos
Estados.
Tudo isso faz parte dos chamados direitos humanos sociais e econômicos, cuja
existência, apesar de essencial, ainda é possível de controvérsia. O problema aqui vai
além do reducionismo ou da insuficiência, trata-se da seletividade e rejeição dos deve-
res positivos dos Estados.

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Atualidades Mundo
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Há também uma seletividade muito bem marcada, à medida que seis dos dezoito
governos mais repressivos, quais sejam, China, Cuba, Eritreia, Arábia Saudita, Sudão e
Zimbábue, já foram membros de algum tipo de Comissão de Direitos Humanos da ONU.
Ao saírem (os direitos do homem) do âmbito de direitos fundamentais e se tornarem
direitos que possuem relação a interesses políticos, econômicos, ou de segurança dos
Estados, ou seja, usados como moeda de troca, acabam perdendo sua função precípua
ao desampararem as pessoas do mundo que vivem sob regimes repressivos.
Em contraposição a este cenário acima em tela, é fato que vivemos, contudo,
além da proliferação das normas, tanto no Direito Internacional dos Direitos Humanos
quanto no Direito Internacional Geral, concomitantemente uma proliferação de orga-
nismos protetivos. É muito importante que se destaque que os Estados já não são os
únicos componentes do novo espaço internacional dos direitos humanos. Organiza-
ções Não Governamentais (ONGs) se formam em nível transnacional, travando com os
Estados relações de conflito e cooperação. O que se constata é haver a disseminação
não apenas de Cortes, mas de ONGs que se intitulam defensoras dos direitos huma-
nos, sendo a pressão por elas exercida um instrumento decisivo para mover gover-
nos a adotarem políticas de defesa dos direitos humanos, resultando crescer ainda
mais a consciência de que tais direitos envolvem responsabilidades compartilhadas
entre instituições públicas e privadas. Por outro lado, não há como negar que o cresci-
mento desordenado dessas organizações revela uma banalização do discurso. Sob o
argumento da proteção de direitos fundamentais, as ONGs, muitas vezes, se utilizam
de uma retórica vazia para fazer valer interesses que chegam a ser contrapostos aos
ideais do discurso dos direitos humanos.

FIM

 Obs.: os Exercícios se encontram ao fim da próxima aula: Atualidades Brasil.

Luis Felipe Ziriba


Formado em Geografia pela Universidade de Brasília, leciona desde 2001 em cursos e plataformas variadas
pelo Distrito Federal, tendo começado em pré-vestibulares, seguindo para preparatórios para o concurso
de admissão à carreira diplomática, escolas de ingresso na carreira militar (ESPCEX) além de lecionar para
os mais concorridos concurso do Brasil, tais quais Câmara dos Deputados, Senado Federal, BC, PF, PCDF,
entre outros, promovendo nestes últimos, principalmente, aulas na frente de Atualidades e de Realidade
do DF

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