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INSTITUTO POLITÉCNICO DE BEJA

ESCOLA SUPERIOR AGRÁRIA

REJUVENESCIMENTO DO MONTADO DE SOBRO


NOS CONCELHOS DE GRÂNDOLA E SANTIAGO DO CACÉM

RELATÓRIO DE PROJECTO

PAULO JORGE DOS SANTOS GOUVEIA

Orientador: Prof. Doutor Manuel Carvalho da Silva

Curso de Engenharia Agro-Florestal

Ramo de Desenvolvimento Rural

BEJA

2006
INDÍCE DE CONTEÚDOS

Página

1 - INTRODUÇÃO 1

2- CARACTERIZAÇÃO E EVLOUÇÃO DO MONTADO DE SOBRO 2

3- ENQUADRAMENTO DA ÁREA DE ESTUDO 5

3 . 1 - Localização 5

3.2- Caracterização económica�social 5

3.3- Caracterização Florestal 7

4� OBJECTIVOS 1O

5- EXTERNALIDADES NEGATIVAS 11

5.1- Sanitários 11

5.2- Ambientais 12

5.3- Regeneração natural 14

5.4- Económicos 16

5.4. 1� Importância económica para o subericultor 16

5.4.2� hnportância económica para os tiradores de cortiça 17

5.4.3� Operação de descortiçamento em árvores decrepitas 18

6� ESTUDO DE PROPOSTAS PARA COMBATER O NÚMERO DE 22


Á RVORES DECRÉPITAS

6.1- Incentivar ao desbaste sanitário 22

6.2- Valorização do desbaste 24

6.3- Gestão sustentável dos povoamentos 27

6.3 . 1 - Desbaste e cortes sanitários 27

6.3-2- Podas 28

6.3.3- Controlo de matos 29

6.3.4- Fertilização 30
6.3.5- Descortiçam.ento 31

6.3.6- Regeneração do montado 32

6.3.7- Protecção integrada 32

7- CONCLUSÃO 34

BIBLIOGRAFIA 35

ANEXOS
INDÍCE DE FIGURAS

Página

Figura 1 - Área de distribuição do sobreiro 2

Figura 2- Área de distribuição por País 3

Figura 3- Distribuição da área de montado de sobro por região em Portugal 4

Figura 4- Superficie da área de estudo 5

Figura 5- População na área de estudo 6

Figura 6- Área florestal da área de estudo 7

Figura 7- Distribuição das espécies florestais na área de estudo 7

Figura 8- Superficie ocupada pelo sobreiro 8

Figura 9- Desfolha da copa do sobreiro 15

Figura 10- Percentagem dos custos de extracção 21

Figura 1 1 - Superficie ocupada pelo sobreiro 23


INDÍCE DE QUADROS

Página

Quadro 1 - Rendimento e tempo de descortiçamento 19

Quadro 2- Rendimento por hora de trabalho 20

Quadro 3- Percentagem dos custos da extracção de cortiça 20

Quadro 4- Custos e beneficias do desbaste 26


Rejuvenescimento do montado de sobro
(�
.-.....:
.

l-Introdução

Os montados de sobro têm elevada especificidade. Constituem formações vegetais


circunscritas às regiões de clima mediterrâneo e apresentam uma significativa expressão
na Península Ibérica. Em Portugal, ocupam cerca de 730 mil hectares, distribuídos em
povoamentos puros e mistos, representando uma importante fracção de coberto arbóreo
nacional (Barr os e Rodrigues, 2004).

A par da sua representatividade no espaço tisico, assinala-se a importância que estes


ecossistemas assumem na perspectiva ecológica e económica. Sustentam fauna e flora
diversificadas, com vários endemismos e espécies raras. São geradores de riqueza, em
particular por a eles estar associada a prática de silvopastorícia, a extracção de cortiça e o
aproveitamento de outros recursos naturais, como sejam o cinegético e o apícola (Barros e
Rodrigues, 2004).

A degradação do montado de sobro é, actualmente, um fenómeno que nalgumas estações


atinge aspectos bastante críticos. De um modo geral, por todo o País, encontrando-se tanto
povoamentos como árvores individuais, com mau aspecto vegetativo e uma sintomatologia
denunciadora de um enfraquecimento progressivo (Barros e Rodrigues, 2004).

Os principais sintomas do declínio geral dos montados são os seguintes: rarefacção da


copa, seca e descoloração das folhas, pontas secas, sinais no tronco e ramos com presença
de fungos e insectos (Barros e Rodrigues, 2004).

A existência de vastas áreas de sobreiros decrépitos e doentes nos concelhos de Grândola e


Santiago do Cacém, levou-me a executar um estudo que tem como objectivo identificar as
externalidades negativas que estas árvores causam, a nível sanitário, regeneração natural,
ambiental e económicos.

Espera-se no entanto, que no final deste estudo se encontrem medidas de forma a


minimizar o problema da existência de árvores decrépitas e doentes nos montados de
sobro.

1
Rejuvenescimento do montado de sobro

(�

2 - Caracterização e Evolução do Montado de Sobro

O sobreiro encontra-se, essencialmente, em áreas de influência mediterrânica e com


particular incidência na Península Ibérica, sul de Itália e França e noroeste do continente

Africano. As tentativas de introdução do sobreiro realizadas um pouco por todo o mundo

(Estados Unidos da América, América Latina, Rússia, China e África do Sul), não

lograram obter resultados positivos, uma vez que os sobreiros plantados não se mostraram

capazes de produzir cortiça de qualidade (Azevedo e Fernandes, 2004).

Figura 1 -
Área de distribuição do sobreiro

Fonte - www.amorim-group.pt

A ilustração acima representada da distribuição de sobreiro na bacia mediterrânica permite

visualizar a sua tendência de implantação, que demonstra uma clara preferência pelas

zonas de influência Atlântica, expandindo-se na parte ocidental e no litoral mediterrânico,

mas só até onde aquela influência se faz sentir. (Azevedo e Fernandes, 2004)

Partindo para quantificação da distribuição do montado de sobro por país, Portugal

concentra (segundo dados de 2002) cerca de 33% da área mundial, corresponde a uma área

aproximadamente 730 000 hectares. Na lista de países mais densamente povoados por

floresta de sobreiro seguem-se a Espanha (com 23% da área mundial), a Argélia (com

aproximadamente18%), seguida de Marrocos e Tunísia (representam, conjuntamente,

cerca de 19%) e da Itália e França (onde se concentram os restantes 11% da área mundial

de montado) (Azevedo e Fernandes, 2004).

2
Rejuvenescimento do montado de sobro
(�

Figura 2 - Área de distribuição por País (2002)

-----..------·-·-·

----- - ____ !S_ _j

R>rtugal Espanha Argélia Marrocos França Itália Tunísia

Fonte - Apcor

Em Portugal, a área de montado de sobro seguiu uma curva ascendente durante todo o
século XX, com excepção da década de trinta (com uma descida de 75 mil hectares), tendo
passado dos 360 mil hectares em 1902 para os 750 mil em 1999. (Azevedo e Fernandes,
2004)

Encontra-se, actualmente numa fase ligeiramente descendente (730 mil hectares, em


2002), deixando Portugal com o referido peso de 33% da área do montado de sobro
mundial. Portugal tem vindo a proceder a importantes reflorestações (só no período de
1993 a 1997 plantaram-se mais de 100 000 hectares, correspondentes a um aumento de
16% da área florestada), estimando-se ainda que o ritmo actual de reflorestação ascenda
aos 10 000 hectares por ano (Azevedo e Fernandes, 2004).

O gráfico seguinte indica como se divide o montado de sobro pelas principais regiões, em
Portugal (dados de 2002):

3
Rejuvenescimento do montado de sobro
{�

Figura 3 - Distribuição da área de montado de sobro por região em Portugal (2002)


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Alentejo LisboaNale Algarve Centro Norte


do Tejo

Fonte- Apcor

4
Rejuvenescimento do montado de sobro

I�

3- Enquadramento da área de estudo

3.1- Localização

Este estudo tem como áreas de referência os concelhos de Grândola e Santiago do Cacém,
que estão situados na Região do Alentejo mais concretamente na Sub-Região Alentejo
Litoral

3.2- Caracterização Económica- Social

Para melhor percepção e enquadramento deste estudo passa-se a uma breve caracterização
social dos concelhos na área de estudo.

Figura 4 - Superficie da área de estudo

....,.. _
5255 79 .
-··- .. ..,,__ -----·· - ..... __._...... , . ,

6000.00 /:
� -
.

5000. 00 .
4000.00

3000.00 c Grândola
2000.00 c Santiago do Cacém

1000.00 GJ Alentejo Litoral

o.oo����!!!!IIE,;�
Grândola Santiago Alentejo
do Litoral
Cacém

Fonte- Instituto Nacional de Estatística

Como podemos observar na figura 4 os concelhos de Grândola e de Santiago do Cacém


ocupam uma área de 807.50 km2 e 1059.77 km2 respectivamente, o que dá na totalidade
1867.27 km2• A área de estudo representa aproximadamente 36% da área da Sub-Região
do Alentejo Litoral que é de 5255.79 km2 (anexo!).

5
Rejuvenescimento do montado de sobro
r4�
-

Figura 5 -População na área de estudo

100000
90000 . J- ·-·
--·--

80000
70000
60000
50000 El Grêndola
40000
o Santiago do Cacém
30000
20000 1!1 Alentejo litoral
10000
o .j..a!iiiii!Sí=ll
Grandola Santiago Alentejo
do Lioral
cacém

Fonte - Instituto Nacional de Estatística

Quanto à população, a área de estudo com 46006 habitantes representa cerca de 46% da

população do litoral alentejano (anexo!).

Analisando estes últimos gráficos, podemos concluir que temos uma densidade
2
populacional de 24.6 hablkm , contrastando com a densidade populacional do Alentejo
2
Litoral que é de 18.58 km (anexo!).

Na actividade económica o sector mais representativo é o sector terciário e representa 68%

do emprego, enquanto os sectores secundários e primários empregam 17% e 14% do total,

respectivamente (anexol).

6
Rejuvenescimento do montado de sobro

(�

3.3- Caracterização Florestal

A área de estudo é caracterizada por possuir wna área florestal significativa, constituída
por várias espécies.

Figura 6 -
Área florestal da área de estudo

200000
180000
160000
140000
1!1 Area total da
120000 área de estude
: 100000
EJ Area florestal
80000
60000
40000
20000
o
Area total da Area florestal
érea de estudo

Fonte- Instituto do Ambiente

Como se pode observar na figura 6 a área florestal destes dois concelhos é de

aproximadamente 112 345ha o que representa cerca de 60 % da área total dos dois

concelhos (anexoU).

Superficie

Figura 7 Distribuição das espécies florestais na área de estudo


-

c Outras folhosas (Fd)


9% 5� El Sobreiro (Sb)
B Anheiro manso (An)
18% l!l Pinheiro bravo (Rl)
58% o 8Jcafipto (Ec)
!!I Azinheira (Az)
10%

Fonte- Instituto do Ambiente

7
Rejuvenescimento do montado de sobro
{�

Para a área de estudo, as espécies florestais que ocupam maior área de distribuição são o
sobreiro com 58%, seguindo-se o pinheiro bravo com 18%, o pinheiro manso com 10%, o
eucalipto com 9%, e a azinheira com 5%, assumindo o sobreiro particular importância,
como se pode ver pela Figura 7, pois é a espécie com maior área em valor absoluto,
chamando a atenção pela sua importância social e económica na região, contudo, a
produção em volume e valor da cortiça, por motivos vários, entre os quais o estado
sanitário dos montados, tem caído nos últimos anos, o que poderá por em causa o estatuto
de líder mundial deste produto.

No que respeita à produção de cortiça e no impacto que este recurso tem nos concelhos de
Grândola e Santiago do Cacém tendo em conta que a área coberta representa 9% do total
da área coberta do sobreiro a nível nacional podemos estimar que a produção de cortiça na
área de estudo no ano de 2004 foi de cortiça amadia 9 000 toneladas (anexoll).

Figura 8 - Superficie ocupada pelo sobreiro

800000 7.30000,.
. .•.. ,
___ .. . . . .. --·· .•.

700000
600000 c Área s obreiro
500000 nacional
.,1400000
----i EJ Área sobreiro área
300000 --
t--
_ -·
' de estudo
200000 � '------'
64-451
-----------
.
100000 -- 1----------.
Área sobreiro Área sobreiro
nacional área de estudo

Fonte- Instituto do Ambiente

Se considerarmos que o preço médio de venda de cortiça em 2006 é de 30€ por arroba
(Ansub, 2006) o impacto deste recurso na economia da área de estudo traduz-se em vendas
de cerca de
18 000 000 euros. 1

1 (9 000 tonxlOOO kg):=, 9 000 000+15 kg (1 arr oba)= 600 000 arrobasx30€= 18 000 000 euros

8
Rejuvenescimento do montado de sobro

Segundo Mendes (2002) em 1993 o VAB da silvicultura foi de 527 386 000 euros e o das
indústrias silvícolas foi de 1 124 735 000 euros o que, em conjunto, corresponde a 2,6%
do Pm a preços de mercado. O sub-sector da cortiça gerou um VAB de 284 986 000 euros
o que representa 16% do total do sector florestal. Destes 93 753 000 euros correspondem à
extracção da cortiça e 191 232 000 euros à sua transformação. O que representa
respectivamente 17,8% do VAB da silvicultura e 15,2% do VAB das indústrias silvícolas.

Como nesta área de estudo só se procede á extracção de cortiça e a área coberta por
sobreiro representa 9% da área coberta a nível nacional, podemos estimar que o VAB
2 3
correspondente à extracção de cortiça é de 8 437 770 euros , representado 1,6 do VAB da

silvicultura.

2 (93 753 OOO€x 9%) +I 000/o= 8 437 770€

3 (8 437 770xlOO%) +527 386 000€ = 1,6%

9
Rejuvenescimento do montado de sobro
t4.�

4- Objectivos

Nas áreas dos concelhos de Santiago do Cacém, e Grândola ocorreu, na década de oitenta,
uma mortalidade anormal de sobreiros. Foram realizados alguns trabalhos por vários
especialistas que pretendia não só identificar as causas do sucedido, mas também sugerir
medidas para minorar a mortalidade e/ou permitir a recuperação do montado. Um dos
resultados mais interessantes deste estudo foi a relação positiva estabelecida entre a
mortalidade, os descortiçamentos exagerados e a compactação do solo. Assim, nos locais
menos favoráveis ao sobreiro e onde se registavam podas e descortiçamentos exagerados,
que conduziam à debilidade da árvore, a mortalidade era muito grande. Além disso,
verificou-se uma coincidência entre os períodos de seca e os anos de maior mortalidade.
A acção dos insectos e fungos, as elevadas intensidades de descortiçamento, a manutenção
do arvoredo morto e dos despojos de exploração no local e a não desinfecção do material,
foram mencionados como motivos aceleradores do declínio do montado (Pereira, 2004).

O objectivo deste estudo baseia-se fundamentalmente em identificar externalidades


negativas que as árvores decrepitas e doentes proporcionam:

a)a nível sanitário;


b) na regeneração natural;
c) a nível ambiental;
d) a nível económico;

Analisados estes itens procura-se encontrar soluções que minimizem este problema, de
forma a reduzir o número de árvores decrepitas e doentes incentivando os desbastes
sanitários e formas de valorizar estas árvores.

Por fim algumas considerações a ter em conta de uma gestão sustentável do montado de
sobro.

10
Rejuvenescimento do montado de sobro


5- Externalidades negativas causadas por árvores decrépitas e doentes

5.1- Sanitários

- Pragas e Doenças no Montado de Sobro

É já do conhecimento geral, que a ocorrência de pragas e doenças, é responsável por

múltiplos danos na floresta, afectando acentuadamente a sua produção, ao provocarem a

destruição ou enfraquecimento das árvores que a constituem. Os maiores prejuízos

registam-se quase sempre em povoamentos debilitados, a ausência de adaptação da

espécie ao meio, as más técnicas culturais e de exploração praticadas, as secas e os

desequilíbrios no ecossistema, são factores que contribuem para o desenvolvimento de

pragas e doenças nos montados. A par dos parasitas primários, existem muitas espécies,

cujo comportamento é habitualmente parasita secundário e que podem tornar-se altamente

prejudiciais se as condições de alimento e de habitat lhes forem favoráveis (Barros e

Rodrigues, 2004).

São os chamados "oportunistas" que atacam exemplares enfraquecidos por outras causas,

precipitando a sua morte (Barros e Rodrigues, 2004).

Assim temos, como pragas, a lagarta do sobreiro (Lymantria díspar L.), Portésia

(Euproctis chrysorrhoea L.), Burgo (Tortry viridana L.), Lagarta Verde (Periclista andrei
Konow), Plátipo (Platypus Cylindrus F.), Cobrilha dos ramos (Coroebus jlorentinus

Herbst.) e Cobrilha da cortiça (Coroebus undatus F.). As mais importantes são a largarta

do sobreiro e a cobrilha dos ramos e da cortiça.

Estas pragas encontram-se um pouco por toda a superficie de montado de sobro existente

na nossa área de estudo, tendo um efeito de maior representação na serra de Grândola e

serra do Cereal, onde os efeitos são mais negativos.

ll
Rejuvenescimento do montado de sobro

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As doenças que surgem no montado de sobro são, a doença da tinta, o carvão do


entrecasco e a ferrugem alaranjada do entrecasco. Todas elas são evidentes no montado de
sobro da área de estudo, sendo toda a serra de Grândola e Cereal as zonas mais afectados.

5.2- Ambientais

A elevada biodiversidade que os montados preservam, também faz com que sejam
considerados um modelo de desenvolvimento sustentável, conciliando a exploração e a
conse rvação.

Segundo a DGDR (2000), o sistema agro-florestal em que o sobreiro se encontra inserido


é um sistema estável, sustentável, multifuncional e em equilíbrio com o meio natural. A
enorme valia ambiental desse sistema é hoje, unanimemente, reconhecida pela
comunidade científica mundial, porque, para além de assegurar uma diversidade biológica
muito rica, constitui uma barreira eficaz às tendências desertificantes, que ocorrem numa
parte importante das regiões mediterrânicas.

De facto, para além da função produtiva directa, a cortiça, os povoamentos suberícolas


também produzem bens e prestam serviços ecológicos à sociedade que, por não terem um
mercado no sentido económico do termo, são de dificil contabilização. Muitos desses
serviços são comuns a outros tipos de floresta, sendo que outros são específicos dos
sistemas suberlcolas (DGDR, 2000).

Destacam-se agora os bens e serviços ecológicos prestados à sociedade, e que se


encontram ameaçados com o problema da existência de árvores decrépitas e doentes no
montado:

- a fixação do carbono na biomassa perene, contribuindo para contrariar a tendência para


o aumento do teor de dióxido de carbono na atmosfera e para reduzir o muito nocivo
"efeito de estufa" daí resultante;

12
Rejuvenescimento do montado de sobro
{�

- a libertação de oxigénio para a atmosfera e a filtração de poeiras atmosféricas e gases

nocivos, favorecendo a qualidade e pureza do ar;

- a regulação dos regimes de escoamentos das águas pluviais, favorecendo a infiltração

superficial nas áreas arborizadas;

- a protecção das encostas contra a erosão e por isso, contra a exportação de nutrientes do
solo, contribuindo para a conservação da sua fertilidade;

- o favorecimento da meteorização do material originário do solo, através das raízes,

melhorando a estrutura tisica;

- a criação de microclimas amenos, através da redução da velocidade dos ventos, dos

fluxos de radiação, das amplitudes térmicas extremas e da alteração da humidade

atmosférica;

- a criação de condições de abrigo, de ensombramento, de suporte alimentar e de habitat

para a flora e fauna silvestre, favorecendo a diversidade biológica;

- o melhoramento da composição da paisagem, através da criação de espaços aprazíveis e

de zonas de lazer, contribuindo para um acréscimo da qualidade de vida das populações.

A este conjunto de importantes serviços, generalizáveis a outras formas de ocupação


silvícola, somam-se, no caso dos montados de sobro, as suas funções específicas de

conservação de um raro, sensível, diversificado e rico ambiente natural.

Por outro lado, a enorme longevidade dos sobreiros, associada a uma exploração silvícola

particular (com a árvore viva), assegura um valor paisagístico apreciável e uma enorme

estabilidade ao ecossistema que alberga a mais rica fauna da Europa (DGDR, 2000).

O habitat de eleição para a fauna ibérica de vertebrados radica na circunstância dos

povoamentos de sobro serem constituídos por unidades vegetais autóctones a que a fauna

13
Rejuvenescimento do montado de sobro
{�

está desde há muito adaptada e onde encontra recursos alimentares diversificados e

abundantes, ao longo de todo o ano. Por outro lado, é ainda importante o facto dos
povoamentos ocuparem extensas regiões de forma relativamente contínua, associados a

actividades extensivas e com baixas densidades de presença humana (DGDR, 2000).

Entre as muitas espécies ammaJ.s com habitats associados aos diferentes tipos de

formações dominantemente suberícola (55 espécies são consideradas correntes)


encontram-se as espécies cinegéticas mais vulgares, como as perdizes, coelhos, lebres,

rolas e pombos-torcazes, javalis, veados, várias espécies protegidas como as águias e as

abetardas, ginetas, martas, doninhas e texugos e uma grande variedade de aves que

encontram nos montados excepcionais condições para a nidificação (DGDR, 2000).

Quanto à flora, também ela riquíssima e por vezes rara, é de destacar a existência de cerca

de 140 espécies aromáticas, medicinais e melfferas (lavanda, alecrim, alfazema,


rosmaninho, tomilho, etc.), bem como uma grande variedade de cogumelos silvestres

(m.íscaros, silarcas, boletos, etc.), que desenvolvem importantes simbioses com os

sobreiros (DGDR, 2000).

Também, como elementos suplementares ambientalmente positivos, destacam-se a grande

resistência dos montados de sobro ao fogo, bem demonstrada pelo facto destes estarem

entre os povoamentos que menos ardem e ainda a circunstâncias dos montados suscitarem
um "cultivo" humanizado proporcionando trabalho às populações rurais e contribuindo

para a sua fixação em zonas onde as densidades populacionais tendem perigosamente a

reduzir-se (DGDR, 2000).

5.3- Regeneraçio natural

A propagação do sobreiro e a criação de novos povoamentos pode fazer-se de diversas


maneiras, sendo mais usual a regeneração natural e a regeneração artificial.

14
Rejuvenescimento do montado de sobro
li'Zi.�
:'!" ·· -

A forma mais barata de se repovoar os montados é através da regeneração natural.


Segundo Natividade (1950), foi através da regeneração natural que teve a origem a maior
parte dos nossos montados, e este é sem dúvida ainda hoje o processo menos dispendioso
criar novos sobreirais sempre que as circunstâncias o permitam.

Extensos e frondosos povoamentos atestam por toda a parte a extraordinária aptidão do


sobreiro para reconstituir a floresta natural, até nas condições de ambiente mais adversas
(Natividade, 1950).

No entanto, nem sempre a renovação dos povoamentos é viável através deste método, a
existência de múltiplos destruidores como o javali, o pombo bravo, as ovelhas e até
mesmo o homem através do fogo, e dos amanhos culturais praticados nas terras.

Hoje em dia aparece mais um factor condicionante da regeneração natural, as pragas e as


doenças. Vários são os autores que fazem referência à mortalidade dos chaparros jovem e
regeneração natural atacados por pragas e doenças, como é o caso de Barros e Rodrigues
(2004) que na descrição dos danos causados referem esta problemática

Os danos causados reflectem-se essencialmente ao nível da copa, provocando a desfolha


(ver figura 8), o que leva a consequente diminuição de laboração de fotossíntese e no caso
de plantas mais jovens essa diminuição leva à sua morte em pouco tempo.

Figura 9 - Desfolha da copa do sobreiro

15
Rejuvenescimento do montado de sobro
��

O baixo recrutamento de novos sobreiros poderá condicionar a manutenção de montados

de sobro produtivos em grandes áreas, a médio e a longo prazo.

Sem se suprimirem estes agentes destruidores, ou pelo menos se atenuar a sua acção,

dificilmente se consegue, só pela regeneração natural, povoar com regularidade qualquer

superficie.

5.4- Económicos

Embora a importância económica dos montados de sobro não se limitar apenas à sua

actividade principal, a produção de cortiça é sem dúvida o produto que trás mais

rendimentos e está actualmente ameaçada com o problema do declínio do montado.

Desde o século XVIII e com maior intensidade a partir do final do século XIX, o

desenvolvimento do sector vitivinícola e o consequente aumento da procura da cortiça

para o fabrico de rolhas, fez aumentar o interesse comercial da cortiça que constitui

actualmente o principal valor económico dos montados de sobro (CESE).

O descortiçamento, fase final da "parceria sobreiro/cortiça", é uma operação de extrema

importância económica para os produtores suberícolas e para a população local, em cada

ciclo de nove anos, e em especial para a sua economia, pois envolve um grande

quantitativo económico.

5.4.1- Importância económica para o subericultor

Para o subericultor o impacto económico do declínio do montado é uma forte

preocupação, visto ser esta a grande fonte de rendimento da maior parte dos produtores

florestais desta zona. O declínio do montado para além da mortalidade das árvores,

acarreta outra consequência como é o caso da redução da qualidade da cortiça produzida

pelos sobreiros, o principal produto extraído e com grande valor económico.

16
Rejuvenescimento do montado de sobro
(.�

Nos últimos anos o valor da arroba de cortiça tem diminuído um pouco, mas continua a ser

um valor significativo para que os produtores mantenham o interesse em continuar esta

actividade. O valor desta matéria-prima situa-se actualmente nos 30euros por arroba

(ANSUB).

Ainda que seja muito variável, um sobreiro adulto produz, normalmente desenvolvido, em

cada extracção entre 75 e 150 kg de cortiça (Anónimo, 2000).

Segundo Sobral, H. (2003) com base no estudo feito na Associação de Produtores


Florestais do Vale do Sado (ANSUB) em 2003, relacionado com um inventário florestal

para estimativa da produção de cortiça para acerto de meças, chegou a uma densidade

média de sobreiros nesta região, de 77 unidades por ha.

Tendo em conta que um montado de sobro em média produz de 5 a 1O arrobas por

sobreiro e que um montado em condições razoáveis pode ter cerca de 77 árvores por ha,
dá-nos um intervalo de 385 a 770 arrobas de cortiça por descortiçamento. Assim, feitas as

contas, obtêm-se um rendimento bruto por hectare, de 11 550 euros a 23 100 Euros por

hectare, em cada ano de descortiçamento.

Como se pode avaliar, com um rendimento desta dimensão por hectare, o produtor terá a

obrigatoriedade de preservar e conservar o montado de sobro e assim melhorar todo o

ecossistema envolvente.

5.4.2- Importância económica para os tiradores de cortiça

A extracção de cortiça constitui a mais movimentada operação que se pratica na cultura do

sobreiro, sendo para isso necessário um grande número de pessoas, cada um com a sua

especificação de trabalho, aparecendo o manageiro que chefia o trabalho e os tiradores que

extraem a cortiça.

17
Rejuvenescimento do montado de sobro
(�

É importante referir que a produção de cortiça contribui para muitas pessoas das

comunidades rurais um volume significativo de rendimento. A maior parte destas pessoas

têm uma idade compreendida entre os 50 e os 60 anos e nesta época conseguem ter um

reforço financeiro, um tirador de cortiça arrecada diariamente cerca de 100 €.

A operação de descortiçamento está compreendida, no nosso País, entre o final do mês de

Maio e princípios do mês de Agosto. Na sua maioria estes homens trabalham a época toda

sem descanso semanal e poderá realizar cerca de 80 dias de trabalho, logo no final da

campanha terá um rendimento de aproximadamente 8 000 €", um valor muito significativo


para uma comunidade rural sem alternativas de outra actividade.

5.4.3- Operaçio de descortiçamento em árvores decrépitas

Este trabalho de campo foi realizado durante o mês de Julho em duas Herdades. A

Herdade dos Castelhanos/Cidrão situada no concelho de Grândola e a Herdade Detráz da

Pedra situada no concelho de Santiago do Cacém.

Para tal foi elaborada uma ficha de campo onde foram amostrados no total 366 sobreiros,

sendo 361 árvores sãs e 5 árvores decrépitas e doentes com cerca de 75% de rarefacção da

copa (anexo IV).

Este valor baixo de amostras de árvores decrepitas e doentes justifica-se pois o

descortiçamento nesta árvores não se efectua, já que a cortiça não "dá", termo usualmente

utilizado quando a cortiça não despela. Este fenómeno é uma consequência da destruição

da folhagem, por parte de ataques de pragas e doenças, que perturbam os processos

fisiológicos da árvore. A baixa produção de fotossíntese, motivada pela pouca existência

de folhas, vai afectar a produção, segundo Natividade (1950) este fenómeno acontece

porque existe uma baixa produção das membranas das células de cortiça recém-formadas,

e para que a cortiça "dê" é necessário que a assentada geradora súbero-félodénnica se

4 80 dias de trabalho x I 00€/dia = 8 000€

18
Rejuvenescimento do montado de sobro
�a

encontre em actividade, caso contrário no esforço exigido para deslocar a prancha, corre­

se o risco de porções maiores ou menores de entrecasco virem aderentes á prancha.

De seguida serão apresentados os valores relativos ao descortiçamento, como o número

de arrobas extraídas por parelha/hora, o custo da parelha e a relação rendimento/custo.

Os valores serão apresentados em horas de trabalho e não em dias, esta opção deve-se ao

facto de o descortiçamento em árvores decrépitas e doentes não se efectuar, como já tinha

sido referenciado anteriormente. Os dados obtidos para o descortiçamento em árvores

decrépitas e doentes só foram possíveis devido à generosidade dos tiradores de cortiça que
efectuaram esta operação em algumas árvores para que fosse possível realizar este

trabalho.

No quadro em baixo apresenta-se os valores de arrobas extraídas por hora e o tempo

necessário que uma parelha de descortiçadores necessita para retirar uma arroba de cortiça.

Quadro 1- Rendimento e tempo de descortiçamento

-6. -"'·
T.._,de �minutos
Sóbl81t. SIOe 7 8
. 2 22

Uma parelha retira, normalmente e em condições normais de despela, 7 arrobas de cortiça

por hora, precisando apenas de 8 minutos para retirar uma arroba de cortiça.

Por outro lado, quando nos encontramos a descortiçar uma árvore decrepita apenas se

consegue retirar 2 arrobas por hora e precisa-se de 22 minutos para retirar apenas uma

arroba de cortiça, para além da baixa produtividade no descortiçamento, advém o

problema de a cortiça retirada sair em pequenos pedaços com cerca de 30cm, motivado

pela baixa produção de membranas das células de cortiça recém-formadas que dificulta a

extracção da cortiça. Estes bocados de cortiça obviamente não terão o mesmo valor que as

pranchas retiradas em árvores sãs por serem pedaços de cortiça demasiado pequenos para

19
Rejuvenescimento do montado de sobro
��

a produção de rolhas de cortiça, dai ser considerado refugo e ser pago a um preço por
arro ba muito baixo em relação ás pranchas com maiores dimensões.

Quadro 2 - Rendimento por hora de trabalho

30
6 I�J
Este ano o valor da arroba de cortiça ronda um preço médio de 30 €, segundo informações

obtida através de contactos com subericultores.

Como podemos observar através do quadro n°.2 uma parelha que retira 7 arrobas de

cortiça numa hora, obtém um rendimento económico bruto para o produtor na ordem dos

210 €.

No caso da cortiça retirada em árvores decrépitas este valor é bastante inferior, a extracção

de apenas 2 arrob as de cortiça a um valor de 6€ a arroba, dá-nos um total de 12€.

Quadro 3- Percentagem dos custos da extracção de cortiça

25
25
2 10
12 I
Uma parellha d e descortiçadores é constituída por dois homens, recebendo um homem por
um dia de trabalho 100€, isso dará 200 € por parelha/dia Como os valores são
apresentados por hora o valor do custo de extracção é de 25€/hora

20
Rejuvenescimento do montado de sobro

(�

Figura 10 - Percentagem dos custos de extracção

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sãos decrépito&

Como se pode observar através do figura 8 o valor do custo da extracção de cortiça

retirada em árvores sãs, representa apenas 12 %, enquanto que nas árvores decrépitas e

doentes o valor do preço de venda não cobre os custos de extracção, atingindo os custos

208% do valor, este valor aumentaria se fosse contabilizado o tempo que o descortiçador

perde ao deslocar-se ás arvores para verificar se a cortiça é possível de extrair.

Sendo a extracção de cortiça a principal actividade económica resultante do ecossistema

montado, pergunta-se o que fazem estas árvores no solo, quando já deveriam ter sido

abatidas já que as vantagens para o subericultor não são nenhumas . São sim perda de

rendimento com árvores que não produzem aquilo que se espera delas.

Na época de 2004/2005 foram pedidas licenças para abate de 32 489 sobreiros na área de

estudo, segundo a DGRF, este valor é bastante representativo, pois nos anos anteriores

verifica-se um valor aproximado. No entanto, sabemos que as áreas de montado de sobro

em estado decrépito e doente vão subir significativamente nos próximos anos pelo facto

de, estarmos a assistir a um grande aumento no número de árvores nesta situação.

21
Rejuvenescimento do montado de sobro
ra
.� ..

6- Estudo de propostas para combater o número de árvores decrépitas e


doentes no montado

6.1- Incentivar o desbaste sanitário

Nos últimos anos foram apresentadas várias teses sobre as causas do enfraquecimento,

mais que confirmado, do nosso montado. Mas o consenso parece estar longe de se

concretizar. Alguns investigadores referem que o problema se deve a más práticas

agrícolas excessivas desenvolvidas no sob-coberto e práticas silvícolas incorrectas; que

sempre ocorreu no passado e que corresponde a uma fase de um ciclo normal da vida dos

povoamentos; deve-se á acção de um fungo; entre outros temas.

A verdade é que a morte dos sobreiros é uma realidade, e enquanto se discute o que é que

está a provocar este problema os casos de mortalidade aumentam e as primeiras medidas

de prevenção para reduzir esta problemática tardam em surgir, ou quando surgem o


resultado não é o que se espera.

As formas de combate ás pragas e doenças do montado através de tratamentos químicos

não se têm mostrado muito eficazes. Como prova disso é quantidade de pedidos para abate

de sobreiros decrépitos, secos e doentes que foram pedidos para os dois concelhos da ârea

de estudo no período de 2004/2005, 32489 no total. Valores que têm sido constantes nos

últimos anos, mas com uma forte tendência para evoluir no sentido ascendente, segundo

responsáveis da DGRF.

Como se verificou os valores de pedidos para abate são bastante significativos, mas a

realidade é ainda mais preocupante, pois nem todas as árvores estão a ser abatidas, nem

tão pouco acompanhadas para analisar o seu estado sanitário. Isto é, existem muitas mais

árvores com urgência de serem retiradas dos povoamentos de sobreiro, para que não exista

propagação de pragas e doenças. Está-se perante a dificuldade de eliminar exemplares

doentes, que morrem e ficam no local como se pode observar através da figura 1 O,

constituindo, assim, um importante foco de doenças e pragas que têm degradado o estado

sanitário dos montados em Portugal.

22
Rejuvenescimento do montado de sobro

��

Figura 11 - Superficie ocupada pelo sobreiro

É necessário um plano urgente para avaliar esta situação, já que é um ecossistema muito
especial e de grande importância para a região e País.

A concentração de árvores decrepitas nos povoamentos é certamente um grande risco em


termos de contaminação de outras árvores. Há quem defenda que não se deve retirar à
floresta os seus resíduos, mas sim incorpora-los no solo como fonte de matéria orgânica,
mas assim está-se a aumentar risco de propagação de doenças e pragas que serão
certamente mortais para o montado de sobro.

Seria desejável que a DGRF, entidade responsável pelo controlo dos pedidos de abate de
árvores, agisse de forma mais rápida e eficaz na resposta ao abate, de forma a atenuar este
problema do declínio do montado.

Por outro lado o principal interesse dos subericultores é certamente a extracção de cortiça,
e o valor que esta dá. Visto que os sobreiros que se encontram em fraca actividade já não
dão rendimento, porque não se consegue obter cortiça, nem mesmo os beneficies
ambientais que esta árvore proporciona, o ideal seria proporcionar o seu abate mal se
detecte que a árvore está com problemas sanitários. Este abate proporcionaria uma
eventual reflorestação da área e permitindo que o montado volta-se ao seu aspecto natural

23
Rejuvenescimento do montado de sobro

!�

que é a presença de árvores sãs. Esta reflorestação permitia ao subericultor recuperar o

mais cedo possível o montado, visto não ser preciso esperar que a árvore se encontre

completamente morta para que seja permitido o seu abate, em alguns casos as árvores

decrépitas demoram alguns anos até morrerem completamente.

6.2- Valorizaçio obtida do desbaste

Um dos problemas com que os subericultores se deparam após o desbaste das árvores

decrépitas é a dificuldade económica da remoção e o seu escoamento. Existe uma lacuna

muito grande nesta zona quanto à forma de escoar os resíduos, acabando por .ficar muitas

das vezes espalhados no local, continuando a ser um foco de contaminação.

Em anos anteriores a madeira proveniente dos abates era vendida para a utilização nas

lareiras ou queimadas no próprio local, neste último caso acarretando um custo para o

proprietário florestal e também um risco de ocorrência de incêndio. Mas neste momento

este mercado está esgotado, tanto pelo aparecimento das pellets como de madeiras

provenientes de árvores que têm preços mais acessíveis. Mas esta medida para o

subericultor se desfazer dos resíduos não é a mais aconselhável, visto ser uma forma de

favorecer o '"transporte" das pragas e doenças para outros locais.

Sabe-se no entanto que está previsto a construção de uma Central Termoelétrica a

Biomassa Florestal no concelho de Santiago do Cacém. A Central é e será certamente a

grande solução para o escoamento dos resíduos das árvores decrépitas abatidas e também

dos despojos de podas sanitárias (anexo V).

Estas unidades são caracterizadas por consumirem uma grande quantidade de resíduos

florestais, tirando-se grande partido desta unidade favorecendo o escoamento rápido dos

resíduos sem que seja necessário uma estadia prolongada no terreno.

Para a valorização obtida do desbaste teve-se em conta algumas hipóteses que se passam a
descrever;

24
Rejuvenescimento do montado de sobro
��

Hipótese 1 - Análise pelos custos (Beneficios - Custos = O)

Nesta hipótese tem-se uma valorização igual ao custo de obtenção da matéria prima

originada dos desbastes, a viabilidade passa pela oferta de emprego gerada com esta

actividade, assim como um beneficio ambiental.

Hipótese 2 - Análise beneficios/custos

Hipótese 2.1 - Beneficios> Custos

Nesta hipótese a valorização é superior aos custos, o que indica que para além de se ter

beneflcios ambientais e sociais tem-se também uma mais valia económica.

Hipótese 2.2 - Beneficios <Custos

Se acontecer o caso de que os beneficios não cobrirem os custos (B<O) é uma actividade

que não tem viabilidade económica e social. No entanto, se se considerar os beneficios

ambientais, verificamos que é uma actividade que deve ser implementada de qualquer

fonna.

Os custos englobam a operação de abate, recolha, trituração e transporte dos resíduos

provenientes do abate até á entrada de uma unidade de queima de resíduos.

Os beneflcios contabilizados correspondem ao valor pelo qual é paga uma tonelada de

resíduos, entregue á entrada de uma Central Tennoelétrica a Biomassa Florestal.

De seguida apresenta-se uma tabela a partir da qual se tirará as conclusões da relação


benefícios/custos.

25
Rejuvenescimento do montado de sobro
(�

Quadro � Custos e benefícios do desbaste

Custos €/fon
.
operador 17
recolha 8's··
trituração 4'2s··
carregamento 1 ,1s··
tranSQorte 16,s··
total 48

Benefícios
.
Preço 2 5..

Benefícios/Custos
2 5 €/ton < 48€/ton

Ao observar-se o quadro 4 pode-se verificar que os custos são superiores aos benefícios,
logo pode-se dizer que é uma actividade que a nível económico não é rentável de se

efectuar.

Uma vez existentes, os resíduos florestais são considerados um problema para cada
proprietário florestal, por isso são uma fonte de matéria-prima que terá de ser
comercializada a custo zero ou a troco da limpeza dos povoamentos.

A principal e grande vantagem que se obtém do desbaste sanitário é a redução de focos de


contaminação.

• valor cedido por Sr. Ventura proprietário de uma empresa de abate de árvores
••dados de Hernâni Sobral- Projecto final de curso sobre Avaliação do Potencial de Biomassa Florestal
Residual no Alentejo Litoral
Secil/Portucel
•••

26
Rejuvenescimento do montado de sobro

(�

Esta opção para além de ser vantajoso para o subericultor, é também de grande interesse
por parte destas wtidades já que possuirá mais resíduos para a produção de energia.

6.3- Gestão sustentável dos povoamentos

6.3.1- Desbaste e cortes sanitários

A regulação da densidade e da distribuição espacial das árvores é fundamental ao


estabelecimento de relações hídricas equilibradas entre as disponibilidades do solo e as
necessidades das plantas, matéria de enorme relevância para a compreensão global do
sistema que não foi até hoje objecto de investigação cientifica apurada. Esta regulação é
fundamental ao equilíbrio das relações nutritivas e à iluminação e arejamento das copas do
arvoredo (Goes e Tenreiro, 2001).

O desbaste permite ainda a realização de selecções positivas exercidas sobre as populações


de sobreiro, eliminando indivíduos doentes e debilitados, mal conformados ou
evidenciando características indesejáveis em termos de qualidade de cortiça, entre as quais
se podem nomear as virgens muito abertas ou muito escuras que se têm relevado pouco
promissoras para a futura produção de rolhas de qualidade (Goes e Temeiro, 2001).

Relativamente aos povoamentos jovens de origem natural ou artificial, o desbaste adquire


primordial importância. As técnicas de estabelecimento de novos povoamentos ou de
preservação da regeneração natural devem contemplar elevadas populações iniciais, para
se prevenirem as normalmente elevadas taxas de mortalidade registadas nos seus primeiros
anos e se constituir uma base alargada de selecção futura (Goes e Tenreiro, 2001).

Nas situações em que os povoamentos adultos se apresentam com altas densidades de


arvoredo, responsáveis pelo seu fraco desenvolvimento e debilidade e pela produção de
cortiças de qualidade inferior, a realização de desbastes pode-se justificar, ainda que
obedecendo a critérios muito rigorosos na selecção dos indivíduos a eliminar. Em
consequência, os eleitos deverão beneficiar de desafogo e simultaneamente proporcionar

27
Rejuvenescimento do montado de sobro
(�

uma adequada cobertura do solo. O número de árvores adultas por unidade de área será

então determinado em função da sua idade e do seu desenvolvimento, havendo que

garantir nestes povoamentos a contínua renovação dos estratos jovens de sobreiro que lhes

confiram uma estrutura etária diversificada (Goes e Tenreiro, 2001).

Também os cortes regulares de sobreiros realizados por razões fitossanitários são

importantes na condução do montado de sobro, já que a presença nos povoamentos de

árvores mortas ou decrépitas amplia o risco de disseminação de pragas e doenças e de


consequente infecção de árvores sãs (Goes e Tenreiro, 2001).

Objectivos principais do desbaste:

- proporcionar as condições de desafogo necessárias ao desenvolvimento das árvores;

- contribuir para a melhoria da qualidade média da produção suberosa, suprimindo os

individues produtores de má cortiça;

- assegurar, tanto quanto possível, a perpetuidade dos povoamentos e a constância do

rendimento, orientando os cortes no sentido de se obter uma participação equilibrada de

arvoredo de todas as idades. (Natividade)

6.3.2- Podas

Segundo Natividade (1 950), a poda, dentro de certa medida, cria condições favoráveis à
produtividade regular; atenua a intensidade e a duração das contra-safras. São

indiscutíveis, neste aspecto, as vantagens da supressão periódica de uma parte da

ramagem.

À medida que a árvore envelhece, a superficie de consumo de substâncias nutritivas


aumenta; cresce de ano para ano o volume da ramagem e, com ele, capacidade

elaboradoras, e tanto o crescimento como a frutificação dos sobreiros ficam cada vez mais

28
Rejuvenescimento do montado de sobro


dependentes da quantidade de água e de substâncias minerais assimiláveis, especialmente
nitratos, que as raízes encontram no solo (Natividade, 1950).

Se deixássemos a copa crescer livremente, pouco tempo passado os alimentos vindos da


terra começavam a ser poucos para sustentar o câmbio, felogénio e gomos do total da
ramaria (Goes e Tenreiro, 2001).

A poda, porém, reduz o consumo, e os ramos que ficam passam a dispor de mais copiosa
nutrição mineral e de mais água. Favorece�se assim a actividade elaboradora e ainda a
utilização das substâncias hidrocarbonadas de reserva que se encontram nos ramos, tronco
e raízes.

Segundo Natividade, a poda, quando praticada de forma racional, tem beneficios


incontestáveis: a ramaria rejuvenesce, o crescimento é mais activo e a produção suberosa
aumenta, graças às melhores condições proporcionadas ao funcionamento das assentadas
geradoras; as maiores quantidades de água e de azoto postas à disposição da folhagem
activam a elaboração e permitem que se acumulem as reservas necessárias á produção de
fruto.

É evidente que a quantidade de rama a tirar nunca deve ser muito grande, pois, caso
contrário, provocar�se�ia exagerado desequilíbrio, com consequente rebentação (Goes e
Tenreiro, 2001).

6.3.3- Controlo de matos

Os matos desempenham um papel muito importante no montado de sobro:

- protegem o solo em zonas declivosas e em situações de potencial erodibilidade;

- protegem a regeneração de sobreiros;

29
Rejuvenescimento do montado de sobro

��

-convivem amigavelmente com um grande número de espécies animais e vegetais;

-participam no ciclo dos nutrientes, recuperando-os e acumulando num meio que tem
reduzida capacidade de os reter (Goes e Tenreiro, 2001).

É porém inequívoca a necessidade de se proceder ao seu controlo por via das


consequências nefastas decorrentes do seu excessivo desenvolvimento. Estas
consequências traduzem-se no agravamento dos riscos de incêndios florestais, na
competição que estabelecem com a árvore por água e nutrientes, na degradação da
produção de cortiça em termos de quantidade e de qualidade, na ausência de renovação do
estrato herbáceo com reflexos negativos na já baixa produtividade pratense do sobcoberto
do montado de sobro (Goes e Tenreiro, 2001).

Fazer o maneio dos matos impedindo que se atinja o estado regressivo. A


compatibilização entre a minimização do risco de incêndio e o objectivo de espaçar a
desmatação para recuperar o ecossistema aconselha o uso de desmatadoras de corte
superficial sem enterramento (Goes e Tenreiro, 2001).

6.3.4- Fertilização

A aplicação de adubos deve ser orientada pela prévia realização de análise de terra, se
possível também de análises foliares.
Os adubos são distribuídos a lanço antes da mobilização do solo com vista ao controlo de
matos, uma vez em cada ciclo de descortiçamento, preferencialmente no período que
antecede o início da actividade vegetativa do sobreiro (Goes e Tenreiro, 200 1).

Por outro lado, a instalação de leguminosas capazes de fixar biologicamente o azoto


atmosférico, nomeadamente a tremocilha, é outra forma de promover a nutrição do
sobreiro em azoto. Esta técnica contudo deve ser aplicada com moderação, sob pena de se
obterem crescimentos excessivos de cortiça e a sua consequente desvalorização (Goes e
Tenreiro, 2001).

30
Rejuvenescimento do montado de sobro
��

6.3.5- Descortiçamento

Ao descortiçar convém ter presente que esta operação está longe de se benéfica para os

sobreiros na realidade, ela perturba os processos fisiológicos das árvores e retarda o seu

crescimento, quer em grossura quer em altura (Reis, s/d).

Isto não significa que não se deva descortiçar, até porque a cortiça é uma matéria prima

com grande importância económica, significa, simplesmente, que esta operação deve ser

efectuada com moderação e com cuidado, para não pôr em risco a visa das árvores nem

lhes provocar um enfraquecimento comprometedor de futuras produções (Reis, s/d).

Alguns princípios que se devem ter em conta na altura do descortiçamento:

- condicionar o descortiçamento ao estado vegetativo do sobreiro (anónimo, 1 992)

- em anos de seca ou acidentes meteorológicos ou, ain� quando se verifiquem fortes

ataques de pragas e doenças (desfolhas superiores a 30%), o descortiçamento deverá ser

fortemente desaconselhado ,baixar em geral o coeficiente de descortiçamento (anónimo,

1 992).

- não deve ser extraída cortiça nos dias de chuva ou de vento quente e seco.

- recomenda-se desinfectar as ferramentas com produtos não proibidos pelo CIPR

- Os coeficientes máximos de descortiçamento devem ser de 2 para a cortiça virgem, de

2,5 para a secundeira e de 3 para a amadia, dependendo do estado de arvoredo. Não é


permitido o descortiçamento de fustes e pernadas cujo perímetro, medido sobre a cortiça

no limite superior do descortiçamento, seja inferior a 70 cm (Reis, s/d)

- Baixar a altura de descortiçamento caso a árvore:

- manifeste sintomas de debilidade

31
Rejuvenescimento do montado de sobro

{�

- se encontre vegetando em condições muito precárias

- Não hesitar em suspender a despela, caso a cortiça não esteja a "dar bem" (Reis, s/d)

6.3.6- Regeneração do montado

A perenidade do montado de sobro e a sua condução com base numa estrutura etária
diversificada deve constituir uma preocupação constante do produtor suberícola, pois esta
diversificação permite que gerações de arvoredo novo compensem o declinio do arvoredo
adulto e se garanta assim a continuidade do sistema no tempo (Goes e Tenreiro, 2001 ).

A ausência de regeneração ou de estratos jovens de sobreiro reflecte o envelhecimento e a


decadência do montão, mas esta situação pode ser contrariada A regeneração artificial
tem em vista o adensamento de zonas abertas e clareiras ou o rejuvenescimento de áreas
em declínio, recorrendo-se então a sementes ou plantas de sobreiro com origem
seleccionada nas melhores manchas de montado (Goes e Tenreiro, 2001 ).

Mesmo assim, o vingamento das plantas não é fácil e são frequentes os ataques
desencadeados nos primeiros anos pela fauna bravia: rato, coelho bravo, lebre, javali,
etc. . . . o esforço continuado de retancha é a única atitude passível de contrariar a acção dos
predadores (Goes e Tenreiro, 2001).

6.3.7- Protecção integrada

- Remover árvores mortas ou com evidentes sinais de decrepitude;

- Remover despojos de podas e abates em todas as zonas afectadas. Em extremo e atentas


as dificuldades económicas de remoção, sugere-se que salvaguardadas medidas de
prevenção, sejam os mesmos queimados no local;

32
Rejuvenescimento do montado de sobro

��

- Impor medidas de protecção sanitária com desinfecção dos equipamentos de


descortiçamento, a fun de evitar a dispersão dos agentes patogénicos (anónimo, 1992).

33
Rejuvenescimento do montado de sobro
I�

7- Considerações finais

Com a conclusão deste trabalho obteve·se várias conclusões quanto ao problema da

existência de árvores decrepitas e doentes no montado de sobro. A existência permanente


destas árvores impedem a regeneração natural, favorecem a propagação de pragas e

doenças a árvores que se encontram em estado são, os beneficios ambientais são afectados

pela negativa como a redução de libertação de oxigénio e filtração de poeiras atmosféricas

diminuindo a qualidade e pureza do ar, problemas de erosão, destruição do valor

paisagístico e habitats e redução da flora associada a este tipo de ecossistema. Quanto á

extracção da cortiça, grande fonte de rendimento para o subericultor, não é realizada neste

tipo de árvores, a cortiça não despela o que provoca uma diminuição de rendimento.

Uma outra preocupação é a quantidade de pedidos para abate de sobreiros decrépitos,

secos e doentes que estão a evoluir no sentido ascendente. Além disso, a realidade é ainda

mais preocupante, pois nem todas as árvores estão a ser abatidas, nem tão pouco

acompanhadas para analisar o seu estado sanitário. Isto é, existem muitas mais árvores

com urgência de serem retiradas dos povoamentos de sobreiro, para que não exista

propagação de pragas e doenças. Contudo, é necessário um plano urgente para avaliar esta

situação, já que é um ecossistema muito especial e de grande importância para a região e

País.

O aproveitamento dos resíduos para produção de energia pode vir a ser uma alternativa

para o consumo dos resíduos florestais produzidos na área de estudo. Ainda que os custos

do desbaste seja superior aos beneficios económicos provenientes da venda das árvores,

esta é uma medida que importa ser incentivada para minimizar os focos de contaminação a

outras árvores. Para minimizar os custos dos desbaste o subericultor terá que efectuar junto

das empresas que pretendem adquirir os resíduos dos desbastes, acordos que possam ir de

acordo à redução dos custos como por exemplo o fornecimento da matéria-prima a troco

do desbaste.

34
Rejuvenescimento do montado de sobro

!ij
-�

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Sobral, H.(2003). Ordenamento da Extracção de Cortiça. Relatório de estágio - Escola

Superior Agrária. Beja,

http://www. ine.pt (acedido a 1 6 de Abril de 2006)

http://www. min-agricultura.pt (acedido a 1 6 de Abril de 2006)

http://www .dgrf.pt (Acedido a 1 9 Setembro de 2006)

http://www. amorimcork.pt (acedido a 1 9 Setembro de 2006)

36
Rejuvenescimento do montado de sobro

(�

http://www. dge.pt (acedido a 2 de Outubro de 2006)

http://www. naturlink.pt (acedido a 1 5 Outubro de 2006)

http://www. ansub.pt (acedido a 1 6 de Outubro de 2006)

37
Anexos
Anexo I
Área e densidade populacional

Superfície da área de estudo

População da área de Estudo

Percentagens dos sectores P rimário, Secundários e Terciário


Anexo II
Espécies por área
�• ...6..1..
Aiea ha
o.• 134
SCã_Wo 64451
PlnflllfD ...,., 1 1 779
PJnhalii l:lraiO: 1 9920
1 0046
6015
laCilf 1 1 2345

Fonte - Instituto do ambiente

Área florestal

1 86727
1 1 2345
60

Fonte - Instituto do ambiente

Superficie do sobreiro na área de estudo

-ANa
N. 730000
e;-,
c

cla .... ãã ...


•!
ld8Mtulra 64451
> "- 9

Fonte - Instituto do ambiente

Percentagem da área de sobreiro

-- """'"
··tliblo.A
&·L.
!! 1 1 2345
... 64451
• 57

Fonte - Instituto do ambiente


Anexo III
2003 UI %7 1CH 2.12
2004 120 20 100 2,54
20116 1GO 15 e& 2M
o·�o�ã:mFG-.
(., ,..� ---
(b) Fon.SlCOP -S,.,_de l....\)lr>
...,. dt �dt PIDcll.tol AD<MIM•PRIIIIÇII) � Ndia pancleradll�

Fonte- Instituto Nacional de Estatística

Os valores considerados são os de 2004:

Superfície de sobreiro na área de estudo - 64 451ha

Superficie de sobreiro a nível nacional - 730 OOOha

Produção de cortiça amadia em 2004 a nível nacional - 100 000 toneladas

Estimativa de produção de cortiça na área de estudo:

(100 000 ton x 64 45 l ha)+730 OOOhas=:: 9 000 toneladas


Anexo IV
Ficha de campo
Data:
Concelho: ExploraçAo:
Freguesia:

I
I
Tempoldescortiçamento Peso da cortiça em Altura de
/minutos kg descortiçamento
NO de DAP
Arvores (cm) Fuste Pernada& Fuate Pernada& Fuate Pernada& N°/pernadasldescortiçadaa Espessura/cortiça
Arrobas extraídas por dia em ãrvores sl.s

Fuste �
Pemadas I
=-
lõtil
ld e
dJ8 H "!'"' kA. tÂ'IoNs arrobes tia'
18 dla 560 37 264 18 55
2' dl3 511 34 409 27 61
� dia 507 34 105 7 41
·� · 592 39 359 24 63
a- die 489 33 253 17 49
.SO: dlé 553 37 357 24 61
.,. . 545 36 259 17 54
. _. 474 32 229 15 47
�·- 467 31 225 15 46
1c»*- a 487 32 239 16 48
totlil' 5185 346 2699 180 526

Mêdia de alTObas extraidas por dia em árvores sãs

I "*-•=t
.-� .. 52�1 I

Tempo de descortiçamento em
ãrvores sl.s

dte fulle �-
,� diil 274 164 438
�···· 204 252 456
3• &8_. 350 91 441
4• :cfiã. 264 217 481
5tafa 277 181 458
e• ea1 253 1 83 436
?• dfa - 262 186 448
a• dfl 271 150 421
S' clfa 267 157 424
1 0' dia 247 177 424
IOiàt' 4427

I �
44
Anexo V
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Cereal do Alentejo vai receber central de biomassa


A Câmara Municipal de Santiago do Cacém aprovou a concessão de um
terreno, na futura Zona Industrial Ligeira do Cereal do Alentejo, para a
instalação de uma central a biomassa .florestal.

A unidade vai produzir energia renovável a partir de resíduos florestais e ficará situada a dez
quilómetros da subestação eléctrica de Vila Nova de Milfontes, no concelho de Odemira.

A autarquia atribuiu um lote de terreno com 20 mil metros quadrados para a construção do
projecto, integrando o lote 1 5 do concurso público para centrais termoeléctricas a biomassa
florestal, ao qual se candidataram quatro consórcios.

A fase de execução das infra-estruturas da Zona Industrial Ligeira já se iniciou e a unidade


ficará localizada junto a uma importante zona florestal, caracterizada por manchas de
montado, eucalipto, azinho e pinheiro manso.

A energia produzida terá uma capacidade de 3MVA (Mega Volt Amper) e depois de
encaminhada para a subestação eléctrica de Vila Nova de Milfontes, será reconduzia para a
Rede Nacional de Energia.

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