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Anna Julia do Amaral Pena

Urgência e Emergência - aula 10


14/05/19

Prof. Renato Nardi Pedro

Abdome Agudo - Emergência


• Definição:
- Dor severa de início repentino, espontâneo (não traumático).

- Requer avaliação imediata - porque o paciente pode ter algo sério envolvendo o
seu abdômen necessitando uma conduta (que pode ser desde expectante até
cirurgia).

Um diagnóstico que é rápido e preciso - nem sempre isso é possível. Mas isso não
implica na inatividade do médico. Pode ser que não se tenha certeza do que é, mas
sabemos que é algo que coloca em risco a vida do indivíduo, ter a hipótese a, b ou
c, ou seja, temos algo que nos norteia.

40% dos indivíduos que são internados, não se sabe qual o motivo da dor no
abdômen.

• Epidemiologia:
- 5 a 10% visitas.

- 1/4 dos pacientes sem diagnóstico definido na alta.

- 35 a 41% sem diagnóstico na internação.

- Idosos:

• Mortalidade 6-8x maior.

• 20% visitas no PS - idosos (3-4% aneurisma de aorta).

• 50-65% são internados.

• 1/3 operados.

O idoso tem, na sua própria epidemiologia, doenças que são mais graves então
consiste uma população especial que tem maior mortalidade.

O aneurisma de aorta pode se manifestar somente como uma dor em facada.

• Abordagem Médica - Emergência:


Precisamos determinar como abordar um abdômen agudo no Pronto Socorro.

Quando vamos se colocar em um PS, não temos mais especialidade médica,


temos que estar prontos para tratar o que chegar na porta.

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• Síndrome do Abdome Agudo:


- DOR + Sintomas associados:

• Náusea/ vômito.

• Diarréia/ Constipação.

• Hematoquezia.

- Cronologia/ aspecto.

• Estado Geral:
Em geral, o paciente chega no amarelo ou no laranja. Portanto, precisa de uma
avaliação urgente.

• Anamnese - Objetiva:
- Como devemos dar uma conduta o mais rápido possível, então devemos fazer
uma anamnese direcionada e objetiva.

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- Idade, sexo, antecedentes pessoais (epidemiologia).

- Característica da dor (detalhes importantes).

- Sintomas associados.

- Antecedentes familiares - importante porque existem doenças que recorrem na


família.

• Antecedentes pessoais:
- Cirurgia anterior - pode ter bridas.

- Uso de AINES - paciente pode ter úlcera por causa do antiinflamatório.

- Cocaína - pode causar espasmo da artéria mesentérica levando a uma isquemia.

- Anticoagulantes.

- DM/ HAS/ Idoso.

- DUM.

- Viagens.

- Exposição ambiental.

Essas são informações que devemos tirar do indivíduo porque em geral, ele não vai
falar.

• Dor:
- Aparecimento: rápido/ abrupto/ piora gradual.

- Tipo: queimação/ rasgando/ cólica.

- Localização.

- Irradiação.

- Intermitente/ contínua.

- Fatores de melhora/ piora.

- Cronologia.

Tem vezes que somente na conversa, você pode descobrir o que o individuo tem,
porque tem casos de dores clássicas.

Nem sempre consegue todas essas características, mas quanto mais informações
conseguimos retirar do paciente, melhor vai ser e mais vamos conseguir nortear a
nossa conduta.

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• Tipos de dor:
- Visceral.

- Parietal (somática).

- Referida.

- Visceral:

• Órgãos ocos e cápsulas de parenquimatosos.

• Consiste em uma dor “chata”, sem precisão, linha média.

• Referência embrionária do órgão acometido.

• Não tem comprometimento somático, por isso é impreciso.

Um exemplo, é um paciente que tem apendicite nos estágios iniciais, e possui uma
dor que não consegue localizar com precisão.

Em geral, é a primeira dor que acontece. Esse é o começo da dor.

- Parietal:

• Ganglio Raiz dorsal - dermátomos.

• Peritôneo parietal (inflamação, isquemia, distensão).

• Aguda, localização precisa.

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Quando a dor associa ao peritôneo parietal, começa a ter um gânglio somático.


Isso faz com que começa a ter precisão da dor.

Quando mais localizado, você lida com menos doenças.

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- Referida:

• Axônio distintos com o mesmo trajeto.

• Vesícula/ escápula/ ombro.

• Duodeno/ ombro.

Essas partes dividem o mesmo gânglio dorsal. Mas isso não nos desnorteia, mas
sim da peculiaridade para cada doença.

• Exame físico:
- Atenção aos sinais vitais + abdome.

- Sinais vitais:

• Posição no leito.

• Arritmias/ Estertores.

- Abdomen:

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• Inspeção.

• Ausculta.

• Percussão.

• Palpação.

• Inspeção:
- Imóvel na cama.

- Genu - flexão.

- Cirurgias prévias (cicatriz).

- Distensão.

- Massas/ abaulamentos - pode ser uma neoplasia; ser for pulsátil pode ser
aneurisma de aorta.

- Pulso.

- Equimose/ eritema/ lesões dermatológicos - pode ser que o paciente tem uma
faixa vermelha no abdômen e quando nos aproximamos é uma vesícula de 3cm,
então o paciente tem uma herpes zoster. Por isso ele tem dor abdominal forte e
não precisa levar ele para a cirurgia.

Essa imagem é um abdome agudo obstrutivo.

• Ausculta:
- 2 minutos (2-12 ruídos/ min).

- RHA +/-.

- Característica do RHA.

- Sopros.

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Quando distende a parede do órgão, o ruído fica com característica metálica.

• Percussão:
- Macicez.

- Timpanismo.

- Dor.

- Quadrante vs Tipo de som.

- Macicez móvel vs fixa.

Queremos encontrar som maciço onde é maciço, timpânico onde deve ser
timpânico e se o paciente tem desconforto ao fazer a percussão.

• Palpação:
- Melhor definição de local.

- Avaliação de intensidade de dor.

- Sinais:

• Murphy - significa inflamação da parede da vesícula biliar.

• Rovinsing/ Obturador/ Psoas - sinais da apendicite aguda.

• Carnett.

- Toque retal (massa/ dor/ sangue/ temperatura).

- Toque vaginal - um toque vaginal com sangue em uma pessoa com atraso
menstrual e dor abdominal é gravidez ectópica.

Sinal de Murphy: Sinal indicativo de colecistite aguda e que consiste em provocar


dor pela palpação da vesícula biliar, durante a inspiração profunda.

Sinal de Rovsing: é um sinal médico de apendicite. Se a palpação do quadrante


inferior esquerdo do abdômen do paciente resultar em dor no quadrante inferior
direito, diz-se que o paciente é positivo para o sinal de Rovsing.

Sinal do Psoas: Paciente é colocado em decúbito lateral esquerdo e fazemos


extensão da perna direita; se houver referência de dor em FID, dizemos que o sinal
de Psoas é positivo e indica apendicite.

Sinal do Obturador: Paciente é colocado em decúbito dorsal; pedimos que ele fletir
a perna direita; fazemos a extensão da coxa; se o paciente referir dor na FID,
dizemos que o sinal do obturador é positivo.

Sinal de Carnett: o paciente eleva sua cabeça no leito, tencionando os músculos da


parede abdominal. Quando a dor é causada por condições da parede abdominal

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(e.g., hematoma da bainha do músculo reto abdominal), a hipersensibilidade à


palpação permanece, mas quando a dor é causada por condições intraperitoneais,
a hipersensibilidade à palpação diminuiu ou desaparece (sinal de Carnett positivo).

Sinal de Blomberg: dor a descompressão brusca em qualquer local.

Depois de tudo, criamos o nosso organograma:

O que queremos é localizar a dor para provar o mais provável para ele.

• Etiologia:
- Tipos de Abdome Agudo:

• Por inflamação.

• Por obstrução.

• Por isquemia.

• Por perfuração.

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Essa são exemplos de dor viscerais.

Quanto mais localizamos os quadrantes, menor as doenças que temos que lidar.

• Exames complementares:
Os exames complementares devem ser pedidos, porque nem tudo se resolve com
conversa e palpar. Eles apenas direcionam.

O que não pode é pedir uma tomografia para Herpes Zoster, porque é algo que se
diagnostica com a inspeção vendas as vesículas.

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Os exames devem ser pedidos nessa ordem:

1. Laboratorias.

2. Raio x e Ultrassom.

3. Tomografia.

• Estudos laboratorias:
- Hemograma completo - não é obrigatório ter hemograma muito alterado.

- Urina I.

- B-HCG (urina e sangue).

- Glicemia.

- Função renal.

- Enzima hepáticas.

- Amilase/ Lipase.

- Toxicológicos.

Os exames em sublinhados são os obrigatórios que devem ser pedidos em casos


de abdômen agudo.

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Os exames laboratoriais não devem mudar o seu diagnóstico. Deve apenas


comprovar e ajudar.

De acordo com a doença do indivíduo, podemos complementar com a avaliação


laboratorial com exames direcionados para aquele órgão. Mas todos os
sublinhados sempre devemos pedir.

• Estudos radiológicos:
- Raio-x (69% sensibilidade, 57% especificidade).

- Ultrassom (escolha no PS - casos graves).

- Tomografia (90% - eficiência vs 76% somente EF).

- Ressonância Magnética*

- Dispensáveis quando o exame físico é clássico.

• Raio-x:
- 69% sensibilidade, 57% especificidade.

- “Rotina Abdome Agudo”.

- Deitado.

- Em pé.

- Tórax/ Cúpula.

Esse RX foi feito em pé, devido ao nível líquido presente. É um quadro de


obstrução, porque tem nível líquido. Nível liquido significa que tem liquido parado
em algum lugar. Sabemos que é o delgado por causa do sinal de empilhamento de
moeda.

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O RX foi feito deitado, porque desapareceu o nível liquido. Aqui pode-se ver o sinal
da pilha da moeda, indicando obstrução intestinal.

RX de tórax e cúpula diafragmática, indicando pneumoperitoneo.

• Ultrassom:
- Escolha no PS - casos graves.

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• FAST:
- Focused Assessment with Sonography for Trauma.

No abdome agudo, o US faz parte do exame físico.

Esse é o FAST do trauma.

Isso evoluiu e não faz somente nos quadrantes superiores e no fundo de saco.
Agora vemos pulmão para ver pneumonia, grandes vasos, espaço de Morison
(entre o fígado e o rim direito).

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Podemos ver várias alterações.

• Tomografia:
- 90% - eficiência vs 76% somente EF

É o exame que mais informações minuciosas da.

Precisa de contraste e que o indivíduo vá até o tomógrafo, mas é um excelente


exame.

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• Ressonância Magnética:

• Tratamento:
- Intervenção cirúrgica:

• Peritonite.

• Pneumoperitôneo.

• Infarto Mesentérico.

• Instabilidade hemodinâmica associada.

Isso é o convencional.

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Sumário de tudo:

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• Suporte clínico:
- Pancreatite.

- Intoxicação.

- Gastroenterocolites.

- Diverticulites.

- Manifestações de doenças sistêmicas.

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