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QUARTO: 3º ANO IM-HA

TEXTO: A SERENÍSSIMA REPÚBLICA, DE MACHADO DE ASSIS


ASPIRANTE 3015 (IM) BRUCK
ASPIRANTE 3037 (IM) COLLAÇO
ASPIRANTE 3106 (IM) MESQUITA
ASPIRANTE 3121 (IM) FRANKLIN
ASPIRANTE 3144 (IM) DELVIVO

A falibilidade das imperfeições


O texto, A Sereníssima República, foi escrito por Machado de Assis, e publicado em
um dos primeiros livros do autor, a Coletânea Papéis Avulsos. O escritor é uma referência na
literatura brasileira, e um autor fundamental para a sua época, pois vivenciou transições-chave
na história do Brasil, como a mudança de Brasil imperial para Brasil republicano. A história é
apresentada por um narrador-personagem que, com ironia, retrata temas recorrentes na época,
como a corrupção e as interações sociais na época.
O conto descreve a história de um pesquisador que, em meio aos seus estudos em relação
a insetos e sua comunicação, identificou uma espécie de aranha que seria capaz de comunicar-
se de maneira similar ao ser humano. Ao longo de seu experimento, o cônego Vargas percebe
que alguns fenômenos acabam por ocorrer, como a sua assimilação como uma entidade divina,
e progride em direção à escolha de uma forma de governo. Nesse momento, o desenvolvimento
da história toma o rumo em direção à descrição do processo eleitoral dessa sociedade de
aranhas, levando às conclusões a respeito desse grupo.
A forma com que o autor apresenta um juízo de valor e uma construtiva reflexão a
respeito de um tema a ele contemporâneo torna essa obra original, especialmente pela
abordagem feita com a ironia. O conto foi escrito com a peculiar característica de modo que a
tese fosse apresentada de maneira velada pelas ironias e analogias empregadas.
A relevância do texto consiste em apresentar uma característica intrínseca ao ser humano
e seus fenômenos sociais de modo a construir um senso crítico no leitor que conseguir
depreender a essência da crítica.
O texto, devido ao fato de ser transmitido em linguagem escrita, é fundamentalmente
destinado a pessoas alfabetizadas. Além disso, recursos linguísticos, como a ironia, e diversas
referências históricas fazem a mensagem ser acessível predominantemente àqueles que
possuem tal conhecimento.
Como o autor utiliza a analogia e a ironia para fazer as críticas alusivas ao tema,
mensagens implícitas são percebidas, como a relação estabelecida entre os partidos políticos
das aranhas e os diversos outros que, de fato, existiam no período em que o texto escrito.
O autor tem a intenção de fazer uma analogia indireta utilizando o recurso da ironia para
fazer uma crítica ao contexto histórico do período em que o livro foi escrito. A tese inferida
baseia-se na impossibilidade de se encontrar um sistema político incorruptível.
O conhecimento prévio alusivo aos mecanismos de manutenção da forma de governo
que é indicada no próprio título da obra, uma república, é necessário para entender as diversas
críticas feitas ao longo do texto. Essas críticas têm relação com o presente contexto histórico-
social no tocante à falibilidade de qualquer que seja postura tomada, devido à suposta
capacidade das “aranhas” em encontrar formas de burlar essas medidas.
A conclusão foi construída a partir de uma argumentação baseada em diversas
problemáticas referentes às tentativas de criar uma eleição ilibada e à prova de corruptibilidade,
ou seja, existe uma impossibilidade de alcançar a perfeição, sendo esta algo que é alcançado de
maneira relativa.
A tese constante na obra foi, de certa forma, abordada nas aulas de Gerência de
Suprimentos (GSU) quando a problemática da transparência, accountability e compliance de
processos foi apresentada. A forma com que a corrupção pode ser percebida de maneiras
dificilmente cogitadas é algo que deve ser levado grandemente em consideração pelos
Intendentes em seus processos, de modo que haja a precaução contra as acusações que assim
sugiram.
A obra possibilita perceber a dificuldade de se criar um sistema social justo, visto que
sempre existirão problemas alusivos à integridade de decisões tomadas. A possibilidade de
encontrar corrupção em quase qualquer âmbito, faz com que se busque progressivamente uma
blindagem dentro de qual seja o contexto em que se esteja inserido.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSIS, Machado de. Obra Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. v. II. Disponível
em: https://archive.org/details/machado-de-assis. Acesso em: 13 jul. 2021.
CYRINO, Lucas. Série Papéis Avulsos | Ep. 11: A sereníssima república com Lucas Cyrino.
Direção: Lucas Cyrino. YouTube: Letras na rede, 2020. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=l-4AfqWuQmo. Acesso em: 13 jul. 2021.

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