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FUNDAÇÃO ESPERANÇA

CENTRO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL ESPERANÇA


ANÁLISES CLÍNICAS

JÉSSICA LAYNE DA SILVA SOARES

TRABALHO DE MANIPULAÇÃO DE AMOSTRAS


BIOLÓGICAS

SANTARÉM-PA
2019
SUMÁRIO

1. FASE PRÉ-ANALÍTICA.................................................................................. 3

2. FASE ANALÍTICA. ......................................................................................... 5

3. FASE PÓS-ANALÍTICA.................................................................................. 7

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 10


FASES ANALÍTICAS
1. FASE PRÉ-ANALÍTICA

Atualmente, tem se tornado comum a declaração de que a fase pré-analítica é


responsável por cerca de 70% do total de erros ocorridos nos laboratórios clínicos que
possuem um sistema de controle da qualidade bem estabelecido. A despeito de todas as
dificuldades para a comprovação desta afirmativa, a implantação, cada vez mais
frequente, de procedimentos automatizados e robotizados na fase analítica permite
assumi-la como verdadeira. Adicionalmente, algumas características desta fase
aumentam, em muito, o grau de complexidade e, por consequência, a oportunidade de
ocorrência de erros e não conformidades.

A fase pré-analítica inclui a indicação do exame, redação da solicitação,


transmissão de eventuais instruções de preparo do paciente, avaliação do atendimento às
condições prévias, procedimentos de coleta, acondicionamento, preservação e transporte
da amostra biológica até o momento em que o exame seja, efetivamente, realizado.

Dessa forma, a fase pré-analítica se desenvolve pela sequência de ações de um


grande número de pessoas, com diferentes formações profissionais, focos de interesse e
grau de envolvimento.

Para a coleta de sangue para a realização de exames laboratoriais, é importante


que se conheça, controle e, se possível, evite algumas variáveis que possam interferir na
exatidão dos resultados. Classicamente, são referidas como condições pré-analíticas:
variação cronobiológica, gênero, idade, posição, atividade física, jejum, dieta e uso de
drogas para fins terapêuticos ou não. Em uma abordagem mais ampla, outras condições
devem ser consideradas, como procedimentos terapêuticos ou diagnósticos, cirurgias,

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transfusões de sangue e infusão de soluções.

A fase imediatamente anterior à coleta de sangue para exames laboratoriais,


definida na RDC n. 302 como fase que se inicia com a solicitação da análise, passando
pela obtenção da amostra e finalizando quando se inicia a análise propriamente dita
deve ser objeto de atenção por parte de todas as pessoas envolvidas no atendimento dos
pacientes com a finalidade de se prevenir a ocorrência de falhas ou a introdução de
variáveis que possam comprometer a exatidão dos resultados. Assim, é importante
entender que a fase pré-analítica necessita de implementações e cuidados na detecção,
classificação e adoção de medidas para a redução das falhas.

É reconhecido que vários processos pré-analíticos devem ser cumpridos antes da


análise das amostras. Neles, estão envolvidos os médicos solicitantes, que transmitem as
orientações iniciais ao paciente, garantindo o entendimento das orientações por parte
deste e sua adesão ao que foi recomendado ou solicitado. Esse aspecto pode ser
melhorado pela disponibilização de instruções escritas ou verbais, em linguagem
simples, orientando quanto ao preparo e coleta da amostra, tendo como objetivo facilitar
o entendimento pelo paciente. Finalmente, as fases que envolvem as atividades no
laboratório, como recepção, cadastro, coleta e triagem do material coletado. Inúmeras
podem ser as variáveis na fase pré-analítica que envolvem os processos no laboratório e
que são responsáveis por cerca de 60% das falhas, como:

 Erros na solicitação dos exames: Escrita ilegível, interpretação errada do exame,


erro na identificação do paciente, falta de orientação por parte do médico ou do
laboratório para determinados exames.
 Erros na coleta da amostra: Identificação errada do paciente, troca das amostras,
paciente não preparado corretamente: falta de jejum, horário da coleta incorreto,
tempo de coleta de amostra de urina incorreto, uso de anticoagulante errado,
volume da amostra inadequado para o exame, hemólise e lipemia intensas, estase
prolongada, transporte e armazenamento da amostra incorreto, contaminação de
tubos, frascos e tampas.

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Amostra Lipêmicas
Amostra Hemolisadas
É importante estarmos conscientes de que a medida dessas falhas nos diversos
processos, por meio de levantamento de indicadores, pode contribuir para busca da
causa e consequente melhora dos mesmos. É necessário estabelecer, em nossos
protocolos de coleta, os critérios de rejeição de amostras, evitando, dessa forma, que
amostras com problemas sejam analisadas, gerando um resultado que não poderá ser
devidamente interpretado em virtude das restrições advindas da inadequação do material
coletado. No entanto, é necessário atentar para o fato de que algumas amostras
consideradas nobres (líquor, por exemplo) possam ser analisadas, mas que as restrições
advindas do processo de obtenção destas sejam evidenciadas no resultado, como prevê a
própria RDC n. 302 em seu item 4.3, no qual define o que é amostra laboratorial com
restrição. Quaisquer que sejam os exames a serem realizados, é fundamental a
identificação positiva do paciente e dos tubos nos quais será colocado o sangue. Deve-se
buscar uma forma de estabelecer um vínculo seguro e indissociável entre o paciente e o
material colhido para que, ao final, seja garantida a rastreabilidade de todo o processo.

2. FASE ANALÍTICA

Nesta segunda fase dos exames laboratoriais é realizada a


análise do material coletado. São diversos os processos envolvidos
nessa fase, na dependência do método analítico empregado,
envolvimento de pessoas e, sobretudo, o emprego de métodos de
controle para garantia de resultados mais acertados.

Após o material coletado e devidamente preparado os laboratórios


iniciam o processo de análise do material. Os profissionais da saúde devem
ficar atentos e conhecer em profundidade os sistemas analíticos que
empregam, os Procedimentos Operacionais Padrão (POP) do equipamento
e do método, além do método de controle adotado, como o controle estatístico dos
processos. Apesar de a análise se basear muitas vezes em um sistema automatizado e que
possui alta tecnologia, há necessidade da atuação do profissional, de fundamental
importância para a garantia da qualidade dos resultados. Fazem parte do seu trabalho

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nessa fase: verificação de instrumentos e reagentes; verificação do estado de controle dos
sistemas; monitorização dos processos de análises; manutenção de soroteca.

Controle da Qualidade – Ainda hoje, com equipamentos e métodos modernos,


existem 14% de chances de ocorrerem erros nas análises, na fase analítica. No Brasil, foram
criadas normas e determinações para assegurar que os laboratórios se dediquem a cuidar da
qualidade, sendo obrigatória a realização do Controle Interno da Qualidade, para monitorar
a imprecisão e também a participação em ensaios de proficiência, que é o Controle Externo
da Qualidade, para verificação da exatidão. É como está definido na RDC 302/2005 da
Anvisa. É necessário também que os laboratórios de análises clínicas disponibilizem
conteúdos de qualificação e formação profissional, para aperfeiçoamento do seu pessoal.
Por ocorrer no dia a dia de um laboratório, o CIQ aproxima toda a equipe dos processos
analíticos, o que torna mais fácil as análises de eventuais desvios do controle e o encontro
das causas. A eficiência do método de controle interno fará diferença no conjunto de
benefícios que se podem auferir com essa prática. Fazer bem o bom controle é fator de
desenvolvimento organizacional, fazendo com que a qualidade reverta-se em vantagens
para a clientela, para o laboratório e para seu pessoal.
Após realizar análise do controle interno e sendo consideradas em conformidade,
são feitas as análises das amostras de pacientes.
Fluxo de dados: Os resultados obtidos das amostras de pacientes serão
cuidadosamente transportados para o computador, ou através da interface de SOFTWARE
entre o analisador e o Sistema de Informática Laboratorial (SIL). Os resultados dos exames
devem ser verificados e liberados por pessoal de nível superior: médicos, bioquímicos,
biomédicos, antes de liberados para a fase seguinte. Se o programa de interface permite, ou
o SIL, a liberação pode muitas vezes ser feita de forma eletrônica, de especial valor para o
caso de processamento de grande número de amostras. O fluxo de dados envolve a fase
analítica e a pós analítica. A primeira porque algumas verificações podem implicar em
necessidade de refazer a análise da amostra do paciente, se o resultado não for considerado
aceitável. Os critérios para verificação de resultados devem estar documentados em POP e
devem incluir o “delta check” e análise de nível crítico. Muitas vezes essa última é
considerada como pertencente à fase pós analítica mas, por ser realizada por pessoal de
nível superior e envolvida nos processos analíticos, pode ser entendida também como
pertencente a essa fase.

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Os principais erros desta fase são: Troca de amostras, reagentes, vidrarias,
interferentes, pipetagem, equipamentos, temperaturas, tempo de reação, cálculos,
contaminação entre amostras etc.

3. FASE PÓS- ANALÍTICA

Após a coleta do material e a análise dos dados, o exame laboratorial passa pela
última etapa, a pós-analítica. Nela há envio e interpretação dos resultados e
consequentemente o diagnóstico e tratamento.

Segundo a RDC 302/2005 da Anvisa: fase pós-analítica, fase que se inicia após a
obtenção de resultados válidos das análises e finda com a emissão do laudo, para a
interpretação pelo solicitante. Porém, muitos consideram essa fase numa extensão até o
processo de utilização da informação para tomada de decisão médica. A fase pós-
analítica se materializa no laudo do exame. Sua qualidade como mídia e conteúdo para a
informação que representam devem merecer grande cuidado. O laudo deve tangibilizar
o que nós conhecemos como qualidade, para aqueles clientes finais: Pacientes, médicos,
compradores de serviços. As etapas dessa fase: Preparo do laudo dos exames,
impressão, ou transmissão do laudo, recebimento do laudo, tomada de decisão.

Preparo do laudo do paciente: Uma vez que os resultados são aprovados e


liberados, os dados são utilizados para a confecção do laudo. Esse processo é feito pelo
Sistema de Informações Laboratoriais, que deve seguir a legislação vigente. A RDC
cuida dos aspectos do laudo com muita propriedade.

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Impressão ou transmissão do laudo: Há um forte movimento para que a
transmissão eletrônica do laudo supere a ainda bastante superior utilização da impressão
do laudo. Aspectos da certificação digital estão em discussão e é provável a breve
implantação de rigor nesse sentido para a transmissão eletrônica. A comunicação
eletrônica dos laudos promove a redução de custos para as partes envolvidas: Para o
laboratório, há menor gasto com impressão, papel, tinta e impressora, com pessoal para
cuidar deste processo e locais de guarda etc; para o paciente, principalmente por
dispensar o deslocamento até o laboratório, mesmo que ele tenha os gastos com
impressão em sua residência. Se o laudo for analisado pelo médico em seu computador,
esse custo não haveria, poupando ainda os recursos naturais.

Recebimento do laudo: O destinatário dos resultados é o médico assistente,


quem tem mais propriedade para lidar com a informação. Os profissionais de
laboratórios são os provedores de informações obtidas nas análises, representadas pelos
laudos. O laboratório clínico deve dispor de assessoria científica para esclarecer dúvidas
ou até indicar repetições da análise. Por isso, há necessidade de guardar as amostras
caso haja necessidade de repetição. Nesse momento, quanto maior a confiança do
profissional de laboratório em seus resultados, mais significativa será a assessoria. O
cuidado com as três fases dos exames laboratoriais será valioso para o profissional falar
de qualidade assegurada, que é desfecho de todos os esforços pela qualidade nas
diferentes fases. É o que se espera dele como especialista em laboratório. O Controle da
Qualidade é um dos pilares da sustentação da relação do profissional de laboratório com
os médicos assistentes, para a qualidade assegurada.

Tomada de decisão: Ao requisitar um teste, o clínico espera que no momento


mais oportuno lhe seja fornecido um resultado confiável, que oriente sua tomada de
decisão. As etapas existentes entre essas duas pontas, requisição do teste e recebimento
do resultado, fogem ao seu conhecimento e são bastante complexas. O laboratório
abriga um vasto arsenal de recursos, cuja compreensão escapa aos que não atuam
diretamente nos seus processos. É tido por muitos clínicos como uma “caixa preta”,
onde um coloca a requisição e a amostra e outro faz dali sair o produto final: o
resultado. Na maioria das vezes o clínico solicita a participação do laboratório em duas
situações: para confirmar, ou para rejeitar um diagnóstico a partir de uma impressão
clínica; para obter parâmetros que orientem o controle de tratamento. Outras indicações

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para exames são para estabelecer prognóstico; para triagem em grupos de pacientes e
para detectar fatores de risco.

Ao receber o laudo das análises por ele solicitadas, o médico tem em mãos o
melhor que o laboratório pôde entregar. Com esse laudo tomará suas decisões. Acredita-
se que esses laudos orientem cerca de 70% das decisões médicas.

A fase pós-analítica encerra o ciclo, trazendo de forma sintética no laudo os


esforços de uma equipe especializada, recursos diversos, alta tecnologia, utilizados para
contribuir para a saúde, ou a minimização de agravos para o paciente. A sociedade
agradece aos laboratórios.

Os principais erros desta fase são: perda do resultado, interpretação incorreta,


erro na transcrição dos resultados, instabilidade no sistema de informação laboratorial
(SIL), tempo de liberação do resultado acima do especificado, não identificação de
substancias interferentes, etc.

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RERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

JACKSON HOMERO; Garantia de qualidade no laboratório clínico. Belo


Horizonte- MG, 2003.

MANUAL DE APOIO AOS GESTORES DO SUS – Organização da rede de


laboratórios clínicos; Brasília/MS-2001.

PRADO, M.L., GELBCKE, F.L. Fundamentos para o cuidado profissional de


Enfermagem. Florianópolis: Ed. Cidade Futura, 2013.ABBAS , A.K; LICHTMAM,
Imunologia celular e molecular. 6ª ed. Rio de Janeiro; Elsevier, 2008. 564pg.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA CLÍNICA. Recomendações da


Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial para coleta de
sangue venoso. 2ª. ed. Barueri, SP : Minha Editora, 2010. Disponível em:
http://www.sbpc.org.br/upload/conteudo/320090814145042.pdf>.Acessoem
26/01/2019.

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