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RESUMO E CONTEXTUALIZAÇÃO DA SÉRIE CHERNOBYL

A série Chernobyl retrata o maior desastre nuclear que se tem notícia, na usina
de mesmo nome do seriado situada na Ucrânia, antiga URSS, no ano de 1986. Logo no
início, nota-se o despreparo dos funcionários da própria usina em contingenciar a crise
causado justamente por uma falsa certeza de que tal ocorrência não seria possível
naquele ambiente por razões técnicas, embora também seja notável a disputa política
por poder entre os colaboradores que buscam legitimar suas posições no ambiente
através de decisões impulsivas.

Com o correr da trama descobre-se que muitas informações técnicas e críticas


sobre a construção da obra milionária foram negligenciadas pelo governo soviético, o
que contribuiu para a falta de protocolo em meio à crise, fazendo com que a mesma se
agravasse a um ponto de inflexão irreversível. Em uma cadeia de acontecimentos
sucessivos, a falta de informação acarretou a demora para tomada de decisões como a
evacuação das cidades, ou a criação de um canal de comunicação que pudesse facilitar o
contato entre o governo e a sociedade civil.

Devemos citar aqui a importância do contexto político, que favoreceu o controle


de informações e dificultou a transparência sobre a tragédia, prejudicando milhares de
vidas e aumentando o pânico entre as famílias das vítimas, inclusive agravando a
situação geopolítica na região já que a radiação poderia atingir bacias hídricas e
prejudicar outros países europeus, como a Alemanha.

Como toda a construção da usina e seu funcionamento ocorriam de forma muito


velada, inclusive para os próprios técnicos contratados, havia também a falta de
tecnologia e métricas que pudessem sinalizar a realidade das consequências do acidente.
Apesar da contratação de cientistas para diagnóstico da situação, muitas decisões de
viés apenas político foram tomadas atrasando medidas contingenciais.

A miopia vista na série se repete no mundo atual, que com todo contexto de
extrema globalização ainda contou com líderes desacreditados nas consequências do
novo vírus identificado na China, ocasionando o atraso na tomada de medidas políticas
para a contenção da crise sanitária e a morte de milhares de vítimas. Tanto quanto na
série, também observamos a falta de protocolo neste momento e a precarização do
conhecimento científico em detrimento de decisões políticas e econômicas.
Em 2020 a tecnologia e a comunicação extremamente avançadas auxiliam na
corrida para a descoberta de uma cura ou vacina que previna a doença, e embora já se
possa sentir muitas consequências da pandemia no contexto cotidiano, as previsões para
o futuro econômico e político não são animadoras. Mais uma vez há o agravo das
vulnerabilidades sociais e populações de risco são afetadas não apenas por fatores
biológicos, mas também pela relação dialética que existe entre sociedade e economia.

Na Ucrânia de 1986 e no mundo de 2020 há a exposição dos trabalhadores de


serviços essenciais que com muita coragem encaram suas funções em meio às incertezas
sobre o término da crise e a precarização de instrumentos e tecnologia para lidar com a
mesma. As soluções não são simples e devem contar com inúmeras variáveis, mas fica
claro que o acesso a informação, as críticas e os diferentes pontos de vista são essenciais
para tomadas de decisão mais resolutivas, baseadas no conhecimento científico.

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