A série Chernobyl retrata o maior desastre nuclear que se tem notícia, na usina
de mesmo nome do seriado situada na Ucrânia, antiga URSS, no ano de 1986. Logo no
início, nota-se o despreparo dos funcionários da própria usina em contingenciar a crise
causado justamente por uma falsa certeza de que tal ocorrência não seria possível
naquele ambiente por razões técnicas, embora também seja notável a disputa política
por poder entre os colaboradores que buscam legitimar suas posições no ambiente
através de decisões impulsivas.
A miopia vista na série se repete no mundo atual, que com todo contexto de
extrema globalização ainda contou com líderes desacreditados nas consequências do
novo vírus identificado na China, ocasionando o atraso na tomada de medidas políticas
para a contenção da crise sanitária e a morte de milhares de vítimas. Tanto quanto na
série, também observamos a falta de protocolo neste momento e a precarização do
conhecimento científico em detrimento de decisões políticas e econômicas.
Em 2020 a tecnologia e a comunicação extremamente avançadas auxiliam na
corrida para a descoberta de uma cura ou vacina que previna a doença, e embora já se
possa sentir muitas consequências da pandemia no contexto cotidiano, as previsões para
o futuro econômico e político não são animadoras. Mais uma vez há o agravo das
vulnerabilidades sociais e populações de risco são afetadas não apenas por fatores
biológicos, mas também pela relação dialética que existe entre sociedade e economia.